Buscar

FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO Ii

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

57
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Unidade II
5 DO GOVERNO DE CAFÉ FILHO (1954‑55) AO GOVERNO DE JÂNIO 
QUADROS (1961)
5.1 O governo de Café Filho
Com o suicídio de Getúlio Vargas, quem assumiu o governo foi o seu vice, Café Filho, que governou 
de 1954 a 1955. Nesse período, dois ministros ocuparam o Ministério da Fazenda: Eugênio Gudin, um 
economista liberal, e José Maria Whitaker, representante da cafeicultura paulista.
O novo presidente prometia assumir os compromissos firmados pelo seu antecessor, Getúlio Vargas, 
garantindo não ter pretensões políticas, mas a pressão que Café Filho sofreu fez com que ele permitisse 
a entrada de inimigos políticos de Vargas no poder.
Em novembro de 1955, Café Filho se afastou do governo em função de graves problemas cardíacos. 
Quem assumiu a presidência foi Carlos Luz, presidente da Câmara.
5.1.1 A gestão de Gudin
Eugênio Gudin, com grande prestígio na comunidade financeira internacional, foi o escolhido para 
ser o ministro da Fazenda logo após o suicídio de Vargas e a subida de Café Filho ao poder.
Ele fez uma política econômica muito diferente da de Vargas, era inclinado a atitudes conservadoras 
e antigetulistas, era crítico das propostas desenvolvimentistas e defendia uma ortodoxia na economia. 
Além disso, tinha como prioridade políticas anti‑inflacionárias baseadas no controle da emissão 
monetária e do crédito. Para Gudin, a inflação era resultado da monetização dos déficits públicos e do 
excesso de crédito, assim, passou a cortar gastos públicos, especialmente investimentos, e executou uma 
forte restrição creditícia e monetária. Como resultado dessa política restritiva, houve uma forte crise 
bancária, aumento de falências e pedidos de concordatas.
Com o colapso dos preços do café, que representava 60% das exportações brasileiras, o País passou 
a enfrentar uma forte crise cambial. Contudo, o ministro acreditava na vocação agrícola do País, o que 
resultou numa forte expectativa por parte dos cafeicultores – expectativa essa que foi frustrada, em 
função da baixa elasticidade da demanda do produto no mercado mundial.
O ministro procurou ajuda nos Estados Unidos, mas o governo do presidente Einsenhower não tinha 
o Brasil como prioridade, e não houve alternativa: Gudin procurou ajuda nos bancos privados. Assim, 
com a ajuda obtida, de US$ 200 milhões de dólares a serem pagos em cinco anos, à taxa de 2,5% ao ano, 
a situação se aliviou por um tempo.
58
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
Entretanto, a principal ação do ministro foi a instrução 113 da Sumoc, de 27 de janeiro de 1955, que 
permitia às empresas estrangeiras instaladas no Brasil importar máquinas e equipamentos sem cobertura 
cambial, isso foi feito a fim de complementar e atualizar a tecnologia nas indústrias brasileiras. Essa foi 
a forma encontrada pelo ministro para driblar os obstáculos à livre entrada de capitais estrangeiros:
A existência de taxas cambiais múltiplas beneficiava duplamente os capitais 
externos: ao importar bens de capital sem a necessidade de primeiro 
internalizar as divisas à taxa de mercado livre, para depois recomprar as 
licenças de importação por um valor mais alto nos leilões de câmbio, o 
capital estrangeiro estaria recebendo um subsídio equivalente ao diferencial 
entre o custo das divisas na categoria relevante e a taxa do mercado livre. 
Esse subsídio não era concedido às empresas nacionais, que já enfrentavam, 
normalmente, em condições de inferioridade a concorrência com as empresas 
estrangeiras e quase sempre importavam máquinas e equipamentos de 
segunda mão (REGO; MARQUES, 2014, p. 76).
Em relação às contas do governo, o ministro da Fazenda pretendia implementar um forte programa 
de austeridade fiscal e corte de despesas públicas, mas enfrentou forte oposição do Congresso à elevação 
da carga tributária.
Com total falta de apoio, tanto do Congresso como dos cafeicultores, o ministro Gudin acabou 
sendo substituído por José Maria Whitaker, que enfrentou uma forte crise no setor bancário brasileiro.
5.1.2 A gestão Whitaker
José Maria Whitaker era um forte crítico do regime de taxas múltiplas de câmbio estabelecido pela 
Instrução 70 da Sumoc. Além disso, ele defendia os interesses dos cafeicultores e tinha como principal 
meta a eliminação do confisco cambial.
O novo ministro queria recuperar a participação das exportações brasileiras no mercado mundial, 
para isso propunha‑se acabar com a política intervencionista, pois acreditava que a queda dos preços 
no mercado internacional beneficiaria o Brasil por meio da eliminação de produtores menos eficientes.
Nesse período a liquidez da economia foi restabelecida pela ação do Banco do Brasil. O novo 
ministro sugeriu uma grande reforma cambial, buscando unificar as dez taxas distintas, sendo cinco de 
importação, quatro de exportação e a do mercado livre, pela qual se efetuavam as transações financeiras, 
mas essa proposta não contou com o apoio político e se chocava particularmente com as propostas de 
Juscelino Kubitschek.
Whitaker entendia que deveria haver uma ampla reforma na política cambial do País, assim o 
ministro concedeu ao BNDE, cujo superintendente era, na época, Roberto Campos, total autonomia. 
A política do BNDE passou a ser a instituição de um mercado livre de câmbio, apesar dos efeitos 
inflacionários que uma desvalorização poderia ocasionar. Campos e Whitaker defendiam também um 
mercado livre para o café.
59
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Em setembro de 1955, ficou pronta a Instrução da Sumoc, que reformularia o sistema cambial 
brasileiro. Ela promovia:
• a unificação cambial por meio de um regime de taxas flutuantes;
• a criação de um mecanismo diferenciado para o café, por dois anos.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) aprovou o projeto, mas o mesmo não acontecia com o 
Congresso e os cafeicultores, que viam esse governo apenas como de transição.
Whitaker acabou sendo exonerado, sem conseguir implementar sua reforma cambial. A pasta da 
fazenda foi então ocupada por Mário Câmara, que tentou fazer uma política monetária contracionista, 
elevando a taxa de redesconto para os mesmos níveis aplicados durante a gestão de Gudin. Contudo, 
restando apenas três meses para o fim do governo de Café Filho, não foi possível fazer qualquer mudança 
muito significativa na política econômica do País.
Tabela 14 – Alguns dados do período
1954 1955
PIB 7,8% PIB 8,8%
Agricultura 7,9% Agricultura 7,7%
Indústria 9,3% Indústria 11,7%
Serviços 9,8% Serviços 9,2%
Fonte: Abr.eu (1990, p. 163).
5.2 O governo de Juscelino Kubitschek (1956‑60)
O período do governo de JK foi emblemático para o Brasil, tanto pela democracia como pela promessa 
de modernização do País por meio do Plano de Metas, que garantia, por intermédio de seu lema 
“Cinquenta anos em cinco”, uma profunda modificação do Brasil. Eram os chamados “Anos Dourados”.
O mundo vinha se modificando desde o final da Segunda Guerra, havia um grande avanço de novas 
tecnologias e o Brasil não queria ficar à margem dessa evolução. O parque industrial brasileiro estava se 
diversificando e contava com o apoio do novo governo.
Contudo, esse período, como veremos no decorrer de nossa discussão, enfrentou grandes desafios, 
como o de uma inflação crescente, endividamento externo, problemas com o FMI e ameaça de 
desaceleração do crescimento.
Então vamos estudar esse período tão rico para a formação econômica do Brasil.
60
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
5.2.1 A eleição de JK
Juscelino Kubitschek, mineiro da cidade de Diamantina, foi eleito presidente da República em 1955; 
foi o 20º presidente do Brasil. Foi candidato por uma coligação entre o PSD (PartidoSocial Democrata) 
e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Enfrentou forte oposição da UDN (União Democrática Nacional) 
e dos militares. O novo governo era hostilizado pela UDN, para quem JK e seu vice, João Goulart, 
representavam a continuação política de Vargas.
Como vimos, Café Filho, que havia assumido a presidência após o suicídio de Vargas, teve um 
ataque cardíaco, o que deu a oportunidade de o general Teixeira Lott instaurar uma espécie de “golpe 
preventivo”, garantindo uma posse tranquila de JK.
As eleições foram disputadas por Juscelino Kubitschek, Adhemar de Barros e Plínio Salgado. As 
eleições não se deram de forma tranquila, havia rumores de que o presidente Carlos Luz, que havia 
assumido a cadeira desde o afastamento de Café Filho, se juntara à UDN e pretendia dar um golpe 
ocupando a cadeira de forma definitiva. O ministro da Guerra, o general Lott, alegando a segurança do 
processo eleitoral, mobilizou as tropas militares, que ocuparam prédios públicos, rádios e jornais.
Alguns historiadores defendem a ideia de que o golpe dos militares comandados pelo general Lott 
adiou por dez anos o golpe das forças conservadoras.
 Observação
O golpe militar no Brasil ocorreu em 1964 e durou 21 anos.
O presidente em exercício, Carlos Luz, não deixou o cargo tranquilamente, sendo deposto. O 
presidente do Senado, Nereu Ramos, foi empossado interinamente e garantiu a transmissão do cargo 
ao eleito democraticamente Juscelino Kubitschek e seu vice João Goulart.
O governo de JK foi caracterizado por uma estabilidade política. A aliança entre o PSD (dominante 
no Congresso) e o PTB garantiu à presidência uma base parlamentar de sustentação e apoio político, o 
que explica a aprovação de programas e projetos governamentais.
