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Fundamentos da Educação

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Fundamentos da Educação
João Maria Pires
Vilma Vitor Cruz
Interdisciplinar
Fundamentos da Educação
Natal – RN, 2012
Interdisciplinar
Fundamentos da Educação
João Maria Pires
Vilma Vitor Cruz
3ª Edição
Catalogação da publicação na fonte. Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva.
© Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – EDUFRN.
Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa do Ministério da Educacão – MEC
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS
Marcos Aurélio Felipe
GESTÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Luciana Melo de Lacerda
Rosilene Alves de Paiva
PROJETO GRÁFICO
Ivana Lima
REVISÃO DE MATERIAIS
Revisão de Estrutura e Linguagem
Eugenio Tavares Borges
Janio Gustavo Barbosa
Jeremias Alves de Araújo
Kaline Sampaio de Araújo
Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Revisão de Língua Portuguesa
Camila Maria Gomes
Cristinara Ferreira dos Santos
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
Janaina Tomaz Capistrano
Priscila Xavier de Macedo
Rhena Raize Peixoto de Lima
Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Revisão das Normas da ABNT
Verônica Pinheiro da Silva
EDITORAÇÃO DE MATERIAIS
Criação e edição de imagens
Adauto Harley
Anderson Gomes do Nascimento
Carolina Costa de Oliveira
Dickson de Oliveira Tavares
Leonardo dos Santos Feitoza
Roberto Luiz Batista de Lima
Rommel Figueiredo
Diagramação
Ana Paula Resende
Carolina Aires Mayer
Davi Jose di Giacomo Koshiyama
Elizabeth da Silva Ferreira
Ivana Lima
José Antonio Bezerra Junior
Rafael Marques Garcia
Módulo matemático
Thaisa Maria Simplício Lemos
Pedro Gustavo Dias Diógenes
IMAGENS UTILIZADAS
Banco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Fotografi as - Adauto Harley
MasterClips IMSI MasterClips Collection, 1895 Francisco Blvd, East, 
San Rafael, CA 94901,USA.
MasterFile – www.masterfi le.com
MorgueFile – www.morguefi le.com
Pixel Perfect Digital – www.pixelperfectdigital.com
FreeImages – www.freeimages.co.uk
FreeFoto.com – www.freefoto.com
Free Pictures Photos – www.free-pictures-photos.com
BigFoto – www.bigfoto.com
FreeStockPhotos.com – www.freestockphotos.com
OneOddDude.net – www.oneodddude.net
Stock.XCHG - www.sxc.hu
FICHA TÉCNICA
Governo Federal
Presidenta da República
Dilma Vana Rousseff
Vice-Presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
Aloizio Mercadante Oliva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Vice-Reitora
Maria de Fátima Freire Melo Ximenes
Secretaria de Educação a Distância (SEDIS)
Secretária de Educação a Distância
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Secretária Adjunta de Educação a Distância
Eugênia Maria Dantas
Sumário
Apresentação Institucional 5
Aula 1 Vôo livre pelos caminhos da Educação 7
Aula 2 Missão e compromissos da Educação 23
Aula 3 Modelos teóricos e metodológicos para a Educação 41
Aula 4 Organizando a difusão dos saberes e das práticas educativas 57
Aula 5 Fundamentos dos saberes e das práticas tradicionais na Educação 71
Aula 6 A Educação e as exigências do mercado 83
Aula 7 Cultura tecnológica e Educação 99
Aula 8 Formação pedagógica e cultura tecnológica 115
Aula 9 A dimensão pedagógica e as inovações da cultura tecnológica 131
Aula 10 A racionalidade contemporânea e a prática pedagógica 147
Aula 11 A elitização e a universalização da Educação no Brasil 165
Aula 12 O analfabetismo entre jovens e adultos 179
Aula 13 Educação, tradição e modernidade 191
Aula 14 A institucionalização da modernização na Educação 207
Aula 15 Desenvolvimento e Educação: sonho e realidade 225
Apresentação Institucional
A Secretaria de Educação a Distância – SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no âmbito local, das Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação 
a Distância – SEED, o Ministério da Educação – MEC e a Universidade Aberta do Brasil – 
UAB/CAPES. Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição: a 
primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico, sendo 
implementados cursos de licenciatura e pós-graduação lato e stricto sensu; a segunda volta-se 
para a Formação de Gestores Públicos, através da oferta de bacharelados e especializações 
em Administração Pública e Administração Pública Municipal.
Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD, a Sedis tem disponibilizado um conjunto de 
meios didáticos e pedagógicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que são 
elaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto gráfi co para atender às necessidades 
de um aluno que aprende a distância. O conteúdo é elaborado por profi ssionais qualifi cados e 
que têm experiência relevante na área, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material 
impresso é a referência primária para o aluno, sendo indicadas outras mídias, como videoaulas, 
livros, textos, fi lmes, videoconferências, materiais digitais e interativos e webconferências, que 
possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem.
Assim, a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram 
o desafi o de contribuir com a formação desse “capital” humano e incorporou a EaD como 
modalidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais 
seleto o acesso à graduação e à pós-graduação no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN 
está presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões, ofertando 
cursos de graduação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado, interiorizando e tornando 
o Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o 
conhecimento uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.
Nesse sentido, este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual 
e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e 
com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE 
O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade 
estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil. 
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
SEDIS/UFRN
5
Vôo livre pelos 
caminhos da Educação
1
Aula
Apresentação
1
2
3
4
Aula 1 Fundamentos da Educação 9
Nesta primeira aula da disciplina Fundamentos da Educação, nada melhor do que irmos à raiz das questões. Assim, pensamos em iniciar nossos estudos sobrevoando (como o fazem os passarinhos quando miram um alvo) em torno de alguns conceitos e 
terminologias que nos serão úteis no decorrer da disciplina. Esse sobrevôo tem por fi nalidade 
tentar analisar as nuanças que circundam o termo educação e, assim, compreender a prática 
educativa no contexto da escola e da sala de aula.
O que seria então a educação? Você pode dizer: essa é fácil de “matar”. Todos nós 
(adultos) temos um conceito formado sobre educação. A questão que se coloca aqui é saber 
se estamos certos em simplesmente defi nir educação a partir do senso comum, da experiência 
vivida ao longo de nossa formação acadêmica ou se deveremos ir um pouco mais além e 
perguntar: será que existe uma teoria educativa? Caso a resposta seja positiva, quais seriam 
seus fundamentos? Em quais princípios ela se apóia? Como está organizada? Você, por acaso, 
já se preocupou com essas questões? Pois bem, todas elas circundam a discussão sobre a 
educação. Daí iniciarmos esta aula da disciplina refl etindo acerca do que pensamos sobre a 
Educação, para depois aprofundarmos a compreensão de como ela se organiza e como é posta 
em prática. Nesse sentido, entendemos que para compreender o processo do qual decorre e 
se completa a formação docente, será necessário compreender o sistema no qual a Educação 
está inserida, pois, somente a partir disso o profissional poderá emergir no universo do seu 
trabalho, conciliando teoria e prática.
Objetivos
Apresentar a educação como processo universal e 
civilizatório.
Identifi car a Educação na dinâmica das mudanças 
nacionais e internacionais.
Perceber as transformações econômicas e sociais, 
e os movimentos de padronização cultural na 
Educação.
Compreender os processos educativos dentro de 
uma relação dialética à medida que contribui para 
que a cultura também se transforme.
Aula 1 Fundamentos da Educação10
O que é Educação?
Essa pergunta pode parecer despretensiosa e desinteressante para você ou para qualquer outro que pense, de imediato, saber a resposta. Mas, adiantamos desde já que, ao contrário do que possa sugerir a leitura rápida e o impulso imediato para expressar 
a primeira resposta, tal questão exige e pressupõe uma reflexão consistente sobre os 
fundamentos nos quais se apóia e se desenvolve a dimensão teórica e prática da Educação.
É perceptível que o referido questionamento direciona nossa atenção e a nossa refl exão 
para a busca de informações que esclareçam a base conceitual e as justifi cativas nas quais 
repousam as idéias que temos sobre Educação. Em outras palavras, fi ca claro que a questão é 
simples na sua forma e provocativa no seu conteúdo. Com essa provocação, estamos querendo 
dizer que, por encontrar-se carregada de interesses e interpretações, podemos misturar 
informação política com política de formação.
Por isso, torna-se imprescindível identifi car, compreender e discutir os fundamentos e 
os interesses que a questão comporta, o que facilita captar e distinguir o que dela se projeta 
como ação formativa e algo que se encontra além da dimensão simplesmente informativa.
Convidamos, pois, você para refl etir conosco sobre essa e outras interpretações que 
compõem o universo da Educação.
Assim, o que você acha de iniciarmos nossa investigação pensando e refl etindo sobre 
a importância do conteúdo que envolve a questão proposta: o que é a Educação? Ora, 
vamos, não se assuste! Apenas estamos propondo que o caminho investigativo comece pelo 
esclarecimento sobre a necessidade de discutirmos os fundamentos do que o senso comum 
Aula 1 Fundamentos da Educação 11
convencionou chamar de educação. Compreendeu? Vou esclarecer mais um pouco. Veja bem, 
a idéia é desenvolver o tema e responder à questão central a partir dos argumentos que 
costumeiramente apresentamos como explicações e justifi cativas para algumas das nossas 
necessidades práticas. Entre estas, encontra-se a educação.
Entendemos que ao identifi car tais justifi cativas, poderemos compor um quadro teórico 
de informações consistentes e, desse modo, chegar a uma dimensão conceitual explicativa 
para o ato de educar, com maior fundamentação.
Viu como pode ser “mais fácil” nossa estratégia?
