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EAE 0305 – Contabilidade Social Apresentação 2 – Princípios e estrutura básica do SCN e identidades contábeis (itens 2.4 e 2.5 do programa) Profª. Leda Paulani • O governo arrecada impostos e consome bens e serviços para poder fornecer à população outros bens e serviços, como segurança, educação e saúde. • Além disso, o governo realiza transferências e fornece subsídios a determinados setores. • A conta do governo apresenta todas essas operações. • Na sua forma, essa conta é semelhante à conta de apropriação, pois busca mostrar qual é o destino que o governo dá à receita total que arrecada. • Ela mostra apenas as receitas e gastos correntes do governo. Não aparecem aí as operações que mexem com os estoques do setor público (empréstimos, vendas de estatais etc.) 2.4 Economia Aberta e com Governo • Dependendo do tipo de tributo que arrecada e do tipo de subsídio que fornece, o governo pode também interferir nos preços das mercadorias. • Os tributos podem ser classificados em: ✔ Impostos ✔ diretos ✔ indiretos ✔ taxas ✔ contribuições • Os impostos diretos incidem sobre a renda e a propriedade e são recolhidos e pagos como impostos (exemplos: IR, IPTU, IPVA). • Os indiretos são pagos como parte dos preços das mercadorias (exemplos: IPI, imposto de Importação, ICMS). Por isso também são chamados de impostos sobre produtos. 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta do governo débito crédito N consumo do governo Q impostos diretos O transferências R impostos indiretos P subsídios S outras receitas correntes líquidas T saldo do governo em conta corrente Utilização da receita Total da receita 2.4 Economia Aberta e com Governo • Transferências podem ser entendidas como impostos diretos com sinal negativo (exemplos: pensões, benefícios previdenciários, juros da dívida interna). • Os subsídios podem ser entendidos como impostos indiretos com sinal negativo. • A existência de impostos indiretos obriga a criação de dois conceitos para o produto: o produto a preços de mercado, que inclui o valor dos impostos indiretos compensados dos subsídios, e o produto a custo de fatores, que não considera esse valor. • Em geral, quando se fala, como se fala sempre na mídia, em PIB, de fato se está falando em PIB a preços de mercado (PIBpm). 2.4 Economia Aberta e com Governo PIBpm = PIBcf + (Impostos indiretos – subsídios) • Temos então três clivagens possíveis: ✔ Produto Bruto ou Produto Líquido ✔ Produto Interno ou Produto Nacional ✔ Produto a preços de mercado ou Produto a custo de fatores • Dada a identidade Produto, Dispêndio, Renda, qualquer um desses agregados pode ser apresentado em qualquer uma das três clivagens existentes. • Contudo, por vários motivos, algumas dessas clivagens são mais adequadas a um agregado do que a outros. Veremos isso mais à frente. • A existência e atuação do governo provoca alterações nas demais contas. Vejamos o sistema completo 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta do Produto – versão final débito crédito (A+B) Produto Nacional Bruto a custo de fatores [A = Produto Nac. Liq. = a 1 +a 2 +a 3 +a 4 ] [B = Depreciação = b 1 +b 2 +b 3 +b 4 ] G-J exportações menos importações de bens e serviços não fatores K renda de capital enviada ao resto do mundo (-H) renda de capital recebida do resto do mundo C consumo pessoal L salários pagos por residentes a não residentes (-) I salários pagos a residentes por não residentes N consumo do governo (R-P) impostos indiretos líquidos de subsídios D variação de estoques E formação bruta de capital fixo Produto Interno Bruto (PIBpm) Dispêndio associado ao PIBpm 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta de Apropriação – versão final débito crédito C consumo pessoal