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Curso de Especialização em Direito Tributário Módulo: DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO SEMINÁRIO IV - EXECUÇÃO FISCAL 1. O processo executivo-fiscal tem como objeto (i) constituir a obrigação tributária, (ii) efetivar, no plano fenomênico, o conteúdo da relação jurídica de direito material ou (iii) veicular norma individual e concreta que constitua o modo de efetivação, no plano fenomênico, da obrigação tributária? Justifique sua resposta fazendo relação com o conceito de "jurisdição". R: R: Conforme entende Paulo Cesar Conrado o processo de execução fiscal tem como objeto mais apropriado veicular norma individual e concreta que constitua o modo de efetivação, no plano fenomênico, da obrigação tributária. Ora, trata-se a execução fiscal de forma processual exacional utilizada pelo Fisco, com o intuito de reparar a relação jurídico-tributária conflituosa entre ele e o contribuinte que deixou de adimplir com a obrigação tributária. Sendo assim, a Fazenda Pública buscará, através da atividade do poder judiciário, uma tutela jurisdicional executiva que se materializará por meio da produção de uma norma individual e concreta. Nesse sentido, é possível concluir que o processo de execução fiscal nada mais é do que um instrumento de exercício da jurisdição para promover a composição dos conflitos trazidos pelo Estado-fisco, e que se encerra com a concessão de uma tutela jurisdicional que está intimamente ligada à noção de produção normativa (norma individual e concreta). 2. A constituição da obrigação tributária (por intermédio do lançamento ou do "autolançamento") é condição necessária e suficiente para a propositura da execução fiscal? Justifique. No caso de tributo declarado pelo contribuinte na sede "lançamento por homologação" e não pago, para fins de inscrição em dívida ativa se faz necessário o lançamento por parte da autoridade administrativa? Qual a relação entre a CDA e a relação jurídica de direito material? R: A constituição da obrigação tributária por intermédio do lançamento ou do "autolançamento" não é condição necessária e suficiente para a propositura da execução fiscal, visto que não são títulos executivos. Para que o Estado-fisco possa provocar o Poder Judiciário em nível de execução, deve primeiramente constituir um título executivo, fazendo-o mediante específico procedimento administrativo de inscrição do crédito tributário no respectivo Livro de Dívida Ativa. Com isso, a obrigação, desde antes exigível avança para o plano da executabilidade, essa sim condição necessária e suficiente para a instauração dos executivos fiscais, pois, como dispõe o artigo 6º, § 1º da Lei 6.830/1980 a prova do título executivo a execução fiscal é pré-constituída, devendo, portanto, já se encontrar o crédito tributário certo, líquido e exigível. Para tributos que são feito através de lançamento por homologação e não pagos pelo contribuinte a autoridade administrativa deverá fazer o lançamento para fins de inscrição em dívida ativa, visto que o Fisco primeiramente notifica o contribuinte para pagar e diante de sua inércia inscreve e extrai a certidão de dívida ativa. O direito material estabelece os pressupostos para a configuração da responsabilidade tributária, enquanto a CDA simplesmente indica os pressupostos de inscrição da dívida (nome do devedor, valor, etc) A jurisprudência assim se manifesta sobre o caso: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO CONTRA SÓCIO-GERENTE QUE FIGURA NA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA COMO CO-RESPONSÁVEL. POSSIBILIDADE. DISTINÇÃO ENTRE A RELAÇÃO DE DIREITO PROCESSUAL (PRESSUPOSTO PARA AJUIZAR A EXECUÇÃO) E A RELAÇÃO DE DIREITO MATERIAL (PRESSUPOSTO PARA A CONFIGURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA) 1 Não se pode confundir a relação de direito material objeto da ação executiva. Os requisitos para instalar a relação processual executiva são os previstos na lei processual, a saber, o inadimplemento e o título executivo (CPC, artigos 580 e 583). Os pressupostos para a configuração da responsabilidade tributária são os estabelecidos pelo direito material, nomeadamente pelo art. 135 do CTN. 2. A indicação, na Certidão de Dívida Ativa, do nome do responsável ou do co-responsável (Lei 6.830/80, art. 2ª, p. 5, I, CTN, art. 202, I), confere ao indicado a condição de legitimado passivo para a relação processual executiva (CPC art. 568,I), mas não confirma, a não ser por presunção relativa (CTN art. 204), a existência da responsabilidade tributária, matéria que, se for o caso, será decidida pelas vias cognitivas próprias, especialmente a dos embargos à execução. 