Essas aspas são um sinal de que mesmo adotando nossa sugestão como estratégia de 
abordagem, ainda poderemos ter turbulências durante o vôo. Por outro lado, acreditamos que 
não será algo complicado e perturbador a ponto de nos tirar do objetivo principal que é o desejo 
de conhecer a Educação de modo mais consistente e signifi cativo. Nesse sentido, devemos 
ir além da idéia comum de educação, ainda que encontremos pelo caminho argumentos 
reforçando a tese de que a formação contemporânea se basta ou se completa apenas com 
os conhecimentos dos sofi sticados meios de comunicação e dos seus infi nitos recursos 
tecnológicos.
De um modo ou outro, pensamos ser possível demonstrar que o grande e diversifi cado 
número de informações, disponíveis em nossa sociedade, ainda não é suficiente para 
dispensar a preocupação com os fundamentos, seja da Educação ou de qualquer outra área 
de conhecimento. Sendo assim, perguntamos: pronto para um vôo pelos campos verdes, mas, 
também áridos da Educação? Pois bem, vamos lá.
A primeira providência é lembrar que investigar uma pergunta do tipo o que é Educação, 
já desgastada pelo seu uso indiscriminado e pouco refl exivo, poderá nos forçar a reconhecer 
que se torna desnecessário e improdutivo insistir nisso para aprofundar a compreensão dos 
seus fundamentos. Isso porque nosso termômetro ingênuo de sabedoria, o senso comum, 
indicaria que já sabemos a resposta na sua completude, o que ela é na sua mais profunda 
dimensão e o que representa em termos de importância social, política e cultural na escala 
evolutiva e racional que a raça humana atingiu até chegar a nossa sociedade.
Por outro lado, assim como uma moeda tem dois lados, cara e coroa, distintos e 
complementares entre si, acreditamos que uma análise rigorosa da questão, como a que 
estamos propondo aqui, não se limitará à garantia de sabermos o que é a Educação a partir 
da evolução histórica do conhecimento humano, baseando nossos argumentos simplesmente 
na estreita visão ocidental que temos do homem no mundo, ou seja, esquecemos de ampliar 
as informações além dos referenciais que delimitam a fronteira do nosso modo de ver as 
coisas. Esse caminho de fato limitaria o conhecimento de outras experiências e, portanto, de 
interpretações possivelmente diferentes das nossas.
Olhando por outro lado, o raciocínio que acabamos de apresentar contrasta, ou choca-
se de frente, com pelo menos uma outra perspectiva que radicaliza (no sentido de ir às 
raízes) a questão que queremos investigar. Estou me referindo à problemática que a questão 
Atividade 1
Aula 1 Fundamentos da Educação12
sugere quando aprofundamos a refl exão perguntando se será possível sabermos, de fato, a 
essência do signifi cado da Educação.
Que tal fazermos um exercício refl exivo e expressar, no papel, nosso primeiro conceito 
de Educação? Pois bem, se já sabemos o que é a educação, então, nada mais oportuno do que 
expormos esse saber, não é mesmo? Ele será resultado do que nossa experiência ingênua nos 
sugere acrescido do breve conteúdo exposto até o momento.
Procure agora defi nir o que é educação.
De outro modo, para expressar bem o que já sabemos sobre Educação, ou, para, 
paradoxalmente, investigar sobre o que não sabemos, teremos que nos esforçar para identifi car 
o que caracteriza e justifi ca a ação educativa. Portanto, qualquer que seja o caminho investigativo 
escolhido por nós, o primeiro passo será unir forças e interesses para compreender e apreender 
os fundamentos do que se esconde no ato de educar. Com isso, a partir de agora faremos de 
conta, melhor dizendo, assumiremos como pressuposto investigativo a idéia de que já sabemos 
de fato o que signifi ca educação e que apenas estamos interessados em compreender os 
desdobramentos do ato de educar como garantia de boa formação do indivíduo e do pleno 
exercício de sua cidadania. Combinado? 
Aula 1 Fundamentos da Educação 13
Para auxiliar a nossa empreitada de superação da visão ingênua de educação oferecida 
pelo senso comum, seguiremos as linhas interpretativas indicadas pelas teorias da 
Educação. Assim, sugerimos recorrer a Libâneo (2004), pesquisador de larga experiência 
no campo da Educação, que deverá dar apoio teórico e sustentabilidade ao nosso esforço 
para fundamentar a idéia central que estamos desenvolvendo. As defi nições a seguir 
assumem formas conceituais que se identifi cam com concepções teóricas específi cas 
e determinadas. Assumem também sentido de criação, geração ou elaboração de uma 
representação do mundo e do homem. Desse modo, todas elas buscam identifi car e 
apreender a importância da ação educativa no conjunto das diversas relações que 
comportam as transformações entre o homem e o mundo.
Vejamos, por exemplo, algumas defi nições conceituais que possivelmente serviriam 
como respostas para a questão enfocada (o que é educação?), de acordo com Libâneo 
(2004, p.72-79).
1) Uma concepção geral, que serve de orientação para muitos educadores
a. O acontecer educativo corresponde à ação e ao resultado de um processo de formação 
dos sujeitos ao longo das idades para se tornarem adultos, pelo que adquirem 
capacidades e qualidades humanas parao enfrentamento de exigências postas por 
determinado contexto social.
b. Educação como processo de desenvolvimento: o ser humano se desenvolve e 
se transforma continuamente, e a educação pode atuar como confi guração da 
personalidade a partir de determinadas condições internas do indivíduo.
2) Uma resposta com base na concepção naturalista
a. A educação e o ensino devem adaptar-se à natureza biológica e psicológica da criança; 
e as tendências de seu desenvolvimento já estariam prontas desde o nascimento.
3) Resposta baseada na concepção pragmática
 a. A educação não é a preparação para a vida, é a própria vida. [...] A educação é uma 
constante reconstrução ou reorganização da nossa experiência que opera uma 
transformação direta da qualidade da experiência.
4) Uma defi nição de educação com base na concepção espiritualista
 a. Cabe à educação atualizar disposições existentes potencialmente no aluno, cultivando 
suas faculdades mentais para atingir o ideal de perfeição, cujo modelo é Cristo.
5) A proposta de educação associada a uma concepção cultural
 a. A educação é uma atividade cultural dirigida à formação dos indivíduos, mediante 
à transmissão de bens culturais que se transformam em forças espirituais internas 
no educando.
Atividade 2
1
2
Aula 1 Fundamentos da Educação14
6) Por fi m, uma idéia de educação baseada na concepção histórico-social
 a. A educação é um acontecimento sempre em transformação. Seus objetivos e 
conteúdos não são sempre idênticos e imutáveis, variam ao longo da história e são 
determinados conforme o desdobramento concreto das relações sociais, das formas 
econômicas da produção, das lutas sociais.
Exercite sua habilidade de “pescador” para lançar a rede sobre as 
defi nições anteriormente citadas. Em seguida, selecione entre as idéias 
pescadas aquela que melhor enfatiza a principal preocupação de cada 
uma das concepções dadas.
Faça um breve comentário ressaltando o que lhe chamou a atenção em 
cada uma das concepções anteriormente citadas.
Aula 1 Fundamentos da Educação 15
É claro que as defi nições apresentadas compõem apenas um pequeno acervo teórico 
das respostas para a nossa questão investigativa. Desse modo, talvez até seja possível dizer 
que o universo dos conceitos e das teorias explicativas sobre a educação varia conforme o 
entendimento e a experiência vivida em torno dos processos de formação e desenvolvimento 
humano.
Como exercício crítico-refl exivo, sugerimos que leia mais uma vez sua defi nição de 
educação, elaborada na primeira atividade, e compare-a com as defi nições vistas objetivando 
encontrar semelhanças entre elas. Algo semelhante a uma idéia básica, implícita nas entrelinhas 
de uma das concepções, que poderá servir como referencial discursivo para nós. Veja, por 
exemplo, se concorda que é possível admitirmos como primeiro ponto de apoio para nossa 
investigação o entendimento de que a educação, em seu sentido amplo, é um meio de 
promoção do homem. Concorda?
Pois bem, este será nosso primeiro referencial. Na seqüência, buscaremos identifi car o 
desdobramento da promoção do homem através dos jogos de interesses em vários contextos 
e situações das políticas públicas da educação brasileira.
Libâneo (2004) e Ghiraldelli Júnior (2001) nos oferecem indicações das concepções de 
educação na perspectiva de promoção humana, a qual aparece no centro de um emaranhado 
de interesses sociais, políticos econômicos e culturais. Os autores apresentam quatro projetos 
distintos (descritos a seguir) para a educação brasileira, que se identifi cam com movimentos 
em torno da idéia de um “novo Brasil”.
a) Católicos – Defensores da Pedagogia Tradicional. Grupo de manifestantes 
defensores dos interesses católicos e ferrenhos opositores das teses da 
Pedagogia Nova.
b) Liberais – Composto por intelectuais que manifestavam desejos por um país 
construído sob as bases urbano-industriais democráticas. Esses manifestantes 
defendiam uma Pedagogia Nova para a educação.
c) Governistas – Numa situação aparentemente neutra, de livre trânsito entre os 
liberais e os católicos, o Governo Federal colocou em execução uma política 
de educação diferente dos outros dois projetos, distantes dos princípios 
democráticos que o país apresentava para o contexto.
d) Aliancistas – Representantes das classes populares (proletariado e camada 
média) que formaram uma frente antiimperialista e antifascista (grupo dos 
Integralistas), sob a sigla ANL – Aliança Nacional Libertadora. Defenderam 
uma democratização da educação, em referência às teses reivindicatórias 
do Movimento Operário.
Pedagogia 
Tradicional
Pedagogia de cunho 
religioso-católico, com 
base nos princípios da 
educação jesuítica.