a1 + b1 salários (Q-O) impostos diretos líquidos de transferências a2 + b2 lucros S outras receitas correntes líquidas do governo a3 + b3 aluguéis F poupança do setor privado a4 + b4 juros Utilização da Renda Nacional Bruta cf Renda Nacional Bruta cf 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta do setor externo – versão final Débito Crédito G exportações de bens e serviços não fatores J importações de bens e serviços não fatores H renda de capital recebida do resto do mundo K renda de capital enviada ao resto do mundo I remuneração de empregados recebida do resto do mundo L remuneração de empregados enviada do resto do mundo (- M) resultado do balanço de pagamentos em transações correntes Utilização da receita do resto do mundo Receita do resto do mundo 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta de Capital – versão final débito crédito D variação de estoques F poupança do setor privado E formação bruta de capital fixo (-M) resultado do Balanço de Paga- mentos em transações correntes (poupança externa) T saldo do governo em conta corrente (poupança do governo) Investimento Bruto Total Poupança Bruta Total 2.4 Economia Aberta e com Governo Modelo com 4 contas (muito similar ao sistema de contas nacionais do Brasil até 1996) 2.4 Economia Aberta e com Governo • Até agora vimos um sistema simples de 5 contas: ✔ Conta do Produto ✔ Conta de Apropriação ✔ Conta do Governo ✔ Conta do Setor Externo (ou do Resto do Mundo) ✔ Conta de Capital • Trata-se de um sistema básico de referência onde estão apresentadas e interrelacionadas as principais variáveis macroeconômicas que compõem os SCN dos vários países. • Nosso país já teve um sistema assim. A elaboração das contas estava então a cargo do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, que ficou encarregado dessa tarefa por 30 anos. 2.4 Economia Aberta e com Governo • A partir de 1986, a elaboração do SCN do Brasil passou para o IBGE. • O IBGE, atendendo recomendação do SNA, mudou o sistema, transformando-o num sistema de 4 contas, onde a conta do governo não aparece mais. • Toda a atividade do governo fica embutida nas demais contas. • Existe uma conta das administrações públicas, com mais detalhes, mas trata-se de uma conta complementar, que não integra o sistema. • Temos agora então ✔ Conta do Produto Interno Bruto ✔ Conta da Renda Nacional Disponível Bruta ✔ Conta do Setor Externo (ou do Resto do Mundo) ✔ Conta de Capital • Vejamos então como fica o sistema com quatro contas. 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta Produto Interno Bruto débito crédito a1 remuneração de empregados (G -J ) exportações menos importações de bens e serviços não fatores a2 rendimento de autônomos C consumo pessoal a3 excedente operacional bruto (EOB) (lucros + aluguéis + juros) N consumo do governo A Renda ou Produto Interno Bruto a custo de fatores (A = a1 + a2 + a3 ) D variação de estoques (R-P) impostos sobre produtos líquido de subsídios E formação bruta de capital fixo Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) Dispêndio associado ao PIBpm 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta da Renda Nacional Disponível Bruta débito crédito C consumo pessoal a1 remuneração de empregados N consumo do Governo a2 rendimento de autônomos F poupança privada a3 excedente operacional bruto T poupança do governo A Renda ou Produto Interno Bruto a custo de fatores (A = a1 + a2 + a3) (H-K) renda de capital líquida recebida do exterior (I-L) remuneração de empregados líquida recebida do exterior (U-V) transferências unilaterais correntes líquidas recebidas do exterior (R-P) impostos sobre produtos líquidos de subsídios Utilizaçãoda Renda Nacional Disponível Bruta (RDB) Apropriação da Renda Nacional Disponível Bruta (RDB) 