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Capítulo 22 - Sociologia para Jovens do Século XXI.pdf.pdf

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Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas338
“Lugar de mulher é onde ela quiser?”
Relações de gênero e dominação 
masculina no mundo de hoje
É MENINA
É menina, que coisa mais fofa, parece com o pai, parece com a mãe, parece um joelho, 
upa, upa, não chora, isso é choro de fome, isso é choro de sono, isso é choro de chata, choro de 
menina, igualzinha à mãe, achou, sumiu, achou, não faz pirraça, coitada, tem que deixar chorar, 
vocês fazem tudo o que ela quer, isso vai crescer mimada, eu queria essa vida pra mim, dormir 
e mamar, aproveita enquanto ela ainda não engatinha, isso daí quando começa a andar é um 
inferno, daqui a pouco começa a falar, daí não para mais, ela precisa é de um irmão, foi só falar, 
olha só quem vai ganhar um irmãozinho, tomara que seja menino pra formar um casal, ela tá até 
mais quieta depois que ele nasceu, parece que ela cuida dele, esses dois vão ser inseparáveis, 
ela deve morrer de ciúmes, ele já nasceu falante, menino é outra coisa, desde que ele nasceu 
parece que ela cresceu, já tá uma menina, quando é que vai pra creche, ela não larga dessa 
boneca por nada, já podia ser mãe, já sabe escrever o nomezinho, quantos dedos têm aqui, qual 
é a sua princesa da Disney preferida, quem você prefere, o papai ou a mamãe, quem é o seu 
namoradinho, quem é o seu príncipe da Disney preferido, já se maquia dessa idade, é apaixonada 
pelo pai, cadê o Ken, daqui a pouco vira mocinha, eu te peguei no colo, só falta ficar mais alta 
que eu, finalmente largou a boneca, já tava na hora, agora deve tá pensando besteira, soube 
que virou mocinha, ganhou corpo, tenho uma dieta boa pra você, a dieta do ovo, a dieta do tipo 
sanguíneo, a dieta da água gelada, essa barriga só resolve com cinta, que corpão, essa menina 
é um perigo, vai ter que voltar antes de meia-noite, o seu irmão é diferente, menino é outra coisa, 
vai pela sombra, não sorri pro porteiro, não sorri pro pedreiro, quem é esse menino, se o seu pai 
descobrir, ele te mata, esse menino é filho de quem, cuidado que homem não presta, não pode dar 
confiança, não vai pra casa dele, homem gosta é de mulher difícil, tem que se dar valor, homem 
é tudo igual, segura esse homem, não fuxica, não mexe nas coisas dele, tem coisa que é melhor a 
gente não saber, não pergunta demais que ele te abandona, o que os olhos não veem o coração 
não sente, quando é que vão casar, ele tá te enrolando, morar junto é casar, quando é que vão ter 
filho, ele tá te enrolando, barriga pontuda deve ser menina, é menina.
Gregório Duvivier – Folha de São Paulo, 16/09/2013 
Capítulo 22
Por que será que “ser menina” em uma 
sociedade como a nossa apresenta características 
tão distintas e desiguais quando comparadas 
com as ideias e as atitudes que se reproduzem 
em relação ao “ser menino”?
Tentando responder a essas e outras ques-
tões, este capítulo fará uma reflexão sociológi-
ca acerca das relações entre homens e mulheres 
no mundo atual. Relações, essas, marcadas por 
tensões, preconceitos, discriminações e poder.
Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 339
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O que nos torna homens ou mulheres? O 
gênero de uma pessoa depende exclusivamente 
se ela nasce com genitais e características 
físicas de homem ou de mulher? Perguntas 
simples parecem ter respostas também simples. 
No entanto, veremos que não é bem assim.
Sexo, gênero e poder
Antes de começarmos estritamente no as-
sunto, será necessário definir alguns conceitos 
de fundamental importância para compreender-
mos de forma científica e aprofundada a temá-
tica desse capítulo. E aqui é necessário diferen-
ciar sexo e gênero.
O sexo biológico pode ser definido como 
o conjunto das características fisiológicas e 
biológicas (órgão genital, hormônios, genes, 
sistema nervoso e morfologia). O gênero tem 
relação com a cultura, com o aprendizado 
vivido desde o nascimento, pois toda cultura 
elabora, de algum modo, os papéis relacionados 
à identidade de gênero, inclusive, os papéis do 
“ser homem” e do “ser mulher”. A identidade 
de gênero é uma influência de convenções, 
estereótipos, e expectativas construídas na 
socialização das pessoas (com possibilidade de 
adaptação ou não aos padrões estabelecidos). 
Porém, veja você que essa influência em nossa 
socialização não é absoluta e que os sujeitos se 
apropriam e atualizam os elementos culturais e 
representações que servem à construção de sua 
própria identidade. É importante compreender 
que as identidades de gênero não estão pré-
-estabelecidas como se fossem roupas que 
vestimos, nem são fixas e imutáveis.
Uma das estudiosas sobre o tema de 
gênero, a socióloga norte-americana Deborah 
Blum (1997), nos mostra como os sentimentos, 
as atitudes e os comportamentos dos seres 
humanos podem condicionar as orientações 
pelo masculino ou pelo feminino. É nesse 
sentido que podemos falar sobre gênero. 
De acordo com outra socióloga norte- 
-americana, Joan Scott (1989) – considerada 
uma das maiores especialistas sobre o assunto 
– gênero é um termo importado da Gramática 
pelas feministas norte-americanas, nos anos 
1960, exatamente com o objetivo de se contrapor 
às definições presas à Biologia. Dessa forma, a 
ideia de gênero passou a significar as relações 
de caráter cultural que estão sempre presentes 
– mesmo sem percebermos – nas definições e 
nas distinções sobre o que é “masculino” ou 
“feminino”. 
Quando você se comporta, com gestos ou 
atitudes, de acordo com as expectativas de outros 
indivíduos, para agir como homem ou mulher, 
você está adotando um papel de gênero. O gênero 
é a construção social que demarca identidades, 
como de homens, mulheres e de outros gêneros, 
como elaborações do contexto histórico e 
social, e não decorrentes simplesmente da 
diferença anatômica dos corpos. A constituição 
biológica não deve tornar, portanto, indiscutível 
A luta organizada das 
mulheres determinou 
uma revolução 
sociocultural no 
século XX. Faixa 
movimento”Marcha 
Mundial das 
Mulheres”, Rio de 
Janeiro, 2010.
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas340
Passeata pelo voto feminino, Nova York (EUA), 1912.
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a divisão dos humanos em dois blocos distintos 
(homens e mulheres). A essa visão de dois 
gêneros distintos denominamos visão binária 
(dividida em dois) e ela própria é objeto da 
investigação científica de áreas como Sociologia 
e Antropologia. Porque é uma contradição nós 
afirmarmos que gênero é uma elaboração social 
e apontarmos exclusivamente duas únicas 
identidades de gênero, masculino e feminino, 
como se apenas essas duas identidades fossem 
possíveis. Na verdade, o gênero não é algo que 
aprendemos somente, mas que elaboramos em 
nossas trajetórias de vida.
Essa distinção hierárquica entre o masculino 
e o feminino foi marcada historicamente desde, 
pelo menos, o estabelecimento do poder pátrio, 
instituído pelo Código Romano no século VIII a. 
C., que influenciou a produção jurídica das Leis 
ocidentais. Com o poder pátrio e a instauração 
da sociedade patriarcal, o homem tornou-se 
proprietário da mulher e esta foi colocada sob 
tutela e desprovida de capacidade jurídica. Sua 
única função era reproduzir, gerando herdeiros, 
e cuidar do lar. 
De acordo com a filósofa Judith Butler 
(2015), foi produzida e estruturada de forma 
arbitrária uma oposição binária entre o 
masculino e o feminino, um pensamento 
dicotômico e polarizado sobre os gêneros: 
homem e mulher como polos opostos dentro 
de uma lógica invariável de dominação- 
-subordinação. As relações de gênero são 
estabelecidas como relações de poder por 
causa da assimetria construída ao longo da 
História. Essas oposições foram construídas 
por meio das instituições de controle, tais como 
religião, Estado, Justiça, escola, que formaram 
e idealizaram hierarquias fixas e imutáveis 
entre os gêneros. Portanto, falar de gêneros (no 
plural!) também é falar de dominação. E aqui 
está umalição importante para todos nós.
E aí, o que você está achando até agora 
desta nossa conversa sobre sexo e gênero? 
Muito complicada? Muitas novidades? Bem, 
você verá que a Sociologia ainda tem muito 
mais a dizer a respeito desse tema. 
Gêneros e transgêneros: o que 
mudou e o que não mudou no 
século XX
Historicamente, vimos que o capitalismo 
apresenta um grande conflito: a luta entre as 
classes sociais. Entretanto, a História apresenta 
outros conflitos de interesses que vão além da 
divisão da sociedade em classes e que percorrem 
toda a estrutura social, se relacionando ou não 
à divisão de classes da sociedade capitalista: 
conflitos entre homens e mulheres, entre 
heterossexuais e homossexuais e entre brancos 
e não brancos e/ou grupos étnicos diferentes. 
