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Cópia de EBOOK NOTAS EM QUÍMICA ORGÂNICA

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Química Experimental para EaD 
 
 
2 
 
Everton Luiz de Paula 
Valdir Mano 
 
 
 
 
Notas em Química 
Orgânica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1a Edição 
 
 
 
 
 
 
 
Diamantina 
UFVJM 
2021 
 
Notas em Química Orgânica 
 
 
1
a
 Edição: UFVJM, 2021. 
 
Coordenação Geral: 
Professor Everton Luiz de Paula - UFVJM 
Professor Valdir Mano - UFSJ 
 
Capa: 
Everton Luiz de Paula 
 
Projeto Gráfico: 
Everton Luiz de Paula 
 
Prefácio: 
Valdir Mano 
 
Este livro foi publicado de acordo com a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da 
Diretoria de Educação Aberta e a Distância da Universidade Federal dos Vales do Jequiti-
nhonha e Mucuri. Os textos constantes nessa publicação podem ser copiados e comparti-
lhados desde que: não sejam utilizados para fins comerciais, sendo citada a fonte e atribuí-
dos os créditos. Distribuição gratuita. 
Ficha Catalográfica elaborada pela 
Biblioteca da UFVJM / SISB / UFVJM 
 
Química Experimental para EaD 
 
 
II 
Sobre os autores ..... 
 
 
 
 
 
 
Everton Luiz de Paula 
É graduado em Química, especialista em 
Educação Empreendedora, Mestre em Ciên-
cias - Química de Materiais, pela Universi-
dade Federal de São João del-Rei (UFSJ), 
especialista em Design Instrucional para Ead 
Virtual pela Universidade Federal de Itajubá 
(UNIFEI) e Doutor em Físico-Química pela 
Universidade Federal de Minas Gerais 
(UFMG), tendo realizado um estágio sanduí-
che na Université de Montpellier 2 em cola-
boração com o Professor Dr. Jean-Jacques 
Robin. Atualmente é docente da Diretoria de 
Educação Aberta e a distância na Universi-
dade Federal dos Vales do Jequitinhonha e 
Mucuri (UFVJM) atua na área de Química. 
 
 
 
 
Valdir Mano 
Possui graduação em Licenciatura em Quí-
mica pela Universidade Estadual de Campi-
nas (1986), graduação em Bacharelado em 
Química - Atribuições Tecnológicas pela 
Universidade Estadual de Campinas (1986), 
mestrado em Química pela Universidade 
Estadual de Campinas (1990) e doutorado em 
Química pela Universidade Estadual de 
Campinas (1995). Atualmente é professor 
Titular na Universidade Federal de São João 
del-Rei (UFSJ) tendo exercido o cargo de 
Vice-Reitor. Tem atuação em Química, com 
ênfase em Polímeros e Colóides, atuando 
principalmente nas seguintes áreas: blendas 
poliméricas, polímeros biodegradáveis e 
modificação de nanomateriais de origem 
natural. 
 
 
Notas em Química Orgânica 
 
EXPEDIENTE 
 
Reitoria 
Reitor: Prof. Janir Alves Soares 
Vice-Reitor: Prof. Marcus Henrique Canuto 
 
Pró-Reitoria de Graduação 
Profª Orlanda Miranda Santos 
 
Diretoria de Educação Aberta e a Distância – DEaD 
Profa. Mara Lúcia Ramalho 
 
Coordenação Administrativa 
Ricardo Nogueira 
 
Coordenação de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC's) 
Luciano Geraldo Silva 
 
Curso de graduação em licenciatura em Química EaD 
Coordenador: Prof. Everton Luiz de Paula 
Vice-Coordenador: Prof. Fernando Armini Ruela 
 
Coordenação UAB 
Profª. Crislane de Souza Santos 
 
Coordenação UAB adjunta 
Prof. Geovane da Conceição Máximo 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI 
Rodovia MGT 367 - Km 583, nº 5.000 
Alto da Jacuba CEP 39100-000 
Telefone: +55 (38) 3532-1200 e (38) 3532-6800 
 
 Química Experimental para EaD 
 
 
II 
SUMÁRIO 
 
Prefácio ............................................................................................... III 
Apresentação ..................................................................................... IV 
Alcanos ................................................................................................ 1 
Alcenos e Alcinos ............................................................................. 44 
Aromáticos ........................................................................................ 91 
Estereoquímica ............................................................................... 133 
Haletos de Alquila ........................................................................... 151 
Álcoois, fenóis e éteres .................................................................. 218 
Aldeídos e cetonas ......................................................................... 266 
Ácidos carboxílicos e derivados ................................................. 296 
Aminas ............................................................................................. 330 
Referências Bibliográficas ............................................................. 357 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Notas em Química Orgânica 
PREFÁCIO 
 
 O e-book “Notas em Química Orgânica” é o resultado da experiência 
e do amadurecimento que Valdir e Everton adquiriram como professores na 
Universidade Federal de São João del Rei e na Universidade Federal dos 
Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Neste e-book estão as notas de aula que 
Valdir tem utilizado nas aulas de orgânica, as quais, manuscritas, constituí-
am a principal fonte de estudos dos alunos da UFSJ e que Everton, com sua 
experiência no ensino a distância, organizou para esta versão inicial. 
As “Notas em Química Orgânica” não têm a presunção de apresen-
tar uma nova visão sobre o ensino da química orgânica, mas sim de discutir 
de forma objetiva os temas essenciais da disciplina, facilitando o aprendiza-
do e reduzindo a necessidade de memorização. Este e-book foi pensado 
para servir como um guia para o estudante que, para aprofundar seus co-
nhecimentos, deve buscar a orientação do professor e a consulta a livros 
textos atuais disponíveis nas bibliotecas universitárias. As Notas foram tam-
bém pensadas para dar uma visão geral dos aspectos estruturais da química 
orgânica e apresentar as reações típicas dos grupos funcionais mais estuda-
dos. Apesar de ser uma compilação de notas de aula ele não é um resumo, 
na verdade tomamos o cuidado de abordar muitos tópicos de forma detalha-
da, explorando aspectos mecanísticos, destacando aplicações das reações e 
relacionando a compostos encontrados em produtos como alimentos, perfu-
mes, produtos de higiene etc. 
Aos estudantes, objetivo final deste trabalho, desejamos que apro-
veitem a disciplina de química orgânica, aprendendo a apreciar sua lógica 
encontrando prazer no estudo desse ramo da química por demais associado 
ao nosso cotidiano. 
 
Prof. Valdir Mano 
 Química Experimental para EaD 
 
 
IV 
APRESENTAÇÃO 
 
Notas em Química Orgânica apresenta três temas principais: no-
menclatura, propriedades e reações dos compostos orgânicos. Inicialmente, 
em cada capítulo são apresentadas informações gerais dos compostos. Na 
sequência apresenta-se a nomenclatura segundo a IUPAC e para os com-
postos que se aplicam as nomenclaturas usuais. Por último, são apresenta-
das as principais reações previstas para cada classe de compostos orgâni-
cos. 
Em cada capítulo é apresentado um sumário em que o estudante 
conseguirá visualizar o que é abordado. Ao final de cada um são apresenta-
dos exercícios para dar a oportunidade ao estudante de aplicar os conceitos 
aprendidos no livro. 
 Ao propor este e-book os autores pretendem contribuir para uma 
formação mais sólida dos egressos na área de Química e afins. A proposta é 
que esse livro seja apreciado como um livro básico de Química Orgânica. 
 É interessante destacar que o leitor pode navegar facilmente entre 
os diferentes conteúdos presentes no e-book. Para isso, ele pode clicar no 
item desejado no sumário ou em cada subtítulo principal. Ao final de cada 
capítulo, o leitor encontra à sua disposição um box que remete a materiais 
que complementam os assuntos como mostrado a seguir: 
 
Desejamos uma boa leitura a todos! 
Everton Luiz de Paula 
Valdir Mano 
 
 
 
1.1 NOMENCLATURA .................................................................................... 6 
1.1.1 Alcanos acíclicos ....................................................... 6 
1.1.2Regras da IUPAC para a nomenclatura de alcanos . 7 
1.1.3 Alcanos cíclicos (cicloalcanos) ............................... 10 
1.2 ANÁLISE CONFORMACIONAL .............................................................. 13 
1.3 ISOMERIA EM CICLOCALCANOS ......................................................... 16 
1.4 PROPRIEDADES FÍSICAS ..................................................................... 17 
1.4.1 Forças de Van der Waals ....................................... 19 
1.4.2 Associações de dipolos (dipolo-dipolo) ................... 20 
1.4.3 Ligações de hidrogênio ........................................... 22 
1.5 INTERMEDIÁRIOS DE REAÇÕES QUÍMICAS ...................................... 24 
1.5.1 Homólise e heterólise das ligações covalentes ...... 24 
1.5.2 Os intermediários .................................................... 25 
1.5.2.1 Carbocátions 26 
1.5.2.2 Carbânions 28 
1.5.2.3 Radicais livres 28 
1.6 SÍNTESE DE ALCANOS ......................................................................... 30 
1.6.1 Hidrogenação de alcenos e alcinos ........................ 31 
1.6.2 Redução de haletos de alquila ................................ 32 
1.6.3 Alquilação de alcinos terminais ............................... 33 
2 Notas em Química Orgânica 
1.7 REAÇÕES DE ALCANOS ....................................................................... 34 
1.7.1 Oxidação (combustão) ............................................ 34 
1.7.2 Halogenação ........................................................... 36 
1.8 EXERCÍCIOS .......................................................................................... 40 
 
 
Os alcanos pertencem à família dos hidrocarbonetos, ou seja, dos 
compostos que contêm apenas carbono e hidrogênio em sua estrutura. 
Mesmo com apenas dois elementos, há milhares de hidrocarbonetos 
conhecidos e outros milhares possíveis ainda não sintetizados. A família 
dos hidrocarbonetos é constituída, além dos alcanos, por alcenos, 
alcinos e compostos aromáticos. 
Esses hidrocarbonetos são também conhecidos por parafinas e, 
aqueles de cadeia aberta, têm fórmula geral CnH2n+2. Pela variação em 
“n” temos uma série homóloga. 
 
 
 
As fórmulas estruturais, mostradas acima, podem ser escritas 
de uma forma mais resumida conhecida como fórmula estrutural 
condensada. 
 
Capítulo 1 – Alcanos 3 
 
 
 
Nota. As fórmulas condensadas não necessariamente explicitam as 
ligações, mas não se pode esquecer que estas existem. 
 
