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História das Religiões, Religiões Africanas e Orientais 5 (1)

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História das Religiões: 
Religiões Africanas 
e Orientais
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Rosenilton Silva de Oliveira
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
• Introdução;
• Índia: Terreno Fértil de Religiosidade;
• Hinduísmo;
• Budismo;
• Japão e Xintoísmo;
• Considerações Finais.
 · Apresentar as teologias das religiões orientais a partir de três mode-
los paradigmáticos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Religiões Orientais: Modelos Rituais 
(Índia, Japão e China)
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Introdução
Seja bem-vinda(o) ao universo das religiões orientais!
Nesta Unidade, vamos refletir sobre o processo de configuração de algumas das 
principais religiões que tiveram origem na Índia e no extremo Oriente, especifica-
mente na China e no Japão. Nosso objetivo principal é conhecer um pouco mais 
desse universo religioso.
Precisamos destacar que Hinduísmo, Budismo e Xintoísmo não resumem o 
complexo grupo das religiões orientais. Sabemos que na Índia e no Extremo Oriente 
temos outras expressões religiosas cuja presença no espaço público, importância 
política e número de adeptos variam enormemente.
Também sabemos que algumas dessas religiões não exigem filiação exclusiva, 
tal como ocorre com as religiões monoteístas como o Cristianismo, o Judaísmo e 
o Islamismo. Assim como nas religiões de matrizes afro-americanas (Candomblés 
e Umbanda, no Brasil; Santería e Palo Monte, em Cuba, ou o Vodu, no Haiti) e 
nas religiões tradicionais africanas, é possível que o fiel budista ou xintoísta possa 
incorporar à sua prática religiosa ritos advindos de outras religiões, sem que isso 
seja encarado de modo depreciativo.
A própria lógica interna dessas religiões e o modo pelo qual as sociedades e os 
sujeitos constroem suas relações com o sagrado permitem essas transições de um 
Sistema a outro, e harmonia entre eles, guardadas as devidas especificidades.
Ao tratar das religiões com origem na Índia, optou-se pelo Hinduísmo e pelo 
Budismo, vez que esses modelos rituais estão presentes também no Brasil e possui 
grande número de adeptos não apenas no Oriente, mas também no Ocidente.
Veremos a seguir que, embora de origem indiana, o Budismo conhece um gran-
de desenvolvimento e expansão na China, sendo ali a principal religião em número 
de praticantes.
No caso do Xintoísmo, sua escolha deu-se, sobretudo, na tentativa de demonstrar 
um exemplo de configuração de uma religião japonesa que dialoga com outras 
religiões orientais, mas que guarda aspectos das religiões nacionais.
Assim, o percurso dessa unidade será nos meandros dessas três religiões, 
tomando-se a Índia, a China e o Japão como referência.
Vamos iniciar nosso caminho!
8
9
Índia: Terreno Fértil de Religiosidade
A Índia possui uma história longa e complexa, tanto do ponto de vista social, 
quanto político, cultural e, sobretudo, religioso, marcada pelos diálogos com os 
vários povos com quem teve contato ao longo dos séculos.
Localizada na Ásia Meridional, delimitada pelo Golfo de Bengala, Bangladesh 
e Mianmar a leste, o mar da Arábia e o Paquistão a oeste, o Oceano Índico e os 
países insulares Sri Lanka e Maldívias ao sul e pela China, Nepal e o Butão ao 
norte; a República da Índia (em indo, Bharat Gan- arajya e Republic of India, em 
inglês), tem seu nome em referência aos habitantes do vale do Rio Indo.
Considerando a localização geográfica privilegiada do Vale do Indo, a região 
tornou-se rota comercial obrigatória de vários impérios, o que explica, em parte, a 
diversidade apontada acima.
Desde a Antiguidade, a região esteve em constante diálogo com ouras civilizações: 
gregos, persas, árabes, romanos e chineses, entre outros povos, moldaram esse que é 
considerado o segundo país mais populoso do mundo, habitado por 1.210.854.977 
pessoas, de acordo com o Censo Oficial do Governo, divulgado em 2011.
Ao longo dos séculos, vimos surgir quatro grandes religiões na região: Hin-
duísmo, Budismo, Jainismo e Sikhismo e, no primeiro milênio da Era Cristã, o 
Zoroastrismo, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo passaram a fazer parte da 
paisagem religiosa indiana.
De acordo com os dados oficiais do Governo Indiano, atualmente, seis religiões 
concentram o maior número de adeptos: Hinduísmo, Islamismo, Cristianismo (nas 
suas várias vertentes: católicos romanos, católicos ortodoxos e protestantes), Budis-
mo, Skhirmo e Jainismo, sendo que os hinduístas correspondem a 80% da população
É importante destacar, como se vê no Gráfico a seguir, que 0,9% da população 
(o que corresponde a mais de 10 milhões de pessoas) praticam outras religiões não 
identificadas pelo Censo Oficial.
Hinduismo 79,80%
Islamismo 14,23%
Cristianismo 2,3%
Outra 4%
Sikh - 1,72%
Budismo - 0,70%
Jain - 0,37%
Outras religiões - 0,66%
Religiões não identi�cadas - 0,24%
Gráfi co 1 – Distribuição religiosa na Índia, 2011
Fonte: censuindia.gov.in
9
UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Os dados impressionam se tomarmos o Brasil como referência. Considerando 
que ele possui cerca de 200 milhões de habitantes, esse número corresponde a 
cerca de 16% da população indiana, ou seja, quase o mesmo número de islâmicos 
encontrados no país.
Tal como destacamos na introdução, é preciso considerar que o adepto de uma 
religião não exclui, necessariamente, a prática de rituais de outras religiões, tal 
como se observa no contexto africano. Isso ocorre porque muitos desses ritos cons-
tituem parte da cultura nacional e são vivenciados como parte do ethos indiano, e 
não apenas na sua dimensão sacra.
Outro dado interessante é que, embora o Budismo tenha origem na Índia, o 
número de adeptos não passa de 1% da população, pois foi na China que essa 
religião ganhou maior expressividade.
No início do século XVIII, observamos o começo de uma mudança política radical 
na região, com a colonização britânica, que encontrou seu auge no século XIX e du-
rou até 1947. Após uma resistência não violenta, liderada pelo advogado Mahatma 
Gandhi, que se tornou um grande líder político e, sobretudo,religioso. Além de 
conduzir a população indiana à independência, Gandhi tornou-se mundialmente 
conhecido por transmitir os fundamentos hinduístas e lutar pelos Direitos Humanos:
Em 1947, a tensão entre hinduístas e muçulmanos em razão da inde-
pendência da Índia resultou na criação do Paquistão como um Estado 
muçulmano separado, dividido em duas partes distintas, o Paquistão do 
Leste e o Paquistão do Oeste. Depois da guerra de 1971, entre Índia e 
Paquistão, o Paquistão do Leste se tornou um Estado independente com 
o nome de Bangladesh (GAARDER et al. 2005, p. 43).
Ainda no contexto religioso, são inúmeros os líderes espirituais que ganham 
proeminência para além do território nacional e do escopo religioso.