As mulheres, a partir do século XIX – de 
acordo com um determinado ponto de vista da 
história –, passaram a demonstrar sua revolta à 
“dominação masculina” de forma coletiva.
Foram os movimentos sociais voltados 
para a discussão das questões de gênero que 
iniciaram uma grande mudança nas ideias que 
preconizavam haver uma diferença natural entre 
o feminino e o masculino e, a partir daí, uma 
predisposição natural para os comportamentos 
e para as relações sociais que constituem papéis 
de homens e papéis de mulheres, rigidamente 
naturalizados. Assim como hoje, são os 
movimentos sociais que nos fazem ver que 
não podemos falar somente de “masculino” e 
“feminino” quando tratamos de gênero, porque 
essa visão binária faz parecer que gênero apenas 
se define como “masculino” e “feminino”, como 
se existissem “por natureza”, como se existisse 
Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 341
uma essência do que é o masculino e do que 
é o feminino, e como se as representações do 
masculino e do feminino fossem identidades 
fixas e não construídas socialmente. A visão 
do domínio masculino quer nos fazer crer 
que segundo uma predisposição biológica, da 
mulher e do homem, de forma universal, elas 
são dóceis e eles, agressivos. Elas centram 
suas vidas nos cuidados com os filhos e eles, 
como provedores da sobrevivência da família. 
Essas características foram bastante reforçadas 
por uma teoria sociológica do século XX 
denominada Sociobiologia. Esta afirma que 
a estrutura dos genes e do cérebro humano 
explica também os comportamentos e práticas 
sociais, e não somente as características físicas. 
Mas, a influência dos movimentos feministas 
mudou muita coisa em relação a essa forma de 
pensar, com o auxílio teórico de novas reflexões 
elaboradas pela Sociologia e pela Filosofia.
Vamos pensar um pouco a respeito da 
reação organizada das mulheres à “dominação 
masculina”. Esta última foi oficializada com 
a sociedade patriarcal. Isso significa que as 
relações sociais de gênero existentes nas 
sociedades são marcadas por relações de poder, 
como afirmamos acima, onde, em quase todos os 
exemplos históricos conhecidos, o “masculino” 
se sobrepõe à ideia e às representações sobre o 
que é “feminino” e sobre outras identidades de 
gênero. 
Pierre Bourdieu foi um dos sociólogos 
que se debruçou sobre esse tema, inclusive 
publicando em 1998 um estudo específico 
intitulado exatamente A dominação masculina 
(2014). Nesse livro, Bourdieu apresenta a 
condição feminina, “no modo como é imposta 
e vivenciada”, como o maior exemplo da 
chamada violência simbólica, ou seja, aquela 
que se caracteriza por se apresentar como uma
(...) violência suave, insensível, invisí-
vel a suas próprias vítimas, que se exer-
ce essencialmente pelas vias puramente 
simbólicas da comunicação e do conhe-
cimento, ou, mais precisamente, do des-
conhecimento, do reconhecimento ou, 
em última instância, do sentimento. Essa 
relação social (...) oferece (...) uma ocasião 
única de apreender a lógica da domina-
ção, exercida em nome de um princípio 
simbólico conhecido e reconhecido tanto 
pelo dominante quanto pelo dominado (...) 
(BOURDIEU, 2014, p. 12)
De acordo com Bourdieu, a violência 
simbólica faz parte da experiência feminina 
de forma cotidiana. Como não se trata de uma 
violência física e visível, ela torna-se quase im-
perceptível, pois atua no âmbito psicológico, 
causando danos emocionais. E para além do 
âmbito psicológico, esse tipo de violência se 
impõe sobre as consciências individuais, ne-
gando ao sujeito a sua autonomia e a sua racio-
nalidade. Por exemplo, a relação que a mulher 
possui com seu corpo está sempre relacionada 
ao olhar e ao discurso dos outros. É como se 
ela precisasse de um retorno externo, que ge-
ralmente lhe causa um mal-estar e um estado 
de insegurança corporal permanente, devido à 
distância entre o seu “corpo real” e o “corpo 
ideal”, ou socialmente exigido. O ideal de be-
leza pode ter efeitos concretos na saúde e no 
psicológico das mulheres, ocasionando baixa 
autoestima, dietas, cirurgias plásticas, bulimia, 
anorexia, causadas pela busca excessiva pela 
magreza e pela aparência jovem. As expectati-
vas sociais são dirigidas muito mais às mulhe-
res do que aos homens. Por isso, elas sofrem 
de forma mais acentuada e mais diretamente 
com a violência simbólica, com formas sutis ou 
até mais explícitas de humilhação, chantagem 
emocional, culpabilização, invisibilização. A 
violência simbólica, portanto, também se im-
põe ao corpo, disciplinando-o e controlando-o, 
como se alguns sujeitos não tivessem autorida-
de sobre o seu próprio corpo biológico.
Voltemos à socióloga Joan Scott que, em 
seus estudos, nos mostra exatamente o apre-
sentado aqui. A definição de gênero, além de 
ter origem e trajetória históricas, é importante 
para se entender como as relações sociais 
construídas pelos seres humanos se vinculam às 
relações de poder presentes em cada sociedade. 
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas342
Assim, Scott chama a nossa atenção para 
diversos aspectos históricos e culturais 
relacionados às diferenças de gêneros. Um 
exemplo bem claro disso diz respeito às 
contradições existentes na representação 
do “feminino” na tradição cristã ocidental, 
em personagens bíblicos como Eva e 
Maria, por exemplo, que se relacionam 
com definições como “mitos da luz e da 
escuridão, da purificação e da poluição, da 
inocência e da corrupção” (SCOTT, 1989, 
p. 21). 
Essas representações bíblicas foram 
amplamente utilizadas na literatura. 
Concepções como as citadas não são 
desvinculadas de qualquer interesse, pois 
estão diretamente ligadas ao papel que 
se deseja (dependendo do caso) que a 
mulher assuma na sociedade. A literatura 
falhou em produzir e criar uma mulher 
misteriosa. Esses personagens funcionam 
como mitos, projeções e temores sobre um 
“feminino” único e cristalizado, que não 
se conhecia.
Cada um dos mitos pretende resumir 
O papel das mulheres nas sociedades 
modernas é discutido desde a Revolução 
Francesa (cf. SCHMIDT, 2012), apesar de uma 
visão histórica eurocêntrica, que entende a 
Europa como centro de referência e “modelo” 
de sociedade. Entre as dezenas de participações 
políticas femininas durante a Revolução, se 
destacou Marie Gouze, que adotou o nome 
Olympe de Gouges (1748-1793). Como 
resposta ao conteúdo universalista presente 
na Declaração dos Direitos do Homem e 
do Cidadão, que excluía as mulheres dos 
direitos, Olympe de Gouges escreveu e 
apresentou à Assembleia Nacional, em 1791, 
a Declaração dos Direitos da Mulher e da 
Cidadã. De origem proletária, mas opositora 
de Robespierre, acabou guilhotinada em 1793, 
acusada de “contrarrevolucionária” e de mulher 
“desnaturada” (cf. a sua história na graphic 
novel de autoria de BOCQUET e MULLER, 
2014). Veja, a título de exemplo, dois artigos da 
Declaração elaborada por Gouges:
Comemoração do Dia Internacional de Luta das Mulheres, nas ruas 
de São Paulo, em 08 de março de 2005. 
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a mulher inteiramente: Maria, neste caso, 
enquanto mãe de Jesus Cristo, somente poderia 
representar “luz,purificação e inocência”. Eva, 
ao contrário, teria provocado a “perdição” do 
primeiro homem, Adão. Como se à mulher 
fossem atribuídos somente dois papéis sociais: 
ou ela é boa, santa, dócil, passiva, resignada (a 
mãe é cercada de manifestações de respeito, 
é apresentada como doce e virtuosa) ou ela é 
má, pecadora, mentirosa, pervertida, feiticeira e 
sedutora que fascina o homem, que o submete 
a seus encantos. 
Praticamente todas as representações 
da mulher entre os filósofos, escritores, 
cientistas, a mitificam dessa forma. Não se 
debateu, abordou ou explorou a mulher real 
– até porque, esses escritores, homens, nunca 
souberam quem é a mulher, não se conheciam 
as mulheres “de verdade”. Escreveram sobre 
imagens fictícias, pois não reconheciam na 
mulher um ser humano, um sujeito, uma 
semelhante, uma igual.
Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 343
Artigo 1º: A mulher nasce livre e tem os 
mesmos direitos do homem. As distinções 
sociais só podem ser baseadas no 
interesse comum.
Artigo 6º: A lei deve ser a expressão 
da vontade geral. Todas as cidadãs e 
cidadãos devem concorrer pessoalmente 
ou com seus representantes para sua 
formação; ela deve ser igual para todos. 
