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TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola TMEC153 – REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO CAPÍTULO 03 – SISTEMAS DE COMPRESSÃO A VAPOR DE MÚLTIPLOS ESTÁGIOS Prof. Felipe R. Loyola Disciplina: Refrigeração e Climatização 1º Semestre de 2020 TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 2 3. Sistemas de Compressão a Vapor de Múltiplos Estágios O ciclo simples de compressão de vapor é o mais utilizado por ser o mais adequado para a maioria das aplicações de refrigeração. Tratam-se de sistemas simples, baratos, confiáveis e com pouca manutenção. No entanto, para alguns tipos de aplicações busca-se uma maior eficiência (em troca da simplicidade) e condições mais específicas que as atendidas pelos ciclos simples. Os sistemas de múltiplos estágios visam a atender algumas instalações que demandam temperaturas mais baixas que aquelas atendidas pelas instalações de único estágio. Por exemplo, a indústria de laticínio (~-35°C), indústrias químicas (~-100°C), liquefação de gás natural (~-161°C). Em algumas instalações de bomba de calor, o condensador também pode operar em temperaturas mais elevadas. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 3 3.1 Instalação com mais de 1 evaporador Em algumas aplicações, somente um compressor é utilizado para servir dois ou mais evaporadores que requerem temperaturas diferentes 3.1.1 Câmaras frigoríficas com temperaturas próximas Quando as temperaturas das diversas câmaras são próximas pode-se utilizar o esquema de um compressor servindo dois evaporadores com temperaturas próximas TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 4 3.1.2 Câmaras frigoríficas com temperaturas diferentes Nesse caso utiliza-se uma válvula reguladora (redutora) de pressão instalada após o evaporador de maior temperatura. O efeito de refrigeração no evaporador de maior temperatura é maior do que no sistema com temperaturas próximas. Entretanto, o sistema comprime o vapor em uma região de maior superaquecimento, demandando mais trabalho por quilograma de refrigerante. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 5 3.1.2 Câmaras frigoríficas com temperaturas diferentes Algumas aplicações requerem efeito de refrigeração em mais do que uma temperatura. Uma forma simples e econômica para suprir essa necessidade é fazer a saída de ambos os evaporadores convergirem para um único compressor. Assim, somente um processo de compressão supre todo o sistema. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 6 3.2. Instalações para obtenção de baixas temperaturas Quando a diferença entre as temperaturas da fonte quente e da fonte fria do ciclo de refrigeração é muito elevada, a relação de compressão, Rc=pc/pe a ser vencida pelo compressor atinge valores altos, acarretando em uma perda no rendimento volumétrico, η e uma elevação da temperatura de descarga do compressor, provocando uma carbonização do óleo, aumentando o perigo de explosão e tornando mais fácil o ataque das válvulas (corrosão), além disso, a relação de compressão alta requer um compressor de grandes dimensões, onde torna-se aconselhável o uso da compressão por estágios. Acrescenta-se ainda que o fato de que a compressão por estágios permite, por meio da resfriamento intermediário, a redução do trabalho de compressão e, portanto, o aumento de rendimento frigorífico da instalação. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 7 3.2. Instalações para obtenção de baixas temperaturas Assim, quando Rc > 9, a compressão deve ser feita em estágios e a partir das condições ambientes, e dependendo do fluido refrigerante utilizado, como dados práticos em função da temperatura de evaporação os números de estágios recomendados são: ✓ Temperatura de evaporação > –35°C → 1 estágio de compressão; ✓ –70 °C < Temperatura de evaporação < –35°C → 2 estágios de compressão; ✓ Temperatura de evaporação < –70°C → 3 ou mais estágios de compressão. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 8 3.2.1 Separador de Líquido (Expansão fracionada) É possível economizar na potência requerida pelo compressor em um sistema de refrigeração se uma parcela do vapor gerado no processo de expansão (entre o condensador e o evaporador) é comprimido novamente antes de completar a expansão. Quando o fluido que passa por todo o sistema de refrigeração em cascata é o mesmo, o trocador de calor entre estágios pode ser trocado por um separador de líquido (chamada câmara flash) já que possui melhores características de transferência de calor. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 9 3.2.1 Separador de Líquido (Expansão fracionada) Quando o líquido saturado é expandido através da válvula de expansão, a fração de vapor gerada aumenta progressivamente. O equipamento responsável por separar parte do líquido do vapor, para que ele continue a se expandir e “recomprimir” o vapor sem uma expansão adicional é chamado de separador de líquido. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 10 3.2.1 Separador de Líquido (Expansão fracionada) A expansão entre os pontos 6 e 7 ocorre através de uma válvula que serve para manter um nível constante no separador de líquido. Assim o processo de compressão de alta pressão requer um compressor com pressão de aspiração adequada. Requerendo então dois compressores no sistema. A separação do refrigerante líquido do vapor ocorre quando a velocidade do vapor ascendente no reservatório é suficientemente baixa para que as gotículas líquidas retornem ao tanque. