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SEMINÁRIO IV - EXECUÇÃO FISCAL

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Curso de Especialização em 
Direito Tributário 
 
 
Módulo: DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO 
 
 
 
SEMINÁRIO IV - EXECUÇÃO FISCAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. O processo executivo-fiscal tem como objeto (i) constituir a obrigação tributária, 
(ii) efetivar, no plano fenomênico, o conteúdo da relação jurídica de direito material 
ou (iii) veicular norma individual e concreta que constitua o modo de efetivação, no 
plano fenomênico, da obrigação tributária? Justifique sua resposta fazendo relação 
com o conceito de "jurisdição". 
R: R: Conforme entende Paulo Cesar Conrado o processo de execução 
fiscal tem como objeto mais apropriado veicular norma individual e concreta 
que constitua o modo de efetivação, no plano fenomênico, da obrigação 
tributária. 
Ora, trata-se a execução fiscal de forma processual exacional utilizada pelo 
Fisco, com o intuito de reparar a relação jurídico-tributária conflituosa entre ele 
e o contribuinte que deixou de adimplir com a obrigação tributária. Sendo 
assim, a Fazenda Pública buscará, através da atividade do poder judiciário, 
uma tutela jurisdicional executiva que se materializará por meio da produção 
de uma norma individual e concreta. 
Nesse sentido, é possível concluir que o processo de execução fiscal nada 
mais é do que um instrumento de exercício da jurisdição para promover a 
composição dos conflitos trazidos pelo Estado-fisco, e que se encerra com a 
concessão de uma tutela jurisdicional que está intimamente ligada à noção de 
produção normativa (norma individual e concreta). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. A constituição da obrigação tributária (por intermédio do lançamento ou do 
"autolançamento") é condição necessária e suficiente para a propositura da 
execução fiscal? Justifique. No caso de tributo declarado pelo contribuinte na sede 
"lançamento por homologação" e não pago, para fins de inscrição em dívida ativa se 
faz necessário o lançamento por parte da autoridade administrativa? Qual a relação 
entre a CDA e a relação jurídica de direito material? 
R: A constituição da obrigação tributária por intermédio do lançamento ou 
do "autolançamento" não é condição necessária e suficiente para a 
propositura da execução fiscal, visto que não são títulos executivos. Para que 
o Estado-fisco possa provocar o Poder Judiciário em nível de execução, deve 
primeiramente constituir um título executivo, fazendo-o mediante específico 
procedimento administrativo de inscrição do crédito tributário no respectivo 
Livro de Dívida Ativa. 
Com isso, a obrigação, desde antes exigível avança para o plano da 
executabilidade, essa sim condição necessária e suficiente para a instauração 
dos executivos fiscais, pois, como dispõe o artigo 6º, § 1º da Lei 6.830/1980 a 
prova do título executivo a execução fiscal é pré-constituída, devendo, 
portanto, já se encontrar o crédito tributário certo, líquido e exigível. 
Para tributos que são feito através de lançamento por homologação e não 
pagos pelo contribuinte a autoridade administrativa deverá fazer o lançamento 
para fins de inscrição em dívida ativa, visto que o Fisco primeiramente notifica 
o contribuinte para pagar e diante de sua inércia inscreve e extrai a certidão de 
dívida ativa. 
O direito material estabelece os pressupostos para a configuração da 
responsabilidade tributária, enquanto a CDA simplesmente indica os 
pressupostos de inscrição da dívida (nome do devedor, valor, etc) 
A jurisprudência assim se manifesta sobre o caso: 
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. 
REDIRECIONAMENTO CONTRA SÓCIO-GERENTE QUE FIGURA NA 
CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA COMO CO-RESPONSÁVEL. 
POSSIBILIDADE. DISTINÇÃO ENTRE A RELAÇÃO DE DIREITO 
PROCESSUAL (PRESSUPOSTO PARA AJUIZAR A EXECUÇÃO) E A 
RELAÇÃO DE DIREITO MATERIAL (PRESSUPOSTO PARA A 
CONFIGURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA) 1 Não se 
pode confundir a relação de direito material objeto da ação executiva. 
Os requisitos para instalar a relação processual executiva são os 
previstos na lei processual, a saber, o inadimplemento e o título 
executivo (CPC, artigos 580 e 583). Os pressupostos para a 
configuração da responsabilidade tributária são os estabelecidos 
 
