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Criação de Sociedades Regulares

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DIREITO DAS EMPRESAS APLICADO
UNIDADE 2 - CRIAÇÃO DA SOCIEDADE 
REGULAR
Saulo Bichara Mendonça
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Introdução
Nesta unidade, vamos aprofundar nossos estudos em temas relacionados ao Direito das Empresas Aplicado,
especialmente no que tange ao Direito Societário. O objetivo é que você possa compreender os pressupostos
para que se tenha uma sociedade efetivamente regular nos termos da lei. Para tanto, será apresentado o formato
do ato constitutivo e sua natureza jurídica, para que, então, se possa distinguir a sociedade regularmente
constituída da sociedade irregular ou de fato.
Partindo do conceito de sociedade empresária, poderemos responder questões como: o que diferencia o sócio do
empresário em si? Quem é o titular da empresa? E quais as extensões dos direitos e obrigações dos sócios,
enquanto titulares da sociedade empresária?
O sócio em si será estudado quanto à sua legitimidade e capacidade, distinguindo os dois termos, bem como
evidenciando os direitos e deveres decorrentes da celebração do contrato social e sua exigibilidade a partir do
registro deste.
Será também apresentada a classificação das sociedades a partir da Teoria Geral do Direito Societário,
evidenciando as responsabilidades patrimoniais dos sócios em cada tipo de sociedade regulamentada por lei.
Vamos começar? Bons estudos!
2.1 Criação da Sociedade Regular
Como você já sabe, a sociedade se constitui a partir da união de vontades e esforços em comum de duas ou mais
pessoas que compõem no contrato social um negócio jurídico plurilateral. Isso significa que todos empenham
esforços em comum, cada um no limite de suas condições, para que a atividade econômica empresarial (ou não)
seja desenvolvida nos termos postos no contrato social, permitindo que os resultados (lucros, no caso das
sociedades empresárias) sejam partilhados na proporção da contribuição (quotas integralizadas) de cada sócio.
Constituída a sociedade, cumpre verificar a natureza do objeto social determinado, se este se enquadrar no
conceito do art. 966 do Código Civil, tem-se uma sociedade empresária, do contrário, uma sociedade simples, o
que implica na apresentação do referido documento a registro em locais distintos, a Junta Comercial, se
sociedade empresária e o Registro Civil das Pessoas Jurídicas, se sociedades simples, salvo exceções legais, como
se verificará no caso do registro das cooperativas.
2.1.1. Ato constitutivo: requisitos, legislação aplicável, natureza do ato, 
situação da sociedade irregular ou de fato
O ato constitutivo das sociedades é gênero que pode ser estudado a partir de duas espécies: as sociedades
contratuais e as sociedades estatutárias. As primeiras “são instituídas por meio do registro de um contrato social
que deve atender cláusulas mínimas (art. 997 do Código Civil), podendo ainda trazer cláusulas facultativas”
(MAMEDE, 2018, p. 41-42).
Também serão contratuais as sociedades em comandita simples e em nome coletivo (tipos societários menos
adotados no direito pátrio). Já as estatutárias ou institucionais são as cooperativas, fundações, associações
(dentre as sociedades simples) e as sociedades por ações (sociedade anônima e em comandita por ações), sendo
estas instituídas a partir do registro do estatuto social, documento igualmente plurilateral idealizado pelo(s)
fundador(es) de um dos tipos de sociedades indicadas.
A distinção entre contratuais e institucionais decorre da forma pela qual os sócios se vinculam à sociedade. Nas
contratuais, os sócios participam ativamente na confecção das cláusulas do contrato social, deliberam sobre os
termos, sua extensão sobre o patrimônio pessoal dos sócios, os contornos e limites dos direitos e as obrigações
decorrentes da instituição que compõem a partir da assinatura do contrato social.
Já nas estatutárias, o fundador, ou fundadores, dependendo de cada situação, determinará os contornos e as
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decorrentes da instituição que compõem a partir da assinatura do contrato social.
Já nas estatutárias, o fundador, ou fundadores, dependendo de cada situação, determinará os contornos e as
características atribuídas à sociedade que se forma a partir da assinatura do presente documento. Dessa forma,
aquele que decidir participar de uma cooperativa ou se tornar acionista de uma sociedade por ações irá aderir
aos termos postos no estatuto social constitutivo da sociedade em si, o mesmo se dá em relação às associações,
fundações e sociedades em comandita por ações.
Vale ressaltar que não há imposição por parte das sociedades estatutárias em relação aos seus sócios, estes
decidem compor, participar da sociedade por livre e espontânea vontade, uma vez que, segundo a Constituição
Federal, em seu art. 5º, inciso XX, ninguém é obrigado a se associar ou permanecer associado.
Considerando que o exercício deste direito não exige que se verifique a prática de ilícitos pelos
administradores da companhia, não representando espécie de sanção, basta que as decisões
assembleares prejudiquem socialmente o interesse do sócio/acionista (MENDONÇA; ARRUDA, 2018,
p. 294).