Sidarta Gautama (Buda), Gandhi e a freira católica Santa Tereza de Calcutá são 
exemplos paradigmáticos de pessoas que, a partir de suas experiências religiosas, 
impactaram todos os aspectos da vida indiana.
Composta por 28 estados e sete territórios da união, a República Indiana, sob 
influência britânica, adota um sistema de democracia parlamentar.
Apesar de figurar entre as dez maiores economias do mundo (levando em con-
sideração seu Produto Interno Bruto (PIB) nominal), o país ainda sofre com altos 
níveis de pobreza, analfabetismo, violência de gênero, doenças e desnutrição, em 
parte impactado pelos duros anos de colonização.
Sociedade pluralista, multilíngue e multiétnica, a Índia também é o lar de uma 
grande diversidade de animais selvagens e de habitats protegidos.
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Figura 1 – Jawaharlal Nehru (esquerda) se tornou o primeiro primeiro-ministro da 
Índia, em 1947. Mahatma Gandhi (direita) liderou o movimento pela independência
Fonte: Wikimedia Commons
Hinduísmo
Um dos aspectos mais marcantes do Hinduísmo, que o difere enormemente 
das demais religiões mundiais, é o fato de ele não possuir um fundador, tal como o 
Islamismo, o Budismo ou o Cristianismo.
Do mesmo modo, não possui credo fixo nem organização preestabelecida. 
Assim, apresenta-se como sistema religioso, político e filosófico, que possui uma 
enorme capacidade de se amalgamar e se transformar, incorporando elementos de 
outras religiões e outros modos de pensar. Alguns estudiosos a classificam como a 
“religião eterna”.
O próprio termo “Hinduísmo” é insuficiente para nomeá-la, vez que sua tradu-
ção equivale a “indiano” ou “habitante do Valo do Indo”, rio de extrema importân-
cia, como vimos.
Pesquisadores noruegueses consideram que “talvez a melhor maneira de definir 
o Hinduísmo seja dizer que é o nome de várias formas de religião que se desenvol-
veram na Índia depois que os indo-europeus abriram caminho para Índia do Norte, 
de 3 a 4 mil anos atrás” (GAARDER et al., 2005, p. 44).
Semelhante a uma floresta tropical, que é capaz de abrigar uma complexa fauna 
e flora de modo harmonioso, assim é o Hinduísmo que, diferente do Judaísmo 
e do Cristianismo (que são religiões milenares), seus estágios de transformação 
no tempo e no espaço são observáveis simultaneamente. Isso significa que cada 
hinduísta pode experimentar sua religiosidade de modo pleno, entretanto, a prática 
ritual pode diferir entre os vários sujeitos ou grupo de sujeitos.
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UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Diante da diversidade ritual e litúrgica do Hinduísmo, onde estaria, então, a sua unidade? 
Isto é, quais são os elementos essenciais que a identificam com uma religião?Ex
pl
or
Apesar dessa enorme diversidade de viver o Hinduísmo, podemos observar 
alguns elementos constituintes dessa religiosidade comum a todos os praticantes, 
os quais chamaremos didaticamente de “pilares da religião hindu”, que são: sistema 
de castas, textos sagrados, vivência religiosa e noção de deus.
Sistemas
de Castas
Vivência
Religiosa
Textos
Sagrados
Noção
de Deus
Figura 2
Textos Sagrados
Embora não haja exclusivamente um “livro sagrado”, como a Torá (para os 
judeus), a Bíblia (para os cristãos) e o Alcorão (para os islâmicos), existe um conjunto 
de escritos (poemas, mitos, narrativas, hinos etc.) que apresentam a relação entre 
os deuses, seus feitos, orientações e reflexões sobre a vida.
De fato, há um corpus literário vasto, que apresenta aspectos filosóficos e 
religiosos, a exemplo do que se vê na Teogonia de Isiodo (texto clássico referenciado 
pelos gregos) ou, ainda, o conjunto dos Livros Sapiências, encontrados na Bíblia 
e na Torá.
“Os livros resultantes da compilação dos antigos provérbios e das novas reflexões sapien-
ciais recebem o nome de Sapienciais porque ensinam a sabedoria como arte de viver. Job, 
Salmos, Provérbios, Eclesiastes (ou Qohélet), Cântico dos Cânticos, Sabedoria e Ben Sira 
(ou Eclesiástico) constituem esse conjunto. Os Salmos são um livro de características espe-
ciais, embora integrado neste conjunto”. Para saber mais sobre a classificação dos textos 
bíblicos, acesse: https://goo.gl/jE8hcn
Ex
pl
or
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Nesse conjunto, destaca-se o Livro dos Vedas, formado por quatro coletâneas, 
sendo que algumas delas formam escritas por volta de 1500 a.C. É, portanto, essa 
data que se considera como a origem do Hinduísmo, estendendo-se até o ano 200 
a.C., quando os “nobres” (chamados arianos) subjugam o Vale do Indo. A palavra 
Veda em sânscrito significa conhecimento.
Os textos eram recitados pelos sacerdotes durante os sacrifícios aos deuses. 
Escritos originalmente em sânscrito, compreendem quatro obras: Rig Veda 
(Salmos dos Conhecimentos – formado por 1028 hinos dirigidos a vários deuses e 
considerado o maior poema existente), Yajur Veda (Conhecimento das Fórmulas 
Sagradas), Sama Veda (Sabedoria dos Hinos, das Melodias) e Atharva Veda 
(Conhecimento da Magia, dos Encantamentos). Ainda nessa coletânea, não se 
observa menção à noção de reencarnação ou vida após a morte.
Por volta do ano 1000 a.C. constitui-se uma classe sacerdotal, responsável pela 
condução dos sacrifícios aos deuses. Pessoas tidas como puras, pertencentes a uma 
casta superior, os Brâmanes (Sacerdotes), que produziram tal Literatura contendo 
instruções sobre os diversos sacrifícios, tanto domésticos como público.
Esse conjunto de textos ficou conhecido como Bramanismo, de onde se pode 
obter conhecimento religioso sobre um conjunto de práticas rituais (sobretudo 
relacionado ao sacrifício), a interdição ao consumo da carne bovina, as reflexões 
sobre a vida pós-morte (reencarnação) e a institucionalização do sistema de castas.
“Todos os seres vivos nascem do Brahman, vivem no Brahman e ao morrer retornam 
ao Brahman” (GAARDER et al., 2005, p. 45), é o que afi rmam os Upanishads, texto 
mais lido no Hinduísmo.
Ainda como desdobramento do movimento anterior, até os anos 500 a.C, um 
novo conjunto literário começa a emergir: os Upanishads ou Vendanta, cujo tema 
central é a realidade humana (sua origem e destino). 
Essa literatura engloba o chamando Hinduísmo Filosófico:
Importância especial tiveram os Upanishads, que até hoje são os textos 
hinduístas mais lidos. Foram escritos sob a forma de conversas entre mes-
tre e discípulo, e introduzem a noção de Brahman, a força espiritual es-
sencial em que se baseia todo o universo (GAARDER et al., 2005, p 45)
Por fim, há um conjunto de outros textos que concentram os ensinamentos 
Veda e dos Upanishads, as Sutras; o Livro de Manu, que reforça o sistema de 
castas e a legislação védica, como caminhos para alcançar a salvação; Ramayana, 
que conta a saga do Deus Rama (sétima encarnação de Vishnu); o Mahabharata 
(A Grande Guerra dos Bharatas), cujo centro é a sessão Bhagavad Gita (Canto 
Celestial) na qual é narrado o diálogo entre Krishna e seu amigo e devoto Arjuna, 
sobre as implicações éticas da Guerra.
