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SISTEMA CARDIOVASCULAR

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1 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS | MORFOFUNCIONAL | MEDICINA 
 
 
 
O sistema circulatório transporta líquido por todo o corpo; é formado pelo coração, pelos vasos sanguíneos e vasos linfáticos. O 
coração e os vasos sanguíneos formam a rede de transporte de sangue. Por intermédio desse sistema, o coração bombeia sangue 
ao longo da vasta rede de vasos sanguíneos do corpo. O sangue conduz nutrientes, oxigênio e resíduos que entram e saem das 
células. 
CIRCUITOS VASCULARES 
O coração consiste em duas bombas musculares que, embora adjacentes, atuam em série, dividindo a circulação em dois componentes: 
os circuitos ou circulações pulmonar e sistêmica. O ventrículo direito impulsiona o sangue pobre em oxigênio que retorna da circulação 
sistêmica para os pulmões por meio das artérias pulmonares. O dióxido de carbono é trocado por oxigênio nos capilares pulmonares e, então, o 
sangue rico em oxigênio é reconduzido pelas veias pulmonares dos pulmões ao átrio esquerdo do coração. Esse circuito, que tem início no 
ventrículo direito, passa pelos pulmões e chega ao átrio esquerdo, é a circulação pulmonar. O ventrículo esquerdo impulsiona o sangue rico em 
oxigênio que chega ao coração, proveniente da circulação pulmonar, por meio das artérias sistêmicas (aorta e seus ramos), e há troca de oxigênio 
e nutrientes por dióxido de carbono no restante dos capilares do corpo. O sangue pobre em oxigênio retorna ao átrio direito através das veias 
sistêmicas (tributárias das veias cavas superior e inferior). Esse circuito, do ventrículo esquerdo ao átrio direito, é a circulação sistêmica. 
 
S I S T E M A 
 
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VASOS SANGUÍNEOS 
Existem três tipos de vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares. O sangue sai do coração sob alta pressão e é distribuído para o 
corpo por um sistema ramificado de artérias com paredes espessas. Os vasos de distribuição final, arteríolas, levam sangue 
oxigenado para os capilares. Os capilares formam um leito capilar, onde ocorre troca de oxigênio, nutrientes, resíduos e outras 
substâncias com o líquido extracelular. O sangue do leito capilar entra em vênulas de paredes finas, semelhantes a capilares largos. 
As vênulas drenam para pequenas veias que se abrem em veias maiores. As veias maiores, que são as veias cavas superior e inferior, 
reconduzem o sangue pouco oxigenado para o coração. 
 
A maioria dos vasos sanguíneos do sistema circulatório tem três camadas ou túnicas: 
•Túnica íntima, um revestimento interno formado por uma única camada de células epiteliais muito achatadas, o endotélio, 
sustentado por delicado tecido conjuntivo. Os capilares são formados apenas por essa túnica, e os capilares sanguíneos 
também têm uma membrana basal de sustentação 
•Túnica média, uma camada intermediária que consiste basicamente em músculo liso 
•Túnica externa, uma bainha ou camada externa de tecido conjuntivo. 
A túnica média é a mais variável. Artérias, veias e vasos linfáticos são distinguidos pela espessura dessa camada em relação ao 
tamanho do lúmen, sua organização, e, no caso das artérias, de quantidades variáveis de fibras elásticas. 
são vasos sanguíneos que conduzem sangue sob pressão relativamente alta (em comparação com as veias 
correspondentes) do coração e distribuem-no para o corpo. O sangue atravessa artérias de calibre decrescente. A distinção dos 
diferentes tipos de artérias é feita com base no tamanho geral, quantidade relativa de tecido elástico ou muscular na túnica média, 
espessura da parede em relação ao lúmen e função. O tamanho e o tipo das artérias formam um continuum – isto é, há uma mudança 
gradual das características morfológicas de um tipo para outro. Existem três tipos de artérias:
As grandes artérias elásticas (artérias condutoras) têm muitas camadas elásticas (lâminas de fibras elásticas) em suas paredes. 
Inicialmente, essas grandes artérias recebem o débito cardíaco. A elasticidade permite sua expansão quando recebem o débito 
cardíaco dos ventrículos, minimizando a variação de pressão, e o retorno ao tamanho normal entre as contrações ventriculares, 
quando continuam a empurrar o sangue para as artérias médias a jusante. Isso mantém a pressão no sistema arterial entre as 
contrações cardíacas (quando a pressão ventricular cai a zero). Em geral, isso minimiza o declínio da pressão arterial quando o 
coração contrai e relaxa. Exemplos de grandes artérias elásticas são a aorta, as artérias que se originam no arco da aorta (tronco 
braquiocefálico, artéria subclávia e artéria carótida), além do tronco e das artérias pulmonares. 
As artérias musculares médias (artérias distribuidoras) têm paredes formadas principalmente por fibras musculares lisas dispostas 
de forma circular. Sua capacidade de reduzir seu diâmetro (vasoconstrição) controla o fluxo sanguíneo para diferentes partes do 
corpo, conforme exigido pela circunstância (p. ex., atividade, termorregulação). As contrações pulsáteis de suas paredes musculares 
(seja qual for o diâmetro do lúmen) causam a constrição temporária e rítmica dos lumens em sequência progressiva, propelindo e 
distribuindo o sangue para várias partes do corpo. As artérias nominadas, inclusive aquelas observadas na parede do corpo e nos 
membros durante a dissecção, como as artérias braquial ou femoral, são, em sua maioria, artérias musculares médias 
 
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As pequenas artérias e arteríolas têm lumens relativamente estreitos e paredes musculares espessas. O grau de enchimento dos 
leitos capilares e o nível da pressão arterial no sistema vascular são controlados principalmente pelo grau de tônus (firmeza) no 
músculo liso das paredes arteriolares. Se o tônus for maior que o normal, ocorre hipertensão (aumento da pressão arterial). As 
pequenas artérias geralmente não têm nomes nem identificação específica durante a dissecção, e as arteríolas só podem ser vistas 
quando ampliadas. 
 