A condição de sócio, em quaisquer dos tipos de sociedade existentes e regulamentadas, sempre decorre de uma
decisão do sócio em si, a ele cabe optar por contribuir com o que for preciso e possível para se tornar sócio, bem
como cabe decidir sobre quando deixar de ser sócio, momento no qual exigirá a restituição proporcional do
montante investido a ser verificado pela administração da sociedade no procedimento de apuração de haveres.
De acordo com o Código Civil (BRASIL, 2002), em seu art. 104, a validade de todo negócio jurídico requer que os
agentes sejam capazes, que o objeto do referido negócio seja lícito, possível, determinado ou determinável e que
se atente à forma prescrita em lei ou ao fato desta não ser proibida.
Não se confunde capacidade com legitimidade para a prática de atos da vida civil. Se por um lado a
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, resguardados, desde a concepção, os direitos do
nascituro, apenas aos 18 anos a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil, consoante se
verifica, respectivamente, nos arts. 2º e 5º do Código Civil. Ou seja, o fato de todos serem capazes de direitos e
deveres na ordem civil, nem todos possuem legitimidade para a prática regular de todos os atos regulamentados
por lei. Não é diferente no caso da celebração de contrato social. Isso significa que nem todos os maiores de 18
anos são aptos a participarem de um contrato social, bem como não estão proibidos de nele figurarem como
sócios todos os que são menores de 18 anos. Vejamos as exceções legais.
Conforme mencionado, o art. 997 do Código Civil estipula cláusulas mínimas ao contrato social, sendo lícito
estipular outras de forma facultativa. Mas nem todos podem subscrever o referido contrato social.
A exceção se refere à determinação contida no art. 977 do Código Civil, no qual se lê: “faculta-se aos cônjuges
VOCÊ O CONHECE?
Pablo Gonçalves e Arruda é advogado com atuação específica em Direito Empresarial,
Administrador Judicial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Mestre em Direito,
Constituição e Cidadania pela Universidade Veiga de Almeida, Professor de Direito Empresarial
Societário e Recuperacional: LLM e MBA FGV; LL.M IBMEC, PUC-RJ, Damásio-SP, CEPUERJ
/UERJ, EMERJ, ESMAGES, ESMAFE/PR; Coordenador do Instituto Brasileiro de Direito e
Negócios-IBDN. Coordenador Acadêmico do Instituto Brasileiro do Direito da Empresa-IBDE;
membro efetivo do do Brasil e Turnaround Management Association International Association
, além de autor de diversos artigosof Restructuring, Insolvency & Bankruptcy Professionals
acadêmicos relacionados ao Direito Empresarial.
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A exceção se refere à determinação contida no art. 977 do Código Civil, no qual se lê: “faculta-se aos cônjuges
contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal
de bens, ou no da separação obrigatória”(BRASIL, 2002, ).on-line
Apesar de capaz, a pessoa quese encontre em uma das situações descritas no citado art. 977 do Código Civil não
terá legitimidade para figurar como sócio(a) em um contrato social, seja de sociedade simples ou empresária.
Exceção inversa se verifica na leitura do art. 974, §3º, inciso III, do Código Civil, segundo o qual: “o sócio
relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus
representantes legais” (BRASIL, 2002, ). Nesse caso, apesar de não possuir capacidade legal, o legisladoron-line
atribui ao menor legitimidade para figurar excepcionalmente como sócio em um contrato social.
O citado artigo já tratava da possibilidade de o incapaz continuar a empresa antes exercida por ele enquanto
capaz ou por seus pais, em caso de ser autor de herança. Trata-se de uma situação excepcional em que o incapaz
atuará como empresário individual com apoio de representante ou assistente, de acordo com o grau da
incapacidade, se absoluta ou relativa.
Nesse caso, o Código Civil exige que haja autorização judicial para que o menor continue a exercer atividade
empresária e tal autorização, passível de revogação a qualquer momento, exige que se considere o exame das
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la e o efetivo resguardo dos
VOCÊ QUER LER?
Para conhecer mais sobre os normativos legais e as complexidades atinentes à composição de
sociedades entre cônjuges e entre estes e terceiros em situações nas quais tenham contraído
matrimônio sob o regime de comunhão total de bens ou de separação obrigatória leia o artigo
Cônjuges e sócios (MENDONÇA, 2017), disponível em:
http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14802.
VAMOS PRATICAR?
Considere, hipoteticamente, que J e M depois de dois meses de namoro resolveram se casar,
convidaram os amigos mais próximos para serem seus padrinhos, organizaram a festa e foram
ao Cartório de Registro Civil oficializar o matrimônio. No ato da apresentação dos documentos,
eles foram informados pelo serventuário que o casamento teria que se dar pelo regime
patrimonial da separação obrigatória de bens, porque M tem 71 anos de idade. O fato não
incomodou o casal que celebrou o casamento. Tempos depois, decidiram que seria uma boa
oportunidade de negócio constituir uma sociedade empresária para celebrar o contrato de
franquia com uma instituição de ensino, visando comercializar cursos de graduação
semipresenciais. Procuraram por um contador e um advogado para celebrar o contrato social a
ser registrado, visando constituir a sociedade regularmente.
