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ECONOMIA SETOR PÚBLICO

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ECONOMIA NO SETOR 
PÚBLICO 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ludmila Andrzejewski Culpi 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, você descobrirá como ocorre uma intervenção de Estado na 
economia ao longo do tempo e como esse envolvimento é interpretado pelas 
diferentes teorias da economia e da ciência política. 
TEMA 1 – A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO E A INTERVENÇÃO 
DO ESTADO 
Uma questão que deve ser levantada em nossa disciplina é: o Estado 
sempre participou da história? Podemos antecipar a resposta ao 
questionamento, afirmando que nem sempre o Estado cumpriu com as funções 
que exerce hoje. Isso porque nem sempre ele esteve organizado do modo como 
o conhecemos atualmente; além disso, em muitos momentos, seu envolvimento 
na economia foi criticado. 
A concepção de Estado-nação surgiu a partir da assinatura do Tratado de 
Westfália, em 1648. Esse documento estabeleceu que o Estado deveria ter as 
seguintes características: ter território, população e um governo. Ou seja, não se 
mencionava as atividades econômicas do Estado. Depois, surgiram os Estados 
modernos na Inglaterra e na França, assentados em monarquias, que 
realizavam atividades econômicas, como recolhimento de impostos e emissão 
de moeda (Bresser-Pereira, 2017). 
A primeira forma de atuação do Estado na economia esteve vinculada às 
despesas militares. Para financiar guerras, os Estados recolhiam impostos e 
pagavam soldados e armamentos. Como guerras sempre fizeram parte da 
humanidade, podemos suspeitar que essa forma de financiá-las existe desde o 
período greco-romano (Bresser-Pereira, 2017). 
O setor público foi evoluindo na história, passando por diversas fases. Na 
Antiguidade, a economia não era muito desenvolvida, e a busca pela 
sobrevivência era a base das ações conduzidas, ou seja, os indivíduos caçavam, 
colhiam, plantavam e não existia comércio desenvolvido, moeda ou impostos. 
O capitalismo, então, ainda não tinha sido criado, pois não havia a lógica 
de lucro ou acumulação. Aquilo que era produzido a mais (excedentes) era 
trocado por meio de escambo, sem que houvesse um mercado estruturado. 
Nessa conjuntura não havia envolvimento de agentes públicos nessas 
 
 
3 
atividades, pois as formas de organização política e social eram muito 
rudimentares (Vasconcellos, 2008). 
A sociedade da Grécia antiga apresentava sinais maiores de progresso 
em termos econômicos, políticos e filosóficos, especialmente com o surgimento 
de alguns estudos sobre as questões econômicas, como a obra Os econômicos 
de Xenofonte. Contudo, a economia representava uma atividade pouco 
importante para os indivíduos da sociedade grega, cujos esforços eram 
concentrados na vida política e na democracia. Nessa civilização, os escravos 
compunham a maior parte da população, mas o trabalho braçal era visto como 
algo desonroso e deixado apenas aos homens sem propriedades. No Império 
Romano, o governo concentrava-se em garantir a expansão territorial e a 
dominação política, sendo a riqueza utilizada para essa finalidade. Tanto na 
Grécia quanto no Império Romano, o governo participava discretamente da 
economia, recolhendo impostos e encarregando-se de atividades militares na 
busca por conquistar territórios e expandir o comércio (Vasconcellos, 2008). 
Durante a Idade Média, a sociedade estava estruturada em feudos que 
desenvolviam atividades agrícolas, com algumas trocas. A Igreja Católica era 
muito forte e exercia a função de Estado ao recolher impostos. Com o fim do 
feudalismo, surgiu a primeira escola de pensamento econômico, o 
mercantilismo, que buscava explicar o período das monarquias (Vasconcellos, 
2008). 
O mercantilismo defendia a intervenção do Estado na economia, em uma 
visão nacionalista, para proteger a nação. Segundo o mercantilismo, para que o 
Estado adquirisse riqueza e poder, deveria participar do comércio internacional, 
apresentando uma balança comercial favorável – exportando mais do que 
importando para ter mais metais. Os metais preciosos eram sinônimo de riqueza, 
o que induziu à procura por ouro e prata nas Américas e em outros continentes. 
O Estado, para permitir a balança comercial favorável, estabeleceu impostos às 
importações (barreiras protecionistas), o que é considerado um dos primeiros 
instrumentos econômicos do Estado moderno. O Estado reduziu os juros para 
aumentar os investimentos produtivos e o comércio, e para contribuir com o 
crescimento econômico dos países (Vasconcellos, 2008). 
 
 
 
4 
TEMA 2 – A TEORIA LIBERAL E A NEGAÇÃO DO ESTADO COMO ATOR 
ECONÔMICO 
A teoria liberal se baseia na fisiocracia, que foi uma escola que defendeu 
o não envolvimento do Estado na economia. Adam Smith é reconhecido como o 
criador do liberalismo e o pai da economia política, e defendia a autorregulação 
do mercado – o que ele chamava de mão invisível –, que conduziria a economia 
de maneira automática, sem falhas. O equilíbrio automático é resultado da Lei 
de Say, que estabelece que a oferta cria a sua própria demanda, isto é, quando 
um produto é ofertado na economia são pagas as remunerações aos fatores de 
produção (terra, capital e trabalho), o que provoca a criação de consumidores 
para esse bem. Segundo a teoria de Smith, se o Estado não intervir na economia 
provocando falhas de mercado, a economia não entrará em crise (Smith, 1983). 
Smith indicou, então, as vantagens de uma sociedade livre 
economicamente e do capitalismo funcionando sem entraves. O indivíduo, para 
Smith, é racional, e ao buscar a prosperidade individual, promove a prosperidade 
da coletividade. 
Para o autor, o trabalho é a única fonte de riqueza, isto é: o valor de um 
produto é determinado pela quantidade de trabalho investida nele, que 
corresponde ao tempo de trabalho gasto para a produção desse bem (Smith, 
1983, p. 39). 
Ainda segundo Smith, o Estado deveria executar apenas três funções: 
1. assegurar a ordem e a segurança interna; 
2. garantir os direitos de propriedade por meio da aplicação da justiça; 
3. ofertar serviços de saúde e educação. 
Desse modo, as atividades do Estado se resumem a essas três, não 
envolvendo a economia, o que, para o liberalismo, atrapalharia o bom 
funcionamento do mercado. 
Outro importante teórico liberal clássico foi David Ricardo, que também 
defendia que a economia seria capaz de se autoadministrar, sem necessidade 
de intervenção por parte do Estado. A participação do Estado, para Ricardo, 
seria um “entrave ao processo natural de acumulação de capital” (Riani, 2014, 
p. 3), na medida em que, se o Estado retira recursos da sociedade por meio do 
recolhimento de impostos, ocorre uma diminuição da capacidade de 
investimento privado. 
 
 
5 
TEMA 3 – A TEORIA KEYNESIANA E O ENVOLVIMENTO DO ESTADO 
A teoria keynesiana se consolidou com a primeira grande crise do 
capitalismo: a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. Essa foi uma crise 
considerada de superprodução, resultante de uma perspectiva de que a oferta 
geraria sua própria demanda e de que o Estado não deveria intervir. Após a crise, 
o pensamento liberal perdeu força, dando lugar à visão de Keynes (1996), que 
defendia que os mercados não se ajustam sozinhos e que seria fundamental a 
intervenção do Estado na economia para incentivar o crescimento da demanda. 
Keynes (1996) aponta que o sistema capitalista é instável e concentrador, 
o que não permite o equilíbrio automático. Ele afirma ainda que nas crises o 
envolvimento do Estado pode induzir um crescimento de demanda por meio de 
gastos. Para ele, o emprego depende da demanda efetiva da economia, que é a 
parte da renda utilizada no consumo das famílias, nos investimentos das 
empresas, nos gastos públicos e nas relações comerciais internacionais 
(exportação menos importações). O Estado precisaria expandir a demanda 
quando ela estivesse baixa, realizando dispêndios por meio da construção de 
escolas, hospitais e pontes.Essa medida promoveria um aumento da renda na 
economia, fazendo crescer a demanda. 
A teoria keynesiana inspirou mudanças nas políticas econômicas dos 
países europeus e dos Estados Unidos a partir da década de 1950 e, de fato, 
houve um incremento da participação do Estado na economia. A ideia Estado de 
bem-estar social, ou seja, de Estado provedor, que foi aplicada na maioria dos 
países da Europa surgiu a partir do pensamento keynesiano. De acordo com 
Keynes (1996), o Estado deveria prestar serviços que expandissem o bem-estar 
geral da população, assegurando o que ele chamou de “uma socialização dos 
investimentos”. Isso porque, nessas áreas, a iniciativa privada não tem interesse 
em atuar. 
Para Keynes (1996), as políticas macroeconômica fiscal, monetária e 
cambial precisariam ser expansionista com vistas a acelerar o crescimento da 
demanda reprimida, garantindo assim a distribuição de renda e o pleno emprego 
dos fatores. 
É importante que você entenda que a corrente keynesiana defende que a 
intervenção do Estado na economia não só oferece efeitos positivos, mas 
 
 
6 
também é necessária para fazer crescer a demanda e permitir o crescimento 
econômico do país. 
TEMA 4 – O MARXISMO E O ESTADO COMO INSTRUMENTO DO 
CAPITALISMO 
Marx (1988) realizou uma severa crítica ao capitalismo, indicando que ele 
separaria os trabalhadores de seus meios de produção, colocando-os, dessa 
forma, em uma posição de submissão aos burgueses, que seriam os donos do 
capital e exploradores da classe proletária. 
De acordo com Marx (1988), a história da humanidade se basearia no 
constante conflito entre as classes sociais. O capitalismo só sobrevive devido ao 
crescimento do lucro, que é a parte da jornada de trabalho que os trabalhadores 
executam e pela qual não recebem: a chamada mais-valia. 
Segundo Marx (1988), no momento em que a classe trabalhadora criar 
consciência da exploração à qual está submetida, haverá uma revolução 
socialista que destruirá o capitalismo. O capitalismo também está ameaçado por 
suas próprias características intrínsecas, que seria a tendência constante à 
queda da taxa de lucro, o que coloca os capitalistas uns contra os outros na 
disputa pelo controle do capital. 
E para que serve o Estado? De acordo com Marx, o Estado é utilizado 
como uma ferramenta na defesa dos interesses dos capitalistas, mantendo o 
sistema atuante a partir da exploração do proletariado. O Estado assegura que 
os trabalhadores continuem submissos e que a taxa de lucro não decline. 
Riani (2014, p. 5) aponta que, de acordo com o marxismo: “as funções do 
Estado são vistas sem nenhum objetivo transformador, mas sim de manutenção 
da classe dominante”. Para diminuir o potencial conflito entre as classes, o 
Estado oferece alguns serviços, como saúde e educação, para conformar os 
trabalhadores que são submetidos a salários baixos e a condições de trabalho 
precárias. 
Contudo, Marx (1996) argumenta que, em algum momento, os 
trabalhadores se conscientizarão dessa exploração e juntos eliminarão o 
sistema. Porém, quando isso ocorrer, o Estado tentará salvar o sistema 
capitalista usando a força contra os trabalhadores. Portanto, a única forma de 
superar a dominação, segundo Marx, seria eliminando o Estado, que é apenas 
um instrumento da classe burguesa. 
 