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UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Quer saber mais sobre os Vedas? Conheça um pouco mais sobre esse universo filosófico, 
religioso e literário: https://goo.gl/bAX39yEx
pl
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Sistema de Castas
Um dos elementos que mais chama atenção na sociedade indiana é o sistema de 
castas. Há, sobre essetema, grande debate nas Ciências Humanas: antropólogos 
e sociólogos refletem sobre as implicações sociais e culturais desse sistema; 
historiadores debruçam-se sobre suas origens, por exemplo. É fato que, apesar 
de seu grande valor religioso, filosófico e de organização social, o sistema de 
castas produz classes distintas de sujeitos e os hierarquiza de modo que reforça as 
desigualdades sociais observadas no contexto indiano.
Considerando o enfoque religioso do nosso estudo, vamos fazer o exercício de 
compreender o sistema de casta a partir de sua lógica interna e suas bases filosófico- 
-religiosas. Entretanto, é preciso destacar que na nova Constituição, promulgada 
após a independência em 1947, foi inserido um conjunto de dispositivos a fim de 
combater a discriminação advinda desse sistema.
O sociólogo Louis Dumont, em Homo hierarchicus o sistema das castas e suas implicações 
(São Paulo: EDUSP, 1992) analisa a constituição dessas categorias de classificação social e 
seus desdobramentos no contexto indiano.
Ex
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Todas as sociedades estabelecem sistemas de classificação e organização de 
seus membros. As divisões em clãs, tribos, fatrias, classes, famílias, raças etc. 
são importantes porque ela impacta o modo pelo qual o grupo irá elaborar suas 
noções de parentesco, estabelecer o tabu do incesto, as alianças, a divisão do tra-
balho e a Economia.
Observa-se, por exemplo, na Oceania, o Totemismo, um sofisticado sistema 
de classificação social que organiza também os seres da natureza e as dimensões 
sociais do grupo (regras de casamento, alimentação e comércio).
Do mesmo modo, afirmam Gaarder et al.: “O sistema de castas deu um contexto 
à vida do indiano, assim como fez a tribo para o africano. Ser expulso de sua 
casta é o pior castigo imaginável, e só é usado para crimes particularmente sérios” 
(2005, p. 47).
No caso da Índia, foram empregadas quatro classes sociais (em sânscrito usa-se a 
palavra varna, que significa “cor”): sacerdotes (brâmanes), guerreiros, agricultores 
(junto com comerciantes e artesãos) e servos.
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Esses grupos foram hierarquizados de modo que na base estão os Servos e no 
topo os Sacerdotes, como se vê na figura a seguir.
Sacerdotes
(Brâmanes)
Guerreiros
Agricultores, Comerciantes 
e Artesãos
Servos
Figura 3
Essas classes deram origem a um conjunto de outras classificações dos grupos, 
denominadas castas (palavra que deriva do português casta, feminino de casto, que 
significa puro).
Não há consenso entre os estudiosos sobre quando e como o sistema de castas 
tomou a forma observada hoje, vez que no início do século XX havia mais de 3 
mil castas na Índia; alguns trabalham com a hipótese de que foram as castas que 
permitiram a organização em quatro classes.
Como o próprio nome indica, a casta está associada à noção de pureza e 
impureza, ela também organiza a divisão dos trabalhos na comunidade. Para que um 
sujeito possa aproximar-se do divino, ele precisa estar inteiramente puro, por isso a 
necessidade de uma classe de sacerdotes que, ao entrarem em contato com qualquer 
coisa impura ou com uma casta inferior, torna-se impuro também, obrigando-o a 
realizar um dos muitos rituais de purificação, a maioria deles envolvendo a água de 
alguns dos rios sagrados, como o Ganges.
Do mesmo modo, há atividades que são essencialmente impuras, mas que 
precisam ser realizadas: lixeiros, curtidores de couro animal ou ainda os criminosos.
Esses sujeitos estão no nível mais baixo do sistema e são considerados os 
“párias” ou “intocáveis”. Desse modo, o sistema distribui as funções de forma que 
toda a comunidade se beneficia dos trabalhos de um grupo. Assim, por exemplo, 
o sacerdote oferece o sacrifício aos deuses em nome de todos (já que as castas 
inferiores não podem se aproximar das divindades). Cristãos e islâmicos ficaram de 
fora do sistema de castas.
15
UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Noção de Deus
A diversidade do Hinduísmo também se manifesta nos conceitos de deus. Há 
três formas distintas de observar o panteão: monoteísta, politeísta e panteísta.
Alguns religiosos consideram que o Hinduísmo é monoteísta na medida em 
que uma das várias interpretações possíveis, Brahman é considerado o deus 
primordial, origem de todas as coisas e, a cada manifestação sua na natureza, ele 
recebe um nome distinto, que muitos poderiam considerar como outras divindades 
ou semideuses. Nessa perspectiva, as demais deidades seriam apenas modos de 
nomear o mesmo ser supremo (tal como acontece com Javé, entre os judeus, ou 
como Jesus, entre os católicos).
Essa visão monoteísta não encontra muito respaldo na vivência cotidiana dos 
fiéis, e podemos localizá-la num extremo teológico em diálogo com as demais 
religiões monoteístas surgidas no Oriente Médio.
Uma concepção mais filosófica do panteão aproxima-se de uma visão panteísta 
no sentido de que a divindade não é um ser pessoal, mas uma força, uma energia 
que perpassa os objetos inanimados, as plantas, os animais e os homens. 
Há, por fim, uma concepção menos filosófica que considera o Hinduísmo po-
liteísta, ou seja, há inumeráveis deuses que são cultuados individualmente ou por 
diversas pessoas.
“A filosofia religiosa indiana se baseia na crença num deus eterno, mas 
não especifica se esse deus é Vishnu, Shiva ou algum outro. Deixa-se a 
cargo do indivíduo decidir de que maneira esse deus deve ser adorado. 
Nos círculos acadêmicos é comum ver Vishnu e Shiva formando uma 
trindade com o deus Brahma. Brahma é o criador, quem faz o mundo. 
Vishnu é o sustentador, que protege as leis naturais e a ordem universal. 
E Shiva é o destruidor, que no final de cada época dança sobre o mundo 
até reduzi-lo a pedaços. Uma vez que isso acontece, Brahma tem de criar 
o mundo novamente. Assim, essas três personagens, ou “máscaras”, 
representam três aspectos de Deus: o criador, o sustentador e o destruidor. 
Essa doutrina trinitária, no entanto, tem pouca relevância na devoção 
popular” (GAARDER et al., 2005, p. 53).