Devemos lembrar também que, devido à hibridação sp3 dos 
átomos de carbono, a molécula não está em uma linha reta e nem é 
planar. As quatro ligações dos átomos de carbono apontam para os 
vértices de um tetraedro (ângulo de 109°28’) e, em consequência, a 
molécula é tridimensional. 
 
 
 
O aumento do número de carbonos na cadeia também afeta as 
propriedades físicas dos alcanos. 
 
Tabela 1. Propriedades físicas de alguns alcanos acíclicos. 
Fórmula 
molecular 
Fórmula 
condensada 
Nome Ponto de 
fusão/°C 
Ponto de 
ebulição/°C 
CH4 
C2H6 
C4H10 
CH4 
CH3CH3 
CH3CH2CH2CH3 
Metano 
Etano 
Butano 
-182 
-183 
–138 
-164 
-89 
0 
4 Notas em Química Orgânica 
C7H16 
C10H22 
CH3(CH2)5CH3 
CH3(CH2)8CH3 
Heptano 
Decano 
–91 
–30 
98 
174 
 
Os alcanos mostrados na Tabela 1 são todos de cadeia 
contínua ou linear, isto é, não há ramificação. Os alcanos não 
ramificados são chamados de alcanos normais ou, abreviadamente, n-
alcanos. Alcanos ramificados também são possíveis, por exemplo: 
 
 
 
Veja que o isobutano tem a mesma fórmula molecular que o 
butano (C4H10), ou seja, são isômeros. Como nos outros casos de 
isomeria, butano e isobutano são diferentes compostos com 
propriedades e estruturas diferentes. 
O número de isômeros cresce com o aumento do número de 
carbonos. Há dois isômeros para C4H10, três para C5H12, 5 para C6H14, 
75 para C10H22, 366.319 para C20H42 e mais de quatro bilhões para 
C30H62. 
Examinando o isobutano, vemos que há um carbono ligado a 
outros três carbonos, mas no butano não existe carbono desse tipo. 
Devido a esse comportamento, podemos definir quatro tipos de 
carbonos: 
1- carbono primário: é aquele ligado a apenas um carbono ou nenhum; 
 
Capítulo 1 – Alcanos 5 
 
 
 
2- carbono secundário: é o carbono ligado a outros dois carbonos; 
 
 
 
3- carbono terciário: aquele ligado a outros três carbonos; 
 
 
 
4- carbono quaternário: nesse caso, o carbono está ligado a outros 
quatro carbonos. 
 
 
 
Vamos examinar os alcanos de seis carbonos. Ao todo temos 
cinco isômeros de fórmula molecular C6H14. 
 
6 Notas em Química Orgânica 
 
 
Podemos notar que A e B são diferentes moléculas. E as 
moléculas representadas a seguir, são diferentes? 
 
 
 
Todas as estruturas anteriores correspondem ao mesmo 
composto A (2-metilpentano), porque todas elas têm as mesmas 
conexões, quer dizer, seus átomos são ligados da mesma maneira em 
todas as estruturas. Há uma cadeia principal de cinco carbonos e um 
grupo -CH3 ligado ao segundo carbono. 
 
 
1.1 NOMENCLATURA 
1.1.1 Alcanos acíclicos 
Todos os nomes de compostos químicos são obtidos a partir das regras 
recomendadas pela IUPAC – International Union of Pure and Applied 
Chemistry. Uma importante sistematização da IUPAC é a ideia de 
Capítulo 1 – Alcanos 7 
 
grupo. Por exemplo, se retirarmos um hidrogênio do metano, ficamos 
com um grupo chamado metila (ou metil). 
 
 
Da mesma maneira podemos obter os grupos etil, propil e butil, 
entre outros. 
 
 
 
Todas essas estruturas são chamadas de grupos alquila (ou 
alquil) porque são derivados dos alcanos. Os grupos alquil não são 
compostos independentes, não existem como substâncias químicas, 
são apenas uma formalização que permite construir os nomes das 
moléculas. 
 
1.1.2 Regras da IUPAC para a nomenclatura de alcanos 
Para nomear os alcanos, a IUPAC recomenda o seguinte procedimento: 
1- encontrar a cadeia mais longa de átomos de carbono que fornecerá o 
nome do composto. Para o composto a seguir, a cadeia mais longa está 
indicada em vermelho: 
 
8 Notas em Química Orgânica 
 
 
Nota. Veja que a cadeia mais longa contém cinco carbonos, por isso o 
composto principal é o pentano. A cadeia principal é sempre a mais 
longa, mas não necessariamente aquela desenhada em linha reta. 
 
2- identificar os grupos alquila ligados à cadeia principal; 
 
 
 
3- nomear cada um dos grupos e colocá-los em ordem alfabética (não 
se deve considerar os prefixos de quantidade como di-, tri-, tetra-, nem 
os prefixos terc, sec, normal etc.) diante da cadeia principal. Assim, o 
composto em estudo fica metilpentano (não se separam por hífen os 
nomes do grupo alquila e da cadeia principal); 
4- numerar o composto principal de tal maneira que os substituintes 
recebam os menores números possíveis. 
 
Capítulo 1 – Alcanos 9 
 
 
 
Assim, o nome do composto no exemplo, segundo a IUPAC, 
fica 3-metilpentano; 
5- no caso de duas cadeias de mesmo tamanho, a principal é aquela 
com maior número de ramificações. 
 
 
 
A substituição de um ou mais átomos de hidrogênio por 
halogênios resulta na formação de haletos de alquila. Estes compostos 
halogenados podem ser nomeados de acordo com dois sistemas de 
nomenclatura: a substitutiva e a radicofuncional. Na substitutiva, os 
nomes dos haletos de alquila são formados como nos alcanos, citando-
se os prefixos fluoro, cloro, bromo e iodo seguidos do nome do 
composto principal. A citação é feita em ordem alfabética, precedido do 
número indicativo de posição. 
 
 
10 Notas em Química Orgânica 
 
Na radicofunconal, os nomes são formados pelos prefixos 
fluoreto, cloreto, brometo e iodeto seguidos do nome do alcano. É útil 
para um número limitado de compostos. 
 
CH3Cl Cloreto de metila 
(CH3)3Br Brometode terc-butila 
CH3CH2I Iodeto de etila 
 
_________________________________________________________ 
Exercício: 
Nomear os compostos abaixo segundo a IUPAC. 
 
 
_________________________________________________________ 
 
1.1.3 Alcanos cíclicos (cicloalcanos) 
Os átomos de carbono podem ser ligados entre si para formar anéis, 
dando origem a uma série de hidrocarbonetos chamados cicloalcanos. 
Os anéis podem ser de qualquer tamanho, sendo o menor deles o 
ciclopropano. Os alcanos cíclicos são normalmente representados por 
fórmulas condensadas (aquelas que não mostram os átomos 
constituintes) e são nomeados acrescentando-se o prefixo “ciclo” ao 
nome do alcano acíclico de mesmo número de átomos de carbono. 
Capítulo 1 – Alcanos 11 
 
 
 
Os nomes dos alcanos cíclicos ramificados seguem as mesmas 
regras dos alcanos acíclicos: 
1- no caso de cicloalcanos com apenas um substituinte, o anel é a 
cadeia principal, a menos que o substituinte tenha mais átomos de 
carbonos que o anel. Neste caso, o anel passa a ser o substituinte. Não 
é necessário numerar a posição do substituinte; 
 
 
 
2- se há dois substituintes no anel, eles são citados em ordem alfabética 
e o número é dado àquele citado primeiro; 
 
12 Notas em Química Orgânica 
 
 
3- se houver mais de dois substituintes eles são citados em ordem 
alfabética. A numeração é feita de modo a se obter o menor somatório 
do conjunto de números. 
 
 
 
Dos alcanos cíclicos, o ciclopropano e o ciclobutano são os 
mais instáveis devido à tensão no anel. Essa tensão decorre do fato de 
que a hibridação dos carbonos é sp3 e o ângulo entre as ligações C-C-C 
deveria ser 109°28’. No entanto, para o ciclopropano, esse ângulo é 
cerca de 60°, enquanto no ciclobutano é de 88° (não é 90° já que o 
composto não é planar). Esses desvios em relação ao ângulo 
tetraédrico (109°28’) acarretam decréscimo na superposição dos 
orbitais atômicos sp3-sp3, levando ao aparecimento das tensões no 
anel. 
No cicloexano, o ângulo entre as ligações C-C-C é de 109°28’ 
(exatamente o ângulo tetraédrico) e, em consequência, ele é muito 
Capítulo 1 – Alcanos 13 
 
estável. O cicloexano e seus derivados podem adotar duas 
conformações: cadeira e bote. As duas conformações podem ser 
interconvertidas por rotações C-C; no entanto, a forma cadeira é mais 
estável que a bote, já que esta apresenta repulsão H-H (marcados em 
vermelho na figura a seguir). A conformação cadeira apresenta dois 
tipos de hidrogênio: os axiais (Ha) e os equatoriais (He). Os hidrogênios 
axiais são perpendiculares ao plano dos quatro carbonos centrais. 
 
 
 
 
1.2 ANÁLISE CONFORMACIONAL 
Observe as representações A e B do butano. Uma vez que é livre a 
rotação em torno das ligações simples C-C em compostos acíclicos, a 
molécula de butano pode existir em diferentes formas espaciais. Os 
diferentes arranjos espaciais, resultantes da rotação em torno de uma 
ligação simples, são chamados conformações. Uma conformação 
específica é denominada confôrmero. 
14 Notas em Química Orgânica 
 
 
As moléculas A e B diferem apenas pela rotação em torno de 
ligação C-C. Se essa rotação não fosse possível, os confôrmeros 
seriam isômeros que poderiam ser isolados. Como nunca foi possível 
obter essas moléculas isoladamente, considera-se que a rotação C-C 
(em ligação simples) tem rotação livre. As conformações A e B são 
extremas, chamadas conformações em oposição (A) e eclipsada (B). É 
possível um número infinito de conformações entre esses dois 
extremos. A conformação em oposição é a mais estável devido à maior 
distância entre as metilas nas extremidades, resultando em menor 
repulsão. 
A rotação não é totalmente livre, há uma barreira de energia 
separando os diferentes confôrmeros. Entretanto, essa barreira é tão 
baixa que, à temperatura ambiente, as moléculas A e B têm energia 
térmica suficiente para permitir a rotação C-C. Com isso, A e B 
convertem-se um no outro tão rapidamente que não podem ser 
isolados. A interpretação das propriedades dos isômeros 
conformacionais, em termos de suas conformações, é a análise 
conformacional. 
Capítulo 1 – Alcanos 15 
 
O butano tem três ligações simples C-C e a molécula pode 
girar em relação a elas. 
 
