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~ rs CAMPO VETERINÁRIO I58N 85-7307-543-0 J~l~~!ij~l' 1"f' I Exame Clínicode I ~ QÜINOS Victor C. Speirs MVSc, PhD, Dr. med vet Habil, FACVSc, Diplomate ACVS, Diplomate ECVS, Specialist Equine Surgeon,Melbourne, Australia Formerly: Professor,LargeAnimal Surgery, College of Veterinary Medicine, Auburn University, Alabama Professorand Head, Equine Surgery, Klinik für Nutztiere und Pferde, Universitat Bem, Switzerland 1"( ExameClínicode.. . QUINOS Com colaboraçãode: RobertH. Wrigley BVSc,MS, DVR, MRCVS, Diplomate ACVR Associate Professor,Department of Radiological Health Sciences College of Veterinary Medicine and Biomedical Sciences,Colorado State University, Fort Collins, Colorado Ilustrações de: Gale E. Mueller Tradução: CLAUDIO S. L. DE BARROS Med Vet, PhD Professor Titular; Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS B ARTM:D PORTOALEGRE/ 1999 Obra originalmente publicada sob o título Clinical examination of horses (Ç) W.B.SaundersCompany,1997 ISBN 0-7216-6506-3 Capa: JOAQUIM DA FONSECA Preparação do original: ZITA SOUSA, MAGDA CHAVES Supervisão editorial: LETíCIA BISPODE LIMA Editoração eletrônica: GRAFLlNE EDITORA GRÁFICA Fotolitos: V&S FOTOLlTOS Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa à EDITORAARTES MÉDICAS SUL LTDA. Av. Jerônimo de Ornei as, 670 - Fone (051) 330-3444 Fax (051) 330-2378 90040-340 Porto Alegre RS Brasil SÃO PAULO Rua Francisco Leitão, 146 - Fone (011) 883-6160 05414-020 São Paulo SP Brasil IMPRESSONO BRASIL PRINTEDIN BRAZIL r-r Prefácio À medida que aumentam os tipos e a complexidade dos meios auxiliares do diagnóstico disponíveis para o clínico, torna-se fácil esquecer que um diagnóstico acurado repousa, ba- sicamente, num exame clínico competente, suplementado pelos resultados de meios auxi- liares de diagnóstico. A utilização de meios auxiliares de diagnóstico especializados geral- mente requer que o local da doença tenha sido localizado com antecedência pelo exame clínico. Portanto, um exame clínico competente, além de tornar o diagnóstico possível, de- termina o teste auxiliar apropriado, reduzindo, dessa forma, a utilização desnecessária des- ses testes. Um exame clínico competente deve ser sistemático e completo. Essa abordagem é natural para um bom clínico. Uma abordagem sistemática assegura que todas as regiões do organis- mo serão examinadas, e é mais facilmente aplicável se forem utilizados protocolos para registrar os resultados do exame clínico. Aexperiência desse autor no ensino e na investiga- ção clínica por mais de 25 anos tem sido mais que suficiente para reforçar o adágio de que cometemos mais erros por não procurar do que por não saber. Este texto foi escrito com o objetivo de fornecer, em um único livro, instruções para a realização de procedimentos envolvidos num exame clínico geral e os exames especiais dos órgãos e sistema de eqüinos. Durante o tempo em que este autor tem ensinado as técnicas do exame clínico para estudantes da graduação em veterinária, a falta de um livro como este se tornou aparente. Embora o principal objetivo tenha sido descrever quais exames são neces- sários e como realizá-Ios, foi feito um esforço para assegurar que o leitor entenda a razão para cada teste e o significado de seu resultado. Um clínico deve estar ciente do grande número de meios auxiliares para o diagnóstico à sua disposição e deve possuir um conheci- mento das linhas gerais de como eles funcionam e quais as indicações para o uso de cada um deles. Ainda mais importante, como o clínico geralmente é o principal ou o único ponto de contato com o proprietário de um paciente, uma completa compreensão do significado dos resultados dos testes extradiagnósticos é necessária. Por essa razão, as bases teóricas dos meios auxiliares de diagnóstico, algumas das quais são extremamente sofisticadas, foram descritas resumidamente. Este livro é dirigido primariamente para estudantes, embora se espere que pós-graduados em todos os níveis encontrem nele uma referência útil para as ocasiões em que necessitem realizar testes ou procedimentos com os quais não estejam familiarizados. O livro não pre- tende ser um texto de clínica, embora, sempre que possível, os achados normais e os resulta- dos de vários testes sejam apresentados afim defacilitar a identificação dos achados anormais. .,.,. Sumário Prefácio............................................................................................. Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Apêndice A Apêndice B Apêndice C Apêndice D Apêndice E Apêndice F Manejando Eqüinos ........................................... O Exame Clínico ................................................ O Sistema Respiratório ....................................... O Sistema Nervoso .............................................. O Sistema Musculoesquelético ............................ O SistemaCardiovascular ................................... O Sistema Reprodutor da Fêmea ........................ O Sistema Reprodutor do Macho ........................ O Sistema Urinário............................................. O Olho e seusAnexos.......................................... O Sistema Alimentar .......................................... O Integumento .................................................. O Sistema Hemolinfático .................................... O Fígado ............................................................ A Glândula Mamária ......................................... Instrumentação Endoscópica.......................................... Ultra-Sonografia........................................................... BacteriologiaClínica ...................... AvaliaçãodeAmostrasPleurais e Peritoneais...................... Contaminação da Amostracom Sangue ........................... Biópsiapor Agulha ........................................................ índice Remissivo .............................................................................. VII 11 19 37 83 109 183 207 223 237 249 269 307 315 323 329 333 337 345 349 353 355 359 .,-r Manejando Eqüinos INTRODUÇÃO o exame clínico é quase sempre realizado com o cavalo sob alguma fomla de contenção. Há exceções para isso,por exemplo, quando o cavalo é demasiada- mente perigoso, é suspeito de estar sofrendo de uma doença,como raiva, ou está correndo solto em um po- treiro e não se consegue pegá-lo. Nessas condições, o exame não pode ser completo. O exame geral requer relativamente pouca contenção, mas alguns dos pro- cedimentos mais invasivosenvolvem desconforto e ne- cessitam de um grau maior de contenção. Em cavalos xucros ou muito bravos, o exame dos membros poste- rioresé mais difícil e freqüentemente perigoso. Embo- ra pequenos, ospotrinhos são difíceis de conter até que tenham se acostumado ao contato e controle huma- nos. CONTENÇÃO FíSICA DO CAVALO ADULTO Antesque um cavalo adulto possa ser contido e con- trolado, deve-se pegá-Io, o que em geral é feito pela pessoa que traz o animal para o exame clínico. Oca- sionalmente, isso não é possível, e cabe ao veterinário pegar o animal. Com cavalos no campo isso é, muitas vezes, difícil, e relativamente poucos cavalos permiti- rão que um estranho se aproxime e lhes coloque um cabresto ou uma corda. No entanto, se o cavalo é coo- perativo, essa é a maneira mais simples e mais rápida. Em geral é melhor manter o cabresto e a corda escon- didos e, quando possível, carregar uma gulodice na forma de pasto ou feno. Se necessário, o cavalo pode ser tocado para um pequeno piquete ou canto de cer- ca, o que facilita a captura. Se há vários cavalos jun- 1 tos, é melhor tocar todos para um piquete e depois iso- lar o paciente. Deve-sesempre abordar um cavalo pelo seu lado esquerdo ou "próximo", porque a maioria deles é treinada para aceitar a abordagem e aplicação deequipamentos (arreios, etc.) por esse lado. É claro que muitos cavalos também toleram uma abordagem pelo outro lado (o "lado errado"), mas não tão facil- mente, sobretudo quando se trata de uma pessoa com a qual não estão familiarizados. A abordagem é mais bem feita pela paleta. Desde aí é fácil passar o braço esquerdo por baixo e, em seguida, ao redor do pesco- ço, antes de colocar uma corda em volta do pescoço ou aplicar um buçal, cabresto, ou testeira (Figura 1- 1). Uma vez feito o contato passando-se o braço ao redor do pescoço, a maioria dos cavalos cede ao seu treinamento e não tentará escapar. A maioria dos ca- valos permitirá uma abordagem pela cabeça, mas, se o animal estranha esse procedimento, afastando brus- camente a cabeça, perde-se a oportunidade de pegá-lo. Se o cavalo está num estábulo ou num pequeno piquete, a captura é, teoricamente, mais fácil, porque ele não pode fugir. No entanto, o confinamento tam- bém toma mais difícil e perigosa a saída do veteriná- rio, caso o cavalo entre em pânico ou tome-se agressivo. A agressão é mais provável da parte de um garanhão ou de uma égua com potrinho. É importante que a porta, ou portão, não esteja completamente fechada, de modo que o veterinário, mas não o cavalo, possa, se necessário, sair facilmente. O método de aborda- gem é, novamente, pela paleta esquerda, como foi des- crito. Na maioria dos casos, isso será bem-sucedido. Ocasionalmente, um cavalo resistirá dando volta e apresentando sua parte posterior. Essehábito, que pode ser desconcertante, especialmente, para uma pessoa inexperiente, é geralmente controlado colocando-se uma mão no lado do cavalo a fim de impedir que ele 12 VICTORC SPEIRS . FIGURA 1-1 Colocandoo cavalosobcontrole.Primeiro,umbraçoécolocadoaoredor do pescoçoparaasseguraro controlee impedirqueo cavaloseafaste. Emseguida,umacorda-guiaé passadaaoredordo pescoço. . FIGURA 1-2 Colocandoa mãodireitano ladoesquerdodagarupaparaimpedirqueo cavalobalanceseusposterioresemdireçãoaoclínico,o que,àsvezes,é feitoem preparaçãoparacoicear. balance seus quartos em direção do veterinário ou tratador (Figura 1-2). Àsvezes o animal faz isso com a intenção de coicear