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Gabriel Gouvêa Slade Oscilações e ondas Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube Slade, Gabriel Gouvêa. S12o Oscilações e ondas / Gabriel Gouvêa Slade. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2020. 168 p. : il. Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. Inclui bibliografia. ISBN 1. Oscilações. 2. Ondas (Física). I. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. II. Título. CDD 531.1133 © 2021 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando Cesar Marra e Silva Coordenação de Graduação a Distância Sílvia Denise dos Santos Bisinotto Coordenação de Produção de Materiais Didáticos Erileine F. Rodrigues Carotenuto Editoração e Arte Produção de Materiais Didáticos-Uniube Editoração Stela Maria Queiroz Dias Raul Sergio Reis Rezende Revisão textual Érika Fabiana Mendes Salvador Diagramação Andrezza de Cássia Santos Projeto da capa Agência Experimental Portfólio Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Gabriel Gouvêa Slade Doutor e mestre em Biofísica Molecular pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Bacharel em Física Biológica pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Possui experiência no ensino de Física no Ensino Fundamental, Médio e Superior, tendo atuado como docente na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) e na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Possui experiência em modelagem e simulação computacional de macromoléculas. Sobre o autor Sumário Apresentação .....................................................................................VII Capítulo 1 Oscilações – parte 1 ............................................................ 1 1.1 As oscilações e suas causas .................................................................................. 2 1.2 O Movimento Harmônico Simples (MHS) .............................................................. 7 1.2.1 Funções horárias do MHS ............................................................................ 8 1.2.3 Cálculo da energia em um sistema massa-mola ....................................... 17 1.3 Conclusão ............................................................................................................. 21 Capítulo 2 Oscilações – parte 2 .......................................................... 23 2.1 O pêndulo simples ................................................................................................ 24 2.2 O pêndulo físico .................................................................................................... 27 2.3 Oscilações amortecidas ........................................................................................ 30 2.3.1 Movimento subamortecido .......................................................................... 32 2.3.2 Movimento criticamente amortecido ........................................................... 33 2.3.3 Movimento sobreamortecido ....................................................................... 35 2.3.4 Energia para oscilações amortecidas ......................................................... 35 2.4 Oscilações forçadas .............................................................................................. 37 2.5 Conclusão ............................................................................................................. 39 Capítulo 3 Ondas mecânicas .............................................................. 43 3.1 O movimento ondulatório ...................................................................................... 44 3.2 Tipos de ondas ...................................................................................................... 46 3.3 Ondas progressivas .............................................................................................. 48 3.4 Ondas periódicas .................................................................................................. 50 3.5 Conclusão ............................................................................................................. 56 Capítulo 4 Descrição matemática das ondas ..................................... 59 4.1 Equação de onda .................................................................................................. 60 4.2 Velocidade de propagação de ondas transversais .............................................. 65 4.3 Velocidade de propagação de ondas longitudinais .............................................. 71 4.4 Energia e potência de uma onda em uma corda ................................................. 74 4.5 Conclusão ............................................................................................................. 77 Capítulo 5 Interferência ....................................................................... 79 5.1 Reflexão e refração de ondas .............................................................................. 80 5.2 Princípio da superposição de ondas .................................................................... 84 5.3 Interferência de ondas harmônicas ...................................................................... 87 5.4 Ondas estacionárias em cordas ........................................................................... 89 5.5 Modos normais de uma corda .............................................................................. 91 5.6 Conclusão ............................................................................................................. 95 Capítulo 6 Ondas sonoras .................................................................. 99 6.1 Características das ondas sonoras .................................................................... 100 6.2 Percepção das ondas sonoras ........................................................................... 105 6.3 Interferência de ondas sonoras .......................................................................... 107 6.4 Batimentos ...........................................................................................................110 6.5 Modos normais de vibração.................................................................................111 6.6 Efeito Doppler ......................................................................................................115 6.7 Conclusão ............................................................................................................118 Capítulo 7 Ondas eletromagnéticas ................................................. 121 7.1 Características das ondas eletromagnéticas ..................................................... 122 7.2 Equação de onda eletromagnética ..................................................................... 127 7.3 Difração de ondas ............................................................................................... 131 7.4 Redes de difração ............................................................................................... 134 7.5 Difração de raios x .............................................................................................. 136 7.6 Conclusão ........................................................................................................... 138 Capítulo 8 Oscilações e ondas em sala de aula .............................. 141 8.1 Molas como instrumento pedagógico ................................................................. 142 8.2 O pêndulo simples em sala de aula ...................................................................145 8.3 Interferência e difração: uma forma simples de observar esses fenômenos .... 147 8.4 A física do violão ................................................................................................. 151 8.5 Aplicação de simulações computacionais dentro de sala de aula ..................... 154 8.6 Conclusão ........................................................................................................... 157 Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) conosco! Neste livro, você entrará em contato com a disciplina Oscilações e Ondas e aqui procuraremos compreender aspectos relacionados aos movimentos oscilatórios e ondulatórios. Esses tipos de movimentos estão relacionados e possuem grande importância dentro da Física, uma vez que fazem parte do nosso cotidiano. Entre as situações em que encontramos movimentos oscilatórios podemos citar as vibrações mecânicas, enquanto, do ponto de vista da ondulatória, podemos citar as ondas sonoras e eletromagnéticas. Seu livro está dividido em oito capítulos. No primeiro e no segundo deles, discutiremos sobre as oscilações e suas causas. Em particular, iremos abordar um caso específico de oscilação, o Movimento Harmônico Simples. Mostraremos sistemas que obedecem a esse tipo de movimento, além de tratar de situações em que temos oscilações amortecidas e forçadas. No terceiro capítulo, iremos inicialmente destacar a importância do movimento ondulatório e classificar os diferentes tipos de onda. Além disso, discutiremos sobre ondas periódicas e relacionaremos o comportamento desse tipo de onda com o Movimento Harmônico Simples. Já no quarto capítulo, utilizaremos recursos matemáticos para obter expressões relacionadas com o movimento ondulatório. Determinaremos a equação de onda para o caso ideal e deduziremos expressões que relacionam a velocidade de propagação de uma onda mecânica com o meio no qual ela se propaga. Apresentação VIII UNIUBE Na sequência, discutiremos sobre fenômenos ondulatórios. Em particular, debateremos sobre um fenômeno característico de ondas: a interferência. Assim, no capítulo quinto, exploraremos a interferência de ondas e a formação de ondas estacionárias. Por fim, ainda demonstraremos os modos normais de