 
pelo direito material, nomeadamente pelo art. 135 do CTN. 2. A 
indicação, na Certidão de Dívida Ativa, do nome do responsável ou do 
co-responsável (Lei 6.830/80, art. 2ª, p. 5, I, CTN, art. 202, I), confere ao 
indicado a condição de legitimado passivo para a relação processual 
executiva (CPC art. 568,I), mas não confirma, a não ser por presunção 
relativa (CTN art. 204), a existência da responsabilidade tributária, 
matéria que, se for o caso, será decidida pelas vias cognitivas 
próprias, especialmente a dos embargos à execução. 3. É diferente a 
situação quando o nome do responsável tributário não configura na 
certidão de dívida ativa. Nesses casos, embora configurada a 
legitimidade passiva (CPC, art. 568, V), caberá à Fazenda exequente, 
ao promover a ação ou ao requerer o seu redirecionamento, indicar a 
causa do pedido, que há de ser uma das situações, previstas no 
direito material, como configuradoras da responsabilidade 
subsidiária. 4. No caso, havendo indicação dos co-devedores no título 
executivo (Certidão de Dívida Ativa), é viável, contra os sócios, o 
redirecionamento da execução. Precedente:EREsp 702.232-RS, 1ª 
Seção, Min. Castro Meira, DJ de 16.09.2005. 5. Recurso especial 
desprovido. STJ. Resp 900.371/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO 
ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.5.2008, DJ 02.6.2008 p. 
1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Qual a regra que fixa a competência para processamento das ações executivas 
fiscais? As execuções fiscais são atraídas pelo juízo universal da falência? Por quê? 
Se ajuizada antes de decretada a falência, deverá prosseguir normalmente? E 
depois da quebra? Neste último caso, como se procede à efetivação da penhora? 
R: Com base no art. 109, I, da CF, as competências para processar as 
Execuções Fiscais para a cobrança de créditos inscritos em dívida ativa da 
União, de suas autarquias e fundações autárquicas, para cobrança de tributos 
federais são da Justiça Federal. Sendo os tributos estaduais e municipais, a 
competência será da Justiça Estadual. 
Por outro lado, pacificou a jurisprudência que se processam na Justiça 
Federal as execuções fiscais para a cobrança de créditos dos Conselhos 
Fiscalizadores das Profissões regulamentadas (multas ou anuidades), a partir 
da decisão proferida pelo STF, na ADIN nº 1.717-6, reconhecendo a natureza 
jurídica de Direito Público daqueles órgãos. 
Tendo em vista tal competência material, através da EC nº 45, que retirou a 
competência da Justiça Federal, nesta matéria de cobrança fiscal, atribuiu à 
Justiça do Trabalho a competência para processar e julgar as ações relativas 
às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de 
fiscalização das relações de trabalho e a execução, de ofício, das 
contribuições sociais previstas no art. 195, I, alínea “a” e II e seus acréscimos 
legais decorrentes das sentenças que preferir, conforme os incisos VII e VIII, 
do art. 114. 
As execuções fiscais não são atraídas pelo juízo universal da falência, 
visto que conforme dispõe art. 5º da LEF “A competência para processar e julgar 
a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, 
inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do 
inventário”. 
Sobrevindo a falência do executado no curso da execução fiscal, a 
Fazenda não necessita habilitar o seu crédito no juízo falimentar. É o que 
dispõem o art. 187, caput, do CTN, o art. 5º da LEF e o art. 76 da Lei 11.101/05. 
Após a decretação da falência a execução fiscal deve ser ajuizada em face 
da massa falida com a citação do administrador, pois nos termos do art. 5º e 
76 da Lei de Falências a competência do juízo falimentar não abrangeas ações 
fiscais. Se a falência ocorrer durante a execução, antes da realização da 
penhora, a penhora deverá ser realizada no rosto dos autos do processo 
 
 
falimentar. Se a falência é decretada após a penhora, o bem penhorado deverá 
ser alienado pelo juízo da execução e o produto da arrecadação entregue ao 
juízo falimentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Os embargos à execução Fiscal são aptos a obstar o ciclo de positivação do 
direito de forma preventiva ou repressiva (ou ambas)? Justifique. A sentença que 
julga procedentes os embargos à execução Fiscal tem eficácia declaratória, 
constitutiva, condenatória, executiva ou mandamental? E a que julga improcedente? 
R: Os embargos à execução fiscal constituem uma ação autônoma 
incidente a um processo principal, que é o processo de execução e, por tal 
razão são distribuídos por dependência. O fundamento dos embargos do 
devedor gira em torno da necessidade do sujeito passivo defender-se da 
cobrança de um título executivo extrajudicial, com a possibilidade de requerer 
a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 
O que se verifica nos embargos, assim como em certas ações 
antiexacionais, é a possibilidade de retomar o ciclo de positivação do direito 
tributário de forma repressiva, pois é o meio ao qual o contribuinte defende-se 
dos efeitos jurídicos de uma execução fiscal que seja considerada indevida. 
De certo é que com a execução já ocorreu à constituição do crédito 
tributário por meio da extração da certidão de dívida ativa, bem como a sua 
execução, procedimento este que sequer admite o contraditório e ampla 
defesa do contribuinte por se estar diante de um título executivo com 
presunção de legalidade, certeza, liquidez, exigibilidade e sendo por tal razão 
completamente exeqüível. No entanto, a propositura dos embargos abre 
espaço para se impugnar o ato constitutivo da própria obrigação tributária, o 
que por certo retoma o ciclo de positivação do direito tributário. 
Com relação aos efeitos exarados pela sentença que julga procedentes os 
embargos do devedor é possível evidenciar o efeito constitutivo, visto que ao 
acolher os embargos se reconhece que o contribuinte não se enquadra como 
sujeito passivo da relação jurídico-tributária, impedindo assim novas 
autuações através da concessão de norma individual e concreta. E, de outro 
lado efeito declaratório, vez que se questiona a presunção de legalidade do 
título executivo caracterizado pela certidão de dívida ativa, pedido este que ao 
ser acolhido declara a presunção relativa do título impugnado. 
Por fim, diante da hipótese de rejeição dos embargos terá a sentença efeito 
declaratório ao reconhecer a presunção absoluta de legitimidade do título 
executivo extrajudicial, bem como do pleito executivo que deverá prosseguir 
seu curso processual. 
 
