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CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

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características e classificação dos direitos humanos 
As várias perspectivas de conceituação dos direitos 
humanos (jus naturalista, universalista e constitucional) 
informam diversas características, as quais, como 
principais, podem ser mencionadas: 
A indivisibilidade: Refere-se aos direitos relacionados 
ao homem como um todo, isto é, não há como cindir 
os direitos humanos em razão do indivíduo, pois esses 
ditos direitos representam um todo indivisível e 
indissociável da pessoa humana. 
A universalidade: Tem em vista que tais direitos são 
inerentes a qualquer ser humano, independentemente 
de onde esteja ou venha a estar. 
A interdependência: Existem direitos que somente 
podem ser exercidos mediante o exercício de outros. 
Portanto, somente se exerce o direito à educação, por 
exemplo, quando há o prévio exercício do direito à vida. 
A inter-relação: Certos direitos, ainda que não 
pressuponham o prévio exercício de outros, serão 
fruídos de forma mais adequada caso assim ocorram. 
O direito de opinião, por exemplo, não é inteiramente 
dependente do direito à educação, mas pode ser 
exercido com melhor qualidade caso esse último seja 
exercido na sua plenitude. 
Objeto dos direitos humanos: 
Uma vez estudadas as formas pelas quais os direitos 
humanos podem ser conceituados, podemos tratar de 
sua divisão em gerações ou dimensões. 
Gerações: Alguns autores tratam dos direitos 
humanos sob o enfoque em gerações, afirmando que, 
historicamente, os direitos civis e políticos foram 
reconhecidos primeiro, sem que haja um consenso em 
relação ao real momento, afirmando-se, de maneira 
geral, que seus traços podem ser identificados na 
Magna Carta Inglesa de 1215, quando o Rei João Sem 
Terra teve seus poderes limitados por imposição dos 
barões ingleses. 
Dimensões: Certos autores preferem a terminologia 
“dimensões” em vez de “gerações”, pois argumentam 
que não existe hierarquia entre direitos humanos. 
Portanto, são eles indissociáveis entre si, não sendo 
possível dividi-los em gerações. 
Os direitos de primeira geração ou dimensão 
correspondem aos direitos civis e políticos, que 
representam o valor da liberdade. Já os de segunda 
geração representam os direitos sociais, econômicos 
e culturais, vinculados ao valor da igualdade. Por fim, 
os de terceira geração representam o direito ao meio 
ambiente, ao desenvolvimento, à paz, à livre 
determinação, traduzindo o valor da solidariedade. 
Em resumo, essas três gerações de direitos formam 
o lema da Revolução Francesa. Assim, os direitos civis 
e políticos são inerentes à liberdade. Já os direitos 
econômicos, sociais e culturais são ínsitos à ideia de 
igualdade e os direitos ao meio ambiente, à paz, ao 
desenvolvimento e à determinação correspondem ao 
sentido de fraternidade. 
Ainda que atualmente já se fale em direitos de quarta, 
quinta e até de sexta geração, não abordaremos os 
direitos propostos a partir da quarta, pois serão 
objeto de aulas futuras. 
Estudado o objeto dos direitos humanos, é importante 
conhecermos o segundo momento de sua 
internacionalização. Com o término da Segunda Guerra 
Mundial, estava clara a necessidade de que a 
soberania dos Estados encontrasse alguns limites 
impostos pelo direito internacional. Afinal, diversas 
barbáries haviam sido cometidas em nome da lei e da 
soberania. Se a história ainda seria contada a partir do 
ponto de vista dos vencedores, ela não deveria 
terminar em execuções sumárias. 
É nesse contexto que o Tribunal de Nuremberg trouxe 
uma importante contribuição para o processo de 
internacionalização dos direitos humanos. 
Saiba Mais: 
Os direitos de igualdade teriam sido reconhecidos a 
partir do século XIX, com a eclosão dos movimentos de 
reivindicações sociais, caracterizando os direitos de 
segunda geração. Já os direitos de terceira geração 
teriam sido reconhecidos a partir do século XX, 
notadamente após a Segunda Grande Guerra. 