vibração em uma corda e verificaremos as condições necessárias para a sua ocorrência. Nos capítulos sexto e sétimo, estudaremos as características de dois tipos de ondas que são extremamente importantes no nosso dia a dia: as ondas sonoras e eletromagnéticas. Por fim, no último capítulo, voltaremos nossa atenção para possíveis abordagens e estratégias acerca de oscilações e ondas que podem ser usadas dentro de sala de aula para o Ensino Fundamental e Médio. Bom proveito! Introdução Oscilações – parte 1Capítulo 1 Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) conosco! Você já dever ter reparado que constantemente, em nosso dia a dia, deparamos com movimentos que se repetem ao longo do tempo. Uma criança brincando em um balanço, as cordas de um violão sendo dedilhadas e um alto-falante vibrando são apenas algumas situações em que podemos encontrar tais repetições. A esse tipo de movimento damos o nome de oscilação. Neste capítulo, discutiremos sobre as oscilações e suas causas. Para isso, trabalharemos com um sistema de fundamental importância na Física denominado sistema massa-mola. Além disso, iremos abordar um caso específico de oscilação, o Movimento Harmônico Simples. Ao final do estudo deste capítulo, espera-se que o aluno seja capaz de: • reconhecer os movimentos oscilatórios e suas causas; • discutir sobre o movimento de um sistema massa-mola; Objetivos 2 UNIUBE 1.1 As oscilações e suas causas 1.2 O Movimento Harmônico Simples (MHS) 1.2.1 Funções horárias do MHS 1.2.2 Análise gráfica do MHS 1.2.3 Cálculo da energia em um sistema massa-mola 1.3 Conclusão Esquema • identificar um movimento harmônico simples; • analisar graficamente o comportamento de um sistema que realiza um movimento harmônico simples; • calcular a energia do movimento harmônico simples. As oscilações e suas causas1.1 Em diversas áreas da Física podemos encontrar fenômenos oscilatórios. Na Mecânica, por exemplo, podemos citar como sistemas vibratórios pêndulos, diapasões, cordas de instrumentos musicais e colunas de ar em instrumentos de sopro. “Na Eletrodinâmica, a corrente elétrica alternada que utilizamos em nosso dia a dia representa um sistema oscilatório.” (NUSSENZVEIG, 2002, p. 39). De um modo geral, qualquer coisa que oscile para frente e para trás, para lá e para cá, de um lado para outro, para dentro e para fora, ou para cima e para baixo, está vibrando. Uma vibração ou oscilação é um movimento bamboleante com o transcorrer do tempo. (HEWITT, 2015, p. 357). Para que um movimento oscilatório ocorra,“é necessária a ação de uma força restauradora que obriga o sistema a voltar para a sua posição de equilíbrio.” (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.34). UNIUBE 3 Um tipo de sistema clássico para se estudar as oscilações é formado por uma massa e uma mola, Figura 1. Para esse tipo de sistema, um corpo de massa m desliza em uma superfície horizontal sem atrito. A mola utilizada possui massa desprezível e pode ser esticada e comprimida. Como o movimento só ocorre na horizontal, o módulo do peso do corpo é igual à normal e a força responsável pelo movimento é a força da mola. Note que nas situações em que a mola é esticada ou comprimida a força da mola atua de modo a fazer com que o corpo volte para a posição de equilíbrio (situação em que a mola não está deformada). “Desse modo, a força elástica atua como uma força restauradora e faz com que o sistema oscile.” (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 34). A fim de compreender o movimento descrito por esse sistema, vamos considerar um sistema de referência no qual, quando a mola não sofre deformação, a posição x do corpo vale 0, ou seja, (Figura 2a) . Ao esticar a mola por uma quantidade A, a posição do corpo passa a ser . Nessa situação, a mola exerce uma força sobre o bloco que é proporcional à sua deformação (Figura 2). Figura 1 –Representação do sistema massa-mola e das forças que atuam sobre o sistema Fonte: Elaborada pelo autor. 4 UNIUBE Figura 2 – Representação do movimento descrito por um sistema massa-mola tendo como referência o eixo x Fonte: Elaborada pelo autor. Essa força é conhecida como força elástica e é determinada pela Lei de Hook, , em que é a constante elástica da mola e, a deformação sofrida por ela. Para a situação descrita, como a força elástica é a força resultante responsável pelo movimento, temos que: Desse modo, o corpo então é acelerado em direção à posição de equilíbrio. Ao passar pela posição de equilíbrio, como a mola não sofre deformação, a força resultante sobre o corpo é zero. Entretanto, como o corpo está com velocidade, ele continua a se movimentar de modo a comprimir a mola. Esse movimento faz surgir uma força restauradora contrária à movimentação do corpo (Figura 2c acima). Essa força faz com que o bloco pare de se movimentar exatamente quando ele atingir a posição de . Nesse ponto, a força resultante será: UNIUBE 5 portanto a aceleração do corpo será: Novamente o corpo será acelerado para a posição de equilíbrio. Note que na ausência de atrito esse movimento continuaria acontecendo indefinidamente: a mola esticaria até a posição , na sequência a massa retornaria à posição de equilíbrio com velocidade e comprimiria a mola até a posição , novamente a massa retornaria à posição de equilíbrio com velocidade e a mola seria esticada novamente até a posição . Ao partir da posição , movimentar-se até e retornar à posição , dizemos que o sistema massa-mola realiza uma oscilação completa, ou um ciclo completo. Como dito anteriormente, devido à ausência da força de atrito, o movimento permaneceria inalterado indefinidamente. Nessas situações, denominamos o movimento realizado movimento periódico. Quando falamosde movimentos oscilatórios, podemos associar algumas grandezas físicas importantes, que são: • Período (T): tempo necessário para realização de uma oscilação completa. A unidade do período no Sistema Internacional (SI) é o segundo (s). • Frequência (f): número de oscilações que ocorrem por unidade de tempo. A unidade de frequência no SI é o hertz (Hz), que representa o número de oscilações que ocorrem por segundo. 6 UNIUBE Note pela definição que existe um relação entre o período e a frequência, de modo que o período representa o inverso da frequência, ou seja, Vale destacar ainda que, em um movimento periódico, o período e a frequência permanecem inalterados ao longo do tempo. Vamos aplicar o que vimos até agora? Resolva a atividade a seguir. Atividade 1 Suponha um sistema massa-mola que é deslocado inicialmente 0,8m de sua posição de equilíbrio. Sendo sua velocidade inicial igual a zero e considerando que após 0,4s ele passa pela primeira vez pela sua posição de equilíbrio, calcule: a) a amplitude, b) o período e c) a frequência do movimento realizado pelo sistema. Despreze as forças de atrito. Agora confira sua resposta. Veja se você acertou: Atividade 1 As condições iniciais fornecidas no enunciado nos dizem que a posição inicial da partícula é e que a velocidade inicial é igual a zero. Assim, temos que: a) A amplitude de movimento está relacionada com a máxima deformação da mola. Esse valor é obtido quando a velocidade da partícula é zero. Assim, a amplitude A do movimento será .. AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 7 O Movimento Harmônico Simples (MHS)1.2 Na seção anterior, vimos que um movimento oscilatório é causado por uma força restauradora que obriga o sistema a retornar para a sua posição de equilíbrio. Além disso, exploramos o comportamento de um sistema massa-mola na ausência de forças de resistência. Além de ser conhecido por apresentar um movimento periódico, o sistema massa-mola descreve um movimento conhecido como Movimento Harmônico Simples (MHS). “A condição necessária para que o movimento de um sistema seja classificado como movimento harmônico simples é que a força resultante seja proporcional e oposta ao deslocamento, a partir da posição de equilíbrio.” (TIPLER; MOSCA, 2009, p. 466). Vimos que, em um sistema massa-mola, a força resultante que atua sobre o corpo é igual à força elástica, portanto b) O período do movimento está relacionado com o tempo de uma oscilação completa. Para o problema proposto, teremos uma oscilação completa quando a partícula passar pela posição de equilíbrio, deformar a mola 0,8m no sentido oposto, passar novamente pela posição de equilíbrio e retornar à posição do início do movimento. Como o sistema demora 0,4s para passar pela primeira vez pela posição de equilíbrio, ele levará 4 vezes esse tempo para retornar à posição inicial. Assim, c) Para determinar a frequência, temos que ela é o inverso do período, portanto 8 UNIUBE O sinal de menos na expressão da aceleração reforça que a aceleração atua no sentido contrário ao movimento. Outra observação importante a ser feita aqui é que a aceleração que atua sobre o corpo não é constante, portanto não podemos aplicar as equações da Cinemática do Movimento Uniformemente Variado (MUV) para descrever a trajetória dessa partícula. Assim, como podemos então descrever o movimento de uma partícula que realiza um Movimento Harmônico Simples? 