 
 
5. Sobre exceção de pré-executividade, responda as questões abaixo levando em 
consideração, inclusive, as alterações relativas ao processo de execução trazidas 
pela Lei 11.382, de 6 de dezembro de 2006: 
a) Em que consiste? Qual seu fundamento legal? Trata-se de outra espécie de 
processo diverso do processo de execução e dos embargos do devedor, de 
meio de defesa ou de simples incidente? 
R: A exceção de pré-executividade é o exercício do direito de petição 
constitucionalmente previsto, sendo admitida após o ajuizamento da 
execução fiscal para evitar as restrições patrimoniais do sujeito passivo 
decorrente da penhora. 
Antes de garantir o juízo, o executado poderá alegar matérias com a 
finalidade de demonstrar que a execução não preenche todos os 
requisitos legais, sendo que tal manifestação feita através de simples 
petição foi denominada pela doutrina e pela jurisprudência de Exceção de 
Pré-executividade que decorre do princípio do devido processo legal, 
princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa, todos previstos 
no art. 5°, LIV, LV, XXXV da Constituição Federal, Ou seja, é um meio de 
defesa incidental aceito pelos Tribunais. 
O art. 16, § 1º, da LEF determina que “não são admissíveis embargos 
do executado antes de garantida a execução”, contudo, isto não impede a 
apresentação de Exceção de Pré-executividade. 
Dessa forma, tal meio processual resultou de construção da doutrina e 
da jurisprudência, uma vez que não há dispositivo legal que estabeleça tal 
modalidade de defesa. Contudo, tal instrumento está embasado na 
Constituição Federal, através dos seguintes princípios: 
Inafastabilidade do controle judicial – Art. 5°, inciso XXXV, “a lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”; 
Contraditório e ampla defesa - Art. 5°, “LIV - ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” e “LV - aos 
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes”. 
É bem verdade, que não há unanimidade sobre a natureza jurídica do 
instituto, mas o entendimento majoritário é no sentido de que a exceção 
de pré-executividade tem natureza de incidente processual, porém pode 
 
 
ser considerada também como objeção, isto porque é forma de defesa, 
cabendo à parte que está sendo executada valer-se ou não do instituto. 
 
b) A partir de que momento há interesse de agir para fins de sua oposição? 
Tem o condão de suspender a execução até sua apreciação? E até que 
momento subsiste o interesse de agir para esta oposição? É viável a 
apresentação de exceção de pré-executividade depois de preclusos ou 
afastados os Embargos? (Anexo I e II– Resp nº 713.243/RS e Resp 
624.813/PR) 
R: A finalidade da exceção de pré-executividade é atacar o processo de 
execução constituído de forma irregular ou infundada. Nesse sentido, 
impedir a efetivação da penhora é uma possível consequência, e não o 
objetivo da exceção de pré-executividade, não podendo constituir-se em 
óbice à sua utilização. 
Os requisitos da execução não se sujeitam aos efeitos da preclusão, 
razão pela qual se admite a possibilidade de apresentar a exceção de pré-
executividade a partir do ajuizamento da ação de execução e até mesmo 
após os embargos à execução e à arrematação. 
No entanto, efetivada a constrição judicial sobre o patrimônio do 
devedor, a exceção perde sua finalidade principal, visto que a objeção de 
pré-executividade não tem o condão de suspender a execução segundo a 
jurisprudência dominante, parece claro que, uma vez feita penhora, e 
estando ainda em curso o prazo para oferecimento dos embargos do 
executado, não teria este nenhum interesse no oferecimento deste meio 
de defesa. A objeção de pré-executividade poderá ser oferecida, assim, 
antes da apreensão de bens do executado, ou depois de encerrado o 
prazo para ajuizamento dos embargos, pois somente nestes momentos é 
que o instituto será de alguma utilidade para o executado. 
Dessa forma, parece mais correto o entendimento de que depois de 
concretizada a penhora, falta ao executado interesse de agir para opor a 
exceção de pré-executividade, que é justamente o ato que se visa coibir 
através desse meio de defesa. 
 
 
 
