Buscar

Contabilidade Social

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
Contabilidade Social (Aula 2) 
 
1) Introdução 
 
A teoria macroeconômica estuda a determinação e o comportamento dos agregados 
econômicos nacionais, enquanto a contabilidade social mede esses agregados, ou seja, registra 
contabilmente a atividade produtiva de um país ao longo de um período de tempo. A contabilidade 
social define e mede os principais agregados a partir de valores já realizados (ex post). Já a 
macroeconomia antecipa ou prevê o que pode ocorrer (ex ante). 
 
a) Sistemas de Contabilidade Social 
 
Os agregados macroeconômicos serão determinados a partir de um sistema contábil que trata o 
país como se ele fosse uma grande empresa que produz um único produto, o produto nacional 
bruto. Existem dois sistemas principais de contabilidade social: o sistema de contas nacionais e a 
matriz de relações intersetoriais. 
 
• Sistema de Contas Nacionais 
 
O sistema de contas nacionais utiliza o método das partidas dobradas, discriminando as 
transações dos grandes agentes: famílias, empresas, governo e setor externo. Nesse sistema, 
medem-se apenas as transações com bens e serviços finais utilizados na produção dos bens finais. 
 
• Matriz de Relações Intersetoriais (Insumo-Produto) 
 
A matriz de Leontief inclui as transações intermediárias, permitindo analisar também relações 
econômicas entre os vários setores de atividade. Entretanto, ela exige dados mais detalhados, que só 
são obtidos nos censos econômicos, elaborados com intervalos de cinco anos. 
 
2) Princípios Básicos das Contas Nacionais 
 
Alguns princípios básicos devem ser observados no levantamento e medição dos agregados 
macroeconômicos: 
• Consideram-se apenas as transações com bens e serviços finais, ou seja, aqueles que sirvam 
diretamente para a satisfação das necessidades humanas, a fim de evitar o problema da dupla 
contagem; 
• Mede-se apenas a produção corrente do período. Assim, não é levado em conta o valor das 
transações com bens produzidos em períodos anteriores (automóveis, máquinas, imóveis 
usados, entre outros); 
• As transações referem-se a um fluxo, ou seja, são definidas ao longo de certo período de 
tempo; 
• A moeda é neutra, sendo considerada apenas como unidade de medida; 
• Não são considerados os valores de transações puramente financeiras. Esses agregados 
(depósitos, empréstimos bancários, transações na Bolsa de Valores) são considerados 
transferências entre aplicadores e tomadores. 
 
3) Economia a Dois Setores: famílias e empresas 
 
A análise macroeconômica trata da formação e distribuição do produto e da renda gerados pela 
atividade econômica, a partir do fluxo estabelecido entre os agentes. O resultado da atividade 
econômica do país pode ser medido de três óticas: produto, renda e despesa. As análises das óticas 
 2
do produto e da despesa são medidas no mercado de bens e serviços, enquanto a da renda é medida 
no mercado de fatores de produção. 
 
a) Definição de Produto 
 
O primeiro passo para avaliar o desempenho de um país é medir o seu Produto Nacional 
Bruto (PNB). Este corresponde ao somatório do valor da produção de todos os bens e serviços 
finais produzidos no país em certo período. Em uma economia fechada, o PNB é igual ao PIB 
(Produto Interno Bruto). A partir do produto, podemos avaliar o crescimento de um país. 
 
∑
=
⋅==
n
i
ii qpPIBPNB
1
, PNB (PIB) = produto nacional (interno) bruto; 
 pi = preço unitário dos bens e serviços finais; 
 qi = quantidades produzidas dos bens e serviços finais. 
 
Entretanto, também é possível contabilizar o produto por meio do Valor Adicionado (VA), 
considerando em cada etapa produtiva aquilo que foi acrescido (adicionado) ao valor dos bens 
intermediários. A vantagem de medir a produção por meio do valor adicionado é que permite 
estipular quanto cada ramo de atividade, ou setor, contribuiu para a geração do produto. 
Veja o seguinte exemplo: suponha-se um país onde o único bem consumido seja o pão. Para 
produzi-lo, o país também produz a farinha e o trigo: 
 
Estágios da Produção Valor Bruto da 
Produção (VBP) 
Consumo 
Intermediário (CI) 
Valor Adicionado 
(VA) 
Trigo 140 0 140 
Farinha 245 140 105 
Pão 390 245 145 
VA = VBP – CI = Produto final 390 
 
Assim, chega-se ao conceito final de produto. Este vem a ser o valor monetário de venda dos 
produtos finais produzidos na economia em determinado período de tempo. Essa forma de medir o 
valor do produto é chamada de “ótica do produto”. 
 
b) Produto, Renda e Dispêndio 
 
Existem duas outras formas de medir o produto, que podem ser denominadas de “ótica da 
renda” e “ótica do dispêndio”. De acordo com elas, o produto pode ser medido, respectivamente: 
i. Por meio da renda gerada no processo produtivo; 
ii. Por meio do dispêndio ou da demanda (compras finais). 
 
