ARTIGO ITAQUERA DU

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Itaquera: Formação da Periferia e Desenvolvimento da Centralidade
Seu Nome
Sua Universidade, Sua Cidade, ESTADO
RESUMO
A presente pesquisa de destina a escrever a origem do Bairro de Itaquera em São Paulo, sua formação e desenvolvimento, em vista as transformações recentes que o tornaram uma centralidade. Para isso analisamos as mudanças ocorridas no território a partir dos seis marcos históricos que impulsionaram em diferentes momentos o seu desenvolvimento. A pesquisa histórica é a base para a analise uma vez que para endentemos o contexto atual do bairro precisamos entender sua origem e formação.
Apesar de ser um importante distrito do município de São Paulo, o bairro de Itaquera sempre foi visto como uma periferia onde vivem os pobres, socialmente segregados e onde o valor da terra é baixo. Mas, nos últimos anos, a região vem experimentando uma fase de crescimento e de valorização.
A construção do Itaquerão (Arena Corinthians), foi um marco que trouxe muito investimento e visibilidade para a região. Já havia um polo comercial em Itaquera, porém a construção do estádio potencializou as mudanças previstas para a área. Uma região, que se manteve como área rural até um período relativamente recente, foi alvo de produção de uma série de obras públicas e apostas do mercado significativas dos anos de 1970 aos 2000, denota mudanças em ritmo acelerado no presente, ao mesmo tempo em que guarda no espaço produzido expressões de uma urbanização periférica, como o comércio local, ou, com movimentos típicos da periferia de Itaquera, como o Jornal e expressões de artistas locais. Caracterizando assim uma cultura criada e sustentada pelos moradores desta periferia que os orgulha e os motiva, desde o inicio da história do bairro a se mobilizarem em prol de melhorias par a região.
PALAVRAS-CHAVE: Itaquera; desenvolvimento; periferia; centro urbano; dinâmica social.
O DESENVOLVIMENTO
O nome Itaquera surgiu pelo fato de existirem muitas pedras no local. Os índios que habitavam a área deram o nome em referência a estas pedras, o que representava para a tribo a seguinte nomenclatura: Pedra Dura¹ (Ita = pedra e quera = dura). Itaquera, por volta de 1620 teve suas primeiras referências como "Roça Itaquera", localizada nas proximidades da Aldeia de São Miguel e por muito tempo, se manteve estagnada, 
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¹ Nomenclatura: Disponível em http://www.itaquera.com.br que contextualiza a origem do nome do bairro de Itaquera – acesso em 26/11/2017.
começando a se consolidar com a construção da estrada de ferro, quando vários emigrantes europeus começaram a mudar-se para região.
Por volta de 1875, a incorporação da ferrovia² ao bairro foi um primeiro marco para seu desenvolvimetno. Iniciou-se um processo de loteamento nas fazendas, que começaram a serem vendidas e atrairam compradores, que com o sonho da casa própria construíram suas casas. Neste contexto, Podemos estabelecer a ferrovia, em um primeiro momento, como impulsionadora do desenvolvimento da região³.
Figura 1: Primeira estação de trem em Itaquera, 1875.
A implantação da ferrovia impulsiona o crescimento do interesse comercial na região. Tornando Itaquera atrativa a famílias que veem a possibilidade de trabalhar no comércio e nas pequenas fábricas que se implantam na região, em busca de um salário que lhes proporcionasse condições de vida melhores. Serafim (2014) diz que a possibilidade de transformar o salário em mercadoria proporcionou a muitas famílias a possibilidade de sonhar com a casa própria, que através da compra de terrenos na região buscavam firmar residência. Devido ao fato de ser afastada da região central, a terra em Itaquera era por sua vez pouco explorada e menos valorizada financeiramente. 