Todas as cidadãs e cidadãos, sendo iguais 
aos olhos da lei, devem ser igualmente 
admitidos a todas as dignidades, postos 
e empregos públicos, segundo as suas 
capacidades e sem outra distinção a não 
ser suas virtudes e seus talentos.
Apesar de Olympe de Gouges e de outras 
mulheres revolucionárias, parte da história 
do feminismo considera o surgimento de 
uma primeira onda do movimento somente 
nas últimas décadas do século XIX. Nesse 
período, a primeira bandeira de luta das 
mulheres se deu em torno da luta pelo direito 
ao voto. Esse movimento pioneiro teve início 
na Inglaterra. Lá, as chamadas “suffragettes” 
promoveram grandes manifestações, sendo 
reprimidas e presas por diversas vezes, 
reagindo com a organização de greves de fome. 
O movimento acabou sendo vitorioso em 1918, 
com a conquista do direito ao voto no Reino 
Unido. Para alcançar esse fim, no entanto, as 
suffragettes tiveram como mártir a militante 
Emily Davison, que se atirou à frente do cavalo 
do rei inglês durante uma famosa corrida hípica 
(PINTO, 2010, p. 15).
Ainda segundo a historiadora e cientista 
política Céli Regina Jardim Pinto (2010), no 
Brasil “a primeira onda do feminismo também 
se manifestou mais publicamente por meio 
da luta pelo voto” (p. 15-16). As suffragettes 
brasileiras foram lideradas pela cientista e 
bióloga Bertha Lutz, uma das fundadoras da 
Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. 
Ela estudou na França, retornando ao país 
no final da década de 1910. O movimento 
encabeçado por ela organizou uma campanha 
pública e um abaixo-assinado, apresentado 
ao Senado em 1927, “pedindo a aprovação 
do Projeto de Lei, de autoria do Senador 
Juvenal Lamartine, que dava o direito de voto 
às mulheres. Este direito foi conquistado em 
1932, quando foi promulgado o Novo Código 
Eleitoral brasileiro” (PINTO, 2010, p. 16).
Bertha Lutz, uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil.
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Na metade do século XX, podemos afirmar 
que é a partir da publicação do livro O Segundo 
Sexo, escrito pela filósofa francesa Simone 
de Beauvoir e lançado em 1949, que o debate 
sobre a condição das mulheres e a relação 
entre os sexos ganha uma outra conotação, que 
vai influenciar a análise sociológica de forma 
marcante.
Simone de Beauvoir procurou mostrar que 
o termo feminilidade foi inventado pelos homens 
e tinha como intenção limitar o papel social das 
mulheres. E como você sabe, uma palavra não 
é somente uma representação de fonemas, mas 
carrega consigo valores, modos de pensar e 
visões de mundo. A filósofa questionava a ideia 
de que as mulheres são inferiores e também 
questionava a sua posição de subordinação. 
Para Beauvoir, as mulheres tinham que superar 
o “eterno feminino”, que as amarrava e 
formava seu próprio ser, além de escolher seu 
próprio destino, libertando-se das ideias pré- 
-concebidas e dos mitos pré-estabelecidos. Você 
deve observar que a palavra “eterno” supõe 
algo universal, natural e imutável. Essa crença 
na ideia de “eterno feminino” condicionou a 
mulher a aceitar resignada e sem discussão as 
verdades e leis que os homens lhe propunham, 
a ser sempre o Outro, o Objeto, perante o 
homem, Sujeito e Absoluto. Isto fez com que 
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas344
os dois sexos não partilhassem o mundo em 
igualdade de condições.
Dessa forma, Beauvoir afirmou: “não se 
nasce mulher, torna-se mulher” (V. II, p. 361, 
2009). Isto é, ela era contra qualquer tipo de 
determinismo que prendesse a mulher em apenas 
um aspecto. Definir a mulher unicamente em 
virtude da sua estrutura fisiológica e pela sua 
condição natural é uma forma muito simplista 
e equivocada, pois a mulher não é somente um 
corpo com útero, vagina, óvulos, hormônios. 
Para a filósofa, a mulher deve escolher afirmar e 
reivindicar sua liberdade e não alienar-se como 
objeto, não ficar limitada a um papel biológico, 
mas sim, possuir projetos pessoais, trabalhar, 
ter direito à remuneração equivalente a do 
homem e poder exercer as mesmas funções que 
eles. “Cumpre-lhes recusar os limites de sua 
situação e procurar abrir para si os caminhos do 
futuro; [... trabalhar pela sua libertação. Essa 
libertação só pode ser coletiva e exige, antes 
de tudo, que se acabe a evolução econômica da 
condição feminina” (V. II, p. 814). O que Simone 
de Beauvoir defendia é que a mulher é um ser 
em permanente construção que deve caminhar 
em direção à sua individualidade e autonomia. 
Tornar-se mulher é não depender do homem 
intelectual, financeira, nem emocionalmente.
Os movimentos feministas, inspirados em 
várias intelectuais como Simone de Beauvoir, 
Betty Friedan, Kate Millet, Shulamith Fires-
tone, Bell Hooks e Juliet Mitchell, a partir da 
década de 1960 organizaram aquela que é con-
siderada a sua segunda onda, na qual se apro-
fundam as lutas por direitos iguais perante os 
homens. Fazendo uma crítica à sociedade pa-
triarcal, ou seja, a um modelo de família que dá 
privilégios aos homens, as feministas reivindi-
cam igualdade de condições de trabalho e salá-
rio, direito ao aborto e ao controle do corpo, au-
tonomia intelectual e punição aos homens pela 
violência doméstica e sexual, entre outras ques-
tões. Pode-se dizer que outros fatores vincula-
dos aos avanços da Ciência, como é o caso da 
invenção da pílula anticoncepcional, na década 
de 1950, desempenharam um papel importante 
no processo de emancipação feminina.
Segundo Céli Pinto, foi no contexto de 
revolução comportamental que marcou essa 
década que Betty Friedan lançou, em 1963, a 
obra que passou a ser considerada como “uma 
espécie de ‘bíblia’ do novo feminismo: A mística 
feminina”:
Durante a década, na Europa e nos 
Estados Unidos, o movimento feminista 
surge com toda a força, e as mulheres 
pela primeira vez falam diretamente sobre 
a questão das relações de poder entre 
homens e mulheres. O feminismo aparece 
como um movimento libertário, que 
não quer só espaço para a mulher – no 
trabalho, na vida pública, na educação –, 
mas que luta, sim, por uma nova forma de 
relacionamento entre homens e mulheres, 
em que estas últimas tenham liberdade e 
autonomia para decidir sobre suas vidas 
e seus corpos. Aponta, e isto é o que 
há de mais original no movimento, que 
existe uma outra forma de dominação – 
além da clássica dominação de classe –, 
a dominação do homem sobre a mulher 
– e que uma não pode ser representada 
pela outra, já que cada uma tem suas 
características próprias. 
(PINTO, 2010, p. 16)
Fo
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ss
A escritora Simone de Beauvoir em conferência sobre “A condição da 
mulher no mundo moderno”, em São Paulo, em 1960. 
O que você acha sobre isso? Por que será 
que a frase escrita pela filósofana década de 
1940 ainda provoca tanta polêmica neste século 
XXI? (Estamos nos referindo, à questão que 
constou da Prova do ENEM de 2015).
Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 345
 
A questão do aborto. A luta pela garantia dos direitos sexuais e reprodutivos e pela 
descriminalização do aborto teve como consequência, a partir da década de 1970, a 
legalização da prática sem restrições em diversos países, principalmente na América do Norte 
e Europa. Em 2014 foi legalizada no Uruguai.
A descriminalização do aborto está relacionada ao direito de autonomia reprodutiva, 
necessário para que a maternidade não seja compulsória. O direito reprodutivo é o direito das 
mulheres decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos 
desejam ter e em que momento de suas vidas querem tê-los. Direito de exercer a sexualidade 
e a reprodução, livre de discriminação, imposição e violência. Direito da mulher, que vive 
com AIDS, de ter filhos. O direito sexual está relacionado a viver e expressar livremente a 
sexualidade, sem violência, discriminações e imposições, sem medo, vergonha, culpa. Direito 
de escolher se quer ou não ter relação sexual, independentemente da reprodução. Direito 
a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimento de qualidade e sem 
discriminação.