• Igualdade entre Renda e Produto 
 
Assim como decidimos medir o desempenho de um país pelo valor das transações realizadas 
no mercado de bens finais num período de um ano, poderíamos também medir essa mesma 
atividade por meio do mercado de fatores. A Renda Nacional Bruta (RNB), ou seja, o total de 
pagamentos aos serviços dos fatores de produção (mão-de-obra, capital, terra, tecnologia) 
contratados pelas empresas durante um ano serve também como medida de atividade dessa 
economia nesse período. Em uma economia fechada, a RNB é igual à RIB (Renda Interna Bruta). 
 
lajwRIBRNB +++== , RNB (RIB) = renda nacional (interna) bruta; 
w = salários; j = juros; a = aluguéis; l = lucros. 
 3
Dessa forma, para cada bem ou serviço produzido há uma renda correspondente de igual valor. 
Ou seja, o produto é igual à renda. A tabela abaixo deixa mais claro esses conceitos: 
 
Estágios da Produção Salários ($) Juros ($) Aluguéis ($) Lucros ($) Total 
Trigo 80 30 20 10 140 
Farinha 50 10 15 30 105 
Pão 60 20 30 35 145 
Total 190 60 65 75 390 
 
Cada fator utilizado na produção deverá ser remunerado. Neste caso, a renda gerada na 
produção também constitui uma medida de mensuração da atividade econômica e se iguala ao valor 
total produzido. Assim, a renda nacional (interna) bruta é igual ao produto nacional (interno) 
bruto de um país. 
 
• O Conceito de Despesa Nacional 
 
Despesa Nacional Bruta (DNB) é o gasto dos agentes econômicos com o produto nacional. 
Nesse sentido, apresenta o mesmo valor do produto, porém pela ótica de quem o comprou, e não de 
quem o vendeu. Os principais destinos do produto são consumo (C) e investimento (I). O primeiro 
refere-se aos bens e serviços adquiridos pelos indivíduos para a satisfação de suas necessidades. O 
investimento refere-se à aquisição de mercadorias para ampliar a produção futura. Em uma 
economia fechada, a DNB é igual à DIB (Despesa Interna Bruta). 
 
ICDIBDNB +== , DNB (DIB) = despesa nacional (interna) bruta; 
 C = consumo agregado; 
 I = investimento agregado. 
 
Temos então a identidade básica das contas nacionais, qual seja, PIB = RIB = DIB. 
 
c) Formação de Capital: poupança, investimento e depreciação 
 
• Poupança Agregada (S) 
 
É a parcela da renda interna bruta (RIB) que não é consumida no período, isto é: S = RIB – C. 
Ou seja, de toda a renda recebida pelas famílias na forma de salários, jutos, aluguéis e lucros, a 
parcela que não foi gasta em consumo é a poupança agregada. Desse modo, a renda interna bruta 
(RIB) será destinada ao consumo agregado (C) e à poupança agregada (S): RIB = C + S. 
 
• Investimento Agregado (I) 
 
É o gasto com bens que foram produzidos, mas não consumidos no período, e que aumentaram 
a capacidade produtiva da economia para os períodos seguintes. O investimento (também chamado 
de taxa de acumulação de capital) é composto pelo investimento em bens de capital (Bk) e pela 
variação de estoques (∆E) produzidos e não consumidos. Então, I = Bk + ∆E. 
Investimento agregado é um conceito que envolve produtos físicos. Assim, “investir em 
ações”, por exemplo, não é um investimento no sentido econômico; trata-se de uma transferência 
financeira, que não aumentou a capacidadeprodutiva da economia. 
O investimento em ativos de segunda mão (máquinas, equipamentos, imóveis) não entra no 
investimento agregado, pois, na realidade, é uma transferência de ativos que se compensa: alguém 
“desinvestiu”. Esse bem já foi computado como investimento no passado. 
Com a introdução do investimento, o produto interno bruto fica: PIB = C + I, visto que 
empresas produzem bens de consumo (BC) e bens de capital (Bk). 
 4
• Depreciação (D) 
 