c) Quais matérias são passíveis de arguição em exceção de pré-
executividade? É possível arguir matérias de mérito, tais como: prescrição, 
decadência, compensação, pagamento etc? 
R: As matérias que são passíveis de arguição em exceção de pré-
executividade são as que possam ser reconhecidas de ofício pelo 
magistrado, a qualquer tempo e que não necessitem de dilação probatória 
muito aprofundada, portanto certa cognição sumária, tais como: a 
ausência de pressupostos processuais, de condições da ação como a 
possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade das partes e o interesse 
processual ou até mesmo a inexigibilidade do título que ampara a 
execução, conforme Súmula nº 393 do STJ 
No entanto,arguir causas modificativas, extintivas ou impeditivas de 
direito como, por exemplo, pagamento, decadência, prescrição, 
compensação ainda suscitam muitas controvérsias, eis que estas 
matérias não se encontram enxertadas dentro do círculo das arguições 
conhecidas ex officio e, ainda, por alegar que não existe julgamento de 
mérito no próprio processo executivo. O único empecilho capaz de 
prejudicar as alegações destas matérias é a possibilidade de demonstrar 
o alegado sem qualquer dilação probatória, ou seja, ao ser ajuizada a 
exceção de pré-executividade já deve vir com toda sua prova pré-
constituída. 
Dessa forma, havendo prova robusta e capaz de provar o direito 
alegado, é plenamente cabível o ajuizamento da exceção de pré-
executividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. Empresa A aliena seu único bem imóvel à Empresa B. À época da alienação, a 
Empresa A possuía débitos fiscais que, conquanto devidamente inscritos em dívida 
ativa, ainda não eram objeto de cobrança judicial. Posteriormente, a Fazenda 
Pública de Borá/SP ingressou com a competente ação executiva fiscal com o intuito 
de cobrar os valores devidos pela Empresa A. Ao constatar que a devedora não 
possuía bens suficientes à garantia e satisfação do débito, requereu ao Juízo a 
penhora do imóvel adquirido pela Empresa B, sob o fundamento de que a alienação 
ocorrera em “fraude à execução fiscal”, nos termos do que dispõe o art. 185 do CTN. 
Neste contexto, pergunta-se: 
a) É legal/constitucional a pretensão da Fazenda Pública (Anexo – III - Resp 
1.141.990/PR)? 
R: O art. 185 do Código Tributário Nacional, com a redação dada pela 
Lei Complementar 118/05 presume fraudulenta a alienação ou oneração 
de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para 
com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito em 
dívida ativa. 
Analisando o caso em tela, é possível dizer que a pretensão da Fazenda 
Pública seja legal e constitucional caso tenha a empresa A alienado seu 
único imóvel em momento posterior a edição da LC 118/2005, visto que à 
partir de então, terá aplicação a nova redação do artigo 185 do CTN que é 
cristalino ao dispor que incide em fraude a execução fiscal, o devedor que 
possui débitos fiscais regularmente inscritos em dívida ativa e aliena 
seus bens, ainda que o crédito tributário não seja naquela data objeto de 
cobrança judicial. 
Dessa forma, é cediço que a presunção de fraude é juris et de jure. Não 
importa, portanto, a data do fato gerador, do lançamento ou da 
propositura da execução fiscal. Inscrito o crédito em dívida ativa, 
haverá presunção absoluta de fraude quando os atos de alienação ou 
oneração, ou mesmo seu começo, caso ocorreram após o crédito 
tributário ter sido regularmente inscrito em dívida ativa. 
 
 
 
 
 
 
b) É possível, in casu, presumir a má-fé da Empresa adquirente do imóvel? À 
época da alienação, era possível exigir que a Empresa adquirente se 
certificasse a respeito da regularidade fiscal da Empresa alienante em relação 
à todas as Fazendas Públicas do país? 
R: Primeiramente cumpre esclarecer que os requisitos para 
reconhecimento da fraude à execução fiscal são diferentes dos requisitos 
para reconhecer a fraude à execução pura e simples. Como é notório, na 
fraude civil é imprescindível à demonstração da vontade de fraudar e no 
âmbito fiscal a fraude se caracteriza pela simples alienação de bens nas 
condições expressamente previstas em lei que frustrem a execução a ser 
proposta pela Fazenda Pública. 
Assim, tem-se uma presunção absoluta de fraude, tendo como único 
argumento cabível para seu afastamento a reserva, pelo devedor, de bens 
ou rendas suficientes para total pagamento da dívida inscrita, conforme 
preceitua o parágrafo único do art. 185 do CTN. Analisado o art. 185 do 
CTN, o mesmo, não prevê como requisito necessário para a decretação 
da fraude a má-fé do terceiro que adquire o patrimônio do devedor fiscal. 
Dessa forma, pode-se concluir que o ordenamento jurídico não exige 
para reconhecimento de fraude à execução fiscal, a má-fé do adquirente; 
se a má-fé fosse imprescindível, facilitar-se-ia sobremaneira a frustração 
da busca pelo crédito tributário que, dada sua característica de ser 
público, deve prevalecer sobre o interesse particular. 
Caso não fosse assim, bastaria que o devedor, ciente da existência de 
demandas fiscais contra ele, iniciasse a alienação de seus bens, em 
conluio com os adquirentes, desfazendo-se do patrimônio necessário 
para o cumprimento de suas obrigações tributárias, o que em último caso 
significa descumprimento de suas obrigações para com a sociedade. 
Sendo assim, verificada hipótese de fraude à execução fiscal, não se 
perquire acerca da boa-fé do adquirente; a boa-fé é parâmetro cuja 
aplicabilidade deve ser restrita às execuções comuns, ocorridas entre 
particulares, cujos interesses estão na mesma hierarquia. 
Por fim, salienta que na esfera tributária, não se aplica a Súmula 375 do 
STJ, pois, a fraude à execução independe de registro de penhora ou 
demonstração de má-fé, visto que lei especial prevalece sobre a lei geral. 
 