O PSD era mais conservador e defendia os interesses dos cafeicultores e da burguesia industrial, já o 
PTB reunia lideranças sindicais e trabalhadores urbanos.
Os anos 1950 representaram profundas modificações na sociedade e na economia brasileiras. Essas 
mudanças se fizeram sentir na música, na arquitetura, nas artes plásticas, no cinema, na grande novidade que 
era a televisão e também no novo papel da mulher nessa sociedade, que se modernizava muito rapidamente.
Os meios de comunicação de massa eram uma novidade muito bem‑vinda. As rádios passaram a 
atingir uma população cada vez maior, além de uma revolução na publicidade, que vendiam uma gama 
enorme de produtos, tanto nas rádios, como nos recém‑inaugurados canais de televisão.
61
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
No cinema, popularizaram‑se as comédias brasileiras, que recebiam o nome de “chanchadas”, produzidas por 
um empresa chamada Atlântida, além do sucesso do teatro de revista, com suas vedetes, que encantavam o País.
As mulheres da década de 1950 lentamente começaram a perceber que a elas estava reservado um novo 
papel social. Com a modernização do comércio e a inserção dos eletrodomésticos nos lares brasileiros, muitas 
esposas encontraram tempo para exercer trabalhos fora do lar. Mas essas mudanças ainda eram tênues, 
principalmente no papel que as mulheres tinham dentro dos lares. As diferenças entre mulheres e homens 
ainda eram nítidas. O trabalho feminino, mesmo que cada vez mais comum, ainda era cercado de preconceitos.
A paisagem urbana se modificava com a construção de grandes edifícios, largas avenidas e o 
surgimento de novos materiais de construção, deixando as casas e prédios com aspectos mais modernos.
Você já pensou como era o dia a dia de nossas avós? Então vamos lá: se sua avó vivesse em algum centro 
urbano brasileiro, provavelmente o cotidiano dela era algo parecido como isso: ao acordar, em geral muito 
cedo, ela ia à padaria, que nem sempre era perto da sua casa, lá ela comprava o pão e o leite. Ao chegar em 
casa, acendia o fogão a carvão, fervia o leite (sim, o leite tinha que ser fervido) e servia o café para os membros 
da família, que normalmente eram muitos, já que não havia métodos contraceptivos eficientes.
Quando os membros da família saíam de casa em direção aos seus afazeres diários, nossa avó iniciava 
a labuta doméstica: lavava a roupas e fraldas (sem máquina de lavar, sem sabão em pó e não existia 
fralda descartável), limpava a casa (sem eletrodomésticos), fazia o almoço (sem batedeira, liquidificador, 
micro‑ondas ou até mesmo geladeira).
Além disso, vovó tinha que sair diariamente para fazer compras com a sacola debaixo do braço, ia à quitanda, 
à mercearia, à granja, ao açougue, à peixaria etc. Nossas avós tinham que fazer compras diariamente, uma 
vez que não havia como armazenar alimentos, pois eram muito raras as casas que contavam com geladeira.
As tardes eram reservadas a costuras, consertos e remendos de roupas, à limpeza da cozinha, ao 
cuidado com as crianças etc. À noite, havia o jantar para servir, a louça para lavar. A única diversão 
provavelmente era um rádio, no qual as mulheres acompanhavam as novelas. Observe que não era nada 
fácil a vida de uma dona de casa na década de 1950.
Se a nossa avó vivesse no interior ou na zona rural, a coisa era ainda pior. O fogão era a lenha, não 
havia água encanada, assim, as roupas deveriam ser lavadas no rio. Não havia comércio por perto, o pão, 
a farinha e a maioria dos alimentos eram feitos em casa. Os animais eram criados e abatidos em casa. 
Não havia escolas e nem hospitais por perto e muitas vezes não havia nem um rádio para servir como 
fonte de informação e diversão.
Com a vinda dos automóveis, a popularização dos eletrodomésticos e, finalmente (no final da década 
de 1950), a pílula anticoncepcional, a vida das famílias se modificou muito. Arrumar e limpar a casa, 
assim como o cozinhar, ficou mais fácil.
A sobra de tempo mudou o papel da mulher na sociedade, ela passou a ter disponibilidade para o 
trabalho fora, o que contribuirá com o orçamento doméstico, estimulando a indústria de bens de consumo.
62
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
Com um número menor de filhos, passou a haver menos custos para a família. Com a presença de 
eletrodomésticos, como a geladeira, as compras não precisavam mais ser diárias. Isso significa que, aos 
poucos, a configuração do comércio nos bairros começava a se modernizar, fazendo surgir os primeiros 
supermercados.
A popularização dos automóveis tornou a locomoção mais ágil e isso também significou ganho de 
tempo, tanto para o homem como para as mulheres; era um novo mundo que se descortinava.
Entretanto, é lógico que essas mudanças demandaram um certo tempo para se concretizarem. Muitas 
famílias demoraram muito tempo para aceitar essas mudanças. O Brasil ainda era um país semirrural e a 
presença das mulheres no mercado de trabalho era vista com extrema desconfiança. A sociedade ainda 
achava que o papel único feminino era cuidar do marido, dos filhos e da casa. Havia apenas algumas 
profissões que eram consideradas adequadas, como professora primária, secretária, médica pediatra e, 
se a família fosse mais pobre, balconista, lavadeira, doméstica; naturalmente, tudo isso limitava muito a 
inserção da mulher no mercado de trabalho.
Contudo, apesar de lentas, essas mudanças eram inevitáveis, e aos poucos a sociedade brasileira 
foi se modificando. Nas décadas de 1950 e 1960, essas modificações ficaram restritas aos grandes 
centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas entre as décadas de 1970 e 1980, esse panorama 
mudou e cada vez mais as mulheres de todo o País passam a se tornar elementos fundamentais para a 
constituição do orçamento familiar.
Os chamados anos dourados remetiam a um espírito otimista que consagrou o governo Kubitschek e 
que significava todo um conjunto de mudanças sociais e culturais que ocorreram dentro de um debate 
sobre a reconstrução nacional. O grande símbolo dessa modernidade se concretizaria na construção de 
Brasília, a nova capital,que seria a marca mais clara do governo de JK.
Figura 10 – Propaganda de eletrodomésticos na década de 1950
63
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
 Saiba mais
Assista ao filme:
OS ANOS JK – uma trajetória política. Dir. Silvio Tendler. Brasil: Terra 
Filmes, 1980. 110 minutos.
5.2.2 O programa de obras públicas e a construção de Brasília
O maior projeto do governo de JK foi a construção de uma nova capital federal, que recebeu o nome 
de Brasília. Em 1956, foi promulgada a Lei nº 2.874, que autorizava o Executivo Federal a iniciar as obras 
da nova capital do Brasil.
Desde 1891, a Constituição Federal já falava em transferência da capital, inclusive em 1894, foi 
nomeada uma comissão (Missão Cruls) que visitou e demarcou a área do futuro Distrito Federal no 
Planalto Central.
O Rio de Janeiro, cidade que se tornou capital da colônia em 1763, era uma cidade com graves 
problemas. Além das constantes e graves epidemias, era uma cidade que nascera em função do porto, 
assim, era desorganizada e vulnerável a invasões. No período que vai da colônia até o estabelecimento 
da República, a cidade assistiu a várias revoltas.
Em 19 de setembro de 1956, foi fundada a Companhia da Nova Capital (Novacap), que permitiu 
finalmente a construção da nova capital. O responsável pelo projeto arquitetônico foi Oscar Niemeyer e 
o projeto urbanístico ficou a cargo de Lúcio Costa. As obras duraram três anos e dez meses: iniciaram‑se 
no final de 1956 e a capital foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Os trabalhadores que participaram 
das obras provinham, em sua maioria, do Nordeste brasileiro, e ficaram conhecidos como “candangos”.
Dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, JK comandava a realização da construção de 
Brasília. O presidente tinha pressa, o seu objetivo era terminar a construção da capital antes do fim 
do seu mandato.
O Plano Piloto de Lúcio Costa possui a forma de um avião com duas asas (sul e norte) e eixos laterais 
(leste e oeste) integrados pelas superquadras habitacionais, compostas por blocos que contêm ruas 
laterais com comércio, escolas, parques etc. A Esplanada dos Ministérios fica no corpo do “avião”. As 
áreas onde se localizam as embaixadas e a Universidade de Brasília (UNB) são voltadas para um imenso 
lago artificial.
64
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
Figura 11 – Imagem da construção do Congresso Nacional, em Brasília, 
projetado por Oscar Niemeyer, em meados da década de 1950
Na prática, o novo Distrito Federal representava uma mudança estratégica do poder para uma região 
que não era ocupada pelas lideranças, principalmente de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro. 
Seria o fim da polarização do Sudeste.
Em função de seu arrojado projeto arquitetônico, a nova capital brasileira tornou‑se um ícone de 
modernidade e de progresso e foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade.
Uma grande dificuldade era a resistência de vários funcionários públicos à transferência do Rio de 
Janeiro para Brasília, considerada distante, um verdadeiro fim de mundo.
A mudança da nova capital federal e a construção de uma cidade inteira não foi unanimidade: a 
UDN criticou veementemente a mudança do Distrito Federal para o Planalto Central, alegando que a 
construção de uma nova capital seria extremamente custosa. E, de fato, o aumento do endividamento do 
governo e a consequente inflação não demoraram a chegar, corroborando as críticas dos oposicionistas.
5.2.3 O Plano de Metas
Com o Plano de Metas, iniciou‑se um período de planificação da economia brasileira. O modelo 
de planificação estatal já havia sido experimentado em locais como a antiga URSS, mas o New Deal, 
adotado pelos EUA para solucionar a Grande Depressão, também pode ser considerado planejamento 
em cima de premissas keynesianas.