É o desgaste de capital da economia num dado período. A depreciação é a parte do produto 
que se destina à reposição das máquinas e equipamentos obsoletos. 
O conceito de depreciação introduz uma diferenciação entre Investimento Bruto e 
Investimento Líquido: IB = IL + D. 
Da mesma forma, pode-se distinguir o Produto Interno Bruto (PIB) e o Produto Interno 
Líquido (PIL) assim: PIB = PIL + D. O produto interno bruto considera o total geral de bens e 
serviços finais produzidos pela economia, e o produto interno líquido considera somente a produção 
de bens finais, exceto aquela produção que se destinou a repor o estoque de capital consumido no 
período. 
 
d) Financiamento do Investimento 
 
Em uma economia fechada e sem governo, o total de bens e serviços produzidos destina-se ao 
consumo (C) e ao investimento (I), onde o produto interno bruto representa a oferta agregada, e o 
consumo e o investimento são os componentes da demanda agregada: PIB = C + I (1). 
Nessa economia, as empresas locais transformam toda sua produção em renda agregada, uma 
vez que, ao venderem seus produtos, elas obtêm uma receita de vendas que deverá ser transferida às 
pessoas físicas, por meio de pagamento de salários, aluguéis, juros, lucros, dividendos, entre outros. 
A renda agregada é transformada em gasto (dispêndio agregado), no momento em que as pessoas 
físicas adquirirem os bens de consumo (BC) e as pessoas jurídicas (empresas) adquirirem os bens de 
capital (Bk). 
Existem apenas duas opções para destinar a renda obtida em uma economia fechada: consumir 
ou poupar. Desse modo, os agentes deficitários (C > R) serão financiados pelos agentes 
superavitários (C < R), e a renda interna bruta será destinada ao consumo agregado (C) e à 
poupança agregada (S): RIB = C + S (2). Igualando as relações (1) e (2), temos: 
 
PIB = RIB 
C + I = C + S 
C – C + I = S → I = S (3) 
 
A identidade da equação (3) mostra que, numa economia fechada e sem governo, o 
investimento agregado é igual (financiado pela) à poupança agregada. 
 
4) Economia a Três setores: o setor público (Aula 3) 
 
O setor público é considerado em suas três esferas: União, Estados e Municípios. Com sua 
inclusão, introduzimos os conceitos de receita fiscal e gastos públicos. 
 
a) Receita Fiscal do Governo (T) 
 
A arrecadação fiscal do governo constitui-se das seguintes receitas (tributos): 
• Impostos indiretos (II): incidem sobre os bens e serviços. Ex.: IPI, ICMS; 
• Impostos diretos (ID): incidem sobre a renda e a propriedade. Ex.: IR, IPTU; 
• Contribuições à previdência social (CPS). Ex.: INSS; 
• Outras receitas correntes do governo (ORCG): taxas, multas, pedágios, aluguéis. 
 
b) Gastos do Governo (G) 
 
Nas contas nacionais, são considerados três tipos de gastos do governo: 
 5
• Gastos dos ministérios e autarquias: correspondem às despesas correntes ou de custeio 
(salários, compras de materiais para a manutenção da máquina administrativa) e despesas de 
capital (aquisição de equipamentos, construção de estradas, hospitais, escolas, prisões); 
• Gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista: esses gastos são 
considerados, nas contas nacionais, dentro do setor de produção, junto com empresas 
privadas, e não como governo. Ex.: Petrobras, USP, Eletrobrás; 
• Gastos com transferências e subsídios: aposentadorias, bolsas de estudo, donativos, pensões 
e subsídios são considerados como transferências e não são computados como parte da 
renda interna, pois representam apenas uma transferência financeira. 
 
c) Superávit ou Déficit Público 
 
• Superávit: ocorre quando o total da arrecadação supera os gastos públicos (T > G); 
• Déficit (necessidade de financiamento do setor público): ocorre quando o total dos gastos 
públicos supera a arrecadação (G > T); 
• Déficit primário (fiscal): ocorre quando se excluem os juros da dívida pública interna e 
externa; 
• Déficit total (nominal): ocorre quando são incluídos os juros nominais sobre a dívida; 
• Déficit operacional: ocorre quando forem considerados apenas os juros reais sobre a dívida 
(excluindo a taxa de inflação e a variação cambial). 
 
d) Carga Tributária Bruta e Líquida 
 
A Carga Tributária Bruta (CTB) é o total da arrecadação fiscal do governo. Ao se 
deduzirem da mesma os subsídios e as transferências do setor privado, chega-se à Carga 
Tributária Líquida (CTL), isto é: CTL = CTB – subsídios – transferências. 
 
