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SUMÁRIO
1. Por que Religiões?
2. As Religiões Primitivas
3. As Religiões Antigas
4. Hinduísmo
5. Sikhismo
6. Jainismo
7. Budismo
8. Confucionismo
9. Taoísmo
10. Xintoísmo
11. Zoroastrismo
12. Judaísmo
13. Islamismo
 1. POR QUE RELIGIÃO?
É comum se ouvir dizer que todas as religiões são iguais. Alguns acham desnecessário estudar as diversas religiões, uma vez que todas são iguais. Por outro lado, o embaixador do Brasil na Índia não pode se desculpar por afirmar que todas as religiões são iguais: ele tem que entender o hinduísmo. Quem representa uma empresa negociando com os árabes tem que entender o islamismo. Jornalistas, médicos, missionários e artistas, entre outros, estudam as religiões mundiais, por motivos diferentes.
As diversas ciências da religião realizam esses estudos. Elas são disciplinas acadêmicas, cada uma abordando a religião com sua própria metodologia. História das Religiões, por exemplo, focaliza a origem e o posterior desenvolvimento de cada religião. Religiões Comparadas, como o termo sugere, estuda as religiões individualmente e em comparação entre si. Antropologia Cultural presta relevantes serviços ao estudo das religiões, especialmente na investigação do fenômeno religioso entre as sociedades primitivas e as sociedades em transição. A Filosofia da Religião e a Teologia abordam os aspectos intelectuais, ou doutrinários, das religiões. Psicologia da Religião pesquisa as diversas manifestações da experiência religiosa, enquanto a Sociologia da Religião analisa o significado da religião para a sociedade, e vice-versa.
O estudo das religiões, ou mesmo a observação a nível popular, logo revela fatos curiosos. Os hindus valorizam o leite e até a urina da vaca, mas não comem a carne. Nas sociedades muçulmanas mais rígidas, as senhoras usam o véu, enquanto os primitivos nos trópicos não usam roupa. Os muçulmanos têm até quatro esposas, mas os padres católicos não podem se casar. Os confucionistas reverenciam seus ancestrais e, mesmo depois de casados, seguem as orientações dos seus pais. Referimos a todas essas práticas, e muitas outras, como expressões da religião.
Como é possível a religião expressar-se em formas tão diferentes e, aparentemente, conflitantes? Por referirmos ao budismo, islamismo e taoísmo como religiões, sugerimos que têm alguma coisa em comum, apesar de suas diferenças. O que é a essência da religião?
Nossa palavra religião vem do latim religio, que originalmente indicava atar; para os romanos, religio foi o dever do homem, especialmente o dever de cultuar aos deuses. A palavra consta na Bíblia somente em Tiago 1.26-27: “Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: “Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo”. O apóstolo enfatiza não somente o dever de cultuar a Deus, mas também o dever para com o próximo.
Para os romanos, religio era o culto aos deuses, e os dicionários definem “religião” nesses termos, mas nem todas as religiões cultuam Deus ou deuses. É possível um ateu praticar o jainismo, o budismo ou o confucionismo.
A distinção entre o sagrado e o profano tem sido identificada, modernamente, como o fator comum entre todas as religiões. O sociólogo Émile Durkheim (1858-1917) identificou essa distinção como a essência da religião. Mircea Eliade (1907-1986) trabalha em torno dessa distinção em seus numerosos escritos. Félice Challaye (1875-1967), por outro lado, considera essa distinção excessivamente sociológica por menosprezar “o aspecto individual do sentimento religioso”. Ele identifica a distinção entre o finito e o infinito como fundamental. Mas a distinção de Challaye corre o risco de intelectualizar demais a religião.
A religião identifica fatores sagrados na vida. Uma pessoa pode comprar e vender mercadorias o dia inteiro, mas não vende sua família. Ela é sagrada e sem preço. A religião, por tratar do sagrado, transcende o nível da apenas coisa. É a dimensão do sagrado. As religiões identificam o sagrado diferentemente, mas todas elas tratam dessa dimensão da vida.
As ciências da religião estudam as variadas faces do sagrado. Sem dúvida, estudiosos no campo de Religiões Comparadas, durante algum tempo, erraram em impor um programa pré-formado em todas as religiões. Esta disciplina tentou estabelecer o fundador de cada religião, seu livro sagrado e sua visão de Deus. Mas nem todas as religiões têm essas características. É necessário estudar cada uma em seus próprios termos, em lugar de impor uma única metodologia sobre todas as religiões. Ao longo do estudo aparecem alguns fatores comuns à maioria das religiões.
Cada religião inclui alguns ensinos. Tratam de sua doutrina, o conteúdo intelectual da fé. Em lugar de isolar seu pensamento em idéias abstratas, as religiões geralmente transmitem suas doutrinas através de narrações e outras representações, ou mesmo mitos. Nas religiões literárias, os ensinos da religião são registrados em um ou mais livros sagrados. Todas as grandes religiões mundiais têm escritos sagrados, embora esses sejam mais importantes para o cristianismo e o islamismo do que para o budismo o xintoísmo.
Em adição à doutrina, cada religião mantém seu culto. Este pode incluir a$prática de oração, individual ou em grupos. O culto geralmente requer um templo, um rito ou liturgia, e uma organização mais ou menos formal com um clero.
A prática da religião tem implicações para a moral e a sociedade. A maioria das religiões demonstra atitudes particulares em relação à família, ao casamento, ao papel da mulher na sociedade, à guerra e ao uso de drogas e entorpecentes, entre outros tópicos. Em questão de moral, a sociedade nem sempre segue fielmente os ideais de sua religião. Por esta razão, é necessário estudar não somente os ensinos de cada religião, mas também o efeito desses ensinos para a sociedade.
O fator religioso mais difícil de avaliar é a experiência. Algumas religiões valorizam experiências místicas ou extáticas, mas nem todas as pessoas experimentam êxtase. A vida religiosa, porém, leva o indivíduo a uma experiência da vida como um todo. É difícil entender a experiência de outras pessoas, especialmente sua experiência religiosa. Alguns diriam que é impossível um cristão compreender a experiência religiosa de um hindu, mas é necessário tentar entender alguma coisa de seu ponto de vista.
Esses quatro aspectos – doutrina, culto, moral e experiência – caracterizam as religiões, mas cada um de per si apresenta suas próprias ênfases, porque cada religião surgiu em circunstâncias peculiares. A história da origem de cada religião é diferente. No curso da sua história, cada religião passa por diversas influências, e divisões aparecem no meio delas. Muitos lamentam a divisão do cristianismo em denominações, mas divisões existem também nas demais religiões. Através dos séculos as religiões mundiais têm exercido uma influência sobre a formação do mundo moderno, e é necessário incluir esse fator ao considerá-las.
Como introdução ao estudo das religiões mundiais, é necessário abordar as religiões primitivas e antigas. As religiões das antigas civilizações já desapareceram ou se modificaram. Os credos primitivos ainda existem, mas não entre os civilizados. As religiões mundiais, contudo, preservam uma identidade com essas fases anteriores da religião. O estudo delas contribui para o entendimento das religiões mundiais.
 2. AS RELIGIÕES PRIMITIVAS
Grandes centro urbanos – como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte – caracterizam as cidades industriais. Tais metrópoles, com milhões de habitantes, são comuns somente a partir do século XX.
Essas grandes cidades ainda não existiam na antigüidade, mas havia cidades. Eram menores do que os maiores centros urbanos de hoje, porém as antigas cidades, como as atuais, aglutinavam pessoas com funções especializadas. Os moradoreseram padeiros, ferreiros, açougueiros ou sacerdotes; cada um com sua especialização.
Os camponeses lavravam as terras fora das cidades. Eram “gente da roça”. Não moravam nas cidades, mas vendiam seus produtos para as cidades e usavam alguns produtos e serviços urbanos. Como o município brasileiro, a cidade antiga incluía tanto o núcleo urbano como também a zona rural em sua periferia. A cidade era uma unidade, pois o núcleo urbano funcionava como centro, não só para os que lá moravam, como também para os camponeses. Todos falavam o mesmo idioma e cultuavam os mesmos deuses.
Os moradores dessas cidades eram civilizados – tanto os do núcleo urbano como os camponeses dos interiores. A palavra “civilização” vem de civitas, a palavra latina para cidade. A civilização é a cultura das cidades. Mas havia outras sociedades, afastadas e isoladas do contato com as cidades. Essas sociedades isoladas não eram ainda civilizadas.
Não existe, até hoje, nenhum termo de universal aceitação para se referir aos povos não-civilizados, mas geralmente são designados primitivos. Esta palavra vem do latim primus, indicando primeiro. Os povos primitivos são os povos de origem, como a igreja primitiva é a igreja de origem.
As sociedades primitivas preservam antiquíssimos modos de viver e de pensar. As primeiras civilizações (como as do Egito, da Mesopotâmia, da Grécia e de Roma) são chamadas as civilizações antigas. A história desses povos é a história antiga. Os povos isolados de contato com as civilizações preservaram sua cultura em sociedades primitivas. A história desses povos, porém, é desconhecida; por esta razão, são chamados de povos pré-históricos.
Mesmo não sendo civilizados, os primitivos têm cultura. É possível definir a cultura como a totalidade do comportamento aprendido e socialmente transmitido. A civilização é a cultura das cidades. Os primitivos, porém, preservam sua própria cultura, que antecede a cultura das cidades. Existem, ainda hoje, numerosas sociedades primitivas, e elas demonstram notável variedade. É possível identificar alguns pontos que caracterizam essas sociedades. São as características das culturas primitivas.
A primeira característica das sociedades primitivas é o isolamento. Qualquer intercâmbio com a civilização ameaça a integridade da cultura primitiva. Talvez por esta razão a civilização é comumente considerada “superior” às sociedades primitivas. Mas em qual sentido as civilizações são superiores às sociedades primitivas? Existe uma impressão popular que os primitivos são violentos, e uma pessoa de fino trato é chamada “civil”. A história testifica, contudo, que os primitivos sofrem muito mais violência nas mãos dos civilizados do que o oposto. É duvidoso que os civilizados são, em todos os casos, moralmente superiores aos primitivos.