Neste caso, a celebração do contrato social entre J e M será viável? Em caso negativo, poderiam
indicar um terceiro a substituir J ou M? Sendo ambas as respostas negativas, há alternativa
para que o casal possa evitar que seu anseio por empreender sofra solução de continuidade?
http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14802
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circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la e o efetivo resguardo dos
direitos de adquiridos por terceiros. A autorização em tela deve ser averbada no registro da empresa na Junta
Comercial, para que seja pública e oponível a terceiros e restringirá o alcance dos resultados da atividade
empresarial os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, se estranhos ao acervo
daquela.
Em 2011, a Lei nº 12.399 incluiu no Código Civil determinação de que o Registro Público de Empresas Mercantis
a cargo das Juntas Comerciais registre contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio
incapaz, desde que: o sócio incapaz não exerça a administração da sociedade e o capital social desta esteja
totalmente integralizado e, como já mencionado, o sócio relativamente incapaz seja assistido e o absolutamente
incapaz representado formalmente, nos termos da lei civil.
Cumpre, assim, analisar os termos de um contrato social, considerando eventuais cláusulas facultativas definidas
pelos sócios, mas partindo das cláusulas básicas determinadas pelo art. 997 do Código Civil, segundo o qual o
contrato social deve ser escrito porque precisa ser levado a registro pelos signatários. Apenas com o registro
desse documento consolidado pelos sócios é que se pode verificar o regular surgimento da pessoa jurídica, a
despeito da sociedade surgir com o encontro de vontades dos sócios.
Ante a necessidade legal de registrar o contrato social, se verifica a razão pela qual a lei exige a regular
qualificação dos sócios, signatários do contrato em tela, permitindo seu conhecimento por parte de terceiros com
quem a sociedade venha celebrar negócios jurídicos comuns ao objeto social que tenha optado por desenvolver.
“A qualificação dos sócios é importante para permitir que a Junta Comercial, por exemplo, verifique a existência
de eventuais impedimentos dos sócios para participação na sociedade” (RAMOS, 2017, p. 302).
VAMOS PRATICAR?
Considere, hipoteticamente, que W, menor, relativamente incapaz, perdeu seus pais em um
acidente automobilístico. Sendo filho único, herdou todos os bens que compunham o
patrimônio dos pais, inclusive uma empresa individual registrada em nome de sua mãe.
A empresa atuava no segmento de estética, sendo sua mãe especialista em design de
sobrancelhas e seu sucesso era tamanho a ponto de que, nos últimos tempos, a principal renda
familiar advinha dos dividendos auferidos pelo desenvolvimento de sua atividade empresária.
Dadas as circunstâncias, W vendo-se órfão em seus meios de sustento, foi orientando por um
parente a requerer autorização para dar continuidade ao negócio antes gerido por sua mãe. Ao
analisar o requerimento judicial formulado por W através de seu representante legal, quais
devem ser os pontos considerados pelo Magistrado para deferir ou não o requerimento de
autorização judicial para dar continuidade a empresa antes exercida por sua mãe?
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Na sequência, deve-se registrar a denominação da sociedade, atentando ao disposto nos arts. 1.155 a 1.168 do
Código Civil, acerca da composição do nome empresarial. Este deve estar ajustado de acordo com o objeto social
a ser desenvolvido, facilitando o quanto possível o melhor conhecimento da atividade a ser desenvolvida pelo
mercado que se pretende explorar.
É preciso igualmente informar a sede da sociedade, mesmo que seu objeto social seja desenvolvido virtualmente
por meio de . Ainda assim, é essencial que se tenha um endereço físico que permita a delimitação doe-commerce
foro competente para eventuais demandas judiciais e delimitação da praça de cobrança fiscal.
O contrato também precisa determinar se a sociedade pretende perdurar por prazo determinado ou
indeterminado, permitindo que terceiros de boa-fé com créditos a receber ante a sociedade ou obrigações a
cumprir tenham ciência do seu tempo regular de duração; a existência dessa cláusula também contribui para o
regular exercício de retirada do sócio, nos termos do art. 1.029 do Código Civil, que deve ser interpretado a
partir do citado art. 5º, inciso XX, da Constituição Federal.
Outra cláusula tida como essencial diz respeito à definição do valor e forma de integralização do capital da
sociedade, sendo
expresso em moeda corrente, podendo compreender quaisquer bens suscetíveis de avaliação pecuniária, não
podendo ser integralizado por meio de serviços, tal como veda o art. 1.055, §2º do Código Civil. A regra referente
ao inciso V do art. 997 do Código Civil só se aplica às sociedades simples, cuja atividade econômica desenvolvida
tenha caráter filantrópico, assistencial, desprovido de intuito de lucro, de forma a evitar que o sócio se confunda
com um colaborador da empresa (empregado) desrespeitando em seus direitos.