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² Desenvolvimento do distrito de Itaquera disponível em http://www.itaquera.com.br/viewpage.aspx?id=1742059194
³ Percepção das primeiras vilas em Itaquera: http://www.itaquera.com.br/viewpage.aspx?id=1742059194
Aproximadamente 85 anos depois da incorporação de uma ferrovia a Itaquera, uma obra muito importante do Governo do Estado de São Paulo possibilitou um segundo marco de transformação ao bairro de Itaquera, iniciando o acesso a grande área urbana da capital Paulista: a construção da Avenida Radial Leste.
Figura 2: Avenida Radial Leste, na altura do Tatuapé, 1970.
A avenida teve um papel significativo no início da estruturação do bairro, potencializando o crescimento urbano da região leste. Primeiramente, a avenida se destinava a conectar os bairros do Brás e da Mooca. No seu conceito inicial, projetava-se como uma via em direção ao leste da cidade. (SERAFIM, 2014)
Conforme a curadora Manoela Rossinetti Rufinoni4, o início da estruturação urbana de Itaquera aconteceu quando: 
Nos anos 60, quando a cidade não tinha mais para onde crescer, o dique foi rompido com a abertura da Radial Leste pelo ex-prefeito Faria Lima. São Paulo começou a correr rumo ao leste e não parou mais: viadutos, grandes avenidas, conjuntos habitacionais, loteamentos clandestinos ou não. Em menos de uma década a Zona Rural de Itaquera, Guaianazes, São Miguel Paulista, Itaim Paulista e São Mateus foi sendo incorporada a área urbana - Folha de São Paulo, Junho de 1981. (RUFINONI, 2013). 
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4 Manoela Rossinetti Rufinoni: Curadora e Doutora em História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo pela FAUUSP.
Com a Avenida Radial Leste, a área residencial do extremo leste iniciou um processo de urbanização. Contudo, até o início da década de 1980, Itaquera ainda era um bairro com pouca infraestrutura urbana. Sua população era composta de operários e trabalhadores assalariados no comércio e no ramo de serviços. Foi nessa época que surgiram as primeiras favelas na região. A partir de 1980, no entanto, a construção dos conjuntos habitacionais (conhecidos como COHABS) potencializaram a explosão demográfica de Itaquera, e aparecem em nossa contextualização histórica como o terceiro marco no desenvolvimento da região.
Após a inauguração do primeiro conjunto habitacional, vários outros foram construídos, sendo rapidamente povoados. A população na época pressionava o poder público por serviços essenciais de saúde e educação5. A partir daí, Itaquera foi sendo caracterizada como “bairro dormitório”6; grande parte de sua população reside nos conjuntos habitacionais e trabalha em outras regiões da cidade de São Paulo, surge assim a necessidade de um meio de transporte público integrado. 
A periferia de Itaquera, recebe então o quarto marco histórico em seu processo de transformação urbana. Ao ser incorporada a Linha Leste do Metrô de São Paulo, conforme a cronologia abaixo:
	15 de setembro de 1981
	Inauguração do trecho Bresser – Belém
	15 de novembro de 1981
	Inauguração do trecho Belém – Tatuapé
	13 de novembro de 1986
	Inauguração do trecho Tatuapé – Penha
	27 de agosto de 1988
	Inauguração do trecho Penha – Vila-Esperança
	17 de setembro de 1988
	Inauguração do trecho Vila-Esperança - Artur Alvim
	1 de outubro de 1988
	Inauguração do trecho Artur Alvim – Corinthians - Itaquera
Tabela 1: Elaboração própria a partir de dados disponíveis no site do metrô de São Paulo, 2017. Fonte: http://www.memoriametro.com.br/conteudo.html
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5 Histórico do desenvolvimento do bairro disponível em http://www.airi.com.br/online/geral/artigos/historia-de-itaquera - acesso em 26/11/2017.