Há um sentido, porém, em que a civilização é superior à cultura primitiva: ela é tecnologicamente mais avançada do que a sociedade primitiva. Por isso, os civilizados sempre levam vantagem quando entram em contato com os primitivos. A permanência da cultura primitiva depende de seu isolamento de contato com a civilização. Muitas sociedades primitivas ainda existem, mas quase todas mantêm contato mais ou menos constante com os civilizados. Durante cinco mil anos, as civilizações vêm avançando à custa dos povos primitivos. Tudo indica que as sociedades primitivas desaparecerão completamente em futuro não muito distante.
Uma outra forte característica da sociedade primitiva é o forte controle grupal. Cada pessoas nasce no grupo e se desenvolve nesse contexto. A pessoa submete-se ao controle do grupo. Esse controle pode parecer tirânico aos de fora, mas os primitivos têm um forte senso da solidariedade do grupo. Por outro lado, falta-lhes o individualismo dos civilizados. Em terceiro lugar, a sociedade primitiva é pré-literária. Sua cultura é transmitida oralmente. As idéias religiosas são passadas de geração em geração. Os primitivos carecem da escrita e, como resultado, sua religião não possui livros sagrados.
Semelhantemente a cultura primitiva é pré-científica. Em lugar de atribuírem causas a fatores secundários, os primitivos identificam os espíritos ou outras forças espirituais como as causas dos fenômenos que acontecem.
Sem a escrita, a cultura primitiva é transmitida pela autoridade dos anciãos. Por isso, a sociedade primitiva é tradicional. O costume é a base da autoridade. Não há, entre os primitivos, um conceito de progresso. Isto não quer dizer que nada muda, porém o ritmo da mudança é lento.
Resumindo, os primitivos vivem em sociedades tradicionais, pré-literárias e pré-científicas, caracterizadas pelo isolamento e pelo forte controle grupal.
O que é, porém, a religião primitiva? As sociedades primitivas não apresentam aqueles monumentos e instituições que os civilizados associam com a religião – organizações, templos, livros sagrados. Não há, também, a diversidade religiosa entre os primitivos. Para estudar a religião primitiva, é preciso buscar as várias manifestações do sagrado em tais sociedades. Mesmo assim, é difícil falar da religião primitiva como uma unidade, porque não existe tanto uma religião primitiva como diversas sociedades primitivas, cada uma com seus próprios traços religiosos. É impossível isolar a religião de outros fatores nas sociedades primitivas. Apesar da enorme variedade, existem alguns pontos comuns.
Os primitivos, em lugares os mais diversos, crêem que uma força impessoal opera em toda a natureza. Os indígenas da Micronésia e da Polinésia chamam essa força de mana. Durante um tempo, alguns estudiosos identificaram essa força como dinamismo. Outros rejeitaram este termo por intelectualizar demasiadamente o conceito. Hoje, estudiosos se referem a esse fenômeno como mana, e esta palavra, de origem oceânica, consta como vocábulo da língua portuguesa.
Outro termo relacionado com o mana é tabu. Esta palavra é também de origem oceânica. Popularmente o tabu já passou a ser qualquer proibição ou inibição – além de ser o nome de um perfume. Entre os indígenas da Polinésia, porém, o tabu tem um sentido mais restrito. O tabu proíbe qualquer contato com pessoas ou objetos santos. Estes tornam-se tabus por causa da força de mana que neles reside.
A magia existe entre todos os povos primitivos. O mago pretende produzir efeitos contrários às leis naturais pela repetição de palavras ou atos. É uma espécie de ciência primitiva. As magias podem utilizar fetiches. Estes são os objetos com supostos poderes especiais. O fetichismo é o culto a objetos, como ossos, pedras ou paus. São geralmente feitos à mão, embora qualquer objeto possa servir de fetiche.
Quem quebra um tabu deve fazer um ritual de purificação. Tais ritos não são limitados à infração de tabus, pois acompanham outras ocasiões da vida, como o nascimento, a morte e a menstruação. Quem toca em sangue ou em outra pessoas em estado de tabu tem que fazer um rito de purificação. Em algumas sociedades primitivas, o rito de purificação exige jejum. Entre outros povos é necessário cortar as unhas, passar pela fumaça de uma fogueira ritual, pulas pelas chamas de um fogo, lavar o corpo em água ou em sangue, ou cortar o corpo.
Antropólogos se referem aos praticantes da magia primitiva como xamãs. Essa palavra vem dos indígenas da Sibéria, mas a antropologia refere-se à magia primitiva, em qualquer lugar, como xamanismo. Entre os indígenas brasileiros o xamã é o pajé, e a pajelança é encontrada tanto entre os índios como também entre as comunidades em transição.
Outro aspecto da religião primitiva é a crença em espíritos. Em 1871, o inglês E. B. Tylor (1832-1917) identificou a crença em espíritos como o centro da religião primitiva. Ele formulou a palavra “animismo” do latim animus, que significa espírito. Para Tylor, a religião primitiva é animismo. Ainda hoje alguns escritores referem-se ao culto primitivo como animismo. Os animistas crêem que todos os objetos têm espíritos, ou almas.
O animismo é, muitas vezes, acompanhado por crença na existência de um Deus superiora todos os demais deuses ou espíritos. Para o padre Wilhelm Schmitd (1868-1954), todos os povos primitivos crêem num Deus superior acima dos demais espíritos. De acordo com a tese de Schmitd, publicada em 1930, os primitivos são monoteístas, mas esse monoteísmo primitivo cedeu lugar, gradativamente, ao politeísmo. É verdade que os diversos povos indígenas da África crêem em um ser superior; mas esse Deus retirou-se da terra, como entendem. Por causa da distância do Deus superior, os africanos dirigem seu culto aos espíritos mais próximos. Fora da África, por outro lado, existem povos que, ao que tudo indica, não crêem num Deus supremo. A tese de Schmitd hoje tem poucos defensores. 
O culto ou veneração aos mortos é a necrolatria. Quando alguém morre, seus amigos e inimigos ainda sonham com ele. Os primitivos levam seus sonhos a sério. Crêem que a alma sai do corpo durante os sonhos; por isso, têm medo de acordar alguém bruscamente. Depois da morte, os espíritos dos defuntos continuam a habitar a vizinhança. De uma modo geral, os espíritos não fazem o mal para ninguém, porém, alguns espíritos praticam a vingança. Os espíritos mais dispostos à vingança são os de inimigos, dos que morreram violentamente, dos que morreram jovens, dos que morreram ao nascer ou ao dar á luz. Ofertas para os mortos são quase universais entre os primitivos. Geralmente não passam de oferendas de comida ou bebida, mas entre alguns povos incluem o sacrifício humano.
Uma outra característica da religião primitiva é o totemismo. O totem é um animal, planta ou outro objeto considerado símbolo de uma tribo ou outro grupo. Em muitos casos o totem é considerado o ancestral do grupo. O totem é o protetor do grupo e é sujeito de certos tabus e deveres. Quando o totem é animal, o grupo protege a espécie; é tabu comer a carne do totem, a não ser cerimonialmente.
Ainda outro aspecto da religião primitiva é o sacrifício. É a destruição ritual de um animal ou outra propriedade. Por que os homens oferecem sacrifícios? Várias teorias existem a respeito disso. Talvez a mais famosa delas é a do inglês William Robertson Smith (1846-1894). Em 1889, Smith publicou sua teoria segundo a qual o sacrifício visa a estabelecer comunhão. A teoria de Smith, como a de Tylor, tem sido criticada por intelectualizar indevidamente o pensamento primitivo. Mesmo assim, é evidente que os primitivos sacrificam para tentar estabelecer a harmonia.
Finalmente a religião primitiva caracteriza-se pela abundância de mitos. Os primitivos demonstram pouca capacidade para o pensamento abstrato. O mito veste idéias abstratas em linguagem concreta. Quem cria os mitos? Ninguém sabe. Aparentemente surgem na consciência coletiva do grupo. O mito é, conforme uma definição, o sonho público, e é possível que alguns mitos originam de sonhos. Os pais contam os mitos para seus filhos para interpretar-lhes a natureza do mundo, da sociedade e da vida. Raramente os mito criticam a organização social do grupo. Quase sempre o mito procura explicar por que as coisas são como são.
As características principais da religião primitiva, então, são estas: mana, tabu, ritos de purificação, magia, animismo, necrolatria, totemismo, sacrifício e mito. São manifestações do sagrado nas culturas primitivas.
As grandes religiões mundiais demonstram pontos de contato com a religião primitiva. Por esta razão, o estudo das religiões primitivas ilumina o entendimento das religiões dos civilizados.
 3. AS RELIGIÕES ANTIGAS
Alguns primitivos lavram a terra, mas as civilizações desenvolvem técnicas agrícolas desconhecidas entre os primitivos.
As primeiras civilizações surgiram na Mesopotâmia e no Egito. Esses antigos povos desenvolveram a irrigação. Com a agricultura mais intensiva, a produção de alimentos aumentou expressivamente. A população cresceu. Com uma agricultura mais eficiente, nem todos tinham que trabalhar na lavoura. Alguns se especializaram em outros serviços. A irrigação, porém, necessitava de um governo forte para controlar as terras e o uso das águas. Como resultado, governos surgiram em cada local com centros administrativos.
A história, durante cinco mil anos, testifica do avanço tecnológico. Os civilizados inventam técnicas cada vez mais sofisticadas e eficientes. Por causa destes avanços, a população aumenta enquanto a proporção da população que trabalha a terra diminui. A história das civilizações registra uma urbanização crescente.
Cada passo no crescimento tecnológico trouxe consigo mudanças sociais. A sociedade primitiva correspondia muito bem às necessidades de caçadores. Os antigos egípcios, por outro lado, estruturaram suas cidades-estados em outras linhas; eram agricultores usando a irrigação, e sua organização social refletia seu estágio tecnológico. As cidades modernas exigiam ainda outras formas de organização social.
As primeiras cidades controlavam uma região pequena, mas a cidade de Babilônia chegou a dominar as demais cidades da Mesopotâmia, como Mênfis veio a dominar o Egito. Com a integração desses povos em impérios, houve também sua crescente especialização e estratificação em classes sociais.
Essa transição da vida primitiva para civilizada trouxe mudanças para a vida religiosa. A base da economia das antigas civilizações era a lavoura. O povo preocupava-se com a fertilidade dos campos e dos rebanhos. As religiões desses povos expressavam essa preocupação com a lavoura. Eram religiões da fertilidade, e os deuses e as deusas representavam forças da natureza.
