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Texto e questões_Prof. Welto Todos os anos e etapas do EJAEM_ Professor Jose Welto dos Santos Gama_ História_30 de agosto de 2021_semana 02

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Colégio Estadual Comendador Calazans– DRE 01 
Professor: Jose Welto dos Santos Gama 
Estância, 30 de agosto de 2021_semana 02 
Todos os anos e etapas do EJAEM– Professor Jose Welto dos Santos Gama_ História_30 
de agosto de 2021_semana 02 
 
 Período - De 30 de agosto a 11 de setembro de 2021_semana 02 
 
 
 
TEXTO E QUESTÕES Área de conhecimento: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
APLICADAS (História, Sociologia e Filosofia) 
Componente curricular: História 
Boa tarde, boa noite ou boa madrugada! 
Quero parabenizar quem fez a atividade da semana passada. Agora vamos ao novo texto! 
TEXTO COMEMORATIVO A INDEPENDÊCIA DO BRASIL 
 
 
“Independência ou Morte”, mas ficou conhecida como “O Grito do Ipiranga”. O artista Pedro 
Américo terminou de pintar o quadro em 1888 em Florença, na Itália. 
Dia da Independência do Brasil: a mulher que assinou separação de Portugal 
e foi a primeira a governar o país 
Escritores discutem importância política da imperatriz Maria Leopoldina, que ocupou 
poder por pouco tempo, mas durante independência do país, período em que teve papel 
crucial. 
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Maria Leopoldina, que se casou com D. Pedro I para firmar uma parceria diplomática 
entre Portugal e Áustria 
A independência do Brasil em relação a Portugal foi firmada, em 1822, e como o momento 
histórico ocorreu durante a regência da imperatriz Maria Leopoldina, ela se tornou a primeira 
mulher a governar o Brasil, ocupando o cargo interinamente por alguns dias. 
Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena nasceu em Viena, na Áustria, em 22 de 
janeiro de 1797, e integrava uma das famílias mais poderosas da Europa no século 18, os 
Habsburgo. Terceira filha de Francisco 1º, Imperador da Áustria, a princesa embarcou ao Brasil 
há 200 anos e mudou os rumos do nosso país. 
Aos 20 anos, em maio de 1817, Leopoldina se casou à distância e por procuração com um 
homem que nunca havia visto: o príncipe português Pedro de Bragança, futuro Dom Pedro 1º, 
como forma de firmar uma aliança diplomática entre Portugal e Áustria. 
Para consumar a união, Leopoldina embarcou em uma viagem de navio de seis meses de 
duração, rumo a um continente que o mundo pouco conhecia, a América. Na tripulação, trouxe 
pintores, cientistas e botânicos europeus, conhecida como Missão Científica Austríaca, para 
catalogarem a fauna e flora brasileiras. 
"Leopoldina foi muito bem preparada para governar e aceitou de bom grado cruzar o 
oceano e deixar para trás tudo o que conhecia para obedecer e agradar ao pai e a sua nação, 
cumprindo o papel que era esperado dela como princesa", afirma a professora Maria Celi Chaves 
Vasconcelos, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ e especialista em educação 
de mulheres nobres. 
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Em 1822, durante uma viagem do marido a São Paulo, Leopoldina permaneceu no palácio 