1.2.1 Funções horárias do MHS Uma alternativa formal para descrever o Movimento Harmônico Simples é por meio da resolução de uma equação diferencial ordinária de segunda ordem. Como a aceleração de um corpo pode ser descrita pela derivada de segunda ordem da posição em função do tempo, a aceleração em um sistema massa-mola é expressa como ou ainda, com . Essa equação é classificada como equação linear homogênea de segunda ordem com coeficiente constante. Esse é o tipo de equação mais importante em Física Matemática e sua solução geral é formada pela combinação linear de duas soluções linearmente independentes, ou seja, x1(t) e x2(t) são soluções da equação diferencial e a solução geral é dada pela expressão . UNIUBE 9 Ao olharmos para expressão da equação diferencial, ela nos diz que a segunda derivada de uma função é igual ao negativo de uma constante multiplicada por essa mesma função. As funções seno e cosseno são duas funções que, ao derivarmos duas vezes, encontramos a própria função com o sinal negativo. No caso do sistema massa-mola, temos que duas possíveis soluções x1(t) e x2(t) podem ser expressas da forma: em que as diferenças de fase e diferem entre si em π/2. Podemos, portanto, escrever a solução geral do problema como em que as diferenças de fase estão sendo consideradas nas constantes A e B. Note que a solução geral engloba todas as soluções possíveis para o problema proposto. Além disso, observe que as possíveis soluções são funções periódicas, portanto esse é o comportamento do corpo também. Por simplicidade podemos utilizar apenas como solução para descrever o comportamento do sistema massa-mola. As constantes e são obtidas por meio das condições iniciais do problema estudado. “Uma outra forma de se obter a solução para o Movimento Harmônico Simples é através da sua semelhança com o movimento circular uniforme.” (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 37). Para isso, podemos pensar em um aparato experimental que consiste numa esfera presa na extremidade de um disco de raio A que gira com velocidade angular constante ω, iluminada por um feixe de luz e tendo a sombra da esfera projetada sobre uma tela.Esse aparato está representado na Figura 3 a seguir. 10 UNIUBE Figura 3 – Aparato experimental Fonte: Elaborada pelo autor. Por meio desse aparato, podemos observar que enquanto a esfera percorre uma circunferência de raio A, sua sombra projetada na tela oscila entre pontos equidistantes ao centro de uma reta com comprimento 2A. Se colocarmos um sistema massa-mola para oscilar paralelamente à direção da sombra com mesma frequência e amplitude de movimento do disco, observaremos que os movimentos da sombra e o do sistema massa-mola serão idênticos. Analise a Figura 4. Ela é a representação do sistema massa-mola oscilando paralelamente à direção da projeção da sombra da esfera que realiza o movimento circular. Como dissemos, a frequência e a amplitude de movimento são iguais nos dois sistemas: Figura 4 – Sistema massa-mola oscilando Fonte: Elaborada pelo autor. UNIUBE 11 Desse modo, “o movimento harmônico simples é a projeção de um movimento circular uniforme sobre o diâmetro de um círculo.” (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 37). A partir dessa conclusão, podemos utilizar o conceito de fasor para determinar a aceleração da sombra e determinar a função horária do Movimento Harmônico Simples. Para compreender o conceito de fasor e determinar a função horária do Movimento Harmônico Simples, vamor considerar o movimento circular da esfera e utilizar um eixo de coordenadas xy no plano da circunferência descrita pela esfera. Veja essa situação na Figura 5 a seguir, que é a representação por meio de fasor do movimento de uma esfera em um disco de raio A que se movimenta com velocidade angular ω constante.. Figura 5 – Fasor do movimento Fonte: Elaborada pelo autor. A descrição do movimento da esfera em relação ao centro da circunferência pode ser obitda por meio de um vetor . Esse vetor girante que acompanha o movimento da esfera é denominado fasor. Perceba que o movimento da sombra no anteparo coincide com a projeção do fasor no eixo x. Como a circunferência possui raio igual a A, o módulo do fasor também é A. Desse modo, a projeção do fasor no eixo x em um instante t qualquer é dada por em que θ é o ângulo entre o fasor e o eixo x. 12 UNIUBE Em um movimento circular uniforme, o módulo da velocidade linear é constante e a única aceleração presente é a aceleração centrípeta . Essas grandezas se relacionamcom a velocidade angular ω por meio das expressões: Note, pela Figura 6, que tanto a velocidade linear (6a) como a aceleração centrípeta (6b) podem ser projetadas no eixo x, de modo que essas projeções representam respectivamente a velocidade e a aceleração do movimento da sombra da esfera. Figura 6 – Representação da projeção da (a) velocidade linear e da (b) aceleração centrípeta Fonte: Elaborada pelo autor. Assim sendo, a Figura 6 é a representação da projeção no eixo x da (a) velocidade linear e da (b) aceleração centrípeta do movimento de uma esfera em um disco de raio A que se movimenta com velocidade angular ω constante. Desse modo, podemos descrever o movimento da sombra da esfera pelas grandezas posição, velocidade e aceleração em um instante qualquer como: UNIUBE 13 Observe que a aceleração pode ser escrita como: que é análoga à equação do sistema massa-mola. Dessa forma, conseguimos mostrar que o Movimento Harmônico Simples é a projeção de um movimento circular uniforme sobre o diâmetro de um círculo, como dito anteriormente. Assim, a função horária do Movimento Harmônico Simples é dada pela expressão: em que e . A velocidade e a aceleração para esse tipo de movimento são respectivamente: O termo é conhecido como frequência angular para o Movi- mento Harmônico Simples e é denominada constante de fase, que é determinada pelas condições iniciais do problema. Além dis- so, a frequência e o período de oscilação do sistema massa-mola são dados respectivamente por: 14 UNIUBE e dependem apenas da massa do corpo e da constante elástica da mola, independentemente da amplitude A do movimento. O fato de o período independer da amplitude de oscilação é uma importante característica do Movimento Harmônico Simples. Atividade 2 Considere um sistema que realiza um Movimento Harmônico Simples com amplitude e período de oscilação . No instante a partícula se encontra na posição . Sendo assim, determine a função horária desse sistema. Agora confira sua resposta. Atividade 2 A função horária de um Movimento Harmônico Simples é dada pela expressão . Pelo enunciado do problema, temos a amplitude e o período . Assim, para determinarmos a função horária do problema proposto, devemos encontrar e . A frequência angular pode ser obtida pela expressão: Já para determinarmos o valor da constante de fase , devemos utilizar as condições iniciais fornecidas pelo enunciado do problema. Assim, Desse modo, a função horária do problema proposto é AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 15 Continue exercitando. Resolva por si mesmo(a) e só então cheque sua resposta. Atividade 3 Um bloco de massa 0,5kg está conectado a uma mola e oscila em MHS com amplitude . A constante elástica da mola vale 250N/m. Determine a frequência angular, a frequência e o período de oscilação desse sistema. Atividade 3 Os dados fornecidos pelo enunciado do problema são: , e . Assim, temos que: AGORA É A SUA VEZ 1.2.2 Análise gráfica do MHS Na seção anterior, pudemos determinar as funções horárias que descrevem o Movimento Harmônico Simples. Essas podem ser expressas por meio de gráficos e, através deles, podemos obter informações importantes para compreender o movimento estudado. Ao olharmos para a equação da posição em função do tempo, 16 UNIUBE temos que a posição do corpo oscila entre o valor máximo e mínimo . A oscilação entre esses valores ocorre por meio de uma função do tipo cosseno. Assim, o gráfico da posição da partícula no MHS em função do tempo pode ser observado na Figura 7. Figura 7 – Gráfico da posição em função do tempo para o movimento harmônico simples Fonte: Elaborada pelo autor. Note que o movimento é restrito entre e e que uma oscilação completa denota o período do movimento. Além disso, para o caso representado, a constante de fase , uma vez que . Podemos ainda fazer o gráfico da velocidade e da aceleração em função do tempo para analisar o Movimento Harmônico Simples. Observe na Figura 8 que, quando a partícula se encontra nas posições de amplitude máxima, a velocidade da partícula é zero e a aceleração que atua sobre ela é máxima no sentido contrário ao deslocamento. UNIUBE 17 Figura 8 – Gráfico da velocidade (a) e aceleração (b) em função do tempo para o Movimento Harmônico Simples.As linhas tracejadas representam a posição da partícula em função do tempo Fonte: Elaborada pelo autor. Já quando a amplitude de movimento da partícula é zero, sua velocidade é máxima e a aceleração que atua sobre ela é nula. 1.2.3 Cálculo da energia em um sistema massa-mola Considerando ainda o sistema massa-mola, podemos inferir sobre a energia do Movimento Harmônico Simples. Durante as nossas análises do sistema massa-mola, desprezamos todo tipo de forças de atrito ou resistência e vimos que a força resultante que 18 UNIUBE atua no sistema é a força elástica. Nesse sentido, o sistema massa-mola é um sistema conservativo, portanto sua energia mecânica total é conservada. As energias cinética e potencial do sistema massa-mola são dadas pelas expressões: Portanto a energia total do sistema é escrita por: Substituindo a velocidade e a posição por suas respectivas funções horárias, temos que: Sendo e colocando os termos em comum em evidência: Note que quanto maior a amplitude de movimento, maior será a energia mecânica total do sistema. Além disso, podemos montar um gráfico de energia em função da posição da partícula (Figura 9) e analisar as transformações entre as energias cinética e potencial. UNIUBE 19 Figura 9 – Gráfico das energias total (linha contínua), cinética (linha tracejada) e potencial (linha pontilhada) em função da posição de uma partícula do sistema massa-mola Fonte: Elaborada pelo autor. Quando o sistema atinge sua amplitude máxima, a energia potencial é máxima e a energia cinética é nula. Conforme a deformação da mola diminui, a energia potencial diminui e a energia cinética aumenta até atingir seu máximo quando a deformação é nula. Na sequência, o sistema diminui