Liberais
Basicamente constituído 
de intelectuais que nos 
anos 20 propuseram várias 
reformas educacionais e, 
em 1932, publicaram o 
Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova.
Pedagogia Nova
Pautava-se em 
métodos ativos de 
ensino-aprendizagem, 
incentivando os trabalhos 
em grupo e as práticas 
manuais, com ênfase 
substancial à liberdade 
da criança e ao interesse 
do educando.
John Dewey
Filósofo da Educação, 
grande entusiasta da 
Pedagogia Nova.
Anísio Teixeira
Defendia uma escola 
democrática, única, e o 
ensino profi ssionalizante. 
Émile Durkheim
Dedicou grande parte de 
seus estudos sociológicos 
a transformar a sociologia 
em ciência autônoma: 
como disciplina rigorosa
e objetiva.
Aula 1 Fundamentos da Educação16
Segundo Ghiraldelli Júnior (2001), todos esses movimentos desejavam um país diferente 
da República Oligárquica imposta pela Revolução de 30, a qual promoveu um rearranjo na 
sociedade política possibilitando o assento de setores sociais marginalizados do poder durante 
a Primeira República. Mas, na verdade, estamos querendo destacar que para compreender o 
que é a educação, deveremos primeiro perceber que o sentido social de promoção humana 
– nosso primeiro referencial, lembra? – surge entrelaçado, principalmente, com interesses 
políticos e econômicos. O ambiente é constituído em torno de lutas ideológicas ferrenhas, 
protagonizadas por facções de concepções conservadoras, reacionárias e por profi ssionais 
liberais querendo assumir os rumos da modernização do país, também, pela educação.
Só para ilustrar o complicado contexto no qual se formam as políticas de educação 
que irão predeterminar a promoção humana, o autor referenciado cita uma passagem da 
participação do presidente Getúlio Vargas (ainda que apenas para reforçar seu marketing 
político), na IV Conferência Nacional de Educação, em 1931. Os educadores brasileiros 
estavam discutindo “As Grandes Diretrizes da Educação Popular”. Na oportunidade, Vargas 
apareceu e teria dito que “‘O governo revolucionário’ não tinha uma proposta educacional, e 
esperava-se dos intelectuais ali presentes a elaboração do ‘sentido pedagógico da Revolução’”. 
(GHIRALDELLI JÚNIOR, 2001, p.41).
É bom não esquecer que os fundamentos da Educação que estavam sendo propostos 
no Brasil tinham suas raízes em teses e teorias da Educação e da Sociologia, mais elaboradas, 
fora do país. Estamos nos referindo principalmente às idéias de John Dewey (1859-1952), que 
infl uenciaram fortemente o pensamento de Anísio Teixeira, e ao sociólogo Émile Durkheim (1858-
1917), o qual infl uenciou diretamente o modo de pensar de Fernando Azevedo. Duas posturas 
diferentes de ver e projetar a educação, ainda que sob uma mesma base: a Pedagogia Nova. Para 
Anísio Teixeira, a escola seria controlada pela comunidade e aberta a todas as camadas sociais. 
Enquanto Fernando de Azevedo, procurando conciliar a proposta pedagógica de Dewey com a 
visão sociológica de Durkheim, assumiu uma visão elitista para a educação. Para ele, a escola 
deveria ter um papel de formadora de elites e a educação serviria para rearranjar os indivíduos na 
sociedade de acordo com suas aptidões. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 2001).
Vemos, pois, a linha de ruptura entre o tradicional e o novo aprofundar-seatravés da 
perspectiva modernizante da educação ao se apresentar como a dimensão pedagógica, crítica, 
ativa e atuante, que permitirá a promoção humana através da formação social e política dos 
jovens. Desse modo, acreditamos ter chegado ao nosso segundo ponto de apoio: a promoção 
humana implícita na perspectiva de formação educacional poderá ocorrer em nome de 
interesses econômicos, políticos e ideológicos associados à racionalização instrumental, 
através da qual a educação assume a dimensão de instrumento das mudanças sociais, urgentes 
e necessárias para acomodar o “novo”, a racionalidade científi ca e tecnológica que se encontra 
à frente das transformações contemporâneas.
Considerando que o nosso objetivo neste momento é buscar compreender os 
fundamentos da Educação, e, como tal, já os concebemos entranhados no movimento 
histórico da educação, nada mais justo do que esclarecer essa história. Esta, por sua 
Paidéia
A palavra grega Paidéia 
aproxima-se do termo 
cultura com signifi cado 
de formação individual, 
com base nas “boas 
artes”, aquelas que são 
próprias do homem e que 
o diferencia de todos os 
outros animais. Nas “boas 
artes”, estava incluída a 
poesia, a eloqüência, a 
fi losofi a, a matemática, a 
música etc. (ABBAGNANO, 
1982, p.209).
Aula 1 Fundamentos da Educação 17
vez, como ressaltamos anteriormente, é constituída a partir dos interesses envolvidos nas 
relações sociais, políticas e econômicas. Nesse sentido, iremos dar seqüência a nossa 
abordagem, mas, saltando a linha imaginária do tempo para, de modo mais evidente, 
chegarmos à forma contemporânea de discutir os princípios educativos e as novas tendências 
reservadas para a Educação.
Nossa caminhada segue no sentido de mostrar que as informações basilares encontradas 
até o momento, das quais nos servimos como pontos de apoio interpretativos, identifi cam, 
em um primeiro momento, a educação como meio de promoção do homem e, em um 
segundo momento, demonstram que tal promoção humana ocorre em função dos interesses 
intrínsecos aos confl itos ideológicos, em sintonia com a racionalização instrumental, que 
surge como indicadora confi ável para as mudanças que irão acomodar as transformações 
contemporâneas.
Assumimos anteriormente como pressuposto investigativo a idéia de que sabemos o que é a 
educação e que apenas estamos interessados em compreender a importância dos desdobramentos 
do ato de educar como garantia da boa formação do indivíduo e o pleno exercício de sua cidadania 
na contemporaneidade. Ora, tais desdobramentos, como já os vimos, aparecem inseridos em 
propostas da sociedade organizada, dos técnicos e dos políticos que se encontram à frente das 
decisões ofi ciais, na forma de políticas de educação. Estas, por sua vez, procuram acompanhar os 
interesses sociais, políticos e econômicos, nacionais e internacionais, para propor uma adequação 
pedagógica em sintonia com os valores que estão em formação.
Desse modo, admitir que sabemos o que é a educação, é no mínimo uma ousadia 
imprecisa. Pois, tal questão pressupõe uma sintonia com o emaranhado jogo de interesses 
de concepções ideológicas, políticas e econômicas, as quais se transformam em decisões e 
se transportam para o social como normas, princípios e diretrizes que, inseridos no processo 
educativo, passarão a indicar os caminhos pelos quais deverá ocorrer a formação político-social 
dos indivíduos. Daí que, para pensar e admitir a educação como algo diferente, capacitada a 
percorrer uma via formativa mais rigorosa e profunda, teremos que nos remeter aos gregos 
antigos. Estes, de fato, nos legaram uma educação forte e consistente, idealizada para ser 
desenvolvida sem interferências danosas dos interesses referidos. Os gregos compreenderam 
a educação como Paidéia, ou seja, como uma formação integral do homem em sua dimensão 
cultural mais sensível e intelectual possível.
Vemos, portanto, meu caro aluno, a distância que estamos dos gregos e da idéia de educação 
que eles tiveram. É claro que não pretendemos entrar em clima de saudosismo com essa referência. 
Apenas objetivamos mostrar a dinâmica que altera o movimento conceitual da resposta para nossa 
questão principal. Nesse sentido, chegamos ao nosso terceiro ponto: não é possível responder ou 
saber “o que é educação”. Ou melhor, para tal questão existe uma infi nidade de respostas, quantas 
forem possíveis identifi car através de um levantamento histórico dos modos ditos civilizatórios, sobre 
a organização social, política e cultural dos povos.
Agora, como forma de melhor fi xar o conteúdo sistematizado e desenvolvido até o 
momento, faremos nossa terceira atividade.
Atividade 3
Aula 1 Fundamentos da Educação18
Com base nas idéias anteriormente desenvolvidas, apresentamos como atividade 
complementar a questão que segue.
Faça uma entrevista com algumas pessoas da sua comunidade (professores, 
alunos, padre, pastor, juiz, prefeito, delegado etc.), procurando informar-se sobre:
a. o que é educação?
b. o que signifi ca educar, hoje? 
c. o que representa uma boa educação?
d. o que a sociedade espera obter com a educação dos jovens?
Depois desse nosso vôo livre pelos caminhos da Educação, não devemos concluir que a 
caminhada investigativa não valeu a pena. Que não adiantou nada procurar os fundamentos da 
Educação. Ou seja, que já sabemos tudo sobre educação e que investigar seus fundamentos, 
de fato, nos levou e levará à frustração. Não podemos raciocinar dessa forma. O fato de não 
termos chegado a uma resposta precisa para a questão posta não justifi ca uma interpretação 
errônea e desqualifi cada para o conteúdo tratado.
Nossa conclusão indica a rica dimensão conceitual que envolve a pergunta: o que 
é educação? O que, de certa forma, traduz a difícil tarefa que nós educadores temos em 
compreender o movimento atual das transformações sociais, econômicas, políticas e culturais, 
para oferecer uma perspectiva educacional, sintonizada com as mudanças contemporâneas 
e, principalmente, integrada a uma formação crítico-refl exiva que promova no homem uma 
visão além do senso comum. Uma visão privilegiada dos acontecimentos do seu tempo e o 
pleno exercício de sua cidadania.