3. É diferente a situação quando o nome do responsável tributário não configura na certidão de dívida ativa. Nesses casos, embora configurada a legitimidade passiva (CPC, art. 568, V), caberá à Fazenda exequente, ao promover a ação ou ao requerer o seu redirecionamento, indicar a causa do pedido, que há de ser uma das situações, previstas no direito material, como configuradoras da responsabilidade subsidiária. 4. No caso, havendo indicação dos co-devedores no título executivo (Certidão de Dívida Ativa), é viável, contra os sócios, o redirecionamento da execução. Precedente:EREsp 702.232-RS, 1ª Seção, Min. Castro Meira, DJ de 16.09.2005. 5. Recurso especial desprovido. STJ. Resp 900.371/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.5.2008, DJ 02.6.2008 p. 1) 3. Qual a regra que fixa a competência para processamento das ações executivas fiscais? As execuções fiscais são atraídas pelo juízo universal da falência? Por quê? Se ajuizada antes de decretada a falência, deverá prosseguir normalmente? E depois da quebra? Neste último caso, como se procede à efetivação da penhora? R: Com base no art. 109, I, da CF, as competências para processar as Execuções Fiscais para a cobrança de créditos inscritos em dívida ativa da União, de suas autarquias e fundações autárquicas, para cobrança de tributos federais são da Justiça Federal. Sendo os tributos estaduais e municipais, a competência será da Justiça Estadual. Por outro lado, pacificou a jurisprudência que se processam na Justiça Federal as execuções fiscais para a cobrança de créditos dos Conselhos Fiscalizadores das Profissões regulamentadas (multas ou anuidades), a partir da decisão proferida pelo STF, na ADIN nº 1.717-6, reconhecendo a natureza jurídica de Direito Público daqueles órgãos. Tendo em vista tal competência material, através da EC nº 45, que retirou a competência da Justiça Federal, nesta matéria de cobrança fiscal, atribuiu à Justiça do Trabalho a competência para processar e julgar as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho e a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, alínea “a” e II e seus acréscimos legais decorrentes das sentenças que preferir, conforme os incisos VII e VIII, do art. 114. As execuções fiscais não são atraídas pelo juízo universal da falência, visto que conforme dispõe art. 5º da LEF “A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário”. Sobrevindo a falência do executado no curso da execução fiscal, a Fazenda não necessita habilitar o seu crédito no juízo falimentar. É o que dispõem o art. 187, caput, do CTN, o art. 5º da LEF e o art. 76 da Lei 11.101/05. Após a decretação da falência a execução fiscal deve ser ajuizada em face da massa falida com a citação do administrador, pois nos termos do art. 5º e 76 da Lei de Falências a competência do juízo falimentar não abrangeas ações fiscais. Se a falência ocorrer durante a execução, antes da realização da penhora, a penhora deverá ser realizada no rosto dos autos do processo falimentar. Se a falência é decretada após a penhora, o bem penhorado deverá ser alienado pelo juízo da execução e o produto da arrecadação entregue ao juízo falimentar. 4. Os embargos à execução Fiscal são aptos a obstar o ciclo de positivação do direito de forma preventiva ou repressiva (ou ambas)? Justifique. A sentença que julga procedentes os embargos à execução Fiscal tem eficácia declaratória, constitutiva, condenatória, executiva ou mandamental? E a que julga improcedente? R: Os embargos à execução fiscal constituem uma ação autônoma incidente a um processo principal, que é o processo de execução e, por tal razão são distribuídos por dependência. O fundamento dos embargos do devedor gira em torno da necessidade do sujeito passivo defender-se da cobrança de um título executivo extrajudicial, com a possibilidade de requerer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. O que se verifica nos embargos, assim como em certas ações antiexacionais, é a possibilidade de retomar o ciclo de positivação do direito tributário de forma repressiva, pois é o meio ao qual o contribuinte defende-se dos efeitos jurídicos de uma execução fiscal que seja considerada indevida. De certo é que com a execução já ocorreu à constituição do crédito tributário por meio da extração da certidão de dívida ativa, bem como a sua execução, procedimento este que sequer admite o contraditório e ampla defesa do contribuinte por se estar diante de um título executivo com presunção de legalidade, certeza, liquidez, exigibilidade e sendo por tal razão completamente exeqüível. No entanto, a propositura dos embargos abre espaço para se impugnar o ato constitutivo da própria obrigação tributária, o que por certo retoma o ciclo de positivação do direito tributário. Com relação aos efeitos exarados pela sentença que julga procedentes os embargos do devedor é possível evidenciar o efeito constitutivo, visto que ao acolher os embargos se reconhece que o contribuinte não se enquadra como sujeito passivo da relação jurídico-tributária, impedindo assim novas autuações através da concessão de norma individual e concreta. E, de outro lado efeito declaratório, vez que se questiona a presunção de legalidade do título executivo caracterizado pela certidão de dívida ativa, pedido este que ao ser acolhido declara a presunção relativa do título impugnado. Por fim, diante da hipótese de rejeição dos embargos terá a sentença efeito declaratório ao reconhecer a presunção absoluta de legitimidade do título executivo extrajudicial, bem como do pleito executivo que deverá prosseguir seu curso processual. 