A pauta ainda é uma reivindicação importante no Brasil, pois em nosso país uma das 
maiores causas de morte materna é o abortamento inseguro. Muitas mulheres, principalmente 
pobres, morrem sem atendimento adequado, pois não podem pagar por um aborto sem 
riscos. A lei brasileira não considera nesse caso a laicidade do Estado, que deve garantir 
a liberdade de ser, de crer e de não crer. Ser contra o aborto é uma opinião pessoal – ou 
determinada por visões religiosas –, mas a criminalização das mulheres que pensam diferente é 
uma questão política, coletiva e de saúde pública. Fato é que a criminalização dessas mulheres 
e a ilegalidade do abortamento não impedem que, por diferentes motivos, essas mulheres 
interrompam sua gravidez. Afinal, você não entende que um país que se pretende livre, laico, 
democrático e plural não pode reproduzir apenas a visão pessoal e moral de alguns, nem de 
instituições religiosas? Pense a respeito. Você acha que cabe usar um julgamento pessoal para 
medir a experiência de todas as mulheres, o que cada uma deveria ter feito para se prevenir 
de uma gravidez indesejada? É papel do Estado garantir a saúde e a vida dessas mulheres, 
o direito a métodos contraceptivos nas unidades públicas de saúde e a autonomia das que 
optarem por interromper sua gestação de forma segura, sem risco de morte.
 
A revolução cultural vivida pelas mulheres 
na década de 1960 teve repercussões também na 
sociedade brasileira, com a intensa participação 
feminina na luta contra a ditadura civil-militar 
instaurada em 1964, inclusive com a opção de 
militância através da luta armada, como foi o 
caso de nomes como Maria do Carmo Brito –
primeira mulher a comandar uma organização 
de guerrilha na América Latina –, Sônia Lafoz, 
Vera Silvia Magalhães, Lúcia Murat, Renata 
Guerra de Andrade, Dulce Maia, dentre outras 
(CARVALHO, 1998). Mesmo não tendo 
participado da luta armada, há de se registrar 
a luta travada pela estilista de moda Zuzu 
Angel, morta enquanto buscava notícias de seu 
filho, Stuart Jones, e sua nora, Sonia Maria, 
desaparecidos nos porões da ditadura.
Um dos marcos teóricos da luta feminista 
brasileira nesse período foi o trabalho da 
socióloga Heleieth Saffioti (1934-2010), A 
mulher na sociedade de classes, lançado em 
1969. Esta obra foi considerada “como o 
primeiro grande avanço teórico do feminismo 
dos anos 1960-70, em termos mundiais, e 
é descrito como uma teorização sofisticada 
sobre as formas em que o sexo está presente na 
estratificação social” (cf. o Prefácio de Marília 
Pinto de Carvalho para CONNELL e PEARSE, 
2015, p. 11). 
Durante o processo de redemocratização 
da sociedade brasileira, uma das lideranças 
feministas de maior relevância foi a historiadora, 
filósofa e antropóloga Lélia Gonzalez (1935-
1994). Sua intervenção acadêmica e sua 
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas346
militância feminista se pautaram por um 
caráter de denúncia sistemática não somente 
do machismo, mas também do racismo, 
em especial aquele que atinge e exclui de 
forma bastante violenta as mulheres negras 
e indígenas na sociedade brasileira. Lélia 
Gonzalez se contrapôs ao feminismo branco 
e elitista que se impunha como hegemônico 
em nosso país, destacando a necessidade de 
se repensar as reivindicações das mulheres 
e a luta contra as opressões existentes, tendo 
como ponto de partida as diferentes trajetórias 
vividas, demarcadas pela sua classe social e 
pela cor da sua pele (CARDOSO, 2014).
As críticas trazidas por algumas fe-
ministas dessa terceira onda [...] vêm no 
sentido de mostrar que o discurso univer-
sal é excludente; excludente porque as 
opressões atingem as mulheres de modos 
diferentes, seria necessário discutir gêne-
ro com recorte de classe e raça, levar em 
conta as especificidades das mulheres. 
Por exemplo, trabalhar fora sem a au-
torização do marido jamais foi uma rei-
vindicação das mulheres negras/pobres, 
assim como a universalização da catego-
ria “mulheres” tendo em vista a represen-
tação política, foi feita tendo como base 
a mulher branca, de classe média. Além 
disso, propõe, como era feito até então, 
a desconstrução das teorias feministas e 
representações que pensam a categoria 
de gênero de modo binário, masculino/
feminino. 
(RIBEIRO, 2014)
Trata-se, portanto, da desconstrução de 
paradigmas existentes no próprio movimento 
feminista, apresentando questões que se pro-
punham a repensar as definições de gênero, de 
sexualidade e de identidade até então inexis-
tentes ou não problematizadas. Ainda segundo 
Djamila Ribeiro, assim como O Segundo Sexo, 
de Simone de Beauvoir, se tornou o marco da 
segunda onda feminista, a obra Problemas de 
Gênero, de Judith Butler, se torna a principal 
referência teórica do feminismo em sua terceira 
onda (cf. BUTLER, 2015).
É importante ressaltar que a divisão da 
história do feminismo em três ondas coloca 
as mulheres brancas de classe média como os 
agentes centrais da história da luta pelos direitos 
das mulheres, numa análise em que mulheres 
não brancas tornam-se agentes secundários, 
somente aceitas no decorrer da História. De 
um momento para o outro, durante a terceira 
onda, mulheres não brancas aparecem para 
transformar o feminismo em um movimento 
multicultural. Como escrito anteriormente, 
essa perspectiva histórica estabelece o início 
do movimento feminista com o movimento 
Lélia Gonzalez (1935-1994). 
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A militância de Lélia Gonzalez em tor-
no do que ficou conhecido como o feminismo 
negro marcou a década de 1990, no Brasil. 
O feminismo negro já não era novidade nos 
Estados Unidos desde a década de 1960, em 
especial com a visibilidade alcançada pela ati-
vista Angela Davis, que se notabilizou por se 
afirmar não somente como mulher negra, mas 
também como comunista, candidatando-se por 
duas vezes à vice-presidência da maior po-
tência capitalista do planeta. Mas as ideias le-
vantadas por essa terceira onda tinham como 
principal referência as formulações da filóso-
fa Judith Butler. Segundo a filósofa feminista 
Djamila Ribeiro:
Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 347
das sufragistas e está relacionada a um ponto 
de vista eurocêntrico que ignora iniciativas, 
organizações e associações de outras mulheres, 
de outros continentes e etnias.
A perspectiva feminista clássica, que tem 
o seu paradigma na mulher branca ocidental, 
encobrindo as contradições intragênero e entre 
os gêneros em uma sociedade racializada,tendeu a apresentar as experiências desse grupo 
específico como sendo a experiência de todas as 
mulheres. O movimento feminista “oficial” não 
levou em consideração as sobreposições das 
desigualdades, pois gênero, raça e classe social 
se combinam de um modo muito cruel na vida 
de algumas mulheres. 
É preciso desmistificar, portanto, a visão 
universalizante do feminino, pois não há apenas 
um tipo de mulher e uma experiência em comum 
para todas. São diversos tipos de mulheres que 
têm lutado ao longo do tempo por um mundo 
com maior igualdade e pelos mesmos acessos 
e oportunidades a todas as pessoas. É claro 
que não se deve negar as contribuições feitas 
por feministas brancas, mas é importante não 
centrar a historicização e as análises somente 
nelas e no surgimento do feminismo nas 
sociedades branco-ocidentais.
Sendo assim, o feminismo negro pretende 
mostrar que a mulher negra sofre formas de 
opressão que não se reduzem às sofridas por 
mulheres brancas ou pelos homens. A África 
possui as civilizações mais antigas no mundo, 
e por mais que a palavra feminismo não seja 
de origem africana, o seu conceito de oposição 
ao patriarcado e a razão de ser do feminismo 
sempre estiveram presentes nesse continente.
No Brasil pós-Abolição, apenas o estatuto 
jurídico de homens e mulheres livres não 
garantiu aos negros acesso aos bens sociais 
e o direto à cidadania. Atualmente ainda 
permanecem substanciais diferenças entre os 
sexos, agravadas pela questão racial, fazendo 
com que a pobreza brasileira seja em sua 
maioria sofrida por mulheres negras. Essas 
são aquelas que, acumulando desvantagens 
e vulnerabilidades, encontram-se na base da 
pirâmide social. Existem reivindicações muito 
mais urgentes, como, por exemplo, poder 
alimentar seus filhos e colocá-los em uma 
creche pública enquanto trabalham.
Marcha das Mulheres Negras. 
Brasília, 18 de novembro de 2015.
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Como você aprendeu, o movimento 
feminista trouxe uma grande contribuição à 
autonomia e à luta das mulheres pelos seus 
direitos, dando voz às mudanças que já vinham 
ocorrendo nas sociedades ocidentais a partir 
da metade do século XX, como foi o caso do 
crescimento da participação das mulheres no 
mercado de trabalho. O trabalho feminino havia 
sido uma exigência dos esforços empreendidos 
nas Grandes Guerras, em especial entre 1939 e 
1945. Essa experiência, no entanto, aliada à luta 
pelo direito ao voto, empoderou ainda mais as 
mulheres daquela época. 
Mas, apesar dessas mudanças, atualmente 
ainda, presenciamos em nossa sociedade 
aquelas ideias sobre a predisposição natural 
de mulheres e homens. Uma forma de se 
pensar que as feministas chamam de ideologia 
machista. Vejamos de um modo bem sintético 
– e reiterando algumas questões apresentadas 
neste capítulo – como as teorias feministas 
criticam essa ideologia.