 
 
7. Considerando as alterações relativas ao processo de execução trazidas pela Lei 
11.382, de 06 de dezembro de 2006, pergunta-se: 
a) A aplicam-se os artigos 738 e 739-A do Código de Processo Civil nos 
processos de executivo-fiscais? 
R: Primeiramente cumpre esclarecer que as alterações produzidas pela 
Lei nº 11.382/06 na execução civil regulada pelo CPC provocaram 
também, em vários pontos, alterações na sistemática da execução fiscal, 
uma vez que o CPC é aplicável subsidiariamente à LEF. No entanto, 
somente quando não houver disposição especial, seja da LEF seja de 
outra lei de caráter especial, é que se aplicará subsidiariamente o CPC 
aos executivos fiscais. 
Dessa forma, o regime estabelecido pela Lei das Execuções Fiscais e o 
regime estabelecido pelo art. 738 do CPC são diferentes, essa 
incompatibilidade há de ser resolvida pelo critério da especialidade, vale 
dizer, as disposições da lei especial seguem vigentes e não se há de 
cogitar da aplicação das disposições do Código de Processo Civil. 
Prevalecendo então nos processo de execução fiscal os termos do art. 
16 da LEF que dispõe que o prazo para embargos é de 30 (trinta) dias. 
Em relação ao efeito suspensivo dos embargos à execução fiscal o 
regime do Código de Processo Civil no art. 739-A, dispõe que os 
embargos à execução não produzem mais o denominado efeito 
suspensivo automático. Em síntese, pode-se dizer que a atribuição de 
efeito suspensivo aos embargos passou a depender de decisão do juiz da 
causa, que tem natureza de medida cautelar incidental. 
Diverso, todavia, do regime dado a essa questão pela Lei de Execuções 
Fiscais, que embora não albergue dispositivo a dizer expressamente que 
os embargos produzem efeito suspensivo. Entretanto, em seus artigos 18, 
19, 24, inciso I e 32, § 2º, deixa bastante clara a ocorrência desse 
importante efeito dos embargos, o que autoriza a dizer que no âmbito da 
execução fiscal a interposição de embargos do executado produz efeito 
suspensivo automático. 
Sendo assim o efeito suspensivo dos embargos, no âmbito da 
execução fiscal, sempre foram acolhidos pela doutrina e pela 
jurisprudência os dispositivos da lei específica. Jamais resultou de 
aplicação subsidiária do Código de Processo Civil. 
 
 
Por fim, é cediço que não são aplicáveis os artigos 738 e 739-A do 
Código de Processo Civil nos processos de executivo-fiscais, visto que a 
Lei de Execuções Fiscais 6.830/80 não deixa lacunas em relação ao prazo 
para interposição dos embargos e ao efeito suspensivo dos embargos à 
execução fiscal. 
 
b) Na execução fiscal, ao executado ainda persiste o direito de, no prazo de 5 
dias da sua citação, “garantir a execução”? Justifique sua resposta. 
R: Sim, visto o art. 8º da Lei nº 6.830/80 é categóricoao afirmar que o 
executado será citado para, no prazo de 05 dias, pagar a dívida com os 
juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, 
ou garantir a execução, desde que observadas certas condições. Esta é a 
regra aplicável às Execuções Fiscais por expressa determinação de lei 
que fora especialmente criada para regular o tema. Assim, caso o CPC se 
expresse de maneira diferente, suas disposições não atingirão este 
campo específico do Direito Tributário. 
 
c) Qual é a ordem preferencial para penhora na execução fiscal, a prevista no 
art. 11 da Lei 6.830/80 ou a prevista no art. 655 do CPC, com a redação dada 
pela Lei 11.382, de 6 de dezembro de 2006? Justifique sua resposta. 
R: A ordem preferencial para penhora na execução fiscal são as que 
estão elencadas no art. 11 da Lei 6.830/80, que são dinheiro, título da 
dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa, 
pedras e metais preciosos, imóveis, navios e aeronaves, veículos, móveis 
ou semoventes, direitos e ações. 
Por fim, é certo que a LEF é a norma especial apta a regular a matéria, 
não devendo as regras do CPC ser utilizadas no trato de penhoras fiscais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
d) Quais os pressupostos que autorizam a decretação da indispobilidade de 
bens e direitos do devedor, via BACENJUD, no processo executivo-fiscal, 
aqueles previstos no art. 185-A do CTN ou aqueles postos no art. 655-A do 
CPC (Resp nº 1.112.943/MA – Anexo IV)? Tais institutos têm a mesma 
natureza jurídica? 
R: O art. 185-A, acrescentado ao CTN através da Lei Complementar 
118/05, determinou a possibilidade de penhora on-line após esgotadas 
todas as tentativas de constrição de bens do devedor tributário. 
Todavia, a Lei nº 11.382/06 incluiu no CPC o art. 655-A, que disciplinou, 
como primeira possibilidade na ordem das constrições, a penhora on-line, 
através do sistema BACENJUD. A partir da vigência desta nova disciplina 
processual, criou-se um conflito acerca de qual dispositivo seria aplicado 
às execuções fiscais, visto que o CTN trata do devedor tributário e 
o CPC é usado de forma subsidiária à Lei das Execuções Fiscais. 
O Supremo Tribunal Federal, através de diversos julgados, firmou 
entendimento de que, no presente caso, o art. 185-A não trata de matéria 
restrita à Lei Complementar, elencadas no art. 146 do CTN, versando 
unicamente sobre o procedimento e/ou instrumento a ser utilizado nos 
executivos fiscais. 
Já o Superior Tribunal de Justiça analisou a questão por outro ângulo, 
qual seja a vigência das leis no tempo. Antes da publicação da Lei nº 
11.382/06, o STJ era firme ao entender que a penhora on-line, 
efetivamente, só seria aplicada em casos extremos, depois de exauridas 
todas as vias possíveis de constrição dos bens do devedor. 
No entanto, após o início da vigência do art. 655-A, o STJ passou a 
adotar outro entendimento, no sentido de que é plenamente aplicável este 
novo dispositivo processual nas execuções fiscais, mas ressaltando que 
somente nos casos ocorridos após a entrada em vigor da nova lei. 
Desta forma, vislumbra-se que a penhora on-line vem sendo aplicada 
nas execuções fiscais como primeira medida a ser tomada, com todo o 
respaldo legal e jurisprudencial, conforme demonstrado no presente 
trabalho. 
Por fim, com relação à natureza jurídica dos institutos resta pacífico o 
entendimento de que a penhora on-line não se trata de uma nova 
modalidade de penhora, mas apenas configura a penhora em si. Significa 
 