e, nesses casos, são necessários muito cuidado e alguma ajuda de outras pessoas. Como ocorre em todos os aspectos do manejo de eqüi- nos, lentamente, a experiência fornece uma percep- ção extra sobre qual cavalo irá apresentar problema e qual a melhor maneira de evitar ou controlar a situa- ção.Em todososcasos,recomenda-se uma atitute sen- sata, não-heróica, que assegure uma carreira profissional relativamente livre de lesões.Esforçosim- pensados ou heróicosem controlar cavalos resultam, cedo ou tarde, em lesõesque, na melhor das hipóteses, podem causar o afastamento do trabalho por alguns dias, mas que, na pior das hipóteses,podem serfatais. Ao retomar um cavalo ao estábulo ou piquete, a porta ou portão devem estar totalmente abertos, o ca- valo deve ser conduzido completamente através da en- trada e então se devevolteá-lo, de maneira que a pessoa que o conduz fique mais perto da porta ou portão. Não se deve soltar o cavalo antes de se ter certeza de que é possível fechar a porta ou portão antes que o cavalo possa correr de volta pela abertura. O cavalo deve ser conduzido em linha reta pela abertura, e não se deve permitir que ele "quebre a curva", o que, às vezes, re- sulta em choque da tuberosidade coxal com a borda da porta. Alguns cavalos tendem a passar rapidamen- te através de qualquer abertura, e é bom que a pessoa conduzindo o animal esteja segura de que tem um bom controle da corda-guia (Figura 1-3). CONTENÇÃO QUíMICA DO CAVALO ADULTO Para o exame clínico normal, é melhor que o ca- valo não esteja sob influência de qualquer medicação que possa deprimir o sistema nervoso central (SNC), porque o estado mental do paciente e sua resposta a vários estímulos constituem uma parte importante na avaliação clínica. Para alguns dos procedimentos mais invasivosdo exame clínico, e no caso de certos cavalos rebeldes, é necessária, às vezes, alguma forma de con- tenção química. Quando a contenção química se faz necessária, devem-se ter em mente as ações farmaco- lógicas das drogas usadas e se elas podem ou não in- terferir com a função dos órgãos que estão sendo examinados (p. ex., a administração de xilazina an- tes da auscultação abdominal, para avaliar a função . FIGURA 1-3 Conduzindoum cavaloatravésde umaentradaou vãode umaporta.É importantemantero controlesegurandoa guia,comoé demonstrado,e assegurar-sequeo cavalopassecompletamentea entradaantesquelhe sejapermitidovirar-se EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 13 dos intestinos, ou da auscultação cardíaca, para ava- liar os sons cardíacos). Há outros exemplos, e o uso da contenção química será discutido, quando necessário, à medida que cada sistema do organismo for descrito. Drogas usadas para a contenção química produ- zem vários graus de depressão do SNCe analgesia. Es- sas drogas são classificadas como tranqüilizantes, sedativo-hipnóticas e opiáceas. A diferença básica en- tre tranqüilizantes e as outras é que tranqüilizantes produzem depressão do SNCsem analgesia ou aneste- sia, enquanto que as outras, além de depressão do SNC, causam vários graus de anestesia e analgesia. Atérecentemente, a acetilpromazina, um derivado da fenotiazina, era o tranqüilizante mais usado em medicina eqüina. Produz bloqueio alfa-l e tem um suave efeito tranqüilizante que é maximizado se o ca- valo for mantido quieto após a injeção. Os cavalos re- cuperam-se facilmente do seu efeito, e a droga não faz efeitoem cavalos já excitados. Produz hipotensão como resultado da perda do tônus vasomotor. Essa hipoten- são, que geralmente é bem tolerada, pode ser perigosa se o cavalo for excitado ou hipovolêmico. Adroga bai- xa o limiar dos ataques nervosos e, portanto, não deve ser administrada a cavalos com hipersensibilidade do SNC.Não há antagonista específico. Deve-seter sem- pre cuidado ao usá-Ia em cavalos machos, principal- mente garanhões, devido à possibilidade de paralisia do pênis. Atranqüilização em cavalos machos é acom- panhada deprolapso do pênis, que dura de 1 a 2 horas, e em cada cavalo deve-se verificar se a função peniana foi recuperada e se houve retração do pênis para o in- terior do prepúcio. Se a retração não ocorrer, o pênis torna-se edematoso, desenvolveparalisia permanente e fica exposto a traumatismos físicos que levam à ne- cessidade de amputação. A probabilidade desse pro- blema ocorrer é maior se for permitido que o cavalo seja solto no campo antes de ter retraído o pênis. Por- tanto, deve-semanter o confinamento até que a retra- ção do pênis tenha ocorrido. Se a retração não ocorrer após cerca de 2 horas, deve-se recolocar manualmen- te o pênis no prepúcio e impedir o prolapso, colocan- do prendedores na pele ao redor do orifício prepucial. O grupo de drogas alfa-2 agonistas - xilazina, de- tomidina e romifidina - inclui as drogas sedativo-hip- nóticas mais usadas no cavalo em estação, sendo que a romifidina é mais potente e tem efeito mais prolon- gado. São usadas para produzir sedação, analgesia e relaxamento rápidos e confiáveis. Em todas, a ação manifesta-se rapidamente, 1 e 5 minutos após inje- ções intravenosa e intramuscular respectivamente. A duração do efeito varia de 30 a 60 minutos para a xi- lazina e algumas horas para a romifidina. Aduração do tempo de analgesia é cerca da metade do da seda- ção. A romifidina tem menos tendência a causar ata- xia que as outras. Alfa-2 antagonistas como a ioimbina (0,04-0,08mglkg IV) podem ser usados para reverter seus efeitos. Os principais efeitos colaterais dos alfa-2 agonistas que têm relevância aqui são bradicardia, bloqueio cardíaco de primeiro ou segundo graus, hi- pertensão passageira seguida de hipotensão e diminui- ção da atividade gastrintestinal de propulsão. Os opiáceos são usados primariamente para forne- cer analgesia quando o estímulo doloroso esperado é significativo, por exemplo, durante biópsia de medula óssea; também produzem tranqüilidade e euforia.Os agonistas opióides (morfina, oximorfona, meperidi- na) estimulam receptores mu-opióides, agonistas-an- tagonistas opióides (pentazocina, butorfanol) e possuem afinidade para receptoresmu e kappa-opiói- des, com tendência a bloquear os primeiros, enquanto os antagonistas opióides (naloxona, naltrexona) blo- queiam a atividade de ambos. O uso dessas drogas é limitado pela imprevisibilidade da estimulação do SNC que elas, muitas vezes, provocam. Elas são, por isso, usadas mais freqüentemente associadas com outras drogas ou após o uso de outras drogas que previnem o excitamento. Os opióides têm um efeito mínimo no sistema cardiovascular, mas diminuem a atividade gastrintestinal propulsiva. O naloxone é um antago- nista efetivoque, devido à curta duração de seu efeito, pode necessitar redosagem. Dentre esse grupo de drogas,o tartrato debutorfanolé usadomais comumente. Nenhuma droga individualmente dará a conten- ção ideal do cavalo em estação em todas as circuns- tâncias, dando lugar a uma grande escolha de drogas e combinações de drogas. O uso de algumas dessas, apresentadas na Tabela l-I, tem-se demonstrado útil na experiência do autor. . TABELA 1-1 ALGUMASDROGASECOMBINAÇÕESDEDROGASÚTEISPARAA CONTENÇÃOROTINEIRADOCAVALOEMESTAÇÃO Drogas Dose Endovenosa (mg/kg) Derivadosdafenotiazina Maleatode acetilpromazina Alfa, agonistas Hidrocloretode xilazina Hidrocloretode detomidina HCIde romifidina Opiáceos Hidrocloretode meperidina Tartratode butorfanol Combinações HCIde xilazina-tartratode butorfanol HCIdexilazina-HCIde metadona HCIdexilazina-HCIde meperidina HCIde xilazina-maleatode acetilpromazina HCIde detomidina-tartratode butorfanol HCIde romifidina-tartratode butorfanol 0,04-0,06 0,50-1,10 0,01-0,04 0,04-0,08 Nãousadasozinha Nãousadasozinha 1,10,0,02 0,55, 0,01 0,55, 1,10 0,55, 0,02 0,02, 0,02 0,05, 0,02 Observação: A adição de opiáceos confere aumento da analgesia e sedação. 14 VICTOR C. SPEIRS B CONTENÇÃO FíSICA DE POTROS Ospotros podem ser bastante difíceis e até perigo- sos de controlar antes de tornarem-se acostumados com o manejo. Isso porque são muito pequenos, não são familiarizados com a contenção e apresentam mo- vimentos muito rápidos. Embora não sejam tão amea- çadores quanto um cavalo adulto, ainda assim eles podem morder e coicear perigosamente, principalmen- te se o veterinário está agachado para administrar tra- tamento ou proceder a um exame. Quando o potro está em estação, o melhor método para a contenção consiste em parar (em pé) ao seu lado com uma mão ao redor do peito e a outra por trás dos músculos da coxa. Em alguns potros mais rebeldes, pode ser neces- sário segurar a base da cauda e elevá-Ia para obter um controle extra (Figura 1-4). Dessamaneira, consegue- se um método de contenção bom e seguro, pois o po- tro não pode mover-senem para frente nem para trás. Ospotros que não foram treinados a serem condu- zidos por uma rédea ou corda presa ao cabresto po- t FIGURA 1-4 Contenção do potro. A. Método padrão com os braços ao redor do peito e da coxa. B. O ato de segurar a base da cola dá maior segurança e tende a impedir que o potro "sente" dem ser conduzidos por uma laçada feita com uma corda e colocada sobre sua garupa. O condutor, em pé, ao lado do potro, segura a extremidade livre da corda e a puxa gentilmente. Dessa maneira, o potro sente a pressão por trás e tende a mover-separa a fren- te, afastando-se do ponto de pressão. Do outro modo, se é puxado por uma corda-guia ou rédea, o potro re- siste, recuando no sentido contrário à pressão. Com potros, assim como com cavalos adultos, é impor- tante que sempre que o animal puxe para trás, o condutor não entre num "cabo-de-guerra" com o animal, pois issofreqüentemente induz o animal a "sentar", o que pode resultar na sua queda de cos- tas e conseqüente fratura do crânio. Potros em decúbito necessitam também ser conti- dos. O melhor método é que alguém sentado segure a cabeça do potro em seu colo. Isso permite um bom controle e impede que o potro execute movimentos bruscos com a cabeça que podem causar traumatis- mos auto-infligidos. EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 