Agora que você já tem uma compreensão consistente do ato de educar e conhece como 
sua comunidade pensa e assume as ações educativas, tem condições de assumir uma visão de 
educação mais cuidadosa, criteriosa, com base no seu aguçado senso crítico. Que tal fazermos 
neste momento o caminho inverso ao que realizamos anteriormente?
A proposta segue a seguinte linha de raciocínio:
Aula 1 Fundamentos da Educação 19
a) já temos uma idéia do que é ou pode vir a ser a educação;
b) estamos inseridos em um conjunto de relações sociais, nas quais se constroem e se 
destroem continuamente valores e princípios educativos de acordo com os interesses 
envolvidos;
c) acreditamos nos processos educativos que se organizam em torno das mudanças 
exigidas pela sociedade contemporânea, mas, a partir de uma educação para o pensar, 
fundamentada na perspectiva crítico-refl exiva;
d) portanto, temos condições de fazer comentários críticos (com critérios) e refl exivos 
sobre educação.
Assim, complementaremos nossa atividade prática lendo, refl etindo e discutindo sobre 
o texto a seguir. Leia-o atentamente e, em seguida, sistematize por escrito a(s) idéia(s) de 
educação que nele encontrar e depois comente com seus colegas de curso.
[...] vista em seu vôo mais livre, a educação aparece sempre que há relações entre pessoas 
e intenções de ensinar-e-aprender. Intenções, por exemplo, de aos poucos “modelar a 
criança”, para conduzi-la a ser o “modelo” social de adolescente, para torná-lo mais 
adiante um jovem e, depois, um adulto. Todos os povos traduzem de alguma maneira 
esta lenta transformação que a aquisição do saber deve operar. [...] Não é nada raro que 
tanto na cabeça de um índio quanto na de um de nossos educadores ocidentais, a melhor 
imagem de como a educação se idealiza seja a do oleiro quetoma o barro e faz o pote. O 
trabalho cuidadoso do artesão que age com o tempo e sabedoria sobre a argila viva que é 
o educando. [...] Quando o educador pensa a educação, ele acredita que, entre homens, ela 
é o que dá a forma e o polimento. Mas, ao fazer isso na prática, tanto pode ser a mão do 
artista que guia e ajuda o barro a que se transforme, quanto a forma que iguala e deforma. 
[...] A educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da 
aventura de ensinar-e-aprender. (BRANDÃO, 1991, p.24).
Leituras Complementares
ABRAMOVICH, Fanny. Quem educa quem? São Paulo: Summus, 1985.
A autora aborda problemas da realidade educacional a partir de uma abordagem eloqüente 
e construtiva, numa atualidade temática de rica variedade.
GUDSDORF, Georges. Professores para quê? São Paulo: Martins Fontes, 1987.
O autor discorre sobre a relação professor-aluno na perspectiva de aprendizagem, em 
um ensaio que extrapola as perspectivas de que as relações contemporâneas superaram a 
discussão sobre o ensino.
Resumo
Aula 1 Fundamentos da Educação20
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1986.
Rubem Alves, de modo simples e cativante neste livro, lança convite a todos os 
educadores para reverem aspectos importantes da prática de educador, e da relação 
ensino-aprendizagem. Ao mesmo tempo em que sinaliza para o cultivo de uma dimensão 
crítico-sensitiva no ensinar e aprender.
Este breve sobrevôo teve por fi nalidade apresentar e analisar as nuanças que 
circundam o termo educação, para depois compreender a prática educativa no 
contexto da escola e da sala de aula. A idéia central foi desenvolvida em torno 
da problematização dos argumentos direcionados para responder à questão 
O que é Educação. Nosso propósito foi demonstrar que costumeiramente 
banalizamos ou simplifi camos nossa explicação pela atividade ingênua 
do senso comum e, por isso, corremos o risco de não percebermos a 
beleza e a profundidade da questão, que está além dos argumentos que 
fundamentam e justifi cam um processo de formação e evolução civilizatória, 
como é o caso específi co da educação. Durante o vôo, demonstramos a 
importância de buscarmos os fundamentos históricos, políticos e culturais 
para os desdobramentos do ato de educar, a serviço da boa formação do 
indivíduo para o pleno exercício de sua cidadania. Ultrapassamos opiniões 
do senso comum com as teorias oferecidas por Libâneo, como referência 
para chegarmos a uma resposta à questão inicial. Entre os vários conceitos e 
defi nições para a educação, a identifi camos como constante reconstrução ou 
reorganização da nossa experiência, visando a uma transformação direta da 
qualidade da nossa experiência. É uma atividade cultural dirigida à formação 
dos indivíduos, mediante a transmissão de bens culturais que se transformam 
em forças internas no educando. Por fi m, admitimos que o universo conceitual 
do termo educação varia conforme o entendimento e a experiência em torno 
dos processos de formação e desenvolvimento humano. Desse modo, 
concluímos que uma resposta apressada oferecida pelo senso comum, na 
qual admitimos saber o que é a educação, poderá constituir-se apenas como 
uma ousadia imprecisa da nossa vã sabedoria.
Aula 1 Fundamentos da Educação 21
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de fi losofi a. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1991.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação. São Paulo: Cortez, 2001.
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para quê? São Paulo: Cortez, 2004.
A partir da leitura e refl exão do texto que segue, retome sua defi nição de educação 
(elaborada na primeira atividade) e veja o que você mudaria nela.
[...] a educação não é uma propriedade individual, mas pertence por essência a 
comunidade. [...] a educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu 
destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma 
vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida 
humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação 
dos valores válidos para cada sociedade. (JAEGER, 1986, p.40).
Autoavaliação
Anotações
Aula 1 Fundamentos da Educação22
Missão e compromissos 
da Educação
2
Aula
1
2
3
Aula 2 Fundamentos da Educação 25
Na aula anterior, tratamos de alguns aspectos introdutórios da disciplina Fundamentos da Educação e, ao fi nal de sua apresentação, dissemos que a formação docente se completa quando o formando compreende o sistema no qual está inserido. Isso 
justifi ca-se pela necessidade que tem qualquer profi ssional de conciliar teoria e prática ao 
ingressar no universo de trabalho. Pois bem, nesta aula, tentaremos aprofundar as defi nições 
e terminologias já apresentadas na aula anterior. Sendo assim, nos reportaremos à dinâmica de 
organização e composição conceitual, em conformidade com os aspectos históricos, políticos, 
econômicos, sociais e culturais que envolvem o processo educativo.
Certamente, não trataremos das bases conceituais com a profundidade que merecem, 
visto que nossa disciplina, por ser apenas de caráter introdutório, não dispõe do espaço 
necessário e sufi ciente para tal abordagem, a qual fi ca a cargo de disciplinas específi cas. 
No entanto, mesmo abordando apenas o necessário para entender a dinâmica do processo 
educativo, focalizaremos aspectos interessantes e instigantes que perpassam todo o conteúdo 
que envolve a base conceitual da Educação.
No âmbito da educação nacional, por exemplo, trataremos das questões teórico-
metodológicas, mas também das práticas ideológicas que acompanham suas aplicações 
pautadas na idéia de universalização da educação e do ensino. Assim, conheceremos aspectos 
relevantes das questões conceituais que fundamentam a educação, a partir de conceitos básicos 
como o de promoção do homem, tratado na aula anterior.
Apresentação
Proporcionar o entendimento teórico da Educação 
constituída em alicerces conceituais.
Compreender que a educação, enquanto processo e 
produto, está além da simples visão mecânica do 
aprendizado pautado apenas em métodos e técnicas.
Identifi car a base conceitual da Educação, a partir 
dos conteúdos gerados e organizados no processo 
civilizatório, estruturado em torno da formação de 
hábitos, atitudes e regras de boa convivência.
Objetivos
Aula 2 Fundamentos da Educação26
Organizando e discutindo a 
base teórico-conceitual
da Educação
Educar é mesmo promover o homem?
A educação abrange os processos educativos que se desenvolvem na convivência 
humana, na vida familiar, no trabalho, nas instituições de ensino, de educação infantil, de 
formação profi ssional, de pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade 
civil, no esporte, no lazer, nas manifestações culturais e no contato com os meios de 
comunicação social. (BRASIL,1990, p.11).
A questão da promoção do homem é recorrente pelo fato da noção de elevação 
humana impulsionar a organização e o desenvolvimento da Educação em todo o mundo. A 
Legislação Educacional Brasileira é clara quando defi ne e expressa os fi ns da educação. Ela é 
apresentada como “[...] instrumento da sociedade, para a promoção do exercício da cidadania, 
fundamentada nos ideais de igualdade, liberdade, solidariedade, democracia, justiça social e 
felicidade humana, no trabalho como fonte de riqueza, dignidade e bem-estar universais.” Os 
fi ns reservados à educação brasileira são os seguintes:
Aula 2 Fundamentos da Educação 27
I – O pleno desenvolvimento do ser humano e seu aperfeiçoamento;
II – a formação de cidadãos capazes de compreender criticamente a realidade social e a 
consciência dos seus direitos e responsabilidades, desenvolvendo-lhes os valores éticos 
e o aprendizado da participação;
III – o preparo do cidadão para a compreensãoe o exercício do trabalho, mediante acesso 
à cultura, ao conhecimento científi co, tecnológico e artístico, e ao desporto;
IV – a produção e a difusão do saber e do conhecimento;
V – a valorização e a promoção da vida;
VI – a preparação do cidadão para a efetiva participação política;
VII – o fortalecimento da soberania do país, da unidade e soberania nacional e da 
solidariedade internacional, pela construção de uma cidadania contrária à exploração, 
opressão ou desrespeito ao homem, à natureza e ao patrimônio cultural da humanidade. 
(BRASIL, 1990, p. 11).