 
dizer que o meio eletrônico e on-line adotado consiste em instrumento 
disponibilizado aos Juízes para que, por meio dele, possam igualmente 
praticar o ato material de apresamento de numerários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. É constitucional e legal o dispositivo da Resolução do Senado Federal nº 33, de 
13 de julho de 2006 (Anexo V), que autoriza os Estados, o DF e os Municípios, nas 
condições nele estabelecidas, cederem a instituições financeiras a sua dívida ativa 
consolidada para cobrança? E o dispositivo que autoriza a instituição financeira 
parcelar estes débitos nas mesmas condições que a pessoa de direito público o 
faria? E o que permite o repasse pelas instituições financeiras, do valor cobrado, às 
pessoas de direito público com desconto dos custos incorridos? Justifique sua 
resposta. 
R: R: Por meio de uma análise jurisprudencial foi possível verificar que 
foram propostas diversas ações diretas de inconstitucionalidade, com o 
escopo justamente de que o Supremo Tribunal federal declarasse de forma 
manifesta que a Resolução do Senado Federal n° 33/2006 fere inúmeros 
dispositivos constitucionais, sendo, portanto, ilegal e inconstitucional. 
Cumpre esclarecer que referidas ações foram questionadas pelo Tribunal 
Superior quanto à capacidade postulatória plena de seus autores para 
propositura de ações de controle concentrado de constitucionalidade. No 
entanto, mesmo diante de referido óbice, o STF analisou o mérito da questão 
emitindo parecer no sentido de que aludida Resolução viola sim os artigos 52, 
132 e 146, III “b” da Magna Carta, pelo fato de que o Senado Federal não 
possui competência legislativa para editar ato que permita a cessão a 
instituições financeiras, por endosso-mandato, da dívida pública consolidada. 
A matéria regulamentada na Resolução do Senado Federal não se enquadra 
no rol descrito no artigo 52 da Constituição, especialmente inciso VII, que 
prevê a competência do órgão executivo (Senado Federal). Até porque, a 
operação de cessão de dívida disciplinada na Resolução, não pode ser 
classificada como a operação de crédito prevista no referido inciso, uma vez 
que esta corresponde à obtenção de recursos mediante a constituição de 
empréstimos financeiros ou operações correlatas, com a finalidade precípua 
de sanar deficiências de caixa, conforme inclusive elucida o artigo 29, III da Lei 
Complementar 101/2000. 
Ora, as operações de crédito previstas no artigo 52, VII da CF sempre 
importam endividamento da pessoa pública contratante, no caso Estados, 
Municípios e DF, consequência esta que não pode ser verificada nas 
operações de cessão de dívida ativa consolidada – “terceirização” do serviço 
de cobrança dos créditos referentes à dívida ativa -, regulamentadas na 
 