O Plano de Metas pode ser considerado o auge do processo de desenvolvimento e modernização do 
País, que buscava promover uma industrialização integrada. O BNDE identificava a existência de uma 
demanda reprimida por bens de consumo duráveis, mas, para constituir esse setor, seria necessário investir 
em bens intermediários. O Plano continha 31 metas e teve como principal objetivo o desenvolvimento 
do Brasil a partir do processo de industrialização e do aprofundamento do PSI.
65
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
 Lembrete
PSI é uma sigla para designar processo de substituição de importações.
A demanda por bens de consumo duráveis era resultado da concentração de renda do período 
anterior, que elevara os padrões de consumo das classes sociais mais altas, mas também de uma crescente 
classe média. O Plano foi esboçado por JK e pelo BNDE, visando superar esses gargalos estruturais.
O Plano foi elaborado a partir de estudos que haviam se iniciado mais de dez anos antes, na década 
de 1940, por diversas comissões, que indicavam a necessidade de eliminar pontos de estrangulamento 
da economia brasileira. Um exemplo dessas comissões foi a criação do Grupo Executivo da Indústria 
Automobilística (Geia).
Os principais instrumentos de ação do governo para realizar as metas foram:
• investimentos das empresas estatais;
• crédito a juros baixos praticado pelo Banco do Brasil;
• carência longa praticada pelo Banco do Brasil;
• política de reserva de mercado, que tinha por base a lei do similar nacional e era obtida por meio 
de instrumentos tarifários e cambiais (o câmbio múltiplo do governo de Getúlio Vargas não havia 
sido abolido);
• concessão de avais para obter empréstimos externos.
 Observação
A 31ª primeira meta, chamada de meta síntese, referia‑se à construção 
de Brasília e à transferência da capital para o Planalto Central.
O Plano priorizava os investimentos nos setores de transporte e energia, indústria de base e 
bens de consumo duráveis e não duráveis. Destacou‑se, na época, a indústria automobilística e de 
eletrodomésticos. O lema do Plano era “cinquenta anos em cinco”.
Para JK, o País só diminuiria a desigualdade social gerando riquezas por meio da industrialização. 
Para tanto, era necessário recorrer ao capital estrangeiro e a uma maior intervenção do Estado na 
economia por intermédio da manutenção do PSI.
66
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
 Lembrete
Desde a década de 1930, o Brasil adotara o modelo de desenvolvimento 
por substituição de importações, ou seja, produzir internamente em vez de 
importar, protegendo, assim, a indústria nacional.
O Brasil vinha passando por esse modelo de substituição de importações desde a década de 1930, mas 
não era algo planejado, o que levava, como vimos, a constantes desajustes no balanço de pagamentos do 
País. O Plano de Metas, ao contrário, pretendia planejar esse modelo de forma a reduzir os desequilíbrios.
Dos setores que se beneficiaram do Plano, podemos citar a indústria automobilística, com a vinda 
das montadoras, como a Volkswagen (que analisaremos com mais detalhes adiante) e o setor energético. 
Por exemplo: o governo construiu as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, e as 
barragens de Furnas, em Minas Gerais, e Três Marias, também no Rio São Francisco.
A seguir veremos as 31 metas na íntegra. Os setores do plano e as metas correspondentes são os 
seguintes:
I – Setor de energia (43,4% do investimento inicialmente planejado):
Meta 1 – Energia elétrica – elevação da potência instalada de 3.000.000 KW para 
5.000.000 KW até 1960 e ataque de obras que possibilitarão o aumento para 8.000.000 KW 
em 1965;
Meta 2 – Energia nuclear – instalação de uma central atômica pioneira de 10.000 KW e 
expansão da metalurgia dos minerais atômicos;
Meta 3 – Carvão mineral – aumento da produção de carvão de 2.000.000 para 
3.000.000 de toneladas/ano,de 1955 a 1960 com ampliação da utilização “in loco” para fins 
termelétricos dos rejeitos e tipos inferiores;
Meta 4 – Petróleo (produção) – aumento da produção de petróleo de 6.800 barris em 
fins de 1955 para 100.000 barris de média de produção diária em fins de 1960;
Meta 5 – petróleo (refinação) – aumento da capacidade de refinação de 130.000 barris 
diários em 1955 para 330.000 barris diários em fins de 1960;
II – Setor transportes (29,6% do investimento planejado):
Meta 6 – Ferrovias (reaparelhamento) – com investimentos de US$ 239 milhões e Cr$ 
39,8 bilhões;
67
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Meta 7 – Ferrovias (construção) – construção de 2.100 km de novas ferrovias, 280 km de 
variantes a 320 km de alargamento de bitola;
Meta 8 – Rodovias (pavimentação) – pavimentação asfáltica de 5.000 km de rodovias 
até 1960;
Meta 9 – Rodovias (construção) – construção de 12.000 km de rodovias de 1ª Classe até 1960;
Meta 10 – Portos e dragagem – reaparelhamento e ampliação de portos e aquisição de 
uma frota de dragagem com investimento de US$ 32,5 milhões e Cr$ 5,9 bilhões;
Meta 11 – Marinha Mercante – ampliação da frota de cabotagem e longo curso de 
300.000 toneladas e da frota de petroleiros de 330.000 toneladas (deadweight) dwt;
Meta 12 – Transporte aeroviário – renovação da frota aérea comercial com a compra de 
42 aviões;
III – Setor alimentação (3,2% do investimento planejado):
Meta 13 – Produção agrícola (trigo) – aumento da produção de trigo de 700.00 para 
1.500.000 toneladas;
Meta 14 – Armazéns e silos – construção de armazéns e silos para uma capacidade 
estática de 742.000 toneladas;
Meta 15 – Armazéns frigoríficos – construção e aparelhagem de armazéns frigoríficos 
para uma capacidade estática de 45.000 toneladas;
Meta 16 – Matadouros industriais – construção de matadouros com capacidade de 
abate diário de 3.550 bovinos e 1.300 suínos;
Meta 17 – Mecanização da agricultura – aumento do número de tratores em uso na 
agricultura de 45.000 para 72.000 unidades;
Meta 18 – Fertilizantes – aumento da produção de adubos químicos de 18.000 toneladas 
para 120.000 toneladas de conteúdo de nitrogênio e anidrido fosfórico;
IV – Setor indústrias de base (20,4% do investimento planejado):
Meta 19 – Siderurgia – aumento da capacidade de produção de aço em lingotes de 
1.000.000 para 2.000.000 toneladas por ano em 1960 e para 3.500.000 toneladas em 1965;
Meta 20 – Alumínio – meta revista: aumento da capacidade nacional de produção de 
alumínio para 25.000 toneladas em 1960. Em 1960 a produção de alumínio foi 16.573 toneladas;
68
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
Meta 21 – Metais não‑ferrosos – expansão da produção e refino de metais não‑ferrosos 
(cobre, chumbo, estanho, níquel etc.);
Meta 22 – Cimento – aumento da capacidade de produção de cimento de 2.700.000 
para 5.000.000 toneladas anuais, em 1960;
Meta 23 – Álcalis – aumento da capacidade de produção de álcalis de 20.000 em 1955 
para 152.000 toneladas anuais, em 1960 (produção de soda cáustica);
Meta 24 – Celulose e papel – aumento da produção de celulose de 90.000 para 200.000 
toneladas e de papel de jornal de 40.000 para 130.000 toneladas, entre 1955 e 1960;
Meta 25 – Borracha – aumento da produção de borracha de 22.000 para 65.000 
toneladas, com início da fabricação da borracha sintética;
Meta 26 – Exportação de minério – aumento da exportação de minério de ferro de 
2.500.000 para 8.000.000 toneladas e preparação para exportação de 30.000.000 toneladas 
do próximo quinquênio;
Meta 27 – Indústria de automóvel – implantação da indústria para produzir 170.000 
veículos nacionalizados em 1960;
Meta 28 – Construção naval – implantação da indústria de construção naval;
Meta 29 – Indústria mecânica e de material elétrico pesado – implantação e expansão 
da indústria mecânica e de material elétrico pesado;
V – Educação (3,4% do investimento planejado):
Meta 30 – Pessoal técnico – intensificação da formação de pessoal técnico e orientação 
da Educação para o Desenvolvimento;
Meta Síntese – Brasília:
A nova capital foi construída rapidamente e as despesas com a construção da cidade 
forma em torno de 300 bilhões de cruzeiros, o que significava 2,3% do PNB.
Adaptado de: Notas..., [s.d.].
Brasília foi colocada apenas no final do Plano como uma meta que resumia todas as outras. A cidade, 
com seu arrojado projeto, teve o poder de resumir a modernidade pretendida pelo plano.
69
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
5.2.4 Análise do resultado do Plano de Metas
Energia
O Plano destinou ao setor de energia elétrica 43,4% dos investimentos.
Foram construídas obras de grande porte como a Usina de Furnas, que passou a fornecer grande 
parte da energia da região Sudeste. Segundo dados, a potência instalada no País chegou a 4.777 MW 
em 1960 e, em 1965, atingiu 7.411 MW – isto é, 89% do previsto.
Em julho de 1960, o governo assinou a Lei nº 3.782, criando o Ministério das Minas e Energia.
Outra importante empresa criada foi a Petrobras, que havia sido fundada em 1954. A empresa teria 
como funções refinar petróleo vindo de fora e estabelecer um programa de prospecção, a fim de ampliar 
a produção nacional de petróleo, que atingiu, na área de produção, 76% da meta e, na de refinação, 
125% do objetivo proposto.
Transportes
O investimento nessa área foi de 29,6% e o Plano visava ao reequipamento do sistema ferroviário, à 
ampliação de rodovias e à melhoria dos portos.