Ainda sobre o panteão indiano, é importante destacar o papel das deusas. Há inú-
meras; entretanto, Kali, a Deusa-Mãe ou Rainha do Universo (a deusa negra) destaca-
-se em meios as outras. Também com relação a essa deidade, não há consenso sobre 
sua definição; alguns afirmam que todas as outras deusas são apenas expressão de 
Kali; outros, porém, defendem a existência de várias deusas.
“A importância das deusas na religião indiana é visível pela escolha da 
Bhárata Mata (Mãe Índia) como a divindade nacional do moderno Estado 
da Índia. Na cidade de Varanasi há um templo especial que lhe é dedicado. 
Ali, em vez de uma representação da deusa, está exposto o mapa da 
Índia!” (GAARDER, 2005, p. 53).
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Apesar da multiplicidade de deuses e suas concepções, apresentamos a seguir 
um quadro com algumas dessas deidades mais cultuadas e seus significados.
Organizamos em ordem alfabética justamente para demonstrar que não há, 
necessariamente, hierarquia no panteão ou precedência no culto.
Quadro 1 – Deuses do panteão hinduísta e suas características
DEUS CARACTERÍSTICAS
Durga
A Deusa Mãe – conhecida também como Bhavani, Sherawali, Amba, Chandika, Gauri, Parvati, Vaishno Devi – 
representa o poder de fogo e os deuses. O nome “Durga” significa “inacessível”, e ela é a personificação do lado 
ativo do divino “shakti”, a energia do Senhor Shiva. Durga é, geralmente, retratada montada num leão ou tigre, 
portando armas em seus muitos braços. Ela é a protetora dos justos e a destruidora do mal.
Ganesha
Divindade com cabeça de elefante e montando um rato, Ganesha é indiscutivelmente o mais popular dos deuses 
hindus e um dos mnemônicos comuns para qualquer coisa associada ao Hinduísmo. Filho de Shiva e Parvati, 
Ganesha é representado com um tronco com curvas e orelhas grandes, e uma enorme barriga e corpo de ser 
humano. Ele é o senhor do sucesso e destruidor dos males e obstáculos. Ele também é reverenciado como o deus 
do conhecimento, sabedoriae riqueza.
Hanuman
Deidade com corpo de macaco e de grande poder, ajudou o Senhor Rama na sua expedição contra as forças do 
mal, descrito no épico Ramayan. Ele é um dos ídolos mais populares do panteão hindu. Considerado um avatar do 
deus Shiva, Hanuman é adorado como um símbolo de força física, perseverança, dedicação e devoção. Em tempos 
de dificuldade, é comum entoar o nome de Hanuman ou cantar seu hino – “Hanuman Chalisa”. Templos Hanuman 
estão entre os santuários mais comuns na Índia.
Kali
Kali, a deusa de pele negra, é a forma amedrontadora e feroz da Deusa Mãe Durga. Ela é descrita como tendo 
nascido a partir da testa da deusa Durga, durante uma de suas batalhas com as forças do mal. Kali é representada 
com os mais ferozes recursos entre as divindades de todo o mundo. Sua língua se projeta para fora, seus olhos são 
vermelhos, e seu rosto e seios estão manchados de sangue. Ela está com um pé na coxa e outro no peito de seu 
marido, Shiva. Cada símbolo de sua figura representa um aspecto do caminho espiritual.
Krishna
O grande expoente do Bhagava Gita (parte ou capitulo) do épico Mahabarata, Krishna é o nono e mais completo 
do avatar de Vishnu, a Divindade da Trindade hindu. De todos os avatares, ele é o mais popular e talvez o mais 
próximo ao coração das massas. Esta deidade de pele azul tem influenciado o pensamento indiano, a vida e a 
cultura, não só na religião e filosofia, mas também em seu misticismo e literatura, pintura e escultura, dança e 
música, e todos os aspectos do folclore indiano.
Lakshmi
Deusa Lakshmi significa “boa sorte” para os hindus. A palavra “Lakshmi” é derivado da palavra em sânscrito 
Laksya, que significa “fim” ou “meta”, e ela é a deusa da riqueza e da prosperidade, tanto material como espiritual. 
Ela é a deusa do lar da maioria das famílias hindus. Lakshmi é representada por uma mulher bonita de pele 
dourada, com quatro mãos, sentada ou em pé sobre uma flor de lótus desabrochada e segurando um botão de 
lótus – que representa a beleza,a pureza e a fertilidade.
Rama
Rama, o avatar perfeito, o Protetor Supremo Vishnu, é um favorito de todos os tempos entre as divindades hindus. 
Ele é o símbolo mais popular da coragem e da virtude, Rama é “a personificação da verdade, da moral, o filho 
ideal, o marido ideal, e, acima de tudo, o rei ideal”. Ele é amplamente considerado como uma figura histórica real 
– um “herói da Índia antiga” – cujas façanhas formam o grande épico hindu Ramayana ou o romance de Rama.
Saraswati
A deusa do conhecimento e da aprendizagem, representa o livre fluxo de sabedoria e consciência. Ela é a mãe dos 
Vedas, e dos cantos – chamados “Saraswati Vandana”; geralmente, começam e terminam as lições védicas. Ela 
simboliza a deusa da sabedoria, da arte e da música; ela é a filha de Lorde Shiva e da Deusa Durga. Acredita-se 
que Saraswati abençoa os seres humanos com o poder da fala, sabedoria e aprendizado.
Shiva
Divindade mais poderosa e fascinante do Hinduísmo, que representa a morte e a dissolução. Uma das divindades 
na Trindade hindu, é conhecido por muitos nomes – Mahadeva, Pashupati, Nataraja, Vishwanath, Bhole Nath 
– Shiva é talvez a mais complexa das divindades hindus. Hindus reconhecem isso colocando seu santuário no 
templo separado do de outras divindade. Shiva é adorado como um símbolo fálico chamado de “Shiva Limgam” 
na maioria dos templos.
Vishnu
Divindade amorosa da Trindade Hindu, simboliza a paz. Vishnu é o Preservador e o Sustentador da vida com seus 
princípios morais de ordem, justiça e verdade. Quando esses valores estão ameaçados, Vishnu emerge de sua 
transcendência para restaurar a paz e a ordem na Terra. Existem 10 encarnações terrenas de Vishnu, ou avatares. 
Devotos de Vishnu são chamados Vaishnavas, e sua consorte é Lakshmi. Vishnu é popularmente venerado como 
Senhor Venkateshwara no sul da Índia.
Fonte: adaptado de https://goo.gl/Pq9vi2
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UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Vivência Religiosa
O respeito à vida é um dos pilares do Hinduísmo, o que permitiu que o princípio 
da não violência fosse acionado por Gandhi na luta pela independência e também 
estimulou muitos indianos ao vegetarianismo. Entre os animais sagrados, a vaca 
ocupa um lugar central, ao lado do macaco, o crocodilo, a cobra e o elefante (que 
empresta sua face de um dos deuses mais populares: Ganesha).
A sacralidade da vaca está acima do brâmane, de modo que ao tocá-la torna-se 
puro. Sua importância pode estar relacionada a um antigo culto de fertilidade.
Leem-se nos Vedas hinos de elogio à vaca como grande provedora de tudo 
quanto é necessário para o sustendo da vida. Desse modo, tudo o que deriva da 
vaca (leite e seus derivados, excrementos) é utilizado em rituais de purificação. Sua 
força também é empregada na produção agrícola.