Definido o capital social, deve-se determinar em quantas quotas ele será fracionado, o valor nominal de cada
quota e a forma e prazo dentro do qual cada sócio se comprometerá a integralizá-la, consoante regulamenta a
Instrução Normativa DREI nº 38, de 2 de março de 2017.
O contrato deve determinardesde o início que serão os representantes legais, responsáveis pela administração
CASO
Considere que, hipoteticamente, um casal que tenha contraído matrimônio sob o regime de
comunhão total de bens venha encontrar uma boa oportunidade de investir recursos em uma
sociedade empresária que atue no segmento de , como franqueada de uma grandefast food
rede de lanchonetes com abrangência global.
Analisando a circular de oferta de franquia, o casal verifica que uma das condições para
celebrar o contrato de franquia em tela é que os franqueados sejam pessoas jurídicas
regularmente constituídas, portadores de CNPJ e alvará de funcionamento, com inscrições
municipais e estaduais.
Dessa forma, o casal, sabendo da limitação contida no art. 977 do Código Civil, vê-se
irresignado com a possibilidade de perder a oportunidade por serem casados no regime de
comunhão total de bens, fato que os leva a procurar por você, consultando acerca de eventuais
possibilidade legais que viabilizem a celebração do negócio em tela.
Você poderia sugerir como alternativa legal que procedessem a alteração do regime
matrimonial nos termos do art. 1.639, §2º, do Código Civil que admite alteração do regime de
bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a
procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
Assim, manteria o casal unido em matrimônio e viabilizaria a consolidação da sociedade de
forma regular, permitindo a celebração do negócio jurídico com a empresa franqueadora de
forma satisfatória a todos.
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O contrato deve determinar desde o início que serão os representantes legais, responsáveis pela administração
da sociedade, bem como quais são os seus poderes e atribuições e a extensão destes, devendo ser pessoas
naturais, ou seja, essa função é vedada às pessoas jurídicas.
A cláusula que estipular a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas deverá ser redigida de acordo com
o tipo de responsabilidade patrimonial assumida por cada sócio, se limitada ou ilimitada. A primeira é a mais
usual atualmente, tanto que, como se verá, a sociedade limitada representa o tipo jurídico de sociedade mais
adotada. Contudo, a legislação ainda prevê a existência de sociedades com sócios que respondem ilimitadamente
pelas obrigações da sociedade. Nesse caso, os sócios podem também participar nas perdas, respeitado o
benefício de ordem, conforme determina o art. 1.024 do Código Civil, haja vista que a responsabilidade ilimitada
dos sócios é exigida de forma subsidiária, cabendo primeiramente à sociedade responder pelos prejuízos
sofridos.
Por essa razão, o referido art. 997 do Código Civil ainda exige que se informe no contrato social se os sócios
respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Como se verifica, as cláusulas básicas previstas em lei são complementares, ou seja, uma tem correlação com a
outra. Mas a previsão legal não é taxativa, os sócios podem prever outras cláusulas que entendam necessárias,
desde que o façam objetivamente, pois será tido como ineficaz em relação a terceiros quaisquer acordos em
separado que contrarie ao disposto no instrumento do contrato.
Figura 1 - A sociedade empresária é a união de esforços de sócios, considerados juridicamente como 
investidores, que almejam auferir lucro (retorno remunerado do capital investido) a partir do bom 
desenvolvimento da atividade empresarial.
Fonte: Phovoir, Shutterstock, 2019.
Dentre as cláusulas facultativas que os sócios podem entabular, além do disposto no art. 997 do Código Civil,
entende-se como sensato que se preveja o procedimento de sucessão de sócios (art. 1.028 do Código Civil),
evitando, assim, eventuais conflitos de interesses entre o espólio do sócio falecido e os sócios remanescentes.
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2.1.2. Empresa
Atualmente, a empresa é estudada a partir da conhecida Teoria da Empresa, oriunda do direito italiano do qual o
Brasil é corolário, tendo o Direito Empresarial brasileiro sido inspirado no Direito Civil Italiano, especificamente
no Código Civil Italiano de 1942. Razão pela qual ainda estudamos a empresa a partir da Teoria Poliédrica de 
Alberto Asquini (ASQUINI, 1996), segundo a qual a empresa pode ser percebida por quatro vieses ou perfis,
clique para ler sobre:
P e r f i l
subjetivo
Pelo qual a empresa é considerada pela pessoa que a exerce, seja empresário individual,
EIRELI ou sociedade empresária.
P e r f i l
objetivo
Que atem à análise da empresa sob os bens corpóreos e incorpóreos instrumentais das
atividades negociais, basicamente limitada ao estabelecimento empresarial, definido por
lei como universalidade de fato (art. 1.142 e 90 do Código Civil).
P e r f i l
funcional
Atinente à dinâmica da atividade empresarial em si, ou seja, a prática dos complexos atos
que correspondem ao desenvolvimento do segmento explorado em si, atividade
propriamente dita.