6 Contexto de Bairro dormitório disponível em http://www.itaquera.com.br/wikipedia - acesso em 26/11/2017. 
Como relata Serafim (2014) a estação Corinthians-Itaquera foi projetada como terminal urbano de metrô, com capacidade para 95.000 embarques7, a mesma está conectada às linhas de ônibus da SPTrans e EMTU, além de ter também acesso ao trecho ferroviário Expresso Leste da CPTM. O projeto do complexo viário também vislumbrava uma futura integração com um terminal Rodoviário de Itaquera, o que se iniciava como um ensaio nos anos 2000, quando foi reformada e ampliada a estação de trem Corinthians-Itaquera8.Esta construção gerou um deslocamento diário significativo de pessoas. A chegada do metrô tornou a região mais atrativa, por ser mais acessível. O comércio, em sua maioria, era de caráter local, voltado para atender as necessidades dos moradores. Tais mudanças colocam o bairro em condição mais modernas, e integram um perfil socioeconômico à região, disponibilizando o acesso a redes de supermercados e indústrias, fazendo com que a maioria de seus habitantes continuasse a trabalhar no centro da cidade (TRAD, 2013).
A chegada do metrô simboliza a oportunidade de vivenciar novos tempos, principalmente porque o passeio é a forma mais comum de lazer em uma região de periferia. Para Serafim (2014) depois da implantação deste transporte público na Zona Leste, o contato com outros cenários e bairros passou a fazer parte do entretenimento dos moradores de Itaquera. Porém a rotina de trabalho que passou a ser desgastante e cansativa em meio a uma opção de deslocamento rápida, mas superlotada.
Na década de 90 o Governo do estado de São Paulo decretou a construção de um centro de detenção no bairro9, acontece o quinto marco histórico, que gerou um processo social que mobilizou os moradores desta periferia em torno de impedir a construção10.
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7 Capacidade de embarque do metrô Corinthians-Itaquera: Disponível em www.metro.sp.gov.br/conteudo.html# – acesso em 26/11/2017. 
8 Ampliação da estação de trem Corinthians-Itaquera: Disponível em www.metro.sp.gov.br – acesso em 26/11/2017. 
9 Decisão do estado sobre a construção do cadeião: Disponível em http://eteczonaleste.com.br/escola/historia.html - acesso em 26/11/2017. 
10 22 de Agosto de 1999: inicio da mobilização dos moradores contra as obras do C. D. P. através de abaixo assinado, carreatas, passeatas, atos públicos, visitas ao palácio do Governo, Assembleia Legislativa, Câmara Municipal, Escolas entre outros. Disponível em http://eteczonaleste.com.br/escola/historia.html - acesso em 26/11/2017. 
11 Histórico da construção da ETEC disponível em http://eteczonaleste.com.br/escola/historia.html - acesso em 26/11/2017.
Naquela ocasião, os moradores até então sob uma tradição de passividade, vindos de uma base social desprovida de fundamentações que referenciassem a ação reflexiva contra a decisão do Governo do Estado de São Paulo, buscaram com auxílio de ongs a apropriação de conhecimento sobre estatísticas de delinquência, crimes, qualidade de vida, educação e cultura para contrapor a decisão do Estado sobre a construção do cadeião (TRAD, 2013).
Com esse conhecimento adquirido os moradores passam a ter argumento para mobilizações populares como forma de conexão entre pensamento e ação. Mobilizações populares ocorridas em agosto de 1999 impulsionaram um pedido contrário à decisão do Estado, formalizando interesses quanto à construção da Primeira Faculdade Pública e ETEC da Zona Leste11.
A concentração de manifestações em Itaquera para contrapor a decisão do Governo do Estado de São Paulo em construir o cadeião, prosseguiu até 24/09/2000, com o empenho e a mediação resultantes do conhecimento adquirido por valores coletivos, onde indivíduos passaram a se manifestar como cidadãos capazes de posicionar-se diante de interesses sociais. (SERAFIM, 2014. p. 34).
Figura 3: Moradores do bairro de Itaquera e o secretário do Governo do Estado de São Paulo na época. 
