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Teoria Musical – Harmonia e Louvor Harmonia e Louvor – Volume 1 - 2 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor LUCIANO IWANAGA PACHECO Teoria Musical Harmonia e Louvor Volume 1 Este livro está registrado nos arquivos da Biblioteca Nacional (www.bn.gov.br) e está devidamente protegido pelas leis do Direito Autoral. Número ISBN: 978-85-924459-0-4 Essas figuras e cores são utilizadas com propósito didático, visando facilitar o entendimento dos assuntos tratados no livro. Para entrar em contato com o autor, envie um email para luciano@programaaprendiz.com.br O que é este livro? - 3 - Sumário O que é este livro? .......................................................... - 4 - Este livro é para você? ...................................................... - 6 - Como ler este livro? ........................................................ - 8 - Escalas Diatônicas – Escalas Maiores ................................... - 24 - Escala Cromática Simples ................................................ - 46 - Escala Cromática Composta ............................................. - 62 - Acordes – Conceito e Formação ........................................ - 67 - Acordes Dissonantes ...................................................... - 82 - Campo Harmônico – Conceito e Prática .............................. - 95 - Graus da Escala ........................................................... - 111 - Escala Menor Natural, Harmônica e Melódica ....................... - 115 - Funções Harmônicas – Introdução .................................... - 135 - Funções Harmônicas Secundárias ...................................... - 143 - Acorde Diminuto – Conceito, Formação e Uso Prático ........... - 154 - Transposição – Conceito e Técnicas .................................. - 166 - Prática de Banda / Conjunto no Louvor .............................. - 188 - O que é este livro? Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém. Romanos 11:36 EM PRIMEIRO LUGAR este livro é um trabalho de gratidão a Deus. Se não fosse por Ele nada existiria. Se não fosse por Ele não existiria música. Se não fosse por Ele nada faria sentido. Nem eu nem você estaríamos aqui. Eu só aprendi o que sei sobre música porque um dia Deus me permitiu ouvir e cantar hinos a Ele. Depois, apesar de minhas muitas limitações, Deus me permitiu aprender a tocar um instrumento. E, por fim, Deus colocou em mim um desejo de aprender mais sobre música e me proporcionou os meios para que eu conseguisse atingir esse objetivo. Em segundo lugar este livro é um trabalho de ensino de música para qualquer pessoa. Minhas raízes musicais são de origem cristã, mas as teorias da música que serão ensinadas aqui são aplicáveis em qualquer estilo ou instrumento musical. No entanto, o conteúdo do livro não é focado em música clássica ou outros estilos musicais mais complexos. Meu intuito é abordar os temas O que é este livro? - 5 - mais comuns à maioria das pessoas, particularmente aos novos instrumentistas que tocam em igrejas. Isso não quer dizer que os conceitos que serão ensinados sejam superficiais ou de pouca utilidade. Pelo contrário, o que você vai aprender te dará ferramentas para iniciar e evoluir na sua trajetória musical. Meu objetivo não é ser perfeitamente preciso nos termos e fundamentos teóricos. Este livro não é um trabalho acadêmico. Quero ser o mais didático o possível e ensinar aquilo que, na minha opinião, é realmente importante para que você adquira ou aprimore conhecimentos. No decorrer do livro haverá diversos exemplos práticos e exercícios para você estudar e praticar. Eu gosto de usar linguagem simples e direta, como se eu estivesse conversando com você. Espero que assim as coisas fiquem mais fáceis de entender. *** Este livro é para você? Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor! Salmos 150:6 ESTA PERGUNTA é muito importante. Eu gosto de começar meus textos com ela. O motivo da pergunta é que não quero que você perca tempo lendo algo que não é para você. Tempo é um recurso escasso e valioso, por isso eu o valorizo muito. Considerando isso, eu diria que este livro é para pessoas que: • Querem aprender música de forma mais completa, ficar independente de cifras e/ou escalas prontas. • Querem poder tocar de ouvido, saber tocar qualquer música, em qualquer tonalidade. • Querem ter uma noção melhor de como improvisar sem ficar “chutando” notas aleatoriamente (e errando). • Não querem tocar de forma robótica e “quadrada”, sem entender o que estão tocando. • Querem entender melhor seu papel na música e no louvor a Deus. Este livro é para você? - 7 - Nas explicações dos conceitos do livro, sempre partimos do princípio que você ainda não toca nenhum instrumento e não conhece muito sobre música. Então, pode ser que para alguns leitores o texto pareça um pouco detalhado demais. Eu optei por essa abordagem visando atingir o máximo de pessoas que for possível. Porém, mesmo se você já toca algum instrumento, acredito que o conteúdo desse livro pode enriquecer seu conhecimento. O propósito do meu trabalho não é ensinar tudo que há sobre teoria musical. Não tenho essa pretensão, até porque estou longe de saber tudo. A ideia é te ajudar na construção das bases do conhecimento, para que você entenda a música de uma forma mais ampla e assim possa andar com as próprias pernas no futuro. Acredito verdadeiramente que se você acompanhar as lições, estudar e praticar, seu aprendizado será muito proveitoso e sem dúvidas você será um instrumentista melhor. E por fim, este livro não é focado em um instrumento musical específico. A teoria musical é praticamente igual para todos os instrumentos. Por isso, tentarei ser o mais abrangente o possível para que qualquer pessoa possa aproveitar o conteúdo. No entanto, para facilitar a compreensão de alguns temas, em alguns momentos vou usar desenhos de teclas de piano ou do braço de um violão para ilustrar melhor alguns conceitos, pois são instrumentos mais populares e mais didáticos. Como ler este livro? Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. 1 Coríntios 10:31 PARECE UMA PERGUNTA com uma resposta óbvia, mas não é. Este livro não é apenas para ser lido. É para ser estudado. No livro não há respostas para todas as perguntas sobre teoria musical, e muitos temas exigem que você estude o que leu e pratique em seguida. Como escritor e professor, é muito difícil de se prever o quanto do livro você vai conseguir absorver. Mas uma coisa eu tenho certeza: se você não praticar, você não absorver muito. Lembre-se que qualquer coisa na vida exige tempo. Algumas pessoas têm mais facilidade do que outras em alguns assuntos, e por isso o tempo de estudo e prática varia. Mas independente disso, você precisa se dedicar. Após muitos anos dando aulas, concluí que há 2 atitudes que mudam totalmente o aproveitamento dos alunos: Como ler este livro? - 9 - 1 - Não passe para a próxima lição antes de dominar a lição anterior. Essa é a atitude número 1 quando se diz respeito a aprender algo. Isso vale para música e para qualquer outro assunto que você queira aprender bem. Lembre-se que eu disse que você precisa estudar e praticar. Com estudo, prática e a quantidade certa de tempo, você vai dominar o conteúdo. E como saber se o conteúdo já foi dominado? Minha dica para esse ponto é a seguinte: se você conseguir dar uma aula de 5 minutos para alguém (pai, mãe, filho, esposa, marido, amigo, papagaio, etc.) sobre o tema que você está estudando, quer dizer que já tem um domínio suficientemente bom. Mas essa aula precisa ser boa e o seu “aluno” precisa entender,senão não vale, ok? 2 - Não fique com dúvidas! Nas aulas presenciais esse é um tema que sempre abordo insistentemente. Muitos alunos ficam com dúvidas e não fazem perguntas para esclarecê-las. Aí, passam para a próxima lição sem entender a lição anterior. Com isso acumulam dúvidas e no fim não aprendem nada direito. Como aqui não estamos num ambiente de aula, esse problema pode se acentuar. Por isso eu me coloco a sua disposição para tirar suas dúvidas. Entre em contato comigo pelo e-mail e esclareça suas dúvidas. Eu farei o possível para te responder da melhor forma que eu puder. - 10 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor 3 - Atitude Extra – Pratique o que puder no seu instrumento Como eu mencionei antes, o conteúdo deste livro não é focado num instrumento específico. Então, o que for possível de se praticar no seu instrumento, pratique! Mesmo que você tenha acabado de começar a tocar, tente aplicar o que puder. Depois que você entender um tema, tente transportar o conhecimento para alguma música que você já conhece, ou para alguma melodia que você já toca. Tendo essas atitudes, acredito que você terá um excelente aproveitamento do livro. Em alguns trechos do livro há algumas opiniões particulares que podem ser consideradas um pouco polêmicas. Eu sempre vou destacar esses trechos para você saber. Quando aparecer um desses assuntos, saiba que ali está expressa a minha opinião, que você pode concordar ou não. Por fim, no início de cada capítulo haverá um pequeno texto para reflexão baseada em versículos bíblicos e um resumo do que você vai aprender. Meu objetivo com isso é te fazer parar para pensar por alguns poucos minutos. Nossa vida é corrida e geralmente nós só queremos chegar no resultado, mas esquecemos que o caminho até ele também é muito importante. Mesmo se você não for