 
Considerando a ligação C2-C3, é possível desenhar seis 
confôrmeros de diferentes energias. Utilizando projeções de Newman, 
os principais confôrmeros resultantes da rotação em torno de C2-C3 
são mostrados a seguir: 
 
 
 
Os confôrmeros em oposição são os de menor energia. Aquele 
com ângulo diedro (w) de 180° é mais estável que os confôrmeros a 60° 
e 300°, e é chamado anti (do grego, oposto de). Os outros dois são 
chamados vici ou gauche (do francês, esquerda). Os confôrmeros anti e 
gauche têm diferentes energias devido à tensão estérica. Essa tensão é 
uma energia extra devida à repulsão entre nuvens eletrônicas de 
átomos ou grupos próximos. Os confôrmeros eclipsados também têm 
energias diferentes. A forma eclipsada com ângulo diedro de 0° é a de 
16 Notas em Química Orgânica 
maior energia e a menos estável devido à proximidade entre os grupos 
metila e a repulsão resultante de suas nuvens eletrônicas. 
Como há rotação livre e contínua em torno de ligações simples 
C-C, moléculas orgânicas com essas ligações não são estáticas, elas 
apresentam infinitos confôrmeros que se interconvertem. No entanto, 
esses confôrmeros não são separáveis porque as pequenas diferenças 
de energia entre eles permitem a rápida interconversão. 
 
 
1.3 ISOMERIA EM CICLOCALCANOS 
Os ciclocalcanos não apresentam rotação livre nas ligações C-C e, 
então, compostos cíclicos substituídos podem apresentar isômeros 
geométricos ou, mais precisamente, estereoisômeros. Considere o 
1,2-dimetilciclopentano. Note que são possíveis dois isômeros que irão 
diferir apenas pelo arranjo espacial das metilas. 
 
 
 
Na molécula I, as metilas estão do mesmo lado do anel e 
devemos usar o prefixo cis antes do nome do composto, o qual passa a 
ser escrito cis-1,2-dimetilciclopentano. Na molécula II, as metilas estão 
em lados opostos do plano e devemos usar o prefixo trans, assim o 
nome completo do composto é trans-1,2-dimetilciclopentano. As 
Capítulo 1 – Alcanos 17 
 
estruturas I e II são isômeros (têm a mesma fórmula estrutural) e, por 
diferirem no arranjo espacial de seus átomos, são chamadas 
estereoisômeros (ou ainda, isômeros geométricos). 
 
 
1.4 PROPRIEDADES FÍSICAS 
As propriedades físicas mais importantes dos compostos orgânicos são 
o estado físico (incluindo os pontos de fusão e ebulição, p.f. e p.e., 
respectivamente), a solubilidade e a densidade. Em geral, os pontos de 
fusão e de ebulição aumentam com o aumento da massa molar (ver 
Tabela 2). Alcanos e cicloalcanos de até quatro carbonos são gases à 
temperatura ambiente, de 5 a 17 carbonos são líquidos e acima de 18 
carbonos são sólidos brancos semelhantes a ceras. 
 
Tabela 2. Propriedades físicas de alguns alcanos cíclicos. 
Composto Fórmula p.f./°C p.e./°C 
Ciclopropano 
 
Ciclopentano 
 
Cicloexano 
 
-128 
 
-94 
 
07 
-33 
 
49 
 
81 
 
Alcanos são apolares, por isso são insolúveis em água, mas 
são solúveis em solventes apolares como benzeno, éter etílico e 
tetracloreto de carbono. Em termos de densidade, os alcanos líquidos 
18 Notas em Química Orgânica 
apresentam uma leve diferença de densidades entre si, mas todos são 
menos densos que a água. 
Vamos analisar algumas propriedades físicas de compostos 
orgânicos e relacioná-las com as forças intermoleculares. 
 
 
 
Nos exemplos acima, vemos claramente que o aumento da 
massa molar em uma mesma família de compostos resulta também em 
aumento nos pontos de fusão e ebulição. Diferenças significativas 
nessas propriedades são observadas mesmo em compostos de massa 
molar semelhante.Essas diferenças são explicadas pelas diferentes forças 
intermoleculares que agem entre as moléculas, principalmente: 
 
i) forças de Van der Waals; 
Capítulo 1 – Alcanos 19 
 
ii) associações dipolo-dipolo; 
iii) ligações de hidrogênio. 
 
1.4.1 Forças de Van der Waals 
São mais importantes em líquidos do que em sólidos ou gases. 
Aparecem principalmente em moléculas apolares e são extremamente 
fracas. São resultantes do constante movimento dos elétrons, causando 
desequilíbrios momentâneos entre cargas parciais positivas e negativas, 
levando à formação de dipolos induzidos. A molécula que possui esse 
dipolo induzido, ao se aproximar de outra, induz nesta molécula a 
formação de um dipolo e assim sucessivamente. 
 
 + -    + +- -
 
 
A atração do tipo Van der Waals é fraca e atua a curtas 
distâncias. Ela será maior quanto maior o número de elétrons na 
molécula (maior possibilidade de polarização) e quanto maior for o 
contato entre as moléculas. Assim, para os alcanos, quanto maior o 
número de carbonos (massa molar) maior é a força de Van der Waals e 
maior será o ponto de ebulição. Por outro lado, para alcanos de mesma 
massa molar, quanto maior o número de ramificações menor é o ponto 
de ebulição, pois menor é o contato entre as moléculas. Aqui, o fator 
principal é a área de contato entre as moléculas que diminui com a 
ramificação. 
 
20 Notas em Química Orgânica 
CH3CH2CH2CH2CH3
p.e.= 36°C
CH3 CH
CH3
CH2 CH3
p.e. = 28°C
H3C C CH3
CH3
CH3
p.e. = 9,5°C 
 
1.4.2 Associações de dipolos (dipolo-dipolo) 
A interação do tipo dipolo-dipolo ocorre entre moléculas polares e 
resulta da atração da extremidade positiva de uma molécula pela 
extremidade negativa de outra. 
Moléculas polares apresentam dipolo permanente, ao contrário 
das apolares que só podem desenvolver um dipolo induzido. O dipolo 
permanente aparece quando átomos de eletronegatividade diferentes 
se ligam por covalência, nesse caso, o compartilhamento dos elétrons 
da ligação é desigual, dando origem a dipolos elétricos na ligação. 
Moléculas com pares de elétrons livres, como amônia e água, têm 
igualmente um dipolo originado pelo par de elétrons. 
As interações originadas pelos dipolos permanentes são mais 
fortes que as de Van de Waals (que são dipolos induzidos). Por 
exemplo, no HCl há um compartilhamento desigual dos elétrons de 
ligação devido a diferenças de eletronegatividade entre H e Cl. 
 
H Cl
 + -
 
+ -
 
 
Os sinais + e - indicam que o cloro é parcialmente negativo e o 
hidrogênio é parcialmente positivo, dando origem a um dipolo 
Capítulo 1 – Alcanos 21 
 
permanente. Os dipolos costumam ser indicados por setas cuja ponta é 
o lado negativo, por exemplo: 
 
H3C BrH Cl 
 
Assim, se temos duas moléculas de HCl, elas se atraem 
conforme indicado a seguir: 
 
ou

 

 
+
+ + +-
- -
-
 
 
ou seja, na fase líquida, as moléculas tendem a se orientar permitindo 
interações mútuas. 
 
+
+
+
+
+
+
+
+
-
-
-
-
-
-
-
-
 
 
Em virtude dessa interação, as moléculas polares encontram-se 
mais fortemente ligadas quando comparadas às moléculas apolares de 
massas molares semelhantes, apresentando, consequentemente, 
temperaturas de ebulição mais elevadas. 
 
22 Notas em Química Orgânica 
 
 
1.4.3 Ligações de hidrogênio 
Um tipo especial de interação dipolo-dipolo é a ligação de hidrogênio. 
Para que esse tipo de interação ocorra entre duas moléculas, é 
necessário que: 
 
i) uma das moléculas possua átomo de hidrogênio ligado a átomo 
bastante eletronegativo como oxigênio, nitrogênio ou flúor; 
ii) a outra molécula possua também átomo eletronegativo como 
oxigênio, nitrogênio ou flúor, com pares de elétrons livres (não-
ligantes). 
 
A ligação de hidrogênio é representada por uma linha pontilhada 
e tem intensidade de cerca de 5 k cal/mol (mais fraca, portanto, que as 
ligações covalentes comuns que são da ordem de 50 a 100 k cal/mol). 
 
Capítulo 1 – Alcanos 23 
 
O
CH3
CH3
H O
H
O
H
H
H O
H
H N H
H
N H
H
H
CH3CH2 O
H
H
O
H
O
H
H 
 
Ligações de hidrogênio podem ser entendidas como uma ponte 
entre dois átomos eletronegativos, ligando-se a um deles por ligação 
covalente e ao outro por forças eletrostáticas. Essa é uma interação 
mais forte que a dipolo-dipolo e a Van der Waals. 
 
 
 
Resumindo. As temperaturas de fusão e ebulição dos compostos 
orgânicos, normalmente, se elevam com o aumento da massa molar. 
No caso de massas molares semelhantes, p.f. e p.e. serão maiores 
quanto mais fortes forem as atrações entre as moléculas, ou seja, 
quanto mais polares forem as moléculas. 
24 Notas em Química Orgânica 
Com relação à solubilidade, não estamos mais considerando 
atrações entre as moléculas do mesmo composto e sim entre as 
moléculas de um soluto (A) e de um solvente (B). Assim, os compostos 
muito solúveis em um dado solvente são aqueles que interagem mais 
fortemente com as moléculas do solvente que entre si. Ou seja, o 
solvente quebra as interações entre as moléculas do soluto. Como regra 
geral, compostos polares dissolvem-se em solventes polares, 
compostos pouco polares ou apolares em solventes pouco polares ou 
apolares. Por exemplo, o etanol é altamente solúvel em água porque 
eles podem interagir por ligações de hidrogênio. 
 
CH3 CH2 O
H
O
H
H O
H
H 
 
 
1.5 INTERMEDIÁRIOS DE REAÇÕES QUÍMICAS 
1.5.1 Homólise e heterólise das ligações covalentes 
Reações de compostos orgânicos envolvem quebra e/ou formação de 
ligações covalentes. 
 