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta do Setor Externo (Conta Resto do Mundo) débito crédito G exportações de bens e serviços não fatores J importações de bens e serviços não fatores H rendas de capital recebidas do exterior K rendas de capital enviadas ao exterior I remuneração de empregados recebida do resto do mundo L remuneração de empregados enviada do resto do mundo U transferências unilaterais correntes recebidas do exterior V transferências unilaterais correntes enviadas ao exterior (- M) resultado do balanço de pagamentos em transações correntes Utilização da Receita do Resto do Mundo Receita do Resto do Mundo 2.4 Economia Aberta e com Governo Conta de Capital débito crédito D variação de estoques F poupança do setor privado E formação bruta de capital fixo T poupança do governo (-M) resultado do Balanço de Pagamentos em transações correntes (poupança externa) Total da Formação Bruta de Capital Financiamento da Formação Bruta de Capital 2.4 Economia Aberta e com Governo • Nesta parte do curso, antes de apresentarmos o modelo que vigora atualmente, vamos demonstrar as relações que existem entre os diferentes agregados. • A primeira observação é que o SCN, seguindo orientação divulgada desde o SNA 93, não utiliza mais a terminologia PNB ou PNL, para o produto, pois parte do princípio de que “nacional” é uma qualificação que aplica-se apenas à renda gerada, já que tem que ver com a nacionalidade dos proprietários de fatores de produção. • Portanto, apesar da identidade macroeconômica básica, que nos permitiria utilizar tanto produto quanto renda nas versões “nacional” ou “interno”, o produto é expresso sempre em sua clivagem “interno”, enquanto a renda é expressa sempre em sua clivagem “nacional”. 2.5 Identidades Contábeis • Assim: ✔ O Produto Interno Bruto (PIB) mede o total produzido no território do país, independentemente da origem do capital responsável por essa produção. ✔ A Renda Nacional Bruta (RNB) considera o valor adicionado gerado por fatores de produção de propriedade de residentes, independentemente do território onde esse valor é gerado. • Assim veremos, entre outras, a relação entre o PIB e a RNB, bem como a relação entre a RNB e a Renda Nacional Disponível Bruta, ou simplesmente Renda Disponível Bruta (RDB). 2.5 Identidades Contábeis Temos então as seguintes expressões contábeis que derivam da identidade teórica inicial Produto ≡ Dispêndio ≡ Renda: 2.5 Identidades Contábeis 1) RNB = PIB + Rrec – Renv + Wr – Wnr , onde Rrec = renda de capital recebida do exterior; Renv = renda de capital enviada ao exterior Wr = Salários pagos a residentes por não residentes Wnr = Salários pagos por residentes a não residentes Se (Rrec + Wr) > (Renv + Wnr), então RNB > PIB Se (Rrec + Wr) < (Renv + Wnr), então RNB < PIB 2) RDB = RNB + TUR - TUE, onde RDB = Renda Nacional Disponível Bruta TUR = Transferências Unilateriais Correntes Recebidas TUE = Transferências Unilateriais Correntes Enviadas Se TUR>TUE, RDB>RNB Se TUR<TUE, RDB<RNB 3) RDB = C + SD, onde C = Total das despesas com consumo, incluindo o governo, ou seja, 2.5 Identidades Contábeis A partir das expressões anteriores podemos escrever : PIB = RNB + Renv – Rrec + Wnr - Wr e RNB = RDB + TUE – TUR, então C = Cp + G, onde Cp = Consumo Privado e G = Consumo do Governo; SD = Total da poupança doméstica ou poupança bruta; e SD = Poupança do setor privado (Sp) + poupança do setor público (Sg) A RDB corresponde aos recursos que a totalidade dos agentes (incluindo o governo) têm para consumir ou investir (poupar). A RDB pode ser dividida em renda do governo (RLG), e renda do setor privado (RPD), a qual inclui a renda das empresas privadas e a renda das famílias. A renda do governo ou renda líquida do governo (RLG) é composta