 
Resolução em comento, demonstrando de forma manifesta sua 
inconstitucionalidade. 
Outrossim, em mais um ponto resta inconstitucional a Resolução do Senado 
Federal, visto que transfere a terceiros particulares função que é inerente à 
atividade de Procurador do Estado, a quem compete a cobrança da dívida 
ativa. Sendo assim, apenas através de Lei complementar poderia ser 
autorizado a “terceirização” do referido serviço de cobrança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9. Sobre a responsabilidade tributária e a legitimidade passiva na execução fiscal, 
responda: 
a) Qual a relação entre os dois institutos? Qual a importância da identificação 
da espécie de responsabilidade (pessoal, solidária e subsidiária) para a 
determinação da legitimidade passiva no processo executivo fiscal? E para a 
contagem do prazo de prescrição do direito do fisco? 
R: A responsabilidade tributária é o fenômeno segundo o qual um 
terceiro que não seja contribuinte, ou seja, não tenha relação direta e 
pessoal com o fato imponível gerador da obrigação principal, está 
obrigado, em caráter supletivo ou não, em sua totalidade ou parcialmente, 
ao pagamento ou cumprimento da obrigação. 
Legitimidade passiva da obrigação tributária principal é aquela pessoa, 
natural ou jurídica, que estiver obrigada ao pagamento da obrigação 
principal (tributo) ou secundária (penalidade pecuniária). Pode o sujeito 
passivo da obrigação principal ser contribuinte,quando estiver 
intimamente ligado à ocorrência da hipótese descrita no antecedenteda 
norma jurídica tributária, e responsável, quando, mesmo sem ter relação 
íntima com a situação descrita como fato imponível, estiver obrigado ao 
pagamento por força de disposição expressa de lei. 
Em relação à importância da identificação da espécie de 
responsabilidade para a determinação da legitimidade passiva no 
processo executivo fiscal é que na responsabilidade solidária o fato de 
não haver entre o responsável e o contribuinte qualquer desnivelamento 
em relação a exigência da dívida, pode o Fisco cobrar a dívida de 
qualquer um dos dois sem seguir qualquer ordem. O patrimônio atingido 
será provavelmente aquele que se mostra mais acessível. 
Já na responsabilidade subsidiária o responsável só pode ser chamado 
a pagar a dívida quando a exigência do pagamento for impossível por 
parte do contribuinte, devido à falta de patrimônio suficiente à quitação, 
ou seja, estabelecendo uma ordem na exigência: primeiro cobra o 
contribuinte, somente depois cobra o responsável. 
E na responsabilidade pessoal determina que a dívida será exigida 
exclusivamente do responsável, ou seja, a lei nesses casos deixa de lado 
a figura do contribuinte. 
 
 
Sendo assim, à importância da identificação da espécie de 
responsabilidade para a determinação da legitimidade passiva no 
processo executivo fiscal é para saber como irá proceder a execução e 
contra quem essa execução irá caminhar. 
Quanto ao prazo para o redirecionamento da execução fiscal, a matéria 
está submetida ao rito do art. 543-C, ainda não decidida definitivamente 
existindo duas posições (i) Majoritário – por força do art. 174, § único, I, 
do CTN, o redirecionamento da execução contra os sócios deve dar-se no 
prazo de cinco anos contados da citação do devedor principal, ou seja, da 
pessoa jurídica, sob pena de tornar-se imprescritível a obrigação, 
conforme argumenta a Ministra Eliana Calmon. (ii) o prazo prescricional 
para o redirecionamento da execução fiscal somente pode ter início após 
a constatação da dissolução irregular ou da ilicitude, eventos que não são 
contemporâneos ao inadimplemento e que, na verdade surgem, em regra, 
durante o curso do processo executivo, muito após a citação da empresa. 
De forma reiterada, o contribuinte de má-fé se utiliza desse período de 5 
(cinco) anos para procrastinar sua obrigação e não saldar sua dívida com 
o Fisco. Durante tal período a empresa se mantém ativa e os únicos bens 
disponíveis são oferecidos à penhora (normalmente, são de bens de 
difícil comercialização, cujos leilões resultam negativos). É comum que, 
depois de inúmeras tentativas da Fazenda em obter o pagamento da 
dívida fiscal e após o transcurso dos cinco anos, a empresa executada 
simplesmente desapareça do endereço onde até então exercia suas 
atividades, deixando de pagar o débito fiscal. Se, contudo, o fato 
caracterizador da responsabilidade do sócio gerente é contemporâneo à 
gênese do fato gerador, o prazo de 05 anos correrá desde a citação da 
pessoa jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Qual é o documento (linguagem competente) apto a constituir a norma 
individual e concreta de responsabilidade do terceiro: o lançamento ou a CDA? 
É possível que o sócio tenha seu nome incluído na CDA na condição terceiro 
responsável sem que tenha participado de anterior processo administrativo 
destinado à aferição do suposto ilícito por ele praticado? Em caso negativo, a 
quem cabe o ônus da prova da ausência de processo administrativo, ao Fisco 
ou ao contribuinte-devedor (Anexo VI - EResp nº 702.232)? 
R: O que se verifica é que a Certidão de Dívida Ativa consiste em 
instrumento formador da relação jurídico-tributária, gozando inclusive de 
presunção de certeza e legitimidade. Sendo assim, para que a pretensão 
executiva da Fazenda seja de pronto direcionada ao suposto terceiro 
responsável, em decorrência da prática de condutas ilícitas previstas no 
artigo 135 do CTN, deverá a CDA fazer referência expressa além do 
devedor e efetivo contribuinte, também ao sócio-administrador, sendo, 
portanto, este o documento apto a constituir norma individual e concreta 
de responsabilidade de terceiro. 
Uma análise sistemática dos julgados sobre a matéria de 
responsabilidade tributária de terceiros indica a necessidade de 
correspondência da Certidão de Dívida Ativa com os termos do 
lançamento, sob pena de se incorrer em vício insanável. De se ver o teor 
da ementa que se segue: 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IPTU. CDA. SUBSTITUIÇÃO DO 
SUJEITO PASSIVO. SUB-ROGAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 
Não se admite a substituição da CDA para alteração do sujeito 
passivo dela constante, por não se tratar de mero erro formal ou 
material, mas de alteração do próprio lançamento. Precedentes.2. 
Agravo regimental não provido. (BRASIL, 2008) 
 