Cada cidade-estado tinha seus deuses e seus festivais locais. Com a fusão das cidades-estados em nações, esses deuses passaram por uma amalgamação. O Antigo Egito chegou a integrar quarenta e duas entidades políticas. Amon, o deus de uma região, tinha característica semelhantes a Re, o deus de outro lugar. Esses dois deuses passaram a ser Amon-Re, o deus do sol. No processo de integração nacional, os gregos organizaram seus deuses numa escala hierárquica, sendo Zeus, o deus supremo.
Quando os assírios conquistaram o Oriente Médio, eles levaram os deuses de cada local para o templo de Assur em Nínive, capital da Assíria. Deste modo os assírios efetivamente submeteram os deuses locais. Os romanos declararam o culto que encontraram em cada lugar uma religião lícita. Cada império antigo tentou utilizar a religião como instrumento de integração.
É interessante contrastar o animismo da religião primitiva com o politeísmo das religiões antigas. Os diversos espíritos do animismo tinham forças nem sempre bem definidas; os deuses do politeísmo antigo assumiram personalidades distintas. O processo de integração de diversas comunidades em uma só nação tinha um paralelo na vida religiosa. A mitologia das antigas nações resultou da integração de diversos deuses e mitologias locais.
A mais conhecida mitologia antiga é a dos poemas de Homero, provinda da antiga Grécia. Esses poemas demonstram diversos deuses morando no Monte Olimpo. Zeus é o deus supremo. Sua esposa Hera é a padroeira das esposas. Apolo é o deus da revelação, associado ao oráculo de Delfos. Deméter é a deusa do solo e padroeira da agricultura.
Com a unificação da Grécia sob a liderança de Atenas, o panteão sobre o Monte Acrópole, nas imediações desta cidade, tornou-se o centro religioso nacional. A integração de novas regiões ocasionou o acréscimo de outros deuses ao complexo arquitetônico de Acrópole, como também à mitologia nacional. Os deuses de mármore agradaram aos olhos, e os mitos, burilados pelos poetas, apelaram à estética.
Os romanos integraram a mitologia dos gregos à sua própria coleção de deuses. Eles chamaram Zeus de Júpiter, Hera de Juno, Apolo de Mercúrio e Deméter de Ceres; mas os mitos gregos passaram a fazer parte do culto romano em adição aos elemento já existentes.
A religião romana apresentou elementos atraentes, do ponto de vista literário. Séculos depois, Luís de Camões ainda fez alusões à mitologia romana em Os Lusíadas. O êxito literário dos antigos mitos, porém, não garantiu seu sucessocomo literatura religiosa. As estórias dos deuses prenderam a atenção e deixaram às gargalhadas. Mas, com o passar dos tempos a mitologia clássica inspirava cada vez menos o espírito religioso. A vida religiosa exigia algo mais sincero do que a mitologia. O culto oficial não satisfazia às necessidades do povo, e outras formas de religião apareceram. 
Tanto na Grécia como em Roma, alguns intelectuais tentaram explicar a natureza do universo em termos racionais. Assim nasceu a filosofia. Em lugar de falar de Deus ou de forças sobrenaturais, os filósofos tentaram analisar a natureza das coisas. Os primeiro filósofos gregos queriam definir o elemento básico do universo. Para um, o fogo era elemento básico, para outro era a água, e assim sucessivamente. Mais tarde os filósofos formularam teorias a respeito da alma. Alguns dos filósofos, especialmente entre os romanos, deram ênfase à maneira correta de viver. A filosofia pouco atingia as massas. Era uma atividade para os intelectuais. Mas alguns dos pensamentos mais atraentes dos filósofos passaram à população através de diversas religiões de mistério, que se espalharam pelo império romano.
Um ano depois da morte de Júlio César (100-44 a.C.), o Senado romano proclamou sua divindade, erguendo um templo e culto em sua honra. Alguns imperadores, durante o primeiro século depois de Cristo, promoviam o culto à sua própria pessoa enquanto ainda viviam, e o culto ao imperador tornou-se mais um fator no mundo complexo e confuso da religião antiga. Porém o culto ao imperador não conseguiu reunir o império romano em torno de uma única religião.
As religiões antigas tentaram satisfazer as necessidades do povo durante os primeiros séculos das civilizações. Elas surgiram do credo primitivo e preservaram elementos do primitivismo, inclusive vestígios do totemismo e do animismo.
Como as antigas religiões eram sincretistas, combinando deuses e crendices populares, as religiões que as sucederam também se divulgaram mediante o sincretismo. Durante a expansão do cristianismo na Europa, por exemplo, alguns deuses populares passaram a ter status de santos. Assim, a devoção popular continuou, embora o antigo deus passasse a ser subordinado à Trindade, pelo menos em teoria.
Semelhante fusão de crendices populares com o catolicismo romano aconteceu no Baixo Amazonas. Em pesquisa realizada em Gurupá, Pará, em 1948, o antropólogo Eduardo Galvão (1921-1966) identificou traços de cultos primitivos na vida religiosa da cultura cabocla. Ele encontrou uma mistura do catolicismo romano com crendices de origem indígena – entidade das profundezas dos rios, como botos, a cobra grande e a Matintaperera, entre outras.
Manifestações da religião primitiva sobrevivem também nos cultos afro-brasileiros. A umbanda, no Brasil, preserva os traços principais da religião dos Iorubas da Nigéria. Olorum, o deus supremo dos Iorubas, é distante. Ele dirigem suas orações diárias a um ou mais dos quatrocentos e um orixás. No Brasil, o número de orixás é menor, havendo alguns desaparecido na travessia do Oceano Atlântico. Os Iorubas crêem que tudo depende dos decretos de Olorum; por esta razão, Ifo, o orixá de adivinhação é objeto de muitas orações.
Os cultos afro-brasileiros, porém não são simples transferências do culto africano para o solo brasileiro. Como praticados no Brasil esses cultos acumulam alguns elementos do catolicismo romano e da ciência oculta. Sobre um altar de umbanda, por exemplo, é comum encontrar, além de elementos provindos da África, o crucifixo, imagens da Virgem Maria, a Estrela de Davi, pirâmides e outras evidências da ciência oculta.
Como o antigo culto romano cedeu lugar ao cristianismo, o antigo culto na Índia cedeu lugar ao Jainismo, o Budismo e ao Hinduísmo. Alguns historiadores referem a estas como religiões superiores. Em que sentido religiões como o Budismo, Hinduísmo, Confucionismo e Islamismo são superiores às religiões primitivas ou antigas? É difícil dizer que elas são, em todos os casos, moralmente superiores às religiões anteriores. Elas têm, contudo, demonstrado maior capacidade de atrair a devoção dos civilizados durante séculos sucessivos.
 4. HINDUÍSMO
A origem do hinduísmo perde-se nas brumas do tempo. Diz a História que entre 2.000 e 1.500 a.C. povos arianos instalaram-se na península indiana, às margens do rio Ganges, de onde se ramificaram para toda a atual Índia. Ali desenvolveu-se o conjunto de crenças que compunham o antigo hinduísmo, ao qual, durante séculos, somaram-se muitas inovações. Assim, como se percebe, o hinduísmo não está ligado a qualquer líder particular. Sobre isso encontramos na Enciclopédia Trópico:
Cada hindu está convicto de que sua religião é a mais verdadeira e a mais antiga do mundo. Instruídos pelo guru, os velhos e os moços sabem que, em tempos muito distantes, sábios hindus meditavam às margens do Ganges, para melhor conhecer a suprema verdade. Refletindo sobre a caducidade das coisas terrenas e sobre o perpétuo suceder-se dos fenômenos naturais, aqueles sábios concluíram que um análogo suceder-se devesse regular a vida dos homens... a este princípio deram o nome de brahman... (que) se identifica com o todo... Não tendo nunca princípio, o brahman não terá jamais fim.
A EVOLUÇÃO DO HINDUÍSMO
As diferentes obras consultadas permitem distinguir três diferentes fases do hinduísmo:
O culto dos hindus era voltado para a adoração das várias forças da natureza, que eram personificadas por divindades celestes, atmosféricas e terrestres. Dentre os ritos sacros, o mais importante foi o sacrifício ou holocausto que era tornado ainda mais solene com a cremação do deus da prece e senhor das criaturas, Brahmanaspati. Este rito, acompanhado por práticas mágicas, tinha um duplo objetivo: propiciatório e expiatório. Ele era celebrado no lar doméstico, ou, então, sobre uma ara, ao ar livre, por ocasião de nascimentos, iniciações ou funerais. Para celebrar o sagrado ofício, foi proposto um sacerdote (brahman) ou brâmane. Lentamente, o termo brahman passou a assumir o significado de lei suprema e de realidade eterna, em contraste com o mundo material, considerado transitório e caduco.
Uma multidão de deuses
São milhares as divindades do hinduísmo e o hindu pode devotar-se a um ou a muitos deles. Até o Senhor Jesus pode ser acolhido no panteão e adorado por qualquer hindu. O inaceitável é que o hindu ao se converter troque seus deuses e suas tradições pela adoração exclusiva de Jesus Cristo.
Entre as miríades de deuses hindus, sobressai a Trimurti, ou Brahman, constituída por Brahma, o deus criador, Vishnu, o deus conservador da criação e Shiva, o deus destruidor. Este, mesmo sendo o senhor da morte possui muitos adoradores, pois, segundo crêem, a morte é extremamente necessária porque sem morte não haveria nascimento e assim o ciclo do karma seria interrompido. Diz-se haver 330 milhões de deuses adorados no hinduísmo. 
O hinduísmo clássico
Esta seria a Segunda fase do hinduísmo, que se desenvolveu entre 300 e 1.200 da nossa era. É o período da harmonização entre diversas tradições, que passaram a constar de novas escrituras (sem anular as antigas): o Dharma e as Puranas, além dos comentários do guru Shânkara, sobre os Vedas (detalhes mais adiante).