imperial e ocupou o cargo de regente do país, período que inclui a assinatura da independência 
brasileira, em 2 de setembro. 
Somente cinco dias depois Dom Pedro 1º foi informado sobre a notícia da independência, 
dando o famoso grito às margens do rio Ipiranga, sendo essa segunda data a que entrou para os 
livros de história como o Dia da Independência: 7 de setembro de 1822. 
"O período em que a princesa exerceu o poder foi pequeno, mas fundamental para o Brasil. 
Além disso, ela foi a primeira mulher a exercer o governo", explica a professora de pós-graduação 
em História Social da USP Cecilia Helena L. de Salles Oliveira. 
Apesar de ela ser retratada como uma mulher melancólica e humilhada com os escândalos 
e relações extraconjugais de Dom Pedro 1º, escritores têm reivindicado a Leopoldina uma imagem 
menos passiva na história nacional. "As pesquisas das últimas três décadas apontam várias 
interpretações novas sobre a história do Brasil. Tais descobertas apresentam questões diferentes 
e revelam situações pouco ou nada conhecidas", explica Oliveira. 
Para o escritor Paulo Rezzutti, o modo como é contada a história de Leopoldina demonstra 
como nosso passado tem sido narrado somente do ponto de vista masculino. "Quando entra para 
a história, a figura da mulher o faz por causa de uma suposta 'santidade' ou por causa de suas 
relações familiares, dando a impressão que somente homens fizeram parte de assuntos como a 
política nacional", afirma o escritor. "D. Leopoldina ajudou a escrever nossa história política, mas 
é comum explicá-la apenas como mãe de D. Pedro 2º e esposa de D. Pedro 1º". 
Em seu último livro, D. Leopoldina: a história não contada - A mulher que arquitetou a 
independência do Brasil, Rezzutti busca documentos históricos, como cartas escritas pela 
imperatriz para a família na Europa, para apresentar uma Leopoldina menos melancólica e mais 
hábil nos assuntos políticos e diplomáticos. "Em 1822, D. Leopoldina desrespeitou as ordens das 
cortes constitucionais portuguesas e declarou o 'Fico' antes de D. Pedro, com uma visão muito 
mais astuta que o marido: a imperatriz tinha certeza que se saíssem do Brasil como os políticos 
portugueses desejavam, não só Portugal perderia o domínio do Brasil, como provavelmente 
haveria uma guerra civil aqui", explica Rezzut. 
EXÍMIA POLÍTICA 
A postura de Leopoldina ao se recusar a retornar a Portugal ainda divide opiniões. Enquanto para 
um grupo de escritores aquela foi uma atitude revolucionária, para outros a princesa foi apenas 
estrategista. Para Vasconcelos, não existe o menor traço de rebeldia em qualquer escrito de ou 
sobre Leopoldina. 
"Seria revolucionária por ter influenciado D. Pedro na Proclamação da Independência? Não creio 
que haja aí nenhum traço revolucionário; acho que ela era, talvez, conhecedora o suficiente da 
história política para fazer o julgamento correto sobre o momento vivido e o quanto ele era 
propício à Independência", defende a pesquisadora, se referindo ao fato de Leopoldina temer ir a 
Portugal em um momento de intensa movimentação popular contra o rei D. João 6º, sogro da 
princesa. 
Além disso, Leopoldina temia revoluções populares por crescer ouvindo o exemplo deixado pela 