15 CONTENÇÃO QUíMICA DE POTROS Asdiferenças essenciais entre adultos e potros são que potros têm um volume maior de distribuição para as drogas, uma menor proporção de gordura corpo- ral, menos albumina para ligação com as drogas e mecanismos hepáticos e renais de eliminação menos desenvolvidos.Uma vez que esses aspectos sejam man- tidosem mente, a maioria das drogas usada para adul- tospode ser usada para potros (Tabela 1-2). Axilazina é particularmente útil, pois age rápida e confiavelmen- te, possui um período de ação curto e pode ser combi- nada com butorfanol para fornecer uma combinação confiável, usada em procedimentos diagnósticos do- lorosos como coleta de líquido sinovial ou líquido ce- falorraquidiano. Uma administração de 1,1mg!kg de xilazina pro- duz decúbito que dura por 60 a 90 minutos. Depen- dendo do procedimento, uma dose menor pode ser usada, ou a reversão dos efeitos pode ser conseguida com o uso de ioimbina (0,1mg!kg lentamente, IV); o diazepam (0,05-0, 1mg/kg IV)pode ser usado, mas po- derá resultar em decúbito. AUXILIARES PARA A CONTENÇÃO Cachimbo o cachimbo é uma peça essencial de equipamento para qualquer pessoa que maneje cavalos. Há vários modelos que refletem, principalmente, preferências pessoais. No entanto, a estrutura básica consiste numa laçada de corda ou corrente presa a um cabo (Figura 1-5). Oprincípio é que a laçada é colocada no focinho do cavalo e apertada, torcendo-se o cabo. Dessa for- ma, o cavalo é distraído, permitindo que se prossiga t TABELA 1-2 ALGUMASDROGASECOMBINAÇÕESDEDROGASÚTEISPARAA CONTENÇÃOROTINEIRADEPOTROS Drogas Dose Endovenosa (mgjkg) Derivadosdafenotiazina Maleatode acetilpromazina Alfa2agonistas Hidrocloretode xilazina Hidrocloretode detomidina Benzodiazepinicos Diazepam Combinações HCIde xilazina~tartratode butorfanol 0,03 0,25-1,1 0,OHJ,04 0,05-0,1 0,55, 0,02 Observação: Freqüentemente ororrerá decúbito. com o tratamento ou exame (Figura 1-6). Há diferen- tes métodos de aplicar e segurar o cachimbo, mas como ele é potencialmente perigoso tanto para o cavalo como para a pessoa que o aplica, é um procedimento que deve ser feito com segurança. Se há uma pessoa com- petente segurando a cabeça do cavalo, o veterinário pode usar ambas as mãos para aplicar o cachimbo. A seqüência é a seguinte: a) O cabo do cachimbo é se- gurado na mão direita; b) os dedos da mão esquerda são parcialmente introduzidos pela laçada e usados para segurar e elevar levemente o beiço superior do cavalo, c) faz-se a laçada deslizar pelos dedos até o beiço superior e d) a mão direita aperta a laçada tor- cendo o cabo do cachimbo (Figura 1-6A). Para con- tenção de rotina, o sentido no qual o cabo do cachimbo é torcido não é importante, mas quando um endoscó- pio ou sonda gástrica precisam ser introduzidos, é pre- ferível torcer o cabo no sentido anti-horário. Assim,as narinas tendem a abrir-se, tomando mais fácil a in- serção. Quando não encontra uma assistência com- petente, o clínico precisa, ao mesmo tempo, segurar o cavalo e aplicar o cachimbo: a) a preparação é feita colocando a laçada do cachimbo parcialmente sobre os dedos da mão esquerda; b) o cabo é torcido de ma- neira que a laçada tenha o diâmetro suficiente para acomodar o beiço; c) o cabo é transferido para a mão t FIGURA 1-5 Cachimbo.Háváriosmodelosde cachimbo.Esteé um exemplode um cachimbocomcabolongocomcordaparao focinho. 16 VICTOR C. SPEIRS . FIGURA 1-6 Aplicaçãodocachimbo.A. Métodocomo usodasduasmãos,quandoacabeçado cavaloé controladaporumauxiliarexperiente.B.Métodocomuso de apenasumamão,no qualo veterinárionecessitasegurara cabeçado cavaloao mesmotempoqueaplicao cachimbo.Observecomoo cabodo cachimboé seguradonapalmada mão. esquerda,onde é mantido entre a palma e o terceiro e quarto dedos;d) a mão direita segura o buçal, enquan- to os dedosna mão esquerda são usados para segurar o beiço; e) nessemomento, o clínico pode usar amão direita para torcer o cabo do cachimbo ou, alternati- vamente, issopode ser feito por um auxiliar seo clíni- co não puder soltar o buçal (Figura 1-68). Dependendo da preferência pessoal, a laçada pode ser feita de material macio, como corda, ou consistir em uma corrente, e o cabo pode ser longo ou curto, feito de madeira ou borracha. Cada modelo possui van- tagens e desvantagens, mas os princípios de uso apli- cam-se para todos. O cachimbo não deve ser aplicado muito apertado, porque pode machucar o focinho e porque o cavalo pode ressentir-se e tornar-se extrema- mente violento pela predominância da dor. O objetivo é aplicar o cachimbo de modo firme, aumentar a pres- são imediatamente antes de realizar o procedimento clínico invasivo ou doloroso e, então, reduzir a pres- são. Dessemodo, o efeito máximo é obtido sem pertur- bar desnecessariamente o cavalo. Como uma regra geral, a pessoa segurando o cachimbo e o examinador devem ficar no mesmo lado do cavalo. Assim, se o ca- vaio se afasta ou escapa, existe uma rota de fuga livre para ele. O cachimbo deve estar sempre sob controle manual, de modo que possa ser afrouxado ou aperta- do, se necessário. Não é incomum a prática errônea de prendero cachimbono buçal, o que significaque ele não está sob controle e, caso o cavalo escape, o ca- chimbo não poderá ser liberado. Não é demais insistir que a tensão na laçada deveestar sob permanente con- trole, sendo ajustada segundo as necessidades do mo- mento, e que a pessoa que segura o cachimbo não deve se distrair. Com alguns cavalos, o mesmo efeito pode ser obtido simplesmente segurando e apertando o fo- cinho com a mão. Apertão no Pescoço Cavalos podem ser distraídos desta maneira: agar- ra-se, com uma ou as duas mãos, uma prega da pele da basedo pescoçoe aplica-sefirmementeum movi- mento de rotação, de maneira a colocar tensão sobre a pele (Figura 1-7). Isso pode ser difícil de fazer em cavalosmuito fortesou depelegrossa,ou seo exami- nador não é muito forte; no entanto, é um método EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 17 que dispensa equipamentos e pode ser aplicado rápida e seguramente. Segurar e Torcer a Orelha Acabeça do cavalo pode ser contida se a orelha for firmemente segurada e torcida. Para fazer isso com segurança, o examinador pode permanecer ao lado do cavalo e deslizar a mão direita pescoço acima, até que a orelha possa ser agarrada. Deve-sefazer issosua- vemente num só movimento coordenado. Quando o cavalo está acostumado a esse procedimento, ele deve ser feito muito rapidamente, caso contrário, ele levan- tará rapidamente a cabeça para longe do alcance do examinador. O examinador deve manter o controle da cabeça do cavalo, apoiando o antebraço contra o pes- coço do animal. Isso é muito importante, porque, se o cavalo retrai a cabeça ou tenta recuar, o examinador pode ser puxado para baixo das patas dianteiras e machucar-se. Apoiando o antebraço contra o pescoço, o examinador fica numa melhor posição para resistir. Avantagem mecânica é também incrementada segu- rando-se o cabresto com a mão esquerda, asseguran- do-se de que a cabeça do cavalo é puxada para o lado esquerdo (Figura 1-8). O método de segurar pela ore- lha não é recomendado para o uso rotineiro em todos os cavalos, porque eles adquirem uma tendência de "negacear" a cabeça e apresentarão resistência a qual- quer manobra nessa região. Essemétodo tem especial valor para a contenção rápida e para estabilizar a ca- beça, enquanto o cachimbo é aplicado ou uma sonda gástrica, ou endoscópio são passados pelas fossas na- sais. O cachimbo pode ser também aplicado na ore- lha, mas issonão é recomendado devidoà possibilidade de lesão na cartilagem aural. t FIGURA 1-7 Apertão no pescoço. Essa é uma manobra que pode ser executada com uma ou com as duas mãos. A ilustração demonstra o método com uma dasmãos. t FIGURA 1-8 Segurando a orelha. Observe que o antebraço do clínico estã apoiado no pescoço do cavalo, e que a cabeça do animal está controlada pela outra mão que segura o buçal. Troncos Os troncos são úteis para conter cavalos que apre- sentam tendência de afastarem-se do examinador ou de serem violentos. Colocar o cavalo no tronco restrin- ge sua atividade, tornando o exame clínico mais se- guro - alguns exemplos de troncos são mostrados na Figura 1-9.É importante que o examinador tenha aces- so à região que ele deseja, e que o cavalo seja colocado e retirado do tronco com segurança. Uma tira coloca- da na extremidade posterior é útil para impedir o ca- valo de pular fora, mas deve ser fácil de ser liberada rapidamente. Troncossão fabricados demuitas formas, as principais variações consistem no grau em que eles são fechados e se portas laterais podem ou não ser aber- tas. Quando os lados são fixos e não podem ser aber- tos, é importante que eles não sejam. totalmente fechados, pois sempre é desejável ter-se acesso à parte inferior dos membros para exame radiológico ou ao abdômen ventral, para paracentese abdominal. É de- sejável que exista uma forração adequada no tronco para proteger o cavalo de traumatismos, caso ele re- cue ou coiceie. 18 VICTOR C. SPEIRS t FIGURA 1-9 Troncos.Trêsmodelosdiferentessãomostrados,demonstrandováriosniveisde confinamentoe contenção.Observequeos trêsmodelosde equipa- mentopodemserabertosemqualquerdasextremidadese tambémem pelomenosumdoslados,a fim de permitiracessoadiferentesprocedimentos e tambémpor razõesde segurança. 