Fonte: Imagem disponibilizada pela ETEC da Zona Leste. Disponível em http://eteczonaleste.com.br/escola/historia.html - acesso em 27/11/2017
Figura 4: O governador do estado de São Paulo na época Geraldo Alckmin.
Fonte: Imagem disponibilizada pela ETEC da Zona Leste. Disponível em http://eteczonaleste.com.br/escola/historia.html - acesso em 27/11/2017
Figura 4: Imagem panorâmica da ETEC da Zona Leste.
Fonte: Imagem disponibilizada pela ETEC da Zona Leste. Disponível em http://eteczonaleste.com.br/escola/historia.html - acesso em 27/11/2017
Com esse acontecimento, o contraste entre a tradição inerte dos moradores do bairro e a incorporação de novos valores permitiram uma mudança social, provocando nesta periferia da cidade de São Paulo, uma mudança significativa. A implantação do complexo escolar FATEC/ETEC Significou o início de uma busca pelo conhecimento por parte da população de Itaquera, e incentivou os moradores do entorno a buscar o ensino profissionalizante como forma de conexão com o conhecimento.
Tal situação representou uma valorização do bairro, por parte de seus próprios moradores. Ao lutarem por condições mais acessíveis de educação na região, despertaram uma valorização simbólica do local, a partir da exposição de novas possibilidades na realidade social de Itaquera. Publicações como o jornal de Itaquera, uma publicação impressa que teve seu início12 em 1979, passa a representar a força desta cultura da periferia.
A massificação e a popularização da região leste da cidade de São Paulo despertaram interesses de alguns segmentos econômicos, que originaram no bairro a proximidade a esta temática de consumo. Como exemplo, pode-se citar algumas universidades populares que construíram unidades em Itaquera. Em certo sentido, tais instituições se converteram em templos de consumo do conhecimento, como mola para a ascensão social dos moradores da região. Podemos citar duas instituições já estabelecidas no bairro, o UNICASTELO e a UNICSUL13.
A periferia de Itaquera possui também representações de consumo de bens e serviços, um exemplo disso são os dois shoppings centers implantados na região: Shopping Leste Aricanduva, que influencia posteriormente na construção go Shopping Metro Itaquera. Projetado para interligar a estação de metrô, trem e linhas de ônibus, facilitando o acesso dos moradores do extremo leste a um novo tipo de entretenimento. Proporcionou por meio das mudanças físicas, novas percepções e experimentações de lazer e consumo, conforme a ilustração abaixo:
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12 Histórico do jornal de Itaquera disponível em http://www.airi.com.br/online/geral/artigos/historia-de-itaquera - acesso em 26/11/2017.
13 A evolução econômica do bairro de Itaquera disponível em http://www.airi.com.br/online/geral/artigos/historia-de-itaquera Acesso em 27/11/2017.
Na busca por contextualizar a situação atual do bairro, esta etapa histórica em que muitas mudanças sociais ocorreram, houve o esforço por sintetizar alguns dos momentos do desenvolvimento da sociedade local. Neste sentido, o bairro de Itaquera apresenta alguns traços do período histórico, que remodelou um povoamento indígena em periferia urbanizada.
O SEXTO MARCO E SEUS EFEITOS
Embora Itaquera tenha se delineado como uma periferia, seu potencial urbano ainda foi pouco explorado. Mesmo sem uma infraestrutura ideal, o bairro de Itaquera recebe convites a um crescimento urbano. Transformações que surgem como uma proposta para o crescimento e desenvolvimento do bairro.
A principal proposta é a construção da Arena Corinthians para abertura da Copa do Mundo FIFA de Futebol de 2014, a prefeitura da cidade de São Paulo buscou parcerias com empresas privadas para viabilizar estudos e a construção da Arena Corinthians, no bairro Itaquera, em 2011, para reforçar a decisão da FIFA. A consultoria Accenture, por exemplo, elaborou um estudo que, com base na referência do desenvolvimento econômico de São Paulo, subsidiado com argumentos econômicos para a construção de um estádio para a partida de abertura da Copa do Mundo14.