 
Capítulo 1 – Alcanos 25 
 
 
Na homólise, a quebra da ligação leva a fragmentos neutros A• 
e B• (cada um com um elétron da ligação). Homólise vem do grego 
(homo = o mesmo; lise = quebra) e significa quebra homolítica. Os 
fragmentos A• e B• são chamados radicais e contêm número ímpar de 
elétrons. 
Na heterólise, a quebra da ligação leva a fragmentos 
carregados (A-: e B+ ou A+ e B-:). A palavra heterólise também vem do 
grego (hetero = diferente; lise = quebra) e significa quebra heterolítica. 
Os fragmentos A-: e B-: são chamados carbânions; os fragmentos A+ e 
B+, carbocátions. 
 
1.5.2 Os intermediários 
A homólise e a heterólise levam a intermediários altamente reativos. Na 
homólise temos a formação de radicais livres. 
 
 
 
A heterólise pode levar a um cátion (carbocátion) ou a um 
ânion de carbono (carbânion). 
26 Notas em Química Orgânica 
 
 
Carbocátions e radicais são espécies deficientes em elétrons, 
por isso atuam como eletrófilos (espécies que procuram por elétrons 
para completar o seu “octeto”). Carbânions têm excesso de elétrons, por 
isso são bases fortes e nucleófilos fortes (procuram H+ ou centros de 
carga positiva para neutralizar sua carga). 
Intermediários são moléculas orgânicas que ocorrem 
frequentemente não como compostos estáveis, mas como espécies 
transientes em reações químicas. Alguns intermediários possuem 
ligações convencionais que podem ser representadas por estruturas 
típicas de ligação de valência. Em outros, o carbono tem menos de 
quatro ligações covalentes. Estas estruturas são muito instáveis, tendo 
apenas existência transitória, mas em certas circunstâncias possuem 
estabilidade suficiente para serem isoladas e estudadas. Os quatro tipos 
mais comuns de intermediários com menos de 4 ligações covalentes, 
usando o metano como exemplo, são: 
 
 
 
1.5.2.1 Carbocátions 
Capítulo 1 – Alcanos 27 
 
São intermediários que ocorrem em muitas reações químicas e são 
razoavelmente bem conhecidos. São mostrados abaixo alguns 
carbocátions em ordem relativa de estabilidade. 
 
 
 
 
 
O cátion tropílio é altamente estabilizado por ressonância e 
pode, inclusive, ser isolado e estudado. Já o cátion metila é tão instável 
que nunca pôde ser detectado em reações químicas usuais.Em geral, 
as estabilidades relativas dos carbocátions podem ser explicadas por 
efeitos de ressonância e/ou indutivo. Por exemplo, os quatro primeiros 
cátions são estabilizados com base na conjugação (ressonância). 
O efeito indutivo (resultante da ligação entre átomos de 
diferentes eletronegatividades) explica a ordem de estabilidade dos 
cátions t-butila, isopropila e etila. O carbono ionizado positivamente tem 
hibridação do tipo sp2 e é mais eletronegativo que os carbonos sp3 
devido à carga positiva. Assim, quanto maior for o número de carbonos 
28 Notas em Química Orgânica 
sp3 ligados ao carbono positivo maior será o fluxo de elétrons em 
direção a esse carbono (efeito indutivo) e maior será a sua estabilidade. 
 
1.5.2.2 Carbânions 
Assim como os carbocátions, os carbânions têm estabilidades bastante 
diferentes. Os efeitos de ressonância e/ou indutivo também explicam 
essas estabilidades, que agora são opostas às dos carbocátions. 
O requisito essencial para a maior estabilidade dos carbânions 
é a presença de grupos que retiram densidade eletrônica do carbono 
carregado negativamente. Por exemplo, o carbânion abaixo é altamente 
estabilizado tanto por ressonância quanto por indução, já que o grupo 
nitro atrai elétrons fortemente. 
 
 
 
1.5.2.3 Radicais livres 
São espécies altamente reativas e, quando em contato, podem reagir 
entre si por dimerização ou desproporcionação. 
 
 
 
A ordem de estabilidade dos radicais alquila é: 
Capítulo 1 – Alcanos 29 
 
 
terciário > secundário > primário > metila. 
 
 
 
Os radicais alila e benzila são mais estáveis que os alquila 
simples, entretanto os primeiros dimerizam quase que 
instantaneamente. 
 
 
 
A ordem de estabilidade dos radicais foi obtida analisando-se a 
quantidade de energia necessária para a liberação de um átomo de 
hidrogênio do alcano correspondente: quanto menor a energia para 
liberar o radical 
.
H mais estável é o radical formado. 
 
30 Notas em Química Orgânica 
 
 
H2 > H1, pois é mais difícil formar o radical em B do que em 
A, ou seja, o radical em A é mais estável que em B (é mais facilmente 
formado em A do que em B). 
 
 
1.6 SÍNTESE DE ALCANOS 
Há três importantes fontes naturais de alcanos, todas de origem fóssil: 
gás natural, petróleo e carvão. O gás natural consiste de 
aproximadamente 90-95% de metano, 5-10% de etano e pequena 
proporção de propano, butano e 2-metilpropano. 
Do petróleo são obtidos: 
1- gases de pontos de ebulição abaixo de 20 °C, principalmente 
propano, butano e 2-metilpropano; 
2- nafta: com p.e. entre 20 °C e 200 °C, é uma mistura de alcanos e 
cicloalcanos de C5 a C12, além de pequenas quantidades de compostos 
aromáticos, como benzeno, tolueno e xileno. A fração leve da nafta, p.e. 
entre 20 °C e 150 °C, compõe a gasolina usada como combustível 
veicular; 
Capítulo 1 – Alcanos 31 
 
3- querosene: mistura de hidrocarbonetos de C5 a C15 e p.e. na faixa de 
175 °C a 275 °C; 
4- óleo combustível: apresenta p.e. de 250 °C a 400 °C, sendo 
composto por hidrocarbonetos de C15 a C18; o óleo diesel é o principal 
exemplo; 
5- óleos lubrificantes e combustíveis pesados, que destilam acima de 
350 °C; 
6- asfalto: é o resíduo negro restante do processo de destilação 
fracionada usada para separar os componentes do petróleo. 
O carvão fornece o gás de síntese, uma mistura de monóxido 
de carbono e hidrogênio em variadas proporções. Dois importantes 
compostos orgânicos são produzidos quase exclusivamente de CO e 
H2: metanol e ácido acético. 
As misturas de alcanos obtidas principalmente do petróleo e do 
gás natural são importantes como combustíveis. Contudo, em 
laboratório, geralmente precisamos de amostras puras de alcanos 
específicos. Para esse propósito, o modo mais indicado de obtenção é a 
síntese do alcano com que se deseja trabalhar. A seguir veremos três 
dos métodos mais comumente usados na síntese de alcanos. 
 
1.6.1 Hidrogenação de alcenos e alcinos 
Na presença de catalisadores metálicos, alcenos e alcinos reagem com 
hidrogênio para produzir alcanos. Como catalisadores são usados 
níquel, paládio e platina. A reação é geralmente realizada dissolvendo-
se o alceno ou alcino em etanol, adicionando-se o catalisador metálico e 
32 Notas em Química Orgânica 
expondo essa mistura ao hidrogênio sob pressão. Para a redução de 
alcinos a alcanos são necessários dois mol de H2. 
 
 
 
 
 
1.6.2 Redução de haletos de alquila 
A maioria dos haletos de alquila reage com zinco e ácido aquoso para 
produzir um alcano. Os átomos de zinco transferem elétrons ao átomo 
de carbono ligado ao halogênio, portanto, a reação se passa por uma 
redução do haleto de alquila. 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 – Alcanos 33 
 
1.6.3 Alquilação de alcinos terminais 
O hidrogênio ligado ao carbono da ligação tríplice de alcino terminal 
(chamado hidrogênio acetilênico) pode ser substituído por grupo alquila. 
Esse hidrogênio é pouco ácido, mas pode ser removido por base forte, 
como o amideto de sódio, formando o ânion alcinido. Este ânion, ao ser 
tratado com um haleto de alquila apropriado (normalmente, um haleto 
de metila ou um haleto primário não ramificado no segundo carbono), 
dá origem a uma nova ligação carbono-carbono. Os haletos primários 
ramificados, os secundários e os terciários não se comportam da 
mesma maneira, fornecendo outros produtos predominantemente pelo 
mecanismo de eliminação. 
 
 
 
A formação da nova ligação carbono-carbono é, por si só, uma 
transformação importante, mas a ligação tríplice pode ainda ser usada 
em reações posteriores. Por exemplo, a hidrogenação do novo alcino 
recém-preparado constitui a síntese formal de alcanos. 
 
 
 
 
34 Notas em Química Orgânica 
1.7 REAÇÕES DE ALCANOS 
Em geral, as reações na química orgânica envolvem os grupos 
funcionais, quer dizer, a parte hidrocarbônica não costuma sofrer 
alterações durante uma reação. Se uma molécula contém um grande 
número de ligações C-H e C-C e apenas uma C-Y, esta última poderá 
sofrer reações seletivas que não afetam C-H e C-C. 
É difícil obter reações seletivas para C-H ou C-C, já que todas 
as ligações na molécula seriam afetadas. Normalmente, ocorrem 
reações competitivas nas ligações C-H e C-C. 
 
1.7.1 Oxidação (combustão) 
É a principal reação dos alcanos, entretanto, não é útil do ponto de vista 
químico, pois há destruição da molécula. Do ponto de vista prático, é 
muito importante já que é uma grande fonte de energia. 
A combustão, quando completa, sempre leva à formação de 
CO2 e H2O e pode ser representada pela seguinte equação: 
 
 
 
Exemplo: 
 
 
 
Capítulo 1 – Alcanos 35 
 
A energia liberada na combustão é também chamada de calor 
de combustão, sendo uma das principais fontes de energia no mundo 
contemporâneo. 
A oxidação é uma reação que pode ser iniciada por calor, luz 
ou catálise química e envolve a formação de radicais livres. Na maior 
parte das vezes a combustão é incompleta, levando à formação de 
carbono e/ou monóxido de carbono, que são substâncias de grande 
importância na indústria química. O carbono, obtido como um pó 
extremamente fino conhecido negro de fumo, é usado como pigmento 
em tintas, na constituição de pneus (para aumentar sua resistência) e 
na fabricação de fibras de carbono. O monóxido de carbono (CO) pode 
ser convertido em metanol e este em metanal; pode originar o fosgênio 
(COCl2), que é matéria prima na fabricação de espumas de poliuretana; 
e ser convertido em diversos aldeídos pela reação com alcanos. 
Um exemplo importante da oxidação controlada de um alcano 
é a produção industrial de ácido adípico a partir do cicloexano (ou ainda 
do cicloexeno). 
 