O hinduísmo hoje
É tão idólatra e politeísta como sempre foi. Acredita no karma e nas conseqüentes reencarnações, vive à sombra da feitiçaria, temendo espíritos, demônios e deuses, além de reconhecer a validade do sistema de castas, sempre fundamentado nos antigos Vedas, aos quais, entretanto, se fundiram outras teorias sociais e doutrinárias. Há, inclusive, influência dos invasores que dominaram a Índia, tanto muçulmanos (1200 – 1757), como ingleses (1757 – 1947).
Entretanto, a realidade do mundo moderno vai-se impondo, como observa John Landers:
Aos poucos os costumes indianos vão se modificando. As castas continuam, mas elas estão acompanhando as mudanças. Não existe, por exemplo, uma casta de programadores de computadores, nem deaeromoças. Entretanto as aeromoças existem, e elas não são brâmanes. Conforme as regras antigas da casta, os brâmanes não podem aceitar sequer um copo de água da mão de uma pessoa de casta inferior. A bordo de um avião, porém, eles admitem uma exceção... O secularismo, a democracia e a visão científica estão chegando à Índia... Os fatos parecem indicar que as mudanças, durante as próximas décadas, atingirão radicalmente as bases da sociedade indiana. O que restará do hinduísmo no futuro é impossível prever.
AS ESCRITURAS DO HINDUÍSMO
Os primeiros escritos dos hindus, em sânscrito, foram elaborados a partir de 1.400 a.C., mais ou menos a mesma época em que Moisés recebia a revelação do Pentateuco. Dividem-se em duas partes: o Sruti (“o que ouve”), que foi compilado pelos discípulos dos sábios (rishis), e são conhecidos como os VEDAS, cuja autoridade é final; e o Smriti (as “memórias”). Tem autoridade secundária. Destacam-se o Ramayana, o Mahabharata e as Puranas.
Os Vedas
Significa o “saber sagrado”. São cânticos sacros, orações e rituais. Foram colecionados durante 1.000 anos, começando no século XV a.C. Suas principais divisões são: O rig-veda, coleção de hinos, ou mantras, que exaltam diversas divindades; o yajur-veda, mantras a serem usadas pelos sacerdotes em ocasiões especiais; o samá-veda, mantras parta serem cantadas, e o athara-veda, contendo magias e encantamentos que os sacerdotes pronunciam.
As Upanishades
Escritas entre 800 e 600 a.C., tratam de mistérios, envolvendo o homem e o universo. Relacionam atman com Brahman.
O Ramayana
Com o Mahabharata, um dos maiores poemas épicos dos hindus. É um longérrimo poema de 24.000 versos atribuídos a um poeta desconhecido, chamado Valmiki. Descreve a epopéia de Rama, uma das muitas encarnações de Vishnu.
Filho e herdeiro de um rei indiano, Rama serve de modelo aos homens hindus. É elegante, bravo e marido devotado. Sita, sua bela mulher, representa o ideal indiano de devoção ao dever e ao marido. Na estória, Rama vive no reino de Ayodya, no norte da Índia. Seu pai o exila durante 14 anos, por causa de uma disputa pelo trono. A trama diz respeito ao conflito entre Rama e Ravana, um rei demônio. Ravana seqüestra Sita e a leva para seu reino na ilha Lanka. Rama salva sua mulher e mata Ravana com uma flecha. Ao final do exílio de Rama, Rama e Sita voltam para casa em triunfo e Rama se torna rei...
O Ramayana permanece popular nos nossos dias porque seus personagens defendem altos padrões de comportamento humano e inspiram devoção a deus. Os leitores apreciam também a beleza da linguagem e o excitante enredo do Ramayana.
O Mahabharata
Esta, com o Ramayana, constitui as duas maiores obras do hinduísmo. Contém cerca de 100.000 versos, escritos durante 800 anos, a partir de 400 a.C. Significa o “Grande rei Bharata”. Trata da aventura dos descendentes de Bharata, que viveu no Norte da Índia, lá por 1.200 a.C. Descreve como os irmãos Pandava perderam o trono para seus primos Kaurava e as lutas em que se empenharam para retomá-lo, bem como do sangue abundante que foi derramado nos campos de batalha. Entre os heróis representados, confundem-se personagens históricos com mitos e lendas. A grande lição do Mahabharata é a futilidade da guerra. No bojo da obra encontra-se o Bhagavad Gita.
O Bhagavad Gita
O mais sagrado dos livros hinduístas , apresenta um diálogo entre Krishna – a oitava encarnação de Visnhu – e Arjuna, um jovem guerreiro que tinha que guerrear contra seus primos e estava perplexo por ter que derramar o sangue de sua própria parentela. O livro apresenta uma visão pessimista da vida, aliás, algo muito freqüente no hinduísmo – mas trás esperança para os mais desvalidos, que aprendem com Arjuna o caminho da salvação pela via devocional.
DOUTRINAS DO HINDUÍSMO
O hinduísmo nos mostra a que ponto pôde o homem chegar em seu afastamento de suas origens, de seu contato com o Criador. Vemos aqui como alguns elementos da verdade eterna se fundiram e confundiram com as superstições mais grosseiras e as trevas mais densas do paganismo. O cerne do hinduísmo é quase indecifrável.
Brahman
Embora personificado na Trimurti, Brahman vai infinitamente além. Brahman é o “todo” universal: “È aquele que a fala não pode expressar, e de que a mente, incapaz de atingi-lo, afasta-se perplexa”.
Para ilustrar o brahman, o Bhagavad Gita o compara a certa quantidade de sal lançada numa porção de água. O sal desapareceu, dissolveu-se na água. Mas de qualquer parte que se provar aquela água, sente-se a presença do sal. Assim é brahman, o espírito do universo. Não é um ser pessoal. Mas está em tudo e em todos. A alma humana é uma com brahman, a “alma universal”.
O Atman
O atman é a alma humana – o “eu” pessoal – mas não é algo individual. Eu não tenho uma alma. Eu sou parte de brahman, a alma universal, da qual provenho e na qual me dissolverei. O corpo nada mais é do que um instrumento para o aperfeiçoamento da alma, a caminho da libertação do karma.
Karma, Samsara e Moksha
O hindu é conduzido por sua religião a um fatalismo pessimista, que p faz conformar-se com seu “destino”. Ele está no lugar que merece. Se na vida atual alcançar méritos suficientes, na próxima será mais privilegiado. Caso contrário, seu destino poderá ser ainda pior. É a lei do Karma.
Karma – palavra que significa ação. É o que poderíamos chamar “lei da semeadura e da colheita”. O brahmin (sacerdote) está satisfeito, porque sua privilegiada casta o colocou próximo do moksha. Já o sudra, se resigna, porque está colhendo o que plantou. E se consola na esperança de que, agindo corretamente, a próxima encarnação será mais ditosa. O karma termina quando, não havendo mais pecados a purgar, a alma se dissolverá em brahman.
Samsara – É o ciclo obrigatório de nascimentos, mortes e renascimentos pelo qual a pessoa deve passar para, finalmente, livrar-se do karma. É o conjunto de experiências e sofrimentos necessários para reparar erros passados. Alguém que foi estuprador, possivelmente será estuprado na encarnação seguinte. Quem foi injusto, voltará para sofrer as maiores injustiças. Assim é que até um brahmane (ou brahmin), que prevaricou, poderá voltar num pária, ou até num animal. Já o pária que trilhe satisfatoriamente um dos caminhos de salvação poderá encarnar numa família brahmane. A reencarnação pode ser pode ser num animal qualquer e neste caso chama-se transmigração da alma. Por isso o hindu não deve matar uma nojenta barata, pois ali poderá estar transmigrada sua falecida sogra (ou qualquer outro amigo ou familiar).
Estes conceitos foram incorporados à doutrina kardecista e, com muitíssimos outros, estão sendo assustadoramente disseminados pela Nova Era que vai se impondo e até sendo assimilada por muitos “cristãos”.
Moksha - ou mukti. É a palavra que indica o fim da roda do karma, a libertação final da samsara. O ciclo finitivo do sofrimento acaba, quando a alma, já purificada, se dissolve na perfeição eterna de brahman, como a água de um copo se diluiria no infinito oceano. A moksha, que deve ocorrer na “última morte”, pode também ser alcançada em vida, se o indivíduo alcançar um êxtase tal que assim se una a brahman. A moksha é o equivalente hindu para a salvação buscada pelo cristão.
CAMINHOS PARA A SALVAÇÃO
O hinduísmo apresenta três caminhos possíveis para a salvação:
Karma-marga – É o caminho das obras, dos méritos alcançados no bom desempenho no cumprimento dos deveres religiosos. Um cumprimento rigoroso destas normas pode assegurar para a próxima vida a encarnação num brahmane, da casta sacerdotal, considerada mais próxima da moksha.
Jnana-marga – O caminho do conhecimento. Não se trata do saber humano comum, ou do conhecimento científico. Trata-se antes do auto-conhecimento para a libertação da ignorância, que consiste na maneira errada de pensar. Segundo a doutrina o sofrimento humano tem por base a estupidez do homem em ver-se como um indivíduo, alguém que existe em si mesmo, como uma personalidade separada, autônoma e egocêntrica. Isto é uma ilusão que,enquanto perdurar, prenderá o homem ao ciclo de sucessivas reencarnações. É necessário que o homem, através de muita disciplina e profunda meditação (raja-yoga) alcance um estado de consciência tal que se reconheça intrinsecamente mera parte do todo universal, brahman.
Bhakti-marga – O caminho da devoção. Está em foco a devoção a alguma divindade, o que pode manifestar-se através de atos de adoração, público ou privados. Essa devoção, com base no amor pela divindade, também estende-se às relações humanas, isto é, amor doméstico, amor aos superiores, etc. Essa devoção pode conduzir a pessoa a salvação final. A obra escrita que dá atenção particular a essa vereda de salvação é o Bhagavad-Gita. Essa vereda de salvação caracteriza-se por empenho e ação. (Combinamos aqui a bhakti-yoga – devoção – e a raja-yoga – meditação. Alguns estudiosos tratam esses dois aspectos como duas veredas diversas de salvação.
AS CASTAS
São as classes sociais em que se divide a sociedade hindu, um sistema que a torna única no mundo. Para o ocidental é uma aberração. Para o hindu, não existe injustiça social. O que ocorre é que cada um cumpre o seu karma.