O reequipamento das ferrovias atingiu 76% dos objetivos, mas, das metas iniciais para a construção 
de novas estradas de ferro, só foram alcançados 20%. O serviço de pavimentação atingiu 100% do 
previsto e a abertura de novas rodovias ultrapassou 150% da meta inicial. Rodovias importantes foram 
construídas na época, como a Régis Bittencourt, que liga São Paulo ao Sul do País, e a Belém‑Brasília. O 
aumento dos portos foi em torno de 57%.
A indústria automobilística foi uma das metas mais importantes do Plano de Metas. Já havia 
pequenas fábricas de automóveis e autopeças no Brasil antes do plano. Nessa época, a empresa nacional 
mais importante na área automobilística era a Fábrica Nacional de Motores (FNM); instalada no País 
desde 1942, ela começou a produzir tratores e caminhões.
O governo atraiu o investimento de grandes montadoras. Foi no governo JK que entraram no País 
grandes montadoras de automóveis, como Ford, Volkswagen, Willys e GM (General Motors). Estas 
indústrias instalaram suas filiais na região Sudeste do Brasil, principalmente nas cidades de São Paulo e 
no ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano).
Alimentação
A intenção do Plano era diminuir a dependência das importações de trigo, mas, dessa meta, somente 
24% foram cumpridos. O governo alcançou sucesso maior na construção de armazéns, matadouros, 
frigoríficos etc. do que alcançaram as metas pretendidas. Também tiveram excelente desempenho a 
mecanização e a produção de fertilizantes, que atingiram 250% da produção inicialmente planejada.
70
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
Indústria de base
Foi um item de grande sucesso do plano. A siderurgia, por exemplo, atingiu 100%, a produção 
de alumínio, 80%, a de níquel, 70%, a de cimento, 90%, e a de minérios de ferro, 94% das metas. Foi 
também implantada a indústria de borracha sintética e natural, que atingiu 100% do previsto, e a de 
material elétrico, que também alcançou plenamente a meta.
Educação
O setor de educação foi o que menos importância teve na elaboração e execução do Plano de 
Metas: contou com apenas 3,4% dos investimentos inicialmente previstos e atingiu apenas uma área – 
a formação técnica – e nada falava de Ensino Básico ou Superior.
O governoalegava que a educação técnica é que forneceria as bases do desenvolvimento do País 
e que a elite já tinha acesso a essa educação mais aprimorada. Assim, a população menos favorecida é 
que precisava de educação especializada, embora aqui haja uma grave contradição: ao não investir no 
Ensino Básico, a população mais carente não teria como chegar ao ensino técnico‑administrativo do 
País, o que exigia uma formação especializada.
5.2.5 Os pontos positivos do Plano de Metas
Como podemos observar, o cumprimento das metas foi bastante satisfatório e em alguns setores 
chegou a ser superado. Em função desse sucesso do Plano, de fato, o País apresentou, nesse período, 
importantes índices que apontavam para o desenvolvimento com mudanças estruturais.
A economia que anteriormente ainda se calcava na exportação de café foi transferida definitivamente 
para a indústria nacional. O PIB cresceu 7%, em média, no período, e a renda per capita dobrou com 
relação à década anterior.
O Programa de Metas foi muito bem‑sucedido principalmente no desempenho da indústria. 
A produção industrial cresceu 80% entre 1955 e 1961, com aumento significativo da produção 
de aço, que cresceu 100%, energia elétrica, que aumentou 380%, e indústria mecânica, que 
expandiu‑se 125%.
De 1957 a 1961, o PIB cresceu a uma taxa anual de 7%, correspondendo a uma taxa per capita, 
ou seja, por habitante, de quase 4%. Se considerarmos toda a década de 1950, o crescimento do PIB 
brasileiro per capita foi aproximadamente três vezes maior do que o do resto da América Latina. De 1955 
a 1959, os lucros industriais aumentavam 76% e a produtividade, 35%.
A presidência de Juscelino é lembrada até os dias de hoje como um período de grandes realizações. 
Os brasileiros ainda sentem saudosismo desse período, marcado por uma grande alavancagem 
da indústria brasileira. Muitos brasileiros ainda sentem como maior exemplo de modernidade a 
construção de Brasília.
71
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Ao longo do Plano de Metas, podemos verificar alguns resultados de crescimento setoriais 
(GREMAUD, 2002):
• Materiais de transporte: crescimento de 711%;
• Materiais elétricos e comunicações: crescimento de 417%;
• Têxtil: crescimento de 54%;
• Alimentos: crescimento de 54%;
• Bebidas: crescimento de 15%.
Na tabela a seguir, podemos observar as taxas de crescimento do PIB, indústria, agricultura e serviços 
de 1955 a 1961:
Tabela 15 
Ano PIB Indústria Agricultura Serviços
1955 8,8 11,1 7,7 9,2
1956 2,9 5,5 ‑2,4 0
1957 7,7 5,4 9,3 10,5
1958 10,8 16,8 2 10,6
1959 9,8 12,9 5,3 10,7
1960 9,4 10,6 4,9 9,1
1961 8,6 11,1 7,6 8,1
Fonte: Gremaud (2002, p. 380).
5.2.6 Os pontos negativos do Plano de Metas
Apesar do sucesso, o Plano apresentava problemas, como o aprofundamento da dependência 
externa, tanto de tecnologia como de bens estratégicos. Com a vinda das multinacionais ao País, muitos 
empregos foram criados e isso sem dúvida é um aspecto positivo, mas, ao mesmo tempo, a entrada de 
capital externo quase sem controle deixou nossa nação mais dependente desse capital.
A agricultura não teve o desempenho esperado para o período, apesar do investimento na 
modernização do setor, com a instalação de indústria de tratores e fertilizantes.
O Plano foi acusado também de aumentar a concentração de renda do País, principalmente em 
função do abandono de investimentos na agricultura.
Em termos de modificações sociais e de distribuição de renda, as classes proletárias tiveram 
participação bastante inferior em relação às classes médias: o salário mínimo elevou‑se apenas 15%.
72
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
A divida externa alcançou o patamar de 3,8 bilhões de dólares, e isso era agravado pelas remessas de 
lucros das multinacionais aos seus países de origem.
A aposta na indústria automobilística levou o governo a investir pouco nas estradas de ferro. Se há 
automóveis, é necessário que haja a abertura de estradas. Assim, o modelo de escoamento da produção 
passou a ser o rodoviário, que além de mais custoso, sofreria um grande baque 20 anos mais tarde, com 
o primeiro e o segundo Choques do Petróleo.
Para financiar projeto tão ambicioso, o governo JK teve que recorrer à emissão monetária e isso 
obviamente acelerou a inflação. O período foi marcado pela constante deterioração do saldo em 
transações correntes.
Nesse período, a dívida externa do Brasil cresceu de forma substanciosa. De fato, o Plano de Metas 
aprofundou o PSI com todas as contradições inerentes a esse modelo.
Vejamos alguns indicadores econômicos do período, como inflação, variação da base monetária, 
variação do salário mínimo real, saldo em transações correntes e dívida externa:
Tabela 16 
Ano Inflação (%)
Variação da base 
monetária (%)
Variação do 
salário mínimo 
real (%)
Saldo em transações 
correntes em US$ 
milhões
Dívida externa total 
em US$ milhões
1955 23 15,8 ‑9,5 2 1.445
1956 21 19,3 ‑1,3 57 1.580
1957 16,1 35,1 ‑9,6 ‑264 1.517
1958 14,8 18 14,5 ‑248 2.044
1959 39,2 38,7 ‑12,7 ‑311 2.234
1960 29,5 40,2 19,4 ‑478 2.372
1961 33,2 60,4 ‑14,7 ‑222 2.835
Fonte: Gremaud (2002, p. 381).
5.2.7 Outros indicadores econômicos do período
5.2.7.1 A política cambial
Segundo Abreu (1990), no início da década de 1950, a política cambial era o principal instrumento 
de política econômica. As manipulações da taxa de câmbio e as tarifas de importação e exportação 
eram as principais estratégias do governo, mas durante o passar da década, foram realizadas profundas 
mudanças na política cambial nacional.
Em 1957, foi realizada uma importante reforma na política cambial. A ideia era simplificar o antigo 
sistema de taxas múltiplas, utilizadas desde a Era Vargas, e introduzir um sistema de proteção específica 
73
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
por produtos da mesma categoria. Com a reforma, sobraram apenas duas categorias de câmbio: a geral 
e a especial.
A categoria geral cobria a importação de matérias‑primas, equipamentos e bens genéricos que não 
contassem com suficiente suprimento interno. A categoria especial era formada de importados, bens de 
consumo restrito e bens cujo suprimento fosse satisfatório pelo mercado interno.
Para operar esse novo sistema, foi criado o Conselho de Política Aduaneira (CPA), com o objetivo de 
enquadrar os produtos em uma das duas categorias previstas.
A ideia principal dessa reforma foi acelerar a substituição de bens de capital, diminuindo a ênfase 
dada aos bens de consumo. Essa reorientação era adequada à nova fase do PSI.
5.2.7.2 Política monetária
A política econômica desse período era gerenciada pela Sumoc, pelo Banco do Brasil e pelo Tesouro.
A Sumoc era o órgão controlador do sistema, e era responsável pela política cambial, por fixar os 
juros de redesconto e o percentual de depósitos compulsórios dos bancos, fiscalizar o registro de capitais 
estrangeiros e os bancos comerciais.
O Banco do Brasil era o órgão executor da política traçada pela Sumoc. Ele operava a carteira de 
redesconto e a caixa de mobilização bancária, a carteira de câmbio e a carteira de comércio exterior. 
Além disso, era responsável pelo serviço de compensação de cheques e era depositário das reservas 
voluntárias dos bancos comerciais. Exercia também a função de banco do governo.