 
 
O ácido adípico é usado na produção de náilon. Da produção 
mundial de cicloexano, 90% é convertida em ácidoadípico. 
 
36 Notas em Química Orgânica 
1.7.2 Halogenação 
É uma reação que ocorre com flúor, cloro e bromo; o iodo é pouco 
reativo nas condições de reação dos demais halogênios. A ordem de 
reatividade dos halogênios é: F > Cl > Br > I. 
A halogenação também se passa com radicais. As reações que 
envolvem radicais são conhecidas como reações em cadeia e podem 
ser divididas em três etapas: iniciação, propagação e terminação. Em 
geral, a halogenação via radicais livres leva a uma mistura de produtos. 
 
 
 
A composição dessa mistura vai depender da proporção usada 
nos materiais de partida (por exemplo, excesso do alcano leva à mono-
halogenação), bem como das condições experimentais (os 
organoclorados podem ser separados por destilação durante a reação). 
O mecanismo para a reação acima é apresentado a seguir: 
 
Capítulo 1 – Alcanos 37 
 
 
 
Todos os alcanos reagem com halogênios da mesma maneira 
que o metano. A principal diferença é que quanto maior o número de 
carbonos, maior será o número de possíveis compostos mono e poli-
halogenados. Para prever os possíveis produtos da halogenação é 
preciso levar em conta a estabilidade dos radicais e a seletividade do 
halogênio: 
a) estabilidade dos radicais: terciário > secundário > primário > 
metila; 
b) seletividade dos halogênios: I > Br > Cl > F; 
c) reatividade: F > Cl > Br > I. 
 
Por exemplo, na halogenação do isobutano é possível a 
formação de dois tipos de radicais: 
 
38 Notas em Química Orgânica 
 
 
Na bromação, o isobutano é convertido quase exclusivamente 
no 2-bromo-2-metilpropano (via radical terciário), devido à seletividade 
do bromo e à estabilidade do radical terciário. 
 
 
 
Já a cloração do mesmo isobutano leva aos dois produtos 
possíveis devido à menor seletividade do cloro. 
 
 
 
Iniciadores 
Para que as reações em cadeia se processem, normalmente são 
usados iniciadores que dão origem aos radicais livres. Além da luz (hν), 
podem ser usados: calor (Δ), peróxidos, azo-compostos, alquil-nitratos, 
eletrólise etc. 
 
Capítulo 1 – Alcanos 39 
 
 
 
Cicloalcanos de anéis pequenos também sofrem reações de 
halogenação. 
 
 
 
Bromo e iodo, na presença de catalisador (ácido de Lewis), 
causam quebra de ligação C-C do ciclopropano. 
 
 
 
 
 
 
40 Notas em Química Orgânica 
1.8 EXERCÍCIOS 
1- Considere as fórmulas moleculares dos hidrocarbonetos abaixo 
listados. Ao reagi-los com cloro gasoso, o único produto formado é um 
composto monoclorado. Deduza a estrutura de cada hidrocarboneto e 
do seu derivado clorado. 
 
a) C8H8 b) C8H16 c) C8H18 d) C6H12 
 
2- Considere os hidrocarbonetos abaixo listados. Desenhe as estruturas 
de todos os possíveis compostos monoclorados ao fazer a reação com 
cloro gasoso na presença de radiação ultravioleta. 
a- 2-metilpentano 
b- metilciclopropano 
c- etilciclopropano 
d- cis-1-etil-2-metilciclobutano 
 
3- Dê os nomes dos seguintes compostos de acordo com a IUPAC: 
 
 
 
Capítulo 1 – Alcanos 41 
 
 
 
4- Considere todos os isômeros das fórmulas moleculares C6H14 e 
C5H10. Apresente todas as fórmulas estruturais e os nomes IUPAC. 
 
5- Desenhe a fórmula estrutural de cada composto a seguir: 
a- 3-metilexano 
b- cis-1,2-dimetilciclopentano 
c- etilciclopropano 
d- 2-fluoro-3-metilpentano 
e- 4-etil-6-isopropiloctano 
 
6- Dar nomes aos seguintes grupos: 
 
 
42 Notas em Química Orgânica 
 
7- Em termos de geometria molecular, explique a diferença entre o 
cátion metila e o carbânion metila. 
 
8- Ordene os seguintes carbocátions em ordem decrescente de 
estabilidade. 
 
 
 
9- O cicloexano é um importante composto utilizado como matéria prima 
para a produção de outros solventes. Uma das reações que se passam 
com o cicloexano é a monocloração. Apresente o mecanismo completo 
(etapas de iniciação, propagação e terminação) para essa reação. 
 
10- Desenhe a fórmula estrutural e dê o nome sistemático do produto 
monoclorado formado quando se aquece o alcano de fórmula C5H12 . 
 
11- Ao reagir o alcano cíclico de fórmula C5H10 com quantidade 
suficiente de Cl2 para se formar mais de um quantos produtos diclorados 
você esperaria obter como produtos? 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 – Alcanos 43 
 
 
 
Quer aprender um pouco mais sobre alcanos? Acesse os materiais 
disponíveis nos seguintes links: 
http://static.sites.sbq.org.br/quimicanova.sbq.org.br/pdf/Vol28No2_364_32-ED04166.pdf 
http://static.sites.sbq.org.br/quimicanova.sbq.org.br/pdf/v37n10a19.pdf 
http://static.sites.sbq.org.br/quimicanova.sbq.org.br/pdf/Vol28No2_364_32-ED04166.pdf
http://static.sites.sbq.org.br/quimicanova.sbq.org.br/pdf/Vol28No2_364_32-ED04166.pdf
http://static.sites.sbq.org.br/quimicanova.sbq.org.br/pdf/v37n10a19.pdf
 
 
2.1 NOMENCLATURA .................................................................................... 45 
2.1.1 Alcenos ........................................................................... 45 
2.1.2 Alcinos ............................................................................ 50 
2.2 PROPRIEDADES FÍSICAS ....................................................................... 51 
2.2.1 Alcenos ........................................................................... 51 
2.2.2 Alcinos ............................................................................ 52 
2.3 SÍNTESE DE ALCENOS E ALCINOS ....................................................... 52 
2.3.1 Síntese de alcenos via reações de eliminação .............. 53 
2.3.2 Síntese de alcinos via reações de eliminação ............... 59 
2.4 REAÇÕES ................................................................................................. 61 
2.4.1 Reações de alcenos ....................................................... 61 
2.4.2 Reações de alcinos ........................................................ 79 
2.5 EXERCÍCIOS ............................................................................................ 86 
 
 
Ao lado dos alcanos, a família dos hidrocarbonetos é composta ainda 
pelos alcenos, alcinos e compostos aromáticos. Os alcenos contêm 
ligação dupla entre carbonos; os alcinos, ligação tríplice e os 
aromáticos se caracterizam por apresentar ligações duplas 
deslocalizadas em composto cíclico (anel aromático). 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 45 
 
 
 
 
2.1 NOMENCLATURA 
2.1.1 Alcenos 
São nomeados pelas mesmas regras da IUPAC usadas para os 
alcanos, trocando-se o sufixo ano por eno. 
 
 
 
Quando o alceno tem quatro carbonos ou mais em sua 
estrutura, podemos ter isomeria estrutural já que a ligação dupla pode 
ocupar mais de uma posição. Nesses casos, numera-se a ligação 
dupla com os menores números possíveis. 
46 Notas em Química Orgânica 
 
 
 
Alcenos ramificados ou substituídos por halogênios são 
nomeados como nos alcanos. 
 
 
 
Nota. Veja que a ligação dupla tem preferência sobre os substituintes, 
portanto, o que importa é que a dupla tenha o menor número possível. 
 
Considera-se cadeia principal a mais longa sequência de 
carbonos que contiver a ligação dupla. 
 
 
 
No caso de alcenos ramificados, a cadeia principal é a mais 
longa que contiver o maior número possível de ligações duplas. Para 
efeito de numeração, prevalece a regra do menor conjunto para as 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 47 
ligações duplas e não para os substituintes. Apenas em caso de 
empate é que as posições dos substituintes são consideradas. 
 
 
 
Compostos cíclicos contendo ligações duplas são chamados 
cicloalcenos. Quando há somente uma ligação dupla, não é 
necessário mostrar o número no nome do composto. Compostos com 
duas ou mais ligaçõesduplas recebem o sufixo dieno, trieno etc. 
 
 
 
 
 
2.1.1.1 Geometria e estereoisomeria em alcenos 
Ao contrário dos alcanos de cadeia aberta, não há rotação em relação 
à ligação dupla. Por isso, podemos ter o mesmo tipo de isomeria que 
verificamos com os cicloalcanos: estereoisomeria. Exemplo: há dois 
48 Notas em Química Orgânica 
diferentes compostos chamados but-2-eno: trans-but-2-eno e cis-but-
2-eno. 
 
 
 
Como não há rotação em relação à ligação dupla, o isômero 
trans não pode ser interconvertido no cis. Assim, temos dois diferentes 
compostos, cada um com suas próprias propriedades físicas e 
químicas. 
 
Tabela 1. Propriedades físicas dos isômeros do but-2-eno. 
Composto p. f./°C p.e./°C Densidade/g mL
-1
 
cis-but-2-eno 
trans-but-2-eno 
-139 
-105 
4 
1 
0,621 
0,604 
 
Nem todos os alcenos mostram estereoisomeria cis-trans. 
Para que ocorra essa isomeria é preciso que ambos os carbonos da 
ligação dupla estejam ligados a dois diferentes grupos. Se qualquer 
dos carbonos da dupla tiver dois ligantes idênticos não haverá 
estereoisomeria. 
 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 49 
 
 
Há casos em que a nomenclatura cis-trans pode ser ambígua, 
por isso ela só é recomendada para alcenos dissubstituídos. Para 
alcenos tri- e tetrassubstituídos utiliza-se outro sistema denominado E-
Z proposto com base nas regras de Cahn-Ingold-Prelog. Por exemplo, 
os compostos a seguir são cis ou trans? 
 