 
7 
TEMA 5 – AVANÇO E CRESCIMENTO DA ECONOMIA MODERNA DO SETOR 
PÚBLICO 
A temática da intervenção do Estado na economia divide opiniões e é 
bastante polêmica. Contudo, não há nenhuma economia que não tenha 
envolvimento do Estado, inclusive aquelas consideradas mais liberais, como os 
Estados Unidos e os países europeus, que têm um forte respaldo estatal na 
economia. Ou seja, nos dias atuais é inconcebível pensarmos uma economia 
que não sofra impacto do Estado em diversas esferas. Há quem defenda que o 
funcionalismo público deve ser reduzido; outros dizem que os governos, por 
serem corruptos, não conseguem desempenhar suas funções econômicas; e há, 
ainda, aqueles que consideram que o Estado deveria atuar de modo mais 
eficiente na economia. 
É importante que você conheça a história do avanço do setor público na 
economia. Até os anos 1930, o Estado quase não participava, pois o pensamento 
liberal, que você já estudou nesta aula, era o dominante. Após o fim da Segunda 
Guerra, os Estados passaram a adotar políticas econômicas baseadas em seu 
envolvimento direto na economia, o chamado Estado de bem-estar social. 
Observou-se uma prosperidade econômica grande entre os anos 1950 a 1970 
em quase todas as economias, até ocorrerem os choques internacionais, a Crise 
do Dólar (1971) e as Crises do Petróleo (1973 e 1978). 
A partir dessas crises, que resultaram em grandes endividamentos das 
economias ricas e das mais pobres, passou-se a questionar o papel do Estado 
na economia. O pensamento em defesa da não intervenção do Estado, 
denominado de neoliberalismo, ganhou força, provocando privatizações e 
desregulamentação da economia (Di Toni, 2009, p. 7). O resultado do 
neoliberalismo foi o empobrecimento das economias menos desenvolvidas, a 
concentração de renda e o aumento da dependência externa devido à abertura 
abrupta das economias subdesenvolvidas ao mercado externo. 
Atualmente, vivemos um cenário em que há envolvimento do Estado, mas 
no qual também sempre há crítica sobre essa participação. O que podemos 
afirmar é que, independentemente do pensamento, que defende ou pode criticar 
a participação dos Estados, estes são ativos na economia. Nesse sentido, Di 
Toni (2009, p. 8) afirma que: “a economia moderna é um sistema complexo onde 
o setor público e privado interagem constantemente”. 
 
 
8 
NA PRÁTICA 
CAPITALISM: A LOVE STORY. Direção: Michael Moore. EUA: Overture Films, 
2009. 127 minutos. 
Esse documentário faz uma crítica ao capitalismo, e aos moldes do 
pensamento marxista e da ideia do Estado atuante na economia para salvar o 
sistema. O cineasta Michael Moore estuda os eventos que culminaram na crise 
imobiliária de 2008, causando desemprego e miséria no mundo todo. A atuação 
do governo norte-americano é criticada, pois, na visão de Moore, o Estado atua 
para defender os interesses das grandes corporações em detrimento dos 
trabalhadores. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, pudemos investigar o avanço prático e teórico da intervenção 
do Estado na economia. No primeiro tema, você pôde entender como evoluiu o 
papel do Estado desde a Antiguidade até o mercantilismo, quando o governo 
ganhou mais funções, incluindo atividades na economia. No segundo, 
desvendamos o pensamento liberal, que considera que a interferência do Estado 
na economia é prejudicial ao livre mercado. O terceiro tema mostrou porque 
Keynes considera necessária a atuação do Estado na economia para incentivar 
o crescimento da demanda. No quarto, você conheceu a teoria marxista, que 
argumenta que o Estado serve apenas de instrumento dos interesses capitalistas 
e permite a exploração da mão de obra. Por fim, no quinto e último tema, 
apresentamos como avançou, na prática, desde a crise de 1929, a participação 
do Estado, indo desde Estado de Bem-Estar Social até o neoliberalismo e a falha 
desse pensamento, que provocou mais dependência e pobreza. 
 
 
 
9 
REFERÊNCIAS 
BRESSER-PEREIRA, L. Estado, Estado-nação e formas de intermediação 
política. Lua Nova, São Paulo, n. 100, p. 155-185, jan. 2017. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64452017000100155&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 16 jul. 2018. 
DI TONI, J. Economia do setor público: texto de apoio. Maio, 2008. 
KEYNES, J. M. A teoria geral do emprego do juro e da moeda. São Paulo: 
Nova Cultura, 1996. 
MARX, K. O capital. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. V. 1. 
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do partido comunista. 6. ed. Petrópolis: 
Vozes, 1996. 
RIANI, F. Economia do setor público: uma abordagem introdutória. Riode 
Janeiro: LTC, 2014. 
SMITH, A. A riqueza das nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 
VASCONCELLOS, M. A. S. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 
2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA NO SETOR 
PÚBLICO 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Pollyanna Gondin 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, você se familiarizará com as funções econômicas principais 
do governo e com as políticas econômicas realizadas por ele. Primeiro, você 
conhecerá as funções clássicas do Estado: alocativa, distributiva e 
estabilizadora. Na sequência, entenderá o que é uma política econômica e quais 
são os seus diferentes tipos. Destacaremos aqui a política monetária, a política 
cambial e a política fiscal, indicando seus principais instrumentos. 
TEMA 1 – FUNÇÕES ECONÔMICAS DO ESTADO E FUNÇÃO ALOCATIVA 
O governo atua de formas variadas na economia, podendo recolher 
impostos; fazer compras governamentais; controlar o sistema bancário e o 
mercado financeiro; construir estradas, pontes, aeroportos, escolas e hospitais; 
regular a concorrência e os diferentes setores da economia por meio de suas 
agências reguladoras; entre outras (Riani, 2014). 
A forma como o Estado se organiza se modifica ao longo do tempo, e o 
governo passa a receber novas atribuições. O crescimento do capitalismo 
aumenta as responsabilidades do Estado, o que incrementa gastos e torna 
necessário o aumento das receitas. Isso gera um debate sobre em quais 
atividades o Estado deve ou não atuar. 
O Estado participa da economia não somente recolhendo impostos e 
gastando, mas por meio da política monetária, com a determinação de juros e a 
emissão de moeda, ou, ainda, com o controle de preços e salários, a fiscalização 
da concorrência nos mercados etc. Há um crescimento significativo das funções 
do Estado, que podem ser divididas em: função alocativa, função distributiva, 
e função estabilizadora (Riani, 2014). 
A função alocativa é a mais importante delas, e vincula-se à necessidade 
de oferta de bens que o setor privado não oferece, ou por serem caros ou por 
apresentarem um retorno baixo, mas que a sociedade demanda, como saúde e 
educação. O governo financia essa função por meio de tributos que recolhe e 
gerando dívida pública. Em geral, esses bens e serviços expandem o bem-estar 
da população (Machado, 2004). 
O Estado busca corrigir as falhas de mercado complementando a 
iniciativa privada em alguns setores. As falhas de mercado mais importantes que 
 
 
3 
ocorrem são: as externalidades; as economias de escala; os bens públicos; as 
falhas de informação; os mercados incompletos; o desemprego; e a inflação. 
TEMA 2 – FUNÇÃO DISTRIBUTIVA E FUNÇÃO ESTABILIZADORA 
A segunda função do Estado é a distributiva, que está vinculada à 
atividade de “arrecadar impostos – reduzir a renda – de determinadas classes 
sociais ou regiões, para transferi-la a outras” (Machado, 2004, p. 40). Essa é 
uma função importante, tendo em conta que pode garantir que todos os cidadãos 
possam ter atendidas suas necessidades básicas, já que o capitalismo é 
concentrador e algumas pessoas não recebem nem o mínimo para sobreviver. 
Em algumas economias com menos oportunidades, ocorre uma 
desigualdade grande de renda, sendo o governo o responsável por minimizar os 
efeitos dessa desigualdade, transferindo recursos das classes com mais 
recursos para as classes mais necessitadas. 
O governo realiza essa distribuição para promover justiça social e mais 
equidade. Há muita polêmica a respeito dos programas de distribuição de renda, 
pois pensa-se que desestimularão o trabalho. Porém, estudos comprovam que, 
com os programas de renda mínima como o Bolsa Família e o de cotas, o Estado 
gera um crescimento de renda que impede a ocorrência de recessão na 
economia e desincentivo ao traballho (Machado, 2004). 
A terceira função do Estado é a estabilizadora, que está relacionada a 
atender os objetivos centrais da economia, que seriam o controle da inflação e o 
crescimento econômico. Para tanto, o governo deve utilizar instrumentos de 
política econômica. Ou seja, por meio da política macroeconômica (fiscal, 
cambial e monetária) o Estado exerce sua função estabilizadora. 
O governo busca manipular os indicadores macroeconômicos – gastos 
públicos, juros, oferta de moeda e desemprego – utilizando políticas recessivas 
ou expansionistas, dependendo da finalidade buscada. O orçamento público é 
um mecanismo importante para garantir o impacto do Estado sobre a economia 
(Riani, 2014). 
TEMA 3 – POLÍTICA ECONÔMICA 
A política econômica está inserida como uma política pública, que é vista 
por Dye (citado por Clark, 2008, p. 206) como “o que o governo escolhe fazer ou 
 
