Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SISTEMA DIGESTÓRIO – INTESTINO DELGADO Função: absorção de nutrientes e secreção de hormônios. Em fisiologia, biologia tecidual e anatomia, o aluno sempre deve tentar correlacionar estrutura e função de órgãos e estruturas. No caso do intestino delgado, a função de absorção de nutrientes tem relação com a organização de suas partes em pregas mucosas, que aumentam de forma substancial a superfície de contato com o conteúdo do lúmen. Tem de 6,5m a 7,5m, se completamente estendido e é dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo. DUODENO Tem de 25cm a 35cm. Dividido em quatro partes: • Parte superior (1ª parte) • Parte descendente (2ª parte) • Parte horizontal (3ª parte) • Parte ascendente (4ª parte) NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Adaptado. Inicia-se na junção com o piloro indo até a junção duodeno jejunal, à altura de L2 (2ª vértebra lombar). Esta junção encontra-se à esquerda de L2 e é retroperitoneal. Topograficamente, é intimamente relacionado ao pâncreas, envolvendo sua cabeça e colo. Também se relaciona com vasos mesentéricos superiores, a artéria e veia mesentéricas superiores, que são anteriores ao duodeno. Neste ponto em que os vasos cruzam anteriormente o duodeno, há a transição entre a parte horizontal e ascendente do duodeno. A partir disto, o duodeno sofre uma flexão, formando a flexura duodenojejunal. É uma estrutura, majoritariamente, retroperitoneal. Suas partes retroperitoneais são a 2ª (descendente), 3ª (horizontal) e 4ª parte (ascendente). Vísceras Peritonizadas x Retroperitonais Uma lâmina de peritônio, membrana serosa, reveste a cavidade abdominal, sendo dotado de duas lâminas. Uma de suas lâminas reveste as paredes anterior e posterior do abdome, sendo por isso denominada peritônio parietal. A outra lâmina reveste vísceras da cavidade abdominal, por isso, a lâmina é denominada peritônio visceral. Quando esta víscera é parcialmente revestida pelo peritônio, ela é denominada peritonizada. E, assim, toda víscera que não conta com este revestimento por peritônio, mesmo que parcialmente, é denominada retroperitoneal. Ou seja, esta víscera fica posteriormente à lâmina parietal do peritônio, não sendo nem parcialmente revestida por ela. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Adaptado. 1ª PARTE DO DUODENO – SUPERIOR O piloro é o esfíncter que permite a passagem do conteúdo gástrico para o duodeno. Quando a concentração de H+ no estômago supera a quantidade de H+ na parte superior do duodeno, o piloro se abre e esvazia o estômago. Ele se fecha quando a concentração de H+ a parte superior do duodeno supera a quantidade de H+ no estômago. Na imagem abaixo, as pregas do duodeno (presentes apenas nas 2ª, 3ª e 4ª partes) apresentam disposição circular, com distribuição em todas as partes desta estrutura, exceto na primeira parte. A disposição circular de pregas aumenta a superfície de contato para absorção de nutrientes. A 1ª parte do duodeno é desprovida de pregas, assim, não apresenta função absortiva apresentada por todas as outras partes. Nesta parte, encontramos o bulbo duodenal, parte dilatada. Diz-se que a parte superior do duodeno é livre, não sendo retroperitoneal. Ela é peritonizada, portanto, tem mobilidade, diferentemente de estruturas retroperitonizadas. Vale lembrar que o peritônio, ao se inserir em uma víscera, confere mobilidade a ela. O ato de sua inserção é concretizado pelo ligamento hepatoduodenal. A dissecção do ligamento hepatoduodenal, permite a observação de estruturas como o ducto colédoco (transportador de bile, à direta), artéria hepática própria (à esquerda) e a veia porta, posteriormente. Inferiormente à parte superior do duodeno, observa-se a cabeça do pâncreas. À esquerda, esta parte relaciona-se com o piloro. À direita, com a parte descendente do duodeno. Posteriormente e superiormente, há relação com os componentes do ligamento hepatoduodenal. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Adaptado. 2ª PARTE DO DUODENO – DESCENDENTE É o local em que são lançados o suco pancreático e a bile. Envolve a cabeça do pâncreas e há a presença de pregas circulares. Observa-se, nesta porção do duodeno, a presença de duas projeções mucosas, as papilas duodenais maior e menor, presentas na porção pósteromedial desta região. Estas papilas são características da 2ª porção duodenal e possuem um óstio, ou aberturas. A papila duodenal maior é abertura do canal formado após a confluência do ducto colédoco e pancreático principal. O óstio da papila maior é o local comum em que se abrem os ductos colédoco e pancreático principal. Assim, é liberada bile e suco pancreático. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Adaptado. A papila duodenal menor encontra-se cerca de 1cm acima da maior, ainda na 2ª parte duodenal. A sua função é servir como abertura do ducto pancreático acessório, que parte da cabeça do pâncreas. A papila menor está também presente na porção pósteromedial do duodeno. A 2ª parte do duodeno relaciona-se com o hilo renal direito posteriormente. Assim, há grande proximidade entre vasos renais direitos e a 2ª parte do duodeno. Anteriormente, há relação da 2ª parte com o cólon transverso do intestino grosso. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Adaptado. Correlação clínica Tumores de cabeça do pâncreas são dificilmente tratados, por estarem em íntima relação com uma série de estruturas, especialmente, as duodenais. O crescimento destes tumores pode levar à compressão e obstrução de estruturas como a ampola hepato-pancreática- duodenal, que dará origem à papila duodenal maior. Isto levaria à dilatação de vias biliares. Por esta razão, em alguns casos, remove-se a cabeça do pâncreas e o duodeno, que não poderia ser mantido neste caso por ter sua vascularização comprometida após a remoção da porção mencionada do pâncreas. 3ª PARTE DO DUODENO – HORIZONTAL Após a flexão da parte descendente do duodeno, e formação da flexura inferior, tem início a parte horizontal. Esta parte é separada da ascendente após o cruzamento anterior dos vasos mesentéricos superiores (artéria e veia mesentérica superior). A parte horizontal, ou 3ª parte do duodeno, relaciona-se com a veia cava inferior posteriormente. Esta parte duodenal cruza anteriormente os grandes vasos do abdome, a veia cava inferior e a aorta. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011 . Adaptado. 4ª PARTE DO DUODENO – ASCENDENTE A 4ª parte do duodeno, ascendente, tem início após o cruzamento anterior dos vasos mesentéricos superiores. Seu fim ocorre quando o duodeno atinge a esquerda de L2 (2ª vértebra lombar), ao se fletir anteriormente, formando a flexura duodenojejunal. O mesentério origina-se a partir da flexura duodenojejunal e é uma estrutura em forma prega dupla que irá prender as alças do jejuno e do íleo às paredes abdominais posteriores, conduzindo vasos sanguíneos e nervos. Sua formação se dá com a projeção de fibras musculares do diafragma (em geral, de seus pilares), que em seu trajeto são revestidas por peritônio. A fixação das fibras musculares ocorre na flexura duodenojejunal, e o conjunto de fibras e peritônio é o ligamento suspensor do duodeno. Este ligamento (também chamado de Treitz) irá se fixar na junção duodenojejunal, marcando o início do jejuno. Radiologia: Duodeno. <http://radiologia-tec.blogspot.com/2013/02/duodeno-sist-gastrointestinal-alto.html>. Acesso em: 09/12/2021. Adaptado. VASCULARIZAÇÃO DO DUODENO A vascularização do duodeno é realizada pela artéria gastroduodenal (ramo da a. hepática comum), que emitirá as artérias pancreático-duodenaissuperiores (anterior - anteriormente ao duodeno e cabeça do pâncreas - e superior posterior – posterior ao duodeno e cabeça do pâncreas). A artéria mesentérica superior (ramo direto da aorta abdominal) também define um segundo território de vascularização do duodeno. Ela emite ramos pancreático- duodenais inferiores que se anastomosarão com as artérias pancreático-duodenais superiores. Como a irrigação da cabeça do pâncreas é a mesma que para o duodeno, cirurgias de remoção da cabeça do pâncreas também comprometem a vascularização do duodeno e, assim, é inviável a preservação duodenal quando da retirada da cabeça do pâncreas. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Adaptado. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Adaptado. A drenagem (rede venosa) do duodeno é realizada pelas veias de mesmo nome das artérias. Nesta região, as veias acompanham as artérias de mesmo nome, assim, a drenagem do duodeno e cabeça do pâncreas é realizada pelas veias pancreático- duodenais superiores anterior e posterior e veias pancreático-duodenais inferiores anterior e posterior, que são tributárias da veia mesentérica superior. A veia esplênica, que drena o baço, e a mesentérica superior, confluem para formação d veia porta. A veia mesentérica inferior é tributária da veia esplênica. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Adaptado. REFERÊNCIA NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. Radiologia: Duodeno. <http://radiologia-tec.blogspot.com/2013/02/duodeno-sist- gastrointestinal-alto.html>. Acesso em: 09/12/2021.
Compartilhar