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AÇÃO DE INDENIZACAÇÃO POR DANOS MORAIS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DO ESTADO BETA
Maria Angélica, brasileira, viúva, profissão, RG ..., CPF ..., endereço ..., endereço eletrônico ..., vem, por meio de seu advogado ao final assinado (procuração em anexo), ajuizar a presente AÇÃO DE INDENIZACAÇÃO POR DANOS MORAIS E PENSÃO POR ATO ILÍCITO C/C PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA com base no artigo 37, §6º, da Constituição Federal/88, artigo 43 do Código Civil e artigos 319 e 300, ambos do Código de Processo Civil, em face do ESTADO BETA, pessoa jurídica de direito público, CNPJ ..., endereço ..., endereço eletrônico ..., neste ato representado pela AGE, endereço ..., endereço eletrônico ..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I – DOS FATOS
Joaquim dos Anjos foi condenado à pena privativa de liberdade pelo prazo de 14 anos pela prática do crime de roubo seguido de lesão corporal de natureza grave (art. 157, § 3º, I do Código Penal) em razão de decisão penal transitada em julgado proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado Beta. A partir da sentença penal condenatória transitada em julgado, foi direcionado para a penitenciária Alcatraz, localizada no Estado Beta, em janeiro de 2020. 
Apesar das diversas tentativas da Defensoria Pública de obter a ordem de soltura, Joaquim dos Anjos permaneceu preso, até que, em março de 2020, foi morto durante rebelião que ocorreu no presídio em que estava preso. A imprensa divulgou de forma ampla o ocorrido, noticiando inclusive que diversas testemunhas relataram o ingresso de armas no presídio onde ocorreu a rebelião com a participação de agentes penitenciários e do próprio Diretor do presídio, fato que está sendo apurado em inquérito conduzido pelo Estado Beta. 
Joaquim dos Anjos era casado com Maria Angélica e pai de 3 filhos menores, Matheus, Marcus e Marcelo. Inconformada, Maria Angélica procurou você para, na qualidade de advogado (a), tomar as medidas judiciais cabíveis de modo a obter a responsabilização civil do Estado. Ela possui documentos que demonstram que ele era o responsável pelo sustento da família. Maria Angélica informa ter problemas de saúde e que está incapaz para o trabalho, não tendo condições de prover o sustento de sua família. 
II – DOS FUNDAMENTOS
a) Da Responsabilidade Civil do Estado
Analisando a Constituição Federal de 88, em especial em seu art. 5º, XLIX, fica claro que, mesmo diante do principio da isonomia e da dignidade da pessoa humana, todos com tônus constitucional de clausula pétrea, foi que o constituinte de forma expressa determinou que a integridade moral e física dos presos deve ser assegurada. Sendo que o Estado, ao assumir a responsabilidade de encarceramento de pessoas humanas atrai, para si, a responsabilidade objetiva, prevista no art. 37, §6º, da Constituição Federal/88.
Portanto, conforme se verifica, à luz dos dispositivos constitucionais acima citados, fica certa a responsabilidade objetiva do Estado Beta ao presente caso.
b) Do dano moral
Após longo embate doutrinário e jurisprudencial sobre a possibilidade de indenização do dano moral, a questão foi completamente superada, conforme baseada no artigo 5º, inciso X, da Constituição de 1998:
“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano moral ou material decorrente dessa violação”.
Quando se pleiteia uma ação visando uma indenização pelos danos morais sofridos, não se busca um valor pecuniário pela dor sofrida, mais algo que atenue, em parte, as consequências do prejuízo sofrido. Visa-se, também, com a reparação pecuniária de um dano moral imposta ao responsável, uma sanção justa para o causador do dano moral. Assim se tem manifestado Guilherme Couto de Castro:
“Diante da impossibilidade de dar preço infligida ao lesado, há de se tangenciar os verdadeiros valores protegidos e para isso há de ser ter como paradigma elementos objetivos consubstanciados basicamente num duplo caráter, compensatório e punitivo. Sua fixação tem como fim, sob o primeiro ângulo, trazer benefício apto a, de certo modo, permitir um alívio à vítima, ajudando-a a liberar-se do sofrimento, ou reconfortando-a , através do percebimento pecuniário. Não se trata de pagar a dor já sentida, admitindo-se, isto sim, que o valor estipulado ao trazer benesse para quem padeceu sentimentalmente, implique uma compensação justa, já sob o aspecto punitivo o montante deve ser fixado de modo a não admitir que o agente saia lucrando ou plenamente satisfeito com a ilegal conduta”.
A tormenta maior que cerca o dano moral, diz respeito a sua quantificação, pois o dano moral atinge o íntimo da pessoa, de forma que o seu arbitramento não depende de prova de prejuízo de ordem material. Mesmo diante da imensurável dificuldade em arbitrar-se o valor do quantum da indenização, ante a falta de reais parâmetros, a doutrina tem se manifestado no sentido que ficará ao arbítrio do juiz a apreciação deste valor, levando-se em consideração algumas diretrizes, senão vejamos:
“A fixação do quantum competirá ao prudente arbítrio do magistrado de acordo com o estabelecido em lei, e nos casos de dano moral não contemplado legalmente a reparação correspondente será fixada por arbitramento. É de competência jurisdicional o estabelecimento do modo como o lesante deve reparar o dano moral, baseado em critérios subjetivos (posição social ou política do ofendido, intensidade do ânimo de ofender) ou objetivo (situação econômica do ofensor, risco criado, gravidade e repercussão da ofensa).” 