Com relação à vida após a morte, destacamos acima que nos Upanishads 
encontra-se a indicação de que o homem possui uma alma imortal e, uma vez morto 
o corpo, a alma renasce numa nova criatura vivente: seja como ser humano, numa 
casta superior ou inferior, ou num animal. É o karma (que significa “ato” e abrange 
todas as ações físicas, pensamentos e palavras) que direciona esses renascimentos.
A diferença entre essa noção de reencarnação para outras, é que o karma não 
é uma recompensa ou punição pelas ações desenvolvidas, não há destino, aqui “a 
originalidade está no conceito de que todas as ações de uma vida, e somente elas, 
formam a base para a próxima. (...) o carma é uma constante impessoal – como 
uma lei natural” (GAARDER et al. 2005, p. 48).
Considerando que não há uma doutrina claramente definida e universal no 
Hinduísmo, as concepções sobre o carma variaram durante a História. No período 
védico, tinha-se o carma como algo positivo, sendo que, por meio de boas ações 
e sacrifícios, ele poderia ser melhorado. Posteriormente, passou a ser encarado 
como fatalidade.
Para escapar desse interminável ciclo de renascimentos, podemos observar 
três caminhos (ou vias) que são adotados (individualmente ou concomitantemente) 
pelos hinduístas das várias vertentes: via do sacrifício, via da compreensão ou 
conhecimento e via da devoção.
Os sacrifícios foram minunciosamente prescritos nos Vedas, juntamente com 
as boas ações. Os hinduístas procuram obter uma vida confortável na terra e, 
posteriormente, a libertação da roda de nascimentos.
A ignorância faz com que os homens fiquem presos à reencarnação; essa ideia 
presente nos Upanishads indica a necessidade do conhecimento, isto é, compre-
ender a verdadeira natureza da existência: “O homem é libertado da transmigração 
ao adquirir plena compreensão da unidade entre atmã [alma humana] e Brahman 
[mundo espiritual]. O objetivo é se dissolver no Brahman, assim como uma gota de 
chuva se dissolve no mar” (GAARDER et al., 2005, p. 50)
18
19
Por fim, a vida da devoção, que começou a ser difundia a partir de 600 a.C., 
expandiu-se rapidamente por todo a Índia, a partir do sul. O poema catequético 
conhecido como Bhagavad Gita sintetiza suas diretrizes. De modo geral, esse 
escrito orienta a prática moderna do hinduísta médio.
Ciente que essas três vias de salvação se baseiam no carma, podemos concluir que:
A via do sacrifício realça o fato de que o homem pode encontrar a 
salvação agindo de maneira correta ritualmente. As tendências filosóficas 
com frequência representam o ponto de vista oposto. Com a ajuda da 
ascese ou da contemplação, as pessoas procuram suprimir todo carma 
pessoal – a fim de abandonar o ciclo de uma vez por todas. Sem rejeitar 
esses caminhos tradicionais para a salvação, o Bhagavad Gita aponta um 
caminho melhor e mais fácil. Se um homem se dedica a Deus e age 
desinteressadamente, isto é, sem pensar em ganhos e vantagens, ele 
será, pela graça de Deus, liberado da transmigração (GAARDER et. al., 
2005, p. 51).
Budismo
O Budismo é uma filosofia de vida baseada integralmente nos profundos 
ensinamentos do Buda para todos os seres, que revela a verdadeira faseda vida e do universo. Quando pregava, o Buda não pretendia converter 
as pessoas, mas iluminá-las. É uma religião de sabedoria, em que 
conhecimento e inteligência predominam (YÜN, 2004, p. 5)
Conforme dissemos acima, o Budismo nasce no norte da Índia (onde hoje 
se encontra o Nepal) no século VI a.C, fundada pelo filho de um rajá, Sidarta 
Gautama (c. 560-480 a.C.).
As narrativas sobre a vida de Sidarta atestam que até os 29 anos de idade o jo-
vem teve uma vida de luxo e riqueza. Ao se deparar com um idoso, um enfermo, 
um cadáver e um asceta, passou a questionar seu modo de vida. Sua busca era pela 
superação de três grandes sofrimentos inevitáveis: a doença, a velhice e a morte. 
Passou a executar práticas de ascetismo e ioga, mas percebeu que os extremos tam-
bém não nos livram dessas perturbações e passou a trilhar o “caminho do meio”.
Aos 35 anos, sentando sob uma árvore, alcançou a iluminação (bodhi), e passou 
a ser chamado de Buda Sakyamuni. A palavra buda significa iluminado ou “aquele 
que é plenamente desperto e iluminado”, enquanto Sakyamuni significa “Sábio do 
clã dos Sakya”.
Alcançou a percepção “de que todo sofrimento do mundo é causado pelo desejo. 
É apenas suprimindo o desejo que podemos escapar de outras encarnações (...) No 
Budismo, isso se chama nirvana. Ao dominar o desejo de viver, que antes o atava 
à existência, Buda parou de produzir carma e, portanto, não estava mais sujeito à 
lei do renascimento” (GAARDER et al. 2005, p. 58).
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UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Importante!
O Buda não é um deus, mas um ser humano que alcançou a iluminação por meio de 
sua própria prática.
Importante!
Ouvindo os apelos de Brahman, Buda seguiu para Benares, cidade que era um 
grande centro religioso à época, e lá deu sua primeira palestra, sintetizando os 
principais elementos dos seus ensinamentos. A partir dessa prática, um conjunto 
de monges passou a segui-lo, de sorte que ele fundou uma das primeiras ordens 
monásticas do mundo, a Sangha.
Após quarenta anos de peregrinação e ensino, Buda Sakyamuni faleceu com 
cerca de 80 anos de idade. Seus discípulos eram formados por leigos e monges 
e, após sua morte, foi realizado o primeiro Concílio Budista, a fim de organizar a 
Dharma (ensinamentos do Buda), que serve de guia para a pratica dos monges de 
Sangha; também foram compiladas as Sutras, isto é, os discursos do Buda.
Foi durante o Segundo Concílio Budista, realizado em Vaisali, centenas de anos 
após a morte do Buda, que duas grandes tradições do Budismo foram definidas: 
Theravada e Mahayana.
Sangha
BUDA
SAKYAMUNI
Theravada
(Hynayana)
Mahayana
TRADIÇÃO
Condição
de Arahat
Condição de
Bodhisattva
Condição
de Buda
META
SUPREMA
Cânone Pali
Sânscrito e Traduções
em Chinês e Tibetano
Escolas: Chinesas
(incluindo: Ch'an, 
Terra Pura e outras,
Japonesas e Tibetanas
SURAS
Figura 4 – Resumo das duas grandes escolas do Budismo
Fonte: Adaptado de YÜN, Hsing; 2014
As duas tradições praticam os ensinamentos do Buda, recitam mantras e 
praticam meditação. A diferença entre as duas tradições está no modo pelo qual 
buscam a iluminação:
A Theravada, ou “Pequeno Veículo” enfatiza o alcance da iluminação 
através do próprio esforço [enquanto que] a Mahayana, ou Grande Ve-
ículo, busca não só a auto-iluminação, mas também enfatiza o servir a 
todos os seres sencientes. Os Bodhisattvas (seres iluminados da tradição 
Mahayana) levam adiante, incansavelmente, a missão de salvar o universo 
(YÜN, 2004, p. 11).