sua velocidade e consequentemente sua energia cinética também diminui, enquanto isso a energia potencial aumenta até atingir seu valor máximo quando a velocidade é nula. Atividade 4 Considere um sistema massa-mola que executa um Movimento Harmônico Simples. Ao passar pela posição de equilíbrio, a velocidade da partícula é 2m/s. Sendo a massa da partícula igual a 0,250kg e a constante de mola igual a 150N/m, determine a amplitude máxima do movimento desse sistema. AGORA É A SUA VEZ Agora, cheque se você acertou: 20 UNIUBE Atividade 4 Na posição de equilíbrio, o sistema apresenta apenas energia cinética. Assim, Atividade 5 Um alto-falante vibra com frequência de 800Hz e a amplitude do movimento é 0,2mm. Considerando que esse alto-falante execute um Movimento Harmônico Simples, determine a velocidade máxima atingida por ele durante alto-falante durante a execução do seu movimento. AGORA É A SUA VEZ Atividade 5 A velocidade máxima será atingida quando toda energia mecânica do sistema estiver na forma de energia cinética, ou seja, o sistema deve estar na sua posição de equilíbrio. Assim, UNIUBE 21 Conclusão1.3 Compreender os movimentos oscilatórios é de fundamental importância na Física, uma vez que diversos sistemas ao nosso redor apresentam esse tipo de comportamento. Essa compreensão é obtida por meio da descrição do movimento e de grandezas físicas como período e frequência de oscilação. Neste capítulo abordamos um tipo particular de sistema oscilatório, o sistema massa-mola, e por meio dele podemos estudar o Movimento Harmônico Simples. No próximo capítulo, estudaremos outros casos de movimento oscilatório e suas respectivas características. Resumo Neste capítulo, iniciamos nossos estudos sobre oscilações. Discutimos sobre as causas do movimento oscilatório e o Movimento Harmônico Simples. Em particular, exploramos o movimento do sistemamassa-mola. Entre os tópicos discutidos, podemos destacar os seguintes pontos: • Movimento oscilatório: movimento que se repete ao longo do tempo. • Força restauradora: força que obriga o sistema a retornar à sua posição de equilíbrio. • Período (T): tempo necessário para uma oscilação completa. • Frequência (f): número de oscilações que ocorrem por unidade de tempo. • Movimento periódico: o período de oscilação é inalterado ao longo do tempo. • Movimento Harmônico Simples (MHS): movimento no qual a força resultante é proporcional e oposta ao deslocamento, a partir da posição de equilíbrio. 22 UNIUBE • Equações do sistema massa-mola: em que . Referências HEWITT, Paul G. Física conceitual. 12 ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica: fluidos, oscilações e ondas, calor. 4 ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2002. TIPLER, Paul A; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Sears &Zemansky física II: termodinâmica e ondas.12 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009. Introdução Oscilações – parte 2Capítulo 2 Olá, caro(a) aluno(a). Prazer tê-lo(a) novamente conosco agora no segundo capítulo de nosso livro. No capítulo anterior, demos início aos nossos estudos sobre oscilações por meio de um sistema massa-mola e discutimos sobre o Movimento Harmônico Simples (MHS). Você pode perguntar: Existem outros sistemas que também possuem as mesmas características de um MHS? Sim. Entre eles, podemos destacar o pêndulo simples e o pêndulo físico. Outro tópico importante quando falamos de oscilações diz respeito às oscilações amortecidas, sistemas nos quais atuam forças de resistência e que apresentam comportamento próximo ao de sistemas reais. Assim, durante este capítulo, iremos inicialmente descrever o movimento de um pêndulo simples e um pêndulo físico, destacando as características do Movimento Harmônico Simples. Na sequência, discutiremos para um sistema massa-mola as oscilações do tipo amortecida e forçada. Por fim, analisaremos o fenômeno da ressonância. 24 UNIUBE Ao final do estudo deste capítulo, espera-se que você seja capaz de: • descrever o movimento de um pêndulo simples e de um pêndulo físico; • discutir sobre oscilações amortecidas e forçadas; • analisar o fenômeno da ressonância. Objetivos 2.1 O pêndulo simples 2.2 O pêndulo físico 2.3 Oscilações amortecidas 2.3.1 Movimento subamortecido 2.3.2 Movimento criticamente amortecido 2.3.3 Movimento sobreamortecido 2.3.4 Energia para oscilções amortecidas 2.4 Oscilações forçadas 2.5 Conclusão Esquema O pêndulo simples2.1 O pêndulo simples é um sistema ideal formado por um fio inextensível de comprimento L e massa desprezível, que possui uma extremidade fixa e na outra extremidade uma partícula puntiforme de massa m (Figura 1). Figura 1–Representação de um pêndulo simples Fonte: Elaborada pelo autor. UNIUBE 25 Esse tipo de sistema, ao sofrer um deslocamento lateral, retorna à sua posição de equilíbrio e pode representar “diversas situações que acontecem em nosso dia a dia: uma criança brincando em um balanço, um relógio cuco ou o movimento de um sino, por exemplo.” (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.49). Para descrever o movimento descrito por um pêndulo simples, vamos deslocar a partícula de sua posição de equilíbrio ( ) e colocar as forças que atuam sobre ela (volte à Figura 1). Note que podemos decompor a força-peso P que atua sobre a partícula em duas componentes: Px e Py. A componente Py possui a mesma direção e sentido contrário da força de tração T, de modo que, aplicando a segunda lei de Newton, temos: Assim, a componente Px da força-peso é responsável pelo movimento da partícula. Aplicando novamente a segunda lei de Newton, temos: Note que a aceleração da partícula depende de , fato que traz não linearidade ao seu movimento. Entretanto, podemos fazer uma aproximação do movimento para ângulos pequenos, de modo que , portanto 26 UNIUBE Sendo , podemos escrever a aceleração de um pêndulo simples como: , em que . A expressão encontrada é semelhante à de um sistema massa-mola e a aceleração é proporcional e oposta ao deslocamento. Desse modo, temos que o pêndulo simples, para pequenas oscilações, comporta-se por meio de um Movimento Harmônico Simples. A frequência e o período de oscilação para o movimento de um pêndulo simples nessas condições são encontrados pelas expressões Observe ainda que a “frequência e o período independem da amplitude de movimento (para aproximação de pequenas amplitudes), característica também encontrada para o sistema massa-mola e própria do Movimento Harmônico Simples.”(TIPLER; MOSCA, 2009, p. 478). Essa característica pode ainda ser utilizada para determinar o valor da gravidade em locais como o subsolo da Terra, que sofre variações devido à diversidade das formações rochosas que existem (HEWITT, 2015, p. 358). Para situações em que não podemos aproximar , a frequência e o período de oscilção de um pêndulo simples passam a depender da amplitude de movimento e o sistema deixa de apresentar um Movimento Harmônico Simples. Nesses casos, por meio de expansão em série, podemos mostrar que o período é dado por:(YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.50): UNIUBE 27 Atividade 1 Uma turma do curso de Física foi ao laboratório realizar um experimento sobre oscilações. Para isso, utilizaram um pêndulo simples e encontraram para movimentos de pequenas oscilações que o período de oscilação era por volta de 1,2s. Considerando que o comprimento do fio utilizado possuía 35cm, determine a aceleração da gravidade encontrada pelos alunos. AGORA É A SUA VEZ O pêndulo físico2.2 Diferentemente de um pêndulo simples, o pêndulo físico representa “um pêndulo real e constitui um único corpo com volume finito que oscila em torno de um ponto sobre um eixo de referência.” (TIPLER; MOSCA, 2009, p. 480). Para que um corpo rígido rotacione, é necessário que o torque resultante seja diferente de zero. Na Figura 2, temos representado um pêndulo físico e as forças que atuam sobre ele. Atividade 1 Para determinar a aceleração da gravidade encontrada pela turma de alunos, devemos utilizar a expressão para o período de um pêndulo simples e substituir os valores fornecidos pelo enunciado e . Assim, 28 UNIUBE Figura 2 –Representação de um pêndulo físico Fonte: Elaborada pelo autor. Note que, ao ser deslocado da sua posição de equilíbrio, a componente Px da força peso P é responsável por fazê-lo retornar à sua posição de equilíbrio. Assim, pela segunda lei de Newton para a rotação, temos: em que é o momento de inércia do corpo rígido que representa o pêndulo físico e é a distância do centro de massa desse corpo até o eixo de rotação. A partir da equação acima, podemos determinar a aceleração angular do sistema: Novamente, encontramos que a aceleração (nesse caso angular) do sistema depende de , fato que traz não linearidade ao seu movimento. Entretanto, podemos fazer uma aproximação do movimento para ângulos pequenos, de modo que , portanto: UNIUBE 29 em que . Observe que novamente temos uma equação semelhante a de um sistema massa-mola, em que a aceleração é proporcional e oposta ao deslocamento (nesse caso estamos falando de quantidades angulares). Desse modo, para pequenos ângulos, o pêndulo físico também apresenta Movimento Harmônico Simples. A frequência e o período de oscilação para esse sistema são expressos pelas equações: e novamente temos que essas grandezas independem da amplitude de movimento. “A determinação dessas quantidades é importante experimentalmente, uma vez que permite, por exemplo, determinar o momento de inércia de um corpo”. (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.51) Atividade 2 Um pêndulo físico com massa oscila com frequência de 0.4Hz. Considere e determine a relação entre a distância entre o eixo de rotação e o centro demassa do pêndulo físico e o seu momento de inércia . AGORA É A SUA VEZ 30 UNIUBE Oscilações