As anastomoses (comunicações) entre os múltiplos ramos de uma artéria oferecem vários possíveis desvios para o fluxo sanguíneo 
em caso de obstrução do trajeto habitual por compressão pela posição de uma articulação, doença ou ligadura cirúrgica. Quando um 
canal principal é ocluído, os canais opcionais menores costumam aumentar de tamanho em um período relativamente curto, 
proporcionando uma circulação colateral ou um trajeto alternativo que garanta o suprimento sanguíneo para estruturas distais à 
obstrução. Entretanto, é preciso tempo para que haja abertura adequada das vias colaterais; elas geralmente são insuficientes para 
compensar a oclusão ou ligadura súbita. 
Há áreas, porém, em que a circulação colateral inexiste ou é inadequada para substituir o canal principal. As artérias que não se 
anastomosam com as artérias adjacentes são artérias terminais verdadeiras (anatômicas). A oclusão de uma artéria terminal 
interrompe o suprimento sanguíneo para a estrutura ou segmento do órgão que irriga. As artérias terminais verdadeiras suprem a 
retina, por exemplo, onde a oclusão resulta em cegueira. Embora não sejam artérias terminais verdadeiras, artérias terminais 
funcionais (artérias com anastomoses insuficientes) irrigam segmentos do encéfalo, fígado, rins, baço e intestinos; também podem 
ser encontradas no coração. 
 
 
 
 
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As veias geralmente reconduzem o sangue pobre em oxigênio dos leitos capilares para o coração, o que confere às 
veias uma aparência azul-escura. As grandes veias pulmonares são atípicas porque conduzem sangue rico em oxigênio dos 
pulmões para o coração. Em vista da menor pressão sanguínea no sistema venoso, as paredes (especificamente, a túnica média) 
das veias são mais finas que as das artérias acompanhantes. Normalmente, as veias não pulsam e não ejetam nem jorram sangue 
quando seccionadas. Existem três tamanhos de veias: 
As vênulas são as menores veias. As vênulas drenam os leitos capilares e se unem a vasossemelhantes para formar pequenas 
veias. A observação das vênulas requer ampliação. As pequenas veias são tributárias de veias maiores que se unem para 
formar plexos venosos, como o arco venoso dorsal do pé. As pequenas veias não recebem nome 
As veias médias drenam plexos venosos e acompanham as artérias médias. Nos membros e em alguns outros locais onde a força da 
gravidade se opõe ao fluxo sanguíneo, as veias médias têm válvulas. Válvulas venosas são projeções (retalhos passivos) do endotélio 
com seios valvulares caliciformes que enchem por cima. Quando elas estão cheias, as válvulas ocluem o lúmen da veia, evitando, 
assim, o refluxo de sangue distalmente, tornando o fluxo unidirecional (para o coração. O mecanismo valvular também fragmenta 
as colunas de sangue nas veias em pequenos segmentos, reduzindo a pressão de retorno. Ambos os efeitos tornam mais fácil para 
a bomba musculovenosa superar a força da gravidade para retornar o sangue ao coração. Os exemplos de veias médias incluem as 
denominadas veias superficiais (veias cefálica e basílica dos membros superiores e as veias safenas magna e parva dos membros 
inferiores) e as veias acompanhantes que recebem o mesmo nome da artéria que acompanham. 
As grandes veias são caracterizadas por largos feixes de músculo liso longitudinal e uma túnica externa bem desenvolvida. Um 
exemplo é a veia cava superior. 
O número de veias é maior que o de artérias. Embora suas paredes sejam mais finas, seu diâmetro costuma ser maior que o diâmetro 
da artéria correspondente. As paredes finas proporcionam grande capacidade de expansão, e as veias se expandem quando o retorno 
do sangue para o coração é impedido por compressão ou por pressão interna (p. ex., após inspirar profundamente e prender a 
respiração; esta é a manobra de Valsalva). 
Como as artérias e veias formam um circuito, seria esperado que metade do volume sanguíneo estivesse nas artérias e metade nas 
veias. No entanto, em razão do maior diâmetro e à capacidade de expansão das veias, em geral apenas 20% do sangue estão nas 
artérias, enquanto 80% encontram-se nas veias. 
Embora, para simplificar, frequentemente sejam representadas isoladas nas ilustrações, as veias tendem a ser duplas ou múltiplas. 
Aquelas que acompanham as artérias profundas – veias acompanhantes – circundam-nas em uma rede com ramificações 
irregulares. Essa organização serve como trocador de calor em contracorrente, quando o sangue arterial morno aquece o sangue 
venoso mais frio em seu retorno de uma extremidade fria para o coração. As veias acompanhantes ocupam uma bainha 
vascular fascial relativamente rígida junto com a artéria que acompanham. Consequentemente, quando a artéria se expande durante 
a contração do coração, as veias são distendidas e achatadas, o que ajuda a conduzir o sangue venoso para o coração – uma bomba 
arteriovenosa. 
 