cristão, te convido a ler e meditar no tema que for trazido. Talvez parar um pouco para pensar possa fazer alguma diferença na sua vida. Uma coisa é certa: você não tem nada a perder, e essa é uma boa oportunidade para você conhecer um pouco melhor como é viver debaixo dos cuidados e da atenção de Deus. E se nem em Deus você acredita, tudo bem. Os conceitos sobre Teoria Musical se aplicam da mesma forma e sem dúvidas o livro terá utilidade para você. Introdução – Conceitos Básicos da Música Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus. Filipenses 1:6 O que você vai aprender neste capítulo: Divisão fundamental da Música As Notas Musicais e suas Cifras O que é uma Pauta / Partitura Conceito e Tipos de Claves Conceito e Principais Fórmulas de Compasso Notação Musical – Figuras Positivas e Negativas *** - 12 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor NESTE INÍCIO DOS ESTUDOS vamos abordar temas mais genéricos, aplicáveis a qualquer instrumento. Meu intuito nesta parte não é ser extremamente preciso nos termos e definições, mas te explicar as coisas de forma fácil de entender. Vamos começar pelos fundamentos.A música se divide em 3 partes básicas: • Melodia: é a sequência de sons sucessivos, uma nota após a outra. Ex.: dó, ré, mi, fá, fá, fá, dó, ré, dó, ré... • Harmonia: é o conjunto de sons (notas) tocados ao mesmo tempo, geralmente formando acordes. • Ritmo: é a velocidade, cadência em que as notas são tocadas. Toda música possui som (óbvio), mas o silêncio também é parte essencial. Vou falar sobre isso mais para frente. Os sons na música são divididos em 7 notas musicais (e suas variações), que com certeza você já conhece. Estas notas podem também ser representadas pelas seguintes letras (chamamos isso de cifra): Nota Cifra DÓ C RÉ D MI E FÁ F SOL G LÁ A SI B É importante já se acostumar com essa nomenclatura. Na maior parte deste livro vou me referir às notas na forma de Letras (Cifra) Como ler este livro? - 13 - Eu digo sempre que música é como um idioma. Você começa aprendendo aos poucos. Aprende o alfabeto, depois forma sílabas, depois forma palavras, depois forma frases e depois forma textos, poemas, diálogos, etc. Assim como qualquer outro idioma, aprender música tem etapas e fases, e normalmente cada uma dessas etapas é pré-requisito para outras. Muita gente pula etapas e aprende esse idioma musical “na raça”, e por isso acaba não aprendendo a falar direito. No fim, ficam com um vocabulário muito pequeno e limitado. Para evitar isso é que estamos aqui. E assim como num idioma, na música há a parte sonora e a parte escrita. A parte sonora diz respeita a tocar um instrumento ou cantar. É quando você aprende a “falar” o idioma. A parte escrita diz respeito à escrita musical, ou Notação Musical, que é quando você aprende a “escrever e ler” o idioma. Diferentemente dos idiomas normais, a música é algo universal, e em qualquer parte do mundo, tanto a escrita quanto a parte sonora seguem os mesmos princípios. Obviamente, cada parte do mundo tem seus “sotaques”, mas a essência é a mesma. Existe um padrão para a escrita musical, que é feita no que chamamos de Partitura ou Pauta. A partitura é constituída por 5 linhas paralelas e 4 espaços entre as linhas. Ela serve para que as notas sejam escritas e depois lidas pelos músicos / cantores, que “verbalizam” esse texto musical em forma de som. - 14 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Toda partitura sempre inicia com um símbolo, que chamamos de Clave, que é o símbolo musical que serve para dar nome às notas. Cada linha e cada espaço servem para indicar uma nota musical que pode variar de acordo com a clave. Além dessas 5 linhas, é possível (e muito comum) desenhar linhas adicionais tanto acima quanto abaixo da pauta padrão (veja mais à frente). Infelizmente, neste livro não vou abordar em detalhes a parte de escrita e leitura de partituras. Isso por si só daria um livro. Mas vou te mostrar o básico para que você, quando olhar para uma partitura, não fique totalmente perdido. Existem três tipos de Clave: a Clave de Sol, a Clave de Fá e a Clave de Dó. As claves são descritas pelos seguintes símbolos: Linha Espaço Como ler este livro? - 15 - Na figura acima temos uma sequência básica de notas. Perceba que a sequência é seguida usando as linhas e os espaços, tanto subindo quanto descendo. A posição das Claves na pauta pode variar, e, dependendo de em qual linha a Clave se encontra, as notas na pauta mudam: • No caso acima, a clave de Sol se inicia na 2° linha (conta-se de baixo para cima; o começo da clave é onde começa a curvinha). Isto quer dizer que a nota que se encontra nesta linha será a nota Sol, já que esta é a Clave de Sol. E é por isso que a clave dá nome às notas. • A clave de Sol é usada na maior parte dos instrumentos musicais, e é sempre usada na 2° linha (de baixo para cima). Clave de Sol Clave de Fá Clave de Dó - 16 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor • A Clave de Fá é normalmente usada na 4ª linha da pauta, mas há variações. É usada por instrumentos como piano (mão esquerda), violoncelo, baixo elétrico e acústico, entre outros. É usada para escrever notas mais graves. • A Clave de Dó também pode ser usada em diversas linhas, de acordo com o instrumento. Uma observação importante: Depois de posicionada a Clave, as notas ganham seus nomes e, salvo se houver uma mudança de clave, esses nomes não se alteram. Como assim? Por exemplo, como mencionado anteriormente, a Clave de Sol sempre é posicionada na segunda linha da pauta. A nota desta linha ganha o nome de Sol. A partir desse momento, a segunda linha sempre será chamada de Sol. Como depois da nota Sol vem a nota Lá, o espaço acima da segunda linha sempre será chamado de Lá. Da mesma forma, a nota do espaço abaixo da segunda linha sempre será a nota Fá. Essa lógicavale para todas as notas, em todas as Claves. Veja abaixo uma Pauta com a Clave de Sol. Como ler este livro? - 17 - Em resumo, depois de posicionada a Clave, todas as linhas e espaços recebem suas respectivas notas e essas notas só podem ser alteradas por uma mudança de Clave. Esse conceito é importante pois é assim que se aprende a ler uma partitura. Imagine se as notas ficassem mudando de nome com frequência. Isso dificultaria o processo de escrita e leitura. Bom, agora seguindo em frente, temos que levar em conta também outro ponto: o tempo de duração da nota.Para podermos entender melhor esse ponto, precisamos antes que conhecer o conceito de compasso: Compasso: determina a divisão das notas musicais na partitura. O compasso é dividido em Tempos. Existem várias formas de descrever um compasso. Essas formas ou Fórmulas de Compasso vão determinar quantos tempos (divisões) o compasso terá. Ainda está confuso, não é? Já vou explicar melhor, mas antes preciso que você entenda outro conceito: as Figuras Musicais. É aqui que a maioria das pessoas começa a se perder. Existem várias figuras musicais na notação musical. Uma figura musical é como uma letra de um alfabeto. Você precisa memorizar o significado de cada uma dessas figuras para poder entender uma partitura. Em primeiro lugar, existem figuras para determinar períodos com som e períodos de silêncio. Cada figura representa uma quantidade de tempo que a nota deve ser tocada (figura positiva) ou a quantidade de tempo de silêncio (figura negativa). Com essas figuras são escritas praticamente todas as músicas que existem. Também existem figuras para determinar intensidade, volume, ritmo, pausas, repetições, etc. Vou detalhar apenas as Figuras Positivas, que são aquelas que devemos tocar, que produzem som. Elas são as seguintes: - 18 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Explicando o quadro acima: O número dentro do pequeno círculo é o “código”, o valor que representa cada figura; Abaixo deste número temos o NOME de cada figura; E em seguida temos a quantidade de Tempos que cada figura tem. Quanto mais “pernas”, menos tempo a figura tem, e quanto menos tempo, mais curta é a duração da nota. Por exemplo, uma Colcheia vale metade da Semínima, o que quer dizer que para preencher o mesmo espaço de uma Semínima, são necessárias 2 Colcheias. O tempo de duração de uma nota representada por uma Colcheia é a metade do tempo de uma nota representada por uma Semínima. Como ler este livro? - 19 - Uma Semicolcheia vale ¼ de uma Semínima, ou seja, são necessárias 4 Semicolcheias para preencher o espaço de uma Semínima. E assim por diante. Essa divisão das figuras também representada da seguinte forma: Espero que você tenha compreendido. Por exemplo, uma Semibreve (nota mais longa) equivale à 4 Semínimas, ou à 32 Fusas, e assim por diante. As figuras para representar o silêncio (figuras negativas) seguem o mesmo raciocínio, ou seja, quanto mais “pernas”, menos tempo de silêncio. Veja: - 20 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor O silêncio faz parte da música. Ficar em silêncio pode ser tão importante quanto tocar. Aprenda isso desde já. Seguindo em frente, vamos voltar a falar sobre Compassos. Na frente da clave, há um número sobreposto sobre o outro. O número de cima dirá o número de tempos e o de baixo é a figura de compasso, ou seja, a figura que determinará a duração de cada tempo. Esses números são o que chamamos de Fórmula de Compasso. Obs.: Se não houver nenhum número na frente da Clave, é sinal que o compasso é 4/4 Por exemplo, um compasso 4/4 tem 4 divisões e cada divisão tem a duração de uma Semínima (código 4 na nossa tabela anterior). Como a Semínima vale 1 tempo, um compasso 4/4 possui 4 divisões de 1 tempo. Fim do Compasso Como ler este livro? - 21 - É a clássica contagem 1, 2, 3, 4 na música (sabe aquelas batidas com as baquetas da bateria para iniciar uma música?). Outro exemplo: num compasso 2/4 temos 2 tempos de semínimas. Você conta 1,2 e o compasso acabou. Num compasso 3/4 temos 3 tempos de semínimas. É o compasso típico da Valsa. 