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14 Informações sobre a copa do mundo de 2014 disponível em http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/05/140518_itaquerao_polemicas_msitaquera Acesso em 27/11/2017.
A pesquisa da Accenture15 se baseia em quatro aspectos. O primeiro traz a importância de São Paulo para a abertura da Copa do Mundo no Brasil, O segundo aspecto coloca o estádio de Itaquera como fator de desenvolvimento da cidade, em geral, e da Zona Leste em particular. O terceiro aspecto está direcionado a fomentação e incentivo de desenvolvimento econômico por meio de grandes eventos esportivos, quarto aspecto demonstra osbenefícios estimados com a construção da Arena Corinthians, estádio criado para a abertura da Copa do Mundo, em relação ao ciclo de vida da Arena16.
Figura 8: Relatório da empresa Accenture contextualizando o estádio como potencial dinamizador da Zona Leste de São Paulo. 
Fonte: Accenture, (Janeiro/2011). Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/trabalho/arquivos/itaquera.pdf
É certo que os números impressionam e possivelmente movimentarão o consumo da região de Itaquera. Além da circulação de mercadorias, a ideia de uma melhora no bairro é inevitável. 
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15 Accenture: uma empresa global de consultoria em gestão de tecnologia, serviços e negócios com clientes em mais de 120 países, com diversas pesquisas nos setores econômicos e de negócios, auxiliando clientes governamentais e empresariais. 
16 Dados da pesquisa disponíveis em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/trabalho/arquivos/itaquera.pdf acesso em 27/11/2017.
Serafim (2014) destaca que percepção dos moradores, trabalhadores e visitantes quanto a esta imagem pode ser interessante para um reencantamento do bairro. Minimamente ou em pequenas proporções a construção da Arena Corinthians, é suficiente para dar visibilidade ao bairro de Itaquera, atraindo olhares de agentes econômicos interessados em investir nesta periferia, colocando-a num ritmo diferente, a partir da ótica do entretenimento.
A realidade de Itaquera está diante de uma construção social midiática. As especulações sobre a construção da Arena Corinthians, o investimento de poderes público e privado, dão partida ao surgimento de diversas modificações nas dinâmicas e fluxos urbanos.
Uma série de projetos e ações sociais são especuladas no bairro, entre as quais se destacam o discurso sobre o acesso e a cidadania17, por exemplo o projeto de construção de um poupa tempo. Os moradores, por sua vez, veem na construção a oportunidade de movimentar e expandir o comércio local que até então funciona, em sua grande maioria de forma informal. 
Freitas (2012) aponta o momento em que as mídias sociais entram em cena aliadas ao poder público para mostrar por imagens, conteúdo simbólico, pesquisas e uma porção de informações complexas a vontade de dominar o espaço público, em que o interesse pode estar não em promover a visibilidade, mas um disfarce a exclusão. Por sua vez os conflitos sociais tornam-se presentes em determinados eventos, ilustrados de maneira parcial pelos meios de comunicação de massa. Segue abaixo a reprodução da proposta do Governo do Estado de São Paulo para o bairro de Itaquera a partir da construção da Arena Corinthians:
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17 Acesso e cidadania em Itaquera: projetos como o do poupa tempo foram implantados conforme disponível em http://www.poupatempo.sp.gov.br/posto_itaquera/index.asp - acesso em 27/11/2017. 
Figura 10: Proposta ao bairro de Itaquera em conjunto com as obras do estádio para Copa do Mundo de 2014 
Fonte: Evento “SP 2040
Diante do imaginário local, o bairro de Itaquera se apresenta como mercadoria. Embora desprovida de boas condições socioeconômicas e de infraestrutura, esta periferia recebe pela sexta vez em sua história um convite inesperado para transformar-se novamente. Trata-se, contudo, do mais ousado dos convites, cheio de um encantamento de progresso e provavelmente somente o tempo poderá demonstrar o efeito de tais experiências/mudanças no bairro simples, que pelo estímulo do sistema capitalista e seus agentes protagonistas, “compra” a ideia do acolhimento de um megaevento esportivo.