 
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As veias sistêmicas são mais variáveis do que as artérias, e as anastomoses 
venosas – comunicações naturais, diretas ou indiretas, entre duas veias – são 
mais frequentes. A expansão externa dos ventres dos músculos esqueléticos 
que se contraem nos membros, limitada pela fáscia muscular, comprime as 
veias, “ordenhando” o sangue para cima em direção ao coração; outro tipo 
(musculovenoso) de bomba venosa . As válvulas venosas interrompem as 
colunas de sangue, aliviando, assim, a pressão nas partes mais baixas e só 
permitindo que o sangue venoso flua em direção ao coração. A congestão 
venosa que ocorre nos pés quentes e cansados ao fim de um dia de trabalho é 
aliviada repousando-se os pés sobre um banco mais alto que o tronco (do 
corpo). Essa posição dos pés também ajuda no retorno venoso do sangue para 
o coração. 
 
 
 
 
Para beneficiar as células que formam os tecidos do corpo, o oxigênio e os nutrientes conduzidos pelas 
artérias precisam sair dos vasos transportadores e passar para o espaço extravascular entre as células, o espaço extracelular 
(intercelular) no qual vivem as células. Os capilares são tubos endoteliais simples que unem os lados arterial e venoso da circulação 
e permitem a troca de materiais com o líquido extracelular (LEC) ou intersticial. Os capilares geralmente são organizados em leitos 
capilares, redes que unem as arteríolas e as vênulas. O sangue entra nos leitos capilares por meio das arteríolas que controlam o 
fluxo e é drenado pelas vênulas. 
À medida que a pressão hidrostática nas arteríolas força a entrada e a passagem do sangue no leito capilar, também força a saída 
de líquido contendo oxigênio, nutrientes e outros materiais do sangue na extremidade arterial do leito capilar (a montante) para os 
espaços extracelulares, permitindo a troca com células do tecido adjacente. As paredes capilares, porém, são relativamente 
impermeáveis às proteínas plasmáticas. A jusante, na extremidade venosa do leito, a maior parte desse LEC – agora contendo 
resíduos e dióxido de carbono – é reabsorvida pelo sangue graças à pressão osmótica gerada pela maior concentração de proteínas 
no capilar. (Apesar de já estar bem estabelecido, esse princípio é denominado hipótese de Starling.) 
Em algumas áreas, como nos dedos das mãos, há conexões diretas entre as pequenas arteríolas e vênulas proximais aos leitos 
capilares que irrigam e drenam. Os locais dessas comunicações – anastomoses arteriolovenulares (arteriovenosas) (AAV) – 
permitem que o sangue passe diretamente do lado arterial para o lado venoso da circulação sem atravessar os capilares. A pele 
tem muitos shunts AV, que são importantes na conservação do calor corporal. 
Em algumas situações, o sangue atravessa dois leitos capilares antes de voltar ao coração; um sistema venoso que une dois leitos 
capilares constitui um sistema venoso porta. O sistema venoso no qual o sangue rico em nutrientes passa dos leitos capilares do 
sistema digestório para os leitos capilares ou sinusoides do fígado – o sistema porta do fígado – é o principal exemplo. 
 
O CORAÇÃO 
O coração, que é um pouco maior do que uma mão fechada, é uma bomba dupla, autoajustável, de sucção e pressão. As partes 
trabalham em conjunto para impulsionar o sangue para todos os locais do corpo. O lado direito do coração (coração direito) recebe 
sangue pouco oxigenado (venoso) do corpo pelas VCS e VCI e o bombeia através do tronco e das artérias pulmonares para ser 
oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo do coração (coração esquerdo) recebe sangue bem oxigenado (arterial) dos pulmões através 
das veias pulmonares e o bombeia para a aorta, de onde é distribuído para o corpo. 
O coração tem quatro câmaras: átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e esquerdo. Os átrios são câmaras de recepção que 
bombeiam sangue para os ventrículos (as câmaras de ejeção). As ações sincrônicas das duas bombas atrioventriculares (AV) 
cardíacas (câmaras direitas e esquerdas) constituem o ciclo cardíaco. O ciclo começa com um período de alongamento e enchimento 
ventricular (diástole) e termina com um período de encurtamento e esvaziamento ventricular (sístole). 
 
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Dois sons cardíacos (bulhas cardíacas) são auscultados com um estetoscópio: um som tum (1o) quando o sangue é transferido dos 
átrios para os ventrículos e um som tá (2o) quando os ventrículos ejetam o sangue do coração. Os sons do coração são produzidos 
pelo estalido de fechamento das valvas unidirecionais que normalmente impedem o refluxo do sangue durante as contrações do 
coração. 
A parede de cada câmara cardíaca tem três camadas, da superficial 
para a profunda: 
•Endocárdio, uma fina camada interna (endotélio e tecido conjuntivo 
subendotelial) ou membrana de revestimento do coração que também 
cobre suas valvas 
•Miocárdio, uma camada intermediária helicoidal e espessa, formada 
por músculo cardíaco 
•Epicárdio, uma camada externa fina (mesotélio) formada pela lâmina 
visceral do pericárdio seroso. 
As paredes do coração são formadas principalmentepor miocárdio 
espesso, sobretudo nos ventrículos. A contração dos ventrículos produz 
um movimento de torção devido à orientação helicoidal dupla das 
fibras musculares cardíacas (Torrent-Guasp et al., 2001). Inicialmente, 
esse movimento ejeta o sangue dos ventrículos enquanto a camada 
espiral externa (basal) contrai, primeiro estreitando e depois 
 
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encurtando o coração, reduzindo o volume das câmaras ventriculares. A contração sequencial contínua da camada espiral interna 
(apical) alonga o coração, seguida por alargamento enquanto o miocárdio relaxa rapidamente, aumentando o volume das câmaras 
para receber sangue dos átrios. 
 