O Tesouro Nacional era o órgão autorizado a emitir papel‑moeda e amortizá‑lo por meio da caixa de 
amortização, mas não tinha poderes de colocá‑lo em circulação, essa atribuição pertencia à carteira de 
redescontos, que estava submetida ao Banco do Brasil.
Assim, o Banco do Brasil exercia duas funções: a de banco comercial e a de autoridade monetária. 
As atribuições desse banco permitiam que ele crescesse constantemente, o único órgão que controlava 
o Banco doBrasil era a Sumoc.
5.2.7.3 O papel do setor público
O Plano de Metas colocava nas mãos do setor público a tarefa de aumentar e criar infraestrutura 
necessária à expansão industrial do Brasil. Ao Estado foi dada a prerrogativa de prover os insumos 
básicos e a criação de infraestrutura de fundamental importância para a industrialização.
Ao longo do Plano, houve um aumento bastante significativo das funções do Estado, que passou a 
controlar o setor de transportes tanto rodoviário como ferroviário, além do setor marítimo. Na área de 
energia, o governo passou a controlar a Petrobras e manteve o controle sobre as siderúrgicas.
74
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
Essa intervenção crescente do Estado não encontrou, na época, resistência do setor privado.
A participação do governo no gasto total cresceu de 19%, em 1952, para 23,7%, em 1961. Esses 
gastos vinham das seguintes fontes:
• Auxílio, subvenções e coberturas dos déficits das empresas públicas de transportes.
• Despesas com pessoal.
• Investimento em infraestrutura em áreas nas quais o setor privado não podia ser estimulado em 
função do controle de preços.
5.2.7.4 Capital estrangeiro
O crescimento industrial que ocorreu nesse período baseava‑se nas empresas estatais, privadas e 
privadas nacionais.
A visão nacionalista que tivera sido alimentada por Getúlio Vargas era, nesse momento da histórica 
econômica do Brasil, abandonada, pois sendo o lema do novo governo “Cinquenta anos em cinco”, havia 
pressa, e, portanto, necessidade de abrir‑se para o capital estrangeiro.
Em função dos baixos preços dos fatores de produção brasileiros, o País tornou‑se um espaço privilegiado 
para a atuação de empresas multinacionais, que passaram a dominar amplamente a produção industrial. 
Vejamos, na citação a seguir, os motivos da predominância de multinacionais no Brasil:
O predomínio das EMN foi consequência direta das características da 
industrialização no capitalismo monopolista. Dadas as escalas de produção 
e a intensidade de capital necessárias, foi inevitável a supremacia do capital 
externo, que dominou amplamente os setores industriais mais dinâmicos 
da nossa economia. Ao capital privado nacional coube o papel subordinado 
de fornecedor de insumos e componentes, como no caso da relação 
complementar entre o setor de autopeças e a indústria automobilística 
(REGO, 2014, p. 88).
A participação das multinacionais na economia brasileira nesse período a tornou mais aberta e 
internacionalizada.
5.2.7.5 Desenvolvimento e dependência externa
Como vimos anteriormente, o governo brasileiro realizava investimentos no setor industrial a partir 
da emissão monetária e da abertura da economia ao capital estrangeiro. Essa abertura significou, em 
última instância, um grande aumento da presença de multinacionais, que passaram a ter a primazia 
sobre setores fundamentais da economia, como transporte e geração de energia elétrica, ao mesmo 
tempo em que houve um desestímulo à entrada de capital privado na economia.
75
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Essa participação das multinacionais não só atingia o setor automobilístico, mas também a 
indústria farmacêutica, química, de cigarros, mecânica etc. O problema era não só o controle de setores 
considerados estratégicos, mas a remessa de lucros (muitas vezes superiores aos investimentos por 
elas realizados) para seus países de origem de forma desordenada. Esse tipo de procedimento era ilegal 
porque os mecanismos de controle eram precários e facilmente burláveis aqui no Brasil.
As consequências não tardaram, pois a criação de mercados barateou o fornecimento de 
matérias‑primas e impulsionou os investimentos do Estado, expandindo a economia.
No final do governo JK, os problemas mostravam novos impasses na economia, com o aumento da 
inflação, provocado pelas emissões de papel‑moeda para financiar os investimentos estatais e de créditos. 
Os organismos internacionais exigiram de Juscelino um controle inflacionário. No entanto, o presidente 
negou‑se a fazer uma política de contenção financeira, pois isso implicaria a redução dos salários e a 
diminuição dos créditos estatais às importações de mercadorias essenciais, como a gasolina.
5.2.8 O final do governo de JK
A administração de JK foi marcada por um cunho desenvolvimentista, o Plano de Metas, apoiado 
pelo slogan “Cinquenta anos em cinco”, foi o resumo dos objetivos do governo. Como vimos o governo 
investiu em vários setores da indústria e infraestrutura do Brasil, e pela primeira vez o PIB industrial do 
País superou o agrícola. O País, assim, deixou de ser uma economia primário‑exportadora e passou a se 
modernizar. Como resultado, a produção industrial aumentou 80%.
Brasília era considerada a meta síntese do Plano de Metas, era a realização de um projeto antigo que 
pretendia tirar a capital do Rio de Janeiro e transferi‑la para o Planalto Central do País. Da maneira como 
o Distrito Federal foi constituido, com uma arquitetura extremamente moderna e arrojada, espelhava a 
modernidade pretendida pelo governo de JK.
O Brasil, assim, passou a contar com a construção de hidrelétricas e novas e importantes rodovias, 
rompendo, por exemplo, com o isolamento geográfico do Centro‑Oeste e do Norte do Brasil.
Mas, como vimos, todos esses esforços deixariam como herança um enorme endividamento tanto 
externo como interno e uma inflação crescente. Além disso, os projetos econômicos levaram a uma 
lacuna cada vez maior entre as classes trabalhadoras e as classes mais favorecidas. É fato que há um 
importante crescimento da Classe Média e isso, em última instância, significa desenvolvimento. Porém, 
ao privilegiar a vida urbana, o governo aprofundou as desiguldades sociais nacionais.
Com a modernização do parque industrial e a construção da nova Capital Federal, iniciou‑se um 
importante êxodo rural, que sobrecarregaria os centros urbanos, que não tinham condições de receber 
essa população de forma adequada. As favelas se multiplicaram nas periferias e morros das grandes 
cidades, levando a um grande problema social, para o qual não havia nenhuma solução imediata.
De fato, é inegavel que o governo de JK modernizou e trouxe riqueza para o Brasil, mas isso 
não significava que os problemas sociais haviam sido extintos; ao contrário, novas questões, tanto 
76
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
econômicas quanto sociais, surgiram a partir do Plano de Metas, e o governo não deixou soluções a 
curto prazo para essas dificuldades.
Em termos políticos, o governo de Juscelino Kubitschek foi marcado por uma democracia estável, a 
aliança entre o PSD e o PTB garantiu ao Executivo Federal uma excelente base de governabilidade e esse 
apoio político foi o que garantiu, no final das contas, a execução de tantos projetos elaborados por JK.
Levando em conta os problemas e as vitórias do governo, a modernização acabou pesando na 
balança, e JK terminou seu governo absolutamente consagrado pelo povo.
Na sucessão presidencial de 1960, a UDN lançou Jânio Quadros como candidato, o PTB, com o apoio 
do PSB, lançou o marechal Henrique Teixeira Lott, já o PSP lançou Adhemar de Barros. Quem venceu 
o pleito foi Jânio Quadros, que obteve uma votação muito expressiva. O vice‑presidente, que naquela 
época também era eleito, foi o candidato a vice do PTB, João Goulart, formando uma chapa no mínimo 
improvável, mas isso nós veremos no próximo item.
Em 1961, JK, apesar de ter sido eleito senador pelo estado de Goiás, foi cassado pelo golpe militar de 
1964 e acabou tendo seus direitos políticos cassados, sob a acusação de corrupção.
Em junho de 1964, o ex‑presidente foi exilado. Então viajou aos Estados Unidos, depois à França, e só 
retornou ao País em 1967. Na sua volta, associou‑se com Carlos Lacerda e João Goulartpara criar uma 
aliança política que foi denominada “Frente Ampla”, que tinha como objetivo se opor à Ditadura Militar.
O ex‑presidente pretendia voltar à vida política em outubro de 1975, mas não obteve sucesso.
JK publicou um livro com o título Meu Caminho para Brasília, e se tornou membro da Academia 
Mineira de Letras. JK faleceu em 1976, em um acidente de automóvel na Via Dutra, perto da cidade de 
Rezende, no estado do Rio de Janeiro, em circunstâncias que nunca foram completamente esclarecidas.
Figura 12 
77
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
5.3 O governo de Jânio Quadros (janeiro de 1961 a agosto de 1961)
O futuro presidente do Brasil, Jânio da Silva Quadros, nasceu em 25 de janeiro de 1917, em Campo 
Grande, no estado de Mato Grosso. Teve uma vida política agitada, começando por se candidatar a 
vereador nas eleições de 1947 pelo PDC (Partido Democrata Cristão), sem, contudo, conseguir se eleger. 
Entretanto, a sorte estava ao lado de Jânio, pois com a suspensão do registro do Partido Comunista 
Brasileiro (PCB), muitas cadeiras ficaram vazias na Câmara Municipal de São Paulo, e ele acabou sendo 
chamado para preencher um desses lugares em 1948.
Em 1950, foi eleito deputado estadual, tendo como bandeira política a moralização do serviço 
público. Finalmente, o futuro presidente se candidatou à prefeitura pelo do PDC em coligação com 
o Partido Socialista Brasileiro (PSB), vencendo por larga margem em 1936. Em 1954, candidatou‑se a 
governador do estado de São Paulo e venceu as eleições.