P e r f i l
corporativo
o u
institucional
Pelo qual a empresa é considerada a partir dos colaboradores da empresa, os empregados
propriamente ditos, sem os quais o empresário não teria meios de desenvolver a empresa
em si.
Segundo Mendonça (2017, p. 46):
A tendência dos autores em citar a teoria poliédrica da empresa como se os perfis fossem
alternativas para a definição desta parece um equívoco. Em verdade, tais perfis se complementam,
uma vez que, não haveria êxito numa atividade sem organização, sem ter quem a organizasse. É
essencial a essa atividade a existência de elementos que necessitam de organização, como se vê em
relação ao estabelecimento empresarial e colaboradores da empresa.
Sendo assim, a empresa pode ser conhecida como a atividade própria do empresário, atinente à gestão de mão
de obra, capital e , desenvolvida a partir de um complexo de bens organizados para o exercício damarketing
atividade econômica de forma profissionalmente organizada, visando alcançar o lucro através da produção e/ou
circulação de bens e/ou serviços.
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Essa atividade é desenvolvida pelo empresário individual, pessoa física mesmo que devidamente registrado nos
termos da lei, momento a partir do qual será considerado como pessoa jurídica apenas para fins fiscais (art. 967
do Código Civil, Lei nº 8.934/94 e Lei Complementar nº 123/06); pelo titular da EIRELI ou pela sociedade
empresária, ambos definidos pelo art. 44 do Código Civil como pessoas jurídicas de direito privado.
Também entes públicos, como empresas públicas e sociedades de economia mista podem desenvolver a
empresa, contudo a constituição desses entes federativos se dá de forma diversa, uma vez que fazem parte da
Administração Pública indireta.
Dessa forma, definida a empresa, passa-se ao estudo do empresário individual em si.
2.1.3. Empresário individual
O empresário individual é o agente econômico que se propõe a empreender, desenvolver uma atividade de
forma profissional e economicamente organizada em algum segmento relativo à prestação de serviços,
comercialização de bens, industrialização de produtos ou produção rural.
VOCÊ O CONHECE?
Alberto Asquini foi aluno e assistente de Cesare Vivante e Alfredo Rocco e iniciou sua carreira
acadêmica em 1915, como professor de Direito Comercial na Universidade de Urbino e
lecionou nas Universidades de Sassari, Messina, Trieste, Pavia, Pádua e, a partir de 1935,
Sapienza de Roma, onde completou sua carreira acadêmica em 1964. Foi membro das
comissões para a reforma do Código Comercial e do Código Civil Italiano que se seguiram de
1922 a 1942, em particular, foi presidente da comissão ministerial para a preparação do
Código Comercial italiano estabelecido em setembro de 1939. Suas principais obras são O
contrato para o transporte terrestre de pessoas, Escritos jurídicos, Os créditos e Curso de
. Este jurista e autor italiano influencia fortemente até hoje o direitoDireito Comercial
empresarial brasileiro.
VOCÊ QUER VER?
O documentário (2003) apresenta a dinâmica da atividade empresária peloA Corporação
perfil corporativista. Além da crítica sistêmica que o documentário faz sobre as corporações,tratadas como indivíduos, o cineasta Mark Achbar nos leva a questionar: qual tipo de pessoa
poderia ser uma corporação? Evidências são apontadas por Noam Chomsky e o cineasta
Michael Moore de forma a permitir uma reflexão crítica sobre atividade empresarial e a
exploração dos direitos humanos por grandes empresas.
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Figura 2 - O empresário individual precisa ser multifuncional e atender a todas as demandas do negócio que 
desenvolver de forma empreendedora para alcançar o êxito esperado.
Fonte: Peshkova, Shutterstock, 2019.
O conceito de empresário, definido no art. 966 do Código Civil, identifica um sujeito pró- ativo, dinâmico,
detentor de competências múltiplas, capaz de gerir recursos, mão de obra e atividades de em prol demarketing
produzir e/ou fazer circular bens e/ou serviços com intuito de lucro.
Como titular da empresa, o empresário individual, pessoa física, deve honrar todos os compromissos financeiros
que assumir em razão do desenvolvimento da atividade empresarial, ao contrário do titular da EIRELI e dos
sócios de sociedade empresária.
[...] o empresário individual, em nosso ordenamento jurídico, além de responder diretamente com
todos os seus bens pelas dívidas contraídas no exercício da atividade econômica (inclusive seus bens
pessoais), não goza da prerrogativa de limitação da responsabilidade (RAMOS, 2017, p. 47).
Por essa razão, apesar da importância teórica e prática do conceito de empresário, é natural que, aquele que
almeje desenvolver um empreendimento empresarial opte pela estrutura jurídica de uma EIRELI ou de uma
sociedade limitada.
Apesar de sócio não se confundir com empresário, legal e conceitualmente falando, os efeitos alusivos à proteção
patrimonial do agente econômico são importantes, sobretudo em um contexto em que o estímulo que leva
muitos a empreender, em regra, não passa por um estudo prévio do segmento a explorar, uma preparação
técnica ou mesmo uma análise de mercado, o que pode conduzir muitos empresários à falência, reconhecida
como um acidente de comércio, um dos riscos do negócio que o empresário deve assumir.