As fibras musculares cardíacas estão fixadas ao esqueleto fibroso do coração. Essa 
é uma estrutura complexa de colágeno denso que forma quatro anéis fibrosos que 
circundam os óstios das valvas, um trígono fibroso direito e outro esquerdo 
(formados por conexões entre os anéis), e as partes membranáceas dos septos 
interatrial e interventricular. O esqueleto fibroso do coração: 
•Mantém os óstios das valvas AV e arteriais permeáveis e impede que sejam 
excessivamente distendidos por um aumento do volume de sangue bombeado 
através deles 
•Oferece inserção para as válvulas das valvas 
•Oferece inserção para o miocárdio, que, quando não espiralado, forma uma faixa 
miocárdica ventricular contínua originada principalmente no anel fibroso da valva 
do tronco pulmonar e inserida principalmente no anel fibroso da valva da aorta. 
•Forma um “isolante” elétrico, separando os impulsos conduzidos mioentericamente 
dos átrios e ventrículos, de forma que a contração dessas câmaras seja 
independente, e circundando e dando passagem à parte inicial do fascículo AV do 
complexo estimulante do coração. 
 
 
 
Na parte externa, os átrios são demarcados dos ventrículos 
pelo sulco coronário e os ventrículos direito e esquerdo são 
separados pelos sulcos interventriculares (IV) 
anterior e posterior. O coração parece trapezoide em uma 
vista anterior ou posterior, mas seu formato tridimensional é 
semelhante ao de uma pirâmide tombada com o ápice 
(voltado anteriormente e para a esquerda), uma base (oposta 
ao ápice, na maioria das vezes voltada posteriormente) e 
quatro faces. 
O ápice do coração: 
• É formado pela parte inferolateral do ventrículo esquerdo 
• Situa-se posteriormente ao 5o espaço intercostal esquerdo em adultos, em geral a aproximadamente 9 cm (a largura de uma 
mão) do plano mediano 
• Normalmente permanece imóvel durante todo o ciclo cardíaco 
• É o local de intensidade máxima dos sons de fechamento da valva atrioventricular esquerda (mitral) (batimento apical); o ápice 
está situado sob o local onde os batimentos cardíacos podem ser auscultados na parede torácica. 
A base do coração (Figura 4.53C e D): 
• É a face posterior do coração (oposta ao ápice) 
• É formada principalmente pelo átrio esquerdo, com menor contribuição do átrio direito 
• Está voltada posteriormente em direção aos corpos das vértebras T VI a T IX e está separada deles pelo pericárdio, seio oblíquo 
do pericárdico, esôfago e aorta 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527734608/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-53
 
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• Estende-se superiormente até a bifurcação do tronco pulmonar e inferiormente até o sulco coronário 
• Recebe as veias pulmonares nos lados direito e esquerdo de sua parte atrial esquerda e as veias cavas superior e inferior nas 
extremidades superior e inferior de sua parte atrial direita. 
 
As quatro faces do coração são: 
1. Face esternocostal (anterior), formada principalmente pelo ventrículo direito 
2. Face diafragmática (inferior), formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e em parte pelo ventrículo direito; está 
relacionada principalmente ao centro tendíneo do diafragma 
3. Face pulmonar direita, formada principalmente pelo átrio direito 
4. Face pulmonar esquerda, formada principalmente pelo ventrículo esquerdo; forma a impressão cardíaca do pulmão esquerdo. 
O coração parece trapezoide nas vistas anterior e posterior. As quatro margens do coração são: 
1. Margem direita (ligeiramente convexa), formada pelo átrio direito e estendendo-se entre a VCS e a VCI 
2. Margem inferior (quase horizontal), formada principalmente pelo ventrículo direito e pequena parte pelo ventrículo esquerdo 
3. Margem esquerda (oblíqua, quase vertical), formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e pequena parte pela aurícula 
esquerda 
4. Margem superior, formada pelos átrios e aurículas direitos e esquerdos em vista anterior; a parte ascendente da aorta e o 
tronco pulmonar emergem dessa margem e a VCS entra no seu lado direito. Posteriormente à aorta e ao tronco pulmonar e 
anteriormente à VCS, essa margem forma o limite inferior do seio transverso do pericárdio. 
O tronco pulmonar, com aproximadamente 5 cm de comprimento e 3 cm de largura, é a continuação arterial do ventrículo direito e 
divide-se em artérias pulmonares direita e esquerda. O tronco e as artérias pulmonares conduzem o sangue pouco oxigenado para 
oxigenação nos pulmões. 
forma a margem direita do coração e recebe sangue venoso da VCS, da VCI e do seio coronário. 
A aurícula direita, semelhante a uma orelha, é uma bolsa muscular cônica que se projeta do átrio direito como uma câmara adicional, 
aumenta a capacidade do átrio e se superpõe à parte ascendente da aorta. 
O interior do átrio direito apresenta: 
• Uma parte posterior lisa, de paredes finas (o seio das veias cavas), onde se abrem as veias cavas (VCS e VCI) e o seio coronário, 
que trazem sangue pouco oxigenado para o coração 
• Uma parede anterior muscular, rugosa, formada pelos músculos pectíneos 
• Um óstio AV direito, através do qual o átrio direito transfere para o ventrículo direito o sangue pouco oxigenado que recebeu. 
As partes lisa e áspera da parede atrial são separadas externamente por um sulco vertical superficial, o sulco terminal, e 
internamente por uma crista vertical, a crista terminal. A VCS se abre na parte superior do átrio direito no nível da 3a cartilagem 
costal direita. A VCI se abre na parte inferior do átrio direito quase alinhada com a VCS, no nível aproximado da 5a cartilagem costal. 
 