amortecidas2.3 Até aqui, sempre quando descrevemos os movimentos oscilatórios, desprezamos as forças dissipativas. Para essas situações, a energia do sistema era conservada e o sistema oscilava indefinidamente. Entretanto, em sistemas reais, temos a ação de forças de atrito ou resistência que atuam de modo a fazer o sistema parar de oscilar. Assim, iremos ao longo desta seção estudar as oscilações amortecidas. Considere um sistema massa-mola que sofra a ação de uma força de resistência que seja proporcional à velocidade, . Observe na Figura 3 que a força de resistência é sempre oposta à velocidade. Figura 3 – Representação do movimento descrito por um sistema massa-mola sob a influência de uma força dissipativa Fonte: Elaborada pelo autor. Atividade 2 Pelos dados fornecidos, temos que , e . Assim, UNIUBE 31 Assim, para a situação descrita na Figura 3 e aplicando a segunda lei de Newton, temos que: em que é chamado de parâmetro de amortecimento e . Para resolvermos essa equação diferencial linear e homogênea de segunda ordem, devemos recorrer a uma equação chamada de equação característica, que é expressa como: Observe que a equação característica transformou uma equação diferencial de segunda ordem em uma equação algébrica de segunda ordem, que possui simples resolução (fórmula de Bhaskara). As raízes da equação característica são: Uma vez obtidas as raízes da equação característica, podemos escrever a solução geral da equação diferencial de segunda ordem como: 32 UNIUBE Assim, para o sistema estudado, teremos que a solução geral será dada por: Basicamente, quando estudamos oscilações amortecidas, temos três casos distintos: 1) Subamortecimento: 2) Amortecimento crítico: 3) Sobreamortecimento: e abordarmos cada caso individualmente a seguir. 2.3.1 Movimento subamortecido Convém definirmos para o caso do movimento subamortecido uma frequência angular , conhecida como frequência angular do oscilador amortecido e expressa por: Para esse caso, temos que , portanto . Como a solução geral encontrada nesta seção possui o termo , no caso subamortecido teremos o aparecimento de termos imaginários . Assim, a solução geral para o caso subamortecido pode ser escrita como: Pela fórmula de Euler, temos que e podemos reescrever a solução geral do movimento como: UNIUBE 33 em que as constantes do movimento obtidas pelas condições iniciais do problema são a amplitude inicial A e a diferença de fase δ. Observe que a solução obtida é composta pelo produto de dois termos: e . O primeiro deles é responsável por modular a amplitude do movimento, fazendo com que ela decaia exponencialmente com o tempo, algo esperado, pois o sistema perde energia ao longo do tempo devido à força de atrito. Já o segundo está relacionado com o movimento oscilatório da partícula. Na Figura 4, podemos observar o comportamento desse tipo de movimento em comparação com o movimento de um oscilador harmônico simples. Figura 4 – Gráfico da posição em função do tempo do movimento subamortecido Fonte: Elaborada pelo autor. 2.3.2 Movimento criticamente amortecido O movimento criticamente amortecimento ocorre quando . Nesse caso, as raízes da equação característica são iguais e a solução geral é escrita da forma: Observe que essa solução não apresenta uma função periódica do tipo seno ou cosseno. Assim, o movimento criticamente amortecido não apresenta comportamento oscilatório e decai monotonicamente até a posição de equilíbrio. Esse tipo de amortecimento ocorre em sistemas como ponteiros de medidores e molas pneumáticas ou hidráulicas de portas. 34 UNIUBE Figura 5 – Gráfico da posição em função do tempo do movimento criticamente amortecido Fonte: Elaborada pelo autor. Atividade 3 A frequência angular natural de um sistema é e sua massa é 0,25kg. Considere uma situação com amortecimento na qual o sistema retorna o mais rapidamente à sua posição de equilíbrio. Determine a constante da força de resistência aplicada sobre o sistema. AGORA É A SUA VEZ Atividade 3 O sistema retorna mais rapidamente à sua posição de equilíbrio na situação de amortecimento crítico. Nesse caso, temos que: UNIUBE 35 2.3.3 Movimento sobreamortecido Por fim, no movimento sobreamortecido, temos que o parâmetro de amortecimento é maior que a frequência natural de oscilação ( . Neste caso, não temos termos imaginários e a solução é formada apenas por termos que decaem exponencialmente com o tempo. Podemos então escrever a solução geral deste movimento por meio da equação: em que . Note que, nesse caso, o termo não está relacionado com uma frequência, pois na solução não temos funções periódicas. Assim como no caso do movimento criticamente amortecido, o oscilador não apresentará um movimento oscilatório e o sistema irá lentamente retornar à posição de equilíbrio. Observe na Figura 6 o movimento do oscilador em função do tempo para o caso sobreamortecido. Figura 6 – Gráfico da posição em função do tempo do movimento sobreamortecido Fonte: Elaborada pelo autor. 2.3.4 Energia para oscilações amortecidas Devido à presença das forças dissipativas, “a energia para oscilações amortecidas não é conservada ao longo do tempo. Podemos então deduzir uma expressão que representa essa variação de energia em 36 UNIUBE função do tempo.” (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.54). A energia total inicial para um sistema massa-mola é expressa por: Ao derivarmos a expressão acima em relação ao tempo, temos que Assim, a taxa com que a energia diminui em relação ao tempo é proporcional ao quadrado da velocidade do sistema. Atividade 4 Um oscilador amortecido de constante elástica oscila inicialmente com amplitude máxima de oscilação . Após 4 oscilações completas, a nova amplitude é 1/4 da amplitude incial. Calcule a porcentagem de energia perdida depois das 4 oscilações completas. AGORA É A SUA VEZ Atividade 4 Energia inicial do sistema é: Depois de 4 oscilações completas, a nova amplitude é , portanto a energia será: UNIUBE 37 A energia perdida nesse caso será . Portanto a porcentagem da energia perdida foi 93,75%. Oscilações forçadas2.4 Por fim, vamos considerar o caso de oscilações que, além de sofrerem a ação de forças dissipativas, sofrem a ação de uma força externa. Vamos considerar aqui a ação de uma força que varia cossenoidalmente em função do tempo. Assim, podemos escrever a equação de movimento para esse sistema como: em que: , e Esse tipo de sistema apresenta dois comportamentos: o primeiro representa movimentos transitórios do sistema que serão extintos devido ao amortecimento causado pela força de atrito. Já o segundo é denominado estado estacionário e descreverá o movimento do sistema após determinado tempo, dominado pela ação da força externa. A partir do estado estacionário, pode-se demostrar que a amplitude máxima de movimento é dada por: Note pela expressão acima que, quando a frequência de vibração da força aplicada coincide com a frequência natural do sistema, a amplitude de movimento se torna máxima. Na Figura 7, podemos observar por meio do gráfico de em função de o pico de amplitude que ocorre quando existe essa coincidência entre as frequências: 38 UNIUBE Figura 7 – Gráfico da amplitude do movimento de um sistema que sofre a ação de uma força oscilatória em função da frequência Fonte: Adaptado de Ressonância (2013). Associamos esse pico de amplitude ao fenômeno da ressonância. Quando ocorrem em sistemas mecânicos, as altas amplitudes de movimento, devido a esse fenômeno, podem gerar destruição. “Esse é o caso de uma ponte que foi destruída devido à marcha de uma tropa de soldados. A frequência com que eles marchavam coincidiu com a frequência natural da ponte.”(YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.56). Atividade 5 Pesquise sobre o fenômeno da ressonância e escreva em, ao menos, um parágrafo umexperimento simples que possa ser realizado dentro de sala de aula para verificação desse fenômeno. AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 39 Conclusão2.5 Diversos sistemas ao nosso redor podem ser associados ao movimento de pêndulos. Tal fato torna importante compreender os aspectos relacionados a esse tipo de movimento. Além disso, é importante frisar que sistemas reais apresentam a ação de forças dissipativas, o que evidencia a necessidade de estudar as oscilações amortecidas e forçadas. Resumo Neste capítulo continuamos nossos estudos sobre oscilações. Discutimos os aspectos relacionados ao movimento do pêndulo simples e do pêndulo físico. Além disso, descrevemos o comportamento apresentado por oscilações amortecidas e forçadas. Por fim, analisamos o fenômeno da ressonância. Entre os tópicos discutidos, podemos destacar os seguintes pontos: • Pêndulo simples: Atividade 5 Nessa atividade, você deve pesquisar sobre uma forma simples de demonstrar o fenômeno da ressonância dentro de sala de aula. Um exemplo pode ser encontrado na referência HEWITT, 2015, página 383, em que, por meio de um par de diapasões, torna- se possível demonstrar tal fenômeno. 40 UNIUBE • Pêndulo físico: • Oscilações amortecidas: • Tipos de amortecimento: – Subamortecimento: – Amortecimento crítico: – Sobreamortecimento: • Movimento subamortecido: • Movimento criticamente amortecido: • Movimento sobreamortecido: UNIUBE 41 • Oscilações forçadas: em que , e • Ressonância: fenômeno que aumenta a amplitude do movimento de oscilação de um sistema e ocorre quando a frequência da força que atua sobre ele é igual à sua frequência natural de oscilação. Referências HEWITT, Paul G. Física conceitual. 12ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica: fluidos, oscilações e ondas, calor. 4 ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2002. RESSONÂNCIA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2020. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Resson%C3%A2ncia.png. Acesso em: 20 jul. 2020. TIPLER, Paul A; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Sears &Zemansky física II: termodinâmica e ondas.12 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009. Introdução Ondas mecânicasCapítulo 3 Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à terceira etapa de estudos de seu livro. Nos capítulos anteriores, pudemos explorar os conceitos relacionados às oscilações e ao Movimento Harmônico Simples (MHS). Entre as características estudadas, fomos capazes de descrever as equações de movimento para diferentes sistemas e relacionar grandezas, como período, frequência e amplitude de oscilação. A partir deste capítulo, iremos discutir sobre o movimento ondulatório e suas características. As ondas estão relacionadas com a forma como as oscilações ou perturbações se propagam em meios distintos. Em nosso dia a dia, deparamos constantemente com os fenômenos ondulatórios, como é o caso das ondas sonoras, luminosas, entre outras. Assim, compreender esse fenômeno é de fundamental importância na Física. Por isso, durante este capítulo, iremos inicialmente destacar a importância do movimento ondulatório e classificar os diferentes tipos de onda. Na sequência, começaremos a descrever aspectos do movimento das ondas por meio do perfil de ondas progressivas. Por fim, discutiremos sobre ondas periódicas e relacionaremos o comportamento desse tipo de onda com o Movimento Harmônico Simples. 44 UNIUBE 3.1 O movimento ondulatório 3.2 Tipos de ondas 3.3 Ondas progressivas 3.4 Ondas periódicas 3.5 Conclusão Esquema Objetivos Ao final do estudo deste capítulo, espera-se que você seja capaz de: • discutir sobre a importância do movimento ondulatório; • classificar os diferentes tipos de onda; • verificar o perfil de ondas progressivas; • relacionar ondas periódicas com o Movimento Harmônico Simples; • identificar grandezas relacionadas com a propagação de ondas. O movimento ondulatório3.1 Uma das áreas de maior importância da Física é a Ondulatória. Diversos avanços foram possíveis graças à compreensão dos aspectos relacionados ao movimento de ondas, por exemplo, nas áreas de comunicação, música e saúde. Mas, afinal, o que seria uma onda? De modo geral, “uma onda é qualquer sinal que se transmite de um ponto a outro em um meio com velocidade constante.” (NUSSENZVEIG, 2002, p. 98). Nesse sentido a onda é responsável por transmitir informação. Além disso, outra característica dela é que transmite energia e movimento sem o transporte de matéria. UNIUBE 45 Uma forma de se compreender o fenômeno ondulatório é observar o movimento de uma onda gerada em uma corda. Para isso, imagine uma corda esticada horizontalmente e com uma de suas extremidades fixa. Podemos gerar uma perturbação nessa corda ao sacudir para cima e para baixo a outra extremidade da corda. Se repetirmos esse movimento periodicamente, iremos observar a propagação de uma onda por meio dela (Figura 1). Figura 1 – Propagação de uma onda por meio de uma corda Fonte: Elaborada pelo autor. Note que, durante essa propagação, cada ponto da corda realiza um movimento de subida e descida, passando pela sua posição inicial. A perturbação realizada em uma das extremidades atinge a extremidade fixa, entretanto a corda permanece no mesmo lugar. Nesse sentido, “houve a transmissão da perturbação sem o transporte de matéria.” (HEWITT, 2015, p. 360). Outro modo de verificarmos esse comportamento das ondas é imaginar um conjunto de peças de dominó que estão em pé e alinhadas. Ao derrubar a primeira delas, todas as outras começam a cair sucessivamente (Figura 2). Figura 2 –Propagação de uma perturbação por meio de uma fileira de dominós Fonte: Elaborada pelo autor. 46 UNIUBE Nesse sentido, novamente, “tivemos a transmissão de uma perturbação sem o transporte de matéria.”(NUSSENZVEIG, 2002, p. 98). Por fim, podemos ainda pensar no movimento de ondas sobre a superfície da água. “Ao deixarmos cair uma pedra sobre a superfície de uma lagoa, vemos que essa perturbação se espalha sobre a água, de modo que esse meio se movimenta e retorna para sua condição inicial após a passagem dessa onda.” (HEWITT, 2015, p. 360). Tipos de ondas3.2 Basicamente, as ondas podem ser classificadas de duas formas: com relação à sua natureza e de acordo com seu modo de propagação. Com relação à sua natureza, podem ser classificadas como: • Ondas mecânicas: são governadas pela lei de Newton e “se propagam apenas em meios materiais. Como exemplos, temos as ondas porduzidas em cordas, ondas do mar, ondas sonoras, entre outras.” (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012, p. 117). • Ondas eletromagnéticas: “são constituídas pelos campos elétrico e magnético e não precisam de um meio para se propagar. Como exemplos temos a luz, as ondas de rádio, as micro-ondas, entre outras.” (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012, p. 117). Já de acordo com seu modo de progação, podem ser classificadas como: • Ondas transversais: Para esse tipo de onda, o movimento da perturbação é perpendicular ao movimento de propagação da onda. Esse é o caso do “movimento de uma onda produzida em uma corda, em que a onda se propaga horizontalmente e a perturbação gerada UNIUBE 47 faz os pontos da corda se movimentarem na vertical, para cima e para baixo”, (como representado na Figura 1). (NUSSENZVEIG, 2002, p. 98). As ondas produzidas em uma corda e as ondas eletromagnéticas são exemplos de ondas transversais. • Ondas longitudinais: Para esse tipo de onda, o movimento da perturbação é paralelo ao movimento de propagação da onda. Podemos pensar, por exemplo, em uma mola que, ao ser comprimida em uma das suas extremidades, retorna à sua posição de equilíbrio de modo que a compressão se propaga ao longo da mola (Figura 3). Figura 3 – Propagação de uma onda por meio de uma molaFonte: Elaborada pelo autor. Além das ondas de compressão em uma mola, as sonoras também são exemplos de ondas longitudinais. Atividade 1 Pesquise sobre as ondas sísmicas que se propagam no interior da Terra. Esse tipo de onda é classificada como onda transversal ou longitudinal? AGORA É A SUA VEZ Atividade 1 As ondas sísmicas são compostas por ondas de compressão, que são longitudinais, e ondas associadas a tensões tangenciais (conhecidas também como cisalhamento), que são ondas transversais. 48 UNIUBE Ondas progressivas3.3 “Uma onda é denominada progressiva quando a perturbação se desloca como um todo com velocidade para um determinada posição, sem mudar de forma.”(NUSSENZVEIG, 2002, p. 99). Para descrever o movimento de uma onda progressiva, vamos considerar um perfil de onda transversal que se propaga em uma corda no plano cartesiano xy, como representado pela Figura 4. Figura 4 – Representação do perfil de onda no plano xy Fonte: Elaborada pelo autor. Note que esse perfil, em um determinado instante , pode ser descrito por uma função . Observe que o movimento desse perfil de onda pode ser descrito por meio de um referencial x´y´ que se desloca com velocidade em relação ao referencial xy, (Figura 5). Figura 5 – Representação do perfil de onda no plano x´y´ Fonte: Elaborada pelo autor. UNIUBE 49 Note que o perfil de onda nesse referêncial permanece o mesmo, de modo que portanto torna-se dependente apenas de x´. Como o referencial x´y´se desloca com velocidade constante em relação ao referencial xy, podemos relacioná-los por meio de uma transformação de Galileu, Assim, podemos então descrever o perfil da onda no referencial xy como: e representar, dessa forma, o movimento de uma onda progressiva que se propaga para a direita com velocidade v. Importante frisar que o perfil descrito pela onda é dependente de x e t por meio de x´, ou seja, depende de . De modo análogo, podemos demonstrar que uma onda progressiva que se propaga para a esquerda com velocidade v tem seu perfil descrito em determinado instante de tempo como: Geralmente, as ondas progressivas movimentam-se simultaneamente tanto para a esquerda como para a direita, de modo que o perfil de onda é dado pela função: 50 UNIUBE Ondas periódicas3.4 Um tipo particular de onda é denominada onda periódica. A fonte para desse tipo de onda oscila periodicamente. Em particular, se essa fonte executa um Movimento Harmônico Simples (MHS), a onda pode ser descrita por meio de uma função seno ou cosseno. Assim, o perfil de onda pode ser escrito como e, consequentemente, Comparando a expressão acima com a solução de um Movimento Harmônico Simples, , temos que a frequência angular do movimento em um determinado ponto é dado por portanto , em que é chamado de amplitude da onda, é denominado fase da onda e é uma constante de fase determinada pelas condições iniciais do sistema. Essa equação é denominada função de onda e representa o deslocamento de um elemento da onda posicionado na posição em um determinado tempo . Assim, para ondas descritas por essa expressão, temos que “cada partícula do meio executa um Movimento Harmônico Simples com a mesma frequência.”(YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.238). UNIUBE 51 Atividade 2 Sendo a função de onda de uma onda harmônica dada pela expressão , a partir da definição dada para o Movimento Harmônico Simples, mostre que cada elemento da onda executa um MHS. Atividade 2 A condição para Movimento Harmônico Simples é que a força resultante e, consequentemente, a aceleração resultante sejam proporcionais e opostas ao deslocamento, a partir da posição de equilíbrio. Assim, a partir da função de onda, temos que: Portanto, em cada elemento da corda, atua uma força resultante que produz uma aceleração proporcional e oposta ao deslocamento, a partir da posição de equilíbrio. AGORA É A SUA VEZ A representação de uma onda periódica pode ser vista na Figura 6: Figura 6 – Representação de uma onda periódica e as grandezas físicas associadas a ela Fonte: Elaborada pelo autor. 