Assim, enquanto na empresa individual o risco do negócio é assumido integralmente pelo empresário em si, no
caso da sociedade empresária esse risco será assumido por ela, pela sociedade, quando legalmente constituída
como pessoa jurídica, a partir do registro na Junta Comercial dos seus atos constitutivos (contrato social ou
estatuto social).
O sócio não é considerado tal como empresário individual, essa semelhança recai sobre a sociedade em si, o
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O sócio não é considerado tal como empresário individual, essa semelhança recai sobre a sociedade em si, o
sócio é tido como investidor, titular das quotas sociais e dos direitos decorrentes do cumprimento da obrigação
contratual de integralizá-las nos termos determinados no contrato social.
2.2 O sócio: natureza, capacidade, direitos e deveres
Sócios são as pessoas (físicas ou jurídicas) que se comprometem com a constituição da sociedade e o
desenvolvimento dos atos constitutivos para sua formação regular.
Nas sociedades irregulares, de fato ou em comum, os sócios serão considerados responsáveis diretos pelos
resultados que a atividade econômica alcançar, sejam positivos ou negativos, isso porque a ausência do registro
do ato constitutivo da sociedade não limita o patrimônio do sócio ante as obrigações assumidas no
desenvolvimento da atividade econômica, empresarial ou não, pela sociedade. “Os sócios são as pessoas que
participam da sociedade, recebendo da mesma quotas ou outras participações, as quais representam frações do
capital social.” (RIZZARDO, 2014, p. 136).
Assevera-se que a natureza jurídica do sócio é de investidor. Por mais que no dia a dia da atividade empresarial
alguns ou todos os sócios efetivamente trabalhem praticando atos essenciais ao regular desenvolvimento da
empresa, tais como, abrir a loja, receber e tratar com fornecedores, consumidores e colaboradores da empresa,
dentre outras tarefas comuns ao cotidiano de qualquer segmento empresarial, a titular das obrigações
assumidas pelos sócios e/ou administradores da sociedade será da pessoa jurídica constituída a partir do
registro do ato constitutivo da sociedade em questão.
Essas delimitações básicas podem sofrer flexibilização de acordo com o tipo societário adotado dentre os
previstos no Código Civil, conforme se passa a verificar.
VAMOS PRATICAR?
Considere, hipoteticamente, que uma sociedade constituída por cinco sócios, cada um detentor
de 20% do capital social, tenha por pauta de reunião extraordinária a alteração do contrato
social no que diz respeito ao endereço da sede da sociedade.
A proposta feita pelo administrador tem por fundamento a implementação de um programa de
planejamento fiscal, visando a otimização dos recursos e consequente ampliação dos
resultados auferidos ao final do exercício social.
Se no momento da reunião comparecerem apenas quatro, do total de cinco sócios, a discussão
estaria frustrada? Em caso positivo, apresente seus fundamentos. Em caso negativo, indique,
de forma fundamentada, o montante total de votos necessários para aprovação ou rejeição da
proposta.
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2.3 Teoria Geral do Direito Societário: classificação dos 
modelos societário brasileiros, sociedade não 
empresárias, sociedade simples, gênero e espécie
A partir da definição estudada sobre sociedade simples e empresária e a compreensão que esse enquadramento
não se dá pelo tipo jurídico societário adotado, mas pelo segmento a ser explorado (arts. 982 e 1.150 do Código
Civil), passa-se a estudar os tipos societários regulados pela legislação pátria. Dessa forma, percebe-se que os
tipos societários se subdividem em sociedades compostas com sócios de responsabilidade patrimonial limitada
ou com responsabilidade patrimonial ilimitada, sendo estas últimas exceções.
A afirmativa quanto às exceções se sustenta pelos dados estatísticos de sociedades constituídas em 2019,
obtidos, a títulos de exemplo, no da Junta Comercial do Paraná, como você pode ver na imagem abaixo:site
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Figura 3 - Representação do relatório estatístico referente à criação de empresas e sociedades empresárias na 
Junta Comercial do Paraná.
Fonte: JUNTA COMERCIAL DO PARANÁ, 2019, p. 2.
Outro exemplo são os dados disponíveis pela Junta Comercial do Rio do Janeiro, como você pode ser a seguir.
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Figura 4 - Representação do relatório estatístico referente à criação de empresas e sociedades empresárias na 
Junta Comercial do Rio de Janeiro.
Fonte: JUCERJA, 2019, on-line.
Nos dados postos, você pode perceber que a opção por empresa individual, EIRELI e sociedades limitadas são
exponencialmente maiores do que opções pelos chamados tipos societários menores, grupo constituído por
sociedades compostas por sócios de responsabilidade patrimonial ilimitada, isso porque não é, em regra,
interessante aos sócios assumirem o risco desse ônus.