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O óstio do seio coronário, um tronco venoso curto que recebe a maioria das veias cardíacas, situa-se entre o óstio AV direito e o óstio 
da VCI. O septo interatrial que separa os átrios tem uma depressão oval, do tamanho da impressão digital de um polegar, a fossa 
oval, que é um remanescente do forame oval e sua valva no feto. A compreensão plena das características do átrio direito requer o 
conhecimento do desenvolvimento do coração. 
 
 
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forma a maior parte da face esternocostal do coração, uma pequena parte da face 
diafragmática e quase toda a margem inferior do coração. Superiormente, afila-se e forma um cone arterial (infundíbulo), que conduz 
ao tronco pulmonar. No ventrículo direito existem elevações musculares irregulares (trabéculas cárneas) em sua face interna. Uma 
crista muscular espessa, a crista supraventricular, separa a parede muscular rugosa na parte de entrada da câmara da parede lisa 
do cone arterial, ou parte de saída. A parte de entrada do ventrículo recebe sangue do átrio direito através do óstio AV 
direito (tricúspide), localizado posteriormente ao corpo do esterno no nível dos 4o e 5o espaços intercostais. O óstio AV direito é 
circundado por um dos anéis fibrosos do esqueleto fibroso do coração. O anel fibroso mantém o calibre do óstio constante 
(suficientemente grande para permitir a passagem das pontas de três dedos), resistindo à dilatação que poderia resultar da 
passagem de sangue através dele com pressões variadas. 
 
A valva atrioventricular direita (tricúspide) protege o óstio AV direito. As basesdas válvulas estão fixadas ao anel fibroso ao redor 
do óstio. Como o anel fibroso mantém o calibre do óstio, as válvulas fixadas se tocam da mesma forma a cada batimento cardíaco. 
As cordas tendíneas fixam-se às margens livres e às faces ventriculares das válvulas anterior, posterior e septal, de forma 
semelhante à inserção das cordas em um paraquedas. As cordas tendíneas originam-se dos ápices dos músculos papilares, que são 
projeções musculares cônicas com bases fixadas à parede ventricular. Os músculos papilares começam a se contrair antes da 
contração do ventrículo direito, tensionando as cordas tendíneas e aproximando as válvulas. Como as cordas estão fixadas a faces 
adjacentes de duas válvulas, elas evitam a separação das válvulas e sua inversão quando é aplicada tensão às cordas tendíneas e 
mantida durante toda a contração ventricular (sístole) – isto é, impede o prolapso (entrada no átrio direito) das válvulas da valva 
atrioventricular direita quando a pressão ventricular aumenta. Assim, a regurgitação (fluxo retrógrado) de sangue do ventrículo 
direito para o átrio direito durante a sístole ventricular é impedida pelas válvulas. 
 
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Três músculos papilares no ventrículo direito correspondem às válvulas da valva atrioventricular direita: 
1. O músculo papilar anterior, o maior e mais proeminente dos três, origina-se da parede anterior do ventrículo direito; suas 
cordas tendíneas se fixam nas válvulas anterior e posterior da valva atrioventricular direita 
2. O músculo papilar posterior, menor do que o músculo anterior, pode ter várias partes; origina-se da parede inferior do 
ventrículo direito, e suas cordas tendíneas se fixam nas válvulas posterior e septal da valva atrioventricular direita 
3. O músculo papilar septal origina-se do septo interventricular, e suas cordas tendíneas se fixam às válvulas anterior e septal 
da valva atrioventricular direita. 
O septo interventricular (IVS), composto pelas partes muscular e membranácea, é uma divisória oblíqua forte entre os ventrículos 
direito e esquerdo, formando parte das paredes de cada um. Em vista da pressão arterial muito maior no ventrículo esquerdo, a parte 
muscular do SIV, que constitui a maior parte do septo, tem a espessura igual ao restante da parede do ventrículo esquerdo (duas a 
três vezes mais espessa que a parede do ventrículo direito) e salienta-se para a cavidade do ventrículo direito. Superior e 
posteriormente, uma membrana fina, parte do esqueleto fibroso do coração, forma a parte membranácea do SIV, muito menor. No 
lado direito, a válvula septal da valva atrioventricular direita está fixada ao meio dessa parte membranácea do esqueleto fibroso. 
Isso significa que, inferiormente à válvula, a membrana é um septo interventricular, mas superiormente à válvula, é um septo 
atrioventricular, que separa o átrio direito do ventrículo esquerdo. 
A trabécula septomarginal (“banda moderadora”) é um feixe muscular curvo que atravessa o ventrículo direito da parte inferior do 
SIV até a base do músculo papilar anterior. Essa trabécula é importante porque conduz parte do ramo direito do fascículo AV, uma 
parte do complexo estimulante do coração (sistema de condução cardíaco) até o músculo papilar anterior . Este “atalho” através da 
câmara parece reduzir o tempo de condução, permitindo a contração coordenada do músculo papilar anterior. 
 