 
 
2.1.1.2 Nomenclatura E-Z 
A identificação E ou Z proporciona uma designação inequívoca e é um 
procedimento bastante simples: 
1- para cada ligação dupla a ser descrita a configuração (E ou Z), 
determina-se qual dos dois grupos ligados a cada átomo de carbono 
da ligação dupla tem a maior prioridade de acordo com a convenção 
de Cahn-Ingold-Prelog; 
2- à configuração na qual os dois grupos de maior prioridade estão do 
mesmo lado do plano de referência atribui-se o símbolo 
estereoquímico Z (do alemão zuzammen, junto); à configuração na 
qual esses grupos estão em lados opostos é atribuído o símbolo E (do 
alemão entgegen, oposto). 
 
50 Notas em Química Orgânica 
Regras de precedência de Cahn-Ingold-Prelog 
Regra 1: se os átomos diretamente ligados ao carbono da dupla forem 
diferentes, tem maior prioridade o de maior número atômico. 
Regra 2: se a regra 1 não puder ser aplicada, deverão ser comparados 
os átomos em sequência. 
Regra 3: carbono terciário tem maior prioridade que secundário que, 
por sua vez, tem precedência sobre primário. 
 
Como exemplo, no composto abaixo, os átomos de maior 
prioridade, em cada carbono da dupla, estão designados com o 
número 1. Como esses átomos estão em lados opostos da dupla, esse 
composto é o (E)-2-clorobut-2-eno. 
 
 
 
Outros exemplos são mostrados a seguir. 
 
 
 
 
2.1.2 Alcinos 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 51 
São nomeados pelas mesmas regras aplicadas aos alcenos, exceto 
que o sufixo ino é usado no lugar de eno. 
 
 
 
Quando temos ligações duplas e tríplices no mesmo 
composto, o sufixo eno precede o ino. A numeração é feita de modo a 
atribuir os menores números aos carbonos insaturados. 
 
 
 
2.2 PROPRIEDADES FÍSICAS 
2.2.1 Alcenos 
As propriedades físicas dos alcenos são muito similares às dos 
alcanos correspondentes. Até quatro carbonos são gases; de cinco a 
dezessete, líquidos; de dezoito para cima são sólidos (sempre à 
temperatura ambiente). Os alcenos são insolúveis em água e têm 
densidade muito menor que a água. 
 
Tabela 2. Propriedades físicas de alguns alcenos. 
52 Notas em Química Orgânica 
Composto p.f./°C p.e./°C Densidade/g mL
-1
 
eteno 
propeno 
but-1-eno 
cis-but-2-eno 
trans-but-2-eno 
pent-1-eno 
-169 
-185 
-185 
-139 
-105 
-138 
-104 
-47 
-6 
4 
1 
30 
¨¨¨¨ 
¨¨¨¨ 
0,595 
0,621 
0,604 
0,641 
 
2.2.2 Alcinos 
Os alcinos têm baixa polaridade e, em consequência, apresentam 
propriedades físicas semelhantes às dos alcanos e alcenos: são 
insolúveis em água e outros solventes polares, sendo bastante 
solúveis em solventes pouco polares como benzeno, tolueno, 
tetracloreto de carbono e clorofórmio. A densidade dos alcinos varia 
de 0,70 a 0,80 g/cm3. Para alcinos com apenas uma ligação tríplice, a 
temperatura de ebulição aumenta com o aumento do número de 
átomos de carbono. 
2.3 SÍNTESE DE ALCENOS E ALCINOS 
Etileno e propileno são os dois mais importantes produtos orgânicos 
obtidos industrialmente. São usados na preparação de polietileno, 
polipropileno, etileno glicol (etano-1,2-diol), ácido acético, acetaldeído 
(etanal), óxido de etileno, cloreto de vinila, cumeno (2-fenilpropano) 
etc. 
Industrialmente, etileno, propileno e buteno são sintetizados 
pelo processo conhecido como craqueamento térmico de alcanos 
leves (C2 – C8). Craqueamento térmico (ou pirólise) é uma reação que 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 53 
se passa a altas temperaturas, na faixa de 900 °C, na ausência de 
oxigênio. As altas temperaturas provocam homólise das ligações C-C 
e C-H, resultando na formação de moléculas de menor massa molar. 
 
 
 
Enquanto a química dos alcenos é dominada pelas reações de 
adição, a preparação de alcenos em escala laboratorial ocorre 
preferencialmente pelas reações de eliminação que veremos a seguir. 
 
2.3.1 Síntese de alcenos via reações de eliminação 
Reações de eliminação podem introduzir ligações duplas em uma 
molécula, por isso são muito usadas na síntese de alcenos e de 
alcinos. Três métodos muito utilizados baseados em reações de 
eliminação são mostrados a seguir. 
 
Desidroalogenação de haletos de alquila 
 
 
 
Desidratação de álcoois 
 
54 Notas em Química Orgânica 
 
 
Desbromação de vic-dibrometos 
 
 
 
2.3.1.1 Desidroalogenação de haletos de alquila 
É quase sempre mais bem realizada por reação E2, já que o 
mecanismo E1 é muito variável e eventos concorrentes são possíveis, 
como o rearranjo do esqueleto de carbono. 
 
 
 
Para favorecer a eliminação, geralmente trabalha-se em 
temperatura relativamente alta (de 40 °C a 70 °C). Já para evitar 
condições E1, normalmente usa-se concentração alta de base forte, 
como um íon alcóxido, e um solvente relativamente apolar, como um 
álcool. Reagentes típicos incluem: 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 55 
i) bases pequenas como etóxido de sódio ou hidróxido de sódio 
em etanol; 
ii) base volumosa como terc-butóxido de potássio em álcool terc-
butílico. 
 
Orientação da dupla ligação no produto – Regra de Zaitsev 
Para alguns haletos de alquila é possível apenas um produto 
eliminação: 
 
 
 
Muitos haletos de alquila, entretanto, podem formar mais de 
um produto. Nesse caso, se usarmos uma base pequena como os 
íons etóxido ou hidróxido, o produto principal da reação será o alceno 
mais estável, ou seja, aquele com a ligação dupla mais substituída. 
Sempre que a eliminação fornece principalmente o alceno mais 
estável, diz-se que a eliminação segue a regra de Zaitsev (A.N. 
Zaitsev, químico russo, 1841 - 1910). 
 
 
 
 
56 Notas em Química Orgânica 
Exceção à regra de Zaitsev 
Quando se usa uma base volumosa como terc-butóxido de potássio 
em álcool terc-butílico, o produto principal é o alceno menos 
substituído. 
 
 
 
2.3.1.2 Desidratação de álcoois 
É frequentemente realizada pelo tratamento de um álcool com ácido 
forte a altas temperaturas. A eliminação é do tipo E1 e, por isso, é 
mais indicada para álcoois terciários, alílicos e benzílicos. A reação 
segue a regra de Zaitsev, isto é, forma-se preferencialmente o alceno 
mais substituído.Os álcoois terciários são tão facilmente desidratados 
que podem ser usadas condições brandas. 
 
 
 
Álcoois secundários também podem ser desidratados com 
ácidos, porém as condições são mais drásticas, levando à degradação 
de moléculas mais sensíveis. Cicloexanol, por exemplo, desidrata-se 
em meio de ácido fosfórico 85% na faixa de 165 °C a 170 °C. Para 
tentar eliminar a necessidade de ácido forte e permitir a desidratação 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 57 
de álcoois secundários de maneira mais branda, foram desenvolvidos 
reagentes efetivos em condições suaves e básicas. Um desses 
reagentes é o POCl3 (oxicloreto de fósforo), tendo priridina como 
solvente, que é capaz de desidratar álcoois secundários e terciários a 
0 °C por mecanismo E2. Nesse caso, forma-se o ânion diclorofosfato 
(-OPOCl2) que é melhor grupo de saída que 
-OH. 
 
 
 
 
 
Quando a eliminação é E1, a reação se passa por carbocátion 
e por isso podemos ter rearranjo para obter o intermediário mais 
estável. 
 
 
58 Notas em Química Orgânica 
 
2.3.1.3 Desbromação de vic-dibrometos 
Dialetos vicinais (ou vic) são compostos dialogenados em que os 
halogênios estão situados em carbonos adjacentes. Esses compostos 
são preparados pela adição de bromo a um alceno; 
consequentemente, a desbromação de vic-dibrometos é de pouca 
importância como reação preparativa. A bromação seguida por 
desbromação é útil, no entanto, na purificação de alcenos e na 
proteção da ligação dupla. 
vic-Dibrometos sofrem desbromação em duas condições: 
i) quando são tratados com solução de iodeto de sódio em acetona; 
ii) com mistura de zinco em pó em ácido acético glacial (ou etanol). 
 
 
 
A desbromação por iodeto de sódio se passa por mecanismo 
E2, em duas etapas, similar ao mecanismo para desidroalogenação de 
haletos de alquila: 
Etapa 1: remoção do bromo por eliminação E2 e formação da ligação 
dupla. 
 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 59 
 
Etapa 2: ataque, via mecanismo SN2, do íon iodeto ao IBr para a 
formação de I2 e brometo. 
 
 
 
Quando realizada com zinco, a desbromomação ocorre na 
superfície do metal e o mecanismo é incerto. Outros metais 
eletropositivos, como Na, Ca e Mg também causam desbromação de 
vic-dibrometos. 
 
2.3.2 Síntese de alcinos via reações de eliminação 
2.3.2.1 Desidroalogenação de vic-dibrometos 
Alcinos podem ser sintetizados a partir de alcenos. Inicialmente, o 
alceno é tratado com Br2 para formar um composto vic-dibrometo. 
 
 
 
O vic-dibrometo sofre, então, desidroalogenação por reação 
com uma base forte (frequentemente, amideto de sódio). Essa reação 
ocorre em duas etapas: na primeira, por eliminação E2, forma-se o 
bromoalceno; na segunda, também por eliminação E2, forma-se o 
alcino. Dependendo das condições, essas duas desidroalogenações 
60 Notas em Química Orgânica 
podem ser realizadas como reações separadas ou em uma única 
mistura. A base forte, amideto de sódio, é capaz de realizar as duas 
desidroalogenações simultaneamente na mesma mistura reacional. 
 
 
 
As reações com amideto de sódio são geralmente realizadas 
em amônia líquida ou em meio inerte como óleo mineral. 
 
Nota. Se o produto é um alcino terminal, o átomo de hidrogênio 
(chamado de hidrogênio acetilênico), apesar de ser pouco ácido, pode 
ser removido pela base forte amideto de sódio, consumindo um mol da 
base nessa reação. Por isso, devem ser usados três equivalentes 
molares da base por mol do dibrometo, como mostrado na reação 
abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 61 
2.3.2.2 Desidroalogenação de gem-dicloretos 
Cetonas podem ser convertidas em gem-dicloretos (em outras 
palavras, dicloreto geminal) por reação com pentacloreto de fósforo, e 
estes podem ser usados para sintetizar alcinos. 
 