Vemos, pois, que a Legislação Educacional Brasileira expressa um entendimento que não 
é apenas nosso, mas, universal. Ela expressa o sentimento universal de valorização da vida e da 
promoção humana. Essa perspectiva indica que nossa educação é melhor do que as outras? 
A nossa Legislação Educacional refl ete de fato os anseios do nosso povo? Calma! Calma! No 
momento, só estamos demonstrando que a lei que rege nossa educação amplia os limites e 
perspectivas de formação local e nacional para uma dimensão universal. Ou seja, estamos lhe 
mostrando que a educação brasileira encontra-se pautada ou fundamentada numa visão universal 
de homem, o que oferece uma perspectiva além da sua condição de indivíduo e cidadão. 
Desse modo, as diretrizes que regem a educação brasileira incorporam uma perspectiva 
ampliada de formação social e cultural, ao preocupar-se com o desenvolvimento das 
capacidades físicas, mentais, intelectuais, morais, éticas e estéticas dos seres humanos, de 
modo a lhes permitir viver dignamente, em todos os sentidos, sua existência. De outro modo, 
a legislação brasileira de educação também defi ne as perspectivas locais e institucionais ao 
afi rmar que “[...] a educação, direito fundamental dos cidadãos, é dever do estado e da família, 
com a colaboração da sociedade” (BRASIL, 1990, p.12.).
No que diz respeito ao poder público, caberá:
I – assegurar a todos o direito à educação escolar, em igualdade de condições de acesso 
e permanência pela oferta de ensino público e gratuito em todos os níveis, além de outras 
prestações suplementares, quando e onde necessário. (BRASIL, 1990, p.12.)
Os princípios educativos, postos na legislação brasileira, reforçam o modelo e o caráter 
da formação ao proporcionar uma cultura de padrões universais, para a qual devem ser 
observados, independentemente de raça, cor, sexo, religião ou condição econômica e social, 
como prevê a Constituição do Brasil. Nesse ponto, podemos nos interrogar como anda a 
educação nacional e como esses princípios são postos em prática. O que é dito na legislação 
refl ete o que de fato é feito com a nossa educação? É possível e viável aplicar os fundamentos 
da educação que estão na legislação? O que não dá certo na aplicação da legislação?
Atividade 1
1
2
Aula 2 Fundamentos da Educação28
Antes de passar adiante, que tal testar seus conhecimentos em relação ao 
entendimento de direitos e deveres constitucionais que fundamentam a educação 
nacional? Para tanto, responda às questões seguintes.
Pesquise e liste documentos sobre a Legislação Educacional 
Brasileira.
Teça comentários sobre a visão de educação contida nos documentos 
pesquisados e listados, por você, no item anterior.
Aula 2 Fundamentos da Educação 29
Você deve ter percebido, pela leitura dos documentos sobre a nossa legislação e outras 
leituras realizadas sobre a história da nossa educação, que não se consegue pôr em prática 
as intenções expressas na legislação. Essa história revela que, até o momento, as decisões 
envolvendo os princípios educacionais e suas respectivas aplicações estiveram concentradas 
nos confl itos ideológicos, no jogo de interesses políticos, econômicos e fi nanceiros, e deixaram 
de lado, na maioria das vezes, as exigências e necessidades sociais e culturais, historicamente 
constituídas, como parte do próprio processo civilizatório.
 Surge, então, para todos nós a pergunta: o que podemos observar como direcionamento 
futuro para a nossa prática educativa e de ensino, além do que a história nos oferece como 
refl exão? Ao que nos parece, é visível a distância entre o que legislamos como compreensão, 
explicação e justifi cativa e a realidade traduzida pelo confl ito das relações e interesses, na qual 
desejamos interferir. Por outro lado, essa difi culdade não é identifi cada apenas na Educação, mas, 
é possível encontrar indicadores de tal distanciamento em todas as áreas de conhecimento. A 
própria história do conhecimento revela-nos facetas das difíceis relações envolvendo o binômio 
conhecimento e poder, o qual atrai interesses para a não aplicação do modo mais correto e justo 
do conteúdo das legislações.
Na educação, especifi camente a brasileira, parece que a questão envolvendo saber e poder 
fi ca mais evidente. Talvez pelos elementos ideológicos implícitos no processo educativo, os quais 
de uma forma ou outra infl uenciam os instrumentos formadores de opinião. Por outro lado, a 
questão da educação não concentra sua força apenas em um dos pólos, o do conhecimento 
ou o do poder, mas, na própria relação entre os dois pólos, identifi cada nos processos de 
aprendizagem. Aparentemente, os processos educativos destacam-se como um lócus (local) 
fértil e viável para inseminação e germinação, tanto de células de boa formação quanto de células 
de má formação.
No caso, a questão saber e poder, na educação, em que essa relação demonstre o predomínio 
do poder frente ao saber, o resultado poderá ser a origem de um vírus ideologicamente forte e de 
caráter quase indestrutível, diluído por todo o corpo administrativo e executivo, infectando todos 
os processos educativos por onde passa, a partir do acesso aos pacotes e práticas educativas 
impostas como políticas e ações dirigidas à educação. Parte dos resultados dessa infecção 
virulenta poderá ser vista em estudos e pesquisas que identifi cam e ressaltam o quanto a elite 
nacional tem difi culdades em compreender o acesso à educação como um direito de todos.
Encontramos indicações de que no passado e ainda hoje a educação é praticada sob 
inspiração e direção dos interesses estabelecidos pelas elites social e econômica. Nesse 
sentido, é possível que o fato anteriormente citado, como resultado da relação saber e poder, 
seja sistematicamente evidenciado nas práticas educativas do ensino no país. A exemplo disso, 
é perceptível o direcionamento das políticas de ações e práticas educativas para a formação de 
um movimento em torno do Ensino Fundamental.
Tais políticas e iniciativas em prol do nível básico de ensino poderão oferecer um 
entendimento do grau de ingerência do poder no conhecimento a partir de uma leitura das 
entrelinhas do conteúdo ideológico implícito nas políticas e ações dirigidas à educação. 
Aula 2 Fundamentos da Educação30
O resultado deverá nos oferecer uma dimensão interpretativa que vai além do espírito 
solidário e do compromisso social com a boa formação do povo brasileiro para exercer 
o pleno exercício da cidadania. A compreensão política e pedagógica deverá ir além de 
medidas simples para forjar arranjos globais como alternativa e suporte para o segmento 
marginalizado da sociedade que se concentra nos mais pobres da população.
A perspectiva que se forma em prol do Ensino Básico não é nova, remonta ao século 
XIX. De lá para cá, foram criados e desenvolvidos muitos projetos e programas de suplência 
educacional. Observamos que a partir dos anos trinta, a discussão sobre o acesso ao sistema 
de ensino ganhou muito espaço entre os técnicos, que passaram a traduzir suas preocupações 
em ações teóricas e práticas. Nos anos cinqüenta, foi implementada uma série de campanhas de 
alfabetização, destinadas aos marginalizados do campo e das cidades. Para alguns estudiosos, 
essa tendência à elitização do ensino decorre das nossas raízes, ou melhor, da herança recebida 
dos colonizadores, mais especifi camente, da infl uência das idéias de Educação elaboradas 
pelos portuguesesem sintonia com os ideais cristãos da Companhia de Jesus.
Vemos, pois, ao longo do processo de institucionalização, as infl uências teóricas, 
metodológicas e ideológicas de diversas ordens, assim como pressões políticas nacionais e 
internacionais no embate travado entre os defensores da universalização do ensino e os da 
educação de classe. Essa discussão ainda se encontra presente na história recente do país. 
Se ampliarmos o leque de infl uências teórico-metodológicas, identifi caremos concepções de 
educação orientadas por idéias de instrumentalização e de tecnização.
As descobertas técnicas e científi cas são incorporadas aos processos produtivos a partir 
das exigências políticas, fi nanceiras e econômicas da sociedade. Depois, como conseqüência 
da lógica do desenvolvimento, são postas como necessidades para a educação, no sentido de 
acompanhar as mudanças e os rumos propostos para a sociedade contemporânea.
Nesse sentido, podemos dizer que a educação brasileira se organiza, em termos conceituais, 
em duas frentes de apoio: a primeira privilegia uma formação moral, com fundamentos de ética 
e estética, ainda que sob a inspiração de princípios religiosos; a segunda privilegia aspectos 
técnicos e instrumentais, por infl uência recebida do movimento do laissez-faire, signifi cando 
o saber fazer, o realizar tarefas, em função das novas organizações de redes e sistemas 
operacionais que se interligam aos vários processos do trabalho na atualidade.
Em função das duas frentes de apoio apontadas, as mudanças na educação, no que 
diz respeito à fundamentação, à conceituação e às novas defi nições sugeridas pela política 
brasileira, são mais visíveis a partir da segunda metade do século XX. Tais mudanças são 
decorrentes do contexto das transformações que ocorrem em todos os níveis de conhecimento 
e desenvolvimento desse processo civilizatório, e que são implementadas principalmente pela 
ciência e pela tecnologia, notadamente nas áreas da comunicação, da organização do trabalho 
e da economia, com o nome de globalização.
Você deve lembrar que, na aula anterior, nós apresentamos e discutimos o movimento 
das transformações políticas e econômicas, e suas várias tentativas de adequação às 
Companhia de Jesus
Congregação jesuítica 
que chegou ao Brasil do 
período Colonial com a 
fi nalidade de catequizar 
os índios e organizar os 
processos de ensino-
aprendizagem. O plano de 
estudos foi denominado 
de Ratio Studiorum e 
publicado em 1599, com 
a fi nalidade de unifi car os 
métodos e as atividades 
desenvolvidas na 
educação formal.