 
4 
não fazer”. A política econômica engloba as ações econômicas que o Estado 
escolhe fazer para atingir seus objetivos econômicos. As políticas econômicas, 
para Clark (2008, p. 207), “podem ser desenvolvidas tanto pelos poderes 
públicos quanto pela iniciativa privada”. O Estado estabelece as diretrizes da 
política, mas os atores privados, como os bancos, auxiliam na execução dessa 
política. 
Existem entendimentos diversos sobre o que vem a ser a política 
econômica; na concepção clássica, trata-se somente de políticas 
macroeconômicas, isto é, de políticas monetária, cambial e fiscal. Todavia, 
existem autores que defendem que existem outras ações do Estado, que são 
setoriais, como a política industrial, agrícola, de regulação, de comércio exterior, 
entre outras (Morais; Saad Filho, 2011). 
As políticas setoriais são as seguintes: agrícola, industrial, de transportes 
(rodovias, ferrovias, aéreo ou hidrovias), de infraestrutura (energia, 
telecomunicações e portos), de comércio (interno ou externo), de educação, de 
turismo, de construção civil e de habitação. Nessas áreas, o governo escolhe o 
que fará com base nas necessidades de cada setor. 
Já as políticas macroeconômicas são as seguintes: monetária, fiscal, 
cambial, de regime de trabalho, de controles, de regulação e institucional. As três 
primeiras são as mais conhecidas e serão estudadas nos próximos temas. 
A política macroeconômica é uma ferramenta central para o planejamento 
econômico, pois permite que o Estado atinja suas metas. A política econômica é 
direcionada aos objetivos econômicos do governo, que são inúmeros, mas os 
mais importantes são: crescimento econômico (combate ao desemprego) e 
controle de preços (combate à inflação). Para atingir essas metas, o governo 
elege quais políticas aplicará, podendo utilizar as expansionistas (para 
crescimento) ou as restritivas (para controle da inflação). 
TEMA 4 – POLÍTICA MONETÁRIA 
A política monetária, associada à moeda e à concessão de crédito, é uma 
das mais centrais, determinada no Brasil pelo Conselho Monetário Nacional 
(CMN) e pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). Executam a política 
monetária o Banco Central e o Ministério da Fazenda (Vasconcellos, 2008). 
A oferta de moeda da economia corresponde à soma da moeda manual, 
o papel-moeda e as moedas metálicas, assim como a moeda escritural, que são 
 
 
5 
os depósitos realizados à vista (conta corrente) nos bancos comerciais. Já a 
base monetária da economia engloba toda a moeda manual e escritural, 
somadas aos ativos monetários que estão nos caixas dos bancos comerciais, 
como poupanças, previdências, ações, bem como depósitos voluntários e 
obrigatórios que os bancos precisam fazer às autoridades monetárias. 
Esses conceitos são centrais para que você compreenda de que forma o 
governo pode impactar a economia, modificando a oferta de moeda à disposição 
das pessoas, diminuindo a liquidez da economia (que é a capacidade de compra 
das pessoas) ou aumentando a liquidez, se for necessário (Vasconcellos, 2008). 
Os instrumentos de política monetária são muitos, sendo que os mais 
importantes são a emissão de moeda e a definição da taxa de juros. Os jurossão o valor da moeda, isto é, quanto alguém que empresta uma quantidade de 
moeda deve pagar para o proprietário desse ativo. 
Outros mecanismos importantes são: 
 o compulsório bancário: recolhimento de depósitos que o Banco Central 
faz dos bancos comerciais para garantir a solvência dos bancos; 
 o mercado aberto: compra e venda de títulos públicos que o governo 
utiliza para expandir ou diminuir a moeda na economia; 
 a taxa de redesconto bancário: taxa de juros que o Banco Central cobra 
para emprestar dinheiro aos bancos comerciais; 
 financiamento e crédito a pessoas jurídicas, que o governo pode 
aumentar ou diminuir; 
 vendas a prazo a pessoas físicas, as quais o Estado pode facilitar ou 
dificultar; 
 o cartão de crédito, que pode ter seus limites alterados; 
 os empréstimos ao exterior, que podem ser controlados pelo governo. 
TEMA 5 – POLÍTICA CAMBIAL E POLÍTICA FISCAL 
A política cambial vincula-se ao controle sobre as operações monetárias 
com outros países. Seu mecanismo central é a administração das taxas de 
câmbio, por meio da determinação, pelas autoridades monetárias, da cotação 
cambial da moeda nacional em relação a moedas do exterior. A taxa de câmbio 
representa o preço da moeda estrangeira em moeda nacional. 
 
 
6 
O governo decide se a moeda será valorizada (ficará mais forte em 
relação ao dólar) ou desvalorizada (ficará mais fraca em relação dólar) a partir 
das necessidades do país e das pressões dos exportadores e importadores. A 
Esse processo ainda depende do padrão cambial vigente no país, que pode ser 
fixo (definido pelo governo), flutuante (que flutua a partir da oferta e da demanda 
de moeda estrangeira/divisas no mercado) e flutuante sujo (o câmbio depende 
do mercado, mas o governo pode alterá-lo se necessário). 
Além da determinação da taxa de câmbio, o governo também controla o 
estoque de divisas, comprando ou vendendo moeda ou títulos públicos e 
limitando a liberação de divisas para alguns setores. A terceira medida de política 
cambial é o controle sobre as operações de câmbio para evitar ataques 
especulativos (Vasconcellos, 2009). 
A política fiscal será tratada em uma aula específica e, portanto, temos 
apresentadas neste momento apenas as linhas gerais. A política fiscal é uma 
das políticas econômicas mais utilizadas pelos diferentes níveis do governo. A 
política fiscal relaciona-se aos gastos (despesas) e receitas do governo. 
As políticas fiscais podem ser (Vasconcellos, 2008): 
 restritivas, buscando o controle dos preços por meio do aumento dos 
impostos e da redução das despesas públicas; 
 expansionistas, para incentivar o crescimento com a diminuição dos 
tributos e o aumento dos gastos do governo. 
Os mecanismos centrais de política fiscal são: 
 a diminuição da carga tributária (uma política expansionista) ou a 
expansão dos impostos (uma política restritiva); 
 o aumento do prazo de recolhimento dos impostos (política expansionista) 
ou a diminuição do prazo de recolhimento (política restritiva); 
 o incremento dos gastos públicos (política expansionista) ou a contração 
ou adiamento dos gastos (política restritiva); 
 o aumento dos subsídios (política expansionista) ou a redução dos 
subsídios (política restritiva). 
NA PRÁTICA 
MARINHO, E.; LINHARES, F.; CAMPELLO, G. Os programas de transferência 
de renda do governo impactam a pobreza no Brasil? Revista Brasileira de 
 
 
7 
Economia, Rio de Janeiro, v. 65, n. 3, p. 267-288, jul./set. 2011. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
71402011000300003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 jul. 2018. 
Leia o artigo e identifique se esses programas promovem um efeito 
distributivo na economia brasileira. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, você conheceu as principais funções econômicas do Estado, 
que explicam a participação desse ator na economia. Você pôde entender que a 
função alocativa é uma das mais centrais, e refere-se à necessidade de o Estado 
ofertar certos bens e serviços, os quais não são produzidos pelo mercado. 
Depois você pôde conhecer a função distributiva, que está vinculada à 
capacidade do Estado de garantir uma distribuição de renda mais justa. Na 
sequência, explicamos a função estabilizadora do governo, que é a ideia de o 
Estado alcançar certos objetivos, como o controle de preços na economia e o 
aumento do nível de emprego. 
Também apresentamos o conceito de política econômica, que é uma 
política pública e está relacionada a atividades como emissão de moeda, 
controle de crédito, entre outras. Para finalizar, discriminamos as três políticas 
macroeconômicas mais centrais: a política monetária, associada à moeda e ao 
crédito na economia; a política cambial, relacionada à oferta de moeda 
estrangeira e à taxa de câmbio; e a política fiscal, referente a gastos e receitas 
do governo. 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71402011000300003&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71402011000300003&lng=en&nrm=iso
 