1"f o ExameClínico INTRODUÇÃO o exame clínico pode incluir todos ou alguns dos seguintes componentes: . Identificaçãodo paciente.Obtenção do histórico.Avaliação visual preliminar.Examefísicogeral.Exame especial de regiões ou órgãos específicos. Uso de meios auxiliares de diagnóstico (patologia clínica, eletrocardiografia, etc.). Examedo ambiente Embora um exame clínico completo não seia sem- pre necessário, um exame geral deve ser sempre reali- zado. IDENTIFICAÇÃO o paciente é identificado por suas características ou aparência externa, utilizando-se aspectos como raça, idade, sexo, cor, sinais no corpo, marcas e tatua- gens. Os requisitos para a identificação variam entre países e raças, mas à medida que a freqüência de mo- vimentação de cavalos através das fronteiras aumen- ta, uma uniformidade está emergindo. Sinais Naturais As marcas naturais consistem na cor da pelagem básica e quaisquer outras marcas extras superimpos- tas à pelagem. Todo o corpo, incluindo crina, cola e cascos, é levado em consideração. Cor da Pelagem Os cavalos apresentam-se em um espectro de pela- gem com várias cores e uma nomenclatura muito con- fusa que é ainda mais complicada em certas raças do que em outras. Felizmente, em razão dessa dificulda- de e devido ao incremento na mobilização dos cavalos através dos países, os termos usados para descrever as cores e os sinais naturais têm-se tornado mais simples e, até certo ponto, mais uniformes entre as raças e os países. No entanto, a familiarização com a terminolo- gia associada às colorações e aos padrões de pelagem necessita experiência e interesse especiais. Há nume- rosos genes e alelos envolvidos na produção da cor e do padrão da cobertura de pêlos, alguns dos quais têm um papel importante, enquanto outros apresentam um efeito modificador. Para uma descrição mais detalha- da da cor da pelagem e seus modos de transmissão genética, recomenda-se ao leitor a literatura pertinen- te.l' Os diferentes registros de raças devem ser consul- tados para detalhes específicos. A avaliação da cor leva em consideração a cor ge- ral da pelagem corpórea, a presença de pontos nessa pelagem e os padrões de manchas brancas. Ospontos referem-se às partes distais dos membros, à crina, à cola, e, às vezes, às orelhas. Segue-se uma lista de co- res e padrões comuns. O leitor é avisado que as defini- ções e aceitação de vários termos variam bastante entre países, raças e registros: . Preto.Um cavalopreto apresentapigmento preto por toda suapelagem,crina e cola. Marcasbrancas são permitidas.. Castanho(zaino).A pelagemé uma misturade pêlosmarronse pretos.Os membros,acrinae a cola são pretos. *Relativoàs referências bibliográficas. 20 VICTOR C. SPEIRS .Tordilho.Cavalostordilhos possuemuma misturade pêlosbrancosdistribuídossobretoda a pelagem pigmentadado corpo, crinas,cola e membros.Os pêloscoloridospodem ter qualquercor.O potro nascecom pelagemcolorida,e a proporçãode pêlosbrancosaumenta progressivamentecom cada novamuda de pêlos..Alazão-tostado(chestnut),Usa-seo termo alazão tostado para identificarum tipo específicode cavalo vermelho-escuro(alazãocor-de-fígado)ou como um termo geral paratodos os cavalosvermelhos, incluindo,assim,aquelesdenominadosalazões- claros(sorrels).Na suaforma específica,o termo descreveum cavalovermelho-escurocom membros e corpo com coloraçãosemelhante.A crinae a cola são,de modo usual,levementemaisescurasque o corpo, masnão sãopretas..Alazão-cIaro(sorrel).Essetem coloraçãoacobreada e é maisclaroque o alazão-tostado.Os membros sãogeralmenteda mesmacor que o restantedo corpo, masa crinae a cola podemter a mesma coloraçãoou, freqüentemente,ser maisclarasou cor de palha.Podeserdifícil separar-seum alazão- tostado-clarode um alazão-claro(sorren-escuro,por issoa tendênciaem agrupá-Ioscomo foi menciona- do.. C%rado (Bay).Cavaloscoloradostêm crinas,cola, ponta dasorelhase membrospretos.A coloração do restantedo corpo variado amareloao vermelho. Todosos coloradostêm o vermelhoem suas pelagens.De acordocom a coloraçãodo restante do corpo, sãodescritosde modo variávelcomo coloradossangüíneos,coloradosamarelosou coloradosescuros..Gateado(dun). Gateadoé um termo freqüentemen- te usadoparadescrevercavalosde coloraçãoclara, com ou sem pontos pretos.A terminologiados componentesdessegrupo é bastanteconfusa.Uma maneiraconvenientede considerá-Iosé dividi-Iosde acordocom a presençaou não de pontospretos. Assim,grullo (lobuno)e baio cabosnegros(bu- ckskin)pertencemao primeirogrupo, e gateado- vermelhoe gateado-amarelo,ao segundo.Gatea- dos-vermelhostêm corpos* vermelhos-clarosou amareloscom pontosvermelhos,marronsou palha, geralmentecom marcasprimitivas(vejaadiante). Gateados-amarelosapresentamcoloraçãoamarela do corpo com pontos marrons.Há numerosos termos subsidiáriosusadosparadescrevergateados vermelhosou amarelos..Lobuno(grullo). Lobunoé um azul ou cinza-ardósia com pontos negros,geralmentecom marcas primitivas. 'N. deT. O termo corpo refere-se a toda extensãoexterna com exceçãodos membros, orelhas, crinas e cola. . Baiocabosnegros(buckskin).Baiocabosnegrosé um cavaloamarelocom pontos negros.Paratornar as coisasainda maiscomplicadas,a presençade marcasprimitivastorna um baio cabosnegrosem um gateadozebrado (zebradun)..Palomino.Palominosapresentamuma pelagemque vai do cremeao acobreado,com crinae cola de coloraçãoclara. Existemtambém numerosostermos subsidiários..Rosilhoou mouro (roan).O termo rosilhoé usado quando os pêlosdo corpo sãouma misturade pêlosbrancose pêloscom cores.Os pêlosbrancos podem variarem número, desdealgunspoucosaté uma extensacoberturada maior parte do corpo, e a cor basepode serqualquer uma.Ao contráriode cavalostordilhosque também se ajustama esse padrão,os pêlosbrancosestão, em geral, presentes ao nascimento,embora sejammaisaparentesapós a primeiramudade pêlo. Os pêlosbrancostendem a ser restritosao corpo.. Padrõescom manchasbrancasassimétricas.Nos EstadosUnidos,os padrõesassimétricosde man- chasbrancassãochamadospaint (pintado) ou pinto (com pinta, pintado, malhado).Os pêlos brancossãoagrupadospara produzir manchas solidamentebrancassobrequalquerbasede cor,ao invésda distribuiçãomisturadado tordilho e do rosilho(mouro).Os padrõesincluemo tobiano e o oveiro.Ostermospiebald e skewbald** também caem nessacategoria.Essestermos descrevem, respectivamente,cavalospretos ou não, ignorando o tipo específicode padrão presente.O padrão tobiano ocorre com qualquercor de pelageme produz áreasde pêlosbrancosmarcadamente delineadascom pele subjacenterósea,não- pigmentada.A linha média do dorsoé geralmente interrompidaem algum ponto por uma mancha branca.Há numerosasvariações,mas,em geral, o brancoestende-seventralmentea partir do dorso (na regiãoda linha médiacervicalou da cemelha). De modo geral, a cabeçaapresentacorescom manchasbrancas,e os membrossãotambém geralmentebrancos.Numa ponta do espectro existemcavalosquasecompletamentebrancoscom algumasmanchascoloridas,e na outra, cavalosque apresentampelagemquasecompletamente coloridacom um pouco de branco limitado ao dorso e aos membros.O padrão oveiro,semelhante ao tobiano, é caracterizadopor um padrãono qual os pêlosbrancostendem a localizar-seventralmente e estendem-seem direçãoà linha média dorsal,mas não a recobrem.Os membrossãogeralmente brancos,e os olhos freqüentementeazuis.Combi- "N. de T. Os termos Piebald e skewbald significam malhado. EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 21 naçõesde oveiroe tobiano podem existire essas podem sercomplicadaspelasmanchastipo appaloosa..Manchasbrancassimétricas.O principalexemplo dessepadrãoé o appaloosa.Os padrõespodem variarcom a idade, não sendo,portanto, confiáveis como marcadorespara identificaçãopermanente.A expressãofenotípicamínimade um appaloosaé um aspectovariegadoda pele,esclerabrancae cascos listrados.O aspectovariegado,que consisteem áreasdespigmentadasda pele, tende a concentrar- se ao redor da genitáliae do focinho.Váriostipos de Appaloosasãoreconhecidos,dependendoda extensãoe localizaçãodo padrãodasmanchase da coloraçãobásica.Essespadrõesincluem leopardo, geada, rosilho lustroso,manta branca,manta manchadae flocosde neve.O appaloosaé freqüen- temente caracterizadopela coloraçãobásicada pelagem,por exemplo,"appaloosapreto"..Branco.Háváriasformas de coloraçãobranca.O albinismoverdadeiro,pêlosbrancose ausência completade pigmento na pelee olhos,é um traço recessivoletal - o feto morre no útero. Outra forma letal da coloraçãobrancaé observadano potro oveiroque nascecom aplasiasegmentarde uma parte do intestinogrosso.A ocorrênciade cavalos brancosé também associadaa genesque produ- zem diluiçãoda cor, como também formasde apresentaçãocom quantidadesextremasde manchas.Cavalosbrancosou de cor creme,com olhosazuispigmentadose ausênciade pigmento na pele, são chamados de melados. * Essasoutras formas de brancosão, às vezes,incorretamente, chamadasde albino..Salpicado(Dappling).Salpicamentoé a presençade áreasescurassobreáreasclarasem cavalosde qualquercor. Sãovistasprincipalmenteem tordi- lhos..Marcasprimitivas.Essasincluemuma listraao longo da linha médiadorsal(listrade enguia),uma listra transversalsobre a cernelhae listrashorizontais sobreos carpose os tarsos(listrasde zebra). Emboraocorram maiscomumenteem cavalos gateados,as marcasprimitivaspodemocorrersob qualquercombinaçãoem qualquer tipo de colora- ção de pelagem.Suapresençaé obscurecidaem cavaloscom pelagensde coresbásicasescuras..Coresde pelagensde potros. Identificarcolorações de potros é freqüentementedifícildevidoàs alteraçõesque ocorremcom a idadee, especial- mente,às associadascom a muda da cobertura de pêlosdos potros. 'N. deT. No original, em inglês, creamellos, junção das palavras cream (creme) e mello (caramelo, melado). . Cor dosolhos.A maioriados cavalosapresenta olhos com pigmentaçãoescura.Existemoutras coloraçõescomo amarelo-âmbar(especialmenteem gateados)e azul (especialmenteassociadaà ausênciade pigmento periorbital).Olhosazuissão também conhecidoscomo olhosarregaladosou gázeos. Marcas na Cabeça Marcas brancas na cabeça são comuns e possuem nomenclatura específica. Se contêm uma mistura de pêlos brancos e coloridos, são classificadas como mis- tas; se são circunscritas por pêlos de uma outra cor, são classificadas como debruadas. Embora as mar- cas sejam geralmente desenhadas num diagrama, o clínico deve também saber como descrevê-Ias para ocasiões em que é necessário um relatório escrito. As marcas brancas são descritas a seguir e são mostradas na Figura 2-1: . Estrela.Qualquermarcasólidana testa.Alguns poucospêlosbrancosou uma manchade pêlos misturadosdevemserdescritosassime não como uma estrela.A estrelapode ser descritaadicional- mente em relaçãoà sualocalizaçãoespecíficae também de acordocom suaforma, em oval, forma de diamante (romboédrica),triangular e assimpor diante.. Listra. Uma marcabrancaque seestendeface abaixoe que não se estendelateralmentealémda superfícieplanados ossosnasais.Quandonão associadaa uma estrelaou a um ladre,os locaisde origem e término devemserdescritos.. Ladre. Uma marca branca localizada entre as narinasou nasnarinas.. Combinaçãodasanteriores.Quandoqualqueruma das marcasbrancasantesmencionadassão contínuas,elassão denominadasconfluentes(i. e., estrelae listraconfluentesou estrela,listrae ladre confluentes).. Mancha (blaze).Uma marcabrancasólida,seme- lhante a uma listra,mas estendendo-selateralmente além dosossosnasais.. Frenteaberta (bald face).Maior que uma mancha (blaze),estendendo-seaté os olhose narinas,ou ao redor deles.. Pampa.