52 UNIUBE Note que o perfil de onda se repete pelo meio no qual ela se propaga. Podemos então definir algumas grandezas relacionadas a uma onda, como amplitude, comprimento de onda, número de onda, frequência e período. A amplitude da onda está relacionada com o módulo do máximo deslocamento em relação à posição de equilíbrio sofrido pelos elementos do meio no qual a onda se propaga. Os pontos em que são chamados de cristas e os pontos em que são chamados de vale. O comprimento de onda “está relacionado com a distância paralela à direção de propagação da onda entre repetições da mesma forma de onda.”(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012, p. 117). Uma forma fácil de identificar o comprimento de onda é determinar a distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos. Retornando à equação do perfil de onda, , temos que o parâmetro é denominado número de onda e está relacionado com o comprimento de onda pela expressão: Além disso, podemos definir o período de uma onda como o tempo que um elemento do meio no qual a onda se propaga realiza uma oscilação completa. Consequentemente, podemos associar a frequência de uma onda com o número de repetições que ocorrem por unidade de tempo. Desse modo, podemos relacionar período e frequência por meio da relação: Note que associamos as definições apresentadas anteriormente com os movimentos do meio no qual a onda se propaga, como os pontos de uma corda por exemplo. Entretanto, por meio do comprimento de onda e do período de oscilação, podemos determinar a velocidade de propagação de uma onda. UNIUBE 53 Atividade 3 Ao observar as ondas que se propagam na superfície da água, um observador nota que para um ponto se deslocar da posição de equilíbrio até a amplitude máxima demora 0,5s. Considerando que a onda observada seja harmônica, determine o período e a frequência desse movimento. Atividade 4 Uma onda harmônica se propaga em uma corda e obedece à seguinte equação: em unidades do sistema internacional. Para essa onda, determine a amplitude, o comprimento de onda e seu período. Atividade 3 Na situação descrita, o ponto observado realiza 1/4 de uma oscilação completa. Assim, para o período, temos que: e para a frequência: Atividade 4 Comparando a equação fornecida no enunciado, , com a equação que representa os elementos de uma onda , temos que: – a amplitude da onda: . – para o comprimento de onda: AGORA É A SUA VEZ 54 UNIUBE – para o período da onda: Conforme a onda se desloca em uma corda, por exemplo, temos que o deslocamento é conservado. (Figura 7). Figura 7 – Onda periódica se propagando em uma corda Representação da onda em um instante e em um instante Fonte: Elaborada pelo autor. Assim, a fase da onda deve ser constante ao longo tempo, ou seja, . Derivando a expressão acima em relação ao tempo, temos UNIUBE 55 que representa a velocidade de propagação de uma onda. Essa equação também é denominada equação fundamental da ondulatória. Veremos adiante que, para muitas situações físicas importantes, a velocidade de propagação de uma onda mecânica depende das propriedades mecânicas do meio no qual ela se propaga. Desse modo, um aumento na frequência de vibração gera uma diminuição no comprimento de onda, sendo o produto constante. “Importante frisar ainda que essa relação é válida para qualquer tipo de onda periódica, tanto transversal, como longitudinal.”(YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.239). Atividade 5 A velocidade de propagação de uma onda harmônica é 10m/s. Sendo a amplitude do movimento dessa onda 0,05m e sua frequência de oscilação igual a 4Hz, escreva a função que representa o movimento da onda. Considere que no instante inicial e na posição de o deslocamento seja máximo. AGORA É A SUA VEZ Atividade 5 Devemos encontrar para esse problema a equação . A partir dos dados do problema, temos que: Como , temosque , portanto 56 UNIUBE Conclusão3.5 Ondas estão presentes em nosso dia a dia e compreender seus aspectos é de fundamental importância para o desenvolvimento da sociedade. Elas podem ser classificadas tanto de acordo com sua natureza, como também de acordo com sua forma de propagação. Quando falamos do perfil de uma onda, temos que ele pode ser descrito em função da posição e do tempo e que essas grandezas devem estar relacionadas entre si. Por fim, temos que ondas periódicas estão relacionadas com o Movimento Harmônico Simples e compreender as grandezas amplitude, comprimento de onda, número de onda, frequência e período é fundamental para a descrição do movimento ondulatório. Resumo Neste capítulo introduzimos aspectos relacionados ao movimento ondulatório. Em um primeiro momento, destacamos a importância desse tipo de movimento e classificamos os diferentes tipos de ondas. Na sequência, realizamos a descrição do movimento ondulatório por meio de ondas progressivas e periódicas. Por fim, definimos grandezas importantes para a descrição de ondas. Entre os tópicos discutidos, podemos destacar os seguintes pontos: • Característica das ondas: transmitem energia e movimento sem o transporte de matéria. • Ondas mecânicas: são governadas pela lei de Newton e se propagam apenas em meios materiais. • Ondas eletromagnéticas: são constituídas pelos campos elétrico e magnético e não precisam de um meio para se propagar. • Ondas transversais: para esse tipo de onda, o movimento da perturbação é perpendicular ao movimento de propagação da onda. • Ondas longitudinais: para esse tipo de onda, o movimento da perturbação é paralelo ao movimento de propagação da onda. • Perfil de onda progressiva: UNIUBE 57 • Ondas periódicas: • Amplitude de onda ( ): módulo do máximo deslocamento em relação à posição de equilíbrio sofrido pelos elementos do meio no qual a onda se propaga. • Comprimento de onda ( ): distância paralela à direção de propagação da onda entre repetições da mesma forma de onda. • Número de onda ( ): • Período ( ): tempo em que um elemento do meio no qual a onda se propaga realiza uma oscilação completa. • Frequência ( ): número de repetições que ocorrem por unidade de tempo. Relação entre período e frequência: Velocidade de propagação de onda: Referências HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl.Fundamentos de física: gravitação, ondas e termodinâmica. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v. 2. HEWITT, Paul G. Física conceitual. 12 ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica: fluidos, oscilações e ondas, calor. 4 ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2002. TIPLER, Paul A; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Sears &Zemansky física II: termodi- nâmica e ondas,12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009. Introdução Descrição matemática das ondas Capítulo 4 Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) de volta ao quarto capítulo de seu livro. Saiba que descrever matematicamento o comportamento de um fenômeno físico é de fundamental importância para compreendê- lo de forma geral e inferir acerca do seu movimento em diferentes condições. Nesse sentido, o intuito deste capítulo é utilizar os recursos matemáticos para obter expressões relacionadas com o movimento ondulatório. Assim, em um primeiro momento, iremos determinar a equação de onda para o caso unidimensional e mostrar que tal equação é válida para qualquer tipo de onda que se propaga em uma dimensão. Na sequência, iremos deduzir as expressões da velocidade de propagação de ondas transversal e longitudinal, além de demonstrar que tal velocidade depende apenas das características do meio no qual ela se propaga. Por fim, iremos abordar aspectos referentes à energia e à potência de uma onda que se propaga em uma corda. 60 UNIUBE Ao final do estudo deste capítulo, espera-se que você seja capaz de: • determinar a equação de onda; • deduzir as expressões da velocidade de propagação de ondas transversal e longitudinal; • verificar a energia e a potência de uma onda em uma corda. Objetivos 4.1 Equação de onda 4.2 Velocidade de propagação de ondas transversais 4.3 Velocidade de propagação de ondas longitudinais 4.4 Energia e potência de uma onda em uma corda 4.5 Conclusão Esquema Equação de onda4.1 No capítulo anterior, discutimos sobre a função de onda que descrevia o perfil de uma onda. Particularmente, vimos que, para uma onda progressiva que se propaga para a direita, a função de onda é escrita como: “Podemos associar uma equação de movimento à propagação da onda através do cálculo da aceleração de um determinado ponto (NUSSENZVEIG, 2002, p. 102). Para compreender essa relação, vamos utilizar a propagação de uma onda transversal em uma corda. UNIUBE 61 A função de onda depende de e , assim, para determinarmos a velocidade e a aceleração de um ponto da onda, devemos utilizar derivadas parciais em relação ao tempo. Note que essas quantidades estão relacionadas com o movimento transversal dos pontos da corda. Desse modo, temos que a velocidade transversal de um ponto da onda é expressa por: enquanto a aceleração é: Vimos no capítulo anterior que as variáveis e estão relacionadas por meio de pela expressão . Assim, as derivadas parciais apresentadas devem ser realizadas por meio da regra da cadeia, portanto e Desse modo, relacionamos as derivadas parciais de em relação ao tempo com as derivadas totais de em relação a . Observe que podemos agora realizar a derivada de em relação a , de modo que: 62 UNIUBE Isso nos permite encontrar a seguinte relação por meio das derivadas parciais de em relação a : e Comparando os resultados encontrados para as derivadas parciais de segunda ordem da função de onda em relação a e a , temos que: portanto encontramos que: que “é chamada de equação de onda unidimensional e é válida para qualquer tipo de onda que se propaga em uma dimensão. Além disso, essa equação representa uma das equações fundamentais da Física.”