 
8 
REFERÊNCIAS 
CLARK, G. Política econômica e Estado. Estudos Avançados, São Paulo, n. 
22, v. 62, jan./abr. 2008. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142008000100014>. Acesso em: 16 jul. 2018. 
DI TONI, J. Economia do setor público: texto de apoio. Maio, 2008. 
MACHADO, M. F. A introdução da Lei de responsabilidade fiscal no 
contexto da reforma do Estado: uma análise dos resultados dos governos 
estaduais. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 2004. Disponível em: 
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/87268/210278.pdf?seq
uence=1>. Acesso em: 16 jul. 2018. 
MARINHO, E.; LINHARES, F.; CAMPELLO, G. Os programas de transferência 
de renda do governo impactam a pobreza no Brasil? Revista Brasileira de 
Economia, Rio de Janeiro, v. 65, n. 3, p. 267-288, jul./set. 2011. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
71402011000300003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 jul. 2018. 
MORAIS, L.; SAAD FILHO, A. Da economia política à política econômica: o novo-
desenvolvimentismo e o governo Lula. Revista de Economia Política, v. 31, n. 
4, p. 507-527, out./dez, 2011. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/rep/v31n4/01.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2018. 
RIANI, F. Economia do setor público: uma abordagem introdutória. Rio de 
Janeiro: LTC, 2014. 
SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto 
Alegre, v. 8, n. 16, p. 20-45, jul./dez. 2006. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
45222006000200003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 16 jul. 2018. 
VASCONCELLOS, M. A. S. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 
2008. 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71402011000300003&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71402011000300003&lng=en&nrm=iso
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA DO SETOR 
PÚBLICO 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Pollyanna Gondin 
Profª Ludmila Andrzejewski Culpi 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nessa aula, você se familiarizará com a política fiscal do governo, 
entendendo o que representam os gastos e as fontes de financiamento públicas. 
Primeiramente, conhecerá os gastos públicos, seus conceitos e classificações. 
Na sequência, entenderá as principais teorias de Musgrave, Heber e Rostow, 
que verificam uma tendência ao crescimento dos gastos públicos ao longo do 
tempo. Depois, conhecerá os conceitos de tributos e as principais formas de 
financiamento do governo, bem como a forma como o governo demonstra suas 
receitas. Na sequência, conhecerá os princípios de tributação para um sistema 
tributário mais adequado e, por fim, estudará as principais categorias de tributos, 
impostos diretos e indiretos,progressivos e regressivos, assim como sobre a 
renda, sobre o patrimônio e sobre as vendas. 
TEMA 1 – GASTOS DO GOVERNO: CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES 
Os gastos públicos são entendidos da seguinte forma: “uma escolha 
política dos governos no que se refere aos diversos serviços que prestam à 
sociedade” (Riani, 2014, p. 54). Para alcançar certas metas como o crescimento 
do emprego o Estado deve considerar os custos dos serviços que presta. 
Há uma distinção entre gastos governamentais, que são as despesas das 
unidades que compõem o governo, como os munícipios e estados e suas 
autarquias (ministérios e bancos) e fundações, e gastos públicos, que seriam 
mais abrangentes, incluindo os gastos das empresas públicas. 
Por sua vez, os gastos agregados podem ser classificados em: i) 
despesas agregadas; ii) despesas por categorias econômicas; e iii) despesas 
por funções. As despesas agregadas fornecessem uma ideia geral dos gastos 
públicos, apontando os gastos totais de casa esfera governamental (Riani, 
2014). 
As despesas por categorias econômicas apontam todos os gastos de 
cada unidade. Esses gastos são classificados em correntes e de capital. Nas 
despesas correntes, estão gastos fixos, como a prestação de serviços estatais e 
o transporte, e gastos administrativos, como os gastos com salários. 
Os gastos de capital englobam os investimentos que o governo realiza 
para ampliar a capacidade de produção, como na construção de portos, 
hidroelétricas, rodovias, escolas e hospitais. 
 
 
3 
As despesas por funções estão associadas às áreas que o governo 
determina para orientar seus gastos e prioridades. A classificação em funções 
ocorre nos seguintes setores: i) legislativo; ii) judiciário; iii) administração e 
planejamento; iv) trabalho; v) agricultura; vi) transportes; vii) indústria; comércio 
e serviços; viii) desenvolvimento regional, ix) defesa nacional e segurança 
pública; x) educação e cultura; xi) habitação e urbanismo; xii) saúde e 
saneamento; xiii) assistência e previdência; xiv) energia e recursos minerais; e 
xv) comunicações. 
TEMA 2 – CRESCIMENTO DOS GASTOS DO GOVERNO AO LONGO DO 
TEMPO 
Verificou-se nas últimas décadas uma ampliação dos gastos do governo, 
que é explicada por várias razões e uma série de teorias (Riani, 2014). Uma das 
teorias que visa explicar a expansão das atividades do Estado é a lei de Wagner 
(Wagner, 1958). Wagner concluiu que “os gastos cresceriam inevitavelmente 
mais rápido do que a renda nacional em qualquer Estado progressista” (Riani, 
2014, p. 58). Wagner (1958) assinalou que as sociedades que visam ampliar o 
bem-estar social de sua população incluem mais o Estado na economia, com 
mais gastos em educação, tecnologia e saúde. 
Outra visão que buscou entender as causas do aumento das despesas 
do governo foi a de Peacock e Wiseman. Esses autores relacionavam o aumento 
dos gastos públicos com os “distúrbios sociais”, como guerras e crises. Conforme 
Riani (2014, p. 60), os autores “notaram que os gastos governamentais 
aumentaram significativamente nos períodos das guerras”. O estudo dos autores 
vincula uma aceitação maior dos gastos públicos por parte da sociedade em 
situações de desvios, para combater injustiças que eram produto dos conflitos e 
distúrbios sociais. 
Outras perspectivas importantes sobre os gastos são as de Musgrave 
(1974), Rostow (1960) e Heber, que relacionam o crescimento dos gastos com 
os estágios de desenvolvimento da nação. Segundo Musgrave (1974), nas 
primeiras etapas de desenvolvimento, a formação bruta de capital fixo cumpre 
papel central, fazendo com que os investimentos públicos sejam consideráveis 
nesses estágios iniciais. Nas etapas seguintes, o papel do Estado é limitando, 
se tornando um complemento dos investimentos privados. Nas etapas finais de 
crescimento econômico, os investimentos públicos aumentam novamente, 
 
 
4 
porque haverá necessidades de investimentos que exigem muito capital (Riani, 
2014). 
Rostow formula uma teoria sobre o crescimento em etapas. Conforme 
Rostow, na última etapa de desenvolvimento de uma economia, que se chama 
“a era do consumo em massa”, a renda da economia já atende às necessidades 
de oferecer um bom padrão de vida à maior parte da população. Os 
investimentos passam a ser concentrados no bem-estar social e não mais no 
progresso técnico, expandindo os gastos públicos com políticas sociais. 
Heber (citado por Riani, 2014) estuda o aumento dos gastos 
governamentais a partir do processo de industrialização, de forma parecida com 
Musgrave. Segundo Heber, em períodos pré-industriais o Estado deve gastar 
mais para oferecer a infraestrutura necessária para a industrialização. Quando o 
país alcança um nível de maturidade em termos de industrialização, as despesas 
do governo se manteriam estáveis. Já nas etapas estágios finais, o Estado deve 
novamente retomar os gastos. 
TEMA 3 – FINANCIMENTO DO GOVERNO: CONCEITOS DE TRIBUTAÇÃO E 
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS DO GOVERNO 
Para que o Estado possa realizar atividades ele necessita de fontes de 
financiamento de seus gastos. Para tanto, tem algumas opções, que são: i) 
emissão de moeda; ii) venda de títulos públicos no mercado financeiro; iii) 
empréstimos bancários (internos e externos); e iv) por meio da tributação (Riani, 
2014, p. 99). A mais adotada é o recolhimento de impostos. Porém, a tarefa de 
elaborar um sistema tributário adequado e justo não é fácil. 
Conforme Giambiagi e Além (2002, p. 37), o governo deve levar em conta 
algumas questões para determinar a carga tributária: i) a equidade, que é a ideia 
de que o ônus da tributação deve recair sobre todos os cidadãos que se 
beneficiam dos serviços públicos; ii) a progressividade, que se baseia em 
cobrar mais impostos de quem pode pagar mais e vice-versa; iii) a neutralidade, 
calcada na ideia de que os tributos não devem impedir a eficiência da economia; 
e iv) a simplicidade, que defende que o sistema tributário deve ser de fácil 
aplicação para o governo e de compreensão simples para os contribuintes. 
Dentro da ideia de tributos, estão incluídos: 
 
 
 
5 
 Os impostos, “que são tributos cuja arrecadação não tem destinação 
obrigatória predeterminada” (De Toni, 2008, p. 53), como IPTU e IPVA. 
 As taxas, que estão vinculadas com algum serviço que será oferecido 
pelo governo, como as taxas de iluminação ou recolhimento de lixo. 
 As contribuições de melhoria, que são um tributo resultado da 
valorização imobiliária em virtude de uma obra governamental. 
 As contribuições sociais, que são impostos com um destino definido, 
como os tributos da seguridade social. 
Os instrumentos de financiamento do governo, sobretudo os impostos, 
geram efeitos na sociedade, positivos e negativos, expandindo ou reduzindo o 
consumo da população e os investimentos. Por isso, o governo deve respeitar 
os conceitos de equidade, neutralidade, simplicidade e progressividade. 
 Riani (2014) assinala que existe um certo padrão na forma como as 
fontes de financiamento do governo são apresentadas, uma vez que respeitam 
os princípios contábeis. A estrutura contábil das receitas é separada em 
correntes e de capital. As receitas correntes são oriundas, em sua maioria, das 
receitas dos impostos, que representam as receitas próprias de cada nível do 
governo mais as receitas que provem da transferência fiscal de outras unidades 
governamentais. Por sua vez, as receitas de capital são os recursos conseguidos 
a partir da contração de empréstimos mais as vendas de certos ativos 
financeiros. 
TEMA 4 – PRINCÍPIOS DE TRIBUTAÇÃO 
O sistema tributário deve basear-se se no princípio dos benefícios e no 
princípio da habilidade de pagamento, que buscam determinar como o valor 
dos tributos será definido. De acordo com Riani (2014, p. 102): “O princípio do 
benefício estabelece que cada indivíduo na sociedade pagará tributos de acordo 
com o montante debenefícios que recebe”. Portanto, as pessoas que recebem 
mais benefícios, pagariam mais impostos. Cada indivíduo deveria fazer a 
contribuição de forma proporcional ao benefício que o serviço do governo gerou 
a ela. 
Porém, é difícil a tarefa de medir o grau de benefício de cada pessoa, o 
que impede a aplicação plena desse princípio. As preferências dos indivíduos 
variam por aspectos que não podem ser mensurados, como questões culturais, 
 