** Como uma frente aberta (bald face),mas envolvendoa regiãoda mandíbula.. Touca (Malacara). *** Uma cabeça branca, freqüen- temente com pêloscom coresao redordosolhose orelhas. "N. de T. No original, apron face = cara de avental. "'N. de T. No original, bonnet = cobertura para a cabeça (touca) que se usa comumente atada abaixo do queixo. 22 VICTORC. SPEIRS Estrela Mancha A t FIGURA 2-1 Nomenclaturaparadescrevermarcasbrancasnacabeça.A. Cara.B. Cabeça. . Marcadecarne(fleshrnark).Quandonãohápigmen- to napelequeé róseaoutemcoloraçãocámea. Listra Combinação entre estrela, listra e ladre ladre mostradas na Figura 2-2. As descrições são complica- das pelo fato de que uma marca pode envolver toda a circunferência do membro, ou apenas parte dela, numa determinada região dessemembro.Marcas nos Membros Marcas nos membros são também muito comuns e constituemparte integralda identificação.Domes- mo modo que com relação às marcas da cabeça, elas tanto podem ser descritas sob forma escrita, usando-se nomenclatura padrão, ou desenhadas num diagrama. Asmarcas dos membrossão descritasa seguir e são . Coroa(coronet).Umamarcabrancasólidaimediata- mente acima do casco. A cor do casco geralmente corresponde à cor do pêlo na coroa (rodete coronário).. Traço de calçado nos talões e na coroa (heel and white spot). O termo traçode calçadono talãoé EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 23 Frente B . FIGURA 2-1 Continuação usadopara designarum talão branco,enquanto que traço de calçadona coroadesignauma manchabrancaem qualqueroutro lugar na coroa.. Quartela.Uma marcabrancaestendendo-se proximalmenteao inícioda intumescênciada articulaçãodo boleto. É adicionalmenteclassificada como meia-quartela,trêsquartosde quartelaou quartela inteira.. Boleto.Uma marcabrancaque se estendeaté a intumescênciaproximalda articulaçãodo boleto. É adicionalmenteclassificadaem boleto inteiro ou meio-boleto.. Canela.Uma marcabrancana regiãoproximaldo metacarpoou do metatarso.Éadicionalmente classificadaem meia-canela,trêsquartosde canela ou canelacompleta. Umameia correspondea uma meia-canela.. Joelhoe jarrete. O brancoenvolveas articulaçõesdo carpo e do tarso. O brancoenvolvendoo carpoou tarso é também denominadomeias(stocking).. Marcaspretas. Manchasconsistindoem pêlos pretossão freqüentementeencontradasem regiões formadaspor outra cor.Quandoo fundo é branco, essasmarcassãoclassificadascomo marcasde rampa Touca arminho. Sãogeralmenteassociadasa uma listra escuraorientada verticalmenteno casco. Redemoinhos nos Pêlos Padrõesdefluxo depêlossãoúnicosparaum indi- víduo e importantespara sua identificação.Um exa- me cuidadosoe deperto revelaráque,emborao pêlo seacomodede forma plana sobreo corpo,nem todo ele seorienta na mesmadireção.Alémdisso,há nu- merososlocais,denominadosredemoinhos,ondeocor- re o encontro entre regiõesde pêlos orientadosem diferentes direções e onde os pêlos têm a tendência em permanecer eretos. Nesseslocais, e dependendo da ex- tensão da interface entre os padrões de pêlos, os pêlos eretos em oposição estão confinados a uma pequena região(simples)ou estendem-seao longoda linha de demarcação(emplumado) (Figura2-3).Aodesenhar esses redemoinhos num diagrama, como parte do pro- cesso de identificação, um redemoinho simples é iden- tificado por um "x", e o emplumado, por uma linha ligada ao "x". O número e a localização desses rede- moinhos variam bastante. Redemoinhos simples são descritos como sendo no sentido horário ou anti-ho- 24 VICTOR C. SPEIRS Coroa Boleto com marca ermlne t FIGURA 2-2 Nomenclaturaparadescrevermarcasbrancasnosmembros. Meia-quartela Meia-canela (sock) Quartela Canela alta (stocking) Meio-boleto Boleto Pequena coroa branca EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 25 t FIGURA 2-3 Redemoinhosde pêlos.A. Redemoinhosimples.B. Redemoinhoemplumado. rário, e os redemoinhos emplumados são especifica- dos de acordo com a sua direção. Para propósitos de identificação, é usual selecionar-se os principais rede- moinhos, como os da cabeça, do pescoço e dos flan- coso Castanhas Asestruturas comificadas localizadas na face me- dial de cada membro, ao nível do tarso e imediata- mente proximal ao carpo, são conhecidas como castanhas. Como cada uma delas é peculiar a cada cavalo, são úteis no propósito de identificação. No en- tanto, por várias razões, principalmente porque podem ser alteradas cirurgicamente e porque podem variar no tamanho e na forma até os 18 meses de idade, têm pouca utilidade prática. Sinais Adquiridos Cicatrizes Ascicatrizes são achados comuns quando se iden- tificam cavalos. Sua localização e forma devem ser re- gistradas, embora sirvam apenas como identificado- res suplementares. Marcação por Congelamento Marcação por congelamento é o método mais fre- qüentemente usado para produzir uma marca de iden- tificação. Produz uma marca formada por pêlos brancos. Os pêlos brancos crescem após os melanóci- tos no folículo piloso terem sido destruídos pelo frio; às vezes, todo o folículo é destruído, resultando numa marca glabra. Em cavalos brancos ou de cor clara, a marca deve ser feita de tal maneira que se tome sem pêlos (glabra), pois, de outro modo, os pêlos brancos não se destacarão. A marca é feita aplicando-se um ferro frio na pele. É um procedimento relativamente indolor e produz uma marca bem definida. Asmarcas variam desde os vários sistemas específicospara países e raças até o sistema angular que apresenta crescente popularidade (Figura 2-4). Os números de 2 a 9 são representados por um ângulo reto, o número 1por duas linhas verticais e o zero por duas linhas horizontais.2 Uma linha reta é sempre colocada abaixo dos núme- ros angulares, para indicar caso tenha havido qual- 26 VICTOR C. SPEIRS A B . FIGURA 2-4 Marcas por congelamento. A. Marca produzida pela técnica de congelamento mostrando a perda de pigmento dos pêlos. B. Demonstraçãodo alfabeto da marcação por congelamento e de como um número é compilado. quer distorção em conseqüência do crescimento. O lo- cal da marca varia com a raça e país onde ela é utili- zada, localizações comuns são a paleta e sob as crinas. Marcação a Fogo A marcação a fogo, geralmente feita nas paletas, tem sido um método comum de identificação. Ideal- mente, o processo elimina o crescimento de pêlos, embora a aplicação de calor excessivo produza uma cicatriz feia, enquanto que o calor insuficiente produz uma marca pouco definida, caracterizada pelo rebro- tamento de uma mistura de pêlos normais e brancos. Devido a aspectos estéticos e humanitários, a marca- ção a fogo raramente é realizada. Tatuagens A tatuagem na parte interna do beiço superior tem sido um método popular de identificação nos Estados Unidos. No entanto, a marca tende a desbotar, torna- se menos definida, e pode ser borrada através de mas- 3 2 A 4 II = 1r , 9< >5 - = o- BLy...J6 7 Exemplo: r=AL 11 > 2 O 3 8 1 5 EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 27 sagem. Não pode ser usada em potros, pois tende a ser absorvida. Tipagem Sangüínea Atipagem sangüínea é muito importante para pro- pósitos de identificação. Embora não constitua parte da rotina do exame clínico, é freqüentemente um re- quisito para fins de registro e para verificar a filiação. O teste envolve identificaçãosorológica dos antígenos das hemácias e identificação eletroforética de vários marcadores protéicos.3 Os testes necessitam de amos- tras de sangue coagulado e não-coagulado. Embora o número de fatores identificáveis e úteis esteja se ex- pandindo, recentemente tem sido dado estímulo ao de- senvolvimento da testagem de DNA. Identificação Eletrônica O estímulo para um método de identificação sim- ples e inalterável que tenha uma interface com um sistema de recuperação de dados computadorizados gerou a identificação eletrônica.4 O sistema envolve a implantação de um transponder (microchip) codifi- cado especialmente para um determinado indivíduo que poderá ser identificado aplicando-se um sensor eletrônico.Cada microchip é codificadocom uma com- binação de caracteres alfanumérica. Embora em uso em certas partes do mundo, o sistema ainda não é de uso comum, mas é consideravelmente promissor. Determinação da Idade pelo Exame Dentário Astécnicas de exame dos dentes e abertura da boca são descritas na seção "Exame dos Dentes e da Cavi- dade Oral". Adeterminação da idade pelo exame den- tário não é uma ciência exata; no entanto, uma boa aproximação é possível se o exame é feito cuidadosa- mente por alguém que possa identificar os fatores en- volvidosna idade. Como será descrito, a determinação da idade é, numa grande proporção, baseada no reco- nhecimento de aspectos específicos associados com a erupção e crescimento normais dos dentes. Alguns dos fatores que podem alterar a seqüência normal desses eventos,e, portanto, interferir com a determinação acu- rada da idade, incluem trauma ou infecção, que po- dem resultar em perda, distorção ou malformação dos dentes e desgaste excessivo que acelera o aparecimen- to de várias marcas características de idade, aumen- tando, portanto, artificialmente, a idade dentária. Os aspectos pertinentes da idade dentária são brevemente descritos aqui e podem ser encontrados em maior de- talhe em outras publicações.5 Fórmula Dentária A fórmula dentária para eqüinos é mostrada no quadro a seguir. Osdentes caninos (Figura 2-5) estão quase sempre presentes nos machos e são pequenos ou não apresen- tam erupção nas fêmeas. O primeiro molar (PMl), conhecido como dente do lobo, geralmente está pre- sente e localizado nas arcadas superiores, variando na forma, desde pequenino até relativamente grande (Fi- gura 2-6). Seqüência da Erupção dos Dentes Ostempos de erupção dos dentes, especialmente dos incisivos, são indicadores bastante úteis da idade. . FIGURA2-5 Dente canino. . FIGURA 2-6 Primeiro dente pré-molar ("dente do lobo"). 