Aula 2 Fundamentos da Educação 31
dimensões sociais e culturais através da educação. Agora, queremos chamar sua atenção para 
o fato da concepção de promoção humana, incorporada à educação brasileira, ter sido projetada 
em função das mudanças, internas e externas, que infl uenciaram os processos históricos de 
organização dos indivíduos, no mundo moderno.
Neste momento, cabem algumas refl exões...
O que o contexto das transformações no chamado mundo moderno trouxe 
de mudanças para a educação brasileira? Que tipo de promoção humana 
desenvolveu-se na educação brasileira, a partir das transformações impulsionadas 
pela ciência e tecnologia? Quais são, de fato, as principais bases conceituais que 
apóiam o desenvolvimento humano, implementadas pela educação brasileira nas 
confi gurações exigidas pelo mundo moderno?
Essas questões deverão servir como momento refl exivo, de modo a facilitar a ligação entre 
os pontos principais do que até agora você leu e do que ainda vai ter. Portanto, fi que ligado e 
atento aos elementos importantes no movimento das transformações políticas e econômicas 
que de alguma forma passam a infl uenciar mudanças nos processos educativos.
Ora, se de fato o foco principal da educação é com a promoção do homem, então, 
deveremos, antes de tudo, identifi cá-lo e compreendê-lo como indivíduo pertencente a um 
grupo social. Por outro lado, se queremos aprofundar os fundamentos da educação, uma 
outra questão se põe: a do próprio sentido da expressão educar. Isso porque será a partir das 
evidências que se mostrarem nas implicações do ato de educar que poderemos identifi car, ou 
não, os princípios que estimulam a promoção humana. Sendo assim, vemos como necessário 
adentrar na complexidade das relações que os humanos estabelecem com o meio físico, social 
e cultural, em tempo determinado.
Entendemos que ao aprofundar o ato de educar, na perspectiva das relações humanas, 
estaremos identifi cando elementos que estão além de uma visão mecanicista, mercantilista 
e utilitária que se pensa para a educação. Na realidade, aprofundar-se no desenvolvimento 
humano na perspectiva que pretendemos, é caminhar para compreender uma questão pouco 
conhecida e discutida por nós: a da herança recebida não só genética, mas também físico-
ambiental, simbólico-cultural, resultado de uma longa construção social.
Percebemos, pois, que em ducação as questões conceituais, aparentemente simples, 
não estão “soltas”, isoladas de um contexto e de um conjunto maior de relações e implicações 
políticas, econômicas, culturais e sociais. Assim, talvez não seja difícil perceber por que 
nossa busca por identifi cação das bases conceituais que apóiam a concepção de promoção 
humana, na educação, poderá se aproximar de uma investigação sobre o processo identitário 
dos povos e nações.
Atividade 2
1
2
Aula 2 Fundamentos da Educação32
Faremos agora uma breve parada para você exercitar seu potencial refl exivo e 
investigativo, respondendo às questões a seguir.
O que você pensa sobre a perspectiva atual de promoção humana, 
assumida pela Educação contemporânea?
Questione outras pessoas (família, amigos, professores) sobre a 
questão anterior e teça comentários sobre as respostas obtidas.
Encontramos em Saviani (1989) argumentos que reforçam o nosso ponto de vista, 
anteriormente apresentado. Assim como nós, Saviani entende que a educação ganha força e 
signifi cado especial, ao “tornar o homem cada vez mais capaz de conhecer os elementos de 
sua situação para intervir nela transformando-a no sentido de uma ampliação da liberdade, da 
comunicação e colaboração entre os homens” (SAVIANI, 1989, p.41).
Desse modo, como conclusão parcial, deveremos fi car com a idéia de que a educação 
brasileira, ao longo dos processos de organização, formação e consolidação, passou por 
mudanças metodológicas e de operacionalização, mas conservou, ao nível do discurso, a 
defi nição de bem público universal e de promoção do homem. É, exatamente, nesse nível que 
reside o fundamento mais importante do processo educativo.
Aula 2 Fundamentos da Educação 33
Avançando um pouco mais nas nossas discussões, podemos dizer que cada sociedade 
credita à educação valores e crenças advindos das concepções religiosas, dos padrões 
culturais, das concepções de mundo e das motivações políticas e econômicas. Desse 
modo, em qualquer um desses casos, pelo menos no discurso de humanização e civilidade 
que a sociedade percorre, as políticas públicas, embora refl itam tendências universais ou 
globalizantes, são alicerçadas nos padrões sociais e, a partir deles, passam a refl etir os estágios 
de desenvolvimento da nação.
Ora, se tomarmos por pressupostos da fundamentação teórica e prática as informações 
anteriores, então, deveremos perceber que nesse contexto cabe outro fator na composição 
conceitual de educação: o grau de organização do povo para se adequar ao conjunto das 
transformações que ocorrem no desenvolvimento das sociedades. Nesse caso, admitimos 
que a formação dos indivíduos decorre tanto das suar histórias particulares, quanto do 
conjunto social nos quais se organizam e se desenvolvem para construir e desconstruir suas 
interpretações nos vários níveis das relações estabelecidas.
Tomaremos, pois, os pressupostos sugeridos como parâmetros em nossas investigações. 
Por sua vez, é importante que fi que claro que não podemos defi nir educação partindo de 
relativismos.Assumiremos, portanto, que a organização dessa base conceitual é concebida 
a partir de um conjunto de relações e implicações em que os fatores políticos, econômicos, 
sociais e culturais cumprem importante papel.
Outrossim, no contexto de realização da organização da base conceitual torna-se importante 
ter a clareza de que o ato de educar é patrimônio de cada povo e que cada um torna possível a 
promoção humana ao seu modo, em conformidade com suas necessidades, mesmo que o país 
esteja submetido a algum tratado, direcionamento ou intervenção internacional.
Dessa forma, transcorrida a fase investigativa sobre os fundamentos conceituais da 
educação, especifi camente a brasileira, focalizaremos nossa abordagem, desse momento em 
diante, em torno de algumas implicações que ecoam com a tentativa de consolidar o estilo 
elitista e classista, que atravessa a história da educação brasileira desde o tempo da colônia 
até os dias atuais. Como evidência mais atual desse fato, destacaremos a discussão sobre a 
inserção das chamadas minorias, ou marginalizados, do contexto da educação. 
Na busca da compreensão acerca da visão elitista que se difundiu na educação brasileira, 
veremos que, de modo geral, ela encontra-se impregnada nas políticas públicas de educação como 
tendência colonizadora adotada pelos países desenvolvidos em relação aos países periféricos, no 
sentido de orientá-los e, em alguns casos, guiá-los nas ações educacionais. Esse fato nos remete a 
uma viagem de volta ao nosso passado colonial, no qual é possível identifi car origens dessa visão, 
no comportamento predominante das classes sociais que decidiam os rumos do país.
No contexto do Brasil colonial, a classe dominante entendia a educação como uma forma 
de concentração de poder – idéia que não é de todo equivocada – e que, por isso mesmo, 
fez com que a educação brasileira fosse, durante muito tempo, prioridade exclusiva dos que 
detinham o poder. Nesse sentido, Romanelli chama nossa atenção para o fato de que
Aula 2 Fundamentos da Educação34
[...] não é pois de se estranhar que na Colônia tenham vingado hábitos aristocráticos de 
vida. No propósito de imitar o estilo da Metrópole, era natural que a camada dominante 
procurasse copiar os hábitos da camada nobre portuguesa. E, assim, a sociedade 
latifundiária e escravocrata acabou por ser também uma sociedade aristocrática. E para 
isso contribuiu signifi cativamente a obra educativa da Companhia de Jesus. (ROMANELLI, 
1998, p. 33).
Vemos, pois, a partir do que nos diz a autora, que do período da colonização aos nossos 
dias, o processo educacional brasileiro sofreu infl uências de diferentes ordens e segmentos 
classistas, internos e externos. Entretanto, é possível perceber também que, concretamente, 
em seu movimento evolutivo, a educação brasileira continuou sendo permeada pela luta que 
separava as classes sociais, fi cando assegurado às elites econômicas um ensino, se não de 
qualidade, pelo menos coerente e efi ciente com esse segmento.
De outro modo, para aprofundar ainda mais nossa abordagem, destacamos o movimento 
que se projetou como caminho de combate a essa tendência elitista. Tal movimento surgiu a 
partir de 1930, ressaltando a importância de discutir o tema da universalização do ensino. Ora, 
por essa via discursiva, o interesse maior manifestado era o de evidenciar a contradição que 
se apresentava entre os encaminhamentos locais e a tendência mundial de democratização do 
ensino, sobretudo, aquelas inspiradas na reforma francesa, que se encontravam alicerçadas 
na igualdade dos direitos.
Dessa maneira, ao identifi carmos as bases conceituais da educação a encontramos 
também ancorada em pilares construídos sobre as bases da política e da economia que a 
tornam a cada dia um bem especial, embora continue sendo oferecida de maneira privilegiada 
à classe social economicamente bem sucedida. Por isso, ela ainda hoje é valorizada como 
instrumento elitista de formação cultural. Tal fato, que em parte traduz a linha e o perfi l do 
desenvolvimento da educação brasileira, carrega em si conseqüências imprevisíveis em função 
do que é negado a outra classe social, pois se trata de um processo histórico de exclusão da 
maioria da população.
Para compreender melhor a complexidade da defi nição de educação enraizada na formação 
social e cultural brasileira, reportamo-nos novamente a Otaíza Romanelli, quando diz que:
 [...] A instrução em si não representava grande coisa na construção da sociedade 
nascente. As atividades de produção não exigiam preparo, quer do ponto de vista de sua 
administração, quer do ponto de vista da mão-de-obra. O ensino, assim, foi conservado 
à margem, sem utilidade prática visível para uma economia fundada na agricultura 
rudimentar e no trabalho escravo. Podia, portanto, servir tão-somente à ilustração de 
alguns espíritos ociosos que, sem serem diretamente destinados à administração da 
unidade produtiva, embora sustentados por ela, podiam dar-se ao luxo de se cultivarem. 