Na mesma linha de raciocínio, a orientação emanada do Colendo Superior tribunal de Justiça é no sentido de que o valor da indenização por danos morais deve ser entregue ao prudente arbítrio do juiz que motivadamente deve atender à peculiaridade de cada caso concreto e tomar em consideração à sua dupla finalidade: reparatória e pedagógica. A primeira visa dar uma satisfação à vítima pelo dano sofrido, enquanto que a segunda tem o propósito de desestimular eventual reincidência do autor da lesão. Evidentemente o resultado final também leva em consideração as possibilidades e necessidades das partes de modo que não seja insignificante, a estimular a prática do ato ilícito, nem tão elevado que cause o enriquecimento indevido da vítima.
Portanto, A reparação pelos danos morais deve se dar por arbitramento, levando em consideração o valor do bem violado pelo Réu, a gravidade e repercussão da ofensa, a condição financeira deste do Estado e a finalidade pedagógica, conforme dizem os artigos 186 e 927, ambos do Código Civil.
c) Da Pensão por Ato Ilícito
Conforme se verifica no caso, o detento morto no presídio contribuía em 100% financeiramente para manter a sua família, agora representada pela sua esposa.
No que tange ao direito da Requerente em perceber alimentos por parte do Estado Beta, a jurisprudência tem se posicionado da seguinte forma:
“DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. MORTE DO PRESO SOB CUSTÓDIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. DANO MORAL CONFIGURADO. PENSÃO POR MORTE FIXADA EM 2/3 (DOIS TERÇOS) DO SALÁRIO MÍNIMO. CORREÇÃO MONETÁRIA. FATO OCORRIDO APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA LEI 9.494/97. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. O ESTADO RESPONDE, OBJETIVAMENTE, POR DANO DECORRENTE DE ASSASSINATO DE PRESO OCORRIDO DENTRO DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL ONDE A VÍTIMA SE ENCONTRAVA RECOLHIDA E SOB A CUSTÓDIA DO ÓRGÃO ESTATAL. 2. NOS CASOS DE DANO MORAL DECORRENTE DA DOR EXPERIMENTADA PELA AUTORA, PELA MORTE DA VÍTIMA (SEU PAI), SUA QUANTIFICAÇÃO DEVE SER FIXADA DE FORMA MODERADA E CRITERIOSA, DE MODO QUE NÃO IMPORTE EM ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA à favorecida, NEM SEJA INSIGNIFICANTE PELA CIRCUNSTÂNCIA por ela EXPERIMENTADA. 3. Diante da presunção de dependência econômica da filha com o pai, a pensão mensal deve ser arbitrada em 2/3 (dois terços) do salário mínimo, devida pelo ente público a ela, até que complete 25 (vinte e cinco) anos de idade. 4. Devem ser aplicadas as disposições contidas no artigo1º-F da Lei 9.494, de 10 de setembro de 1997, tendo em vista que o evento danoso em 14/11/2011, portanto ocorreu após a sua entrada em vigor 5. Merecem ser mantidos os honorários advocatícios de sucumbência, quando atendidos os preceitos elencados no artigo 20, §§ 3º e 4º, do Código de Processo Civil. REMESSA OBRIGATÓRIA E APELO CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
(TJGO, DUPLO GRAU DE JURISDICAO 305240-78.2013.8.09.0206, Rel. DES. FRANCISCO VILDON JOSE VALENTE, 5A CÂMARA CIVEL, julgado em 27/08/2015, DJe 1863 de 04/09/2015)”
III – DA TUTELA DE URGÊNCIA
No presente caso, tendo vista a gravidade do dano causado a Requerente, pois a mesma perdeu seu esposo em uma rebelião, há a necessidade de urgência em reparar os danos causados pelo Estado Beta, ora responsável pelos presídios de sua competência, a qual poderá ser realizada através da concessão de tutela antecipada.
Tal concessão encontra-se prevista nos artigos 294 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, vejamos:
“Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência e evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.”
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.”
Para a concessão da tutela de urgência exigem-se os requisitos da demonstração do fumus boni iuris, a probabilidade do direito, ou fumaça do bom direito pode ser comprovada a partir da prova documental, da certidão de óbito, dentre outros, todos em anexo ao final.
Outro importante requisito é o periculum in mora, o perigo da demora na concessão da tutela pode ser capaz de prejudicar a Requerente, de modo a comprometer a efetividade do processo ao final, pois encontra-se desesperada e desamparada, pois perdeu seu marido, que era o responsável pelo sustento da família.
Vejamos o que dispõe o artigo 305 do Novo Código de Processo Civil:
“Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.”
Eis que resta demonstrado, todos os requisitos para a concessão de tutela provisória de urgência antecipada, a fim de determinar que o Estado Beta indenize a parte Autora.
IV – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) que seja concedida tutela de urgência, para que a Requerente continue sustentando a sua família; 
b) que seja o Estado Beta condenado a indenizar moralmente a Requerente no valor de R$ 500.000 reais;
c) que seja o Estado Beta condenado a pensionar a Requerente em 1 salário mínimo, a partir do mês subsequente ao óbito de seu esposo, até o momento em que o de cujus completasse 70 (setenta) anos de idade;
Dá-se à causa o valor de R$ 860.000 reais.
Termos em que pede deferimento. 
Local, 19/11/2021
Nome do Advogado
Número da OAB

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