28 VICTOR C. SPEIRS FÓRMULADENTÁRIA I .Dentes deciduais 2 (incisivos3/3, CaninosO/O,Pré-molares3/ 3) = 24.Dentes permanentes 2 (incisivos3/3, Caninos1/1, Pré-molares3 ou 4/3, Molares3/3) = 40 ou 42 Início do Desgaste e Anatomia das Secções Transversais dos Incisivos Apósa erupção dosdentesincisivos, elescontinuam a crescere alongar-se até que cada incisivo da mandí- bula encontre o seu correspondente oposto na maxila, aproximadamente 6 meses após a erupção, um fenô- meno denominado início do desgaste.Apartir daí, os incisivos tornam-se desgastadosaos 3, 4 e 5 anos de idade. Subseqüentemente,continuam a crescer,come- çando a erosãode sua superfície oclusal, expondo par- tes cada vez mais profundas de cada dente incisivo. A anatomia de um dente incisivo e seu aspecto em corte transversal são mostrados na Figura 2-7. Como é de- monstrado, a forma e o aspecto da secção transversal se alteram gradualmente. As superfícies oclusais do primeiro, segundo e terceiro incisivos são arredonda- das aproximadamente ao redor de 10, 11 e 12 anos. O ínfundzôulo ou taça é a cavidade na superfície oclu- sal produzida pela invaginação do cemento. Mais tar- de, à medida que o desgaste expõe as secções mais profundas do dente, o infundíbulo gradualmente ces- sa de existir como uma cavidade e é representado por um círculo de esmalte preenchido por cemento, co- nhecido como mancha ou marca de esmalte que gra- dualmente se aproxima da superfície lingual dos dentes.Assuperfíciesoclusaisdos incisivosinferiores 1,2 e 3 perdem suas cavidades e tornam-se lisas aos 6, 7 e 8 anos de idade, respectivamente. Mais tarde, a marca é perdida em todos os incisivos inferiores, apro- ximadamentedos 12aos 13anos.Àmedidaqueo in- fundíbulo desaparece,a cavidadepulpar é exposta como uma marca transversal amarelo-marrom na dentina, conhecida como estrela dentária, localizada emdireçãoao aspectolabial decada incisivo.Aestrela aparece no primeiro, segundo e terceiro incisivos ao redor de 8, 9 e 10 anos, respectivamente. Arcada dos Incisivos Em cavalos jovens, as fileiras superiores e inferio- res dos incisivoscrescem diretamente em direção umas às outras e realizam a oclusão com seus eixos maio- res, formando um ângulo de cerca de 140°. Com a idade, os dentes tendem a protruir mais no sentido do exterior da boca e fazem a oclusão formando ângulos progressivamente menores entre eles, chegando a 90° aos 20 anos. Esse ângulo é útil apenas para a diferen- ciação rápida entre um cavalo velho e um jovem. Sulco de Galvayne O sulco de Galvayne é uma depressão longitudinal que corre para baixo na superfície labial dos terceiros incisivos superiores (Figura 2-8). Freqüentemente SEQÜÊNCIA DA ERUPÇÃO DOS DENTES Oeciduais. Incisivos Primeiro Segundo Terceiro. Caninos . Pré-molares Primeiro(lobo) Segundo Terceiro Quarto. Molares Primeiro Segundo Terceiro Permanentes Nascimento-primeirasemana 4-6 semanas 6-9 meses Ausentes Ausente Nascimento-2semanas Nascimento-2semanas Nascimento-2semanas Ausente Ausente Ausente 2% anos 3% anos 41/2anos 4-5 anos 5-6 meses 2% anos 3 anos 4 anos 9-12 meses 2 anos 3V2-4anos EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 29 VISTA LATERAL CORTESTRANSVERSAIS Esmalte Coroa Cavalo Jovem -------------------- ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Dentina Cavidade Pulpar . Cemento Estrela Dentária Cavalo Velho t FIGURA 2-7 Cortetransversaldeumdenteincisivodemonstrandoasuperfíciedeoclusão,à medidaqueo denteédesgastadopelouso. apresenta uma cor escura, devido ao seu conteúdo em cemento. Essesulco aparece imediatamente abaixo da margem da gengiva, ao redor de 10 anos de idade, es- tende-separa baixo, em direção à superfície do dente, atingindo metade do caminho por volta dos 15 anos e completando essa distância aos 20 anos. Perda dos Pré-Molares Deciduais o segundo, terceiro e quarto pré-molares deciduais são empurrados para cima pelos pré-molares perma- nentes que estão emergindo (lembre-se que o dente do lobo é o primeiro pré-molar). Os dentes deciduais lo- calizam-sesobreosdentespermanentese,por isso,são conhecidoscomocapas (Figura2-9). Asa de Andorinha Quando os terceiros incisivos, superior e inferior, entram em desgaste, aos 5 anos, é aparente que as mesas dentárias dos dentes superiores são mais longas que as dos dentes inferiores. Como resultado disso, as partes caudais dos dentes superiores não ocluem com os dentes inferiores e, portanto, não desgastam como 30 VICTORC. SPEIRS . FIGURA2-8 SulcodeGalvayne(seta). . FIGURA2-9 Pré-molartemporárioou "capa"(seta). as porçõesrostrais.Àmedidaqueo desgasteirregular continua,a partecaudalformauma projeção,ou gan- cho, sobre a parte caudal do dente inferior (Figura 2- 10). Essa projeção é mais conspícua aos 7 anos, daí o nomegancho dos seteanos (seven-year-hook)dado em inglês a essa estrutura, conhecida em português comoasa de andorinha. Àmedidaqueo desgastese altera, a asa de andorinha gradualmente desaparece, para reaparecer apenas mais tarde, num segundo ci- clo, quando é mais óbvia ao redor dos 13 anos. . FIGURA 2-10 Asadeandorinha(seta)noaspectocaudaldo cantoou incisivosuperior. HISTÓRICO o volume de dados realmente registrados varia grandemente. No entanto, a fim de ter um registro acurado,são necessários, no mínimo, a) a identifica- ção exata does) paciente(s); b) a identificação corre- ta, o endereço, o telefone do proprietário; c) o diag- nóstico e os detalhes sobre tratamento e medicações. A primeira fase do exame envolve coleta e avalia- ção de todos os dados relevantes do histórico. Essa é a partemaisimportantedacoletadedadose requeruma seleção cuidadosa das perguntas a serem feitas, como também muita atenção ao considerar os resultados. Infelizmente, os proprietários nem sempre sabem do significado de determinadas peças de informação e podem, sem intenção, ou, às vezes, mesmo intencio- nalmente, fornecer informação falsa ou enganosa. Embora a técnica exata para colher informações seja uma questão de preferência pessoal do clínico, a velo- cidade com que o processo é efetuado e a habilidade em extrair a quantidade máxima de informação, ge- ralmente melhora à medida que se adquire experiên- cia. Afase das perguntas deve, ao final, produzir uma base de dados que inclui informação acerca dos se- guintes aspectos do caso: . A descrição do problema pelo proprietário. Númerode animaisafetados. Quando iniciouo problema . Detalhes de tratamento(s) anterior(es). Resposta ao(s) tratamento(s) anterior(es) o histórico é muito importante e deve ser tomado de maneira diligente. Uma tomada de histórico mal- feita freqüentemente resultará em que, na pior das hipóteses, um problema não seja detectado, ou, na EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 31 melhor das hipóteses, que não seja detectado antes de ter-sedispendidouma quantidade considerável de tem- po examinando órgãos ou sistemas sadios. O trabalho de um clínico é grandemente simplifi- cado quando o problema é descrito por uma pessoa inteligente, com experiência com cavalos. Esse nem sempreé o caso e, às vezes, somente com considerável dificuldade é que as exatas circunstâncias são desco- bertas. AVALIAÇÃO VISUAL PRELIMINAR A avaliação visual preliminar é uma avaliação re- lativamente superficial do cavalo, mas bastante abran- gente e deve ser terminada antes que a parte manual do exame seja realizada, principalmente para assegu- rar-se que o exame seja completo e que o cavalo seja examinado num estado mais tranqüilo quanto possí- vel. Devido ao fato de ser realizado principalmente à distância, a avaliação visual geral pode quase ser com- pletada enquanto o clínico conversa com o proprietá- rio e obtém o histórico do caso. O exame visual deve ser sistematicamente realizado, de modo que se adap- te ao clínico e assegure inteireza. Uma progressão ló- gica desde a cabeça, passando pelo pescoço, tronco e membros deve ser suficiente. Osseguintes aspectos de- vem ser observados: . Condição geral do corpo e estado nutricional. Comportamento e expressão racial. Postura (incluindo durante a alimentação, a micção e a defecação, se ocorrer). Cobertura de pêlos e pele. Voz (se demonstrada). Tipo de respiração. Presença de feridas e tumefações. Corrimentos da boca, narinas, olhos, ouvidos, vulva, ãnus, pênis ou prepúcio. Desenvolvimento muscular (atrofia, hipertrofia).Andar(manqueiraou ataxia). Fraqueza. Temperamento EXAME FíSICO GERAL O exame geral é feito para identificar problemas rapidamente e para localizá-los num determinado ór- gão ou sistema. É um componente extremamente im- portante da avaliação clínica, porque, quando reali- zado de forma correta, pode rapidamente dirigir as atenções para uma região ou sistema do organismo específicose, simultaneamente, assegurar que não se negligenciem problemas menos aparentes ou total- mente inesperados. Esse é um ponto importante, pois muitos proprietários têm pouca ou nenhuma idéia do problema específico que está afetando seu cavalo e, mais ainda, a pessoa que traz o animal até o veteriná- rio freqüentemente não tem conhecimento algum so- bre o caso. O exame físico começa com registro da temperatura, pulso e respiração e a seguir concentra- se em determinadas regiões do organismo. Temperatura A tomada da temperatura é simples, geralmente feita por via retal e, ocasionalmente, pela vagina. O termômetro deve ser lubrificado com um pouco de lu- brificante, embora seia uma prática comum, mas pou- co estética, cuspir um pouco de saliva sobre ele. Para inserir o termômetro, o clínico deve permanecer ao lado do cavalo e então correr a mão esquerda ao lon- go do dorso do animal e sobre sua garupa até a base da cauda. Abase da cauda é então segura e levantada levemente, de forma a movê-Ia para o lado, o sufi- ciente para expor o ânus. O termômetro lubrificado é então inserido gentilmente (Figura 2-11). Para evitar ser coiceado, o clínico devepermanecer em pé, ao lado do membro posterior e nunca atrás do cavalo. Se o cavalo tem uma tendência de coicear, ele pode ser co- locado contra o vão de uma porta, e o clínico pode trabalhar pelo outro lado. O bulbo do termômetro deve ficar em contato com a mucosa. Assim, se ocorrem t FIGURA 2-11 Inserçãodo termômetroreta!. 