Contudo, apesar de exceção, ainda nos cumpre conhecer e analisar as sociedades reguladas no Código Civil. A
sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 e seguintes do Código Civil) é composta integralmente por sócios que
ostentam responsabilidade patrimonial solidária e ilimitada ante as obrigações sociais, permitindo-lhes a lei,
sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros de boa-fé, limitar entre si a responsabilidade de cada um,
seja no ato constitutivo em si ou por unânime convenção posterior que venha alterar o referido ato.
Seu ato constitutivo (contrato social) deve mencionar qual será a firma social pela qual responderá, além das
indicações referidas no art. 997 do Código Civil, consistindo essa firma social no nome empresarial pelo qual a
sociedade em questão responderá.
Caberá apenas aos sócios a administração dessa sociedade, e eles deverão utilizar a firma apenas nos estritos
limites do contrato social. Por mais que os sócios respondam, nos termos do contrato social, de forma ilimitada
pelas obrigações assumidas pela sociedade em nome coletivo, o credor deverá, antes de exigir aliquidação do
bem pessoal do sócio, liquidar o patrimônio indicado como sendo da sociedade em si, respeitando o benefício de
ordem.
As sociedades em comandita simples (arts. 1.045 e seguintes do Código Civil), por sua vez, são compostas por
sócios enquadrados em duas categorias que devem ser discriminadas no contrato social. Clique nas abas para ler
sobre:
Os comanditados
Representados por pessoas físicas que assumem responsabilidade solidária e ilimitada pelas obrigações sociais.
Os comanditários
Que assumem responsabilidade limitada ao valor da quota adquirida ou subscrita.
Aplicam-se a estas as normas relativas às sociedades em nome coletivo, de acordo com o que forem compatíveis,
pois aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações que recaem sobre os sócios da sociedade em
nome coletivo.
Contudo, sem prejuízo da faculdade, outorgada por lei, de participar das deliberações da sociedade, bem como de
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Contudo, sem prejuízo da faculdade, outorgada por lei, de participar das deliberações da sociedade, bem como de
lhes fiscalizar regularmente, na forma da lei, as operações societárias, não poderá o comanditário praticar
qualquer ato de gestão, muito menos ter o nome na firma social, do contrário ficará sujeito às responsabilidades
de sócio comanditado.
Somente após averbada a modificação do contrato, produz efeito, quanto a terceiros, a diminuição da quota do
comanditário, em consequência de ter sido reduzido o capital social, sempre sem prejuízo dos credores
preexistentes.
Em caso de morte de sócio comanditário, deve a sociedade continuar com os seus sucessores, que devem
designar qual dentre eles representará o falecido, salvo disposição do contrato social em contrário.
Dentre as sociedades constituídas com sócios detentores de responsabilidade patrimonial ilimitada, o Código
Civil ainda regulamenta a sociedade em comandita por ações. Elas têm o seu capital social dividido em ações, de
forma semelhante às sociedades anônimas, regendo-se inclusive pelas normas relativas à estas, a despeito do
disposto no Código Civil (arts. 1.090 e seguintes).
Nas sociedades em comandita por ações somente o acionista tem legitimidade para administrá-la e, na qualidade
de diretor, responderá subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações patrimoniais com as quais a sociedade em
si não puder honrar.
Havendo mais de um diretor (acionista) todos serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens
sociais (sempre respeitando o benefício de ordem).
Os referidos diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade para cumprirem mandato sem previsão
de limitação temporal e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem no
mínimo dois terços do capital social.
Destituído ou exonerado, o diretor continuará, durante dois anos, responsável pelas obrigações sociais
contraídas sob sua administração, devendo responder pelos atos que praticar em detrimento da sociedade em
questão.
Observe que todos os tipos societários até aqui mencionados possuem personalidade jurídica decorrente do
registro do ato constitutivo no órgão competente de acordo com a natureza da atividade a ser desenvolvida
(simples ou empresária), contudo, outros dois tipos societários constituídos com sócios titulares de
responsabilidade patrimonial ilimitada são previstos em lei: as sociedades em conta de participação e as
sociedades em comum.
Ambas têm características específicas decorrente do fato de que não possuem personalidade jurídica, o que
torna seus sócios pessoal e ilimitadamente responsáveis pelos resultados verificados pelo desenvolvimento das
atividades estipuladas como objeto social das sociedades em questão.
Em razão da ausência de personalidade jurídica, optou-se, didaticamente, por apresentá-las em separado, sendo
nosso próximo tópico de estudo.
2.4 Sociedade em conta de participação e sociedade em 
comum
A sociedade em conta de participação tem a atividade constitutiva do objeto social exercida, unicamente e
exclusivamente, pelo sócio ostensivo, que atua em seu nome individual e sob sua responsabilidade; aos demais
sócios, chamados de participantes ou ocultos, cabe a participação nos resultados correspondentes.
Dessa forma, obriga-se perante terceiros apenas os sócios ostensivos e, exclusivamente perante estes, os sócios
participantes, conforme ajustarem no contrato social.
