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Fichamento O Contrato Sexual - Carole Pateman (1)

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UNIVERSIDADE FEFERAL DE MINAS GERAIS
Curso de Ciências Sociais – FAFICH
Disciplina de Política II 
Fichamento: PATEMAN, Carole. O contrato sexual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. 347p.
A obra é uma crítica a filosofia contratualista na perspectiva feminista. A autora utiliza-se defontes secundárias colhidas por meio de livros, revistas e depoimentos. A abordagemé descritiva e analítica. O livro contém 347 páginas e é dividido em oito capítulos. Cada capítulo será fichado individualmente.
Fazendo contratos (p. 15-37). 1º capítulo.
Nesse primeiro capítulo a autora se propõe a analisar as falhas do contrato social original, sugerindo que há uma relação de dominação e submissão entre homens e mulheres. Ela destaca que a mulher é incluída no contrato matrimonial, mas quando se refere à política e relações derivadas do contrato, pessoas do sexo feminino são descartadas da esfera pública. 
Apesar de ser um alicerce necessário, a vida privada é vista como irrelevante por teóricos e ativistas políticos: “O significado do que é ser um ‘indivíduo’, produtor de contratos e civilmente livre, é revelado através das mulheres dentro da esfera privada” (p. 28).
CarolePateman enfatiza a dicotomia público/privado para estabelecer suas críticas ao patriarcado e discorre ao longo do capitulo sobre a divisão de duas perspectivas: a socialista e a liberal, para criticar o status quo da época que permanecia indiferente em relação a separação de esferas e a exclusão da mulher no que se diz respeito ao domínio publico. A autora analisa o enfoque feminista presente na época para problematizar a profundidade em que estava sendo tratado esse tema, visto que para ela, todos os problemas de exclusão e sujeição da mulher, provinha do contrato social que não estava sendo debatido. Apesar disso, Pateman deixa claro que a resistência das mulheres feministas era necessária para várias lutas que foram travadas e conquistadas por elas e que sua intenção é fazer uma analise crítica a um assunto que é muitas vezes desconsiderado: o contrato. 
Confusões patriarcais (p. 38-65). 2º capítulo.
Neste capitulo a autora se debruça no termo patriarcado para entender e sintetizar de forma crítica o motivo pelo qual ele se estabeleceu tão “bem” quanto a aristocracia, dominação de classes e tantas outras formas de poder. Carole nega o esquecimento do patriarcado por não haver consistência nas críticas à ele, e segundo ela, esquecê-lo é manter a estrutura dominante, mesmo que se pautando em ideias feministas. Há além da discussão feminista da época, uma estrutura que deve ser rompida.
O patriarcado segundo ela, não tem apenas ligação com a sua origem e seu significado inicial e sim uma ressignificação do que a palavra engloba. Para que se entenda a sua profundidade, é preciso se desvencilhar da literalidade da palavra, que para ela se sobressai ao sentido de governo do pai.
“Se o patriarcado é universal, ele deve preceder o capitalismo; o patriarcado pode aparecer, portanto, como uma relíquia medieval ou um vestígio do antigo mundo do statusque institui uma esfera familial, paternal, natural, privada e distinta do mundo convencional, civil e público do contrato e do capitalismo”, assim se desenvolve o capítulo e a diferenciação das três formas de argumentação patriarcal que não se excluem uma da outra. O primeiro é o pensamento patriarcal tradicional, que é o poder concebido ao pai para ser o chefe da família. Há um segundo tipo de patriarcalismo que é denominado clássico e é desenvolvido por Robert Filmer, ao argumentar que os reis eram pais e os pais eram reis para embasar e justificar a monarquia absoluta. Já o terceiro conceito de patriarcado é o moderno, que seria fraternal, contratual e que estruturaria a sociedade civil capitalista. 
O contrato, o indivíduo e a escravidão (p. 66-119). 3º capítulo.
A autora inicia esse capítulo analisando um pressuposto presente no contrato social, que afirma que todos os indivíduos são naturalmente livres e iguais, mas essa afirmação dá margem para uma longa sujeição civil com um caráter emancipatório de alguns grupos anteriormente subordinados. É o que ela chama de obrigação voluntária: “Um indivíduo livre e igual aos outros deve, necessariamente, concordar em ser dominado por outro. O estabelecimento da dominação e da subordinação civis deve ser voluntario; tais relações podem ser trazidas à existência apenas de uma única maneira: através do livre acordo. Há uma variedade de formas de livre acordo mas, por motivos que analisarei adiante, o contrato se tornou o paradigma da obrigação voluntária” (p. 67).
Os autores clássicos sustentaram suas ideias afirmando que as capacidades e atributos dos indivíduos variam de acordo com o sexo e de forma mais tênue, seus teóricos contemporâneos seguem seus exemplos, apesar de usarem palavras mais neutras como “individuo”. 
A gênese, os pais e a liberdade política dos filhos (p. 120-174). 4º capítulo.