32 VICTOR C. SPEIRS TEMPERATURANORMAL .Cavalosadultos:100,5 :t 1,5°F (38,0 :t 1,0°C).Potros,Primeiros4 dias de idade:99-102"F (37,2-38,9°C)6 bolasfecais,ou seo retoestáflácido,podesernecessá- rio segurar-se o termômetro contra a mucosa. Alguns termômetros podem ser grampeados aos pêlos da cola enquanto o instrumento atinge o equilíbrio, mas há uma tendência em esquecê-los aí. É preferível esperar e ler o instrumento quando ele está pronto, utilizando o tempo para continuar perguntando e discutindo o caso com o proprietário. Ostermômetros são demercúrio ou eletrônicos (Fi- gura 2-12). Os termômetros de mercúrio devem ser sacudidos antes do uso para abaixar a coluna de mer- cúrio. Ambosos tipos devem ser deixados no reto pelo tempo recomendado. A temperatura normal apresen- ta uma variação no dia de 1,0 a 2,0°F, com o ponto mais baixo ocorrendo pela manhã. Adicionalmente, a temperatura pode elevar-sepor até 4,5°F (2,5°C), em conseqüência de atividade física acentuada, e por até 3,0°F (l,5°C), quando está quente e úmido. Potros apresentam temperaturas levemente mais baixas nos primeiros dias de vida.6 Freqüência do Pulso A freqüência do pulso é mais facilmente tomada na artéria facial no ponto onde ela se curva ao redor da mandíbula (Figura 2-13). O pulso é também defi- nido pelo ritmo e amplitude e pode ser regular ou irre- gular. Aidentificação de outros locais onde o pulso pode ser tomado, bem como uma discussão sobre a sua ca- racterização por freqüência, ritmo e amplitude podem ser encontradas no Capítulo 6. A freqüência normal do pulso é mostrada no quadro. FREQÜÊNCIANORMAL DO PULSO . Cavalosadultos:30-40 batimentospor minuto (bpm).Potros6 Ao nascimento:40-80bpm Primeirahora (duranteas tentativaspara levantar): 130-150bpm Primeirosdias:70-100bpm A B . FIGURA 2-12 Doistipos determômetrosretais.A. Mercúrio.B.Eletrônico. EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 33 t FIGURA 2-13 Tomandoo pulsonaartériafacialao longodobordoventralda mandíbu- la. FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA .Cavalosadultos: 18-20respiraçõespor minuto (rpm).Potros:60-80rpmaté cercade 1 hora apóso parto e, então, 20-40rpm pela primeirasemana6 Respiração A respiraçãodeveser registradaquando o cavalo está em descanso, com os barulhos ambientais manti- dos no mínimo. O movimento do tórax durante a res- piração normal é mínimo, e uma freqüência normal pode ser difícil de registrar quando o animal está em repouso. A freqüência dos movimentos respiratórios é geralmente registrada observando-se os movimentos do tórax, abdômen ou narinas, ou pela auscultação dos movimentos do ar pelas vias aéreas e, ocasional- mente, colocando-se a mão perto da narina, para sen- tir o movimento de ar, ou observando o embaçamento de um espelho colocado na frente da narina. Para aus- cultação, o fonendoscópio é colocado no tórax, ime- diatamente caudal à ponta do cotovelo, para monito- rar os sons nos brônquios ou sobre a base da traquéia. Uma descrição mais detalhada da respiração pode ser encontrada no Capítulo 3. EXAME FíSICO GERAL DE REGiÕES DO CORPO Cabeça, pescoço, tórax, abdômen, genitália exter- na,glândulas mamárias e membros são examinados usando-se uma combinação de avaliação visual, pal- pação, percussão, manipulação e auscultação. Seum problema específico é identificado, segue-se um exa- me detalhado da região ou sistema específicos (ver os capítulos individuais referentes ao sistema específico). Região da Cabeça. Simetria,posicionamento(altura do chão, orienta- ção), mobilidade. Olhos e pálpebras:inflamação,reflexosoculares, posiçãodos globos oculares,corrimentos,função da membrananictitante, coloraçãodasconjuntivas, lesõese opacidadesda córnea,dor.Narinas:odor, corrimentos,desobstrução,simetria. Boca:salivaçãoexcessiva,capacidadede apreender o alimentoe mastigar,odor, posiçãoe função da língua,cor e lesõesda conjuntiva Região do Pescoço.Aumentosde volume na regiãoda garganta (timpanismodas bolsasguturais,abscedaçãode linfonodos),lesõesnasveiasjugulares (flebite, obstrução, ingurgitamento),mobilidadedo pescoço (fratura ou artrosedasvértebras),deformidadeda traquéia,distensãodo esôfago Região Torácica . Coração:palpaçãodo choque de ponta e detecção de palpitaçôes,auscultação,percussão. Pulmão:palpaçãodos espaçosintercostais(pleuri- te), auscultaçãoe percussão(pneumonia,pleurite, abscedação,presençade sonsintestinais[hérnia diafragmática]) Região Abdominal. Palpação,percussãoe balotamentoda cavidade abdominal (timpanismo,dor por peritonite,movi- mento fetal, ascite),auscultação(movimentos intestinais,timpanismo).Examereta!.Essegeralmentenão faz parte do examegeral, mas pode ser usadopara localizar problemasno trato intestinal(obstrução),urogenital (criptorquidia,neoplasia,cálculo,nefrite) ou no abdômen (neoplasia) EXAME ESPECIAL DE REGiÕES OU SISTEMA ORGÂNICO ESPECíFICOS Um exame mais detalhado de sistema(s) específi- co(s) é indicado se o exame preliminar revelou infor- mações indicando doença ou mau funcionamento de 34 VICTORC. SPEIRS um sistema específico. O exame de sistemas específi- cos é descrito nos capítulos subseqüentes. USO DE MEIOS AUXILIARES DE DIAGNÓSTICO Embora um diagnóstico possa, muitas vezes, ser feito sem recurso de meios auxiliares de diagnóstico, um auxílio extra freqüentemente é necessário. Há vá- rios modos pelos quais o normal e o anormal podem ser categorizados. Meiosauxiliares de diagnóstico usa- dos de modo relativamente comum incluem patolo- gia clínica, radiologia, ultra-sonografia, eletrocardio- grafia e histologia. Detalhes sobre esses métodos são apresentados em cada sistema orgânico específico. EXAME DO AMBIENTE O exame do ambiente não é, no caso de eqüinos, tão freqüentemente necessário como é para as outras espécies domésticas. Para completar um exame clíni- co competente do ambiente interno e externo, o clíni- co necessita um bom conhecimento sobre criação de eqüinos (acomodações, manejo geral, ventilação do estábulo, higiene) e um conhecimento básico sobre a interação entre o cavalo e o ambiente (botânica, toxi- cologia ambiental e de plantas, tipo de solo, topogra- fia). O exame do ambiente pode incluir todos ou alguns dos seguintes tópicos: e Acomodação.Cavalosmantidossobsistema estabuladonecessitamespaçoadequadopara movimentar-se.Cavalosem campo aberto devem ser mantidoscom tipos de cercasque minimizemas oportunidadesde lesões.As cercasdevemser suficientementealtas para desencorajartentativas de fuga atravésde saltose serconstruídasde maneiraa dificultarque os cavalosse enredem nelas.Materiaisde cercainaceitáveisincluemarame farpado (lesões)e materiaiscom borrachaque possamser mastigadose ingeridos(cólica).Portões e passagensdevemserconstruidosde maneiraque os cavalosnão possamabri-Iose escapar.Em condiçõesideais,não deve haverquaisquerproje- ções,de modo especialpontiagudas,que possam causarlacerações,especialmenteaos olhos, às narinase à boca.Comedourose bebedourosdevem serconstruídosde modo a evitarque os animais prendamseusdentesou mandíbulasao comer ou ao beber,o que pode provocaruma fratura ou avulsãocasoo animal recuerapidamente. e Ventilação.Estábulosdevemserbemventilados para minimizarproblemascomo doença pulmonar obstrutivacrõnica.Fenoe outros alimentosnão devemserestocadosna parte superiordos estábu- los,a menosque sejaimpossívelque, pela gravidade,poeiraou esporosde fungo cheguem até os cavalos. e Materiaisparaa cama.Materiaisusadosparaa cama incluem palha,turfa, serrageme papel.Deve semprehaverum suprimentoadequadode cama para prevenirlesõesaos tecidosmolessobreas protuberânciasósseas,tais como bursitesobreo olécrano(cappedelbow) ou calcâneo(capped hock). A camadeveser trocada regularmente,e as fezesdevemser removidaspara impedir que a cama fique úmida, produzindocondiçõesque causemdoença noscascos(pododermatite).Os materiaisda camasãoocasionalmenteingeridos peloscavalose podem levarà constipaçãodo cólon ou intoxicações(p. ex., laminitecausadapor "nogueirapreta" [Juglansnigra]). e Água.