(NUSSENZVEIG, 2002, p. 103). A fim de comprovar a validade da equação de onda, podemos, por exemplo, verificar se a função de onda periódica satisfaz esse tipo de equação. Para isso, primeiramente vamos determinar as derivadas parciais de em relação ao tempo: UNIUBE 63 Na sequência, vamos determinar as derivadas parciais de em relação a Relacionando as expressões encontradas, temos que: portanto: satisfazendo assim a equação de onda. Ao comparar a equação de onda com o perfil de uma onda transversal que se propaga em uma corda, Figura 1, podemos observar as seguintes relações. Figura 1 – Representação de uma onda transversal que se propaga em uma corda Fonte: Elaborada pelo autor. Nas regiões em que a curvatura da corda está voltada para cima, o termo é positivo e, consequentemente, pela equação de onda, a aceleração transversal naquele ponto da corda é positiva . 64 UNIUBE Além disso, o módulo da aceleração é máximo quando estamos no vale da onda. Nas regiões em que a curvatura da corda está voltada para baixo, o termo é negativo e, consequentemente, pela equação de onda, a aceleração transversal naquele ponto da corda é negativa . Nesse caso, o módulo da aceleração é máximo quando estamos na crista da onda. Por fim, os pontos em que a corda se encontra nas posições de equilíbrio, temos os pontos de inflexão e, consequentemente, pela equação de onda, a aceleração transversal naquele ponto da corda é zero (YOUNG; FREEDMAN, 2009). Atividade 1 Considere o perfil de uma onda progressiva que se propague para a esquerda, . Mostre que essa onda satisfaz a equação de onda. AGORA É A SUA VEZ Atividade 1 Nesse caso, temos que . Assim, e Realizando a derivada de em relação a , de modo que: UNIUBE 65 Velocidade de propagação de ondastransversais4.2 Como discutido no capítulo 3, a velocidade de propagação de uma onda obedece à relação: Além disso, mencionamos o fato de que essa velocidade para uma onda mecânica depende das propriedades mecânicas do meio no qual ela se propaga. Assim, nessa seção vamos demonstrar como podemos determinar a velocidade de propagação de uma onda transversal que se propaga em uma corda. Considere então uma onda com comprimento e densidade linear de massa , fixa em uma extremidade e submetida a uma tensão constante (Figura 2). Na situação de equilíbrio, sob todos os pontos da corda a força resultante é zero. Isso nos permite encontrar a seguinte relação por meio das derivadas parciais de em relação a : e Comparando os resultados encontrados para as derivadas parciais de segunda ordem da função de onda em relação a e a , temos que: portanto encontramos que: 66 UNIUBE Figura 2 – Representação de uma corda com densidade linear submetida a uma tensão Fonte: Elaborada pelo autor. Vamos tomar um elemento da corda de comprimento e com massa que se desloca transversalmente em relação à posição de equilíbrio. Esse deslocamento provoca uma variação na direção da tensão, o que causa uma variação na força resultante transversal aplicada sobre o elemento da corda. Note pela Figura 3 que as componentes horizontais das tensões aplicadas sobre o elemento da corda se anulam, enquanto na vertical teremos uma resultante para cima. Figura 3 – Deslocamento de um elemento de uma corda com densidade linear submetida a uma tensão Fonte: Elaborada pelo autor. Para efeitos de cálculo, iremos considerar pequenos deslocamentos de modo que a componente transversal da tensão possa ser escrita da forma: UNIUBE 67 Assim, a força resultante que atua na transversal, , sobre o elemento da corda pode ser calculada como a diferença entre a componente transversal da tensão nos pontos e , ou seja, Se multiplicarmos e dividirmos o termo da direita da expressão anterior pelo comprimento infinitesimal do segmento da corda e recordarmos a definição de derivada parcial, podemos escrever que: Aplicando então a segunda lei de Newton para esse elemento da corda que possui massa , temos que: Considerando que: podemos escrever que: 68 UNIUBE Comparando a expressão acima com a equação de onda unidimensional: temos que portanto a velocidade de propagação de uma onda transversal em uma corda é dada pela expressão: Note que a expressão encontrada para a velocidade de propagação da onda em uma corda não depende da amplitude ou frequência de movimento, mas sim das características do meio no qual ela se propaga. Nesse caso, em particular, temos então que a velocidade depende da tensão aplicada sob a corda e sua densidade linear. Um ponto importante a se destacar é que a forma apresentada anteriormente não é a única a ser considerada para demonstrar a velocidade de propagação de uma onda transversal em uma corda. “Podemos, alternativamente, utilizar os conceitos de momento linear e impulso para realizar tal demonstração.”(YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.246). Esse método será apresentado a seguir. Vamos novamente considerar uma corda com densidade linear , fixa em uma extremidade e submetida a uma tensão constante. Sobre a outra extremidade da corda, uma força transversal é aplicada a fim de produzir uma onda transversal nessa corda. Diferentemente de quando aplicada em uma partícula, a força aplicada na extremidade da corda altera a posição de equilíbrio de um conjunto de UNIUBE 69 elementos dessa corda de modo que a quantidade de massa se altera durante a aplicação da força. Pelo Teorema do impulso e momento linear, temos que: Observe pela Figura 4 que podemos associar o tempo em que a força transversal está sendo aplicada na corda com o segmento da corda que sofre a ação dela. Figura 4 – Representação inicial de uma corda com densidade linear submetida a uma tensão , que sofre a ação de uma força transversal Fonte: Elaborada pelo autor. Esta associação é dada por meio da velocidade de propagação da onda, de modo que: portanto Ainda pela Figura 4 podemos observar por semelhança de triângulo uma relação entre a força transversal e a tensão na corda , tal que: 70 UNIUBE Substituindo na expressão obtida pelo Teorema do impulso, temos que: e rearranjando os termos podemos encontrar novamente que a velocidade de propagação de uma onda transversal em uma corda é dada pela expressão: Atividade 2 Uma das extremidades de uma corda está acoplada a um motor elétrico que vibra com frequência de 180Hz. Já a outra extremidade passa por uma polia e suporta um objeto de 2,5kg de massa. Sendo a densidade linear do fio 0,05kg/m, determine a velocidade de propagação da onda e seu comprimento. AGORA É A SUA VEZ Atividade 2 A tensão na corda é gerada pela força peso que atua sobre a massa amarrada em uma das extremidades do fio. Assim, A partir da expressão da velocidade de propagação de onda transversal, temos que: Por fim, utilizando a relação fundamental da ondulatória, encontramos que: UNIUBE 71 Atividade 3 Uma onda transversal se propaga em uma corda de densidade linear com velocidade quando submetida a uma tensão . O que ocorre com a velocidade de propagação dessa onda se duplicarmos a densidade linear da corda e diminuirmos a tensão pela metade? Atividade 3 A velocidade de propagação da onda transversal em uma corda é dada pela expressão: Ao duplicarmos a densidade da corda e diminuirmos a tensão pela metade, temos que: ou seja, a velocidade de propagação da onda cai pela metade. AGORA É A SUA VEZ Velocidade de propagação de ondas longitudinais4.3 Vimos que além das ondas transversais existem também as ondas longitudinais em que o movimento da perturbação é paralelo ao movimento de propagação da onda. É muito comum esse tipo de onda estar relacionado com a propagação de ondas em fluidos, como é o caso do som por exemplo. Nessa seção iremos demonstrar a expressão da velocidade de propagação de ondas longitudinais. Em particular, demonstraremos essa expressão para o caso de um fluido e, novamente, é válido frisar que “essa velocidade será dependente das características do meio no qual essa onda se propaga.”(YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.249). 72 UNIUBE Considere um cilindro com um fluido em seu interior e um êmbolo móvel capaz de alterar seu volume interno, como se vê na Figura 5. Figura 5 – Representação de uma onda se propaga em um fluido no interior de um cilindro Fonte: Elaborada pelo autor. Observe que em situação de equilíbrio a pressão no interior do cilindro é igual à pressão externa, de modo que a força é aplicada sobre o êmbolo é a mesma tanto na sua face interna quanto na externa. Ao deslocar o êmbolo da esquerda para a direita, perturbamos as moléculas próximas a ele, de modo que elas adquirem uma velocidade também da esquerda para a direita. Essa perturbação irá então se propagar pelo cilindro de modo a termos uma onda longitudinal. Importante ainda observar na Figura 5 que a força aplicada sobre o êmbolo exerce influência sobre uma porção de massa do fluido e de modo análogo ao caso da onda transversal, podemos aplicar o Teorema do impulso para determinar a velocidade de propagação da onda longitudinal. Primeiramente, vamos definir o momento linear da porção de fluido que se move ao deslocarmos o êmbolo. Sendo a densidade de massa volumétrica do fluido, a seção de área do êmbolo e o comprimento dessa quantidade de fluido que se desloca inicialmente, temos que: UNIUBE 73 Na sequência, devemos definir “outra grandeza importante conhecida como módulo de compressão (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.249). Essa relaciona a variação de pressão com a variação relativa de volume, ou seja: Aplicando agora o Teorema do impulso, temos que: Substituindo a variação de pressão pela expressão do módulo de compressão: e rearranjando
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