Conforme apontamos acima, apesar de ser uma religião que se originou na 
Índia, começa a se espalhar para fora do país durante o reinado do Rei Asoka 
20
21
(272-232 a.C.), no Sri Lanka, chegando à China em 68 d.C., por meio de 
missionários indianos. É nesse país que se encontra a maioria dos Budistas.
Os Theravadins (que seguem a tradição Theravada) possuem uma presença 
maior no Sri Lanka, Tailândia, Burma, Laos, Camboja e Malásia; enquanto os 
Mahayanistas formam a maioria na China, Mongólia, Coreia, Tibete e Japão.
No Brasil, o Budismo foi introduzido a partir da imigração japonesa, no início do 
século XX; portanto, uma vertente da tradição Mahayana abarca o maior número 
de fiéis brasileiros.
Para saber mais sobre a situação atual do Budismo no Brasil, seu processo de implemen-
tação e difusão, veja a análise feita pelo cientista Frank Usarski: Declínio do Budismo 
“amarelo” no Brasil: https://goo.gl/ngnoUy
Ex
pl
or
Apesar dessas duas vertentes do Budismo e das subdivisões observadas inter-
namente, há alguns elementos convergentes entre as duas, pois são os elementos 
principais dos ensinamentos do Buda, que dizem respeito à doutrina do renasci-
mento (à noção de carma e nirvana) e à salvação.
Carma
Assim como no Hinduísmo, no Budismo, o carma está associado às ações. Boas 
atitudes levam a carma positivo, enquanto más ações produzem carma negativo, 
implicando o tipo de renascimento ao qual a pessoa estará sujeita. A salvação 
ocorrerá quando o homem, por meio da iluminação, conseguir romper essa roda 
de nascimentos e alcançar o Nirvana.
Neste ciclo contínuo de vida, seres renascem em várias formas de exis-
tência. Há seis tipos de existência: Devas (deuses), Asuras (semideuses), 
humanos, animais, pretas (espíritos famintos) e Seres do Inferno. Cada 
um dos reinos está sujeito às dores do nascimento, da doença, do envolvi-
mento e da morte. O renascimento em formas superiores ou inferiores é 
determinado pelos bons ou maus atos, ou carma, que foi sendo produzido 
durante vidas anteriores. Essa é a Lei de Causa e Efeito, entender essa 
lei nos ajuda a cessar todas nossas ações negativas (YÜN, 2004, p. 16).
O Nirvana não é um espaço físico, mas um estado de consciência, isto é, quando 
por meio da prática da bondade e da compaixão para com todos os seres, o 
condicionamento da mente para o desapego e eliminação do carma negativo, 
chega-se à iluminação
Salvação
Para o Budismo, o sofrimento está relacionado ao sentimento de apego e está 
associado aos seis sentidos, principalmente à mente, que impele o sujeito a realizar 
atos maus que geram diversos tipos de sofrimentos.
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UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Para erradicar a ignorância, fonte de todo sofrimento, Buda apresenta as Quatro 
Nobres Verdades. Por meio delas, traçando o Caminho Óctuplo e praticando 
as Seis perfeições (Paramitas) atinge-se o estado de iluminação (Nirvana) e, 
portanto, a libertação das rodas de nascimento, a salvação.
As Quatro nobres verdades são:
• A verdade do sofrimento: na vida ninguém está isento de sofrimento, sendo 
os mais elementares a doença, o envelhecimento e a morte;
• A verdade da causa do sofrimento: a ignorância leva ao apego que produz 
o sofrimento. O desejo pelo ter (fama, dinheiro, bens materiais etc.) leva a 
grandes insatisfações com a vida;
• A verdade da cessação do sofrimento: uma vez cessada a ignorância e o 
apego, acaba também o sofrimento;
• O caminho que leva à cessação do sofrimento: o Nobre Caminho Óctuplo 
permite o fim do sofrimento.
Compreensão correta das
Quatro Nobres Verdades
Pensamento correto:
desenvolver a bondade
Uso correto da Palavra
Ação Correta: produzir
bom carma
Esforço correto:
praticar autodisciplina
Plena atenção correta:
evitar atos insanos
Concentração correta:
serenidade mental
e sabedoria
Meio de vida correto:
evitar ações que
prejudiquem o outro
Figura 5 – Caminho Óctuplo para evitar o sofrimento
Fonte: Adaptado de YÜN, 2004
Por fim, as Seis Perfeições são: a caridade (compartilhar o Dharma), morali-
dade, paciência, perseverança, meditação e sabedoria.
A vida do Buda serve como modelo para todos os homens, o ideal de como 
se comportar eticamente, não apenas os atos são importantes, mas também os 
sentimentos, de sorte que a caridade realizada não afeta apenas os outros, mas o 
próprio sujeito que a praticou.
22
23
O próprio Brahma pediu ao Buda, após sua meditação e iluminação, que levasse 
seus ensinamentosàs outras pessoas. O que ele atendeu, porque sentiu compaixão 
pelos seres humanos e todos os seres vivos, “abrindo-lhes o portão da eternidade”.
Compaixão e amor são centrais na ética budista.
“[...] O Budismo não reconhece nenhum ser superior capaz de dar ordens 
à humanidade sobre como viver. Assim, as regras nãos dizem ‘farás 
isso’ ou ‘não farás aquilo’; elas são formuladas da seguinte maneira: 
‘Tentarei ensinar a mim mesmo a não fazer mal a nenhuma criatura viva’” 
(GAARDER et al. 2005, p. 67).
Embora o Buda não seja um deus e o Budismo não negue expressamente a 
existência das deidades, elas não ocupam o lugar central no culto. As ações li-
túrgicas resumem-se à veneração ao Buda e a outros homens santos. Conforme 
dissemos, no Budismo, toda existência é transitória, inclusive a dos deuses, que é 
mais uma forma de vida.
A veneração às imagens do Buda, a entrega de flores, incensos e outras ofertas 
não caracteriza, necessariamente, adoração, mas uma forma de reconhecer a 
importância do Buda e de recordar seus ensinamentos.
O aniversário de nascimento do Buda, comemorado em abril ou maio (a 
depender do calendário lunar, dia também atribuído à sua iluminação e entrada 
no nirvana) é celebrado como feriado entre os budistas. Cada país pode incluir no 
calendário religioso outras datas celebrativas, em que milhares de pessoas acorrem 
aos mosteiros.
A prática religiosa budista pode ser realizada assumindo a vida monástica, 
vivendo como um monge, ou leiga, sendo a meditação uma das mais importantes, 
pois é por meio dela que se cultiva a sabedoria a fim de alcançar a purificação da 
mente e a libertação.
Da mesma forma como nas demais religiões mundiais, há inúmeras subdivisões 
no Budismo.
Assim como no Cristianismo, que possui dois ramos principais (católicos e 
protestantes), os ensinamentos do Buda são vivenciados a partir das duas tradições 
principais (Theravada e Mahayana), que comportam práticas específicas a partir 
dos seus contextos socioculturais, como, por exemplo, o Budismo Tibetano (ou 
Lamaísmo, termo que significa professor ou mestre) e o Zen-Budismo.