Evidentemente, a esse tipo de desocupados sociais, cujo destino não estava associado 
a uma atividade manual - então reservada aos cativos e, portanto, estigmatizada – ou 
mesmo profi ssional defi nida, só podia interessar uma educação cujo objetivo precípuo 
fosse cultivar “as coisas do espírito”, isto é, uma educação literária, humanista, capaz 
de dar brilho à inteligência. Esse tipo de indivíduo convinha bem à educação jesuítica, 
“porque não perturbava a estrutura vigente, subordinava-se aos imperativos do meio 
social, marchava paralelamente a ele. Sua marginalidade era a essência de que vivia e se 
alimentava” (ROMANELLI, 1998, p. 34).
Aula 2 Fundamentos da Educação 35
Neste momento de nosso estudo, queremos chamar sua atenção para o fato de que 
logo depois da expulsão dos jesuítas, a educação brasileira foi consolidada e difundida como 
formação de classe, e como meio pelo qual as elites conseguiam distinção. Foi assim na 
Colônia, no Império, e na República. Mas, recentemente, algumas teses a colocam como meio 
de reprodução de classes. Destacamos entre essas teses, o estudo sobre a reprodução de 
Bourdieu e Jean Claude Passeron. Da sua origem, dos valores impressos pela cultura jesuíta, 
a educação brasileira conservou a herança de uma formação confessional, que até hoje é 
praticada no país por ordens religiosas.
De outra forma, identifi camos as bases conceituais da formação laica, desenvolvida 
em escolas públicas sob a responsabilidade do poder público. Nesse sentido, é importante 
destacar que a luta pela hegemonia e pelo direcionamento da política educacional deu-se 
até meados dos anos oitenta, como combate teórico-metodológico entre os defensores da 
educação confessional e laica. A primeira, praticada em estabelecimentos privados, voltada 
para atender os interesses e necessidades das famílias mais abastadas da estrutura social. A 
segunda, mais praticada pelos estabelecimentos públicos, gratuitos, destinados às camadas 
menos favorecidas, social e economicamente.
Daí, Otaíza Romanelli, dizer que
[...] A constituição de 1891, que instituiu o sistema federativo de governo, consagrou 
também a descentralização do ensino, ou melhor, a dualidade de sistemas, já que, pelo 
seu artigo 35, item 3ª e 4ª, ela reservou à União, o direito de “criar instituições de ensino 
superior e secundário nos Estados “e “prover a instrução secundária no Distrito Federal”, 
o que, conseqüentemente, delegava aos Estados competência para prover e legislar sobre 
educação primária. (ROMANELLI, 1998, p. 41).
Como vemos, das origens até os dias atuais, a questão do acesso ao sistema de 
educação e ensino formal no Brasil é emblemática. Por volta dos anos noventa, essa questão 
foi superfi cialmente resolvida com a privatização do ensino em todos os níveis. Veja que essa 
perspectiva da privatização nos conduz à questão proposta no início desta aula, lembra? Foi 
a discussão que articulamos sobre a questão da promoção humana. Pois bem, recolocada 
essa questão, nosperguntamos: como fi ca então a promoção social dos indivíduos que, ao 
nascer do lado dos menos favorecidos economicamente, foram, e continuam a ser, impedidos 
de terem acesso à escola?
O refl exo da questão anterior aparece na atualidade entrelaçada a, pelo menos, dois 
fatores. Um deles decorre do fato de o sistema público de ensino, hoje, receber um número 
maior de pessoas em relação ao sistema privado de ensino, mas, continuar precário em 
suas estruturas físicas e humanas. O outro pode ser identifi cado no fato de o ensino 
privado ter sua maior clientela oriunda da classe média da sociedade. Essas duas vias 
de formação indicam que o acesso à educação continua, ainda hoje, condicionado às 
condições fi nanceiras da população.
Portanto, à luz dos acontecimentos históricos, políticos e socioculturais, veremos 
que a partir dos anos vinte, mais precisamente em 1932, ocorreu o primeiro grande 
Movimento dos 
Pioneiros
Movimento constituído 
em sua maioria por 
intelectuais que, nos anos 
20, propuseram várias 
reformas educacionais e, 
em 1932, publicaram o 
Manifesto dos Pioneiros 
da Educação Nova, 
apontando novas bases 
de reformulações para as 
políticas educacionais.
Aula 2 Fundamentos da Educação36
movimento em defesa da reconstrução da educação pública no Brasil. Esse movimento 
embrionariamente permitiu mais tarde a discussão da educação popular no Brasil.
Estamos falando do chamado Movimento dos Pioneiros, liderado pelo educador mineiro 
Fernando de Azevedo, o qual formalizou um documento assinado por 26 educadores de 
diferentes regiões do país. O teor do documento indicava o surgimento de uma nova postura 
frente à educação nacional, qual seja: a educação é um bem público e, sendo assim, constitui 
direito de todos. Nessa perspectiva, Janiel Cury afi rma em texto escrito para a abertura da 
II Conferência Brasileira de Educação, realizada em Minas Gerais, em junho de 1982, evento 
comemorativo dos cinqüenta anos do Manifesto dos Pioneiros:
[...] Creio não podermos rememorar 1930, 1931, 1932 [...] cabe-nos rememorar uma 
postura que 26 corajosos educadores assumiram de se expor e dizer às claras que, no 
fi nal de contas, bem ou mal, a coisa pública, enquanto escola pública, era uma tarefa 
político-pedagógica que, sem práxis, não seria construída. (CURY, 1988, p. 6). 
Queremos destacar neste momento, que fi cam evidenciadas as bases conceituais na 
confi guração das concepções de educação como bem público e como promoção humana. 
A essas duas concepções são incorporadas as responsabilidades do Estado, evidenciando a 
perspectiva de promoção humana, sobretudo, no que diz respeito ao acesso da população que 
não tem como prover o seu ingresso ao sistema formal de ensino e educação. 
Ao referir-se à práxis educativa, Cury (1988) destacou a responsabilidade dos 
professores para alterar os padrões de ensino, principalmente, no que diz respeito à 
autonomia e à tomada de decisão para mudar os rumos nacionais. Seguindo essa mesma 
orientação, destacamos também o papel da sociedade civil, tomando para si a tarefa de 
pressionar o poder público no cumprimento das responsabilidades de prover o ensino 
nacional. Com isso, reforçamos a compreensão de educação como um ato político, em 
que instituições, governos e população devem trabalhar em conjunto, em prol da causa 
maior: o bem comum. 
Nesse sentido, lembramos que nos profícuos anos 30 surgiu no Brasil um sentimento 
de que algo deveria ser feito em prol da educação nacional, notadamente em relação à 
alfabetização de adultos. Tal sentimento revela a face da população que historicamente 
fi cou fora do sistema formal de ensino, entregue a sua própria sorte numa época em que a 
educação era meio de ascensão social e a escola cumpria esse papel. 
Todo esse contexto foi o ambiente favorável para o desencadeamento da reviravolta 
econômica e política que ocorreu nos anos trinta e quarenta. Destacamos como forças 
políticas atuantes nesse período a mobilização das ligas camponesas e o avanço do projeto 
de industrialização nos anos cinqüenta. Esses dois fatores foram importantes para fazer avançar 
as discussões em torno da elitização (privatização) do ensino e o seu oposto, a democratização. 
Educação popular
Denominação utilizada 
para caracterizar os 
processos educativos que 
se preocupavam mais 
enfaticamente, em termos 
de métodos e conteúdos, 
com a classe trabalhadora 
e os menos favorecidos.
Aula 2 Fundamentos da Educação 37
As discussões se estenderam por todo o resto do século XX com as propostas 
de reformas educacionais e a própria morosidade do Estado em operacionalizá-las. As 
discussões visavam sobremaneira reforçar uma concepção que permitisse os segmentos 
sociais marginalizados ingressarem no sistema formal de ensino. Assim, a sociedade civil 
organizada assumiu as bandeiras de luta dos trabalhadores no campo e dos operários na 
cidade em prol de uma educação, não só gratuita, mas também de qualidade. Surgiu, com 
isso, um novo conceito de educação – a educação popular.
Antes de passarmos a discutir essa nova dimensão educativa, deveremos compreender 
o que se entende por “popular” no Brasil. Do ponto de vista erudito, esse termo é utilizado 
quando se faz referência ao povo, quando se quer designar uma ação ou um movimento 
realizado pela massa. Portanto, não existe consenso para essa terminologia. 
Entre as muitas defi nições, reportamo-nos ao conceito estudado por Brandão (1994) em 
seu livro Lutar com a palavra, no qual ele analisa as questões da educação popular no Brasil. 
Vejamos o que diz o autor sobre a concepção de educação popular:
[...] o povo são os povos: índios, negros, caipiras. Não são nomes próprios, a não ser 
por acidente. A não ser quando um ou outro faz alguma coisa notável contra o senhor 
branco [...] Mas a cultura dos livros é a do povo. Nominada, quando consegue ser 
a de um aleijadinho (em geral os pobres têm apelidos) ou anônima, quando é a dos 
mulatos que fi zeram o que existe por debaixo da música erudita do Barroco Mineiro. 
Ela é principalmente a “cultura brasileira” dos “tipos” de gentes que a cultura livresca 
tipifi cou: bahiana, jangadeiros, cantadores de cordel, gaúchos, caipiras e tantos outros. 