e) Renda Nacional a Custo de Fatores (RNcf) e Produto Nacional a Preços de Mercado 
(PNpm) 
 
Custo de fatores é o que a empresa paga aos fatores de produção, salários, juros, alugueis e 
lucros, enquanto preço de mercado, que é o preço final pago na venda, adiciona ao custo de fatores 
de produção os impostos indiretos (ICMS, IPI) e subtrai os subsídios. Em uma economia fechada, 
tanto a RN, como o PN é igual a RI e ao PI, respectivamente. Assim, 
PNLpm = RNLcf + (II – subsídios) e PNBpm = RNLcf + (II – subsídios) + D 
PILpm = RILcf + (II – subsídios) e PIBpm = RILcf + (II – subsídios) + D 
 
f) Renda Pessoal Disponível (RPD) 
 
Esse conceito procura medir quanto da renda gerada no processo econômico fica em poder das 
famílias. Tem-se, então: RPD = RNcf – lucros retidos – ID – CPS – ORCG + transferências. 
 
g) Financiamento do Investimento 
 
Ao incorporarmos a presença do governo, devemos admitir que uma parcela dos bens e 
serviços finais será destinada ao consumo (G) ou ao investimento (IG) governamentais. Assim, o 
produto interno bruto será o somatório dos gastos com consumo privado (C) e público (G) mais os 
dispêndios com investimento privado (I) e governamental (IG): PIB = C + G + I + IG (4). 
Para que o governo possa realizar seus gastos com consumo e investimento, é necessário obter 
receitas que chamaremos de tributos (T). Dessa forma, a incorporação dos tributos significa que as 
pessoas alocarão parte de sua renda para o consumo (C), parte para a poupança (S) e outra para 
 6
pagamento de tributos (T). A equação (5) mostra o produto pela ótica da renda, com a inclusão do 
governo: RIB = C + S + T (5). 
Ao compararmos as equações (4) e (5), chegamos a seguinte conclusão: 
 
PIB = C + G + I + IG = RIB = C + S + T 
G + I + IG = S + T 
(I + IG) = S + (T – G), (T – G) = SG 
(I + IG) = S + SG (6) 
 
O total de investimentos feitos em um país, tanto pelo setor privado (I) quanto pelo setor 
público (IG), pode ser financiado por dois tipos de poupança: 
• Privada (S), que representa o excesso de renda depois de descontados os gastos com 
consumo agregado (C) e o pagamento de tributos (T); 
• Pública (SG), que representa o excesso das receitas públicas (T) sobre as despesas públicas 
com consumo corrente (G). 
 
5) Economia a Quatro Setores: setor externo 
 
Finalmente, a contabilidade social fica completa, quando se considera a economia “aberta” ao 
exterior. Com isso, definem-se os conceitos de exportações (X), importações (M) e renda líquida 
enviada ao exterior (RLEE), e introduz-se uma diferença entre produto interno e produto nacional. 
 
a) Exportações e Importações 
 
As exportações representam as compras pelos estrangeiros, de mercadorias produzidas pelas 
empresas que pertencem ao nosso país. As importações representam as despesas que nós fazemos 
com produtos estrangeiros. 
 
b) Produto Interno Bruto (PIB), Produto Nacional Bruto (PNB) e Renda Líquida Enviada ao 
Exterior (RLEE) 
 
O PIB é o somatório de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional 
num dado período, sem levar em consideração se os fatoresde produção são de propriedade de 
residentes, ou não-residentes. Ao subtrair do PIB a RLEE (REE – RRE) 1, tem-se o PNB, que é a 
renda que efetivamente pertence aos residentes do país. Logo: PNB = PIB – RLEE. 
No Brasil, como a renda enviada supera a renda recebida, o PIB é maior que o PNB, o que 
significa que utilizamos mais serviços dos fatores de produção estrangeiros do que eles utilizam os 
nossos. 
 
c) Financiamento do Investimento 
 
Ao incluir as transações com o resto do mundo, o PIB passa a representar o somatório dos 
gastos com consumo privado (C) e governamental (G) e dos dispêndios com investimento privado 
(I) e governamental (IG), acrescido das receitas das exportações de bens e serviços (X) e deduzido o 
valor das despesas com importações de bens e serviços (M). A expressão (7) apresenta, então, a 
seguinte forma: PIB = C + G + I + IG + X – M (7). 
 Na equação do produto, pela ótica da renda, temos: RIB = C + S + T + RLEE (8). Ao 
compararmos as equações (7) e (8), temos a seguinte expressão: 
 
 
 
1 Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) = Renda Enviada ao Exterior (REE) – Renda Recebida do Exterior 
(RRE). 
 7
 
 
PIB = C + G + I + IG + X – M = RIB = C + S + T + RLEE 
G + I + IG + X – M = S + T + RLEE 
(I + IG) = S + (T – G) + (M – X + RLEE), sendo (M – X + RLEE) = SE 
(I + IG) = S + SG + SE (9) 
 
Finalizando, o total de investimento feito em um país (I + IG), além de ser financiado pelas 
poupanças privada (S) e pública (SG), também pode ser financiado pela poupança externa (SE), 
mensurada pelo déficit em transações correntes (M – X + RLEE). 
 
