Buscar

Ação de pré-executividade

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA ESPECIALIZADA DA FAZENDA PÚBLICA DE ... 
Processo nº 
Execução Fiscal
EUXARINDO AVEIA, inscrito no CPF sob o nº... e no RG nº..., residente e domiciliado..., por seus procuradores legalmente constituídos, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, nos autos da Execução Fiscal que lhe move a Fazenda Pública Estadual, processo em epígrafe, apresentar
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
O que faz com lastro no artigo 5º da Constituição Federal e artigo 267, inciso VI do Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
01 - ILEGITIMIDADE PASSIVA
A Fazenda Pública propôs execução fiscal contra a empresa, bem como em desfavor dos sócios, tendo como objeto a cobrança de dívida tributária referente à cobrança de dívida tributária nº 1234-56.2021.1.22.9876, referente ao alegado não recolhimento do ICMS de o valor de R$ 340.000,00 (trezentos e quarenta mil reais), tendo como data do fato gerador o período entre 2009 e 2013, que foram declarados e não foram recolhidos.
Como se sabe, a exceção de pré-executividade é incidente processual destinada a garantir ao executado a possibilidade de dedução, nos próprios autos da execução, de matérias de ordem pública, conhecíveis de ofício pelo juiz, que não necessitem de dilação probatória, como é a presente ocorrência.
No caso dos autos, à época do fato gerador, o sócio EUXARINDO AVEIA, não mais pertencia ao quadro societário da empresa, já que se retirou muito antes da ocorrência do crédito tributário, entre o período de 2005 e 2007.
A retirada é comprovada pelo documento anexo, qual seja, Segunda Alteração Contratual da Sociedade Limitada e respectivo registro na Junta Comercial do Estado.
Nenhuma responsabilidade tem o sócio que se retirou da empresa para com os débitos da pessoa jurídica, uma vez que, à época do fato gerador, não mais fazia parte do quadro societário, sendo parte manifestamente ilegítima.
Neste diapasão, tem-se claro que, uma vez transferidas as cotas regularmente, o sócio retirante não se responsabiliza pelos débitos que venham ser originados, seja de que natureza forem.
A aquisição de cotas é o ato jurídico que se formaliza com o registro na Junta Comercial da alteração contratual e, a partir de então, o sucessor assume toda a responsabilidade sobre os créditos e débitos da empresa.
Quando ocorre a retirada do sócio, qualquer responsabilidade do mesmo termina, uma vez que transfere as suas cotas a outro sócio, o que foi feito regularmente neste caso.
Outrossim, os sócios que adquiriram as cotas dos sócios retirantes continuaram com a respectiva exploração da atividade comercial da sociedade, sob a mesma razão social, respondendo, em face disto, pelos tributos gerados.
A este respeito, colhe-se da jurisprudência:
“RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE - ILEGITIMIDADE PASSIVA DOS SÓCIOS -POSSIBILIDADE DE ANÁLISE EM SEDE DE EXCEÇÃO DE PRÉ -EXECUTIVIDADE DESDE QUE PRESCINDÍVEL DILAÇÃO PROBATÓRIA -- RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. É possível a arguição de ilegitimidade passiva em exceção de pré-executividade, desde que não necessite de dilação probatória. O sócio que demonstra de plano e de forma inequívoca que não mais pertencia ao quadro societário da empresa à época do fato gerador, deve ser excluído do pólo passivo da demanda executiva. Remanesce a responsabilidade do ex-sócio da empresa quanto aos débitos tributários referentes a período em que integrava o quadro societário, notadamente quando o nome do sócio coobrigado está expresso no título executivo fiscal, uma vez que o citado título possui presunção de certeza e liquidez.” (TJMT. AI, 111476/2010, DES.JOSÉ TADEU CURY, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data do Julgamento 15/02/2011, Data da publicação no DJE 02/03/2011)
“AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO FISCAL - PEDIDO DE INCLUSÃO DO EX-SÓCIO NO PÓLO PASSIVO DA DEMANDA -RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA - LIMITAÇÃO AOS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS RELATIVOS A OPERAÇÕES ANTERIORES À SUA RETIRADA DA EMPRESA - RECURSO IMPROVIDO. Remanesce a responsabilidade do ex-sócio da empresa quanto aos débitos tributários referentes a período em que integrava o quadro societário, não podendo ser incluído em execução fiscal fora dessa situação jurídica.” (TJMT. AI, 131623/2009, DR.ANTÔNIO HORACIO DA SILVA NETO, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data do Julgamento 12/07/2011, Data da publicação no DJE 22/07/2011)
À vista do exposto, requer ser determinada a exclusão do ex-sócio da lide, reconhecendo-se sua ilegitimidade passiva, na forma do artigo 267, inciso VI do Código de Processo Civil, com o processamento e deferimento do presente pedido por ser medida de Direito e de Justiça.
O TRF-3.ª Região, no AI 43.97, elucidou que:
“PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL – EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE – CONCEITO – REQUISITOS – GARANTIA DO JUÍZO – DEVIDO PROCESSO LEGAL – 1 – A exceção de pré-executividade é uma espécie excepcional de defesa específica do processo de execução, ou seja, independentemente de embargos do devedor, que é a ação de conhecimento incidental à execução, o executado pode promover a sua defesa pedindo a extinção do processo, por falta de preenchimento dos requisitos legais. É uma mitigação ao princípio da concentração da defesa, que rege os embargos do devedor. 2 – Predomina na doutrina o entendimento no sentido da possibilidade da matéria de ordem pública (objeções processuais e substanciais), reconhecível inclusive, de ofício pelo próprio magistrado, a qualquer tempo e grau de jurisdição, ser objeto de exceção de pré-executividade (na verdade objeção de pré-executividade, segundo alguns autores que apontam a impropriedade do termo), até porque há interesse público de que a atuação jurisdicional, com o dispêndio de recursos materiais e humanos que lhe são necessários, não seja exercida por inexistência da própria ação – por ser ilegítima a parte, não haver interesse processual e possibilidade jurídica do pedido; por inexistentes os pressupostos processuais de existência e validade da relação jurídico-processual e, ainda, por se mostrar a autoridade judiciária absolutamente incompetente. 3 – Há possibilidade de serem argüidas também causas modificativas, extintivas ou impeditivas do direito do exeqüente (v. G. pagamento, decadência, prescrição, remissão, anistia, etc.) desde que desnecessária qualquer dilação probatória ou seja, desde que seja de plano, por prova documental inequívoca, comprovada a inviabilidade da execução”.
02 – DOS PEDIDOS
A) Ante o exposto, requer seja reconhecida a ilegitimidade passiva e determinando a exclusão da lide do executado EXAURINDO AVEIA, na forma do artigo 267, inciso VI do Código de Processo Civil, por evidente falta de responsabilidade para com o débito ora exequendo.
B) Ainda requer-se a liberação do crédito que estava na sua conta pessoal no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), que fora bloqueado em razão da cobrança da execução fiscal;
C) Ainda requer-se a condenação da exequente aos ônus da sucumbência com o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência.
Termos em que,
Pede deferimento.
(localidade), (dia) de (mês) de (ano).
(assinatura)
(nome)
Advogado

Continue navegando