 
 
2.4 REAÇÕES 
2.4.1 Reações de alcenos 
Ao contrário dos alcanos que são muito inertes, os alcenos sofrem 
muitas reações que se passam na ligação dupla. A energia necessária 
para quebrar a ligação dupla de um alceno é de aproximadamente 
260 kJ/mol. Como esse valor é bem menor que os 350 kJ/mol 
necessários para romper a ligação simples C-C, os alcenos 
normalmente sofrem reações de adição à ligação dupla, gerando 
compostos saturados: 
 
 
 
em que A-B podem ser: H2, HCl, HBr, H2O, Cl2, Br2, dentre outros. 
62 Notas em Química Orgânica 
Quais são os melhores reagentes para as reações de adição 
às ligações duplas C-C? Devido à geometria da ligação dupla, ela 
pode funcionar como uma base de Lewis, quer dizer, tem a 
capacidade de doar elétrons. Assim, os reagentes deficientes em 
elétrons (reagentes eletrofílicos ou ácidos de Lewis) adicionam-se 
facilmente aos alcenos. Essas são reações de adição eletrofílica e são 
características dos alcenos. 
 
2.4.1.1 Hidrogenação 
É o método mais geral de conversão de uma ligação dupla em 
simples. 
 
 
 
A hidrogenação não ocorre em extensão apreciável na 
ausência de catalisador metálico. No caso de catálise heterogênea, 
em geral, são utilizados Pd, Pt ou Ni. 
 
 
 
No exemplo anterior, pode-se observar que as “ligações 
duplas aromáticas” são muito mais resistentes à hidrogenação que as 
ligações duplas comuns. 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 63 
Devido ao fato de a catálise ser heterogênea (a reação ocorre 
na superfície do metal), os hidrogênios irão se ligar do mesmo lado da 
ligação dupla, dando um produto de adição cis. 
 
 
 
 
 
2.4.1.2 Adição de ácidos (H-Z) 
Ácidos próticos (H-Z) são reagentes eletrofílicos não-simétricos, 
podendo se adicionar a alcenos em reações de adição eletrofílica. 
Ácidos fortes, como H2SO4, HCl, HBr, HI e CF3COOH, adicionam-se 
rapidamente. Já ácidos fracos, como H2O e CH3COOH, adicionam-se 
quando em presença de traços de ácidos fortes (catalisador). 
 
64 Notas em Química Orgânica 
 
 
Para alcenos simétricos, o produto de adição é facilmente 
determinado. Exemplos: 
 
 
 
Para os alcenos não-simétricos há a possibilidade de 
obtenção de dois produtos: 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 65 
 
 
Em 1869, em reações como a mostrada acima, o químico 
russo Vladimir Markovnikov observou a formação preferencial de um 
entre os dois produtos e formulou a seguinte regra empírica: “Nas 
reações de adição de H-Z a alcenos não-simétricos, o próton (H+) liga-
se preferencialmente ao carbono que já possui o maior número de 
hidrogênios”. Essa formulação ficou conhecida como regra de 
Markovnikov. 
 
 
 
Mecanismo da adição de H-Z 
Para entender o que se passa nas reações é preciso investigar o seu 
mecanismo. Um mecanismo descreve exatamente como a reação se 
processa. Para as adições de H-Z, o mecanismo ocorre por um 
processo polar em duas etapas: 
 
i) ataque eletrofílico: lento, determinante da velocidade: 
66 Notas em Química Orgânica 
 
 
 
ii) ataque nucleofílico ao carbocátion (rápido): 
 
 
 
ou 
 
 
 
O primeiro processo é a etapa lenta, pois os carbocátions são 
muito reativos, isto é, muito energéticos. A formação de intermediários 
energéticos exige muita energia de ativação e, em consequência, o 
processo será lento (endotérmico). O segundo processo é exotérmico 
e tem pequena energia de ativação: é a etapa rápida. 
Conhecendo o mecanismo, podemos agora entender a regra 
de Markovnikov. 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 67 
 
 
Nós já sabemos que os carbocátions secundários são mais 
estáveisque os primários, são formados mais facilmente e exigem 
menos energia para a sua formação. Assim, o H+ prefere atacar C-1, 
que dá carbocátion secundário, do que C-2, que dá carbocátion 
primário. Sendo formado mais facilmente o carbocátion secundário, ele 
irá reagir com o nucleófilo dando o produto previsto pela regra de 
Markovnikov. 
 
 
 
O carbocátion é um exemplo de intermediário, uma espécie 
formada na reação e que é usada tão rapidamente que não pode ser 
isolada. Os carbocátions podem sofrer rearranjos, originando 
carbocátions mais estáveis, e com isso podem ser obtidas misturas 
mesmo quando se espera apenas um produto. Esses rearranjos se 
passam pelo deslocamento 1,2 de hidrogênio, sendo limitados a 
hidrogênios em carbonos adjacentes à carga positiva. 
Essas reações de adição de H-Z ocorrem segundo uma 
orientação preferida ou exclusiva. Isso é conhecido como 
regiosseletividade, ou seja, o reagente faz uma adição regiosseletiva. 
68 Notas em Química Orgânica 
 
Nota. Para o HBr dar esse tipo de reação é preciso que o meio seja 
polar e escuro. Na presença de luz, de peróxidos ou de outros 
iniciadores de reações em cadeia de radicais livres, o HBr dá uma 
reação rápida com alcenos com adição contrária à regra de 
Markovnikov. 
 
Exercício resolvido: 
Dê os produtos da reação do 3-metilbut-1-eno com HCl. 
 
 
2.4.1.3 Adição de HBr via radical livre 
É uma adição contrária à regra de Markovnikov e ocorre em meio 
contendo peróxidos, com exposição à luz ou com outros iniciadores de 
reações de radicais livres. 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 69 
 
 
As reações por radicais livres se passam em três etapas: 
 
 
 
 
 
 
 
Nota. Veja que agora temos radicais como intermediários e não mais 
carbocátions. Outra diferença é que primeiro temos a adição do 
halogênio e só depois a do hidrogênio, resultando em adição anti-
Markovnikov. 
70 Notas em Química Orgânica 
 
Apenas HBr tem as energias favoráveis para esse tipo de 
reação. HI não reage via radicais livres e HCl apenas em condições 
especiais. 
 
2.4.1.4 Adição de halogênio (Cl2, Br2, I2) 
Reação muito usada para proteção das ligações duplas ou para testar 
a presença de insaturação em moléculas de estrutura desconhecida. 
 
 
 
Mecanismo das adições de halogênios: 
 
 
 
Nessas reações temos a formação de um intermediário cíclico 
(íon halônio). A formação desse intermediário tem um importante efeito 
sobre a estereoquímica do produto final da adição, uma vez que o 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 71 
ataque do nucleófilo (X-) ao carbono ocorre pelo lado oposto ao 
halogênio, resultando em adição anti. Isso é evidenciado no caso de 
alcenos cíclicos em que há a formação de produto trans. 
 
 
 
O mecanismo acima também explica os produtos obtidos na 
halogenação do cis-but-2-eno. Os produtos são os enanciômeros d,l 
do 2,3-dibromobutano, sendo obtidos pelas rotas “a” e “b” mostradas 
no mecanismo a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
72 Notas em Química Orgânica 
Exercício: 
Para a reação anterior, ao se partir do trans-but-2-eno chega-se 
apenas ao diastereoisômero meso. Mostre o mecanismo que explica a 
formação desse produto. 
 
2.4.1.5 Epoxidação 
É uma reação de oxidação em que o alceno é convertido em éter 
cíclico de 3 membros (epóxido). A reação de oxidação se dá com 
perácido. 
 
 
 
2.4.1.6 Hidroxilação (formação de dióis) 
Os alcenos podem ser convertidos em dióis por dois métodos: 
1- pela abertura do anel do epóxido por hidrólise em meio ácido: 
forma-se sempre o trans-1,2-diol; 
 
 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 73 
2- pela oxidação direta do alceno com KMnO4 ou OsO4: nesses casos, 
forma-se o cis-1,2-diol. 
 
 
 
Nota. A hidroxilação com KMnO4 não é tão eficaz porque é difícil parar 
no diol, já que a reação prossegue até a formação de cetonas ou 
ácidos carboxílicos. 
 
 
 
 
 
2.4.1.7 Ozonólise 
Ozônio, O3, é um oxidante forte que leva à clivagem da ligação dupla. 
O ozônio se adiciona a alcenos, a baixas temperaturas, rendendo um 
composto instável chamado molozonídeo. Este é instável e 
74 Notas em Química Orgânica 
rapidamente transforma-se em um segundo aduto conhecido por 
ozonídeo. 
 
 
 
Ozonídeos de baixa massa molar são explosivos e, portanto, 
não devem ser isolados. No entanto, se forem tratados com agentes 
redutores, como zinco metálico em ácido acético ou dimetil sulfeto 
(CH3-S-CH3), os ozonídeos podem ser convertidos em aldeídos ou 
cetonas, dependendo do alceno de partida. Alcenos tetrassubstituídos 
dão origem a duas cetonas; os trissubstituídos rendem uma cetona e 
um aldeído; e assim por diante. Note que o resultado líquido da 
ozonólise seguida de redução é a transformação de uma ligação dupla 
em duas carbonilas. 
 
 
 
2.4.1.8 Clivagem oxidativa 
Assim como na ozonólise, o tratamento de alcenos com KMnO4 a 
quente, em meio ácido, leva à clivagem direta da ligação dupla com 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 75 
formação de cetonas e ácidos carboxílicos. Aldeídos não são isolados 
uma vez que são prontamente oxidados a ácidos carboxílicos. 
 