Japão e Xintoísmo
O Extremo Oriente é berço de um conjunto de religiões. Se na Índia vimos o 
nascimento do Budismo e do Hinduísmo e no Oriente Médio, surgem o Judaísmo, 
o Islamismo e o Cristianismo, no Japão temos o Xintoísmo.
23
UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Diferente do Islã, do Budismo e do Cristia-
nismo, o Xintoísmo não tem um fundador e se 
apresenta como religião nacional. E, assim como 
no Hinduísmo, não possui código de ética ou 
credo específico, apresentando-se de modo am-
plo e variado. Por vezes, ele ajuda a organizar as 
várias religiosidades presentes no país.
No Japão, a vertente budista 
mais presente é a Mahaya-
na, que ficou conhecida no 
arquipélago graças às ações de 
monges missionários chineses.
A partir do ano 500 a.C. com a introdução do Budismo no Japão, as duas 
tradições religiosas se influenciaram mutuamente, e também é comum ver japoneses 
praticando as duas religiões.
A diversidade da prática xintoísta encontra sua síntese na cerimônia e no ritual:
Xinto, ou Kami-no-michi, pode ser traduzido como o Caminho para os 
Deuses, mas o significado é bem mais amplo. Seria o estudo filosófico 
do espírito, da essência e da divindade. No caso, divindade pode ter uma 
forma humana, animal ou qualquer elemento da natureza, como monta-
nhas, rios, trovões, vento, ondas, árvores e pedras. Pode-se dizer que o 
xintoísmo está bastante ligado à natureza, no sentido de que se propaga 
a proteção ao meio ambiente, através do culto aos elementos da natureza 
(O que é Xintoísmo. Disponível em: <http://temploxintoista.org.br>.)
Com relação à noção de deus, afirma-se que o Xintoísmo possui milhares de 
deuses, assim como no Hinduísmo. O termo kami, que significa “espírito”, por 
vezes é traduzido como “deus”.
São os kamis que se manifestam nos seres animados (homem, animais, árvores) 
e também inanimados (montanhas, rios etc.). O culto aos kamis associado ao culto 
aos ancestrais ocupa um lugar central na religiosidade japonesa.
Além do Xintoísmo, há um conjunto de outras religiões que são praticadas no 
Japão, cultos particulares e cerimônias que marcam os estágios da vida.
As principais celebrações xintoístas que marcam a vida dos japoneses, além dos 
ritos fúnebres, de purificação e reverência aos antepassados, são:
• Anzan kigan: cerimônia de benção à gestante e ao bebê. Invoca-se o deus 
Amaterasu;
• Hatsumiya kigan: celebração do nascimento;
• Itinen kigan: cerimônia de agradecimento ao deus Amaterasu, celebrado no 
primeiro aniversário da criança;
• Sansai kigan: celebração do terceiro aniversário da criança (meninos e meninas);
• Gosai kigan: cerimônia de comemoração do quinto aniversário dos meninos;
• Nanasai kigan: celebração de aniversário de sete anos das meninas;
• Seijin kigan: cerimônia agradecendo e renovando a proteção recebida ao 
Deus Amaterasu em comemoração a maioridade das crianças;
24
25
• Kekkon kigan: Casamento;
• Kekon kinen kigan: bodas. Celebram-se, 10, 30, 50 e 60 anos de casados.
Sendo o Xintoísmo uma religião nacional, é preciso destacar a relação entre o 
imperador e os deuses.
Assim, resumo Gaarder et al.:
No princípio, segundo a mitologia japonesa, um casal divino, Izamagui 
e Izanami, desceu do céu e gerou as ilhas japonesas, depois o resto 
do mundo e tudo o que há nele, e por último uma série de deuses, os 
kamis. Destes, o mais importante era a deusa do sol. Amaterasu. Os 
outros kamis se estabeleceram na terra e conceberam os primeiros seres 
humanos. Mas a sociedade humana precisava de ordem e comando, e por 
isso o neto de Amaterasu foi enviado a terra. Um de seus descendentes 
se tornou o primeiro imperador do Japão. Assim, todos os japoneses 
têm origem divina, mas, em especial o imperador, que é descendente da 
própria deusa do sol (GAARDER, et al., 2005, p. 91).
Percebemos nessa narrativa que não apenas o imperador tem origem divina, 
como normalmente foi difundido no Ocidente (inclusive de modo pejorativo, 
durante o século XX, a fim de reforçar certa inferioridade entre o Oriente e o 
Ocidente), mas todos os japoneses, justamente porque os kamis habitam em todos.
Ruth Benedict, uma antropóloga norte-americana, em meados do século XX, foi 
encarregada de produzir um estudo sobre a sociedade japonesa. A sua pesquisa resultou 
no livro O crisântemo e a espada, em que a estudiosa apresenta e interpreta os principais 
aspectos socioculturais dos japoneses. A fl or de origem chinesa, alçada a símbolo nacional 
no Japão, contrasta com a arma de guerra (a espada) e é justamente essa ambiguidade e 
continuidade entre um e outro extremo que a antropóloga analisa.
Ex
pl
or
As transformações culturais, políticas e religiosas observadas no Japão nos 
últimos séculos estão interligadas. O século XIX, o poder do imperador estava 
enfraquecido frente à elite militar, os xoguns, de sorte que somente por meio de 
um golpe, em 1867, o imperador Meiji restabeleceu sua autoridade. Também o 
culto aos kamis dos imperadores mortos passou a ser realizado à própria figura do 
imperador, como um kami vivo.
O culto à figura do imperador tomou a forma de nacionalismo, justamente 
quando o Japão se expandia e eclodiu a Segunda Grande Guerra.
Nesse momento, o Xintoísmo teve papel importante na motivação dos soltados; 
o exemplo mais paradigmático são os kamikazes, que significa “vento divino”. 
“Cada soldado que morria na guerra era imediatamente transformado num kami, 
e em sua honra se realizavam cerimônias nos templos xintoístas” (GAARDER 
et al., 2005, p. 92).
Após o fim da guerra, o imperador renunciou a sua condição de divino e o 
Xintoísmo deixou de ser a religião estatal; porém, continua muito popular no Japão. 
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UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Segundo os dados divulgados pela Embaixada japonesa no Brasil, a religião mais 
praticada no país é o Budismo
Quadro2 – Distribuição Religiosa no Japão
Características Xintoísmo Budismo Cristianismo Outras
Santuários, templos, igrejas, outras organizações 88.591 85.439 9.344 38.107
Religiosos (sacerdotes, ministros, etc.) 76.190 348.662 35.129 216.560
Membros 102.756.326 84.652.539 2.773.096 9.435.317
Fonte: Agência de Assuntos Culturais, julho de 2012. Disponível em: <https://goo.gl/kHNhYb>
Entretanto, é preciso destacar que não há estatísticas oficiais sobre o tema, e 
os dados são informados pelas próprias Instituições Religiosas, e uma vez que os 
japoneses podem praticar mais de uma religião ao mesmo tempo, sem conflitos 
doutrinários ou morais, pode haver sobreposição dos dados (observe que se 
somarmos os números de membros das religiões, temos cerca de 200 milhões de 
fiéis, sendo que a população japonesa é de cerca de 127 milhões).