Segundo Landers, quando os atianos chegaram à Índia, organizaram-se em três classes: Guerreiros, sacerdotes e lavradores. Os nativos foram feitos escravos. Daí se originaram as quatro principais castas hindus:
Os brahmins, ou brâmanes, os sacerdotes, que são a elite, considerados os mais puros; seguem-se os kshatriyas: governantes, altos funcionários e guerreiros; depois, vêm os vaisyas: comerciantes, artesãos, proprietários e fazendeiros; por último aparecem os sudras, cujo dever é servir as castas superiores como operários e serviçais em geral. Hoje as castas estão seccionadas em milhares de sub-castas. E, afora estas, existem os párias, tão desprestigiados que são considerados os intocáveis, que os mais nobres devem ignorar completamente, ficando totalmente marginalizados.
Os hindus vêem nas castas uma determinação divina, pois crêem que Brahma, o deus criador, as tirou de Manu, o primeiro homem por ele criado, da seguinte forma: Da cabeça de Manu se originaram os brâmanes; de suas mãos, os kshatriyas; os vaisyas saíram das coxas de Manu e, de seus pés, vieram os sudras. A partir, pois, dos brâmanes, cada casta é inferior às precedentes. Os sudras não podem estudar os Vedas, nem participar de alguns rituais reservados às classes superiores.
Os hindus instruídos, mesmo reconhecendo e valorizando a hierarquia das castas, não pensam que alguém, em si mesmo, seja melhor que os demais. Além de todos serem parte da realidade única, as castas se completam e necessitam umas das outras, pois em uma se fazem coisas necessárias a todos e cuja manipulação é vedada em outras castas. É o perfeito equilíbrio social, no qual o hindu vê a justiça e a perfeição divinas do sistema.
INFLUÊNCIA DO HINDUÍSMO SOBRE O POVO
O hindu, fruto de sua crença, é pacífico e disposto à renúncia além de, naturalmente, tolerante para com outras crenças: “Tudo e todos fazemos parte de um ‘todo’ único, universal”. Como a vida é um fardo inevitável e a morte uma necessidade, o hindu enfrenta a morte com serenidade, ainda que não se pretenda estóico ante a dor, à qual, desde a meninice aprende a resistir, exercitando-se, para tanto, nas práticas da yoga.
Em tempos modernos, os governantes da Índia iniciaram algumas renovações sociais, considerando contrários ao progresso civil os privilégios de castas... contudo o povo se conserva ainda mais do que nunca fiel às tradições, pelas quais se sente protegido e que considera a mais importante defesa contra qualquer forma de desordem e de violência.
O HINDUÍSMO À LUZ DA BÍBLIA
A. Deus 
No hinduísmo existe apenas uma realidade final, na qual criador e criação se fundem e se confundem. Cada elemento da natureza e cada vício ou virtude possuem suas divindades peculiares.
Na Bíblia encontramos um Deus único com, entre outras, as seguintes características:
É um Ente Pessoal - possui todos os atributos de uma pessoa, tais como conhecimento, vontade, emoções, ação pessoal expontânea, que tanto se manifesta através dos homens, anjos, elementos da natureza como independentemente. 
É aquele que existe eternamente e, no começo do tempo, criou tudo o que há neste universo, e continua a existir acima e independentemente da criação.
É Deus verdadeiro, amoroso e justo, a quem todos os seres devem adoração e a quem todo ser criado prestará contas.
É um ser triúno. Não é a mesma coisa que a Trimurti hindu. Nesta são três diferentes deuses, com características distintas, que coexistem com milhares de outros semelhantes “deuses”, com respectivas esposas e concubinas. A Santa Trindade divina é constituída de três pessoas de um mesmo Deus, Pessoas co-eternas, que possuem iguais atributos no mais alto grau, atributos que, por divinos e únicos, não podem ser partilhados por ninguém mais.
B. As Escrituras
Enquanto os Vedas foram reconhecidamente fruto das meditações dos antigos sábios – portanto, filosofia pagã – a Bíblia foi escrita por homens que podiam bradar: “Assim diz o Senhor!” Tanto seu conteúdo como a História provam que suas mensagens são verdadeiras, e o próprio Senhor Jesus as reconheceu como fidedignas. 
Os Vedas, assim como as demais escrituras hindus, são absolutamente incompatíveis com a Bíblia. Esta se fundamenta na revelação do Deus único. Aquelas apresentam politeísmo, superstições, feitiçarias e “abomináveis idolatrias” – tudo quanto é veementemente condenado pela Bíblia.
C. Doutrinas
1. Deus em nós. Já falamos sobre a teologia hindu. Apenas acrescentaremos que o conceito hindu de “deus em nós” é de todo diferente da experiência cristã. O hindu acredita que deus habita no homem por natureza, uma vez que o homem e deus fazem parte da mesma realidade única. Já a Bíblia ensina que o Deus pessoal, por ato de sua deliberada vontade, vem, por meio de seu Divino Espírito Santo, habitar naquele que, também espontaneamente, o recebe na conversão.
2. O atman, ou alma humana. A Bíblia ensina também a individualidade do ser humano, inclusive de sua alma. Isto é notório do Gênesis ao Apocalipse. Ezequiel 18.4, mostra: a. A multiplicidade de almas: “todas as almas são minhas”; b. a individualidade da alma: “A alma do pai, também a alma do filho”, e c. a responsabilidade individual: “a alma que pecar, essa morrerá”. Ainda Apocalipse 6.9 e 20.4, fala das almas dos mártires, que clamavam ao Deus do céu por justiça.
3. Karma e reencarnação. Conquanto a “lei da semeadura e da colheita” um dos pilares da fé cristã, a retribuição não virá por vivências piores ou melhores numa reencarnação futura. “Aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hebreus 9.27). A salvação acontece, ou não, nesta única vida. O evangelho é pregado a toda a criatura e “quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Marcos 16.15-16).
4. Salvação. “Disse Jesus: Eu sou o caminho... ninguém vem ao Pai senão por mim ” (João 14.6). “Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós é Dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8-9)
5. Castas. Quanto ao assunto, a Bíblia afirma: “Deus não faz acepção de pessoas” (Atos 10.34). Tiago, depois de considerar que não deve haver acepção de pessoas, termina assegurando que o juízo será sem misericórdia para quem, desassistindo o miserável, não usar misericórdia.
Conclusão
O hinduísmo, como seu nome já sugere, é a religião da Índia, onde surgiu e onde se desenvolveu e predomina, e aonde se restringe. Os hindus entendem que não é possível verdadeira conversão ao hinduísmo. A única maneira de um estrangeiro “tornar-se hindu é morrer e reencarnar-se hindu” (Landers).
Apêndice
Daremos aqui umas poucas notas sobre alguns pontos que ficaram fora das apreciações já feitas:
As puranas. São livros que incluem lendas de deuses e deusas, demônios e antepassados. Enfatizam a validade das castas e a importância das devoções. Influenciaram positivamente para a formaçãodas normas morais dos hindus.
Outras crenças: a. Agni, o deus do fogo, com duplo corpo, mediador entre deuses e homens. É representado montando um bode. b. Soma. Planta alucinógena, sob cuja personificação adora-se o deus das bebidas inebriantes. c. Kali, a negra. Deusa sanguinária, representada em imagem sentada sobre um corpo decapitado, tendo na mão a respectiva cabeça. Enfeita-se com um colar de caveiras, possui olhos de fogo e pode ter 4, 8 ou 16 braços. d. Ganesh, ou Ganesa, deus da sabedoria, com cabeça de elefante.
Animais sagrados – como se infere de Ganesh, os elefantes, que simbolizam a sabedoria; os macacos, a fidelidade; os ratos, a prudência. Também as serpentes e os pavões são sagrados. E, obviamente, a vaca, cuja adoração, segundo Landers, pode ser um resquício do totemismo. Os hindus não comem sua carne, mas consideram os demais produtos desse animal benéficos para o homem. Quando constróem prédios, alguns misturam esterco de vaca na massa de concreto. Quando lavam suas casas, acrescentam esterco de vaca na água. Urina de vaca é um remédio de alto valor para a medicina popular... a proteção da vaca é “o fato central do hinduísmo, a única crença central comum a todos os hindus”. 
 SIKHISMO
Cronologicamente, como religião nascida a partir do Hinduísmo, teríamos agora que estudar o Budismo. Mas como este se projetou como uma religião totalmente diversa, consideraremos aqui a fé que, para os de fora, se confunde com o Hinduísmo, parecendo uma seita do mesmo.
NANAK (ou Nanaque)
Filho de pais hindus, pessoas simples, Nanak nasceu em 1469, na aldeia de Talwandi, ao noroeste da Índia, cerce de 50 km de Lahore, capital do Punjab. Sua juventude é envolvida por lendas impossíveis de serem verificadas.
O que se sabe é que foi uma espécie de funcionário público frustrado em suas ocupações. Seu prazer era cantar hinos religiosos que ele mesmo compunha. Vivendo entre muçulmanos e hindus, o pan-politeísmo destes e o monoteísmo daqueles, Nanak buscava conhecer a verdade entre doutrinas conflitantes.
Consta que entre os 30 e os 40 anos sua busca cessou, quando teve uma visão em que se achava na presença de deus, que se lhe apresentou como sendo o único Deus, eterno, auto-existente, poderoso, bom e verdadeiro: É o Sat Nam, isto é, Nome Verdadeiro.
A partir daí, Nanak associou-se a seu amigo Mardana, trovador e músico muçulmano, que aceitou sua doutrina e com ele saiu a cantar e propagar a nova fé. Isto aconteceu mais ou menos no começo do Século XVI, quando a Europa se preparava para a ação dos grandes reformadores e o Novo Mundo começava a ser descoberto.
Durante cerca de 40 anos a dupla viajou através da Índia, tendo chegado a Meca, na Arábia. Regressando ao Punjab, sua terra natal, Nanak começou a reunir um crescente número de discípulos (sikhs).
Antes de morrer, próximo a 1540, Nanak indicou Lahina como seu sucessor, que foi chamado de “Angade” (Guarda Costas). Angade, no decorrer de seu trabalho, divulgou que Nanak era igual a Deus.
AS ESCRITURAS SIHK
O livro sagrado dos sihks é o Granth Sahib (O Livro do Senhor). Esta obra, composta de quase 30.000 versos rimados, em seis diferentes idiomas e vários dialetos, tem dezenas de autores, sendo alguns anteriores a Nanak. Foi compilado pelo Guru Arjan.