Águafrescadeveestarsempredisponível. Emregiõesonde é possívelocorrercongelamento, devemser tomadasprecauçõespara asseguraro suprimentopermanenteda água através,por exemplo,do usode bebedourosisoladosou calafetados. e Nutrição.Osrequisitosnutricionaisparaeqüinossão bem-documentados.No entanto, a despeitodisso,é comum a alimentaçãoexcessivaou insuficiente,ou o fornecimentode raçõesnão-balanceadas.A freqüênciada alimentaçãoé importante. Cavalos, por natureza,pastamfreqüentementeenquanto estãocaminhado,um hábito que é drasticamente quebrado pelo confinamentono estábuloe pela dependênciaem ser alimentado manualmente. Outro problemapotencialé que o uso freqüente de raçõespeletizadasaltamente concentradaspode levarum cavaloa comersua raçãodiáriaem alguns poucosminutos. Issopode contribuir para proble- mas digestivos(distensãogástrica),mas,mais importante, eliminauma atividadeque pareceser vital para a saúdepsicológicado cavalo.Vários padrõesde comportamentoestereotipadosão reconhecidos,como "dançarino" (movimentara cabeça,pescoçoe tórax de um lado paraoutro enquantotroca o pesodo corpo de uma pata para outra), "morder o cocho" e aerofagia(mastigar materiaisda baiae ingerirar). A causaexatadesses distúrbiosnão é conhecida,maso tédio pareceter importância. e Examerelacionadoa intoxicações.Hávários aspectos,além da síndromeclínica,que devemser avaliadosquando se suspeitade intoxicação.Esses incluemmovimentaçãodo animal, introduçãode animaisnovos,verificaçãode que outros animais estãoafetados,determinaçãoda origem e data de entrega dos alimentos,água, cama, alimento para EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 35 . TABELA 2-1 AMOSTRASNECESSÁRIASPARAEXAMETOXICOLÓGICO Amostra Quantidade ExemplosCondição Amostras Antemortem Sanguetotal 5-10ml Urina 100ml Soro 10ml Líquido cefalorraquidiano Conteúdodo trato GI 1ml 500g Pêlos Amostras Post-mortem Urina 100ml Soro 20ml Fígado 250g Rim 250g Cérebro 50% Anticoagulante EDTA Frascode plásticocom tampa de rosca Separe do coágulo; use tubos especiais para oligoelementos Tubo de coagulação Obter amostra representativa Raramente úteis; contatar laboratório; lavar antes de coletar Frasco de plástico com tampa de rosca Remover do coágulo sangüineo Plástico (folha de flandres e substãncias orgãnicas) Plástico (folha de flandres e substãncias orgãnicas) Repartir sagitalmente, mandar metade em formol para o patologista e metade congelada em plástico para análise química Em folha de flandres dentro de saco plástico Obter amostra representativa Olho inteiro Um osso longo Locais de injeção, baço Vidro de conserva limpo (líquido, plástico) Saco de plástico, caixa; é imperativo enviar amostras representativas Saco de plástico, caixa; é imperativo enviar amostras representativas Fresca ou prensada e seca; enviar todas as partes da planta Vidro de conserva limpo, folha de flandres sob a tampa para metais, plástico para orgãnicas Chumbo, arsênico, selênio, acetilcolinesterase Drogas, alguns metais Oligoelementos, drogas, nitratos Sódio Pesticidas, plantas, metais, toxinas associadas ao alimento Ocasionalmente, selenose crõnica Drogas, alguns metais Drogas, nitratos, eletrólitosPesticidas, metais, toxina botulínica Metais Organoclorados, sódio, acetilcolinesterase Organoclorados acumulados na gordura Pesticidas, plantas, metais, toxinas associadas ao alimento Nitratos, magnésio Flúor Algumas drogas Substãncías químicas não-identifícadas, adítivos de alimentos Micotoxinas, aditivos de alimentos, plantas, pesticidas, toxina botulinica Plantas, pesticídas, toxina botulinica Metais, nitratos, pesticidas, algas, sulfato Observação: Com exceção do sangue total e de amostras muito secas (p. ex., algumas rações), todas as amostras devem ser submetidas congeladas. Quando disponíveis, amostras de tecido apropriadas, fixadas em formalina, devem ser também submetidas para análise histol6- gica. Não submeta material em seringas. (Fonte: Galey FD:Diagnostic Toxicology In Robinson NE (ed) Current Therapy in Equine Medicine. Philade!phia, Saunders, 1992, Section 8, p. 339. Reproduzzda com permissão.) outras espéciesque possamconter substâncias como monensinaou antibióticos,proximidade geográficaa fontes de toxinasindustriais(chumbo, inseticidas)ou plantas,ou cercas-vivas,como a espirradeira(Neríumo/eander).Amostrasde alimentoe água necessitamsercoletadas.As proximidadesdo estábuloe pastagensdevemser cuidadosamenteexaminadaspara a presençade plantastóxicasou lixo industrial. Asamostrasa seremcolhidaspara análisevariam de acordo com o problema a ser enfrentado, mas de- vem ser selecionadas após terem sido feitos exames ambiental, clínico epost-mortem adequados. Alguns detalhes sobre quais amostras antemortem e/oupost- mortem podem ser necessárias para o exame toxico- lógico, bem como métodos para acondicioná-Ias, podem ser encontrados na Tabela 2-1. Gordura 250g Conteúdodo trato GI 500g Líquido ocular 0,5ml Osso 100g Vários Amostras Ambientais Iscas,ete. 200ml ou 200g Raçõesconcentradas 1kg ou mais Pasto (feno, ete.) 1kgou mais Plantas Planta Água 1l 36 VICTOR C. SPEIRS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS I. Jones WE: Coat colar inheritance. /n Jones WE (ed), Cenetics and Horse Breeding. Philadelphia, Lea & Febiger, 1982, ch 9, p 220. 2. Farrell RK,Norman WH: 1972 Permanent Intemational Horse ldentification. Proceedings, Horse Identification Seminar, Was- hington State University,Pullman, 1972, p 57-72. 3. Stormont CJ: ldentification and parentage verification of indi- vidual horses by blood typing tests. Equine VetSei 1988; 8:176. 4. Gabei M, Knowles RC, Weisbrode SE: Horse identification: A field trial using an electronic identification system. Equine Vet Sei 1988; 8:172- 5. For! Dodge Laboratories: Offieial Cuide for Determining the Age of the Horse. Fort Dodge Iowa, 1966. 6. KoterbaAM:Physical examination./n KoterbaAM, Drummond WH, Kosch PC (eds), Equine Clinical Neonatology. Philadel- phia, Lea & Febiger, 1990, ch 6, p 71. ".,. o Sistema Respiratório COMPONENTES o sistema respiratório é formado pelas narinas, fos- sas nasais, septo nasal, seios paranasais, nasofaringe, laringe, bolsas guturais, palato mole, traquéia, brôn- quios,pequenas vias aéreas, pulmões e cavidadespleu- rais. MANIFESTAÇÕES DE DOENÇA Asprincipais manifestações de doença no sistema respiratório resultam de obstrução; redução das trocas de oxigênio e dióxido de carbono, inflamação, septi- cemia, toxemia e neoplasia. Essas manifestações in- cluem: . Sons respiratórios anormais (obstrução). Diminuição da tolerãncia ao exercício (liberação diminuída do oxigênio aos tecidos). Febre(infecção). Corrimento nasal (infecção, neoplasia) . Epistaxe (neoplasia, hematomas etmoidais, hemor- ragia pulmonar) EXAME CLíNICO GERAL o exame clínico geral do sistema respiratório deve ser conduzido quando o cavalo está em repouso. Padrões de Respiração Quando um cavalo está em repouso, os movimen- tos associados à transferência de ar para dentro e para fora dos pulmões são quase imperceptíveis. A respira- ção normal em repouso é composta de uma seqüên- cia regular de movimentos inspiratórios e expiratórios com uma pausa entre eles. O quociente entre os tem- pos de expiração e inspiração é 2 para 1. Ainspiração é um processo ativo, e, durante o repouso normal da respiração, a expiração é um ato passivo, baseado ape- nas na tendência do tórax, diafragma e pulmões em retrair-se. Àmedida que a demanda aumenta, a pausa expiratória torna-se menor e eventualmente desapa- rece, enquanto a inspiração e expiração tornam-se contínuas. Em adultos normais, o movimento toráci- co é difícil deperceber e, conseqüentemente, a freqüên- cia respiratória é mais difícil de contar. Em resposta a um aumento de estímulo, a freqüência de movimen- tos torácicos e abdominais aumenta, e as narinas co- meçam a participar, abrindo e fechando. Se o movimento do tórax é doloroso (pleurite) , o transpor- te de ar é feito através da redução do movimento do tórax e aumento do componente abdominal, a cha- mada "respiração abdominal". Quando há movimen- tos abdominais e diafragmáticos extensos, pode-se perceber o ânus movendo-se para a frente e para trás. Aobstrução das vias aéreas causa um fluxo turbulento e aumento na produção de ruído, audível durante a inspiração, expiração, ou ambas, dependendo da fase em que a respiração é afetada. Quando sente uma ne- cessidade desesperada por oxigênio, o cavalo estende- rá a cabeça e pescoço a fim de reduzir, tanto quanto possível, a resistência das vias aéreas. Asfreqüências respiratórias normais estão colocadas no quadro a se- guir. Num sentido amplo, a respiração refere-se à troca de gases entre a atmosfera e as células do organismo, e os movimentos respiratórios referem-se ao movimen- to de ar para dentro e para fora do sistema respirató- rio. Portanto, qualquer alteração na eficiência da 38 VICTORC. SPEIRS FREQÜÊNCIASRESPIRATÓRIAS .Cavaloadulto: 18-20respiraçõespor minuto (rpm).Potros:60-80rpmaté cercade 1 hora apóso parto e depois30rpm respiraçãovaialteraropadrãodosmovimentosrespi- ratórios. A avaliação da freqüência dos movimentos respiratórios é facilmente realizada, mas a da respira- ção requer a medida do consumo de oxigênio e da pro- dução dedióxido de carbono. Para facilitar a descrição clínica, a freqüência e o volume do fluxo (tidal volu- me) aparente podem ser descritos como diminuídos, normais ou aumentados, e a dificuldade da realiza- ção dos movimentos respiratórios, como laboriosa ou difícil. Termoscomo dispnéia, hiperpnéia, polipnéia, hiperventilação e hipoventilação são usados para des- crevera respiração e os movimentos respiratórios, mas são parâmetros subjetivose, quando usados como parte do exame clínico inicial, indicam alterações na venti- lação que podem não existir. O termo ventilação refe- re-se ao movimento do ar para dentro e para fora dos alvéolose é melhor medido por gasometria do sangue arterial, pois não pode ser categorizado simplesmente extrapolando-se de suposta facilidade, freqüência e profundidade dos movimentos respiratórios. Embora a realização dos movimentos respiratórios esteja envolvida primariamente nas trocas gasosas, podem-se observar alterações em resposta a fatores lo- cais (p. ex., obstrução) ou sistêmicos (p. ex., paralisia dos músculos da respiração pela toxina botulínica), e as alterações podem ser uma resposta primária (in- fluenciada por problemas do sistema respiratório) ou secundária à doença localizada em outra parte do or- ganismo (p. ex., compensação por acidose metabóli- ca). Corrimento Nasal Asfossas nasais são geralmente cobertas por uma fina película úmida, transparente e brilhante. Aparte externa das narinas pode ser seca ou úmida, depen- dendo das condições preponderantes. É geralmente úmida em climas frios, após transporte e quando o animal é mantido em ambientes empoeirados com conseqüente irritação da mucosa. Assecreções nasais podem ser categorizadas dependendo de seu aspecto. Uma secreção serosa é fina e transparente e é caracte- rística de uma resposta a estímulo levee dos primeiros estágios das infecções virais e, assim, é geralmente bi- lateral. Um corrimentopurulento é viscoso,opacoe amarelado, devido ao aumento
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