No quarto capítulo a autora adentra em um conceito extremamente disseminado, a fraternidade. Ela defende que apesar de ser um termo amplo, a ideia por trás disso está diretamente ligada a irmandade entre pessoas do sexo masculino e a total exclusão da mulher nesse assunto.CarolePateman exemplifica sua teoria na bíblia, onde a relação de competição entre abel e caim mostra que sem um contrato social, não há fraternidade entre homens, e sim uma competição pela herança e autoridade do pai.
 A autora enfatiza que as duas esferas sociais, são ao mesmo tempo distintas e entrelaçadas de uma forma complexa e o que os une e os mantém tão bem, é o patriarcado, que ensina aos homens a se emanciparem de seus pais e acima de tudo, hierarquizam a relação entre os sexos, tornando as mulheres submissas tanto na vida publica quanto na privada. 
As mulheres, os escravos e os escravos assalariados (p. 175-230). 5º capítulo.
“A história do contrato sexual é fundamental para a compreensão do patriarcado moderno, mas o mundo sobre o qual os teóricos clássicos do contrato contaram suas histórias diferia em muitos aspectos do mundo social em que vivemos atualmente.” (p. 175). É desta maneira que Pateman começa este capítulo, que tem como objetivo principal compreender a lógica da relação entre homens e mulheres à época dos contratualistas. O argumento principal da autora é de que esta relação é fundamentada nos pilares da servidão, na qual o papel desempenhado pela mulher, dentro de casa se assemelha ao do escravo ou do servo. “O senhor civil de uma família obtém o direito sobre sua mulher por intermédio de um contrato, o direito sobre seu servo era contratual e, segundo alguns teóricos clássicos do contrato e defensores da escravidão norte-americana, assim também o era o direito sobre seu escravo.” (p. 175).
O contrato matrimonial foi o único remanescente dos contratos domésticos. Permitindo que a relação subordinada da mulher ao homem fosse a que permanecesse até os dias atuais. As feministas apontam como o serviço doméstico é um trabalho não remunerado, exclusivo e inerente a mulher, fazendo analogia ao trabalho escravo. Alguns exemplos dados por Pateman para caracterizar essa relação patrimonial do homem sob a mulher são: a necessidade do patrão, ao contratar uma mulher, ter que pedir permissão para o marido da mesma (uma mulher não pode ter dois senhores); a venda de esposas em praças públicas na Inglaterra; a dona de casa, que na verdade é a criada principal, que adapta seus afazeres às necessidades do seu senhor; a opressão física e sexual do marido sobre a esposa, pois um senhor pode usufruir da sua posse como bem quiser.
Pateman se esforça ao longo deste capítulo à explicar como o contrato do casamento é um contrato de servidão, pois não é tratado por duas pessoas iguais,e que não cabe na lógica do capitalismo. O trabalho doméstico não está nas mesmas condições do trabalho contratado entre trabalhador e patrão. “O escravo assalariado está sujeito à disciplina do patrão – mas o espaço de trabalho também está estruturado pela disciplina patriarcal. As trabalhadoras nãosão escravas assalariadas no mesmo sentido em que os trabalhadores, e nem é a subordinação do escravo assalariado a mesma que a da esposa. Tanto o patrão quando o marido têm direito de controle do uso do corpo dos trabalhadores e das esposas, mas embora todo marido tenha suas exigências específicas, o conteúdo do trabalho da dona de casa é determinado pelo fato de ela ser mulher.” (p. 225). A sujeição das esposas é definida pela sua condição de mulher e destituída dos seus direitos individuais por ser uma extensão do seu marido.
O feminismo e o contrato de casamento (p. 231-278). 6º capítulo.
Reunindo pressupostos feministas a respeito do contrato de casamento, Pateman constrói o argumento ao redor dessa temática neste capítulo. Reafirmando a crítica de que este contrato não é tratado por partes iguais, a autora argumenta que mesmo estabelecendo os termos antes do casamento, enquanto solteiros, a mulher depois de casada é destituída da existência civil, invalidando o contrato feito anteriormente. “O casamento é chamado de contrato, mas as feministas argumentam que uma instituição em que uma parte, o marido, exercia o poder de um senhor de escravos sobre sua mulher, mantendo até os anos 80 resquícios desse pode, está bem longe de ser uma relação contratual.” (p. 231).
Willian Thompson, como demonstra Pateman, defende que quando as mulheres tiverem seus direitos políticos e civis garantidos, e se tornarem economicamente independentes, elas não teriam mais motivos para se submeterem aos homens. A subordinação da mulher, para Stuart Mill, seria a única relíquia de um mundo antigo, uma construção monstruosa, estabelecida nos parâmetros do contrato do casamento. Assim, Pateman estabelece que não há um documento intitulado “O Contrato de Casamento”, para ser assinado, e que na verdade ele se tornou um status.