 
6 
religiosas, classe socioeconômica, grau de instrução, entre outros, e é raro o 
momento em que essas preferências são demonstradas. Esse princípio não 
contribui para a distribuição de renda, pois gera ônus às classes de menor renda. 
Se o sistema tributário fosse baseado exclusivamente no princípio do 
benefício, algumas pessoas que não teriam renda para pagar por certos serviços 
públicos seriam excluídas das suas vantagens, o que faria com que o governo 
não cumprisse sua função alocativa e distributiva. 
Por isso, De Toni (2008) aponta que o princípio do benefício não é 
suficiente; somente alguns tipos de tributos, como o sobre o álcool e sobre o 
tabaco, poderiam ser definidos a partir dele. 
Para que o sistema tributário seja mais justo, é preciso complementar o 
princípio do benefício com outro, que é o princípio da habilidade de pagamento. 
O princípio da capacidade ou habilidade de pagamento defende que “a carga do 
tributo deve ser tal que os contribuintes com a mesma capacidade de pagamento 
devem pagar o mesmo nível de impostos (equidade horizontal)” (De Toni, 2008, 
p. 54). Com base nesse princípio, cada pessoa contribuiria de forma diferenciada 
para o Sistema tributário, com base em sua renda. A capacidade de pagamento 
é medida, em geral, a partir da renda e da riqueza do indivíduo. 
 Nesse sentido, adota-se a renda como referência para definir a habilidade 
de pagamento, e não o consumo de um indivíduo, porque uma parte da renda 
pode ser aplicada em poupança e não consumida em sua totalidade. 
A definição do sistema tributário de um país envolve análises relacionadas 
ao perfil dos contribuintes e às necessidades de cada economia, associadas aos 
princípios que o governo deve respeitar na definição da carga tributária e suas 
regras. 
TEMA 5 – CATEGORIAS DE TRIBUTOS 
Existem diferentes categorias de impostos, considerando que a principal 
diferença é entre tributos diretos e indiretos. Os impostos diretos são aqueles 
em que “o ônus da tributação recai sobre quem deve pagar o imposto” (De Toni, 
2008, p. 54), em outras palavras, os impostos que o contribuinte paga 
diretamente, como por exemplo o imposto de renda de pessoa física e jurídica, 
o IPTU (imposto predial e territorial urbano), o IPVA (imposto de propriedade de 
veículo automotor). As contribuições sociais também são tributos diretos, como 
 
 
7 
PIS-PASEP e Previdência social. Os impostos diretos estão associados à 
capacidade de pagamento de cada pessoa, sendo assim mais justos. 
Os impostos indiretos “são aqueles nos quais não necessariamente o 
ônus da tributação recai sobre quem deve pagar o imposto, ou seja, é possível 
uma transferência da carga tributária” (De Toni, 2008, p. 54). Os impostos 
indiretos não são pagos pelo proprietário, mas por todos os consumidores. Esses 
impostos são cobrados quando há compra de mercadorias e serviços, como o 
ISS (imposto sobre serviço) e o ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias 
e serviços). 
Existe ainda a distinção entre impostos progressivos ou regressivos. 
Os progressivos estão vinculados ao aumento da alíquota em proporção à renda 
e estão baseados no princípio da equidade (os mais ricos pagam mais). Já os 
impostos regressivos vão ter um ônus maior sobre a população mais pobre, ou 
seja, não aumentam quanto maior a renda. Os impostos indiretos, em geral, são 
regressivos. 
Os impostos podem ser separados em impostos sobre a renda, sobre 
o patrimônio e sobre as vendas. Os tributos sobre a renda são cobrados com 
base na renda gerada no mercado. De acordo De Toni (2008, p. 58), “a renda 
tributável é o resultado da renda total do contribuinte, deduzida de abatimentos 
como despesas médicas ou educacionais”. O imposto sobre a renda é uma das 
mais importantes fontes de financiamento, representando aproximadamente 
50% do total de receitas do governo (Riani, 2014). 
Os tributos sobre o patrimônio ou sobre a riqueza são cobrados com base 
na posse de um ativo. Os exemplos mais famosos desses impostos são o IPTU, 
que é cobrado sobre a posse de um imóvel e fica na esfera municipal, e o IPVA, 
que é tributado sobre os proprietários de veículos automotores e é de nível 
estadual. 
Já os tributos sobre a venda de bens e serviços impactam a oferta e a 
demanda no mercado. O imposto sobre as vendas é uma forma importante de 
arrecadar receitas para o governo, sendo um tipo de imposto indireto, pago pelo 
comprador (Riani, 2014). Segundo Riani (2014, p. 106), “a tributação sobre os 
bens e serviços pode ser feita mediante duas sistemáticas. Ela pode ser aplicada 
sobre a unidade do produto ou sobre seu valor. Isso dá origem aos impostos 
unitários e aos ad valorem”. 
 
 
 
8 
NA PRÁTICA 
 Leia o artigo de Nelson Paes e identifique se houve um aumento dos 
gastos do governo brasileiro entre 2006 e 2011 nessas áreas, e se isso provocou 
melhorias nesses serviços. 
PAES, N. Os gastos tributários e seus impactos sobre o desempenho da saúde 
e da educação. Ciênc. Saúde coletiva, v. 19, n. 4, 2014. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, você conheceu os elementos associados à política fiscal, com 
ênfase sobre as despesas e as receitas do governo. Primeiramente, você se 
familiarizou com os conceitos e classificações das despesas do governo, que 
são os gastos por categorias, por funções e agregados. 
Na sequência, você pôde verificar que se observa um crescimento dos 
gastos públicos na economia ao longo do tempo, a partir das teorias de Wagner, 
Musgrave (1974), Peacock e Wiseman, Rostow (1960) e Heber. Essas visões 
relacionam as despesas governamentais com as etapas de desenvolvimento 
econômico em que se encontra uma nação, apontando que, quanto maior o PIB 
de um país, maiores os gastos do governo. 
Depois, analisamos os tributos e seus conceitos. Foram explicados os 
tipos de tributos e os elementos centrais da carga tributária, que são a equidade, 
a neutralidade, a simplicidade e a progressividade, assim como a forma como o 
governo demonstra de forma contábil as suas receitas. Para entender como o 
Sistema tributário é determinado, foram explicados os princípios dos benefícios 
e da capacidade de pagamento. 
Na sequência, estudamos a diferença entre impostos diretos e indiretos, 
progressivos e regressivos, e as principais categorias de impostos: os impostos 
sobre a renda, sobre o patrimônio (riqueza) e sobre as vendas. 
 
 
 
9 
REFERÊNCIAS 
DE TONI, J. Economia do setor público. Maio 2008. Texto de apoio. 
GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C. Finanças públicas: Teoria e Prática no Brasil. 2. 
ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002. 
MUSGRAVE, R. Teoria das finanças públicas. São Paulo: Atlas, 1974. 
RIANI, F. Economia do setor público: uma abordagem introdutória. Rio de 
Janeiro: LTC, 2014. 
ROSTOW, W. As etapas do crescimento. Cambridge: Universidade de 
Cambridge, 1960. 
WAGNER, A. Three extracts on public finance. In MUGRAVE, R.; PEACOCK, 
A.T. (Org.). Classics in the theory of public finance, London: Macmillan, 1958. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA DO SETOR 
PÚBLICO 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Pollyanna Gondin 
Profª Ludmila Andrzejewski Culpi 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, serão tratados os diferentes estágios dos gastos 
orçamentários do governo, que são o planejamento, a aprovação, a execução e 
a avaliação do uso das receitas públicas. Primeiramente, você conhecerá os 
conceitos de planejamento econômico e as suas relações com a gestãopública. 
Na sequência, você compreenderá o processo político da definição do 
orçamento e estudará as definições o de orçamento, seus princípios e a evolução 
histórica do orçamento. Depois, conhecerá os diferentes tipos de orçamento e 
entender[a a legislação orçamentária e como se dá o processo legislativo 
orçamento. Para finalizar, você irá compreender os indicadores de avaliação das 
despesas públicas, com ênfase especial sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal 
e seus resultados. 
TEMA 1 – PLANEJAMENTO ECONÔMICO, GESTÃO PÚBLICA E PROCESSO 
POLÍTICO 
As unidades organizacionais, ou organizações públicas, são entidades 
que formulam as políticas públicas por meio de um planejamento, uma tomada 
de decisão e uma execução (Ribeiro, 2013). As principais funções 
administrativas dos órgãos públicos são investigar, prever, planejar, organizar e 
controlar (Ribeiro, 2013). A tomada de decisão do orçamento envolve todas 
essas ações, com ênfase sobre o planejamento das ações do governo. 
O planejamento, de acordo com Albuquerque (1977), “é um processo 
constituído de uma sequência contínua de atos ou eventos motivados por uma 
certa imagem idealizada da realidade, imagem esta que se visa atingir”. Assim, 
são adotadas decisões de modo organizado por parte de um agente, que nesse 
caso é o governo, para atingir certos objetivos econômicos. 
O planejamento refere-se a uma análise completa do que deve ser 
realizado para alcançar um objetivo. Existem tipos diferentes de planejamento 
econômico de governo: o administrativo, o funcional e o estrutural. O 
planejamento administrativo tem como objetivo tornar mais eficiente uma política 
ou atitude do governo, ou seja, são pequenas ações que visam atender a alguma 
meta, sem necessariamente estarem embasadas em um método de 
planejamento. Por sua vez, o planejamento funcional busca expandir a eficiência 
do sistema como um todo, com vistas a aprimorar esse sistema. Já o 
 