1, 2, 3...1, 2, 3... 1, 2, 3... E se fosse um compasso 2/2? Neste caso seriam 2 tempos de Mínima. A Mínima vale 2 tempos (ou duas Semínimas). Isso quer dizer que este compasso é mais longo, com mais notas longas. E um compasso 4/8? São 4 tempos de Colcheia. A Colcheia vale metade de uma Semínima. Neste caso, o compasso é mais curto, com mais rápidas. Os compassos mais usados são os compassos simples e têm a seguinte fórmula: 2/4, 3/4 e 4/4 (compassos simples). 6/8 e 12/8 (compassos compostos). O tema Notação Musical é bem extenso e, infelizmente, não é foco deste livro. Saber ler partitura é importante e ajuda bastante. Assim como aprender a ler qualquer idioma, exige muito estudo e prática. Quanto mais você pratica, mais fluente você fica. Se ler partitura é seu objetivo, há muitos métodos e cursos que você pode seguir. Na internet há bastante conteúdo. O que eu quis trazer aqui é apenas uma introdução, para te dar uma noção e você não se assustar quando olhar para uma partitura. - 22 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Para fazer uma aplicação prática do que ensinei aqui sugiro que você dê uma olhada em algumas partituras para identificar as figuras, as notas, os compassos, etc. Assim você já vai ficando mais familiarizado. Provavelmente você não saberá ler a partitura logo de início, mas pelo menos você poderá identificar os componentes dela. A partir daí fica a critério de cada um aprofundar ou não o tema. Como ler este livro? - 23 - Escalas Diatônicas – Escalas Maiores Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo. Colossenses 3:23-24 O que você vai aprender neste capítulo: Conceito de Escalas Tom e Semitom Acidentes musicais Tipos de Semitons Escalas Diatônicas Maiores – Conceito e Regra de Formação de Escalas Dobrado Bemol e Dobrado Sustenido Quadro de Escalas Maiores *** Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 25 - ESTE PRIMEIRO TEMA É VITAL. É ele quem vai criar os alicerces do conhecimento para todo nosso estudo, tanto da parte sobre melodia quanto da parte sobre harmonia, e por isso, este primeiro capítulo é um pouco mais longo. Não avance nos estudos se não compreender muito bem o que for ensinado aqui. Não é um tema difícil, mas, dependendo do seu conhecimento prévio sobre o assunto, pode exigir de você um pouco mais de tempo para fixação dos conceitos. Vamos lá! Em primeiro lugar, o que é uma Escala Musical? Escala é uma sequência de notas que seguem uma orientação, um padrão, baseada em uma nota principal, a TÔNICA. Essa definição pode não ser totalmente precisa do ponto de vista técnico, mas é a melhor forma que encontrei de definir uma escala de forma que seja fácil de se compreender. Existem dezenas de tipos de escalas na música. Escalas Maiores, Menores, Harmônicas, Melódicas, Ciganas, Exóticas, Nordestinas, etc. Cada uma respeita um tipo de padrão e é utilizada em um tipo de situação específico. Mas por enquanto não se preocupe com isso. Antes de entrarmos a fundo nesse assunto das escalas, é necessário você entender o conceito de Tom e Semitom: Um Semitom é o espaço mínimo que existe entre uma nota e outra. É a “distância mínima” entre duas notas. Também é chamado de Meio Tom. - 26 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor No piano, o semitom acontece entre duas teclas “vizinhas”, que podem ser brancas ou pretas. No violão, o semitom (ou meio tom) acontece entre duas casas “vizinhas” do braço do instrumento. Isso também valepara a guitarra, baixo, cavaquinho, alaúde, viola caipira, e outros instrumentos que possuem “casas” no braço. Mas na verdade, dizer que o semitom é o espaço mínimo entre duas notas não é inteiramente verdadeiro. Há uma subdivisão do semitom chamada COMA. Um semitom pode ser dividido em 4 comas e meio. Existem instrumentos que não possuem casas ou outras marcações para dividir os semitons. São os instrumentos de escalas “não- temperadas”. O violino é um bom exemplo disso. Não há casas no braço no violino, e por isso no início é muito difícil acertar as notas corretamente. Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dó# Réb Ré# Mib Fá# Solb Sol# Láb Lá# Sib A distância entre Dó e Dó# é de um Semitom. 1ª Casa Semi Tom Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 27 - Muitas vezes você tenta fazer a transição entre 2 notas e acaba desafinando. O que acontece nesses casos é que, por exemplo, você deveria ter alcançado os 4 comas e meio, mas acabou só alcançando 3 comas e meio. É necessário haver uma boa dose de precisão no movimento. Outro bom exemplo é o trombone de vara. A vara não possui marcações. Se o músico não a posicionar corretamente, a nota não fica afinada. O mesmo conceito se aplica para a voz. Em alguns casos, alguma nota muito aguda ou muito grave não é alcançada corretamente, ficando alguns comas acima ou abaixo, o que caracteriza a desafinação. Mas isso é algo que no nosso estudo não vamos considerar. Há algumas técnicas e estilos que usam essa abordagem dos comas, mas não vamos entrar nesse tema. Voltando aos Semitons... Existem dois símbolos muito importantes na Música, que são usados quando queremos alterar uma nota em um semitom. Chamamos esses símbolos de Acidentes. Os principais são: • Sustenido (#): é a alteração ascendente, ou elevação de uma nota em um semitom. Ex.: DÓ-DÓ#. Elevou-se a nota DÓ em um semitom (a nota ficou mais aguda) • Bemol (b): é a alteração descendente, ou diminuição de uma nota em um semitom. Ex.: RÉ-RÉb. Diminui-se a nota RÉ em um semitom (a nota ficou mais grave) - 28 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Existem dois tipos de semitons: Semitom Diatônico - é o semitom é formado por duas notas de nome diferente. Exemplo: Mi para Fá. É um intervalo de meio tom (semitom), mas formado por duas notas com nomes diferentes. Semitom Cromático - é aquele formado por notas de mesmo nome, mas com entonação (sonoridade) diferente. Exemplo: de Dó para Dó#. É um intervalo de meio tom com notas de mesmo nome (Dó), porém com entoação (som) diferente. Por enquanto isso é tudo que você precisa saber sobre Semitons. Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dó# Réb Ré# Mib Fá# Solb Sol# Láb Lá# Sib Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dó# Ré# Mib Fá# Solb Sol# Láb Lá# Sib Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 29 - Um Tom é formado de dois semitons consecutivos (não tem um jeito muito melhor de explicar isso). Exemplo: A distância entre o Dó e o Ré é de dois semitons, portanto é uma distância de um tom. Outro exemplo: De Ré# para Fá também temos dois semitons. Ou de Sol# para Lá#. Tendo entendido isso (se não entendeu volte) o resto fica fácil. Você deve ter percebido que as teclas pretas do piano podem ter nomes diferentes (por exemplo, Dó# ou Réb). Se você não compreendeu isso ainda, não se preocupe. Vamos entrar nesse detalhe em seguida. Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dó# Réb Ré# Mib Fá# Solb Sol# Láb Lá# Sib Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dó# Réb Ré# Fá# Solb Sol# Lá# Neste caso, partimos do Dó, passamos pelo Dó# (1 semitom) e avançamos até o Ré (mais 1 semitom). Cada seta no desenho equivale a 1 semitom Partimos do Ré#, avançamos 1 semitom para chegar ao Mi e em seguida mais 1 semitom para chegar ao Fá. De Sol# para Lá# o processo é o mesmo - 30 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor A Escala Diatônica. Escala Diatônica é aquela em que as notas não se repetem, ou seja, têm as 7 notas musicais. A Escala Diatônica, pode ser uma Escala Maior ou Escala Menor. Há diferenças importantes entre elas, e por enquanto vamos nos ater apenas às Escalas Maiores. Então, de agora em diante, sempre que eu me referir à Escala Maior ou Escala Menor, estaremos falando de uma Escala Diatônica, ok? Voltando ao assunto, antes de mostrar como construir uma Escala Maior preciso que você entenda a importância desse assunto. As Escalas Diatônicas são essenciais para a música. Em primeiro lugar, é a Escala Diatônica que dita a tonalidade ou o tom da música. Você provavelmente já ouviu (ou vai ouvir) a seguinte pergunta: Pergunta: “Essa música está em que tom? Qual é o tom dessa música?” Resposta: “Ah, essa música está em Dó.” Quando se diz que uma música está em Dó, quer dizer que ela está na tonalidade da Escala Maior de Dó, e que significa que a maioria das notas da melodia / harmonia deve respeitar esta escala. Via de regra, se você tocar uma nota que não respeita essa regra, que não faz parte da Escala da tonalidade da música, essa nota soará estranha, errada. É o que chamamos de “nota fora do tom ou fora da escala”. Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 31 - Há exceções para essa regra. Algumas vezes, notas “fora da escala” soam bem e sempre há uma explicação para esses “acidentes” bonitos. Algumas dessas explicações vou mostrar em capítulos posteriores deste livro. Mas eu diria que pelo menos 90% das músicas populares, cristãs ou não, respeitam a Escala de sua tonalidade. Ou seja, uma música em Dó Maior terá, predominantemente, notas da Escala Maior de Dó. Uma música em Sol Maior terá notas da Escala Maior de Sol, e assim por diante. Por fim, eu diria que esse assunto você deve dominar completamente. Você tem que saber esse negócio de cabo a rabo, de trás para frente, de cabeça para baixo, etc. Como eu mencionei no início do capítulo, toda escala segue um padrão, uma receita de bolo, uma fórmula. Para se formar uma Escala Maior, usa-se a seguinte fórmula: Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Explicando: Tomando a nota básica, a Tônica (T), avançamos um tom, depois outro tom, depois um semitom, e assim por diante. Por último avançamos outro semitom, retornando à Tônica. Calma, se você não entendeu nada, acompanhe o exemplo abaixo. - 32 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Tomando como Tônica a nota Dó, deve-se substituir a letra T da fórmula pelo Dó. Depois só seguir a fórmula. Substituindo temos: Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI DÓ Formamos então a Escala Diatônica de Dó Maior Veja o passo a passo: De Dó para Ré existe um tom, ou seja, dois semitons (Dó-Dó#-Ré). Se ficar em dúvida olhe no desenho abaixo mais uma vez Partimos do Dó e avançamos 2 semitons. Continuando... Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dó# Réb Ré# Mib Fá# Solb Sol# Láb Lá# Sib Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 33 - De Ré para Mi existe um tom (Ré-Ré#-Mi). De Mi para Fá existe um semitom (Mi-Fá). De Fá para Sol existe um tom (Fá-Fá#-Sol). De Sol para Lá existe um tom (Sol-Sol#-Lá). De Lá para Si existe mais um tom (Lá-Lá#-SI) E de Si para Dó há um semitom (Si-Dó). Fácil, certo? Sim, é fácil. Mas aí há uma armadilha. Geralmente o pessoal acha que Escalas é um tema muito fácil e aprende de qualquer jeito, isto é, aprende errado. O que quero dizer é que 99% das pessoas esquece que uma Escala Diatônica precisa ter todas as 7 notas musicais. Vamos continuar fazendo outras Escalas Maiores e você já vai entender onde quero chegar. Agora a Escala de Ré Maior (substituímosa tônica por Ré e seguimos a fórmula): Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) RÉ MI FÁ# SOL LÁ SI DÓ# RÉ Bom, ainda está fácil, certo? Temos todas as 7 notas musicais de novo, não importa se uma está com sustenido. Um Fá# continua sendo um Fá e por aí vai. - 34 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Agora mais uma, a Escala de Mi Maior: Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) MI FÁ# SOL# LÁ SI DÓ# RÉ# MI Mais uma vez temos as 7 notas musicais. Sem mistério. Agora vamos mudar um pouco com a Escala de FÁ. Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) FÁ SOL LÁ ????? DÓ RÉ MI FÁ E agora? Qual é a nota que vem depois do Lá? Sabemos que da 3ª para a 4ª nota temos que avançar um semitom. Nesse caso temos duas hipóteses: Podemos ter um Lá# ou um Sib. Qual devemos usar? Acredito que depois de dar tantas dicas ficou fácil de responder, certo? Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dó# Réb Ré# Mib Fá# Solb Sol# Láb Lá# Sib Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 35 - A nota correta nesse caso é o Sib Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) FÁ SOL LÁ SIb DÓ RÉ MI FÁ Por que não pode ser Lá#? Simples: porque já temos uma nota Lá na escala, e não pode haver outra na mesma Escala Diatônica, porque senão iria faltar uma das notas musicais, no caso a nota Si. Aqui muita gente fala o seguinte: “Ah, mas na prática é a mesma coisa...” Ao ouvido é a mesma coisa sim. As duas notas soam exatamente iguais. Estão na mesma posição. Porém, na hora de se ler uma partitura de uma música em Fá Maior, dificilmente você vai encontrar um Lá#. Vou explicar isso melhor agora com o exemplo abaixo: Essa é a escala de FÁ Maior na partitura. Vou enfatizar algumas coisas para não restar dúvidas: - 36 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor 1 – Cada linha / espaço numa pauta só tem um nome. Por exemplo, a linha central (3ª linha de baixo para cima) da Clave de Sol só pode se chamar Si. Não existe nenhuma hipótese de a linha central da Clave de Sol mudar de nome. Faça chuva ou faça sol, ela sempre será a nota Si. E se quisermos alterar a entonação (o som) da nota dessa linha central (ou de qualquer outra linha/espaço)? Neste caso temos que usar Sustenidos (#) ou Bemóis (b), e foi exatamente isso que fizemos no desenho anterior. Note que há um bemol na linha central, na frente da Clave. Isso torna a nota Si em Sib. 2 – Toda Escala Diatônica precisa OBRIGATORIAMENTE possuir TODAS as 7 notas musicais. Ou seja, toda e qualquer escala vai ter um DÓ, um RÉ, um MI e assim por diante. Toda Escala Diatônica precisa ter as 7 notas musicais! E na partitura, você sabe qual escala está tocando primeiramente por algo que chamamos de Armadura da Clave.Começou a complicar não é? Calma, vou explicar. A Armadura da Clave são os Sustenidos ou Bemóis que ficam do lado do desenho da Clave. Colocar os sustenidos ou bemóis ao lado da Clave altera todas as notas das linhas / espaços em questão na partitura que estivermos lendo. Veja o exemplo abaixo: Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 37 - Neste exemplo temos uma Armadura da Clave com 2 Sustenidos, o primeiro na nota Dó e o segundo na nota Fá, o que nos diz que a tonalidade principal da música é Ré Maior, e todas as notas Dó e Fá serão sustenidas. Como assim? É como se fosse uma “pré-configuração” da pauta. Você configura a pauta colocando os sustenidos ou bemóis de acordo com a tonalidade da música, e a partir daí escreve sua música, que vai respeitar sua configuração inicial. No exemplo anterior que estamos tratando, da escala de Fá Maior, do lado do desenho da Clave de Sol há um Bemol na linha central (nota Si), e isso significa que, a não ser que haja alguma indicação, TODAS as notas Si da música em questão serão “bemolizados”, ou seja, só teremos Sib nesta música. Se, neste caso da escala de Fá Maior, você precisar de uma nota Si normal, sem o bemol, você precisará utilizar uma outra figura de Notação Musical chamada Bequadro. O Bequadro é um símbolo especial elimina qualquer Sustenido ou Bemol daquela nota em questão, independente da armadura da Clave. Na escala de Sol, por exemplo, que naturalmente possui um Fá#, sempre que você quiser um Fá natural você precisará usar um Bequadro antes da nota Fá. Mas cuidado! O Bequadro deve aparecer antes da nota que você quer “limpar”, e ele vale somente para aquela nota, e no compasso em vigor. Quando o compasso acaba, volta a valer o que está definido na Armadura da Clave, ou seja, a nota volta a ter sustenido ou bemol, conforme a escala. - 38 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Veja a seguir todos os símbolos que podem alterar uma nota numa partitura: Nessa hora os alunos costumam falar assim: Dobrado Sustenido? Dobrado Bemol? Sim, existe um Dobrado Bemol e um Dobrado Sustenido. Você verá logo mais onde usar esses símbolos. Bom, aqui é bom fazer uma pausa e revisar o que você leu. Pode ser que haja alguma dúvida e é importante que você esteja com os conceitos bem fixados para que as próximas etapas sejam proveitosas. Vamos retomar o estudo praticando um pouco mais algumas escalas. Mas dessa vez não vou preencher toda tabela. Vamos fazer a escala de Lá Maior. Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) LÁ SI DÓ# Tente preencher o restante. Se precisar use o desenho do piano que está nas páginas anteriores. Um jeito fácil de saber se você acertou é o seguinte: Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 39 - 1 – A escala sempre começa com uma nota (a Tônica) e acaba com a mesma nota. 2 – Lembre-se que toda escala possui as 7 notas musicais. Se faltou alguma você com certeza errou. Agora vamos falar sobre mais um erro comum quando se estudam as escalas. Muita gente acredita que não existe Mi# e Si#. Isso é um erro! Em primeiro lugar, já falamos várias vezes que qualquer Escala Diatônica (seja Maior ou Menor) possui as 7 notas musicais. Só isso seria suficiente para derrubar essa história de que não existe Mi# e Si#. Mas há alguns outros pontos que você deve entender. Veja o seguinte: Escala de Dó Maior Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI DÓ Até aqui nenhum problema. Agora a escala de Dó# Maior Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) DÓ# RÉ# ??? FÁ# SOL# LÁ# ??? DÓ# Aqui começa a dar nós na cabeça de alguns. Qual é a terceira nota da Escala? E a sétima nota? - 40 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor O erro que a maioria das pessoas comete aqui é usar um FÁ como terceira nota. E no espaço da 7ª nota, seguindo a mesma lógica, muitas pessoas colocam um DÓ. Aí ficaria assim: Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) DÓ# RÉ# FÁ FÁ# SOL# LÁ# DÓ DÓ# Se considerarmos que deveria haver as 7 notas musicais na escala, ficaram faltando 2 notas (Mi e Si). Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dó# Réb Ré# Mib Fá# Solb Sol# Láb Lá# Sib Estamos aqui (Ré#) e precisamos avançar um tom (2 semitons) Após avançar 2 semitons paramos aqui (nota Fá) Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 41 - Lembra da Armadura da Clave? No nosso exemplo acima, temos dois Dó e dois Fá na Escala, um Natural e um Sustenido. Como ficaria a Armadura da Clave nesse caso? Se você colocar um # no espaço do Dó (figuraacima), todos as notas Dó desta música seriam Sustenidas. Mas a nossa escala fictícia (errada) também tem Dó natural (sem o sustenido). O mesmo problema para a nota Fá. Temos Fá Natural e Fá# na mesma escala. E agora? Como representar isso na Armadura da Clave?? Na armadura não é possível. Você teria que encher sua pauta de Bequadros, o que deixaria ela extremamente poluída e difícil de se ler. Então, no fim, a escala correta de Dó# é: Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) DÓ# RÉ# MI# FÁ# SOL# LÁ# SI# DÓ# Agora temos as 7 notas musicais, e, dessa forma, é possível representar a escala na Armadura da Clave. Ficaria assim: - 42 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Ufa! Para finalizar esse assunto, vamos falar do Dobrado Sustenido e Dobrado Bemol. O conceito aqui é muito parecido com o que já estudamos. Um Dobrado Sustenido eleva a nota 2 semitons. O Dobrado Bemol diminui a nota em 2 semitons. Simples. Um exemplo rápido da aplicação desses símbolos. Escala de Fáb Maior: Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) FÁb SOLb LÁb SIbb DÓb RÉb MIb FÁb Simplesmente coloquei um bemol na frente de cada nota da escala de Fá. A nota Si da escala de Fá natural já tinha um bemol. Como reduzimos meio tom a escala como um todo, a nota Si, ganhou mais um bemol, ficando com o Dobrado Bemol. Assim respeitamos a regra básica de termos todas as 7 notas musicais na escala e, dessa forma, seria possível desenhar uma Armadura de Clave dessa escala. Agora, na prática, não faz sentido tocar ou escrever nada na escala de Fá bemol. Seria bobeira. A sonoridade de Fáb e de Mi é exatamente a mesma, mas uma partitura escrita em Fáb é muito mais complicada de ler. Nessa Armadura da Clave há 7 sustenidos, o que indica a tonalidade de Dó# Maior. Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 43 - Então, para que dificultar? Basta escrever tudo na escala de Mi e aí fica muito mais fácil de escrever, ler e executar. No fim, na prática, não se escreve nada em tonalidades que possuam Dobrados Sustenidos / Bemóis. *** ALERTA DE POLÊMICA *** Porém, se você já toca algum instrumento, tenho certeza que já viu umas cifras de músicas com tons em Sol#, Ré#, Lá#. Elas provavelmente estão incorretas. Por exemplo, na escala de Lá# Maior temos um Dóx (Dó Dobrado Sustenido), um Fáx (Fá Dobrado Sustenido) e um Solx (Sol Dobrado Sustenido), ou seja, 3 notas com Dobrado Sustenido. Provavelmente você não vai ver nenhuma dessas notas nessas cifras. O que as pessoas fazem nesse caso é desrespeitar a regra e criar uma escala que não existe, com duas notas Ré (Ré e Ré#), duas notas Sol (Sol e Sol#) e duas notas Lá (Lá e Lá#). O correto seria escrever a cifra em Si Bemol, que tem a mesma sonoridade do Lá Sustenido. Porém, por alguma razão do além, as pessoas acham que ler uma cifra com bemol é mais difícil que ler uma cifra com sustenido. Então, se você se deparar com alguma cifra em Dó#, Ré#, Sol# ou Lá# é sinal de que quem escreveu a cifra ou não sabe o que é uma Escala Diatônica, ou não se importa de escrever errado. O mesmo acontece para uma cifra em Fá Maior...o povo insiste em excluir o Sib da escala e colocar um Lá# no lugar. O problema disso é que passamos adiante a herança do “qualquer coisa serve”, ou “tanto faz”. Se podemos aprender direito, por que insistir em aprender errado e depois ensinar errado? Aí um dia você pega uma cifra em Mib Maior e não sabe ler, porque no seu cérebro a nota Mib não existe. - 44 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Pare de achar que ler notas com bemol é mais difícil que ler notas com sustenido. É questão de aprender direito e praticar. *** FIM DA POLÊMICA *** Enfim...Parece que esses Dobrados Sustenidos / Bemóis são inúteis, mas não são. No nosso próximo tema de estudo esses conceitos serão necessários. Minha sugestão para você agora é praticar, praticar, praticar. Escreva várias escalas, memorize, faça de trás para frente, etc. Com a prática você vai ver que não é difícil e possivelmente você vai identificar um ou outro padrão. Eu poderia colocar aqui a tabela com todas as escalas diatônicas, mas não vou fazer isso, porque senão você não vai querer treinar, só copiar, e se assim acabará não aprendendo. Saber as escalas é FUNDAMENTAL. Se você não souber, com certeza vai ter muito mais dificuldade para tocar. Vai improvisar errado. Vai ensinar errado por aí. Esse é o primeiro tema teórico que eu abordo e talvez seja um dos mais importantes, pré-requisito para todo resto do conteúdo deste livro. ESTUDE! Vou deixar aqui um quadro para você preencher as escalas, com a fórmula para você se basear. Essas são as tonalidades mais comuns na música em geral. Fique à vontade para preencher o restante do quadro com outras escalas. Escalas Diatônicas – Escalas Maiores - 45 - Tônica (T) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Tom (t) Tom (t) Tom (t) Semitom (st) Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó# Fá# Mib Láb Sib Escala Cromática Simples O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; todos os que cumprem os seus preceitos revelam bom senso. Ele será louvado para sempre! Salmos 111:10 Pois o Senhor é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o discernimento. Provérbios 2:6 O que você vai aprender neste capítulo: Conceito de Escalas Cromáticas Conceito de Intervalos Intervalos Simples e Compostos Regra de Formação de uma Escala Cromática Quadro com Escalas Cromática *** Escala Cromática Simples - 47 - AGORA A COISA VAI ESQUENTAR UM POUCO, por isso, se você não entendeu bem o capítulo anterior, meu conselho é que você volte e estude mais um pouco.Vamos agora começar o estudo das Escalas Cromáticas. Em primeiro lugar, estudar Escalas Cromáticas é a chave para desenvolver a habilidade de tocar qualquer música, em qualquer tom, em qualquer estilo. Além disso é com os conceitos que você vai aprender aqui que será possível você harmonizar melodias, fazer aquelas grades de vozes de coral, criar solos interessantes e muito mais. É extremamente importante entender o que chamamos de Cromatismo (uso das escalas cromáticas). Praticamente todo restante do conteúdo deste livro usará os conceitos que vou explicar neste capítulo. Por exemplo, talvez você já tenha ouvido falar em acordes dissonantes, ou dissonância. Se não ouviu, não se preocupe, pois vou explicar tudo mais para frente. Mas esses acordes podem fazer uma harmonia “pobre” virar uma harmonia bonita e rebuscada. E para formar esses acordes mais ricos, você necessariamente precisa entender e aprender o que é uma Escala Cromática. Fique tranquilo, pois o assunto é fácil, só demanda um pouco mais de tempo de estudo. E por fim, num primeiro momento, pode parecer que esse assunto não tem aplicação prática. Mas confie em mim que entender bem o tema fará muita, mas muita diferença mesmo! Obs.: A partir desta lição, vamos nos referir às notas pelas letras (cifras) correspondentes. - 48 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Só revisando: Nota Cifra DÓ C RÉ D MI E FÁ F SOL G LÁ A SI B Se ainda não memorizou, a hora é agora! Vamos lá! Como foi dito antes, semitom cromático é aquele que tem o mesmo nome da nota anterior. Por exemplo, C > C#. São duas notas iguais (dois Dós) com um semitom de diferença. Ou E > Eb, F > F#, e assim por diante. Obviamente que o som delas é diferente, mas o nome é igual. Então, o que é uma Escala Cromática? Simples! É uma escala com 12 notas, formada por semitons cromáticos consecutivos. É mais ou menos comoum Raio X das Escalas Diatônicas. Como assim? As escalas cromáticas são formadas por semitons consecutivos, iniciando numa Tônica e terminando novamente nesta Tônica (assim como nas Escalas Diatônicas). Escala Cromática Simples - 49 - Veja no piano (Escala Cromática de Dó): E no Violão (cada quadrado corresponde à uma casa no braço do violão e cada linha corresponde à uma corda): Mi Ré# Ré Dó# Si# Si Sib Lá Sol# Sol Fá# Fá Mi Lá Sol# Sol Fá# Fá Mi Ré# Ré Dó# Dó Si Lá# Lá Ré Dó# Dó Si Lá# Lá Sol# Sol Fá# Fá Mi Ré# Ré Sol Fá# Fá Mi Ré# Ré Dó# Dó Si Lá# Lá Sol# Sol Si Lá# Lá Sol# Sol Fá# Fá Mi Ré# Ré Dó# Dó Si Mi Ré# Ré Dó# Si# Si Sib Lá Sol# Sol Fá# Fá Mi Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Réb Mib Solb Sol# Sib 1ª Casa 12ª Casa - 50 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor No exemplo acima estamos olhando para a 6ª Corda (notas destacadas em negrito), que quando está solta é a nota Mi grave. E a partir daí, para cada casa aumenta-se um semitom. O mesmo vale para todas as outras cordas. Aí, normalmente nessa hora, os alunos costumam não entender nada. A Escala Cromática é simplesmente uma nota depois da outra, sem nenhuma regra? Calma, não é bem assim. Em primeiro lugar, via de regra, uma Escala Cromática não foi feita para ser tocada inteira na sequência, ou seja, você não deve querer tocar todas as notas na sequência num solo ou numa melodia qualquer. Em segundo lugar, o objetivo maior de entender as Escalas Cromáticas tem mais relação com a parte harmônica da música (acordes), apesar de também ser importante para a parte melódica. Como eu disse antes, uma Escala Cromática é formada por 12 semitons consecutivos. Um semitom após o outro. Bem simples, certo? Normalmente os alunos dizem: Sim! Então eu peço para eles preencherem a Escala Cromática de Dó. Faça você também. Preencha a tabela abaixo: Em 90% das vezes, a resposta que eu recebo é mais ou menos igual a essa aqui: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 C 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Escala Cromática Simples - 51 - Se você também preencheu assim, lamento dizer, mas você ERROU! Aí começam os questionamentos: “Ah, professor, mas não eram 12 semitons consecutivos? “ Sim, e de fato, da forma como foi preenchido acima, há 12 semitons consecutivos. Mas, por exemplo, no lugar do C#, você poderia ter usado Db, concorda? E aí, mais uma vez vem aquela conversa de que usar sustenido é mais fácil que usar bemol. Meu conselho para você é que você tire isso da sua cabeça e se acostume com os bemóis. É uma questão de hábito e é muito importante, principalmente se você pretende ler partitura. Mas enfim, assim como todas as outras escalas que existem, a Escala Cromática também tem uma regra de formação, uma fórmula. É em função dessa regra de formação que o preenchimento da escala anterior estava incorreto. Você vai entender isso melhor em breve. Nas Escalas Cromáticas cada semitom recebe um nome diferente. Chamamos isso de INTERVALOS. Normalmente esses intervalos subdivididos e apresentados de duas formas diferentes. Forma 1: 1 -2 2 -3 +3 4 -5 5 +5 6 -7 +7 8 Forma 2: 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 C C# D D# E F F# G G# A A# B - 52 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor A distribuição é a mesma, porém muda a forma de se escrever. No nosso livro vamos usar a Forma 2. Essa subdivisão dos Intervalos é a nossa Fórmula da Escala Cromática. Além de variar a forma de se escrever o nome dos intervalos, há também formas diferentes de se falar os nomes de cada um. A forma mais comum é usar os nomes dos numerais ordinais. Mais ou menos como abaixo (há variações): Intervalo Nome 1 Primeira b2 Segunda Menor 2 Segunda b3 Terça Menor 3 Terça Maior 4 Quarta b5 Quinta Diminuta 5 Quinta #5 Quinta Aumentada 6 Sexta b7 Sétima Menor 7M Sétima Maior 8 Oitava Escala Cromática Simples - 53 - - 54 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Para fins didáticos, eu adotei as algumas definições: - Os intervalos que não têm nenhum símbolo (b ou #) vamos chamar de Intervalos Naturais (você também pode chamá-los de Intervalos Justos). - Alguns intervalos possuem formas MAIORES, MENORES, AUMENTADAS e DIMINUTAS. Por exemplo o 5º intervalo pode ser Natural (5), Aumentado / Maior (#5) ou Diminuto / Menor (b5). - Até onde sei, não existe um consenso sobre a forma de falar o nome do Intervalo, e por isso vamos padronizar de acordo com a tabela acima, ok? Os intervalos podem ser SIMPLES OU COMPOSTOS. São SIMPLES quando contidos dentro de uma oitava (8ª), ou seja dentro dos 12 primeiros semitons. São COMPOSTOS quando passam da 8ª (esse ponto será explicado em detalhes no próximo capítulo). É por isso que muitas vezes se diz: “Toca uma oitava acima!” Isso quer dizer que deve se tocar no Oitavo Intervalo acima (que é a mesma nota, porém, 12 semitons mais agudo). Agora que já demos as definições principais, vamos usar a Escala Cromática de Dó para exemplificar uma escala completa. 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B C Escala Cromática Simples - 55 - - 56 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Explicando: Veja que na tabela anterior eu marquei em cinza escuro alguns intervalos. São os Intervalos Naturais e se você reparar bem, eles nada mais são do que as notas da Escala Diatônica Maior de Dó. A Escala Cromática e a Escala Diatônica têm tudo a ver uma com a outra. Por isso eu chamei a Escala Cromática de Raio X da Escala Diatônica (é como se você estivesse olhando por dentro dela). Vamos ver agora o preenchimento da Escala Cromática. A 1ª nota da Escala Cromática é a nota da escala que queremos (é lógico). É a Tônica da escala. Temos aí um C. Como a escala é cromática, temos que pegar o próximo semitom. Então temos o Db. Mas por que não é C#? Não é a mesma coisa? A regra de ouro para entender isso é a seguinte: A Escala Diatônica é quem manda na Escala Cromática. Como assim? Vou tentar explicar de forma bem simplificada. Pergunta: Qual é a segunda nota da Escala Diatônica de Dó? Resposta: É a nota Ré. Então o Intervalo 2 da Escala Cromática de Dó será a nota Ré. E isso vale para todas as subdivisões do Intervalo 2. Para ficar mais claro, veja o seguinte: Escala Cromática Simples - 57 - Nós temos 2 subdivisões do Intervalo 2 (em destaque). 1 b2 2 C D Sabemos que o Intervalo 2 da Escala Cromática é a nota Ré. Qualquer subdivisão deste Intervalo terá que ser alguma variação da nota Ré. Entre a nota Dó e a nota Ré podemos ter Dó# ou Réb. Porém, para preencher este espaço, precisamos de uma variação da nota Ré, então só nos resta o Réb. Ficou claro? Outro exemplo: O 3º intervalo é a nota E. 1 b2 2 b3 3 C Db D E Qual nota devemos usar para preencher o espaço, sabendo que todas as variações do Intervalo 3 devem ser notas Mi? Só pode ser o Eb! Essa regra vale para todos os Intervalos. Então guarde esse passo a passo: 1. Escreva os 12 Intervalos; 2. Preencha as notas da Escala Diatônica nos espaços dos Intervalos Naturais; - 58 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor 3. Preencha os demais espaços de acordo com as subdivisões de cada Intervalo. Veja um exemplo da aplicação do passo a passo: Escala Cromática de Ré: 1 – Escreva os 12 Intervalos 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 2 – Preencha as notas da Escala Diatônica nos espaços dos Intervalos Naturais 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 D E F# G A B C# D 3 – Preencha os demais espaços de acordo com as subdivisões de cada Intervalo. 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 D Eb E F F# G Ab A A# B C C# D Deixei os Intervalos e suas subdivisões destacados para você ver bem. Agora outro exemplo para você praticar. Escala de B: Escala CromáticaSimples - 59 - 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 B Resposta: 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 B C C# D D# E F F# ??? G# A A# B Se você obteve esse resultado você está indo bem. Parabéns! Mas nesse caso falta uma nota, a #5. Qual é ela? O 5º intervalo é um F#, então todas as subdivisões deste intervalo só podem ser notas Fá, não interessa qual Fá. b5 5 #5 F F# ??? Como o 5º Intervalo é F#, um semitom antes (b5) é um F (meio tom abaixo do F#). E agora o #5 é um semitom a mais que o F#. Então só pode ser um Fx (Fá Dobrado Sustenido). Viu só que esse tal de Dobrado Sustenido serve para alguma coisa? A mesma lógica pode ser aplicada para alguns intervalos menores. Pode ser que em algum caso você precise diminuir uma nota que já é bemol, e aí ela vai ser dobrada bemol. No fim, o assunto não é tão difícil, certo? - 60 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Ainda não apareceu nenhuma aplicação prática do tema, mas não se preocupe, logo você verá o poder que uma Escala Cromática vai te dar. Para fechar esse assunto minha sugestão para você é fazer uma tabela com TODAS as Escalas Cromáticas. Eu te garanto que será muito útil na sua vida musical. Vou deixar um espaço para você preencher as escalas e praticar. 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 C C# D D# E F F# G G# - 61 - A A# B Escala Cromática Composta Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; Porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino. Provérbios 3:13,14 O que você vai aprender neste capítulo: Conceito de Escalas Cromáticas Compostas Intervalos Compostos Divisão mais comum dos Intervalos Compostos Quadro de Escalas Cromáticas Compostas *** Escala Cromática Composta - 63 - ATÉ AQUI, no nosso estudo das Escalas Cromáticas, falamos apenas das Escalas Cromáticas Simples, que são as que possuem 12 notas, que começam numa Tônica e terminam uma oitava depois, na mesma nota (de Dó a Dó, por exemplo). As Escalas Cromáticas Compostas nada mais são que a sequência, a continuação de uma Escala Cromática Simples. Sem muito segredo. Se você entendeu bem o capítulo anterior, não terá dificuldade nesse. Só para você entender a ideia, é algo como o seguinte: 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 9 10 11 12 13 14 C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B C D E F G A B Num primeiro olhar parece ser algo meio sem utilidade, pois não passa de repetição de notas. Porém, os intervalos compostos possuem subdivisões um pouco diferentes dos intervalos simples. Repare que no exemplo acima não coloquei os semitons na parte dos intervalos compostos. Isso foi proposital, apenas para você entender a ideia. Agora, na prática, a parte composta da escala cromática tem as seguintes divisões de intervalos: 8 b9 9 #9 10 11 #11 12 b13 13 #13 14 C Db D D# E F F# G Ab A A# B Intervalos Simples Intervalos Compostos - 64 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Escala Cromática Composta - 65 - Repare que as divisões são diferentes, porém uma coisa se mantém: os Intervalos Naturais (em azul) continuam iguais, tanto na parte Simples quanto na para Composta da Escala Cromática. Isso porque a Escala Diatônica continua sendo a base, o alicerce da Escala Cromática Composta. As divisões dos intervalos são diferentes por causa da formação de Acordes, e isso eu vou explicar melhor no próximo capítulo. No dia a dia, na prática, não é comum usar todos os intervalos da Escala Cromática Composta. Os intervalos mais usados, e que você precisa se preocupar em memorizar são os seguintes: 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M b9 9 #9 11 b13 13 #13 C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B Db D D# F Ab A A# Veja que a regra de nomeação dos intervalos continua