A constituição desse tipo societário independe de quaisquer formalidades, podendo provar sua existência por
todos os meios admitidos em direito. O contrato social produz seus efeitos somente entre os sócios.
Isso significa que eventual inscrição do contrato social em quaisquer dos registros (Junta Comercial ou Registro
Civil de Pessoas Jurídicas) não lhes confere personalidade jurídica, ou seja, este tipo societário representa
exceção ao disposto no art. 985 do Código Civil.
A jurisprudência reconhece, que: “A dissolução de sociedade, prevista no art. 1.034 do CC/02, aplica-se
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exceção ao disposto no art. 985 do Código Civil.
A jurisprudência reconhece, que: “A dissolução de sociedade, prevista no art. 1.034 do CC/02, aplica-se
subsidiariamente às sociedades em conta de participação, enquanto ato inicial que rompe o vínculo jurídico
entre os sócios” (STJ- RESP, 2011).
A contribuição do sócio oculto ou participante constituirá, tal como a do sócio ostensivo, patrimônio especial,
objeto da sociedade em conta de participação, responsável pelo resultado dos negócios jurídicos entabulados
através da sociedade em si, pois a especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios.
Por essa razão, eventual falência do sócio ostensivo acarretará a dissolução da sociedade e a liquidação da
respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. Aplica-se a estas, subsidiariamente, desde que não
seja incompatível, o disposto às sociedade simples, e, sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação
de contas, na forma da lei processual civil.
Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas
relações do sócio ostensivo com terceiros, do contrário passará a responder solidariamente com este pelas
obrigações nas quais intervier.
Por fim, a sociedade em comum, também conhecida como sociedade de fato por não ter inscritos os atos
constitutivos, rege-se pelos arts. 986 a 990 do Código Civil, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem
compatíveis, as normas da sociedade simples.
Nestas, as relações jurídicas dos sócios entre si ou com terceiros só podem se provar por escrito, mas terceiros,
credores de boa-fé podem prová-las por quaisquer dos meios admitidos em direito, uma vez que os protege de
eventual má intenção dos sócios em comum.
O patrimônio dessa sociedade é composto por bens e dívidas, constituindo patrimônio especial, do qual os sócios
são titulares em comum. Contudo, o patrimônio pessoal dos sócios também pode ser necessário para honrar
compromissos assumidos pela sociedade, uma vez que a ausência de registro não permite verificar limitação do
patrimônio pessoal dos sócios em relação à sociedade.
Dessa forma, os bens sociais responderão pelos atos de gestão praticados por quaisquer dos sócios, salvo pacto
expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer o
teor do referido documento.
De outra forma, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações que a sociedade assumir,
excluído o benefício de ordem, previsto no art. 1.024 do Código Civil que, neste caso, não se aplica em razão de
não haver registro formal da sociedade em tela realizado por parte daqueles que contrataram pela sociedade.
VOCÊ SABIA?
Não confunda a sociedade em comum com a sociedade irregular, posto que a primeira não
possui registro e a última o possui de forma irregular ou tem como irregular seus atos de
gestão, a irregularidade pode ser sanada, já a inexistência de registro representa vício
insanável. Mesmo que se realize o registro do prazo de 30dias determinado no art.a posteriori
36 da Lei nº 8.934/94, que regulamenta o registro público de empresas mercantis e atividades
afins.
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Síntese
Concluímos a segunda unidade da disciplina Direito das Empresas Aplicado. Agora você já consegue
compreender a natureza jurídica do ato constitutivo das sociedades, a distinção entre sócio e empresário e entre
sociedade e empresa.
Nesta unidade você teve a oportunidade de:
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• compreender as idiossincrasias próprias do ato constitutivo das sociedades, simples e empresárias;
• compreender o conceito de empresa, a partir dos quatro perfis constantes na Teoria Poliédrica de 
Alberto Asquini;
• compreender as diferenças entre empresário e sócio, tanto no que tange aos direitos quanto às 
obrigações;
• compreender as variáveis que distinguem os tipos societários a partir da limitação patrimonial 
assumida pelos sócios, ou ausências desta, quando respondem ilimitada e subsidiariamente pelos 
compromissos assumidos pela sociedade enquanto pessoa jurídica regularmente constituída;
• compreender os efeitos para os sócios quando da ausência de registro constitutivo da sociedade.
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165437359. Acesso em: 29 jul. 2019.
	Introdução
	2.1 Criação da Sociedade Regular
	2.1.1. Ato constitutivo: requisitos, legislação aplicável, natureza do ato, situação da sociedade irregular ou de fato
	2.1.2. Empresa
	2.1.3. Empresário individual
	2.2 O sócio: natureza, capacidade, direitos e deveres
	2.3 Teoria Geral do Direito Societário: classificação dos modelos societário brasileiros, sociedade não empresárias, sociedade simples, gênero e espécie
	2.4 Sociedade em conta de participação e sociedade em comum
	Síntese
	Bibliografia

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