 
3 
planejamento estrutural visa reformar e modificar alguns elementos do sistema 
e sua estrutura. 
O planejamento é uma etapa da formulação das políticas públicas. A 
formulação de uma política pública envolve algumas fases: a definição da 
agenda, a identificação das alternativas, a avaliação das opções, a seleção das 
opções, a execução da política e a avaliação dos resultados. 
Albuquerque (1977) argumenta que, nos países em desenvolvimento, a 
exemplo do Brasil, tende-se a iniciar o planejamento a partir de planos setoriais, 
por exemplo, orientados para a agricultura ou a indústria. Essa forma de 
planejamento tem suas restrições, pois é do tipo funcional, baseada no know 
how dos gestores e formuladores de políticas públicas, mas não 
necessariamente provoca mudanças nas estruturas, que devem ser alteradas 
para promover mais desenvolvimento econômico. 
Sobre os tipos de planejamento, Lopes (1990, citado por Justen; Frota, 
2014) identifica uma série de modelos que planejamento do governo, quais 
sejam: i) o modelo socialista soviético, no qual o planejamento faz parte de toda 
a economia, de modo centralizado e autoritário; ii) o modelo dos países em 
desenvolvimento, que utilizaram essa ferramenta para superar o atraso na 
industrialização de suas economias; e iii) o modelo usado pelos Estados mais 
ricos, que “utiliza o planejamento indicativo onde, ao invés da substituição do 
mercado e mecanismo de formação de preços, busca-se garantir maior 
eficiência do setor econômico através da redução do nível de incerteza” (Justen; 
Frota, 2014, p. 6). 
O planejamento é um processo político e não apenas técnico, realizado 
por especialistas; ou seja, não existe uma neutralidade política no ato de 
planejar, pois certos interesses a nível político são relevantes na tomada de 
decisão das ações estatais (Albuquerque, 1977). 
Em geral, os parlamentares tomam decisões para atender aos interesses 
dos seus eleitores medianos, com vistas a se manterem nos poderes. Para 
conseguir a maioria para aprovar seus projetos, os senadores e deputados 
formam coalizões. Existe ainda a atuação dos lobbies, ou grupos de pressão, 
que impactam a tomada de decisão a respeito do serviços e bens oferecidos pelo 
governo (De Toni, 2008). 
 
 
 
 
4 
TEMA 2 – ORÇAMENTO: CONCEITOS, PRINCÍPIOS E HISTÓRIA 
O orçamento público é uma ferramenta para gerir a administração estatal 
e uma estimativa das fontes de financiamento e dos gastos que o governo 
efetuará (Ávila, 2012). 
O orçamento representa um sinalizador de como funcionará a economia, 
sendo que mais gastos públicos podem aquecer a economia e menos gastos 
podem desacelerar o crescimento. De acordo com Arruda e Araújo (2009, p. 65): 
“O processo orçamentário pode ser definido como o conjunto das funções a 
serem cumpridas pelo governo em termos de planejamento, controle gerencial e 
controle operacional”. 
O governo adota o orçamento como instrumento para alcançar as funções 
econômicas (alocativa, distributiva e regulatória) que precisa desempenhar. O 
orçamento serve para administrar as atividades do governo, direcionando para 
onde irão as receitas. No Brasil, existem certas regras e princípios para 
determinar o orçamento. Há uma Lei “onde se estima a receita e se fixa a 
despesa para um exercício vindouro” (De Toni, 2008, p. 26). Para que o 
orçamento seja aprovado, deve respeitar certos princípios, como a 
transparência, a unidade, a anuidade e universalidade (Ávila, 2012). 
São muitos os princípios orçamentários, como o da unidade, que prevê 
que o orçamento seja único, e o princípio da universalidade, que estabelece 
que o orçamento inclua todos os recursos e gastos de das esferas 
governamentais. O princípio da anualidade firma um período para a previsão 
dos dispêndios e receitas, que é de um ano fiscal. O princípio da exclusividade 
estabelece que o orçamento deve tratar apenas sobre assuntos relacionados ao 
orçamento. O princípio da programação associa-se a ideia de meios, os 
instrumentos à disposição do governo e os fins, que são os objetivos ou serviços 
a serem oferecidos. O princípio do equilíbrio prevê “que as despesas fixadas não 
devem ultrapassar as receitas previstas para o exercício financeiro” (Ávila, 2012, 
p. 103). 
O princípio da legalidade dispõe que só devem ser realizadas ações 
orçamentárias que respeitem os auspícios lei. O princípio da exatidão determina 
que o orçamento deve refletir de modo claro e preciso as demandas a serem 
atendidas. O princípio da publicidade afirma que os documentos relacionados 
ao orçamento devem estar acessíveis ao público, a partir dos princípios de 
 
 
5 
transparência. O princípio da clareza exige que o orçamento seja bem 
organizado e claro para atender à sua finalidade administrativa. 
Já o princípio da flexibilidade estabelece que o orçamento possa se 
adequar às necessidades do programa, não sendo excessivamente rígido. O 
princípio da especificação firma que cada dispêndio do governo seja 
discriminado. O princípio da não vinculação da receita descreve que nenhum 
tributo deve ser associado a um nível de governo ou organismo, com exceção 
do que está previsto na Constituição (Ávila, 2012). 
O orçamento público é elaborado pelo Poder Executivo em cada nível 
governamental, tentando atender às seguintes características: i) levantar as 
prioridades da sociedade; ii) realizar um planejamento com a determinação de 
objetivos, metas e diretrizes a seguir; iii) analisar as receitas à disposição; iv) 
formular uma proposta de orçamento que deve ser submetida à apreciação do 
Poder Legislativo; e v) implementar as ações previstas depois do orçamento ter 
sido apreciado (Ávila, 2012). 
O orçamento surgiu, em termos históricos, para controlar o poder dos 
monarcas, em 1217, no Reino Unido. A ideia era a impedir que os tributos fossem 
definidos de maneira unilateral e que passassem a ser determinados pelo 
Conselho Comum, aumentando a legitimidade do documento(De Toni, 2008). 
No século XIX, alguns Estados tinham um orçamento semelhante ao que 
é adotado hoje, como era o caso da Inglaterra, que foi a primeira a adotar o 
modelo de Relatório de Receitas e Despesas. Em 1921, os EUA já utilizavam o 
orçamento público. 
TEMA 3 – TIPOS DE ORÇAMENTO 
Existem inúmeras técnicas para a formulação do orçamento, e elas serão 
expostas neste tema. O orçamento tradicional ou clássico é limitado a prever 
as fontes de financiamento do governo para pagar as despesas, sem a 
realização de qualquer pesquisa para verificar a viabilidade e as demandas da 
população. O objetivo desse orçamento era detalhar gastos e receitas, ignorando 
as metas econômicas do Estado e a ideia de programas. Esse tipo orçamentário 
foi aplicado no Brasil até 1964, quando houve uma mudança no método. 
No segundo tipo de orçamento, chamado de orçamento de realizações 
ou de desempenho, busca-se indicar de que maneira o governo pode intervir na 
 
 
6 
economia e fornecer serviços com mais qualidade e eficiência, assinalando onde 
os tributos serão utilizados. 
A terceira forma de realizar o orçamento é denominada de orçamento 
programa, que é adotado até hoje no Brasil, desde 1967. Esse orçamento 
funciona como um “roteiro à execução coordenadora do programa anual do 
governo” (De Toni, 2008, p. 28). e detalha cada etapa do Plano Plurianual. Esse 
orçamento é um instrumento central para o planejamento econômico do governo 
e para orientar as ações públicas. Existe nesse tipo de orçamento um vínculo 
evidente entre o orçamento, a gestão das receitas e das despesas e o 
planejamento governamental. 
Segundo De Toni (2008), esse tipo de orçamento tem uma série 
benefícios em comparação a outras formas, como: i) aprimoramento do 
planejamento, assegurando uma eficiência maior da gestão pública; ii) 
transferência sobre a administração financeira do Estado e a diminuição das 
despesas; iii) mecanismos de fiscalização mais avançados; e iv) identificação do 
real impacto do dispêndio público e não apenas o seu controle. 
No Brasil, o orçamento programa passou a ser utilizado no final dos anos 
1970, com o objetivo de tornar o planejamento mais detalhado, com a 
possibilidade de verificar as metas e analisar os resultados (Polo, 2009). 
Uma nova forma de gestão orçamentária é o orçamento participativo, 
que já foi aplicado em mais de 2800 localidades no mundo todo, em diferentes 
esferas do governo. De acordo com Oliveira (2013, p. 44), o orçamento 
participativo é “uma política pública destinada a incluir a sociedade no processo 
de alocação do orçamento público”. O orçamento participativo é uma técnica 
considerada inovadora, por incorporar a população na tomada de decisão sobre 
os recursos públicos. A vantagem dessa modalidade é que permite maior 
legitimidade e participação democrática, reduzindo a chance de desvio dos 
recursos públicos, a partir do monitoramento e da fiscalização. 
No orçamento participativo, quem elabora e executa formalmente o 
orçamento ainda são os poderes executivo e legislativo, porém a eleição das 
prioridades de ação é discutida junto com a sociedade, que participa em 
consultas públicas, apenas sendo consultada no processo. 
O caso do orçamento participativo de Porto Alegre é um exemplo exitoso, 
porque, conforme Graham (2009), aproximadamente 18 mil pessoas 
participaram dos debates, destinando-se, como resultado, mais recursos para as 
 