O tribunal de Nuremberg: 
A internacionalização dos direitos humanos tem como 
uma de suas principais causas a necessidade da 
adoção de providências que respondessem ao desejo 
de justiça, após o maior genocídio da história da 
humanidade: a Segunda Guerra Mundial. O Tribunal de 
Nuremberg foi uma resposta aos graves 
acontecimentos ocorridos durante aquele conflito. A 
reaproximação entre o direito e a moral não 
comportaria a simples execução, por parte dos 
vencedores da Segunda Guerra, dos oficiais nazistas 
presos, até porque era exatamente isso que o 
nazismo fazia com suas vítimas. Um julgamento, no 
qual fosse assegurado o amplo direito à defesa, 
deveria ser direito de toda e qualquer pessoa, inclusive 
daqueles responsáveis pelo maior conflito armado da 
história. 
Nesse contexto, em 8 de agosto de 1945, os 
governos do Reino Unido, dos Estados Unidos, o 
provisório da República Francesa e o da União das 
Repúblicas Socialistas Soviéticas assinaram o Acordo 
de Londres, que instituiu o Tribunal de Nuremberg, um 
tribunal militar internacional para julgar o alto escalão 
nazista por crimes de guerra e contra a humanidade, 
praticados durante a Segunda Guerra Mundial. Os 
procedimentos duraram 315 dias (de novembro de 
1945 a outubro de 1946) e aconteceram no Palácio 
da Justiça de Nuremberg, na Alemanha. 
Críticas ao tribunal de Nuremberg: 
O artigo 6º, do Acordo firmado em Londres, definiu 
os crimes inscritos na competência do tribunal: 
Crimes contra a paz: Planejar, preparar, incitar ou 
contribuir para a guerra, ou participar de um plano 
comum ou conspiração para a guerra. 
Crimes de guerra: Violação ao direito costumeiro de 
guerra, tais como: assassinato, tratamento cruel, 
deportação de populações civis, que estejam ou não 
em territórios ocupados, para trabalho escravo ou 
para qualquer outro propósito, assassinato cruel de 
prisioneiros de guerra ou de pessoas em alto-mar, 
assassinato de reféns, saques a propriedades públicas 
ou privadas, destruição de cidades ou vilas, ou 
devastação injustificada por ordem militar. 
Crimes contra a humanidade: Assassinato, extermínio, 
escravidão, deportação ou outro ato desumano contra 
a população civil, antes ou durante a guerra, ou 
perseguições baseadas em critérios raciais, políticos e 
religiosos, independentemente se em violação ou não 
do direito doméstico do país no qual foi perpetrado. 
A principal crítica ao Tribunal de Nuremberg consiste 
em afirmar que se trata de um tribunal de exceção, 
uma vez que julgou fatos anteriores à sua criação, 
vindo a dissolver-se logo depois do julgamento. 
Ademais, os crimes a serem julgados pelo tribunal 
somente foram definidos depois de ocorridos os 
fatos, isto é, pelo Acordo de Londres, de 1945. Tais 
práticas violariam o princípio do direito penal conhecido 
como reserva legal, que afirma não haver crime sem 
lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. 
Em resposta, os defensores do tribunal afirmavam 
que os fatos violaram o direito costumeiro de guerra 
e que a ampla defesa era algo que os nazistas não 
davam às suas vítimas. Portanto, ao violarem o direito 
costumeiro de guerra, os nazistas teriam o amplo 
direito de defesa e não seriam sumariamente 
executados. 
Os crimes internacionais demonstrados no 
processo: 
Os crimes que o tribunal reputou, demonstrados ao 
longo do meticuloso processo a que presidiu e 
extraídos do próprio catálogo de crimes do texto da 
sentença condenatória proferida pelos juízes aliados, 
podem ser assim listados: 
• Preparação de guerra mediante a violação das 
obrigações internacionais contraídas em Versailles. 
• Enquanto a preparação prosseguia, mais ou menos 
clandestinamente, o Reich subscrevia novos 
tratados de paz, amizade e não agressão com 
diversos países que ulteriormente atacou. 