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O átrio direito se contrai quando o ventrículo direito está vazio e relaxado; assim, o sangue é forçado a passar através desse orifício para o 
ventrículo direito, afastando as válvulas da valva atrioventricular direita como cortinas. A entrada de sangue no ventrículo direito (via de 
entrada) ocorre posteriormente; e quando o ventrículo se contrai, a saída de sangue para o tronco pulmonar (via de saída) ocorre em direção 
superior e para a esquerda. Consequentemente, o sangue faz um trajeto em formato de U no ventrículo direito, mudando de direção em cerca de 
140°. Essa mudança de direção é acomodada pela crista supraventricular, que direciona o fluxo de entrada para a cavidade principal do 
ventrículo e o fluxo de saída para o cone arterial em direção ao óstio do tronco pulmonar. O óstio de entrada (AV) e o óstio de saída (pulmonar) 
estão distantes cerca de 2 cm. A valva do tronco pulmonar no ápice do cone arterial situa-se no nível da 3a cartilagem costal esquerda. 
forma a maior parte da base do coração. Os pares de veias pulmonares direita e esquerda, avalvulares, 
entram no átrio de paredes finas. No embrião, há apenas uma veia pulmonar comum, e também somente um tronco pulmonar. As paredes dessa 
veia e de quatro de suas tributárias foram incorporadas à parede do átrio esquerdo, do mesmo modo que o seio venoso foi incorporado ao átrio 
direito. A parte da parede derivada da veia pulmonar embrionária tem paredes lisas. A aurícula esquerda muscular, tubular, sua parede 
trabeculada com músculos pectíneos, forma a parte superior da margem esquerda do coração e cavalga a raiz do tronco pulmonar. Representa 
os remanescentes da parte esquerda do átrio primitivo. Uma depressão semilunar no septo interatrial indica o assoalho da fossa oval; a crista 
adjacente é a válvula do forame oval. 
 
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O interior do átrio esquerdo apresenta: 
• Uma parte maior com paredes lisas e uma aurícula muscular menor, contendo músculos pectíneos 
• Quatro veias pulmonares (duas superiores e duas inferiores) que entram em sua parede posterior lisa 
• Uma parede ligeiramente mais espessa do que a do átrio direito 
• Um septo interatrial que se inclina posteriormente e para a direita. 
Um óstio AV esquerdo através do qual o átrio esquerdo transfere o sangue oxigenado que recebe das veias pulmonares para o 
ventrículo esquerdo. 
forma o ápice do coração, quase toda sua face esquerda (pulmonar) e margem 
esquerda e a maior parte da face diafragmática. Como a pressão arterial é muito maior na circulação sistêmica do que na circulação 
pulmonar, o ventrículo esquerdo trabalha mais do que o ventrículo direito. 
O interior do ventrículo esquerdo apresenta (Figura 4.58): 
• Paredes duas a três vezes mais espessas do que as paredes do ventrículo direito 
• Paredes cobertas principalmente por uma tela de trabéculas cárneas que são mais finas e mais numerosas do que as do 
ventrículo direito 
• Uma cavidade cônica mais longa do que a do ventrículo direito 
• Músculos papilares anteriores e posteriores maiores do que os do ventrículo direito 
• Uma parte de saída, superoanterior, não muscular, de parede lisa, o vestíbulo da aorta, levando desde a cavidade do ventrículo 
até o óstio da aorta e à valva da aorta 
• Uma valva atrioventricular esquerda (mitral) com duas válvulas que guarda o óstio AV esquerdo 
• Um óstio da aorta situado em sua parte posterossuperior direita e circundado por um anel fibroso ao qual estão fixadas as válvulas 
direita, posterior e esquerda da valva da aorta; a parte ascendente da aorta começa no óstio da aorta. 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527734608/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-58
 