 
7 
regiões mais pobres. Essa inovação orçamentária em Porto Alegre passou a 
influenciar outras cidades brasileiras e outras partes do mundo a adotarem essa 
técnica. O modelo passou a ser emulado e copiado (Graham, 2009). 
TEMA 4 – LEGISLAÇÃO E PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO 
A maneira como o Estado se planeja, a previsão das fontes de 
financiamento e a fixação dos dispêndios respeitam as diretrizes da legislação 
orçamentária, que, a partir de uma proposta do Poder Executivo, definirão o 
Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDA) e a Lei 
Orçamentária Anual (LOA). Esses documentos são aprovados e se tornarão leis 
que orientarão os gastos do governo (Silva, 2007). 
No Plano Plurianual (PPA) são destacadas as metas e programas para 
o mandato de quatro anos do Executivo, que fixa suas prioridades e os objetivos 
mais gerais a serem alcançados. Esse documento assinala os programas a 
serem realizados durante todo o mandato do presidente. A lei que determina e 
rege sobre o Plano Plurianual é realizada anualmente e executada pelo 
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Silva, 2007). 
A Lei de Diretrizes Orçamentárias estipula as metas e as diretrizes da 
administração pública, destacando as regras e as normas para a elaboração e a 
execução do orçamento anual. Já a Lei Orçamentária Anual (LOA) determina 
o limite dos gastos públicos e o planejamento operacional dessas despesas. A 
LOA é formulada com base na Lei de Diretrizes Orçamentárias (Silva, 2007). 
Essas leis são elaboradas pelo governo federal e encaminhadas à 
aprovação do Senado Federal (poder legislativo), que pode fazer emendas e 
aprovar o orçamento, que retorna para a aprovação final (sanção) do presidente. 
O presidente pode vetar a Lei (parcial ou totalmente), que retorna ao congresso, 
que pode aceitar o veto ou não em sessão plenária. 
O Plano Plurianual (PPA) estabelece, em termos regionais, as metas e 
diretrizes para a gestão pública federal em relação aos gastos de capital e a 
outras despesas relacionadas aos programas previstos. Já as despesas de 
capital são relacionadas a investimentos para a construção de alguma obra. O 
PPA é formulado no primeiro ano e durará os quatro anos do mandato. 
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA) é remetida ao Congresso para 
apreciação quando faltam 8 meses para conclusão do ano fiscal, e fixa as 
 
 
8 
mudanças na legislação tributária. A LOA engloba os orçamentos fiscal, de 
seguridade e social e de investimento nas empresas públicas. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em 2000, estabeleceu a 
novas finalidades associadas à manutenção do equilíbrio entre os gastos e as 
receitas, buscando controlar o endividamento público. Essa lei determina 
também princípios para a apresentação do orçamento e das contas públicas, 
como a transparência na difusão dos documentos, assegurando acesso a toda 
população, por meio da apresentação, de dois em dois meses, de relatórios da 
execução do orçamento, e de relatórios de gestão fiscal de 4 em 4 meses (De 
Toni, 2008). 
Um aspecto incorporado pela Lei de Responsabilidade Fiscal é a 
“divulgação mensal por parte do Ministério da Fazenda, meio eletrônico, da 
relação de entes que ultrapassaram limites máximos para a dívida” (De Toni, 
2008, p. 31). O principal propósito dessa lei é permitir uma fiscalização sobre os 
gastos, penalizando os entes que gastarem acima do previsto com sanções, 
como a interrupção das transferências voluntárias e das operações de crédito. 
No Congresso Nacional, que tem como uma de suas atribuições dispor 
sobre tributação, existe uma Comissão Mista de Orçamento. Essa Comissão 
deve legislar sobre tributação, arrecadação, distribuição de rendas etc. 
A Comissão Mista de Orçamento tem como competências matérias 
orçamentárias, em geral, análise de indícios de gastos irregulares, avaliação do 
cumprimento das metas fiscais e de política monetária, como o controle da 
inflação, além da elaboração de um parecer sobre as contas da União e da 
deliberação sobre obras e serviços com sinais de irregularidades. 
TEMA 5 – INDICADORES DE AVALIAÇÃO FINANCEIRA DOS GASTOS 
Os indicadores financeiros têm a finalidade de avaliar os gastos e impedir 
que haja descontrole fiscal. A construção desses indicadores é feita a partir de 
uma série de variáveis e são aplicados aos gastos de cada esfera do governo, a 
partir dos relatórios enviados por municípios, estados e pela União. Os principais 
indicadoresadotados são o de ajuste fiscal, baseado no cumprimento das metas 
do governo, e a da Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Para controlar as despesas dos estados, foi feito um acordo com a União 
que estimava que certas metas deveriam ser obedecidas, o que seria uma 
condição para a concessão de crédito para municípios e estados (Riani, 2014). 
 
 
9 
São diversas as metas, sendo que a primeira foi relacionada ao estoque 
da dívida financeira, a partir da receita líquida real de cada unidade. O cálculo 
realizado é a redução da receita com os valores relacionados a transferências 
da União, alienação de bens e ganhos financeiros de aplicações. Ao determinar-
se o quando a unidade gastou, fixa-se uma meta para a redução desse gasto. 
Um outro indicador é o de resultado primário, por meio do qual determina-
se qual o valor financeiro que deve ser alcançado para pagar o serviço da dívida, 
ou seja, os juros e o principal. Outra forma de indicador é a comparação entre a 
receita real líquida e os gastos com pessoal (Riani, 2014). 
O quarto indicador é o da receita de arrecadação própria, que estabelece 
o valor a ser captado por meio de receitas próprias por cada esfera. Um quinto 
indicador é o de despesas de capital ou investimento, e sua proporção em 
comparação à receita total. Já o último indicador de ajuste fiscal está ligado à 
ideia de o governo estabelecer medidas para que as metas sejam viáveis. 
Conforme Riani (2014), os esforços para controlar os gastos acabam 
sobrecarregando os estados e municípios, para que evitem os encargos da 
dívida de modo intenso, o que pode representar menos serviços oferecidos à 
população. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal fixou procedimentos fiscais e 
orçamentários, buscando determinar padrões para que as informações sobre 
gastos e recursos, assim como sobre endividamento das esferas do governo, 
fossem apresentadas da mesma forma. A lei prevê também vários limitantes à 
dívida dos governos, como a ideia de “despesa continuada”, que só pode ocorrer 
caso seja definida de antemão a fonte de financiamento desse gasto. 
A respeito dos índices, essa Lei formulou dois indicadores: um associado 
às despesas com pessoal e outro vinculado ao estoque da dívida pública. No 
que tange aos gastos com pessoal, foram construídos indicadores vinculados à 
receita líquida dos poderes e dos níveis de governo (Riani, 2014). 
O limite de gastos com pessoal no nível estadual é de 60% sobre o total 
de receitas, que deve ser dividido da seguinte forma: 49% com o Executivo, 6% 
com o Judiciário, 3% com o Legislativo e o Tribunal de Contas do estado e 2% 
com o Ministério Público. Já no nível municipal, o limite com pessoal é de 60% 
sobre as receitas totais, que devem ser gastos da seguinte forma: 54% com o 
Executivo e 6% com o Legislativo e o Tribunal de Contas do município. Na esfera 
da União, o limite é menor, de 50% da receita total destinada a gastos com 
 
 
10 
pessoal, da seguinte forma: 40,9% com o Executivo, 6% com o Judiciário, 2,5% 
com o Legislativo e 0,6% com o Ministério Público (Riani, 2014). 
Uma análise crítica da LRF é a de que é elevada a proporção do 
orçamento destinada aos gastos com funcionários, o que está associado ao 
inchaço do Estado e aos salários elevados de vários cargos públicos. 
NA PRÁTICA 
 Leia o artigo de Ribeiro, que explica o orçamento programa, indicando as 
vantagens dessa ferramenta para uma gestão púbica mais eficiente. Faça um 
paralelo desse modelo de orçamento com o orçamento participativo, 
comparando-os. 
RIBEIRO, D. O Orçamento-Programa Como Instrumento de Gestão Pública, 
Cadernos IPARDES, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 1-24, jul./dez. 2013. 
 FINALIZANDO 
Nesta aula, você conheceu o processo político, administrativo e jurídico 
que envolve a fixação dos gastos públicos. Em primeiro lugar, foi estudada a 
relação entre planejamento, que é uma etapa importante da gestão pública, e 
administração pública. Nessa mesma seção, foi possível entender o 
entrelaçamento entre questões políticas e administrativas, entendendo que 
quem elabora e emenda o orçamento são os gestores públicos e congressistas, 
o que transforma a elaboração do orçamento em um ato político, que pode 
envolver barganhas e a atuação de grupos de pressão. 
Na sequência, foram apresentados os conceitos de orçamento, que é uma 
ferramenta central no gerenciamento das receitas e dispêndios do governo nas 
suas diferentes esferas. Conhecemos, também, os princípios que regem o 
orçamento, que devem ser observados pelo governo no momento de sua 
elaboração. Depois, foram assinalados os tipos de orçamento, que são o 
tradicional, o de realizações, o programa e o participativo, com suas 
características principais. 
No tema seguinte, foram evidenciadas as legislações e o processo 
legislativo que caracteriza a aprovação do orçamento pelo governo. As 
normativas centrais sobre o orçamento, que orientam o governo em sua 
 