Fato é que o Xintoísmo, hoje, é vivenciado como parte da tradição japonesa, 
isto é, os rituais marcam os principais momentos da vida dos sujeitos (conforme a 
relação de cerimônias apresentadas). Processo semelhante pode ser observado na 
relação entre as religiões tradicionais africanas, o Islamismo e o Cristianismo, em 
algumas regiões do continente africano.
O culto aos kamis pode ocorrer nos templos e nas casas e comporta quatro 
aspectos principais: purificação, sacrifício, oração e refeição sagrada.
A purificação, como o próprio nome indica, permite expurgar do fiel tudo que 
é considerado mau ou injusto. Essa é a primeira ação ritual de toda cerimônia e 
varia de acordo com o contexto, o local e o objetivo da celebração
O sacrifício é prescrito pelos sacerdotes em favor dos kamis. Sua realização 
é obrigatória, sob o risco de atrair para si a maldição dos deuses. Um dado inte-
ressante é que, para além das flores, alimentos ou bebidas, as atividades artísticas 
e esportivas realizadas em razão de uma festividade religiosa também podem ser 
consideradas sacrifício.
A oração divide-se em três partes principais: a louvação inicial ao kami, a 
apresentação do sacrifício (especificando sua intenção e o nome do sacrificante), 
finalizando com uma súplica (que não é obrigatória). O louvor pode incluir a 
exaltação das qualidades do kami ou fazer uma alusão ao valor da oração.
Por fim, a refeição naorai (junto com os kamis) é presidida pelo sacerdote, que 
oferece a cada um dos fiéis uma pequena quantidade de vinho de arroz.
Em cada residência, o culto é realizado diante de um pequeno altar pessoal 
chamado de kamidana, o qual pode conter amuleto para o kami, velas, espelho e 
um vaso com galhos da árvore sakaki.
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Considerações Finais
Nosso percurso nesta Unidade seguiu o “caminho das índias” até o Extremo 
Oriente. Nosso objetivo principal era compreender o modo pelo qual três grandes 
modelos religiosos se configuraram ao longo dos séculos: o Hinduísmo, o Budismo 
e o Xintoísmo.
Escolhemos essas tradições filosófico-religiosas frente às demais existentes na 
Índia e no Extremo Oriente devido à sua importância histórica, não apenas na 
formulação do complexo religioso, mas na própria configuração das características 
socioculturais desses povos.
Como nos relembram Gaarder et al., “[...] desde tempos antigos, os chineses 
falam nos ‘três caminhos’: Taoísmo, Confucionismo e Budismo” (2005, p; 84).
Vindo da Índia, o Budismo propagou-se por todo o Oriente, ganhando grande 
impulso na China e depois se expandindo para todo o mundo e influenciou 
profundamente o Xintoísmo japonês.
O Taoísmo, filosofia religiosa desenvolvida na China, a partir do livro Tao Te 
Ching (O livro do Tao (ordem do mundo) e do Te (força vital). Embora contenha 
81 capítulos, divididos em 25 páginas, o livro atribuído ao filósofo Lao-Tse (século 
VI a.C.) ganhou nova interpretação a partir da ação de Confúcio.
As diferenças entre o Taoísmo e o Confucionismo estão no modo como a no-
ção de tao é definida por essas duas tradições religiosas.
Para Confúcio, o tao era suprema ordem do universo, que o homem tinha 
de seguir. Lao-Tse também concebia o tao como a harmonia do mundo, 
especialmente do mundo natural. Só que ele foi mais além: o tao é a 
verdadeira base da qual todas as coisas são criadas, ou da qual elas jorram. 
É, portanto, nesse universo, povoado por deuses, que o homem oriental cons-
titui sua natureza e busca equilibrar as forças da natureza, a vontade divina e a 
consciência humana.
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UNIDADE Religiões Orientais: Modelos Rituais (Índia, Japão e China)
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Templo Zu Lai
https://goo.gl/F83fTe
Templo Xíntoista do Brasil
https://goo.gl/j7Akrj
Cultura Japonesa
https://goo.gl/6xWw92
 Livros
A Espiritualidade Zen Budista
TEIXEIRA, Faustino Luiz Couto. A espiritualidade zen budista. Horizonte: revista de 
Estudos de Teologia e Ciências da Religião, v.10, n.27, p.704-727, 2012.
Os Mentores Intelectuais do Confucionismo, do Taoísmo e do Hinduísmo na Perspectiva Weberiana
DE OLIVEIRA, Arilson Silva. Os mentores intelectuais do confucionismo, do taoísmo 
e do hinduísmo na perspectiva weberiana. HORIZONTE-Revista de Estudos de 
Teologia e Ciências da Religião, v. 5, n. 10, p. 132-150, 2009.
Religiões Japonesas e a Igreja Messiânica no Brasil
TOMITA, Andrea. Religiões japonesas e a Igreja Messiânica no Brasil. São Paulo: 
Fonte Editorial, 2014.
Religiões Orientais: Uma Introdução
GNERRE, Maria Lucia Abaurre. Religiões Orientais: uma introdução. João Pessoa: 
UFPB, 2010.
 Vídeos
A Interação entre as Religiões Orientais e Ocidentais | Frank Usarski
Frank Usarski é doutor em Ciência da Religião pela Universidade de Hannover 
(Alemanha), com estágio de Pós-doutoramento na mesma Universidade, professor 
livre-docente e membro do programa de Pós-graduação em Ciências da Religião 
da PUC-SP. É organizador do Compêndio de Ciência da Religião (Paulus/Paulinas, 
2013), vencedor do prêmio Jabuti, e autor de O Budismo e as Outras – Encontros e 
Desencontros entre as Grandes Religiões (Ideias e Letras, 2009).
https://youtu.be/pOMhg9JN7-k
 Leitura
O Hinduísmo
https://goo.gl/zT9v3v
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Referências
BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada: padrões da cultura japonesa. São 
Paulo: Perspectiva, 2014.
CAES, André Luiz. A Devoção a Sathya Sai Baba e a Integração de Aspectos do 
Hinduísmo ao Universo Religioso Brasileiro e Ocidental. Revista de Estudos da 
Religião, n. 4, p. 57-78, 2006.
DUMONT, Louis. Homo hierarchicus: o sistema de castas e suas implicações. 
São Paulo: EDUSP, 1997.
GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O livro das Religiões. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
NINA, Ana Cristina Lopes. Ventos da Impermanência: Um Estudo sobre a 
Ressignificação do Budismo Tibetano no Contexto da Diáspora. São Paulo: 
EDUSP, 2006.
USARSKI, Frank. Declínio do Budismo “amarelo” no Brasil. Tempo Social, São 
Paulo, v. 20, n. 2, p. 133-153, nov. 2008. Disponível em: <http://www.revistas.
usp.br/ts/article/view/12582>. Acesso em: 07 fev. 2018.
YÜN, Hsing. O que é Budismo. São Paulo: Templo Zu Lai, 2004.
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