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A valva atrioventricular esquerda (mitral) tem duas válvulas, anterior e posterior. A valva atrioventricular esquerda está localizada 
posteriormente ao esterno, no nível da 4a cartilagem costal. Cada uma de suas válvulas recebe cordas tendíneas de mais de um 
músculo papilar. Esses músculos e suas cordas sustentam a valva atrioventricular esquerda, permitindo que as válvulas resistam 
à pressão gerada durante contrações (bombeamento) do ventrículo esquerdo. As cordas tendíneas tornam-se tensas logo antes e 
durante a sístole, impedindo que as válvulas sejam empurradas para o átrio esquerdo. Enquanto atravessa o ventrículo esquerdo, a 
corrente sanguínea sofre duas mudanças de trajeto perpendiculares que,juntas, resultam em mudança de direção de 180°. Essa 
inversão de fluxo ocorre ao redor da válvula anterior da valva atrioventricular esquerda. 
A valva da aorta, situada entre o ventrículo esquerdo e a parte ascendente da aorta, é posicionada obliquamente. Está localizada 
posteriormente ao lado esquerdo, do esterno, no nível do 3o espaço intercostal. 
As três válvulas semilunares da valva do tronco pulmonar (anterior, direita e esquerda), bem como as válvulas semilunares da valva 
da aorta (posterior, direita e esquerda), são côncavas quando vistas de cima. As válvulas semilunares não têm cordas tendíneas 
para sustentá-las. Têm área menor do que as válvulas das valvas AV, e a força exercida sobre elas é menor que a metade da força 
exercida sobre as válvulas das valvas atrioventriculares direita e esquerda. As válvulas projetam-se para a artéria, mas são 
pressionadas em direção (e não contra) às suas paredes quando o sangue deixa o ventrículo. Após o relaxamento do ventrículo 
(diástole), a retração elástica da parede do tronco pulmonar ou da aorta força o sangue de volta para o coração. No entanto, as 
válvulas fecham-se com um estalido, como um guarda-chuva apanhado pelo vento, quando há inversão do fluxo sanguíneo. Elas se 
aproximam para fechar por completo o óstio, sustentando umas às outras quando suas bases se tocam (encontram) e evitando o 
retorno de qualquer quantidade significativa de sangue para o ventrículo. 
A margem de cada válvula é mais espessa na região de contato, formando a lúnula; o ápice da margem livre angulada é ainda mais 
espesso, formando o nódulo. Imediatamente superior a cada válvula semilunar, as paredes das origens do tronco pulmonar e da 
aorta são ligeiramente dilatadas, formando um seio. Os seios da aorta e do tronco pulmonar são os espaços na origem do tronco 
 
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pulmonar e da parte ascendente da aorta entre a parede dilatada do vaso e cada válvula semilunar. O sangue presente nos seios e 
a dilatação da parede impedem a aderência das válvulas à parede do vaso, o que poderia impedir o fechamento. 
A abertura da artéria coronária direita se localiza no seio direito da aorta e a abertura da artéria coronária esquerda no seio 
esquerdo da aorta. Nenhuma artéria origina-se do seio posterior da aorta (não coronário). 
 
Os vasos sanguíneos do coração compreendem as artérias coronárias e as veias cardíacas, que conduzem o sangue que entra e sai 
da maior parte do miocárdio. O endocárdio e parte do tecido subendocárdico imediatamente externo ao endocárdio recebem oxigênio 
e nutrientes por difusão ou por microvascularização diretamente das câmaras do coração. Os vasos sanguíneos do coração, 
normalmente integrados ao tecido adiposo, atravessam a superfície do coração logo abaixo do epicárdio. Às vezes, partes dos vasos 
estão entranhadas no miocárdio. Os vasos sanguíneos do coração possuem inervação simpática e parassimpática. 
Irrigação arterial do coração. As artérias coronárias, os primeiros ramos da aorta, irrigam o miocárdio e o epicárdio. As artérias 
coronárias direita e esquerda originam-se dos seios da aorta correspondentes na região proximal da parte ascendente da aorta, 
imediatamente superior à valva da aorta, e seguem por lados opostos do tronco pulmonar. As artérias coronárias suprem os átrios 
e os ventrículos; entretanto, os ramos atriais costumam ser pequenos e não são facilmente observados no coração de um cadáver. 
A distribuição ventricular de cada artéria coronária não é bem delimitada. 
A artéria coronária direita (ACD) origina-se do seio direito da aorta em sua parte ascendente e passa para o lado direito do tronco 
pulmonar, seguindo no sulco coronário. Próximo de sua origem, a ACD geralmente emite um ramo do nó sinoatrial, ascendente, que 
irriga o nó SA. A ACD então desce no sulco coronário e emite o ramo marginal direito, que irriga a margem direita do coração enquanto 
segue em direção ao ápice do coração, porém sem alcançá-lo. Após emitir esse ramo, a ACD vira para a esquerda e continua no sulco 
coronário até a face posterior do coração. Na face posterior do coração, na cruz do coração – a junção dos septos interatrial e 
interventricular entre as quatro câmaras cardíacas – a ACD dá origem ao ramo do nó atrioventricular, que irriga o nó AV . Os nós SA 
e AV são parte do complexo estimulante do coração. 
 
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O complexo estimulante do coração gera e transmite os impulsos que produzem as contrações coordenadas do ciclo cardíaco (já 
analisadas neste capítulo). O complexo estimulante consiste em tecido nodal, que inicia os batimentos cardíacos e coordena 
contrações das quatro câmaras, e fibras condutoras muito especializadas para conduzi-los rapidamente para as diferentes áreas 
do coração. A seguir, os impulsos são propagados pelas células musculares estriadas cardíacas, de modo que haja contração 
simultânea das paredes das câmaras. 
O nó sinotrial (SA) está localizado anterolateralmente, logo abaixo do epicárdio na junção da VCS com o átrio direito, perto da 
extremidade superior do sulco terminal. O nó SA – uma pequena coleção de tecido nodal, fibras musculares cardíacas especializadas 
e tecido conjuntivo fibroelástico associado – é o marca-passo do coração. O nó SA inicia e controla os impulsos para as contrações 
cardíacas, emitindo um impulso aproximadamente 70 vezes por minuto, na maioria das pessoas, na maior parte das vezes. O sinal 
 