O governo de JK, ao implantar o Plano de Metas, acabou favorecendo muito o estado de São Paulo 
tanto no que se refere à presença cada vez maior de indústrias como ao aumento da receita tributária 
do Estado.
No dia 20 de abril de 1959, foi fundado o Movimento Popular Jânio Quadros (MPJQ), que apoiava 
eleição do governador à presidência da República. Ele venceu as eleições de 3 de outubro de 1960. No 
mesmo pleito, João Goulart foi eleito vice‑presidente. Jânio Quadros venceu as eleições com grande 
número de votos contra seu adversário nas eleições presidenciais, o general Henrique Lott.
Durante a sua campanha, Jânio utilizou uma música que empolgou a população: ”[...] varre, varre, 
vassourinha, varre, varre a bandalheira [...]”, prometendo varrer a corrupção do País, equilibrar as finanças 
públicas e diminuir a inflação.
O governo do novo presidente contou como o apoio político da elite brasileira, mas, na política 
internacional, apesar de se declarar contra o socialismo, manteve contato com países do bloco comunista.
 Observação
No período da eleição de Jânio Quadros, votava‑se separadamente para 
presidência e para vice‑presidência, assim, os dois candidatos poderiam ser 
de partidos diferentes.
Jânio Quadros e João Goulart foram empossados em 31 de janeiro de 1961 e, no seu discurso de 
posse, o recém‑eleito presidente fez graves acusações à gestão anterior em cadeia nacional de rádio, 
acusando JK de ineficiência administrativa e responsabilidade pelos altos índices de inflação e pela 
dívida externa de dois bilhões de dólares. O governo de Jânio durou apenas sete meses.
No início do seu governo, Jânio Quadros impôs uma imagem de moralidade, colocando em prática 
medidas bastante bizarras, como: proibição dos biquínis nas praias brasileiras, veto à transmissão pela 
78
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
televisão de concursos de miss, que eram grande sucesso na época, proibição das rinhas de galo e do uso 
de lança‑perfume nos bailes de carnaval e regulamentação do jogo de carteado.
Economia
O governo de Jânio Quadros foi bastante conservador em questões econômicas. Para tentar conter a inflação, 
o governo seguiu a cartilha proposta pelo FMI de duras medidas. Assim, desvalorizou a moeda nacional para 
favorecer as exportações e limitar as importações, não permitiu aumentos salariais e diminuiu a concessão de 
crédito para conter a inflação. Todavia, apesar dos esforços do governo, a inflação permaneceu alta.
Política
Jânio Quadros procurou centralizar os poderes no Executivo e tentou diminuir o poder do Congresso 
Nacional, mas não foi bem‑sucedido nessa tentativa de aumentar seus poderes.
Em função do seu fracasso de obter mais poder, no dia 13 de março de 1961, o presidente foi às 
rádios e às emissoras de televisão anunciar uma reforma cambial que pretendia atender aos interesses 
do setor exportador e dos credores internacionais, mas obviamente isso acabaria punindo os grupos 
nacionais que haviam contraído financiamento externo durante a vigência da taxa anterior.
Jânio Quadros pretendia manter uma política externa de contato e entendimento com todas as 
nações, independentemente de sua orientação política e ideológica. Assim, fez algo surpreendente ao 
estabelecer relações com as nações do bloco socialista.
Em maio de 1961, o presidente recebeu no Palácio do Planalto, em Brasília, a primeira missão comercial 
da República Popular da China enviada ao Brasil e em julho recebeu a missão soviética. Também entrou 
em contato com o líder socialista Che Guevara e o condecorou com a Ordem do Cruzeiro do Sul, ocasião 
que aproveitou para pedir as libertações de 20 padres espanhóis presos em Cuba.
A repercussão desse contato com o bloco socialista foi a pior possível e os problemas já começaram 
tendo como consequência imediata, entre os militares, ameaças de insoburdinação e, inclusive, de 
devolução de suas condecorações em sinal de protesto. Já entre os congressistas, começaram a surgir 
violentos protestos contra a condecoração de Guevara.
 Observação
Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido como Che Guevara, foi um 
médico argentino que se tornou guerrilheiro e liderou a Revolução Cubana 
(1953‑1959), que reorganizou o Estado cubano em moldes socialistas. Foi 
presidente do Banco Nacional de Cuba e ministro da Indústria. Guevara 
acreditava que a América do Sul e a África deveriam partir para a via 
socialista, e assim organizou grupos de guerrilha no Congo e na Bolívia. Foi 
capturado em solo boliviano e executado em 9 de outubro de 1967.
79
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Figura 13 – Momento da condecoração de Che Guevara por Jânio Quadros
 Saiba mais
Assista ao filme:
DIÁRIOS de motocicleta. Dir. Walter Salles. Argentina; EUA; Chile; Peru; 
Brasil, Reino Unido; Alemanha; França: Filmfour, 2004. 126 minutos.
5.3.1 A economia do governo Jânio Quadros
No início da década de 1960, a economia brasileira ainda mantinha sua trajetória de crescimento, e 
Jânio Quadros se beneficiou desse crescimento, mas em 1962, os dados sobre o nível de investimento e 
o crescimento industrial já apontavam para a recessão que se iniciaria em 1963.
Segundo Celso Furtado (apud REGO, 2014), a economia brasileira, nos anos 1960, já apresentava 
sintomas de esgotamento do PSI e caminhava para a crise e a estagnação. Esse processo era reforçado pela 
influência das classes conservadoras, que ainda queriam que o País se mantivesse primário‑exportador. 
Os preços agrícolas eram altos e o nível de vida da população brasileira, baixo. E se a demanda por bens 
industriais era baixa devido ao baixo poder de compra da população, seria absolutamente necessário 
que houvesse profundas mudanças na estrutura econômica brasileira, o que o governo de Jânio não fez.
Câmbio
Jânio Quadros adotou uma visão conservadora na formulação de sua política econômica. Em 
março de 1961, o governou implantou uma reforma na política cambial, por meio da instrução 204 da 
Superintendência de Moeda e do Crédito. Essa reforma referia‑se à desvalorização da taxa de câmbio e 
à unificação do mercado cambial, que foi transformado em câmbio livre.
80
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -2
4/
08
/1
5
Unidade II
Inflação
O presidente culpava o governo anterior pela escalada inflacionária e havia uma clara relação entre 
a nova política cambial e uma política anti‑inflacionária do governo.
Dívida externa
Em maio de 1961, o governo obteve sucesso nas negociações com os credores norte‑americanos e 
europeus, conseguindo novos empréstimos e reescalonamento da dívida externa.
Propostas na área econômica
Jânio enviou ao Congresso projetos de lei antitruste e propôs a lei de limitação de remessa de lucros 
pelas multinacionais, mas nenhum desses projetos foi posto em votação. O presidente não tinha apoio 
algum do Congresso Nacional.
5.3.2 A crise política do governo de Jânio Quadros
A crise política do governo de Jânio Quadros iniciou‑se com a condecoração de Che Guevara e teve 
consequências bastante preocupantes: o udenista Carlos Lacerda, inimigo declarado do governo, fez 
uma grave acusação em 24 de agosto de 1961, em rede nacional: clamou que o presidente planejava 
um golpe e acusou‑o de se aproximar dos comunistas.
Jânio Quadros renunciou no dia seguinte a essas acusações, afirmando em carta enviada ao Congresso 
Nacional que “forças terríveis” o haviam levado a optar pela renúncia. O Congresso aceitou sua saída 
e a presidência foi ocupada interinamente pelo presidente da Câmara, Ranieri Mazilli, até o retorno do 
vice‑presidente, João Goulart, que estava na China em visita oficial. O presidente tinha perdido o apoio 
de toda a sua base aliada, inclusive da UDN.
A proclamada renúncia do presidente foi rapidamente aceita pelo Congresso Nacional. Muitos acreditam 
que o anúncio da saída do presidente foi uma tentativa de obter mais força para governar, pois é possível 
que Jânio Quadros acreditasse que o Congresso e a população considerassem seu vice, Jango, uma pessoa 
perigosa, devido a suas ideias muito próximas do socialismo. A ideia de Jânio era que o Congresso se recusaria 
a aceitar Jango como presidente, e, assim, não aceitasse sua saída do governo, lhe dando, ao contrário, mais 
poder. Mas o tiro saiu pela culatra quando o Congresso se apressou em aceitar sua renúncia.
A posse de João Goulart, que estava em visita oficial à China (havia sido enviado ao País comunista 
pelo próprio presidente), foi algo inesperado após a renúncia de Jânio Quadros. No próprio dia 25 de 
agosto, ocorreram as primeiras manifestações populares.
No dia 27 de agosto de 1961, Jânio Quadros foi para Londres, provavelmente decepcionado pelo 
fato de sua manobra política ter fracassado. O Congresso aprovou o Ato Adicional, promulgado em 3 
de setembro, garantindo o mandato de Goulart até 31 de janeiro de 1966 em regime parlamentarista. 
Goulart foi finalmente empossado no dia 7 de setembro.
81
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Acreditava‑se, na época, que o Congresso não daria posse ao vice de Jânio, João Goulart, que era 
considerado “perigoso” por acreditar em ideologias socialistas. Jango, como era conhecido, encontrava‑se 
em missão governamental na China, que, não esqueçamos, já era um país socialista, quando houve a 
bombástica notícia da renúncia do presidente. Historiadores acreditam até que o envio de Jango à China 
foi uma manobra política do presidente Jânio Quadros.