O conteúdo do Granth enfatiza a exaltação do nome divino e dá orientações sobre a vida diária.
DOUTRINAS
A doutrina sihk é uma fusão de conceitos hindus com os ensinos muçulmanos, numa tentativa de acabar com a rivalidade entre o monoteísmo de uns e o politeísmo de outros.
1. Deus. Nanak ensinou que há um só deus – o Brahman primeiro – que se chama Deus, o Sat Nam. É auto-existente, eterno, criador, verdadeiro, mas não um ser pessoal. Antes, se identifica abstratamente com a verdade e a realidade. Outros nomes lhe podem ser atribuídos conforme suas diferentes manifestações. Sendo um ser puro, exige dos homens um comportamento condizente.
2. Salvação. A mais elevada das criaturas (o homem) é boa por natureza. Deve reencarnar segundo alei do karma, podendo transmigrar para outras espécies. O objetivo final é atingir o nirvana, onde finalmente o “eu” pessoal se dissolverá na “alma universal”. Bastante semelhante ao hinduísmo.
HARMONIA E CONFLITOS COM AS ORIGENS
Naturalmente, na tentativa de unir crenças diferentes, nem sempre se consegue um total sincretismo. Sempre haverá a aceitação de algumas coisas e a rejeição de outras.
1. Concordâncias. O Sikhismo assimila do Hinduísmo, entre outros, as doutrinas do karma e da transmigração da alma. Do Islamismo herdou a crença num deus único e soberano, clemente mas inflexível, que odeia a idolatria e que pode ser adorado pela repetição constante do seu divino nome. Os sikhs devotam grande reverência por suas escrituras e imenso respeito ao seu fundador. Como os islamitas tem em Meca uma de suas cidades sagradas; outra é Amristar.
2. Discordâncias. Tanto o profeta fundador como seu deus são mais brandos que o Allah, do conceito árabe e que Maomé seu profeta. Enquanto os muçulmanos jejuam no Ramadan e os hindus se abstêm de carne e de outros produtos animais, os sikhs não praticam jejuns e consomem livremente carnes e seus derivados. Contrariamente aos hindus, repudiam veementemente o politeísmo, o ascetismo e o ritualismo. Desprezam ainda o valor das peregrinações, tão significativas para hindus e muçulmanos.
OS SIKHS E A HISTÓRIA
No século XVI, numa ilha próxima de Amristar, Punjab, os sikhs construíram seu Templo Dourado, no qual foram guardados os originais do Granth Sahib, que ali é lido diariamente.
A Índia, desde o Século VIII era dominada pelos muçulmanos. Estes não conseguindo impor sua religião aos hindus, conseguiram, entretanto, dominá-los politicamente. Quando o sikhismo começou a crescer, os muçulmanos se alarmaram e passaram a agredir os sikhs, que começaram a se defender e se tornaram cada vez mais combativos. Criaram a Ordem dos Leões (Singha) para defender a fé. A heróica resistência dos sikhs, que não cedeu aos ataques muçulmanos, só foi quebrada pelos ingleses, em 1849. Os sikhs aceitaram se subordinar à Coroa Britânica e vieram a ser os mais ardorosos defensores dos interesses ingleses na península.
Com o desmembramento do Paquistão, em 1947, os sikhs permaneceram na Índia. Lá, tem havido o mais vivo interesse dos adeptos do Sat Nam em fazer do Punjab, a região mais próspera da Índia, sua nação independente. O fato é a causa de muitos sangrentos conflitos naquele País. A morte de Indira Ghandi, em 1984, foi conseqüência desses tumultos.
A religião sikh conta, atualmente, com aproximadamente 15 milhões de praticantes. Muitos desses são pessoas de paz, mas o sikhismo é conhecido pela violência da minoria.
O SIKHISMO E A BÍBLIA
Embora algumas normas éticas do sikhismo – e de outras religiões – possam coincidir com alguns fundamentos cristãos, a distância entre elas é intransponível.
O Deus da Bíblia – Yahweh – o grande “EU SOU”, é um Ser Pessoal, triúno, que se revelou plenamente na Pessoas de seu divino Filho, não se funde, nem se confunde, com sua criação, estando infinitamente acima dela. Ele é a verdade de forma personalizada e não mera abstração filosófica. Ele se revelou à humanidade na pessoa de Cristo e agora habita no salvo na pessoa do espírito Santo. A salvação ocorre mediante um perdão pessoal, possibilitado por um arrependimento pessoal do pecador. O Senhor salva indivíduos que, embora na eterna presença do Deus Eterno, terão existências individuais na eternidade. Nem karma nem reencarnação. O perdão apaga todo o pecado passado, o Espírito Santo preserva da maldade presente e a ressurreição garante a glória futura.
 JAINISMO
O hinduísmo deu origem a três facções religiosas: o jainismo, o budismo e o sikhismo. O jainismo foi a primeira delas; e, embora como uma criança, até certo ponto se assemelhe à sua mãe, eventualmente estabeleceu-se como uma nova religião. Dentro da religião hindu, o jainismo teve iníciocomo um movimento de reforma, mas logo achou-se como uma religião independente, alicerçada sobre os ensinos de seu fundador. Mahavira. Embora relativamente pequeno quanto ao número de seus aderentes (três milhões de seguidores na Índia), se o compararmos com outras religiões, o jainismo tem exercido uma influência desproporcional para seu tamanho.
SEU FUNDADOR, MAHAVIRA
O jainismo, em contraste com o hinduísmo, começou com um fundador e líder, conhecido como Mahavira. Na verdade, esse nome é um título honorífico que significa “grande homem”. A tradição data o nascimento de Mahavira em, 599 a. C., no noroeste da Índia, o que faz dele um contemporâneo de Buda. As tradições também afirmam que Mahavira foi o segundo filho de um rajá que vivia em meio ao luxo. Mahavira casou-se e teve uma filha.
Quando seus pais faleceram, Mahavira resolveu, com a idade de trinta anos, levar uma vida de abnegação, e passou a não cuidar de seu corpo nem falar durante doze anos. Depois de breve período, Mahavira, despiu-se de toda veste e ficou vagueando pela Índia, sendo ofendido por parte dos homens e dos animais. E ficou vagando por doze anos, até que recebeu iluminação, quando estava com quarenta e dois anos de idade.
Registram os Livros Sagrados do Oriente: “No décimo terceiro ano, agachado... expondo-se ao calor do sol... com os joelhos elevados e a cabeça baixa, em profunda meditação, em meio à sua meditação abstrata ele atingiu o nirvana, o absoluto completo e pleno, desobstruído e infinito”.
Tendo assim obtido a iluminação, Mahavira parou de viver sozinho e conseguiu discípulos, pregando sua recém-achada crença. E assim continuou a viver até o fim da vida, quando então contaria com 14 mil monges em sua fraternidade.
Embora Mahavira seja o fundador do jainismo, os jainas consideram-no o último dos 24 líderes que remontam a milhares de anos no passado. Não há como aceitar suas datas, mas é possível que as doutrinas do jainismo antecederam Mahavira. As escavações da civilização de Harapa revelam uma escultura de um homem nu e outra de um deus assentado em posição de yoga. Essas relíquias sugerem que as idéias de Mahavira são antiquíssimas. 
A dívida do Jainismo ao Hinduísmo
Precisamos ressaltar que o jainismo não surgiu em um vácuo religioso. O jainismo começou como um movimento herético dentro do hinduísmo, embora agora só possa ser encarqdo como uma religião distinta deste último. Mahavira apegou-se firmemente às crenças hindus, como a lei da retribuição moral ou karma, ou como a transmigração das almas, após a morte física. Todavia, há muitos pontos de distinção entre as duas religiões, e isso desde o início do jainismo. 
No pensamento de Mahavira, tanto o homem como os animais e insetos possuem jiva que eqüivale, em linhas gerais, à alma. Jiva é imaterial, mas vem a ser ligado ao material pelo karma, que é uma força semelhante ao magnetismo. Assim a alma (jiva) associa-se ao corpo pela força do karma. Na morte, a alma liberta-se do corpo e voa livre do material. Em quase todos os casos, porém, a alma conduz consigo, um depósito de karma que, oportunamente, a leva a associar-se ao material outra vez. Assim, o karma atrai a alma a associar-se com o material, ocasionando uma nova encarnação. A sucessão de reencarnações é o samsara.
A cosmologia jainista determina a sua interpretação do samsara. Os jainas pensam no universo como o corpo de uma pessoa em pé. A terra é a faixa central, o cinturão do universo. Quando alguém morre, sua alma sobe ou desce, dependendo de seu estado de karma. (“Karma” quer dizer ação, em sânscrito). Se as ações da pessoa forem más, a alma descera para as regiões de onde, mais tarde, voltará a se encarnar numa forma inferior de vida. Quando as ações das pessoas são boas, o karma é pouco. Depois da morte, a alma sobe quando é liberta de sua associação com o corpo. Uma alma sem qualquer karma sobe para o Nirvana, o teto do universo (corresponde ao crânio da pessoa). Lá ela permanece eternamente em repouso e tranqüilidade.
Mahavira e alguns poucos já se libertaram do karma. Estão no repouso eterno. Mahavira mostrou o caminho para os seus seguidores. Eles já são os jainas, que significa vitoriosos. Cada jaina quer seguir o caminho indicado por Mahavira e, assim, vencer o karma.
Mahavira indicou o caminho da auto-negação. Outras religiões praticam jejuns e outras formas de ascetismo, mas o jainismo é a mais ascética de todas. A vitória que o jaina procura exige a abstenção total do sexo, bem como a ausência de qualquer desejo sexual. O jaina flagela seu corpo com severos jejuns, e alguns deles morrem de subnutrição.
Ahimsa, a reverência para todas as formas de vida, é uma das doutrinas principais do jainismo. No entender de Mahavira, a alma que mata qualquer forma de vida acumula karma. Por esta razão, o jaina, seguindo o exemplo de Mahavira, anda com grande cuidado para não pisar algum inseto. Ele filtra toda a sua água para não ingerir qualquer inseto, respira também por um filtro, para não inalar alguma forma de vida.