tia-avó Maria Antonieta, última rainha da França, guilhotinada durante a Revolução Francesa. O 
professor do departamento de História da USP, João Paulo Garrido Pimenta, explica que todos os 
Habsburgo do século 19 foram criados para governar. 
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"Leopoldina foi educada na Áustria de maneira exemplar e comum à época: para servir aos 
interesses públicos de sua dinastia - os Habsburgo - e de seu Estado - o Império Austríaco", 
explica Pimenta. Foi servindo os interesses da dinastia Habsburgo que a irmã mais velha de 
Leopoldina, a arquiduquesa Maria Luíza, se casou com o maior inimigo da família, Napoleão 
Bonaparte, como estratégia para deter o avanço do francês sobre a Europa. Maria Luíza era uma 
inspiração para Leopoldina. 
"Napoleão era chamado de 'o flagelo da Europa'. Ele derrubou diversas monarquias, inclusive de 
parentes da realeza austríaca. Os próprios Habsburgos tiveram que fugir duas vezes de Viena 
durante guerras entre a Áustria e a França de Napoleão. Por isso, Leopoldina e seus irmãos tinham 
um boneco apelidado de Napoleão, em que eles batiam", conta Rezzutti. Fazia parte da formação 
da família o aprendizado de línguas - Leopoldina falava 11 idiomas - a formação intelectual em 
diversas áreas do saber, além de aulas de teatro que tinham a finalidade de ensinar os Habsburgos 
a desempenhar o papel de monarcas diante do povo. 
Diferentemente de D. Pedro, Leopoldina sabia dialogar com o povo brasileiro, mesmo sendo este 
tão diferente das suas raízes germânicas: a princesa incluiu o nome de Maria, passando a ser 
conhecida como Dona Leopoldina ou Maria Leopoldina como forma de estabelecer relações com 
a cultura nacional. Independentemente dos motivos que fizeram Leopoldina permanecer no 
Brasil, para Rezzutti, a imperatriz deve ser interpretada como uma mulher revolucionária por tersido a primeira a fazer política na alta esfera de decisões brasileiras. 
"Além de chefiar o conselho de Estado que aconselhou D. Pedro 1º a proclamar a independência, 
também tomou diversas resoluções importantes, como a contratação de militares estrangeiros para 
chefiar o Exército brasileiro contra os militares portugueses e contra uma futura invasão de 
Portugal durante a Guerra da Independência", defende o escritor. 
DATADA OU MODERNA? 
Apesar de reconhecer as habilidades diplomáticas e políticas de Leopoldina no cenário brasileiro, 
Vasconcelos defende que a imperatriz não foi uma mulher moderna para os padrões europeus do 
século 19. "Como uma arquiduquesa, Leopoldina foi educada com os mais rígidos padrões de 
etiqueta, conduta, pensamento moral e religioso, dos quais jamais se afastou. Foi educada para 
ser como foi, uma imperatriz consorte, que deveria obedecer ao marido em tudo e por tudo, 
aceitando, inclusive, sua infidelidade, grosseria e caprichos", aponta a pesquisadora, destacando 
a submissão da austríaca a D. Pedro. "É sabido que parte desse comportamento decorria de sua 
paixão pelo marido, mas, por outr era um traço da educação das arquiduquesas, principalmente 
depois do fim trágico de Maria Antonieta em decorrência de suas extravagâncias", complementa 
Vasconcelos. 
 