RESULTADOS IMEDIATOS
Das mudanças ocorridas no bairro origina-se uma seletividade de classes, que se manifesta em duas áreas prinoritarioamente: A primeira caracteriza-se pela seleção no comércio. A fim de melhor atender o publico de turistas o comércio local passa a ser padronizado, o comércio que atendia a nececidades de uma população da perifeira é subistituido por redes de supermercado, que nada tem que ver com o perfil do comércio local.
Figura 12: Padronização comercial do Metrô Corinthians-Itaquera.
A segunda seletividade que ocorre é a seletividade é social. Com as novas dinamicas urbanas moradores da região são “obrigados” a se deslocarem para outras áreas da cidade onde possam custear o estilo e vida. Entendemos assim a seletividade como um processo de dominação social, econômico e político, articulado por meio do espaço urbano, produzido pela classe dominante, resultando, mesmo que involuntariamente em uma substituição de classes. 
Figura 22: Comunidade carente próxima a Arena Corinthians.
Figura 23: Comunidade carente próxima a Arena Corinthians.
As imagens registradas evidenciam a monetarização do espaço urbano da periferia de Itaquera, promovida pelos agentes imobiliários que baseados na carência, estipularam uma nova particularização das zonas urbanas da região, buscando uma nova concentração de classes sociais e excluindo de forma “natural” outras classes inferiores. Por mais curiosidade que as imagens representem, a força da seletividade urbana é tão presente que até mesmo barracos em favelas passam a ganhar valor, mesmo que subjetivado pelas realidades de seus moradores (SERAFIM, 2014).
De um modo geral as mudanças ocorridas no bairro trazem um ideal de nova visão da periferia, mas não mostra que por trás de todas essas obras deixa-se para trás, ruas inacabadas, famílias removidas, algumas involuntariamente, pelo custo de vida, os danos ao trânsito, as adequações de obras, como uma espécie de sofrimento garantido em troca da beleza do visual da periferia, como símbolo de novidade para a periferia de Itaquera.
A produção do espaço social de Itaquera possui esta aparelhagem pública, que articula a periferia ao restante da cidade. O contexto em que se produz a realidade social do bairro é fruto da ação de várias forças que, evidentemente, inclui o trabalho de seus moradores. Estes transformam e ressignificam o ambiente cotidiano. Apesar desta relação, Itaquera ainda é retratada como um lugar em que o presente contém reminiscências do passado. O jornal Notícias de Itaquera assim retrata o bairro: 
Diferentemente do que muita gente imagina Itaquera situada no extremo leste da cidade de São Paulo, a 20 km do marco zero (Praça da sé) tem uma história muito bonita, repleta de lutas sociais e de um bairrismo silencioso e romântico, que por anos permaneceu apenas no coração de seus moradores mais antigos. (JORNAL NOTÍCIAS DE ITAQUERA, JANEIRO 2013).
REFERÊNCIAS
RUFINONI, M. R. O registro e a documentação patrimonial no Brás e na Mooca. São Paulo: USP, 2013.
TRAD, Samir Mohamed. Modernização faz de Itaquera um lugar cada vez melhor. SP Leste – Itaquera e Região, São Paulo, 11 de fevereiro de 2013, p. 1.
FREITAS, C. A. de Oliveira, USPA periferia como fronteira de expansão do capital: Exemplos da presença do Estado e do Mercado em Itaquera. USP, 2012.
SERAFIM, Daniel Sena, Comunicação, consumo e percepção da periferia: a representação da cena urbana do bairro de Itaquera a partir das narrativas dos operários que trabalham na Arena Corinthians – São Paulo: ESPM, 2014. 
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