 
11 
formulação, são o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei 
Ordinária Anual. 
Depois, discutimos a questão dos indicadores de avaliação financeira, que 
indicam se as contas públicas estão saudáveis. O principal indicador de gestão 
financeira dos gastos públicos é a Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em 
2000, que assinala os limites para a distribuição dos gastos entre as esferas e 
em cada área, com vistas a controlar os gastos e o endividamento público. 
 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
ALBUQUERQUE, M. C. C. de O processo de planejamento: uma classificação e 
sua aplicação nos países subdesenvolvidos. Revista de Administração de 
empresas, São Paulo, v. 17, n. 4, ago. 1977. 
ARRUDA, D. G.; ARAÚJO, I. P. S. Contabilidade pública: da teoria à prática. 
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
ÁVILA, C. Orçamento Público. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2012. 
DE TONI, J. Economia do setor público. Maio 2008. Texto de apoio. 
GRAHAM, S. Democratic Innovations: designing institutions for citizens 
participations. New Yorl: Cambridge University Press, 2009. 
JUSTEN, A.; FROTA, M. Planejamento e Políticas Públicas: Apontamentos 
sobre as Limitações em Países em Desenvolvimento. SIMPÓSIO 
IBEROAMERICANO EM COMÉRCIO INTERNACIONAL, DESENVOLVIMENTO 
E INTEGRAÇÃO, 8., 2014, Cerro Largo. Anais... Disponível em: 
<http://docplayer.com.br/66404704-Planejamento-e-politicas-publicas-
apontamentos-sobre-as-limitacoes-em-paises-em-desenvolvimento.html>. 
Acesso em: 30 jul. 2018. 
OLIVEIRA, O. A dimensão internacional do Orçamento Participativo: uma 
análise da interação entre elites e instituições no processo de difusão. Tese 
(Doutorado em Ciência Política) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. 
POLO, L. Planejamento e orçamento no setor público brasileiro. São Paulo: 
FUNDAP, 2009. 
RIANI, F. Economia do setor público: uma abordagem introdutória. Rio de 
Janeiro: LTC, 2014. 
RIBEIRO, D. O Orçamento-Programa Como Instrumento de Gestão Pública, 
Cadernos IPARDES, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 1-24, jul./dez. 2013. 
SILVA, B. Economia do Setor Público. Palhoça: UnisulVirtual: 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA NO SETOR 
PÚBLICO 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Pollyanna Gondin 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula você irá investigar as principais características do 
envolvimento do Estado na economia brasileira, destacando-se a baixa 
interferência no período colonial e durante as repúblicas velhas, até os anos 
1930, quando o Estado se torna um ator mais importante na economia 
brasileira, com forte planejamento estatal entre os anos 1950 e 1980. 
Na sequência, você irá conhecer a política econômica dos anos 1990, 
que sustentava uma premissa neoliberal, com a diminuição do papel do Estado 
na economia, por meio de privatizações e desregulamentação da economia. 
Depois, você entenderá as medidas adotadas entre os anos 2003 a 2016. 
Nesses anos, houve um forte envolvimentodo Estado na economia, contudo 
sem alterar a política macroeconômica neoliberal implementada nos anos 
1990. Posteriormente, irá verificar os conceitos referentes ao déficit e à dívida 
pública e o avanço da dívida pública no Brasil, demonstrando-se qual o real 
problema das nossas contas públicas. 
TEMA 1 – A PARTICIPAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA BRASILEIRA 
DURANTE O PERÍODO COLONIAL ATÉ OS ANOS 1930 
Conforme Furtado (1991), o Brasil passou as primeiras três décadas 
depois do “Descobrimento” em abandono, porque não se encontraram ouro e 
metais preciosos na colônia, como ocorreu nas colônias espanholas, o que não 
justificaria a exploração do território brasileiro. 
Apenas quando outras metrópoles demonstraram interesse no território 
é que Portugal passou a protegê-lo, utilizando as rendas oriundas da empresa 
açucareira para garantir a defesa do território. O Brasil se torna o maior 
produtor de açúcar do mundo. Com a experiência que Portugal já possuía na 
produção da cana-de-açúcar, o uso da mão de obra escrava africana e os 
recursos financeiros e o apoio comercial da nação aliada Holanda, a empresa 
açucareira no Brasil se tornou um êxito até aparecer a competição com as 
Antilhas (Furtado, 1991). 
No início do século XVIII, foi encontrado ouro no Brasil, porém esse ciclo 
durou muito pouco, com a decadência da mineração, pois havia pouco ouro e a 
exploração foi muito intensa. Novamente, o Brasil deixou de ser interessante 
para Portugal, que só retoma interesse pela colônia quando a Corte portuguesa 
 
 
3 
é transferida para o Brasil às pressas, escapando da invasão napoleônica 
(Furtado, 1991). 
A vinda da Família Real ao Brasil implicou algumas transformações 
econômicas, com a construção de bancos, universidades, portos e a 
constituição de um mercado consumidor interno. Todavia, depois da 
independência, adquirimos uma dívida grande com Portugal, pela indenização 
da independência, e tivemos que permitir a abertura dos portos, mantendo 
relações comerciais exclusivas e preferenciais com a Inglaterra, que passou a 
ser a nossa dominadora. A independência política em 1822 não eliminou a 
dependência econômica, que passava de Portugal para a Inglaterra. Somente 
no final do século XIX, com a Proclamação da República e a abolição da 
escravidão, o Brasil adquiriu maior autonomia. Contudo, ainda éramos um país 
essencialmente agrícola, cujo único artigo de cultivo mais importante era o 
café, que teve uma redução do seu preço e procura na crise de 1929 (Furtado, 
1991). 
Para proteger a economia brasileira e evitar o colapso da estrutura 
cafeeira, o governo, nos anos 1930, realizou uma série de medidas que podem 
ser consideradas a primeira atuação do Estado brasileiro na economia, de fato, 
que foram a compra do café, seu estoque e queima, cuja finalidade era impedir 
a diminuição brusca do preço do item, já que o preço internacional havia caído 
muito, por meio do controle da oferta. O preço do café ia se reduzindo 
paulatinamente, induzindo os cafeicultores a buscarem outra atividade 
econômica mais lucrativa, que era a indústria, sem a falência completa desses 
agentes que mantinham a economia brasileira saudável. Foi uma medida 
contraditória, mas elogiada por muitos, porque o governo impediu que a crise 
fosse ainda mais grave e contribuiu para a industrialização do país (Furtado, 
1991). 
A crise internacional de 1929, que foi de superprodução, gerou uma 
ruptura na economia brasileira, que foi se industrializando por meio de uma 
política de substituição de importações (PSI). Pela primeira vez, houve uma 
forte intervenção do Estado, porque o PSI envolvia o protecionismo, a moeda 
desvalorizada, o controle das importações, tudo com vistas a incentivar a 
indústria nacional. Porém, esse processo de industrialização foi incompleto, 
pois a indústria de bens de capital (tecnologia) não se expandiu (Lacerda et al., 
2000). 
 
 
4 
Os gastos públicos representavam, em 1929, 15% do total do nosso 
produto interno bruto (PIB), enquanto entre 1930 a 1934, com a entrada de 
Getúlio Vargas, isso se expandiu para 18,8%, ficando relativamente estável até 
1945. 
TEMA 2 – PLANEJAMENTO ECONÔMICO NO BRASIL E POLÍTICA 
ECONÔMICA A PARTIR DOS ANOS 1930 ATÉ A DÉCADA DE 1980 
Em 1945, Dutra adotou uma política fiscal e cambial mais liberal, com 
menor influência do Estado. Quando Vargas retornou à presidência, em 1950, 
ele aplicou novamente uma PSI, gerando um envolvimento central do governo 
na economia. O objetivo de Vargas era instaurar a indústria de base no país. 
Para tanto, fundou a Petrobrás e a Eletrobrás e também restringiu a 
participação do capital externo na economia brasileira (Lacerda et al., 2000). 
Com a PSI, o Estado possuía as seguintes funções: adequar as 
instituições à indústria; promover a criação de uma infraestrutura básica, com a 
construção de portos, ferrovias e estradas; oferecer insumos básicos e captar e 
distribuir a poupança. O financiamento do governo era feito mediante tributos, 
poupanças compulsórias e ganhos no mercado de câmbio, por intermédio do 
câmbio múltiplo (com diversas taxas de câmbio) (Lacerda et al., 2000). 
Juscelino Kubistchek implementou o Plano de Metas, cujo objetivo era 
inaugurar o planejamento estatal no Brasil. O Plano de Metas tinha como 
slogan “50 anos de progresso em 5 anos de realizações”, tendo sido 
considerado um exemplo bem-sucedido de planejamento econômico. Foram 
realizados alguns projetos estatais de infraestrutura, com financiamento 
externo, o que expandiu nossa dívida com o resto do mundo, tendo uma 
participação reduzida do capital nacional nos investimentos (Lacerda et al., 
2000). 
Foram identificados, a partir da Comissão Mista Brasil-EUA e do Grupo 
Misto BNDE-Cepal, o que eram definidos como pontos de estrangulamento da 
economia brasileira, ou seja, setores com baixa demanda, como foi o caso do 
setor de bens de consumo duráveis. A solução para essa questão era investir 
nos pontos de germinação, como a expansão do setor automobilístico. Foram 
fixadas metas para os setores de energia, transportes, alimentação, indústria 
de base, educação e a meta-síntese, que era a construção de uma nova capital 
no centro do país, Brasília (Gremaud; Vasconcellos; Toneto Jr., 2004). 
 
 
5 
A maioria das metas foi alcançada, mesmo que não totalmente, logrando 
o plano um bom resultado, com transformações estruturais e crescimento 
econômico; porém, houve expansão da dívida e da dependência externa, o que 
foi pago anos mais tarde, e geração de concentração de renda (Lacerda et al., 
2000). 
Durante os primeiros anos do regime militar, foi implementado o Plano 
de Ação Econômica do Governo (PAEG), com o objetivo de adotar um conjunto 
de transformações institucionais, com reformas bancária, tributária e monetária 
que tiveram como resultado o controle da inflação. Essa política econômica 
forneceu as bases para o crescimento acelerado que se verificou nos anos 
seguintes na ditadura militar, o chamado milagre econômico. Durante o 
"milagre" econômico brasileiro ocorreram taxas extraordinárias de crescimento 
do PIB, de cerca de 11% ao ano. 
Uma das causas do crescimento acelerado foi o excelente momento que 
vivia a sociedade internacional, com taxas de juros baixas. Contudo, na década 
de 1970, após a crise do dólar e os choques do petróleo, as taxas de juros 
internacionais se expandiram e nossa dívida externa atingiu níveis muito altos. 
Em função disso, tivemos a década perdida, em 1980, em toda a América 
Latina. 
Entre os anos de 1981 a 1983, a diminuição do crescimento foi 
associada às tentativas de pagar a dívida externa e os juros. Já entre os anos 
de 1984 a 1986, a balança comercial foi reequilibrada, o que provocou uma 
retomada do crescimento. Mas, a partir de 1984, o controle da inflação se 
tornou a maior necessidade da economia e não mais o ajuste da balança 
comercial. 
Foi diagnosticada

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