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas348
 
Para o movimento feminista as relações entre homens e mulheres acontecem da seguinte forma, 
em determinadas situações:
– A maioria dos homens tenta demonstrar que a opressão sobre as mulheres não existe e que a 
relação entre eles é paritária. Muitos homens e mulheres sustentam que hoje há entre os gêneros uma 
igualdade e que “as coisas não são mais como em tempos atrás”. 
– Os homens tendem a desestimular e a desvalorizar os momentos de encontro autônomo 
das mulheres. Muitos homens gostam de passar horas a fio entre eles, mas reclamam quando as 
mulheres fazem a mesma coisa.
– Os homens não suportam que as mulheres se divirtam de maneira autônoma e fora das regras 
estabelecidas por eles. Para muitas mulheres é impensável que, casadas e com filhos, saiam de casa para 
se divertir sem os maridos. 
– Os homens mantêm o próprio domínio com a coerção e a persuasão. A coerção se dá 
com a violência. O uso da violência por parte dos maridos ainda é tolerado, fazendo com que 
a violência doméstica se constitua como o principal problema das mulheres em todo o mundo.
– Em diversas partes do mundo as violências contra as mulheres também são justificadas 
ideologicamente por religiões, com destaque para as discriminações e agressões praticadas, por 
exemplo, por seguidores do islamismo, do hinduísmo e do cristianismo contra aquelas que, de 
alguma forma, não seguem rigidamente seus preceitos, ou pertencem a determinadas minorias 
étnico-religiosas.
– Uma violência recorrente em regiões de conflitos armados é o estupro de mulheres que 
pertençam a nações ou etnias consideradas como inimigas. O estupro, nesses casos, é praticado 
por militares e milícias armadas como mais uma forma de subjugar os adversários também sob 
o ponto de vista moral.
– A persuasão sempre se deu através de sistemas de ideias que têm como características básicas 
preconceitos não provados cientificamente. Hoje a persuasão mais eficaz se efetiva com a produção 
cultural da mídia. Este recurso tende a fazer parecer normal a divisão dos papéis e permite maior 
fôlego aos homens. Apesar de a maioria da população mundial ser constituída por trabalhadores – 
principalmente operários, camponeses, comerciários etc. – cujas vidas são ricas, interessantes e variadas, 
a grande maioria dos filmes, novelas e romances tem como protagonistas homens brancos, burgueses 
e intelectuais.
– A maioria das mulheres é chantageada economicamente pelos homens. Muitas dependem 
economicamente dos maridos na maior parte do mundo.
– As formas de dominação podem ser mais ou menos intensas. Entre mulheres não há diferença 
somente entre a burguesa e a trabalhadora, mas também entre uma médica e uma dona de casa 
da periferia das grandes cidades. Outra diferença notória também se dá em relação à cor da pele: a 
realidade enfrentada por uma mulher negra não é a mesma que a vivenciada por uma mulher branca.
– Entre as mulheres há muita concorrência, sobretudo naquilo que os homens as avaliam com maior 
destaque: a beleza (o que é, em determinadas épocas, considerado padrão de beleza feminina). Do sucesso 
desta característica pode depender a sua posição social. O capitalismo estimula tal competição.
– A dominação é introjetada pelas mulheres. Por isso é difícil para elas o reconhecimento da 
dominação da qual são vítimas. A maioria não se dá conta e não se considera incluída nesse contexto. 
Uma jovem educada pela ideologia machista – convencida de que é sedutora e adequada à imagem 
esperada pelos rapazes – dificilmente se reconhecerá como dominada. Ao contrário, terá a impressão 
de ser “natural” e de dispor de um terrível poder (de sedução) sobre os homens.
– Da parte de algumas mulheres há a tendência equivocada de tirar proveito dos mais fracos. 
Algumas descontam nos filhos o não enfrentamento do marido violento.
– Uma outra tendência das mulheres que impede a tomada de consciência é aquela de não 
generalizar a própria condição. Assim, grande parte das esposas tende a pensar que o problema que 
ela está enfrentando se refere somente ao “seu” marido, à sua condição de opressão específica.
 
Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 349
Primeira Marcha das Vadias, 
Toronto, Canadá, 2011.
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Você concorda com cada uma destas 
análises? Discorda de alguma? Por quê? Discuta 
com os seus colegas e com os professores. 
Aproveite também para pesquisar a 
respeito da existência de “escravas sexuais” 
em determinadas partes do planeta (como é o 
caso das mulheres de etnia yazidi, no Iraque); 
sobre a situação de abandono vivido pelas 
mulheres que cumprem penas em penitenciárias 
brasileiras; sobre o porquê de que somente em 
2015 as mulheres puderam votar em eleições 
na Arábia Saudita; sobre o assédio sexual e as 
represálias que meninas estudantes brasileiras 
de Ensino Fundamental e Médio sofrem nas 
escolas em razão das roupas que vestem. Você 
pode levantar muitas questões sobre violência 
de gêneronas sociedades atuais, infelizmente.
O transfeminismo e as “vadias”
Quando falamos de feminismo nos dias 
de hoje, além de todas as questões levantadas, 
há a necessidade ainda de se destacar também 
uma corrente que ficou conhecida como 
transfeminismo. Como o próprio nome já aponta, 
trata-se do movimento organizado e em defesa 
das demandas e reivindicações das mulheres 
transgêneras. Definem-se dessa forma aquelas 
mulheres que, em tempo integral, parcial ou em 
momentos específicos da sua vida, demonstram 
algum grau de desconforto ou se comportam de 
maneira discordante do gênero em que foram 
enquadradas e reelaboram suas identidades 
de gênero rompendo com a visão binária 
que reconhece somente gêneros masculino e 
feminino e com a heteronormatividade. Entre 
suas demandas específicas podemos citar o 
reconhecimento do uso de um nome social 
(em substituição àquele que consta em seus 
documentos de identificação), a retificação do 
registro civil, as cirurgias de transgenitalização, 
o uso do banheiro em acordo com a identidade 
autorreconhecida, a implementação de ações 
que combatam a discriminação no mercado 
de trabalho (dada a imensa dificuldade que 
mulheres trans têm de se obter empregos com 
carteira assinada, por exemplo) e a denúncia 
da violência que sofrem diariamente, com 
a luta pela criminalização da transfobia. 
A luta de transgêneros e transexuais por 
reconhecimento e direitos colocou sob crítica 
a heteronormatividade e reforçou a oposição 
entre o cisgênero e o transgênero. A palavra 
cisgênero aponta para a identidade de gênero 
construída com base no sexo biológico de 
nascimento de um determinado indivíduo, 
identidade considerada socialmente aceita para 
o sexo biológico em questão. Diz respeito, 
portanto, aos indivíduos não trans. O avanço 
dos debates sobre os transgêneros impactou 
os movimentos feministas de forma crítica, 
revelando novas camadas de opressão.
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas350
Como demonstram os exemplos relacio-
nados neste capítulo, percebe-se que as 
mulheres são vítimas de distintas formas de 
opressão. Essas não ocorrem de forma isolada: 
na prática, existem interseções nas diversas 
demandas das lutas das mulheres, com um 
cruzamento envolvendo questões de gênero, 
de raça, de classe social e/ou de sexualidade. 
Como descrito por Djamila Ribeiro (2014), a 
ideia de uma mulher “genérica”, “universal” 
esconde essas mulheres concretas, com 
reivindicações e desejos específicos, cuja luta 
reflete o grau das relações de poder presentes 
na sociedade. Existem outros saberes, outras 
culturas, outras experiências à margem dos 
poderes e da ideologia que predomina. Dessa 
forma, mulheres afrodescendentes, indígenas, 
quilombolas, lésbicas, bissexuais, transexuais, 
travestis, isto é, essas que não pertencem ao 
mundo oficial e escolarizado, através das lutas 
sociais fazem-se presentes neste momento, 
batalhando pelo seu espaço e colocando-se 
como partes fundamentais da construção de 
propostas de políticas públicas que envolvem 
seus direitos em relação à saúde, à educação e 
ao emprego.
Pense um pouco: você convive com colegas 
cuja identidade de gênero escapa ao padrão 
normativo e binário de homem e mulher? Como 
tais colegas estão inseridos e suas identidades 
reconhecidas no espaço escolar?
Neste início de século XXI, também 
assistimos os surgimento de um novo movimento 
de mulheres, intitulado por alguns como o 
início de uma quarta onda do feminismo (ver, 
por exemplo, OLIVEIRA e KORTE, 2014). 
Esse novo movimento apresenta algumas 
características bem demarcadas e organiza, 
entre outras ações, as polêmicas manifestações 
autointituladas como “Marchas das Vadias” 
(“SlutWalk”, em inglês). Elas tiveram início 
em Toronto, Canadá, em 3 de abril de 2011. 