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de contração do nó SA propaga-se miogenicamente (através da musculatura) de ambos os átrios. O nó SA é suprido pela artéria do 
nó sinoatrial, que geralmente origina-se como um ramo atrial da ACD (em 60% das pessoas), mas muitas vezes origina-se da ACE 
(em 40%). O nó SA é estimulado pela parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso para acelerar a frequência cardíaca 
e é inibido pela parte parassimpática para retornar ou aproximar-se de sua frequência basal. 
O nó atrioventricular (AV) é um conjunto de tecido nodal menor que o nó SA. O nó AV está localizado na região posteroinferior do 
septo interatrial perto da abertura do seio coronário. O sinal gerado pelo nó SA atravessa as paredes do átrio direito, propagado pelo 
músculo cardíaco (condução miogênica), que transmite o sinal rapidamente do nó SA para o nó AV. O nó AV então distribui o sinal 
para os ventrículos através do fascículo AV. A estimulação simpática acelera a condução, e a estimulação parassimpática a torna 
mais lenta. O fascículo AV, a única ponte entre o miocárdio atrial e ventricular, segue do nó AV através do esqueleto fibroso do 
coração e ao longo da parte membranácea do SIV. 
Na junção das partes membranácea e muscular do SIV, o fascículo AV divide-se em ramos direito e esquerdo (Figura 4.63B). Esses 
ramos prosseguem de cada lado do SIV muscular profundamente ao endocárdio e depois se ramificam em ramos 
subendocárdicos (fibras de Purkinje), que se estendem até as paredes dos respectivos ventrículos. Os ramos subendocárdicos 
do ramo direito estimulam o músculo do SIV, o músculo papilar anterior através da trabécula septomarginal (banda moderadora) e 
a parede do ventrículo direito. O ramo esquerdo divide-se perto de sua origem em aproximadamente seis tratos menores, que dão 
origem a ramos subendocárdicos que estimulam o SIV, os músculos papilares anteriores e posteriores, e a parede do ventrículo 
esquerdo. 
 
 
 
 
A geração e a condução de impulsos podem ser resumidas da seguinte forma: 
•O nó SA inicia um impulso que é rapidamente conduzido para as fibras musculares cardíacas nos átrios, causando sua 
contração 
•O impulso propaga-se por condução miogênica, que transmite rapidamente o impulso do nó SA para o nó AV 
•O sinal é distribuído do nó AV através do fascículo AV e seus ramos (os ramos direito e esquerdo), que seguem de cada lado 
do SIV e suprem os ramos subendocárdicos para os músculos papilarese as paredes dos ventrículos. 
Inervação do coração. O coração é suprido por fibras nervosas autônomas do plexo cardíaco que costuma ser dividido artificialmente 
em partes superficial e profunda. A maioria das descrições apresenta essa rede nervosa na face anterior da bifurcação da traqueia, 
pois é observada com maior frequência na dissecção após a retirada da parte ascendente da aorta e da bifurcação do tronco 
pulmonar. Entretanto, sua relação primária é com a face posterior das duas últimas estruturas, sobretudo a parte ascendente da 
aorta. O plexo cardíaco é formado por fibras simpáticas e parassimpáticas que seguem em direção ao coração e também por fibras 
aferentes viscerais que conduzem fibras reflexas e nociceptivas provenientes do coração. As fibras partem do plexo e são 
distribuídas ao longo dos vasos coronários para estes vasos e para componentes do complexo estimulante, sobretudo o nó SA. 
A inervação simpática provém das fibras pré-ganglionares, com corpos celulares nas colunas celulares intermediolaterais (IML) dos 
cinco ou seis segmentos torácicos superiores da medula espinal, e das fibras simpáticas pós-ganglionares, com corpos celulares 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527734608/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-63
 
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nos gânglios paravertebrais cervicais e torácicos superiores dos troncos simpáticos. As fibras pós-ganglionares atravessam 
os nervos esplâncnicos cardiopulmonares e o plexo cardíaco, terminando nos nós SA e AV e em relação às terminações das fibras 
parassimpáticas nas artérias coronárias. A estimulação simpática aumenta a frequência cardíaca, a condução de impulso, a força 
de contração e, ao mesmo tempo, o fluxo sanguíneo pelos vasos coronários para garantir o aumento da atividade. A estimulação 
adrenérgica do nó SA e do tecido condutor aumenta a frequência de despolarização das células marca-passo e a condução 
atrioventricular. A estimulação adrenérgica direta pelas fibras nervosas simpáticas, bem como a estimulação indireta pelos 
hormônios suprarrenais, aumenta a contratilidade atrial e ventricular. A maioria dos receptores adrenérgicos nos vasos sanguíneos 
coronários consiste em receptores β2 que, quando ativados, causam relaxamento (ou talvez inibição) do músculo liso vascular e , 
portanto, dilatação das artérias. Isso aumenta a oferta de oxigênio e nutrientes para o miocárdio durante períodos de atividade 
intensificada. 
A inervação parassimpática provém das fibras pré-ganglionares dos nervos vagos. Os corpos das células parassimpáticas pós-
ganglionares (gânglios intrínsecos) estão localizados na parede atrial e no septo interatrial próximo dos nós SA e AV e ao longo das 
artérias coronárias. A estimulação parassimpática diminui a frequência cardíaca, reduz a força da contração e constringe as artérias 
coronárias, poupando energia entre períodos de maior demanda. As fibras parassimpáticas pós-ganglionares liberam acetilcolina, 
que se liga aos receptores muscarínicos para reduzir as frequências de despolarização das células marca-passo e a condução 
atrioventricular e diminuir a contratilidade atrial.

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