Mahavira não usou qualquer roupa, e o jainismo moderno está dividido entre os que se vestem de branco e os que praticam a nudez total.
É impossível seguir uma carreira profissional e cumprir os rigores do caminho indicado por Mahavira. Por isso, o jainismo apresenta o mais alto índice de monacato de qualquer religião. Os jainas são divididos entre monges e leigos. Os monges almejam alcançar o nirvana no fim da vida. Os leigos não tem essa esperança, mas querem findar a vida com pouco karma para poder vencer numa encarnação próxima. São eles, no entanto, que sustentam os monges. Os leigos não devem matar qualquer forma de vida. Por esta razão, não podem trabalhar a terra por medo de matar uma minhoca ou lagarta. Muitos deles são comerciantes. Ironicamente, os jainas leigos são mais prósperos do que a maioria dos indianos.
Talvez por causa de seu rigor, o jainismo não é uma religião de massas. Todos os jainas moram na Índia, principalmente na região de Bombaim. Embora seja uma religião distinta do hinduísmo, o jainismo funciona praticamente como uma casta na sociedade indiana. Nunca foi uma religião das massas, mas ela persiste através dos séculos e exerce forte influência sobre os poucos que a praticam.
TERMOS DO JAINISMO
Ahimsa – Prática da não-violência e da reverência pela vida. A ahimsa proíbe que se tire a vida animal em qualquer nível.
Digambaras – Seita do jainismo que insiste que seus membros devem andar nus, a exemplo de Mahavira, quando o dever assim o requer.
Cinco Grandes Votos - Princípio da auto-negação, central ao jainismo, com renúncia de: 1. Matar coisas vivas; 2. Mentir; 3. Cobiçar; 4. Prazeres sexuais e, 5. Apego a coisas seculares.
Jainas – Designação dos discípulos de Mahavira, apelidado de Jina, o Conquistador, ou Vitorioso.
Jina – Literalmente, “conquistador”. Apelido dado a Mahavira por ter obtido vitória sobre seus desejos físicos. Daí seus discípulos terem sido chamados jainas, “conquistadores” ou “vitoriosos”.
Mahavira – Um título honorífico que significa “grande homem” ou “homem poderoso” dado ao fundador do jainismo.
Nirgrantha - Literalmente “nu”. Pessoa que pratica o ascetismo em harmonia com os princípios do jainismo.
Sallakhana – Rito de auto-inanição que, de acordo com a tradição, foi o que tirou a vida dos pais de Mahavira.
Shvetambaras – “Os vestidos de branco”. Uma das duas seitas principais do jainismo. Formam a ala liberal que dizem que se deve vestir ao menos uma peça de roupa, em contraste com os Digambaras, que insistem que se deve andar nu, quando o dever assim o exige.
Sthanakvasis - Uma das seitas do jainismo que adora em qualquer lugar, não permitindo nem ídolos nem templos.
Tirthankara – Um ser salvador. Segundo as crenças jainistas, Mahavira é o vigésimo quarto Tirthankara, o último e maior dos seres salvadores.
Doze Angas – Porção mais consideradas dos escritos sacros do jainismo.
O Venerável – Um dos títulos dados a Mahavira por seus últimos discípulos.BUDISMO
As transformações sociais ocorridas na Índia por volta dos séculos VII e VI a.C., possibilitaram o florescimento de novas ideologias religiosas, dentre as quais o Budismo. Este, abandonando antigos conceitos, fez do próprio ser humano, alheio a qualquer divindade ou ajuda exterior, a única fonte de salvação.
Budismo é a denominação dada pelos ocidentais ao sistema religioso fundado na Índia, por volta do século V a.C. por Sidarta Gautama, cognominado Buda (do sânscrito Buddha, “Desperto”, “Iluminado”). No Oriente é denominado Buddha-marga (Caminho de Buda) ou Buddha-dharma (Lei de Buda) ou Sad-dharma (Lei correta ou perfeita). Visa a realização plena da natureza humana e criação de uma sociedade perfeita e pacífica.
A tradição budista admite que além de Sidarta Gautama, cujo nascimento se deu por volta de 560 a.C., outros Budas tenham vivido sem se darem a conhecer. Todo aquele que busca a iluminação, bem como os que depois de consegui-la, dedicam-se a salvar o próximo, tornam-se Bodhisattvas (Budas).
O Budismo é uma religião tão falsa como as outras do seu tipo. Surgindo em meio às confusões religiosas e herdando a milenar “sabedoria” dos Vedas e as doutrinas do Bramanismo, o Budismo é um misto de filosofia e espiritismo que visa endeusar o homem. O centro da verdadeira religião é Cristo.
RESUMO HISTÓRICO
Existem cerca de 578 biografias sobre a vida de Buda, cada uma mais fantasiosa que a outra. O primeiro texto conhecido a tratar de sua vida foi escrito 400 anos após a sua morte, se bem que existam inscrições budistas anteriores em estelas de pedra.
Os textos referentes ao nascimento de Buda, quase sempre envolvem esse acontecimento numa atmosfera poética e piedosa. Filho do rei Shuddodana, Buda é concebido no ventre da rainha Maya, durante o sono, por um pequeno elefante branco. Sem causar nenhum sofrimento à sua mãe, vem ao mundo num bosque tranqüilo cercado de flores, fontes e árvores frutíferas. Nasceu com quarenta dentes dizendo: “Sou o Senhor do mundo”, conhecendo 74 alfabetos, inclusive o chinês, e com oitenta e tantos sinais físicos distintivos do futuro Buda. Essa é uma das lendas do seu nascimento.
Das informações mais comprovadas, sabemos que Sidarta Gautama nasceu por volta de 560 a.C. (556?) em Kapilavastu, capital de um pequeno reino perto do Himalaia, na atual fronteira do Nepal. Passou a infância e juventude na corte de seu pai, o rei Suddhodana, cercado de luxo principesco. Casou-se ainda jovem com sua prima Yassodhara e teve um filho a quem deram o nome de Rahula.
Sidarta teve sua crise religiosa perto dos trinta anos. Tudo o que se diz da sua experiência religiosa se baseia na lenda dos quatro encontros.
A Lenda dos Quatro Encontros
Fora dito ao rei Suddhodana que, se ele quisesse evitar que o filho o abandonasse, devia isolá-lo do mundo e impedi-lo de ver o sofrimento. Um pouco difícil imaginar como teria conseguido fazer isso e ao mesmo tempo, educá-lo para governar.
Em todo caso, essas medidas não adiantaram. Sidarta, acompanhado de seu escudeiro-cocheiro Xanna, fez quatro passeios sucessivos. No primeiro, viu um velho enrugado, trêmulo, apoiado a uma bengala. “O que é isso?”. “É a vida, meu senhor”, respondeu este. E a mesma coisa aconteceu quando Sidarta encontrou um enterro e um doente coberto de chagas.
Dessa forma, Sidarta conheceu a dor, a morte e o tempo que tudo consome. Mas, no quarto passeio, avistou um homem com uma magreza espantosa, nu, possuindo apenas uma tigela de esmolas, que entretanto, tinha um olhar sereno de um vencedor. Era um monge asceta, um homem que vencera a dor, a morte e a angústia em busca do Atman (eu) e o colocara em conexão com o mar eterno do ser que flui das aparências ilusórias.
Depois da festa no palácio, em louvor ao nascimento de seu filho, pela manhã, Sidarta beija a mulher e o filho que dormem e foge conduzido por seu cocheiro. Mais à frente, troca de roupa com um mendigo, corta os cabelos com uma espada e, descalço, encaminha-se ao encontro dos ascetas. 
Rompeu os vínculos com as ilusões; busca agora a certeza e o absoluto que dêem sentido à vida.
A ILUMINAÇÃO
Por volta de 532 a.C., Sidarta renunciou ao ascetismo. Seus cinco discípulos abandonaram-no escandalizados por vê-lo tomar um banho no rio e aceitar uma refeição oferecida por uma jovem. De acordo com a lenda, Sidarta reconheceu não ser a mortificação pessoal que conduz à libertação.
Após a refeição, sentiu-se mais disposto a buscar a iluminação “Bodhi” e, tomando posição de yoga, colocou-se sob uma figueira e pôs-se a meditar. Aí começa a sua vida propriamente dita.
Terminada a meditação da figueira, Sidarta procurou seus cinco companheiros e anunciou-lhes a descoberta: é possível anular as novas encarnações, o Samsara, e escapar aos sofrimentos do mundo. Sua premissa básica era: Todo viver é um sofrer. Teria o homem de identificar os laços que unem os sofrimentos à vida e tentar eliminá-los. Daí, as Quatro Verdades Nobres e o Caminho dos Oito Passos, que veremos mais adiante.
Buda faleceu com oitenta anos. Após a sua morte, o budismo esfacelou-se dando origem às diversas seitas budistas, cada qual com sua interpretação das palavras de Buda. Algumas seitas o divinizaram; outras, alegam que ele, atingindo o Nirvana, deixou de existir.
Disseminação do Budismo
Os centros mais importantes do Budismo são: Vietnã, Laos, Camboja, Tibete, Nepal, China, Japão, Coréia e Sri Lanka. Na Índia, existem relativamente poucos budistas, pois o islamismo marcou seu o fim no seu país de origem.
Na Europa, muitos aderiram ao Budismo, mais por moda do que por outra razão. Nos Estados Unidos ele se introduziu de forma mais séria através da seita japonesa ZEN e possui muitos adeptos.
No Brasil, um primeiro grupo de budistas se formou no Rio de Janeiro, na década de 1920. Em 1955 foi reavivado com a introdução do Budismo Zen. O movimento tomou o nome de Sociedade Budista do Brasil que tem templos e adeptos em diversas cidades brasileiras. Os budistas japoneses imigrantes têm escolas budistas sob diversas denominações.
No Século XVI o cardeal Barônio utilizou na polêmica com os luteranos o exemplo da vida de dois santos assinalados no martirológio cristão no dia 27 de novembro: São Barlaam e São Josaphat. São Josaphat era nada menos do que Sidarta Gautama.
O número de adeptos do budismo em todo o mundo já ultrapassa os 153.000.000.