Ora, sendo a substituição da CDA que pretende a alteração do sujeito 
passivo vinculada à alteração do lançamento, pela lógica racional a 
constituição primária deste título executivo deve corresponder ao que 
conta do lançamento tributário. 
Por esta linha de raciocínio caminhou a 2ª Turma do Supremo Tribunal 
Federal que, em 04 de Outubro de 2011, julgou o Agravo Regimental de 
Recurso Extraordinário 608.426 /PR pairando sob a ementa abaixo 
transcrita, em Acórdão da lavra do Ministro Joaquim Barbosa, in verbis: 
 
 
 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. 
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE CORRETA 
CARACTERIZAÇÃO JURÍDICA POR ERRO DA AUTORIDADE FISCAL. 
VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO 
PROCESSO LEGAL. INEXISTÊNCIA NO CASO CONCRETO. 
Os princípios do contraditório e da ampla defesa aplicam-se 
plenamente à constituição do crédito tributário em desfavor de 
qualquer espécie de sujeito passivo, irrelevante sua nomenclatura 
legal (contribuintes, responsáveis, substitutos, devedores solidários 
etc). 
Porém, no caso em exame, houve oportunidade de impugnação 
integral da constituição do crédito tributário, não obstante os lapsos 
de linguagem da autoridade fiscal. 
Assim, embora o acórdão recorrido tenha errado ao afirmar ser o 
responsável tributário estranho ao processo administrativo 
(motivação e fundamentação são requisitos de validade de qualquer 
ato administrativo plenamente vinculado), bem como ao concluir ser 
possível redirecionar ao responsável tributário a ação de execução 
fiscal, independentemente de ele ter figurado no processo 
administrativo ou da inserção de seu nome na certidão de dívida ativa 
(Fls. 853), o lapso resume-se à declaração lateral (obiter dictum) 
completamente irrelevante ao desate do litígio. Agravo regimental ao 
qual se nega provimento. (BRASIL, 2011) 
 
O referido julgado fixou acertado entendimento no sentido de ser da 
Fazenda Pública o ônus de averiguar e comprovar a responsabilidade 
tributária de sócio quando a este não for oportunizado a discussão da 
matéria em processo administrativo prévia à CDA. 
Segundo tal precedente firmado pelo STF, a garantia do contraditório 
deve ser assegurada no processo administrativo de lançamento de forma 
plena e irrestrita, seja figurado como contribuinte, assim como nos casos 
estabelecidos pelo CTN de responsabilidade solidária, ou seja, figurado 
nas hipóteses específicas de sujeição passiva por responsabilidade de 
terceiros ou por substituição. 
Por fim, ainda em conformidade com o entendimento demonstrado pela 
Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, caso tenha se iniciado a 
execução fiscal contra o efetivo contribuinte que realizou o fato gerador, 
mas posteriormente a Fazenda redireciona a demanda também contra o 
sócio-gerente, o qual frise-se não constava na CDA, deverá o Fisco 
demonstrar a presença de um dos requisitos previsto no artigo 135 do 
CTN para sustentar a responsabilidade de terceiro. 
 
 
 
 
 
c) É possível alegar, por meio de exceção de pré-executividade, a ilegitimidade 
passiva do sócio na execução fiscal em razão da ausência de comprovação da 
ocorrênciado fato jurídico suficiente à caracterização da responsabilidade 
tributária do art. 135, III, do CTN (ausência de processo administrativo), por 
meio de exceção de pré-executividade (Anexo VII - Resp nº 1.104.900/ES)? E 
se o devedor acostar à exceção de pré-executividade cópia integral do 
processo administrativo no qual reste demonstrada a ausência do sócio 
responsável? Tratar-se-ia de “prova inequívoca” da ausência da 
responsabilidade do art. 135, III, do CTN? 
R: A exceção será sempre possível quando, instruída com a cópia 
integral do processo administrativo, demonstrar-se que a imputação da 
responsabilidade não foi feita por lançamento comprobatório da 
incidência do art. 135 do CTN, regularmente notificado ao sócio 
responsabilizado. Ou ainda que, mesmo assim, não tenha o Fisco 
apresentado provas mínimas da conduta, mantendo arbitrariamente o 
lançamento, desde que possa haver a imediata comprovação por prova 
documental. 
A exceção de pré-executividade restará impossibilitada quando o Fisco 
tiver procedido na forma supra descrita, ou seja, tiver comprovado a 
conduta ilícita do sócio e o notificado regularmente do lançamento. Nesse 
caso, tendo sido feita a prova na esfera administrativa, e nela mantido o 
lançamento, a desconstituição do título executivo demandará a 
comprovação, perante o Judiciário, da inaplicabilidade do art. 135 do 
CTN, o que só pode ser feito por embargos do devedor ou ação anulatória 
de débito fiscal. 
Por fim, lembramos que, no caso de crédito tributário executado com 
base em declaração de débitos tributários feitos em nome da sociedade, 
será sempre inválida a inclusão do nome dos sócios na CDA, dada a 
ausência de lançamento tributário comprobatório da responsabilidade do 
sócio-gerente nos termos do art. 135 do CTN.

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