valendo. Por exemplo, as três subdivisões do intervalo 9 sempre serão notas Ré. O mesmo vale para os outros intervalos. Por fim, para encerrar o assunto de Escalas Cromáticas, minha sugestão para você é escrever todas as escalas de todas as tonalidades. Sim, dessa vez é importante escrever todas as escalas. Sei que ainda parece não haver muita aplicação prática para tudo isso. Mas confie em mim. Você vai usar isso em breve. Com as escalas prontas, os estudos dos próximos capítulos vão se tornar muito mais simples e rápidos. Vou deixar aqui um espaço para você pode usar para preencher as escalas, assim como no capítulo anterior, com os intervalos já predefinidos. - 66 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M b9 9 #9 11 b13 13 #13 C C# D D# E F F# G G# A A# B Acordes – Conceito e Formação E os sacerdotes, serviam em seus ofícios; como também os levitas com os instrumentos musicais do Senhor, que o rei Davi tinha feito, para louvarem ao Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre. 2 Crônicas 7:6 O que você vai aprender neste capítulo: Conceito de Acordes Principais tipos de Acordes Regra Básica de formação de Acordes (Tríades) Quadro com Acordes Maiores e Menores Dicas sobre formação de Acordes *** https://www.bibliaonline.com.br/acf/2cr/7/6 - 68 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor NESTE CAPÍTULO VAMOS FALAR SOBRE OS ACORDES. Acordes são notas tocadas simultaneamente ou em sequência, que seguem uma orientação, uma regra de formação. Acordes são a base, o alicerce para as melodias. Os acordes formam a harmonia das músicas. Um fato importante sobre harmonia é que praticamente toda e qualquer melodia ou solo tem uma harmonia por trás. E são os acordes dão sentido à harmonia. Em resumo, os acordes formam a harmonia e a harmonia emoldura a melodia. Ou como a gente diz no jargão popular: “a harmonia faz a cama para a melodia”. Se toda essa conversa parece maluquice para você, não se preocupe. Logo você vai entender. *** ALERTA DE POLÊMICA *** Veja que eu fiz questão de dizer que acordes podem ser notas tocadas simultaneamente ou em sequência. Quando você toca as notas de um acorde em sequência, você está fazendo um Arpejo, e os Arpejos são extremamente comuns na música. Esse conceito é importante, pois há muitas pessoas que estudam pelo meu método e tocam instrumentos melódicos, ou seja, instrumentos que não fazem acordes, só melodia, tipo flauta, sax, trompete, etc. Essas pessoas normalmente têm dificuldade de entender onde o conhecimento dos acordes pode fazer alguma diferença para elas. Elas só querem aprender escalas, solos, improvisação, etc. O ponto é que, como já falei, praticamente TODO E QUALQUER solo, melodia ou improviso é construído sobre uma harmonia, e a harmonia é formada pelos acordes. Acordes – Conceito e Formação - 69 - A melodia e a harmonia andam juntas, o tempo todo, em qualquer música, qualquer estilo, qualquer ritmo. Para improvisar então, nem te falo...é fundamental você entender a harmonia e os acordes. Na minha opinião, a falta de conhecimento sobre a formação de acordes é segunda maior causa de erros de improvisação e execução de solos. Só fica atrás do não conhecimento das escalas (maiores, menores, pentatônicas, etc.) Se você toca algum instrumento melódico, acredite em mim, saber os acordes e suas regras de formação podem fazer toda diferença para você. Então, continue conosco. *** FIM DA POLÊMICA *** Em muitos casos, os instrumentistas novos iniciam seus estudos já aprendendo as escalas ou osacordes, sem ter nenhuma ou pouca noção de música. Eles querem tocar, não importa como. E aí viram uma espécie de robô. Só conseguem tocar o que foram “programados” para fazer. Tocam sem realmente entender o que estão tocando, e quando precisam sair do padrão, travam. Experimente tirar a cifra ou a partitura de um desses instrumentistas para você ver o que sai. Não sai nada, ou pior, sai cacofonia. Eu confesso que foi assim que aprendi. Vou contar minha história resumidamente. Se você quiser, pode pular essa parte do livro. Mas recomendo você ler, pois pode ser que a sua história seja parecida com a minha e assim você evita alguns erros que eu cometi. - 70 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Me lembro bem da primeira vez que eu segurei um violão. Eu tinha 12 anos na época, era novo na igreja que eu frequentava. A igreja era muito simples, só tinha uma irmã que tocava um teclado bem ruim e um irmãozinho que tocava violão. O detalhe é que ele era mais novo que eu. Aquilo me fascinou. Pensei que se ele podia tocar, eu também podia. Só tinha um problema: eu não tinha violão, e o irmãozinho lá não me deixava levar o dele para minha casa. Naquela época não era tão fácil ter um instrumento musical, então todo dia depois do culto eu dava um jeito de segurar um pouco o violão dele, tocava as cordas meio sem jeito e era isso. Mas aí, um dia ele me emprestou o violão. E junto com o violão, havia uma apostila com os desenhos de 7 Acordes Maiores e 7 Acordes Menores. Aquela era minha chance. Eu me lembro de ter ficado o dia todo com o violão. Eu toquei até não conseguir mais. Num único dia eu memorizei todos os acordes, treinei até conseguir fazer sair som de todos eles, até os que tem pestana (quem toca violão sabe do que estou falando). E a noite eu consegui tocar um hino. Se chama O Telefone do Céu é a Oração. Talvez você já tenha ouvido. É mais ou menos assim: O telefone do Céu é a Oração O telefone do Céu, é joelho no chão Você liga uma vez, duas ou três Se não atender, se não atender você disca outra vez! É um corinho, só tem 4 acordes, é bem facinho. Mas para mim, conseguir tocá-lo foi uma grande vitória. Acordes – Conceito e Formação - 71 - Depois disso, demorou mais de um ano até que minha mãe, com muito sacrifício, conseguisse comprar um violão bem básico para mim. Lembro-me desse dia como se fosse hoje. E aí, com o violão na mão, continuei com as apostilas decorando os formatos dos acordes e lendo cifras. Eu até tocava direitinho, mas não entendia o porquê das coisas. Não sabia nada sobre escalas, tonalidade, etc. Eu era um dos robôs. Se não tivesse uma cifra na minha frente, não saía nada. Mas enfim, não estou contando essa história para você se comover, longe disso. Só quero mostrar o caminho que eu segui. Quem me dera eu, naquela época, ter alguém para me ensinar música. O fato é que muita gente aprende como eu aprendi. E essa forma não é necessariamente ruim, pois você aprende rápido e já pode tocar alguma coisa. No entanto, a maioria das pessoas que segue esse caminho depois fica travada, não evolui, fica no mesmo “reco-reco”, achando que não consegue melhorar e se dá por satisfeita com a mediocridade. Não tenho nada contra (muito menos a favor). Cada um sabe de si. Mas eu decidi dar o melhor para Deus, em gratidão por tudo que Ele me fez, e por isso não me contentei com o “reco-reco”, o basicão, o arroz com feijão, o quebra-galho. Eu entendo que se você chegou até aqui no livro, é porque também quer ir além. Então vamos lá! Entender a formação dos acordes te dará um nível de liberdade enorme quando você for tocar. Existem inúmeras formas de se construir acordes, e, sabendo as regras de formação, você poderá escolher a forma que te agrada mais, que encaixa melhor com a música. Assim tudo fica mais fácil e mais bonito. - 72 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Acordes – Conceito e Formação - 73 - Como você já sabe bem como formar as escalas, entender a formação de acordes vai ser moleza. Assim como as Escalas já estudadas, os acordes também possuem “fórmulas”, ou regras de formação. De modo geral, existem três tipos básicos de acordes: NATURAL: formado pelo 1º, 3º e 5º intervalo da Escala Cromática. Estes três intervalos formam o que chamamos de TRÍADES. Os acordes podem ser: MAIORES quando usamos a 3ª Maior (3). Ex.: Dó Maior, Fá Bemol Maior, Sol Sustenido Maior MENORES quando usamos a 3ª Menor (b3). Ex.: Dó Maior, Fá Bemol Maior, Sol Sustenido Maior DISSONANTE: acorde construído com o acréscimo de outros intervalos à Tríade (Ex.: 7, 6, b5, 11, etc.). Teremos um capítulo específico para tratar destes acordes. DIMINUTO: acorde que possui todos os intervalos MENORES, ou DIMINUTOS, com exceção da TÔNICA (1º intervalo). Será melhor explicado posteriormente em um capítulo específico. Vamos focar no acorde NATURAL por enquanto. Vamos usar nossas Escalas Cromáticas para entender melhor sua formação. - 74 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Escala Cromática de Dó Tomando a escala de C como exemplo, vamos formar o acorde Dó Maior. Vamos usar sempre os Intervalos 1, 3, 5 (Tríade). No caso de Dó, teremos então as notas: C, Eb ou E e G. Por que Eb ou E? Lembre-se que o Acorde Natural pode ser Maior ou Menor, e isso é definido pelo Terceiro Intervalo (a Terça). Se usarmos a Terça Maior (3), o acorde será Maior. No caso do Dó Maior teremos as notas C(1), E(3), G(5). Se usarmos a Terça Menor (b3), o acorde será Menor. No caso de Dó Menor teremos as notas C(1), Eb(b3), G(5). Viu só como entender a formação de escalas facilita a vida para a formação dos acordes? Outro exemplo: Escala Cromática de Ré: 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 D Eb E F F# G Ab A A# B C C# D Sabendo a fórmula básica das Tríades (1, 3, 5) é mamão com açúcar. Ré Maior = D, F#, A 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B C Acordes – Conceito e Formação - 75 - Ré Menor = D, F, A Poxa vida, todo esse