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 11 3.2.1 Separador de Líquido (Expansão fracionada) Exemplo: Considere um sistema de refrigeração operando com dois estágios de compressão de vapor com limites de pressão de 0,8 a 0,14 MPa . O fluido refrigerante utilizado é o R-134a. O refrigerante deixa o condensador como um líquido saturado e é estrangulado até um separado de líquido (câmara flash) operando a 0,32 MPa. Parte do refrigerante evapora durante o processo de mistura, e o vapor é misturado com o refrigerante deixando o compressor do ciclo de menor pressão. A mistura então é comprimida até chega a pressão de condensação pelo compressor de alta pressão. O líquido na câmara flash é estrangulado até a pressão de evaporação e então resfria o espaço refrigerado enquanto é vaporizado no evaporador. Assumindo que o refrigerante deixa o evaporador como vapor saturado e ambos os compressores são isentrópicos, pede-se: (a) a fração de refrigerante que evapora enquanto é estrangulado até a câmara flash; (b) a quantidade de calor removida do espaço refrigerado e o trabalho do compressor por unidade de massa de refrigerante escoando através do condensador; (c) o COP do sistema TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 12 3.2.2 Expansão fracionada e resfriamento intermediário O resfriamento do refrigerante a uma pressão intermediária acontece em instalações com dois estágios de compressão e que visa reduzir o superaquecimento do vapor que deixa o estágio de baixa pressão. Tal resfriamento reduz o trabalho de compressão por quilograma de vapor de refrigerante. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 13 3.2.2 Expansão fracionada e resfriamento intermediário O resfriamento intermediário posto em um sistema de refrigeração através de um trocador de calor resfriado a água (com pouca utilidade para refrigerantes) ou através da utilização do próprio refrigerante. No caso da utilização do refrigerante, o refrigerante líquido advindo do condensador é utilizado para o resfriamento. O vapor vindo do compressor de baixa pressão borbulha através do resfriador intermediário e sai dele como vapor saturado. TMEC153– Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 14 3.2.2 Expansão fracionada e resfriamento intermediário É possível achar uma pressão ótima na qual o resfriamento intermediário deve ocorrer na compressão a ar. Essa pressão é dada pela média geométrica entre a pressão de sucção do compressor no estágio de baixa e a descarga do compressor no estágio de alta (𝑝𝑖 = 𝑝𝑒𝑝𝑐). Porém, para o refrigerante isso não é necessariamente verdade, pois não há uma consideração ao refrigerante adicional sendo comprimido pelo compressor de alta. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 15 3.2.3 Ciclo Cascata Trata-se de ciclos simples de refrigeração de compressão de vapor que interagem através da troca de calor entre o evaporador do ciclo de maior pressão e o condensador do ciclo de menor pressão. Pode-se utilizar refrigerantes iguais (atentando-se aos limites de operação) ou diferentes nos ciclos. Esse esquema é utilizado quando a diferença das temperaturas atinge altos valores. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 16 3.2.3 Ciclo Cascata Para tanto, por se buscar essa grande diferença de temperatura, deve-se prestar atenção à temperatura de solidificação do fluido refrigerante. Para o ciclo de alta pressão, utiliza-se um fluido cuja temperatura crítica é elevada e cria essa diferença de temperatura entre o meio e a temperatura intermediária. Esta temperatura serve como fonte quente do ciclo de refrigeração do segundo fluido que possui elevadas pressões de saturação em baixas temperaturas. Um benefício desse ciclo é evitar a migração de óleo entre os compressores. TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 17 3.2.3 Ciclo Cascata Pode-se colocar como exemplo de um sistema em cascata um ciclo que opera com R-12 ou R-22 no circuito de alta pressão e R-13 no sistema de baixa pressão. R-12 R-13 Temperatura (°C) Pressão de saturação (kPa) Volume específico do vapor (m³/kg) Pressão de saturação (kPa) Volume específico do vapor (m³/kg) -70 12,42 1,146 180,9 0,08488 25 651,6 0,02686 3560 0,002915 TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 18 3.2.3 Ciclo Cascata Para um sistema que opera a -70°C, utilizar R-12 implica em uma pressão de evaporação inferior à atmosférica. Porém, com o R-13 no circuito de baixa pressão, permitiria a operação com uma pressão de evaporação superior à atmosférica. A capacidade volumétrica para o compressor de baixa (com R-13) deveria ser equivalente a 1/14 do compressor de R-12 R-12 R-13 Temperatura (°C) Pressão de saturação (kPa) Volume específico do vapor (m³/kg) Pressão de saturação (kPa) Volume específico do vapor (m³/kg) -70 12,42 1,146 180,9 0,08488 25 651,6 0,02686 3560 0,002915 TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 19 3.2.3 Ciclo Cascata ሶmA h1 − h4 = ሶmB h8 − h5 → ሶmA ሶmB = h8 − h5 h1 − h4 COPR,cascada = ሶQL Wnet,in = ሶmB h7 − h6 ሶmA h2 − h1 + ሶmB h8 − h7 Os ciclos em cascata aumentam o COP de um sistema de refrigeração Alguns sistemas podem utilizar de três a quatro estágios em cascata TMEC153 – Refrigeração & Climatização Prof: Felipe R. Loyola24/03/2020 20 3.2.3 Ciclo Cascata Exemplo: Considere um ciclo cascata de refrigeração operando em dois estágios entre os limites de pressão de 0,8 e 0,14 MPa. Cada estágio opera com um ciclo ideal de compressão de vapor com o refrigerante R-134a como fluido de trabalho. A rejeição de calor do ciclo de baixa pressão para o ciclo de alta pressão acontece através de um trocador de calor de contra-corrente adiabático, em que ambas as correntes estão a 0,32 MPa. (Na prática, o fluido de trabalho do ciclo de baixa pressão encontra-se com uma pressão maior e temperatura para uma troca de calor efetiva). Se a vazão mássica de refrigerante no ciclo de alta pressão é de 0,05 kg/s, determine: (a) a vazão mássica de refrigerante no ciclo de baixa pressão; (b) a taxa de calor removido do espaço refrigerado e a potência requerida pelos compressores; (c) o COP do ciclo cascata
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