Uma vaga cultura de “tipos” que são geralmente folclorizados (gaúchos, bahiana) ou 
gentes raciais (o branco, o negro o índio). Raros são povos (grupos tribais, nominados 
através de suas tribos e nações com a indicação das diferenças culturais) e, menos ainda, 
classes populares. (BRANDÃO, 1994, p. 68).
Como se pode ver, o conceito de educação popular absorveu a condição excludente 
imposta pelas elites e sua posição de população marginalizada socialmente. A conseqüência 
mais grave foi o não reconhecimento ofi cial até o fi nal do século passado. À margem do 
Estado e do formalismo que tomou conta do ensino elitista, praticado até então, essa 
dimensão educativa popular já nasceu com o estigma de segunda categoria, em função da 
classe a que se destinava.
A partir da segunda metade dos anos cinqüenta, a questão tomou fôlego e alguns 
programas de educação popular foram desenvolvidos. Alguns deles se impuseram como 
alternativa de ensino para os marginalizados do sistema. Esses programas serviram também 
para provocar o debate sobre a estrutura formal no seio da estrutura social. Por fi m, queremos 
destacar que esses movimentos acabaram vinculando a Educação à ótica do movimento político 
nacional – desenvolvimentista, sem perder, contudo, o vínculo com o ideário religioso dos 
movimentos de base, desenvolvidos sob a responsabilidade da Igreja Católica.
Resumo
Aula 2 Fundamentos da Educação38
SAVIANI, Dermeval. Do senso comum à consciência fi losófi ca. São Paulo: Cortez, 1989. 
Nesta obra, o autor reúne uma série de textos que mostram os fundamentos da Educação, 
seguindo orientações que visam aprofundar questões inerentes à prática educativa na 
perspectiva de sair do senso comum, para uma concepção fi losófi ca. 
CURY, Jamil. Ideologia e educaçãobrasileira: católicos e liberais. São Paulo: Cortez, 1988.
O autor discute de modo simples e bem fundamentado confl itos ideológicos na cultura 
brasileira que confi guraram a emergência da sociedade urbano-industrial.
Leituras Complementares
A concepção de promoção do homem, na Educação, é recorrente da noção de 
elevação humana. Na história da educação brasileira, encontramos indicadores 
de uma prática educativa desenvolvida sob a inspiração e direção dos interesses 
estabelecidos pelas elites social e econômica. Na investigação que fi zemos 
acerca das bases conceituais da educação brasileira, fi cou clara a infl uência 
que recebemos dos colonizadores, em específi co dos valores portugueses 
incorporados aos ideais cristãos difundidos pelos Jesuítas. Nesse contexto, 
destacamos o embate entre os defensores da universalização do ensino e os da 
educação de classe. A partir de 1932, ocorreu o primeiro grande movimento em 
defesa da reconstrução da educação pública no Brasil.
Aula 2 Fundamentos da Educação 39
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Lutar com a palavra. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei de diretrizes e bases da educação. Brasília: 
MEC, 1990.
CURY, Jamil. Ideologia e educação brasileira: católicos e liberais. São Paulo: Cortez, 1988.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
SAVIANI, Dermeval. Do senso comum à consciência fi losófi ca. São Paulo: Cortez, 1989.
Autoavaliação
Agora que você conhece os fundamentos da Educação e, em específi co, a 
educação popular, sugerimos que faça uma refl exão sobre a presença (formas 
de manifestação artísticas, culturais, educativas etc.) da educação popular em 
sua cidade e região, e faça um breve comentário descrevendo o que mais lhe 
chama a atenção nesse modelo de formação.
Anotações
Aula 2 Fundamentos da Educação40
Modelos teóricos e 
metodológicos para a Educação
3
Aula
2
1
Aula 3 Fundamentos da Educação 43
Nesta aula, veremos como o desenvolvimento do país e as transformações pelas quais passaram a política e a economia a partir dos anos cinqüenta provocaram modifi cações na concepção e nos objetivos da Educação, que durante quatro séculos permaneceu 
praticamente sem mudanças estruturais. Somente na segunda metade do século XX, observou-
se o aparecimento de movimentos políticos organizados em defesa da crescente demanda 
por acesso ao ensino gratuito e de qualidade. Movimentos legítimos em razão dos níveis 
de crescimento do país e as mudanças na base produtiva, notadamente a transformação da 
produção agrícola, predominante até os anos sessenta, em produção industrial, a qual se 
consolida como força produtiva a partir dos anos setenta no Brasil.
Apresentação
Objetivos
Compreender as políticas de desenvolvimento que 
influenciaram e ainda hoje influenciam a educação 
nacional, quebrando resistências e conservadorismo em 
nome do progresso econômico e social.
Identificar as metas e as ações implícitas nas 
transformações políticas e econômicas que interferiram 
nos processos educativos, apontando alternativas e 
caminhos pelos quais deve passar a educação para 
responder às demandas sociais.
Aula 3 Fundamentos da Educação44
Pressupostos teóricos e práticos 
para as ações educativas
Caro aluno, assim como muitos acreditam no poder das preces para vencer ou encontrar clareza no que dizer ou fazer para alcançar determinado objetivo, nós acreditamos que a indagação, quando bem articulada, pode ser um caminho viável para projetar não 
apenas nossas dúvidas, mas, fundamentalmente, para criar um vínculo investigativo entre o 
que acreditamos saber e o que de fato desejamos conhecer. 
Sendo guiado por essa perspectiva, queremos lhe estimular a fazer uma ou várias ações 
refl exivas sobre os saberes já organizados até o momento, a fi m de encontrar, ou não, uma 
relação entre o que se entende por educação e política. Nesse sentido, iniciaremos nossas 
discussões com uma pequena atividade refl exiva.
Atividade 1
Movimento dos 
Pioneiros
Movimento constituído 
em sua maioria por 
intelectuais que, nos anos 
20, propuseram várias 
reformas educacionais e, 
em 1932, publicaram o 
Manifesto dos Pioneiros 
da Educação Nova, 
apontando novas bases 
de reformulações para as 
políticas educacionais.
Aula 3 Fundamentos da Educação 45
Veremos, nesta aula, que não importa a opinião que se tenha sobre a vinculação da 
política com a educação; as duas, enquanto instituições de instâncias deliberativas na sociedade 
civil, são autônomas. Mas, na dinâmica dos processos organizacionais da economia, da 
sociedade, da educação e até mesmo da cultura, elas se entrelaçam e, em alguns casos, são 
interdependentes. Como isso é possível? É o que veremos a partir de agora.
Começaremos, portanto, por reforçar a tese já apresentada em aulas anteriores, nas quais 
defendemos que para compreender os fundamentos da Educação, especifi camente a brasileira, 
torna-se necessário nos debruçar sobre os acontecimentos históricos, políticos, sociais e 
culturais que infl uenciaram e continuam a infl uenciar direta ou indiretamente o processo 
educativo e de ensino. Sendo assim, confrontaremos, nesta aula, nossos julgamentos sobre 
a questão com a dinâmica das relações que são estabelecidas entre a educação e a política.
Tomaremos como ponto de partida o contexto e o conteúdo do chamado Movimento 
dos Pioneiros, ocorrido em 1932, para continuar a caminhada investigativa pelas trilhas 
que fundamentam a educação. Lembramos também que já citamos tal movimento em aulas 
anteriores. Em seguida, veremos como as idéias de gratuidade e universalização do ensino 
Refl ita sobre os conceitos de educação e política, em seguida, escreva uma 
explicação clara e convincente para a possível relação existente entre esses dois 
conceitos. Utilize como parâmetro interpretativo a leitura desta aula. 
Aula 3 Fundamentos da Educação46
se ampliam e, a partir dos anos cinqüenta, tomaram corpo em 
ações efetivas de campanhas de alfabetização e de mobilização 
popular.
Na contextualização dos fatores que se misturam na 
ampliação dos conceitos de gratuidade e universalização, 
ressaltamos que a educação foi inserida no pacote dos projetos 
de desenvolvimento como parte das discussões em torno das 
questões da industrialização brasileira, na segunda metade dos 
anos cinqüenta. Na mesma discussão, não podemos esquecer 
de inserir as implicações resultantes do crescente processo 
migratório ocorrido com o deslocamento do homem do campo 
para as emergentes cidades, sobretudo no centro-sul do país, e 
a concentração destes nos centros urbanos. 
Observa-se que no âmbito da política, no campo ou na 
cidade, há um crescente movimento em defesa da reconstrução 
nacional. Contexto no qual ressurgirá a discussão em torno 
da educação, sobretudo nas regiões mais pobres do país. A 
discussão sobre os novos rumos para a educação é explicada 
pela maioria dos historiadores como sendo resultado da evolução 
econômica na perspectiva da internacionalização da economia 
e das transformações técnicas e tecnológicas do processo 
produtivo. 
Nesse sentido, Cruz (1990), referindo-se aos anos 
cinqüenta, destaca a determinação do presidente Juscelino 
Kubistchek em tornar o Brasil uma grande nação, reconhecida 
internacionalmente. A autora complementa seu pensamento 
dizendo:
[...] Acreditava o Governo que somente o desenvolvimento 
praticado em bases associadas ou dependentes 
tiraria o país da condição de subdesenvolvimento e o 
projetaria mundialmente como uma grande potência. É 
interessante chamar a atenção para o fato de que, na 
mesma proporção em que o governo avança na defesa 
desse projeto, avança também o movimento de oposição, 
em defesa do desenvolvimento econômico em bases 
nacionalistas. (CRUZ, 1990, p.16).
Na discussão anterior, percebemos que a política norteia os 
embates políticos na década de 1960, em defesa do nacionalismo 
e dos valores morais, de tradição

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