 
 
 
2.4.1.9 Hidratação de alcenos 
A água se adiciona a alcenos para formar álcoois em um processo 
chamado hidratação. A reação ocorre por tratamento do alceno com 
água na presença de ácido forte (normalmente, H2SO4 e H3PO4) como 
catalisador. O mecanismo é semelhante ao da adição de H-Z (ver item 
2.4.1.2), em que a protonação da ligação dupla do alceno fornece um 
carbocátion que reage com a água para formar álcool protonado 
(R-OH2
+). A perda de H+ gera o álcool e regenera o catalisador ácido. 
A hidratação catalisada por ácidos é apropriada para 
procedimentos industriais em grande escala. Entretanto, é pouco 
interessante nas aplicações laboratoriais porque requer altas 
temperaturas e condições fortemente ácidas. A hidratação do etileno, 
por exemplo, se passa a 250 °C usando ácido sulfúrico concentrado 
como catalisador. Além disso, a ocorrência de rearranjos de 
carbocátions, os quais são formados na primeira etapa da hidratação, 
limita a utilidade da hidratação de alcenos como método laboratorial 
76 Notas em Química Orgânica 
de preparação de álcoois. Em laboratório, os alcenos são facilmente 
hidratados por oximercuração ou hidroboração. 
 
Oximercuração 
Quando um alceno é tratado com acetato mercúrico em THF aquoso, 
ocorre rapidamente adição eletrofílica à ligação dupla. O composto 
organomercúrico intermediário, ao ser tratado com NaBH4, libera um 
álcool. Essa adição é estereoespecífica, dando produto do tipo 
Markovnikov. 
 
 
 
Hidroboração 
A hidroboração envolve a adição de uma ligação B-H do borano (BH3) 
para formar um intermediário organoborano, R-BH2: 
 
 
 
Nota. Borano (BH3) é um monômero hipotético do diborano (B2H6). 
Este é uma espécie gerada da reação entre boroidreto de sódio 
(NaBH4) e trifluoreto de boro (BF3), tanto in situ (na presença do 
alceno) como em frasco separado. 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 77 
 
Como o borano tem três hidrogênios, na prática a adição 
ocorre três vezes formando um trialquilborano, R3B: 
 
 
 
Alquilboranos sofrem oxidação em meio básico quando 
tratados com H2O2 aquoso. Como resultado, temos a hidratação da 
ligação dupla formando álcool. A reação é estereoespecífica (dá o 
produto trans) e anti-Markovnikov porque se passa em etapa única 
sem formação de intermediário carbocátion. 
 
 
Os alquilboranos quando tratados com ácidos carboxílicos(acético ou propanóico) são rapidamente convertidos em alcanos. 
 
 
 
2.4.1.10 Cicloadição (reação Diels-Alder) 
78 Notas em Química Orgânica 
É um dos métodos mais importantes na preparação de alcenos 
cíclicos de seis membros. A reação envolve um alceno (dienófilo) e 
1,3-dieno. 
 
 
 
A cicloadição é mais rápida quando: a) o dienófilo está 
substituído por grupos que atraem elétrons (aldeídos, cetonas, ácidos 
carboxílicos, ésteres ou amidas conjugadas); b) o dieno tem grupo 
doador de elétrons (por exemplo, grupos alquila). 
 
 
 
Outro fator experimental importante é que o dieno deve estar 
na configuração s-cis e não na s-trans (arranjos geométricos em torno 
da ligação simples). 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 79 
 
 
 
 
2.4.2 REAÇÕES DE ALCINOS 
Os alcinos são compostos insaturados que sofrem reações de adição 
de modo semelhante aos alcenos. A ligação tríplice reage como a 
dupla e podemos ter adição de até dois mol do reagente. 
 
 
 
2.4.2.1 Adição de hidrogênio 
Pode levar a alcenos cis ou trans, ou seja, estereoquímica sin e anti, 
respectivamente. 
 
80 Notas em Química Orgânica 
 
 
O isômero formado será cis ou trans dependendo do 
catalisador usado. Para a obtenção do trans, faz-se redução 
catalisada por Na ou Li em amônia líquida (amônia resfriada em 
mistura gelo seco/acetona, cuja temperatura pode chegar a -72 °C). 
 
 
 
Quando se usa catalisador desativado (catalisador menos 
ativo), por exemplo, paládio depositado em sulfato de bário desativado 
por quinolina, obtém-se o isômero cis. 
 
 
 
Se usarmos 2 mol de H2 para cada mol de alcino, teremos a 
redução completa da ligação tríplice. 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 81 
 
 
2.4.2.2 Adição de X2 e HX 
Alcinos reagem com Cl2 e Br2 formando dialoalcenos trans ou 
tetraaloalcanos. 
 
 
 
Adição de HCl e HBr, na ausência de peróxidos, segue a 
regra de Markovnikov. Com peróxido, o produto é anti-Markovnikov. 
 
 
 
2.4.2.3 Adição de água (hidratação) 
Como os alcenos, alcinos podem ser hidratados por dois métodos: 
adição catalisada pelo íon mercúrico, dando produto tipo Markovnikov; 
adição indireta, pela sequência de hidroboração/oxidação, fornecendo 
produto anti-Markovnikov. Com alcino interno, a hidratação leva à 
formação de cetona. Para alcino terminal, a hidratação com íon 
mercúrico leva a cetona e a hidroboração/oxidação fornece aldeído. 
 
82 Notas em Química Orgânica 
Hidratação pelo íon mercúrico 
Alcinos são menos reativos que alcenos em reações de adição 
eletrofílica, entretanto, na presença de ácido sulfúrico e sulfato 
mercúrico, a hidratação se dá prontamente. 
 
Alcino terminal: a adição ocorre com regioquímica Markovnikov, o 
hidrogênio é adicionado ao carbono mais hidrogenado. 
 
 
 
Nota. O álcool vinílico (enol) é apenas um intermediário da reação, ele 
é instável e sofre rearranjo a cetona em um processo conhecido por 
tautomeria ceto-enólica. 
 
Alcino interno não simétrico: neste caso obtém-se uma mistura de 
duas cetonas, por isso a reação é mais útil para alcino terminal, pois 
forma-se apenas metil-cetona, ou para alcino interno simétrico. 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 83 
 
 
Hidratação por hidroboração/oxidação 
O borano (BH3) se adiciona rapidamente a alcinos (de forma 
semelhante aos alcenos) e o borano vinílico resultante, ao ser oxidado 
com H2O2 em meio básico, forma um enol. A tautomerização do enol 
gera aldeído (com alcino terminal) ou cetona (com alcino interno). 
 
Alcino terminal 
 
 
 
Alcino interno 
84 Notas em Química Orgânica 
 
 
Nota. Comparando-se a hidratação de alcino terminal pelo íon 
mercúrico e pelo boro, verifica-se a obtenção de cetona e de aldeído, 
respectivamente. 
 
 
 
2.4.2.4 Alquilação de alcinos terminais 
O hidrogênio ligado ao carbono da ligação tríplice de alcino terminal 
(chamado hidrogênio acetilênico) pode ser substituído por grupo 
alquila. Esse hidrogênio é pouco ácido, mas pode ser removido por 
base forte, como o amideto de sódio, formando o ânion alcinido. Este 
ânion, ao ser tratado com um haleto de alquila apropriado 
(normalmente, um haleto de metila ou primário não-ramificado no 
segundo carbono), dá origem a uma nova ligação carbono-carbono. 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 85 
Os haletos primários ramificados, os secundários e terciários não se 
comportam da mesma maneira, fornecendo outros produtos 
predominantemente pelo mecanismo de eliminação. 
 
 
 
A formação da nova ligação carbono-carbono é, por si só, 
uma transformação importante, mas a ligação tríplice pode ainda ser 
usada em reações posteriores. Por exemplo, a hidrogenação do novo 
alcino recém-preparado constitui a síntese formal de alcanos. 
 
 
 
2.4.2.5 Cicloadição (reação Diels-Alder) 
Assim como alcenos, os alcinos dão reações Diels-Alder e agem como 
dienófilos. 
 
 
 
 
86 Notas em Química Orgânica 
2.5 EXERCÍCIOS 
1- Desenhe seis alcenos isoméricos de fórmula molecular C5H10 e dê 
os nomes segundo a IUPAC. 
 
2- Dê o nome sistemático para cada uma das seguintes substâncias: 
 
 
 
3- Desenhe a estrutura de cada um dos compostos abaixo. 
a) 1-cloroex-3-ino 
b) 3,3-dimetilciclopenteno 
c) but-1-en-3-ino 
d) (Z)-3-isopropilept-2-eno 
e) (E)-1,2-dibromo-3-isopropilex-2-eno 
f) 3-etilexa-1,5-diino 
 
4- Que produto resulta da hidroboração seguida de oxidação (com 
H2O2/OH
-) do 1-metilciclopenteno quando o borano está deuterado 
(BD3)? Indique a estereoquímica (arranjo espacial) do produto. 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 87 
5- Qual alcino seria o melhor reagente para a síntese de cada uma 
das cetonas abaixo? Para o caso da acetona, mostre os reagentes 
que você usaria na sua síntese. 
 
 
 
6- Na reação de hidratação do propeno catalisada por ácido sulfúrico, 
em meio polar, é formado um álcool. Desenhe a equação que 
representa essa reação e proponha o mecanismo. 
 
7- Considerando as mesmas condições da questão 6, qual é o produto 
principal se a reação se dá com o 3-metilbut-1-eno? Explique. 
 
8- Dê as estruturas dos produtos formados pela adição dos seguintes 
reagentes ao but-2-ino. Mostre também os produtos intermediários 
quando for o caso. 
a) H2/Pt seguido de KMnO4/H
+/Δ. 
b) H2/Pt seguido de CH3COOOH e hidrólise em meio ácido. 
c) 2 mol de HCl. 
d) But-1,3-dieno. 
 
9- Considere o propeno. Apresente as estruturas dos produtos de 
adição ao fazê-lo reagir com as seguintes espécies: 
a) H2O, H
+ c) HBr (iônico) 
b) Br2 d) HBr (radicalar) 
88 Notas em Química Orgânica 
 
10- Proponha um mecanismo que explique a seguinte reação: 
 
 
 
11- O isobutileno pode sofrer hidratação ao se realizar a reação com 
H2SO4 a 10%. Apresente o mecanismo que explica a formação 
exclusiva do álcool terc-butílico. 
 
12- As reações de Diels-Alder são um caso especial de reações de 
adição que ocorrem com os alcadienos. Elas não precisam de nenhum 
catalisador, mas sim de ligações  entre carbonos. Apresente as 
estruturas dos dienos e dienófilos que forneceriam os seguintes 
produtos em uma reação desse tipo: 
 
 
 
13- Esboce um mecanismo que explique a seguinte observação: “a 
adição, em condições iônicas, de HBr ao 3-metilbut-1-eno forma dois 
produtos, o 2-bromo-3-metilbutano e o 2-bromo-2-metilbutano” . 
 
 Capítulo 2 – Alcenos e Alcinos 89 
14- Mostre as duas etapas necessárias para a síntese do 2-cloro-

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