drama por causa desse negócio super fácil? Sim! Por incrível que pareça, esse negócio super fácil é o segundo assunto mais negligenciado pelos músicos iniciantes. O povo até sabe os acordes mais comuns, mas pede para um desses instrumentistas te explicar como se forma um Ebm (Mi Bemol Menor), um Abm (Lá Bemol Menor) ou um F# (Fá Sustenido Maior). As chances são grandes de ele não conseguir. Agora é hora de praticar. Vou deixar abaixo um espaço para você preencher todos as Tríades dos Acordes Maiores e Menores mais usados Use as tabelas com as escalas criadas anteriormente para facilitar sua vida. Se você já tem seu instrumento, pode (e deve) tentar praticar as tríades nele também. Aí vai ter gente pensando o seguinte: ah, mas meu instrumento não toca acordes.... Faça os arpejos então! Toque as notas do acorde na sequência. Você vai se surpreender com a quantidade de melodias que são construídas basicamente sobre arpejos. - 76 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Preencha as tabelas com os acordes maiores e menores. Com os Acordes Maiores e Menores é possível tocar praticamente qualquer música popular, de qualquer estilo musical mais simples (bossa nova e jazz não contam). Sim, qualquer uma. Acordes – Conceito e Formação - 77 - Se seu objetivo é só aprender a tocar músicas mais simples e não tem interesse em evoluir mais, você poderia parar os estudos neste capítulo. O que te restaria seria apenas praticar. Mas lembre-se que você pode formar essas tríades de várias formas diferentes. Você pode, por exemplo, repetir as notas da Tríade para “engordar” o acorde. Veja o exemplo abaixo: Se você tocar todas as notas circuladas em vermelho estará fazendo um Dó Maior no Piano. Repare que só temos notas da tríade de Dó Maior (C, E, G), porém repetindo o Dó eo Mi, uma oitava acima da Tônica (primeiro Dó da esquerda para direita). No Violão é exatamente isso que se faz quando se aprende os acordes da forma tradicional. Você usa vários dedos e várias cordas para tocar as notas da tríade, e na maioria das vezes repete as notas sem nem saber. Veja: - 78 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Repare que a nota Dó e a nota Mi aparecem duas vezes. Isso não é necessário. Para formar o acorde Dó Maior, bastam as 3 notas da tríade, mas podemos repeti-las para “engordar” o acorde. Sabendo disso, você poderia formar o acorde Dó Maior de diversas formas, pois as notas Dó, Mi e Sol aparecem várias vezes, em diversas regiões do braço do violão. Veja: Pode parecer um pouco confuso olhando assim, mas essas são todas as notas Dó, Mi e Sol que existem no braço de um violão, até a 12ª casa. Qualquer combinação de Dó, Mi e Sol que seus dedos conseguirem alcançar vai formar um acorde Dó Maior. Veja a quantidade de possibilidades! Se você já toca violão, experimente formar o acorde Dó Maior de formas diferentes da que você já está acostumado. Cada formato vai trazer uma sonoridade diferente, que pode deixar uma música mais bonita. O negócio é experimentar! Acordes – Conceito e Formação - 79 - Esses raciocínios valem para quaisquer instrumentos musicais. As tríades são iguais, não importa se seu instrumento é de sopro, cordas, percussão (tímpano, por exemplo), etc. Só para finalizar essa primeira parte do estudo dos Acordes, há um tipo popular de acorde que eu não mencionei anteriormente. Ele é popularmente chamado de Acorde com Baixo ou, o que é mais correto, Acorde Invertido. De forma bem simples, o nome já diz bem o que esse acorde é: ele é um acorde cuja ordem das notas é invertida. Como assim? A tríade convencional é sempre nessa sequência: 1, 3, 5. Porém, caso seja adequado, você pode inverter essa ordem. Você pode fazer, por exemplo, a sequência 5, 3, 1. No caso do acorde Dó Maior ficaria: G, E, C. E por que popularmente chamam essa inversão de Acorde com Baixo? Simples: porque via de regra, a primeira nota que você toca é sempre a mais grave, ou seja, ele será o Baixo do acorde. Se você tocar a sequência C, E, G, o baixo está na própria Tônica. Nada novo aqui. Se você tocar a sequência E, C, G, o baixo está na Terça. E aí chamamos o acorde de Dó com Baixo em Mi (se escreve C/E). Ainda é o acorde Dó Maior, porém invertido. E não se esqueça que você pode repetir outras notas da tríade como quiser (ou como seus dedos permitirem). Por exemplo, você poderia tocar a sequência G, C, E, G, C (em vermelho): - 80 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor Veja que na prática só temos 3 notas (C, E e G). Então estamos falando de um acorde Dó Maior. Como a primeira nota é um Sol, o acorde é um Dó Maior Invertido, ou Dó Maior com Baixo em Sol (se escreve C/G). Mas nem sempre será assim. Mudar a sequências de notas de um acorde pode transformá-lo em outro acorde. Vamos falar sobre isso na sequência. Por fim, se você já toca um instrumento, experimente tocar os acordes maiores e menores de formas diferentes das que você está acostumado. Acrescente notas, inverta o acorde, explore sonoridades diferentes. Acordes – Conceito e Formação - 81 - Acordes Dissonantes Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil. 1 Coríntios 15:58 O que você vai aprender neste capítulo: Uso dos Acordes Dissonantes Regra de Formação dos Acordes Dissonantes Nomenclaturas dos Acordes Dissonantes Acordes Suspensos Principais Acordes Dissonantes *** Acordes Dissonantes - 83 - ANTES DE COMEÇAR A EXPLICAR os Acordes Dissonantes preciso fazer um alerta, contando mais uma história pessoal. Fique à vontade para pular, mas recomendo a leitura. Como eu contei anteriormente, eu comecei a tocar violão quando tinha por volta de 12 anos. Porém, só aos 16 anos foi que eu resolvi estudar música. Até então eu só sabia tocar o básico, daquele jeito meio mecânico que a maioria das pessoas aprende. Um dia eu estava passando na frente de uma banca de revistas e vi um livreto que dizia: Aprenda 614 Acordes no Violão. Eu parei e pensei: sabe de uma coisa...vou aprender esses acordes para ver se melhoro alguma coisa. Então comprei o livreto e fui para casa feliz da vida. Abri o livro e comecei a ver os inúmeros desenhos de acordes. Acordes cheio de letras e números...tipo C7(9,#11) (Lê-se Dó Maior com Sétima, Nona e Décima Primeira Aumentada). Eu não entendi nada, mas tentei fazer o acorde conforme o desenho do livro. Se você tocar esse acorde ele até tem uma sonoridade interessante. Mas havia 2 problemas: 1 - Eu não fazia ideia do que estava tocando. 2 – Eu não tinha a mínima noção de onde usar esse acorde novo tão diferente. No fim, eu memorizei os que achei mais bonitos e tentei usá-los na igreja. O resultado é que só um ou outro ficava bom. A maioria dos acordes novos ou não encaixava com a música, ou destoava muito do que os outros instrumentistas estavam tocando, e como eu era o diferente, parecia que eu estava fazendo alguma coisa errada (e estava mesmo!). - 84 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor No fim fiquei frustrado. Para que saber 614 acordes no violão se eles não serviam para nada? Foi aí que eu decidi estudar para entender o que eu estava tocando. Minha frustração virou uma motivação para aprender. E não foi fácil. Não existia professor de música a quem eu pudesse recorrer. Naquela época não existia Internet (sim, faz bastante tempo). Não tinha Google nem YouTube. Qualquer material que falasse de música para mim era importante. Livros velhos, apostilas velhas, qualquer coisa. Depois de alguns meses buscando conhecimento, como se estivesse juntando peças de um grande quebra cabeça, eu finalmente entendi de onde vinham os 614 acordes e aprendi como poderia usá-los. Bom, depois de contar essa história o alerta que eu quero te dar agora é o seguinte: - Acordes cheios de notas não necessariamente são melhores que acordes mais simples; - Não adianta saber um monte de acordes se você não entende o que está tocando; - Tocar pensando no grupo é mais importante do que tocar “difícil”. Guarde essa frase: “Acordes Dissonantes: use com moderação”. Parece piada, mas não é. Acordes Dissonantes - 85 - Agora chegou a hora de você aprender a fazer todos os acordes do Universo. Quantos você quiser. Do jeito que você quiser (ou como seus dedos conseguirem). Os Acordes Dissonantes nada mais são que tríades turbinadas. É aqui que nossas Escalas Cromáticas vão fazer toda a diferença. O exemplo que eu dei anteriormente é um bom exemplo: O acorde C7 (9, #11) Esse acorde com vários “sobrenomes” nada mais é que o acorde Dó Maior com 3 notas a mais. Como você já sabe tudo sobre Escalas Cromáticas, não vai ter nenhuma dificuldade de entender. Como formar esse acorde “difícil”? Vamos começar pela nossa Escala Cromática Composta de Dó. Abaixo ela está completa, com todos os intervalos. 1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 b9 9 #9 10 11 #11 12 b13 13 #13 14 C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B C Db D D# E F F# G Ab A A# B Bom, vamos formar nosso acorde C7 (9,#11). A primeira coisa a se observar é que o acorde é um Dó Maior. Se fosse um Dó Menor haveria a indicação (Cm). Então começamos sempre pela Tríade (1,3,5) e depois acrescentamos as notas relativas aos Intervalos 7, #9 e #11 (basta olhar para a escala cromática acima). 1 3 5 7 9 #11 C E G Bb D F# - 86 - Teoria Musical – Harmonia e Louvor E aí está nosso acorde! Moleza, certo? Obs.: Sempre que numa Cifra aparecer um 7 (ex.: C7), estaremos falando do intervalo b7. Isso só vale
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