Essa primeira marcha foi convocada como 
protesto contra os diversos casos de abuso 
sexual que ocorrera em janeiro daquele ano na 
Universidade de Toronto, como resposta a um 
policial que recomendara, equivocadamente, 
que “as mulheres evitassem se vestir como 
vadias (sluts), para não serem vítimas”. 
Esse primeiro protesto contra a tentativa de 
culpabilização das vítimas – prática comum em 
casos assim, em todo o mundo ocidental – levou 
3 mil pessoas às ruas de Toronto, sendo logo 
seguido por manifestações em outras cidades, 
como Chicago, Los Angeles, Amsterdã, Buenos 
Aires, entre outras, se espalhando também 
pelo Brasil, alcançando praticamente todas as 
capitais, a começar por São Paulo, em junho 
de 2011, e se reproduzindo depois por dezenas 
de cidades localizadas no interior do país. A 
Marcha das Vadias, portanto, saiu às ruas contra 
a ideia machista de que as mulheres que são 
vítimas de estupro seriam as “responsáveis” por 
essa violência, que a teriam provocado através 
do seu comportamento. Como alvos desta 
crítica atual dos movimentos feministas estão 
afirmações que em si constituem violência 
simbólica, a exemplo de que algumas mulheres 
mereceriam ser estupradas ou de que o assédio 
é normal na relação entre homem e mulher. 
Assim, as mulheres marcham denunciando 
os casos de estupros, mas utilizando roupas 
transparentes, lingerie, saias curtas, ou somente 
sutiãs – ou nem estes. Daí toda a polêmica 
criada em torno desses atos, acrescida pela 
denúncia da hipocrisia reinante na sociedade, 
das performances teatrais provocativas e do 
fato do movimento não poupar as autoridades 
Marcha das Vadias, em Brasília, 2011.
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Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 351
e as instituições religiosas, consideradas como 
responsáveis pelos seus discursos moralizantes 
que culpabilizam e que subalternizam as 
mulheres diante da dominação masculina.
Como você já sabe, as críticas à condição 
de opressão vividas pelas mulheres não podem 
ser generalizadas para todos os seres humanos, 
entretanto, algumas delas podem servir como 
base de análise sobre a nossa sociedade. Uma 
coisa, porém, é certa: o feminismo, a entrada 
massiva das mulheres no mercado de trabalho 
e o aumento considerável do seu nível de 
educação formal no século XX provocaram 
muitas mudanças na relação entre homens e 
mulheres e, principalmente nas identidades de 
gênero, como foi exposto no início do capítulo. 
Os movimentos feministas, de certa forma, 
mobilizaram e despertaram muitos grupos de 
mulheres e de homens a questionar as ideias 
antigas de que existe uma predisposição natural 
– biológica – para o papel de homem e o de 
mulher e de que as identidades de gênero se 
reduzem a duas, estáticas e pré-fixadas, homem 
e mulher. Assim, cumprem o papel de dar voz às 
mulheres invisibilizadas e aos demais gêneros 
que não se enquadram na norma socialmente 
reconhecida.
Violência de gênero e 
legislação brasileira
A violência contra a mulher “é qualquer 
ato ou conduta baseada no gênero, que cause 
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou 
psicológico à mulher, tanto na esfera pública 
como na esfera privada” (OEA, 1994). Essa 
violência pode ser visível e explícita, como a 
agressão física, a morte, o estupro e a ameaça, 
ou invisível e sutil, como na publicidade e no 
humor machista, assim como em ameaças, 
constrangimentos, humilhação, vigilância, 
perseguição, chantagem, calúnia, difamação 
e injúria. Infelizmente ainda não é possível 
comemorar a diminuição e muito menos a 
erradicação dessas formas de violência no 
Brasil. 
No plano legislativo, podemos afirmar que 
uma grande conquista das mulheres no Brasil 
foi a chamada Lei Maria da Penha (Lei 11.340, 
sancionada em 7 de agosto de 2006), elaborada 
e aprovada pelo Congresso Nacional com o 
objetivo de coibir a violência doméstica e familiar 
contra as mulheres. A Lei, em diversos itens, 
garante às mulheres atendimento específico 
nas delegacias em caso de violência doméstica 
e familiar, além de providenciar investigações 
sobre os agressores. A Lei acabou com 
as penas pagas em cestas básicas ou 
multas e tornou o Estadoo responsável 
pelo enfrentamento da violência contra 
a mulher. Possibilita que agressores 
de mulheres no espaço doméstico ou 
familiar sejam presos em flagrante 
ou tenham sua prisão preventiva 
decretada. Foi chamada de Maria da 
Penha em homenagem à farmacêutica 
Maria da Penha Maia Fernandes (1945) 
que, em 1983, por duas vezes, sofreu 
tentativa de assassinato por parte do 
marido, ficando paraplégica. Ela se 
tornou uma grande ativista-símbolo 
da luta das mulheres no combate à 
violência doméstica.
Marcha das Vadias. São José 
dos Campos/SP, 2012.
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Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas352
As diversas lutas desencadeadas pelo mo-
vimento feminista fizeram com que ocorressem 
no Brasil algumas mudanças no cotidiano das 
trabalhadoras brasileiras. No Rio de Janeiro, 
por exemplo, em 2006, foi aprovada uma lei que 
obriga trens e metrôs do estado a reservarem 
um vagão apenas para as mulheres, nos dias 
úteis, das 6h às 9h e das 17h às 20h. O objetivo 
dessa lei era reduzir os casos de assédio sexual 
nesses meios de transporte e que as mulheres 
se sentissem seguras no vagão reservado a 
elas. Portanto, uma reivindicação histórica dos 
movimentos feministas, que era a luta contra o 
assédio violento dos homens, se transforma em 
lei, numa tentativa de mudar o cotidiano urbano 
de muitas pessoas.
violência física (51,68%). Os demais casos 
registrados foram de violência psicológica 
(16.846 ocorrências – ou 31,81%), violência 
moral (5.126 = 9,68%), violência patrimonial 
(1.028, correspondendo a 1,94%), violência 
sexual (1.517, ou 2,86%), 931 denúncias de 
cárcere privado (1,76%) e 140 casos de violência 
envolvendo o tráfico de drogas (0,26 ).
Há também a caracterização do que hoje é 
intitulado como feminicídio, que é a perseguição 
e o assassinato de pessoas do sexo feminino em 
função de questões de gênero, ou seja, a mulher 
é morta pelo fato de ser mulher. Segundo a 
campanha “Compromisso e Atitude”, entre 
1980 e 2010 ocorreram 92 mil assassinatos de 
mulheres no Brasil, sendo que quase a metade 
(43,7 mil) somente na última década. De acordo 
com o Mapa da Violência 2012, o número de 
mortes no período citado apresentou aumento 
de 230%. Fazendo outro recorte desses dados, o 
Mapa da Violência 2015 revelou um aumento de 
190,9% de assassinatos de mulheres e meninas 
negras no período 2003-2013.
O feminicídio foi classificado como um 
crime hediondo no Brasil somente em março de 
2015. Um crime é considerado hediondo quan-
do o delito em questão é caracterizado como 
repugnante, bárbaro ou asqueroso. A Lei do 
Feminicídio n. 13.104/2015 aumentou a pena 
para essas agressões de 12 para até 30 anos.
O que você acha dessas medidas legislati-
vas? Pesquise a respeito dessas leis e avalie se 
elas contribuíram, de alguma forma, para mo-
dificar as relações entre homens e mulheres em 
nosso país. Aproveite para pesquisar discus-
sões no Congresso Nacional e na Assembleia 
Legislativa de seu estado que possam afetar as 
garantias legais existentes atualmente. Discuta 
com seus colegas e professores.
Por que é importante estudar e 
pesquisar sobre as mulheres?
Para mostrar a sua invisibilidade como 
sujeito, inclusive como sujeito da ciência, das 
letras, das artes e do conhecimento. Para tornar 
visíveis aquelas que foram ocultadas ao longo 
da História. Para alcançarmos igualdade de 
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Encerrando este capítulo, vale atualizar 
dados gerais bastante significativos e denun-
ciadores a respeito da violência praticada contra 
as mulheres brasileiras. De acordo com alguns 
compilados pela Campanha “Compromisso 
e Atitude”, que divulga, defende e organiza 
ações em prol do cumprimento da Lei Maria da 
Penha (http://goo.gl/gBH4aN), das mulheres 
submetidas a situações de violência em todo 
o país – segundo a Central de Atendimento à 
Mulher, da Presidência da República, em 2014 
–, enquanto 35% são agredidas semanalmente, 
43% sofrem agressões diárias. Dentre os casos 
de violência doméstica, 23,51% se dão desde o 
início da relação.
Ainda em 2014, do total de 52.957 de-
núncias de violência, 27.369 representaram 
Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 353
gênero, igualdade salarial, erradicar a violência 
de gênero, ampliar os seus direitos de cidadania 
e para que a mesma saia da condição de objeto 
em que foi colocada. 