A amante mais famosa de D. Pedro foi a Marquesa de Santos, que teve uma filha com o Imperador 
e entregou a criança para crescer no palácio, junto com Leopoldina, e para ter influência no paço 
imperial. Pouco antes de morrer, Leopoldina era proibida de circular por determinados lugares 
dentro do próprio palácio para não encontrar a Marquesa. Mesmo não se opondo ao marido, a 
Imperatriz fazia desabafos em cartas enviadas ao pai, tia e irmã, contando as humilhações que 
sofria com D. Pedro 1º. São conhecidas cerca de mil cartas escritas pela austríaca, guardadas no 
Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. 
Rezzutti conta que em uma das últimas que escreveu à família, Leopoldina chegou a afirmar que 
essas humilhações a levariam a morte. Por essas cartas, Leopoldina é comumente retratada como 
uma mulher melancólica e triste. "Até no seu leito de morte foi necessário que afastassem a 
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amante do marido, a Marquesa de Santos, para que Leopoldina pudesse, pelo menos, morrer em 
paz", completa Vasconcelos. 
Com relação às pautas sociais, como direitos e emancipação das minorias, a imperatriz foi 
conhecida por fazer muita caridade aos necessitados, mesmo que isso gerasse dívidas enormes ao 
Império, e por ser querida pelo povo. "Leopoldina sabia falar sobre qualquer assunto, em qualquer 
língua mais usual e dominava ciências da natureza tão em voga naquele momento histórico. 
Também é sabido que era contra a escravidão", afirma Vasconcelos. "Mas o restante, o quanto 
ela pensava ou acreditava em termos de emancipação da mulher, por exemplo, jamais saberemos". 
Para Pimenta, um dos pontos positivos de Leopoldina era que, diferentemente do marido, ela 
acreditava que ser princesa e imperatriz era uma função pública a serviço da nação e não somente 
um status social. "Mesmo antes de conhecer o Brasil e seu futuro esposo, Leopoldina preocupava-
se com o bom exercício de sua função pública como princesa que, por meio de seu casamento 
com D. Pedro 1º, serviria para aproximar diplomaticamente Áustria e Portugal", explica o 
historiador. 
LEGADO 
Durante a vida, Leopoldina procurou formas de acabar com o trabalho escravo. Em uma tentativa 
de mudar o tipo de mão de obra no Brasil, a imperatriz incentivou a imigração europeia para o 
país. Primeiro vieram os suíços, se fixando no Rio de Janeiro e fundando a cidade de Nova 
Friburgo. Depois, a fim de povoar o sul brasileiro, a imperatriz incentivou a vinda dos alemães. 
Dona Leopoldina também contribuiu para a formação da cultura e da educação científica 
brasileira. Além da Missão Científica Austríaca que trouxe consigo em 1817, também trouxe para 
o Brasil sua biblioteca particular, dando início a uma biblioteca nas salas do Palácio em que viveu 
com D. Pedro 1º. A imperatriz também caçava pequenos mamíferos e coletava minerais, ajudando 
e incentivando estudos sobre a História Natural do Brasil. Na Áustria, os estudos, retratos e coletas 
feitos pela Missão Científica fundou no país de origem da imperatriz o Museu Brasileiro, 
despertando interesse dos europeus em conhecer as belezas naturais do "Novo Mundo". 
Outro legado de Leopoldina é a bandeira nacional. Embora a história conhecida seja a de que o 
amarelo representa o ouro e o verde, as florestas brasileiras, as cores do maior símbolo nacional 
representam as duas Casas que deram origem ao Brasil independente: o verde representa a Casa 
de Bragança, de D. Pedro 1º, e o amarelo representa a Casa de Habsburgo, de Leopoldina. Apesar 
de dar nome a ruas, bairros e até escola de samba no Rio de Janeiro, Dona Leopoldina viveu 
apenas nove anos no Brasil por causa de sua morte prematura, aos 29 anos, no dia 11 de dezembro 
de 1826. Estava grávida, tendo abortado o filho no leito de morte. 
A causa da morte da imperatriz até hoje causa divergências. As versões mais conhecidas dizem 
que Leopoldina, grávida, teria sofrido violência física por D. Pedro 1º, enquanto que outra versão 
aponta uma septicemia puerperal. "Em uma carta de Leopoldina para a irmã, escrita na vinda para 
o Brasil, a princesa diz não esperar fazer nada tão especial e importante pela Áustria quanto fez 
Maria Luísa ao casar-se com Napoleão. Mas defendo que Leopoldina fez muito mais que a irmã, 
pois ela ajudou a criar um Brasil independente", defende Rezzutti. 
*O texto foi publicado originalmente em 10 de dezembro de 2017. 
 
Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/bbc/2020/09/07/dia-da-independencia-do-
brasil-a-mulher-que-assinou-separacao-de-portugal-e-foi-a-primeira-a-governar-o-pais.htm? 
Questões 
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Após a leitura do texto, copie as questões a seguir no caderno e as respondam. 
História 
1. Segundo o texto, nossa independência tem duas datas: dia 02 e déia 07 de setembro de 1822. 
Por que a segunda data (07/09) é mais comemorada? 
 
2. A postura de Leopoldina ao se recusar a retornar a Portugal ainda divide opiniões. Enquanto 
para um grupo de escritores aquela foi uma atitude revolucionária, para outros a princesa foi 
apenas estrategista. Qual das duas opiniões você se filia e por quê? 
 
3. Com relação às pautas sociais, como direitos e emancipação das minorias qual a postura 
adotada pela Princesa? 
 
4. Qual o legado da princesa Leopoldina?

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