Veja a seguir a carta de renúncia de Jânio Quadros:
Fui vencido pela reação e assim deixo o Governo. Nestes sete meses, cumpri 
meu dever. Tenho‑o cumprido, dia e noite, trabalhando infatigavelmente, 
sem prevenções nem rancores. Mas, baldaram‑se os meus esforços para 
conduzir esta Nação pelo caminho de sua verdadeira libertação política e 
econômica, o único que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a 
que tem direito o seu generoso povo.
Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, 
a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e 
às ambições de grupos ou indivíduos, inclusive, do exterior. Forças terríveis 
levantam‑se contra mim, e me intrigam ou infamam, até com a desculpa da 
colaboração. Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, 
ora quebradas, e indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio 
mesmo, que não manteria a própria paz pública. Encerro, assim, com 
o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes e para os 
operários, para a grande família do País, esta página de minha vida e da vida 
nacional. A mim, não falta a coragem da renúncia.
Saio com um agradecimento, e um apelo. O agradecimento é aos 
companheiros que, comigo, lutaram e me sustentaram, dentro e fora do 
Governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em 
todos os instantes, proclamo nesta oportunidade.
O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima 
de cada um dos meus patrícios para todos; de todos para cada um.
Somente, assim, seremos dignos deste País, e do Mundo.
Somente, assim, seremos dignos da nossa herança e da nossa 
predestinação cristã.
Retorno, agora, a meu trabalho de advogado e professor.
Trabalhemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria (QUADROS, 2010).
82
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
A sociedade brasileira atravessou, a partir da renúncia do presidente Jânio Quadros, um período de 
grande instabilidade econômica e política, que resultou na interrupção da democracia e na instalação 
de uma ditadura militar, a partir de março de 1964, que duraria 21 anos.
Jânio Quadros retornou de Londres e tentou disputar o governo paulista pelo PTN (Partido Trabalhista 
Nacional), mas não conseguiu se eleger. Acabou tendo seus direitos políticos cassados em 1964 pelo 
regime militar. Ele voltou ao cenário da política brasileira apenas em 1985, como o fim da Ditadura 
Militar, concorreu à prefeitura da cidade de São Paulo, foi eleito e empossado em 1986. O ex‑presidente 
faleceu em 1992 em função de problemas de saúde (DICIONÁRIO..., 2001).
5.4 Do governo João Goulart (1961‑63) ao golpe de 1964
5.4.1 O governo de João Goulart (1961‑63)
João Goulart, conhecido como Jango, nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul, em 1919. A 
partir de 1946, ao ser lançado por Getúlio Vargas como deputado estadual, entrou definitivamente 
para a vida política e, em 1951, elegeu‑se senador da república, cargo do qual licenciou‑se para assumir 
a Secretaria do Interior e Justiça. Em 1953, assumiu a presidência do diretório nacional do Partido 
Trabalhista Brasileiro (PTB).
Em 1953, durante a última gestão de Vargas, foi nomeado para o Ministério do Trabalho. Sua grande 
preocupação foi o salário mínimo: pretendia dobrá‑lo. Ganhou apoio popular, porém também angariou 
profunda antipatia dos empresários.
Goulart fez um governo de caráter bastante populista. Entre suas ações estavam: financiamento de 
habitações, criação de um instituto que cuidava da aposentadoria dos trabalhadores das indústrias e 
idealização do 1º Congresso Brasileiro de Previdência Social.
Em função de sua política, que era acusada pelos setores mais conservadores da sociedade de 
populista, acabou exonerado. Posteriormente, foi empossado como vice‑presidente de JK em 1956, 
obtendo mais votos que o próprio presidente. Jango tinha grande força entre os sindicatos e o presidente 
foi obrigado a depender de seu vice para resolver questões trabalhistas.
Jango se elegeria novamente como vice‑presidente em 1961, dessa vez de Jânio Quadros. Quando 
da ocasião da renúncia do presidente, estava em uma missão na China.
 Lembrete
A ideia de Jânio Quadros era uma recusa pelo Congresso e pela população 
brasileira de sua renúncia, devido ao medo de que Jango, que tinha fama de 
socialista, assumisse a presidência. No entanto, a expectativa de Jânio foi 
frustrada e sua renúncia foi prontamente aceita.
83
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DOBRASIL CONTEMPORÂNEO
Em 1º de setembro de 1961, Jango desembarcou em Porto Alegre e foi recebido com enorme 
aprovação popular, apoiado pela campanha liderada por Leonel Brizola, governador do Rio Grande do 
Sul, que se mobilizou e criou a Campanha da Legalidade.
Logo a seguir, em 2 de setembro, o Congresso aprovou a Emenda Constitucional que inaugurou 
o sistema de governo parlamentarista no Brasil. Essa foi uma manobra política que visava limitar os 
poderes do Executivo, fazendo com que o governo ficasse nas mãos do Congresso e não do presidente.
Quando finalmente assumiu o cargo, Jango, sabendo das limitações impostas pelo novo regime 
parlamentarista, procurou obter mais poderes, ampliando a sua base política. Tancredo Neves, do PSD de 
Minas Gerais, tornou‑se primeiro‑ministro, mas só ficou no cargo até julho de 1962, quando Brochado 
da Rocha, também do PSD, assumiu o cargo, que também deixou rapidamente em setembro.
João Goulart apresentou um projeto ao Congresso que autorizava a realização de um plebiscito: 
pela consulta popular o governo saberia se o povo estava aceitando o parlamentarismo no Brasil. Com 
uma votação expressiva a favor do presidencialismo, o presidente obteve permissão para constituir 
imediatamente um conselho de ministros, sem necessitar de autorização prévia do Congresso, o que 
significava, em última instância, a restauração informal do presidencialismo.
5.4.2 A economia do período Jango (1961 a março de 1964)
Se compararmos esse período com o governo de JK, podemos observar uma forte reversão da 
situação econômica. Esse período, principalmente a partir de 1963, caracterizou‑se por uma grande 
crise econômica. Houve uma queda nos investimentos e a taxa de crescimento da renda brasileira 
também caiu muito.
Veja a tabela a seguir:
Tabela 17 
Ano PIB Indústria Taxa de Inflação (IGP)
1961 8,6 11,1 33,2
1962 6,6 8,1 49,4
1963 0,6 ‑0,2 72,8
1964 3,4 5,0 91,8
1965 2,4 ‑4,7 65,7
Fonte: Gremaud (2002, p. 385).
O novo governo recebera uma herança econômica muito complicada. Havia uma grave crise 
financeira, levando Jango a procurar convencer os credores norte‑americanos, assim como o próprio 
FMI, de que as intenções do governo eram sanear as contas públicas. O presidente viajou em abril 
de 1962 para a capital dos EUA a fim de buscar recursos financeiros e discutir os temas que vinham 
dificultando as relações entre os dois países. Porém, não conseguiu recursos do exterior.
84
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
A situação no Brasil era muito grave, a inflação era crescente e havia uma forte insatisfação popular. 
Foi adotado um programa de emergência que visava combater a inflação e antecipar um plebiscito que 
teria como propósito decidir a continuidade ou não do regime parlamentarista.
Uma das causas dessa crise foi a herança inflacionária e as dívidas, tanto internas como externas, 
deixadas pelo Plano de Metas. O governo tentou reequilibrar a economia com a elevação da taxa de 
poupança por meio de uma reforma fiscal e contenção do déficit de custeio das empresas públicas. Para 
as políticas monetárias, bancária e financeira pública, o governo estabeleceu controles quantitativos do 
crédito, a menção à criação de um Banco Central e do Banco Rural e a reforma da legislação bancária. 
O programa defendia também a adoção de política cambial baseada em taxa única fixada no que se 
chamava nível realista.
O ponto de maior atrito foi a reforma agrária proposta pelo presidente Jango com mudança do princípio 
constitucional que determinava que a indenização de terras desapropriadas fosse feita em dinheiro.
Enquanto isso, as relações com os EUA se deterioravam, com o exame feito pelo Congresso de 
alterações da legislação relativa à remessa de lucros de capital estrangeiro e também com a decisão do 
governo federal de cancelar as concessões de lavra de minério de ferro da empresa norte‑americana 
Hanna Corporation e de apoiar a desapropriação dos bens da Companhia Telefônica Nacional, subsidiária 
da empresa americana International Telephone and Telegraph.
O governo começou a ter graves problemas no gerenciamento da economia do País. O déficit público 
aumentou substancialmente em função do aumento das despesas públicas, eram muito grandes os 
gastos com as empresas de transportes e houve também uma expansão da oferta monetária, criando 
uma pressão inflacionária.
No final de 1962, a instabilidade política refletiu‑se na economia, a expansão dos meios de pagamento 
manteve‑se em 4% ao mês até dezembro, quando chegou a 13%, o PIB reduziu‑se para 6,6%, a inflação 
mensal chegou à ordem de 5 a 7% e o custo de vida aumentou quase 50%.
5.5 A Cepal e suas principais diretrizes
Na tentativa de solucionar as crises econômicas pelas quais passava o Brasil, o governo de Jango tentou 
pôr em prática uma política econômica baseada no Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico, que foi 
elaborado e executado por San Tiago Dantas, ministro da Fazenda, e Celso Furtado, ministro do Planejamento.
O Plano visava a uma série de reformas institucionais que iriam atuar sobre os graves problemas 
estruturais do País. Previa‑se o controle do déficit público, manutenção da política desenvolvimentista 
com reformas de base (bancária, fiscal, urbana, eleitoral, agrária e educacional) e medidas de caráter 
nacionalista que aumentariam o intervencionismo do Estado.
San Tiago Dantas foi a Washington em março de 1963 com os objetivos de obter financiamento ao 
Plano Trienal, discutir um plano de ajuda do governo norte‑americano ao Brasil e renegociar as dívidas 
brasileiras.
85
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
O receituário do plano partia de ideias advindas da corrente cepalina (Cepal), que analisaremos a 
seguir.