A violência contra as mulheres não pode 
ser algo aceito e tolerado como inerente ao ser 
humano. Os papéis sociais impostos a mulheres 
e homens, reforçados por culturas patriarcais, 
estabelecem relações de dominação e violência 
entre os gêneros. Em virtude do componente 
cultural é que se faz fundamental a ação 
educativa, a fim de construir uma sociedade livre 
de estereótipos que conduzem a uma relação 
de desigualdade. A escola deve promover uma 
educação pela igualdade entre os gêneros e 
interferir na construção e desenvolvimento 
de pessoas livres desses padrões, nos quais a 
dignidade e o respeito mútuo sejam as diretrizes 
principais.
Qual é sua avaliação sobre todas 
as informações, análises e reflexões que 
apresentamos neste capítulo? Agora que você 
conheceu de um ponto de vista científico 
um pouco mais a respeito de como se dão as 
relações de gênero em nossa sociedade, qual é 
a sua posição, sobre o feminismo e as suas lutas 
históricas?
Precisamos refletir sobre a importância 
dos grupos dominados se tornarem canais de 
resistência e luta, sem se prender a identidades 
fixas e imutáveis, a padrões pré-estabelecidos e 
tidos por “naturais”. Você concorda que, através 
dos estudos feministas e do maior engajamento 
em movimentos sociais e coletivos de mulheres, 
pode-se transformar e mudar a realidade de 
discriminação e violência que descrevemos 
aqui? Concorda que o conhecimento científico, 
como desenvolvido pela Sociologia, por 
exemplo, pode nos libertar de modos enviesados 
de ver as relações sociais de gênero? Afinal, para 
você, a educação está diretamente relacionada à 
possibilidade de mudanças na sociedade? 
Para você refletir, segue uma reflexão 
apresentada pela escritora nigeriana 
Chimamanda Ngozi Adichie: “O gênero 
dita o modo como experimentamos o 
mundo. Mas podemos mudar isso (...) a 
cultura está em constante mudança (...) 
não é a cultura que molda as pessoas, 
são as pessoas que fazem a cultura”. 
 (ADICHIE, 2015).
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Chimamanda Ngozi Adichie é escritora nigeriana. Uma das 
personalidades africanas atuais que mais contribui para a divulgação 
da luta das mulheres e da literatura africana contemporânea.
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas354
Interdisciplinaridade
Conversando com a Biologia
“Ser um homem feminino não fere o meu lado masculino!”
Lana Fonseca
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas354
A frase acima foi retirada da música Masculino 
e feminino, do guitarrista brasileiro Pepeu Gomes1, e 
traz para nós uma refl exão muito importante: o que 
determina nossa masculinidade ou nossa feminilidade?
Do ponto de vista biológico, ser homem ou ser 
mulher se refere aos nossos cromossomos sexuais, o 
par de genes que determina nosso sexo. No caso de 
termos um par XX seremos mulheres, caso tenhamos 
um par XY seremos homens.
Mas o que é ser homem ou ser mulher? 
Biologicamente falando, é ter caracteres sexuais 
primários (sistema reprodutor) e secundários (seios, 
pelos, voz, dentre outros) de homem ou de mulher. Mas, 
e do ponto de vista social? Podemos determinar o que é 
ser homem ou mulher?
Entendemos que a determinação do gênero ou da 
orientação sexual é um conjunto de fatores complexos 
que não pode ser determinado apenas biologicamente. 
Entretanto, há uma imensa disputa na sociedade sobre 
esse tema: seria a sexualidade determinada apenas 
pela nossa carga genética? Os cientistas hoje estão 
divididos sobre essa questão; muitos afi rmam que a 
homossexualidade, por exemplo, seria um distúrbio,uma doença e que, portanto, teria cura! 
Contudo, a comunidade científi ca ainda não 
chegou a uma teorização sobre essa questão e não 
podemos afi rmar que a orientação sexual possa ser 
determinada apenas pela carga genética de cada 
indivíduo. 
Outra questão polêmica que vem sendo enfrentada 
pela sociedade, no decorrer de sua História, é o “mito da 
superioridade masculina”. Por muitas vezes, a ciência 
foi usada para “comprovar” uma suposta superioridade 
dos homens sobre as mulheres e servir de base para 
inúmeras atrocidades contra estas.
Mas o que há de realidade nessas afi rmações? 
Homens e mulheres são diferentes sim, mas essas 
diferenças não podem defi nir valores, hierarquias ou 
discriminação. Somos todos Homo sapiens sapiens, 
com direitos iguais.
Nesse sentido, temos que ter muito cuidado 
para que a Biologia não seja usada, mais uma vez, 
em nome do preconceito, da discriminação e da 
barbárie. O fato de possuirmos um único par de genes 
que nos diferencianão pode ser usado como motivo 
para subjugação de um indivíduo sobre o outro. Da 
mesma forma, a orientação sexual, seja determinada 
geneticamente ou não, não nos torna piores ou melhores 
do que ninguém, pois já sabemos que a atividade 
sexual nos animais não serve apenas à perpetuação da 
espécie, como foi historicamente divulgado. Inúmeras 
espécies animais buscam o sexo para outras funções 
(prazer, relação social, pertencimento ao grupo) além 
da reprodução.
Podemos concluir que a Biologia é um poderoso 
instrumento para desmistifi carmos preconceitos sociais, 
desde que usada com justiça e equidade.
Lana Claudia de Souza Fonseca é professora da 
UFRRJ. Graduada em Biologia pela UFRRJ e Doutora 
em Educação pela Universidade Federal Fluminense.
1 Masculino e Feminino. Artista e compositor: Pepeu Gomes, gravadora: 
Sony/CBS – 1983.
Capítulo19 - “Chegou o caveirão!” E agora? Violência e desigualdades sociais 355
Interatividade
Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 355
Revendo o capítulo
1 – O que signifi ca feminismo? Explique e 
caracterize as chamadas “quatro ondas” do 
movimento feminista, apresentando também as 
críticas que o identifi cam com uma perspectiva 
eurocêntrica.
2 – O capítulo se encerra apresentando diversos 
dados sobre a condição das mulheres em nosso 
país. A partir dessas informações, (a) pesquise 
e atualize os números a respeito da violência 
contra as mulheres brasileiras, incluindo os 
dados sobre os casos de feminicídio; e (b) 
pesquise e apresente para a turma dados sobre 
a condição das mulheres em outras partes do 
planeta, comparando com a realidade que 
vivemos aqui.
3 – Caracterize o que pode ser entendido como 
assédio sexual, comentando as informações 
contidas no seguinte cartaz:
Dialogando com a turma
1 – Faça um levantamento de frases difundidas 
pelo movimento feminista, em seus diversos 
contextos históricos e culturais, e debata com 
a sua turma os signifi cados, as concepções e as 
polêmicas envolvidas em cada uma delas, assim 
como os mecanismos que regem as ideologias 
machistas.
 Alguns exemplos:
 – “Não se nasce mulher, torna-se” (Simone de 
Beauvoir);
 – “Meu corpo, minhas regras”;
 – “Eu não vim da sua costela; você é que veio 
do meu útero!”;
 – “Mulher bonita é aquela que luta!”.
2 – Pesquise, leia e debata com a turma o conteúdo 
do Manifesto da “Marcha das Vadias”. 
Verifi cando o seu conhecimento
1 – (ENEM 2015)
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum 
destino biológico, psíquico, econômico defi ne 
a forma que a fêmea humana assume no seio da 
sociedade; é o conjunto da civilização que elabora 
esse produto intermediário entre o macho e o 
castrado que qualifi cam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 1980.
Na década de 1960, a proposição de Simone de 
Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento 
social que teve como marca o (a)
(A) ação do Poder Judiciário para criminalizar a 
violência sexual.
(B) pressão do Poder Legislativo para impedir a 
dupla jornada de trabalho.
(C) organização de protestos públicos para garantir 
a igualdade de gênero.
(D) oposição de grupos religiosos para impedir os 
casamentos homoafetivos.
(E) estabelecimento de políticas governamentais 
para promover ações afi rmativas.
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Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas356 Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas356
2 – (ENEM 2015) 
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes 
e com base nos conhecimentos construídos ao 
longo de sua formação, redija texto dissertativo-
-argumentativo em modalidade escrita formal da 
língua portuguesa sobre o tema “A persistência 
da violência contra a mulher na sociedade 
brasileira”, apresentando proposta de intervenção 
que respeite os direitos humanos. Selecione, 
organize e relacione, de forma coerente e coesa, 
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 
TEXTO I – Nos 30 anos decorridos entre 1980 e 
2010 foram assassinadas no país acima de 92 mil 
mulheres, 43,7 mil só na última década. O número 
de mortes nesse período passou de 1.353 para 
4.465, que representa um aumento de 230%, mais 
que triplicando o quantitativo de mulheres vítimas 
de assassinato no país. 
WALSELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2012. Atualização: 
Homicídio de mulheres no Brasil. Disponível em: www.
mapadaviolencia.org.br. Acesso em: 8 jun. 2015. 
TEXTO II – TIPO DE VIOLÊNCIA RELATADA 
BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Balanço 
2014. Central de Atendimento à Mulher: Disque 180. Brasília, 
2015. Disponível em: www.spm.gov.br. Acesso em: 24 jun. 
2015 (adaptado). 
TEXTO III
Disponível em: 
www.compromissoeatitude.org.br. 
Acesso em: 24 jun. 2015 
(adaptado). 
TEXTO IV
O IMPACTO EM NÚMEROS – Com base na 
Lei Maria da Penha, mais de 330 mil processos 
foram instaurados apenas nos juizados e varas 
especializados. 
332.216 processos que envolvem a Lei Maria 
da Penha chegaram, entre setembro de 2006 e março 
de 2011, aos 52 juizados e varas especializados em 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher 
existentes no País. O que resultou em:
58 mulheres e 2.777 homens 
enquadrados na Lei Maria da 
Penha estavam presos no País em 
dezembro de 2010. Ceará, Rio de 
Janeiro e Rio Grande do Sul não 
constam desse levantamento feito 
pelo Departamento Penitenciário 
Nacional.
237 mil relatos de violência 
foram feitos ao Ligue 180, serviço 
telefônico da Secretária de Políticas 
para as Mulheres.
Sete de cada dez vítimas que telefonaram para 
o Ligue 180 afirmaram ter sido agredidas pelos 
companheiros.
Fontes: Conselho Nacional de Justiça, Departamento Penitenciá-
rio Nacional e Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 24 jun. 2015 
(adaptado)
Capítulo19 - “Chegou o caveirão!” E agora? Violência e desigualdades sociais 357
sem fi ns lucrativos, que promove e facilita a 
interconexão entre grupos de mulheres em todo 
o Brasil, constituindo uma rede de serviços em 
educação popular feminista. Acesso: janeiro/2016.
SURVIVOR, com Clarice Falcão: 
https://goo.gl/rwNG8x
Versão da atriz para o sucesso do grupo Destiny’s 
Child. No vídeo, Clarice e várias mulheres 
interpretam a letra da música passando batom 
vermelho pelo corpo. No fi m da exibição aparece 
a seguinte mensagem: “É preciso ter coragem para 
ser mulher nesse mundo. Para viver como uma. Para 
escrever sobre elas.” Acesso: janeiro/2016.
 MÚSICAS
DESCONSTRUINDO AMÉLIA – Autora e 
intérprete: Pitty
A letra deste rock faz uma referência direta ao samba 
“Ai que saudades da Amélia”, escrito na década de 
1940 por Ataulfo Alves e Mário Lago. Pitty retrata 
uma nova Amélia, que não entende por que ganha 
menos que o namorado, apesar de ter o mestrado, 
mas que não se sujeita e resolve virar a mesa.
22 – Autora e intérprete: Lily Allen
Será que ainda existem mulheres que sonham em 
encontrar um “príncipe encantado”que as venha 
resgatar de uma vida que parece sem sentido? 
Talvez isto fosse verdade aos 22 anos, mas parece 
improvável depois... 
 FILME DESTAQUE
AS SUFRAGISTAS (Suffragette) 
FICHA TÉCNICA:
Direção: Sarah Gavron
Elenco: Carey Mulligan, 
Helena Bonham Carter 
Meryl Streep
Duração: 106 min.
(Reino Unido, 2015).
O fi lme se passa no início 
do século XX e trata da luta 
das mulheres britânicas pelo 
direito ao voto. Depois de 
décadas de manifestações 
pacífi cas, um grupo de mili-
tantes decide organizar atos de insurgência, para chamar 
a atenção da população e dos parlamentares. Uma de suas 
novas líderes surge ao se engajar e adquirir formação po-
lítica no próprio movimento pela igualdade de direitos.
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Capítulo 22 - “Lugar de mulher é onde ela quiser?”Relações de gênero e dominação masculina no mundo de hoje 357
Pesquisando e refl etindo
 LIVROS
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Sejamos todos 
feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
A autora nigeriana parte de sua experiência pessoal 
de mulher para pensar o que ainda precisa ser feito 
para que meninas e meninos não se enquadrem nos 
estereótipos existentes que defi nem determinados 
comportamentos como “feminino” e como 
“masculino”. O livro é uma adaptação de um 
discurso feito pela autora, que teve mais de 1 milhão 
de visualizações nas redes sociais e foi musicado 
por Beyoncé. O vídeo está disponível em: https://
goo.gl/C9apyp Acesso: janeiro/2016.
MOREIRA ALVES, Branca; PITANGUY, 
Jacqueline. O que é feminismo. São Paulo: 
Brasiliense, 1985.
Este livro apresenta um histórico do movimento 
feminista até grande parte do século XX, suas 
principais ideias e as lutas das mulheres contra a 
ideologia machista.
 FILMES
ACORDA, RAIMUNDO... ACORDA (Brasil, 
1990). Direção: Alfredo Alves. Elenco: Paulo Betti, 
Eliane Giardini, José Mayer. Duração: 16 min. 
Sátira sobre as relações de opressão entre homens 
e mulheres. Você também pode encontrar este 
curta no site: http://vimeo.com/5859490. Acesso: 
janeiro/2016.
25 DE JULHO – O FEMINISMO NEGRO 
CONTADO EM PRIMEIRA PESSOA (Brasil, 
2013). Direção: Avelino Regicida. Duração: 62 min.
O documentário aborda sobre o desconhecimento da 
data e sobre o Feminismo Negro. Discute racismo e 
machismo, e aborda a invisibilidade do dia 25 de 
julho, em que se comemora o Dia da Mulher Afro-
-Latino-Americana e Caribenha, que foi criado em 
1992, após o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-
Americanas e Afro-Caribenhas. 
 INTERNET
REDE MULHER: http://www.redemulher.org.br
Segundo as organizadoras, a Rede Mulher de 
Educação é uma organização não governamental 
Unidade 3 - Relações Sociais Contemporâneas358
Aprendendo com jogos
O resgate da princesa
SALVE A PRINCESA... DO MACHISMO!
respeito às identidades de gênero?
3. Reconte o conto Narre o jogo por meio de 
um conto, de quadrinhos, de uma peça teatral 
dramatizando a narrativa do game ou, também, 
através de uma exposição crítica de diversas 
fontes como jornais, revistas ou internet (blogs, 
redes sociais, sites de jornais etc.) que apresentem 
a mesma visão sobre gênero que o jogo pretende 
questionar.
4. Reconstrua a narrativa do jogo, de modo que se 
incluam elementos críticos à visão sobre gênero 
disseminada no jogo (por exemplo, um fi nal 
surpreendente onde se descobre que a princesa não 
precisa nem deseja ser salva ou eventos no jogo 
que ensinem ao jogador sobre os estereótipos do 
personagem principal, o herói ou, ainda, a inversão 
dos papéis e até a inclusão de outras identidades de 
gênero na dinâmica do game).
5. As apresentações dos grupos terão de 5 a 15 
minutos para exposição de suas ideias e ao fi nal 
da atividade o (a) professor (a) poderá colocar a 
turma em círculo e discutir com os alunos o que 
aprendemos com os jogos sugeridos.
Jogos em que você assume o papel de um príncipe 
e o seu objetivo é salvar a princesa da bruxa ou do 
dragão são muito comuns. Mas você não irá encontrar 
com facilidade na história dos contos de fadas uma 
princesa que não queira ser resgatada – simplesmente 
porque a vontade dela parece não importar! Aqui o 
nosso objetivo será precisamente este: desconstruir 
noções preconceituosas relacionadas a gênero nos 
jogos tipo “resgate a princesa”. 
Como jogar:
1. Organize-se em quatro grupos com os seus 
colegas de sala. Cada grupo jogará um dos games 
online gratuitos apresentados acima. Todos os 
participantes dos grupos devem ter a experiência do 
jogo. Você acessa os jogos nos endereços: 
a) http://goo.gl/98qtGB
b) http://goo.gl/aNqKW5
c) http://goo.gl/U6LeJo
d) http://goo.gl/RkKHNv
2. Cada grupo produzirá um relato das experiências 
dos jogadores em relação ao jogo, que pode ser por 
escrito ou fi lmado (até por um 
celular! Isso normalmente é 
conhecido como o gameplay 
do jogo). Após todas e todos 
do grupo jogarem, discutam 
nos grupos os diferentes pa-
péis dos personagens do jogo e 
como a imagem da mulher frá-
gil que precisa ser salva é apre-
sentada. Respondam questões 
como: quais os pressupostos 
sobre as identidades sociais de 
gênero nos quais esses jogos se 
baseiam? Quais outros estere-
ótipos encontramos nos games 
indicados? Como as histórias 
narradas nesses jogos pode-
riam ser diferentes, no que diz 
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