pela soma dos impostos diretos e indiretos e das outras receitas correntes do governo (renda total, RT), menos as transferências (Tr) e os subsídios (Sub). Ou seja, RLG = RT – Tr – Sub; então 4) PIB = RDB + Renv – Rrec + Wnr – Wr + TUE – TUR 5) RDB – RLG = RPD ou RDB = RLG + RPD, onde RPD = renda privada disponível 2.5 Identidades Contábeis 2.5 Identidades Contábeis Retomemos a idéia de uma economia fechada e sem governo e pensemos em identidades capazes de expressar a demanda pelo produto e a alocação da renda. Teríamos então: Y = Cp + I e também Y = Cp + S, onde Y = produto ou renda Cp = consumo (privado) (colocamos já o privado, apesar de ainda não existir governo) I = investimento S = poupança Derivamos daí que: 6) I = S (ou I ≡ S) 2.5 Identidades Contábeis Se introduzirmos o governo, as duas identidades que geraram a identidade I ≡ S ficariam da seguinte forma: Y = C + I + G e Y = C + S + RLG, onde Y = renda nacional disponível bruta (RDB) G = gastos correntes do governo I = gastos em investimento privado e público, lembrando que I = FBKF + Δ estoques Derivamos daí que 7) I + G = S + RLG Se expressarmos a poupança do governo como: S g = RLG – G, e chamarmos a poupança privada de Sp, teremos I = S p + S g (ou I ≡ S p + S g ) Abrindo agora essa economia, como ficariam as identidades que geraram a expressão Sp + RLG = I + G ? i) a identidade 4, anteriormente definida: PIB = RDB + Renv – Rrec + Wnr – Wr + TUE – TUR ii) RDB = C + Sp + RLG Y = C + I + G + (X-M) e Y = C + Sp + RLG + Renv – Rrec + Wnr – Wr + TUE – TUR 8) I + G + (X-M) = Sp + RLG + Renv – Rrec + Wnr – Wr + TUE - TUR Lembremos: Daí derivamos: Portanto: 2.5 Identidades Contábeis 2.5 Identidades Contábeis Rearranjando os termos de 8, temos: 9) I - Sp + G - RLG= (M-X) + Renv – Rrec + Wnr – Wr + TUE - TUR O lado direito da identidade 9 significa a poupança externa (SE), ou, o que é a mesma coisa, o saldo do BP em conta corrente com sinal trocado. Então: 10) SE = (M-X) + Renv – Rrec + Wnr – Wr + TUE - TUR De 9 e 10, podemos então escrever: I - Sp + G - RLG = SE E, portanto, 11) I = Sp + Sg + SE A identidade 11 significa que, numa economia aberta, o investimento total da economia (investimento doméstico, que inclui investimento privado e investimento público) é financiado pela soma da poupança privada (Sp) com a poupança pública (Sg = RLG-G) e com a poupança externa (SE). Quadro Resumo das Identidades Contábeis Demanda pelo Produto Uso da Renda Identidade Poupança-Investimento Economia fechada e sem governo Y = Cp + I Y = Cp + S I = S Economia fechada e com governo Y = Cp + I + G Y = Cp + Sp + RLG I + G = Sp + RLG, ou I = Sp + Sg Economia aberta e com governo PIB = Cp + I + G + (X-M) RDB = Cp + Sp + RLG e PIB = RDB + Renv – Rrec + Wnr – Wr +TUE – TUR I + G + (X-M) = Sp + RLG + Renv – Rrec + Wnr - Wr + TUE - TUR ou I = Sp + Sg + SE Fazendo Sp + Sg = SD, temos I = SD + SE ou SE = I - SD 2.5 Identidades Contábeis BRASIL - PIB segundo as três óticas – 2016 Ótica do Produto Ótica do Dispêndio Ótica da Renda Rubricas Valores em reais (milhões correntes) Rubricas Valores em reais (milhões correntes) Rubricas Valores em reais (milhões correntes) Valor Bruto da Produção 10.542.067 Consumo Final 5.303.658 Remuneração de Empregados 2.802.436 Impostos sobre produtos 855.109 Formação Bruta de Capital Fixo 973.271 Excedente Operacional Bruto 2.026.051 (-) Subsídios a produtos (-) 5.603 Variação de Estoques -34.781 Rendimentos de Autônomos 528.348 (-) Consumo Intermediário (-) 5.124.368 Exportação de Bens e Serviços 781.577 Impostos sobre a Produção 939.071 (-) Importação de Bens e Serviços(-) 756.720 (-) Subsídios à Produção (-) 28.701 PIB 6.267.205 PIB 6.267.205 PIB 6.267.205 2.5 Identidades Contábeis
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