6 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA LATINA
A chamada Teoria do Desenvolvimento da Cepal surgiu na América Latina. Economistas, sociólogos 
e outros teóricos formularam a tese de que a economia dos países latino‑americanos era periférica e 
de que sua relação com os países desenvolvidos, chamados pelos cepalinos de centrais, era injusta. Eles 
então concluíram que o modo de produção capitalista que o mundo, como um todo, havia adotado 
criava profundas lacunas econômicas e políticas entre os diversos países. Essa condição desfavorável 
para periferia, mas muito favorável para o centro, gerava uma relação que partia do pressuposto de que 
a economia da periferia só se expandiria a partir do bom desempenho das economias centrais.
Essa condição desfavorável resultou na composição de teorias que compunham uma literatura 
cuja principal característica era a compreensão do desenvolvimento dos países, mas principalmente o 
desejo de encontrar um meio de resolver os problemas das nações periféricas da América Latina, que 
deveria se modernizar, mas usando pressupostos próprios e não apoiados nas teorias que alavancaram 
as economias europeias e norte‑americanas, como a busca da máxima produtividade, investimento e 
geração de poupança.
A Cepal foi fundada logo após o término da Segunda Guerra Mundial em um clima de Guerra‑Fria, 
que teve como ponto de inflexão a criação do Plano Marshall. Os países latino‑americanos não contavam 
com os recursos desse plano e pleiteavam uma maior ajuda dos países desenvolvidos.
 Lembrete
O Plano Marshall foi criado durante a reunião de Bretton Woods, nos 
EUA, em 1944, e tinha como objetivo ajudar as economias destruídas 
após a Segunda Guerra. Os recursos viriam por intermédio de um banco 
criado na ocasião e que recebeu o nome de Banco Mundial. Na realidade, 
podemos considerar o Plano Marshall como uma estratégia estadunidense 
de angariar aliados.
6.1 A tese de Raul Prebisch
Raul Prebisch (1901‑86), um dos mais importantes teóricos da Cepal, havia sido presidente do Banco 
Central da Argentina. O autor das mais importantes teorias de desenvolvimentopara a América Latina 
elaborou uma teoria que partia do princípio de que a Teoria das Vantagens Comparativas, de David 
Ricardo, que era usada como paradigma de organização das trocas internacionais, não se aplicava ao 
caso da América Latina.
Segundo os princípios da Cepal, elaborados por Prebisch, a única alternativa de desenvolvimento da 
América Latina e dos países periféricos como um todo era a industrialização.
86
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
 Observação
A Teoria das Vantagens Absolutas, de Adam Smith, foi criticada pela 
Teoria das Vantagens Comparativas, elaborada por David Ricardo, autor 
clássico. Segundo ele, sua teoria produzia uma visão estática da divisão 
de trabalho internacional, pois acreditava que o comércio internacional 
não deveria se apoiar em quem produz melhor, mas sim naqueles que 
produzem a custos menores – dando, assim, a oportunidade a todos os 
países de participar do comércio internacional.
Segundo Raul Prebisch, se a América Latina partisse dos pressupostos ricardianos, produziria somente 
matérias‑primas para exportação, e importaria produtos manufaturados, mais caros – o que geraria 
poucos lucros para os países periféricos e lucros extraordinários para os países centrais.
Havia uma defesa, por parte dos países mais desenvolvidos, de que a partir do momento em que 
houvesse importação de tecnologia, esta seria inexoravelmente absorvida pelos periféricos. Assim, não 
haveria necessidade de os países mais pobres da América Latina se industrializarem, eles obteriam 
recursos por meio das suas exportações. Para Prebisch, essa teoria não se justificava, pois produtos 
primários agregam muito menos valor e, portanto, são muito mais baratos que produtos industrializados, 
produzindo lucros muito menores aos primário‑exportadores.
A deterioração dos termos de troca pode ser explicada pela Teoria do Ciclo. Na fase ascendente, os 
preços e a renda sobem nos países desenvolvidos, o que eleva a demanda internacional de alimentos 
e matérias‑primas. Consequentemente, com os preços favoráveis, os países periféricos aumentam sua 
oferta. Já na fase descendente, quando os preços começam a cair, os países subdesenvolvidos não 
conseguem reduzir de imediato sua oferta, pois não dá para “desplantar”, ou seja, o que foi plantado 
terá que ser colhido, e isso demanda tempo. Nessa fase, embora a demanda externa se retraia e os 
preços diminuam, a oferta agrícola tende a ter uma queda menos do que proporcional, por sua rigidez.
Produtos industrializados tendem a se ajustar com muito mais rapidez às fases descendentes, pois as 
fábricas podem simplesmente produzir menos. Além disso, nas economias desenvolvidas, a rigidez dos 
salários é maior, o que evita maiores reduções da demanda de produtos industriais dentro do próprio 
país. Uma maneira de amortizar as perdas é repassá‑las aos países periféricos, que são dependentes das 
tecnologias e dos produtos industrializados das economias centrais, o que quer dizer que as economias 
mais pobres não possuem a opção de rejeitar preços mais altos e acabam consumindo os bens a preços 
muitas vezes caríssimos.
Ainda segundo o economista, os países centrais teriam como obrigação ajudar os países periféricos 
a combater esse período de depressão. Na fase descendente, eles deveriam aumentar seus empréstimos 
para a periferia poder continuar importando seus produtos, sobretudo bens de capital. Isso é possível 
porque na fase de depressão, os recursos financeiros ficariam ociosos nos países centrais.
87
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
6.2 Estratégias de desenvolvimento para a América Latina
Prebisch apoiava que a industrialização aconteceria por meio da substituição de importações e de 
nosso PSI, com:
• Compressão do consumo supérfluo, principalmente de produtos 
importados, por meio de tarifas elevadas e de restrições às importações;
• Incentivo ao ingresso de capitais externos, principalmente na 
forma de empréstimos de governo a governo, principalmente para 
implementação de infraestrutura básica;
• Realização de reforma agrária para aumentar a oferta de alimentos 
e matérias‑primas, bem como a demanda de produtos industriais, 
mediante a expansão de mercado interno;
• Maior participação do estado na captação de recursos e na 
implantação de infraestrutura como energia, transportes e 
comunicação (COUTO, 2007).
A teoria de Prebisch foi alvo de inúmeras críticas por parte dos donos de fatores de produção e industriais, 
países centrais e grandes latifundiários, que exerciam seu poder nos países latino‑americanos. Eles viam na 
teoria da Cepal uma destruição do seu modo de obter lucros enormes com imensas facilidades.
Os grupos socialistas também criticavam a Cepal, pois consideravam que ela era favorável aos 
princípios capitalistas.
Todavia, apesar das muitas críticas recebidas, os princípios cepalinos foram adotados no Brasil durante 
o governo de Getúlio Vargas, o Estado Novo (1937‑45), quando foram fundadas a CSN (Companhia 
Siderúrgica Nacional) e a Companhia Vale do rio Doce (para a extração de minérios), que contou com 
a ajuda norte‑americana – tanto financeira como tecnológica – para a sua implantação. Os princípios 
cepalinos foram também adotados durante a era JK, na qual os projetos de industrialização foram adotados 
como meio de desenvolvimento do Brasil, a partir de uma ajuda constante de capital advindo dos EUA.
Durante a década de 1950, com o aquecimento da economia mundial e a adoção do modelo de 
substituição de importações cada vez mais presente no Brasil, houve a oportunidade para a instalação 
de multinacionais no País, porém, dentro da lógica do PSI, as importações ficavam restritas.
O PSI, no entanto, se estende além do Plano de Metas, durante o governo de João Goulart. O plano 
de desenvolvimento que foi batizado com o nome de Plano Trienal foi apoiado, em sua elaboração, nas 
teorias da Cepal, já que seu grande elaborador, Celso Furtado, era um forte adepto dessa corrente. De 
fato, esse modelo de substituição de importações como promotor de desenvolvimento foi adotado no 
Brasil até 1990, quando, então, Fernando Collor de Mello o abandonou e fez a abertura do mercado 
brasileiro para o exterior.
88
Re
vi
sã
o:
 G
io
va
nn
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 2
4/
08
/1
5
Unidade II
Apesar do sucesso de seu pensamento em vários países latino‑americanos, as ideias de Raul Prebisch 
foram se modificando com o passar dos anos. A seguir faremos uma pequena análise dessas mudanças, 
sempre baseados em Couto (2007):
1ª etapa: formação do pensamento (1943‑49)
É nessa primeira fase que surge o conceito de centro e periferia. A teoria é que países centrais 
europeus e norte‑americanos são industrializados e se beneficiam nas relações internacionais dessa 
posição, enquanto os países periféricos da América do Sul, África e Ásia não se beneficiam do contato 
comercial e econômico com o exterior. Não há um ciclo nos países centrais diferente das periferias. Para 
ele, o movimento é único, porém dividido em fases diferentes e separadas.
O principal conceito estava baseado na teoria dos ciclos econômicos: trata‑se de uma série de 
desequilíbrios que alternam de forma circular os momentos de aumento e diminuição da renda. Esse 
processo se dá tanto internamente como no mercado externo. Nessa fase, Prebisch criticava posturas 
liberais, que defendiam que o mercado se autorregula, e previa uma intervenção estatal.
Há uma preocupação constante nessa fase com o comércio internacional, que se refletiria no 
desempenho do balanço de pagamentos das nações.
2ª etapa: sistema centro‑periferia e a industrialização da América Latina (1949‑1959). 
Época em que surge a Cepal
Nessa fase, o conceito de centro‑periferia é mais atuante na elaboração das teses do autor. É aqui 
que aparece com mais força o conceito de

Continue navegando