A LITERATURA BUDISTA
Cada uma das numerosas seitas do budismo possui sua própria versão das escrituras sagradas, ao lado de um vasto corpo de comentários filosóficos e devocionais, imersos muitas vezes no mito, na lenda e no milagre, apresentando, consequentemente, variações qualitativas. 
Durante 400 anos, os ensinamentos de Buda foram transmitidos de forma oral. Grande parte da literatura das seitas perdeu-se. O que há de mais importante, e que é a base de quase todas as outras, são os seguintes cânons:
Cânon Theravada (Tipitaka – “Os três cestos”) – Textos escritos na língua páli e inteiramente preservado no Sri Lanka. Existem também duas coleções desses textos em línguas chinesas e tibetana. Esse cânon divide-se em três partes:
1. Vinaya – “conduta”. Contendo regras de disciplina.
2. Dharma – “Doutrina”. Discursos doutrinais atribuídos ao Buda.
3. Abhidharma – Elaboração sistemática das idéias expostas no Dharma.
Cânon Mahayana – Escrito em sânscrito. Divide-se em duas partes:
1. Mahavastu – a grande história.
3. Lalita-vistara – Relato minucioso da vida do Buda, desde a sua decisão de nascer até o seu primeiro sermão.
Dois cânones que merecem citação são os sino-japonês e o Tibetano, tendo este último sido traduzido para diversos idiomas. Existem mais textos esparsos em sânscrito, mandchu, mongol e em vários dialetos da Ásia central, como o tangut.
Facções do Budismo
Dentre as diversas facções do Budismo, as mais destacadas são:
1. Hinayana – “Pequeno Caminho”, sudoeste da Ásia.
2. Mahayana – “Grande Caminho”, Japão, China, Grécia e outros.
3. Vajrayana – “Caminho do Diamante”, China, Japão e outros.
4. Zen Budismo– Estados Unidos e outros.
5. Lamaísmo – Mistura do Budismo com a demonolatria tibetana, Tibete e Mongólia.
6. Tendai – Japão, Tailândia e Mianmá (antiga Birmânia).
7. Zenmui – Sri-Lanka e outros países.
8. Asoka – Índia, China, Sri-Lanka e outros.
9. Theravada – vários países.
O budismo apresenta sua forma mais exótica no Tibete e na Mongólia. É o Lamaísmo. Os monges do Lamaísmo podem se casar. Até recentemente, a Quinta parte dos tibetanos eram monges, e o dalai lama (chefe dos monges) era o líder político e religioso do país. Os lamaístas crêem que cada dalai lama é a reencarnação de seu antecessor. Depois da morte do dalai lama, sua alma reencarna-se em outra criança. O processo de descobrir o novo dalai lama é complexo e demorado. É provável que o atual dalai lama seja o último. Em 1951 a China conquistou o Tibete. Depois de uma revolta em 1959, o dalai lama fugiu para a Índia, onde ainda reside exilado. O regime comunista chinês quer suprimir os mosteiros e o sistema monacal. O lamaísmo parece ter seus dias contados.
DOUTRINAS
Deus – No Budismo original não existe a idéia de um Deus supremo que opera sobre o mundo. A idéia da divindade para Buda era semelhante à dos brâmanes, com a exceção de não admitirem um Deus criador.
Brahma – “Mas, se um homem..., não deixa esquecido ente algum, no mundo, que tenha forma e vida, e a todos envolve em sentimentos de amor, de piedade, de simpatia e de serenidade crescente, incessante e sem medida, então, na verdade, esse homem conhecerá o caminho que leva à união com Brahma”. (Buda)
Buda – algumas seitas o divinizaram, outras alegam ter ele deixado de existir ao atingir o Nirvana; outras, afirmam que ele continua vindo ao mundo em diferentes e sublimes reencarnações. Muita fantasia e muito misticismo se une à sua pessoa. Os nomes que lhe dão mostram o pensamento acerca de Buda:
- Sidarta Gautama – Sidarta, nome próprio, Gautama, nome da família.
- Shakyamuni – O sábio da tribo dos Shakyas.
- Bhagavat – O bem-aventurado.
- Tathãgata – O perfeito que veio e partiu.
- Jina – O vitorioso.
- Buda – O iluminado, o homem que despertou.
Mara – É o demônio das ilusões, pai de três filhas: Volúpia, Cobiça e Inquietude. De acordo com o Budismo, Mara luta constantemente com o homem não permitindo que atinja o Nirvana.
Samsara – É o ciclo de renascimentos sucessivos. Com a transmigração da alma para outros corpos, havia também uma retribuição. O Samsara para o Budismo é infinito; até os deuses estavam sujeitos à essa lei. Somente atingindo o Nirvana, o homem ficaria livre do Samsara.
O Karma – Nas reencarnações, o que alguém pratica em uma vida, incorpora-se à próxima. Se o indivíduo foi bom, continuará a sê-lo ao longo das infinitas vidas; se foi mau, irá se degradando e acabará por nascer escravo ou bicho. É a lei do “Quem faz aqui, aqui paga”.
O Homem – A visão budista da natureza humana ensina que o homem em sua existência não é bom nem mau, podendo tornar-se bom ou mau conforme sua conduta. Algumas escolas acreditam que o homem tem tendências inatas para o bem; outras, realçam que a natureza humana, com o egoísmo, a ignorância e outros fatores negativos tem dificuldade ou impossibilidade de deixar que o homem vença pelos seus próprios esforços.
O Nirvana – “O discípulo que renunciou ao prazer e ao desejo, e que é rico de sabedoria, esse alcança, neste mundo mesmo, a libertação da morte, o NIRVANA, a morada eterna” (Buda).
O Nirvana é a extinção do ser, uma auto-extinção onde toda a idéia de personalidade individual cessa, deixa de existir. Não havendo, por conseguinte, nada de renascer, a alma se extingue no nada, a felicidade eterna, o não ser.
Toda a doutrina budista visa levar o homem a se auto-extinguir. É o único meio de escapar aos horrores do Samsara. O homem que consegue chegar a esse estágio é um liberto-vivo. Felicidade não existe, é a libertação da dor. A libertação da dor dá no nada!
Imaginem, perder tanto tempo na terra com especulações filosóficas, religiosidade e outras coisas mais, para chegar ao... NADA!
O Sofrimento - “É muito difícil penetrar com a ponta de um cabelo quebrado umas cem vezes um pedaço de cabelo igualmente quebrado. É mais difícil ainda , compreender o fato de que tudo é sofrimento. A universalidade da dor só se evidencia paulatinamente, à medida que o homem adquire uma experiência de iluminação espiritual, vencendo assim a causa do sofrimento e do fluxo transmigratório, a saber, a ignorância, a ilusão, o sono em que jaz a maioria dos homens” (Buda).
O Suicídio – O Budismo não admite o suicídio, que considera inútil, visto levar o homem a uma nova reencarnação, à volta ao mundo e às dores entretanto, se o homem já atingiu o Nirvana, o suicídio é indiferente; ele já não mais existe . Nesse caso julgando estarem fazendo o bem, os monges budistas morrem carbonizados em protesto a alguma coisa que aflija os homens.
“Deixando de existir, repousará em paz na incomensurável paz do Nirvana, o não ser!”
As Três Marcas – Tradicionalmente, o Budismo é distinto das outras religiões, através das chamadas três marcas: impermanência, insubstancialidade e nirvana.
A idéia da impermanência é a de que não existe nada no mundo que seja eterno e perene. A de insubstancialidade é a de que os fenômenos não possuem núcleo estável que determine sua natureza; são meras combinações. A idéia do Nirvana já observamos antes.
As Quatro Verdades Nobres – É a visão budista, a lei fundamental do universo, doutrina base de todas as escolas e seitas budistas.
1. Sobre a dor – O nascimento é dor, a velhice é dor, a doença é dor, o contato com o desagradável é dor, a separação daquilo que é agradável é dor, não realizar o seu desejo é dor. Em suma, os componentes da individualidade (a saber, o corpo, as sensações, as percepções, as formações psíquicas e a consciência – conhecimento – são dor).
2. Sobre a origem da dor – É o desejo de existir que conduz ao renascimento, que traz o prazer e a cobiça, que aqui e ali procura sua satisfação – a sede de experiência sensual, a sede de continuara a viver.
3. Sobre a supressão da dor – A extinção completa do desejo, a fim de que não haja paixão. Bani-lo, renunciar a ele, libertar-se dele e não lhe deixar lugar.
4. Sobre o caminho que leva à supressão da dor – O sagrado caminho de Oito Passos – visões retas, vontade reta, linguagem reta, conduta reta, meios retos de subsistência, esforço reto, reto desvelo e concentração reta.
Como podemos notar, o Budismo é uma falsa religião. Suas doutrinas fogem aos princípios do Deus Criador dos céus e da terra, de acordo com a revelação dada aos seus servos através da Bíblia.
Se cremos que Deus é universal, não podemos crer que a “iluminação” encontrada por Sidarta veio dele. É impossível tentar harmonizar o budismo com o cristianismo ou com a Palavra de Deus.
AS PRINCIPAIS DERIVAÇÕES DO BUDISMO NA ATUALIDADE
1. Lamaísmo – Forte no Tibete e na Mongólia (como já visto anteriormente), tem no Dalai Lama seu chefe espiritual. Representa uma mistura de budismo com a demonologia local.
2. Zen-Budismo – Variação japonesa da escola Mahayana, é uma seita ateísta que enfatiza a contemplação como meio de atingir a revelação.
3. Nitren Shoshu – Prega que todas as pessoas possuem o potencial para a realização da verdadeira felicidade. A Soka Gakkai é um movimento cívico de praticantes da Nitren Shoshu.
4. Seicho-No-Iê – Religião do otimismo, prega que Deus está presente dentro do coração do homem. Propugna o respeito aos pais, a adoração a Deus e a gratidão.
5. Perfecty Liberty – Fundada no Japão, baseia-se em 21 preceitos de comportamento fundamentados no Zen-Budismo. Prega a paz mundial, a eliminação do egoísmo e a tolerância religiosa.
6. Igreja Messiânica Mundial – Prega o princípio de que a verdade, a virtude e a beleza trazem saúde, prosperidade e paz. É a religião do johrei (purificação do espírito).
 CONFUCIONISMO
O Confucionismo, conhecido pelos chineses como Ju Chaio (Ensinamentos dos Sábios), é mais

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