• Anexação da Áustria e Checoslováquia, agressão à 
Polônia, à Rússia, à Dinamarca, à Noruega, à Bélgica, 
à Holanda e à Luxemburgo e mais tarde à Iugoslávia 
e à Grécia. 
• Crimes contra prisioneiros de guerra, 
demonstrados com "provas esmagadoras em 
númeroe clareza", diz a sentença. Esses crimes 
"resultam da concepção da guerra total", continua 
o documento, e chegaram a ser "fixados 
pormenorizadamente, muito tempo antes do 
ataque propriamente dito". Esses crimes são 
assassinatos, trabalhos forçados e os mais cruéis 
maus tratos contra prisioneiros de guerra de toda 
natureza. Contra a população não combatente, as 
atrocidades levadas a efeito ou simplesmente 
planejadas, como as experiências executadas em 
prisioneiros de guerra russos, para obter um meio 
de propagar rapidamente epidemias na população 
civil da Rússia ocupada. Nos campos de 
concentração, onde se recolhiam tanto os 
prisioneiros de guerra quanto a população civil não 
combatente, dos países ocupados, funcionaram as 
câmaras de gás e de incineração de vítimas, e 
outros meios terríveis e modernos de extermínio. 
A sentença afirmou que o número de seres 
humanos mortos ou atormentados nesses campos 
atingiram a vários milhões. Em um só setor da 
Rússia Meridional pereceram, por esses 
processos, noventa mil pessoas. 
• Pilhagem metódica dos países ocupados, 
abrangendo não somente tesouros artísticos e 
científicos de renome internacional, mas grandes 
quantidades de objetos úteis à vida civil comum. 
• Instituição do trabalho escravo na Alemanha pela 
utilização de prisioneiros de guerra ou 
simplesmente de habitantes de zonas ocupadas. Os 
trabalhadores dessa categoria eram sujeitos a 
maus tratos e duras humilhações. 
Saiba Mias: 
Preparação de Guerra: Essa preparação começou 
com a chegada de Hitler ao poder. 
Reich: Significa Reino, segundo o dicionário online 
Linguee. 
Trabalho Escravo: Hitler chegou a se gabar do fato de 
que 250 milhões de homens trabalhavam nessas 
condições para a vitória do nazismo e mais de 100 
milhões trabalhavam, indiretamente, para o mesmo 
fim. 
Importância histórica do tribunal de 
Nuremberg: 
O Tribunal de Nuremberg, historicamente, além de 
consolidar a importância da limitação da soberania 
nacional, reconheceu o indivíduo como titular de 
direitos em razão do próprio direito internacional. Com 
a proibição de crimes contra a humanidade e após um 
Estado ter sido responsabilizado no âmbito 
internacional, legalmente e politicamente, pelo que 
ocorreu dentro de seu território, com seus próprios 
nacionais, criaram-se as condições para o 
fortalecimento e a aceleração do processo de 
internacionalização dos direitos humanos. 
A organização das nações unidas – onu: 
Com várias agências especializadas, a ONU foi criada 
pela Carta da ONU, assinada em São Francisco, no dia 
26 de junho de 1945, após o encerramento da 
Conferência das Nações Unidas sobre a Organização 
Internacional, entrando em vigor em 24 de outubro 
daquele mesmo ano. 
A sua criação representou o surgimento de uma nova 
ordem internacional, dedicando-se, entre outras 
finalidades, à manutenção da paz e segurança 
internacional, ao desenvolvimento de relações 
amistosas entre os Estados, à adoção da cooperação 
internacional no plano econômico, social e cultural, à 
adoção de um padrão internacional de saúde, à 
proteção ao meio ambiente, à criação de uma nova 
ordem econômica internacional e à proteção 
internacional dos direitos humanos. 
OBS.: Para aprofundar seus conhecimentos sobre O 
OBJETO DE ESTUDO dos direitos humanos, leia o livro 
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito 
constitucional internacional. São Paulo: Saraiva, 2016, 
p. 75-82. Esse livro está disponível na Minha 
Biblioteca.

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