6) Produto Nominal e Produto Real 
 
Existe um problema associado às medidas de atividade econômica, que é o problema de 
separar crescimento de preços (nominal) de crescimento real. Se observarmos que entre dois 
períodos de tempo o produto medido a preços correntes (nominais) cresceu de R$ 22.950,00 para 
R$ 32.900,00. Como nos assegurar de que não foram somente os preços que cresceram? 
 
Anos 1 2 
Produtos Quantidade Preço Valor Quantidade Preço Valor 
Automóveis (un.) 10 2.000 20.000 10 3.000 30.000 
Liquidificadores 
(um.) 
30 20 600 30 40 1.200 
Batatas (t) 10 200 2.000 10 100 1.000 
Tecidos (m2) 30 5 150 30 10 300 
Bebidas (l) 20 10 200 20 20 400 
Total - - 22.950 - - 32.900 
 
O produto real não se alterou, mas a atividade econômica aumentou, aproximadamente, 44%. 
Todo o crescimento de valor entre 1 e 2 deve ser atribuído ao crescimento de preços e, em nada, 
contribuiu para o bem-estar. Assim, à medida que a cesta avaliada é mantida constante em relação à 
qualidade de mercadorias, a variação de valor observada pode ser integralmente atribuída a 
variações de preços. 
 
Produto nominal é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país em 
qualquer período aos preços correntes (vigentes). 
 
Suponhamos agora que a produção de bens finais de uma economia, em dois períodos, cresceu 
de R$ 22.950,00 para R$ 38.990,00. Além de variações de preços, essa economia configurou 
variações nas quantidades produzidas. Dessa forma, a comparação direta entre quantidades físicas 
produzidas em 1 e 2 só é possível para cada tipo de bem. 
 
Anos 1 2 
Produtos Quantidade Preço Valor Quantidade Preço Valor 
Automóveis (un.) 10 2.000 20.000 12 3.000 36.000 
Liquidificadores (un.) 30 20 600 29 40 1.160 
Batatas (t) 10 200 2.000 11 100 1.100 
Tecidos (m2) 30 5 150 31 10 310 
Bebidas (l) 20 10 200 21 20 420 
Total - - 22.950 - - 38.990 
 
Como obter a avaliação de desempenho global, sem incorrer no erro de atribuir ao desempenho 
o simples crescimento de preços? A solução é deflacionar, ou seja, achar o produto real do período. 
 8
 
 
Produto real é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país em 
qualquer período, aos preços de algum ano-base ou a preços constantes. 
 
• O produto Real e o Deflator 
 
O produto (PIB) real pode ser obtido utilizando a técnica de deflacionar o produto nominal. O 
deflator mede o nível geral de preços de uma economia, em relação ao nível de preços de um certo 
ano-base. O deflator mensura a parte da variação do produto nominal atribuída exclusivamente ao 
aumento dos preços, permitindo, assim, identificar a variação efetiva das quantidades produzidas. 
Ou seja: 
 
39,076.27100
144
990.38
100min =→×





=×





= real
alno
real PIB
deflator
PIB
PIB 
 
O resultado é o produto (PIB) real, que constitui o componente físico (quantidades) da 
atividade econômica. Como o produto real do período 1 é igual ao produto real do período 2, 
podemos medir o crescimento percentual do produto real entre 1 e 2, a partir da fórmula descrita 
abaixo: 
 
%98,17%1001
0,950.22
39,076.27
1001%
1
2
=∆→×





−=×





−=∆
PIB
PIB
 
 
 
Referências 
 
 
GONÇALVES, A. C. P. et al. Economia aplicada. 8ª ed. São Paulo: Editora FGV, 2008. (Cap. 2). 
 
GREMAUD, A. P. et al. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2007. (Cap. 2). 
 
GREMAUD, A. P. et al. Manual de economia. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. (Cap. 13). 
 
VASCONCELLOS, A S.; GARCIA, M E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2003. 
(Cap. 9).

Continue navegando