Debatendo os argumentos de Thompson, Stuart Mill, Hagel, Kant e Rousseau, Pateman contrapões as ideias sobre os contratos e o desnível existente na relação entre homens e mulheres com as reflexões das feministas em diferentes patamares. As contemporâneas “frequentemente concluem que a única alternativa para a construção patriarcal da sexualidade é a eliminação da diferença sexual, isto é, tornar a masculinidade e a feminilidade politicamente irrelevantes.” (p. 275).
Essa transformação do contrato em status para Pateman é a consolidação do patriarcado na sua forma moderna. “A história do contrato sexual conta como o contrato é o meio pelo qual o direito patriarcal é criado e mantido. Se o casamento se tornasse um mero contrato de uso sexual – ou, mais precisamente, para que as relações sexuais tomassem a forma de uma prostituição generalizada – seria demarcada a derrota política das mulheres como mulheres. (p. 275).
A ideia principal do capítulo é retomar discussões feitas nos capítulos anteriores a respeito da condição do contrato analisando o que os teóricos clássicos têm a dizer a respeito do casamento. E as ideias das diferentes correntes feministas que criticam essa relação e a negligência desses autores ao tratarem do contrato sexual.
O que há de errado com a prostituição? (p. 279-321). 7º capítulo.
Neste capítulo a autora dispões as ideias a respeito das diferentes formas pelas quais os homens matem o contrato sexual no patriarcado moderno. O contrato de casamento deixou de ser a única maneira pela qual os homens têm acesso ao corpo das mulheres. “A prostituição é parte integrante do capitalismo. Não se colocam mais as esposas em um leilão público, mas oshomens podem comprar o acesso sexual aos corpos das mulheres no mercado capitalista.” (p. 279).
“Como prostitutas, as mulheres comercializam abertamente seus copos e, como trabalhadoras – mas diferente da esposa-, recebem por isso.” (p. 281). Com uma citação de Simone de Beauvoir, Pateman define a relação da mulher, da prostituição e da esposa: “contratada pela vida toda por um homem; a prostituta tem vários clientes que pagam a ela pelos seus serviços. Uma é protegida por um único homem contra todos os outros; a outra é defendida por todos contra a tirania exclusiva de cada um”.
A discussão a respeito da prostituição está repleta de problemas. Enquanto os contratualistas defendem o direito de se prostituir, de servir através do sexo, existe a crítica de que eles ignoram o fato de que quem se prostitui é majoritariamente as mulheres, e de que este seria então um problema relacionado à elas. Contudo, também há as feministas que são contra a prostituição, e à elas é deferida a crítica de que estão presas a ideia de subordinação sexual da mulher ao homem e de que a mulher não teria autonomia para escolher.
“Uma vez que a história do contrato sexual é contada, a prostituição pode ser encarada como um problema referente aos homens. O problema da prostituição torna-se então envolvido na questão de por que os homens reivindicam que os corpos das mulheres sejam vendidos no mercado capitalista. A história do contrato sexual também dá a resposta; a prostituição faz parte do exercício da lei do direito sexual masculino, uma das maneiras pelas quais os homens têm acesso garantido aos corpos das mulheres.” (p. 285).
Pateman evolui a discussão para a questão do aluguel do corpo, e das gestações de aluguel. Como é complexa a questão, e como envolve a paternidade. Como é cedo para tirar conclusões a respeito e de onde esta questão irá chegar.
A conclusão do capítulo é de que existem argumentos favoráveis e contra a prostituição mas os pontos chaves a serem levantado são os motivos pelos quais a mulher é levada a se prostituir e por que os homens defendem veemente o direito da mulher ganhar dinheiro através do aluguel de seu corpo. Quais questões estão relacionadas à esse direito, como a subordinação da mulher e o poder sexual do homem sobre o corpo feminino.
O fim da história? (p. 322-342). 8º capítulo.
No capítulo de conclusão do livro, Pateman retoma os argumentos levantados demonstrando o que foi feito e o que era almejado no trabalho. Especialmente retomando a necessidade de compreender o patriarcado nos moldes do contrato social, mas, também, no patriarcado moderno e seus desdobramentos nas relações heterossexuais.
Pateman afirma o tempo inteiro que é necessário retomar a história do contrato e é este o esforço da obra. Reconstituir para estabelecer uma sociedade livre, na qual mulheres sejam sujeitas de direitos, cidadãs autônomas. “Os homens que, supostamente, fazem o contrato original são homens brancos, e seu pacto fraterno tem três aspectos: o contrato social, o contrato sexual e o contrato de escravidão, que legitima o domínio dos brancos sobre os negros.” (p. 324).
“As mulheres podem alcançar a condição formal de indivíduos civis, mas corporificadas como seres femininos; nós nunca somos “indivíduos” no mesmo sentido que os homens o são. Levar a identidade corporificada a sério requer o abandono do indivíduo masculino unitário, a fim de abrir espaço para duas figuras: uma masculina, outra feminina.” (p. 329).

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