5. Sobre exceção de pré-executividade, responda as questões abaixo levando em consideração, inclusive, as alterações relativas ao processo de execução trazidas pela Lei 11.382, de 6 de dezembro de 2006: a) Em que consiste? Qual seu fundamento legal? Trata-se de outra espécie de processo diverso do processo de execução e dos embargos do devedor, de meio de defesa ou de simples incidente? R: A exceção de pré-executividade é o exercício do direito de petição constitucionalmente previsto, sendo admitida após o ajuizamento da execução fiscal para evitar as restrições patrimoniais do sujeito passivo decorrente da penhora. Antes de garantir o juízo, o executado poderá alegar matérias com a finalidade de demonstrar que a execução não preenche todos os requisitos legais, sendo que tal manifestação feita através de simples petição foi denominada pela doutrina e pela jurisprudência de Exceção de Pré-executividade que decorre do princípio do devido processo legal, princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa, todos previstos no art. 5°, LIV, LV, XXXV da Constituição Federal, Ou seja, é um meio de defesa incidental aceito pelos Tribunais. O art. 16, § 1º, da LEF determina que “não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução”, contudo, isto não impede a apresentação de Exceção de Pré-executividade. Dessa forma, tal meio processual resultou de construção da doutrina e da jurisprudência, uma vez que não há dispositivo legal que estabeleça tal modalidade de defesa. Contudo, tal instrumento está embasado na Constituição Federal, através dos seguintes princípios: Inafastabilidade do controle judicial – Art. 5°, inciso XXXV, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”; Contraditório e ampla defesa - Art. 5°, “LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” e “LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. É bem verdade, que não há unanimidade sobre a natureza jurídica do instituto, mas o entendimento majoritário é no sentido de que a exceção de pré-executividade tem natureza de incidente processual, porém pode ser considerada também como objeção, isto porque é forma de defesa, cabendo à parte que está sendo executada valer-se ou não do instituto. b) A partir de que momento há interesse de agir para fins de sua oposição? Tem o condão de suspender a execução até sua apreciação? E até que momento subsiste o interesse de agir para esta oposição? É viável a apresentação de exceção de pré-executividade depois de preclusos ou afastados os Embargos? (Anexo I e II– Resp nº 713.243/RS e Resp 624.813/PR) R: A finalidade da exceção de pré-executividade é atacar o processo de execução constituído de forma irregular ou infundada. Nesse sentido, impedir a efetivação da penhora é uma possível consequência, e não o objetivo da exceção de pré-executividade, não podendo constituir-se em óbice à sua utilização. Os requisitos da execução não se sujeitam aos efeitos da preclusão, razão pela qual se admite a possibilidade de apresentar a exceção de pré- executividade a partir do ajuizamento da ação de execução e até mesmo após os embargos à execução e à arrematação. No entanto, efetivada a constrição judicial sobre o patrimônio do devedor, a exceção perde sua finalidade principal, visto que a objeção de pré-executividade não tem o condão de suspender a execução segundo a jurisprudência dominante, parece claro que, uma vez feita penhora, e estando ainda em curso o prazo para oferecimento dos embargos do executado, não teria este nenhum interesse no oferecimento deste meio de defesa. A objeção de pré-executividade poderá ser oferecida, assim, antes da apreensão de bens do executado, ou depois de encerrado o prazo para ajuizamento dos embargos, pois somente nestes momentos é que o instituto será de alguma utilidade para o executado. Dessa forma, parece mais correto o entendimento de que depois de concretizada a penhora, falta ao executado interesse de agir para opor a exceção de pré-executividade, que é justamente o ato que se visa coibir através desse meio de defesa. c) Quais matérias são passíveis de arguição em exceção de pré- executividade? É possível arguir matérias de mérito, tais como: prescrição, decadência, compensação, pagamento etc? R: As matérias que são passíveis de arguição em exceção de pré- executividade são as que possam ser reconhecidas de ofício pelo magistrado, a qualquer tempo e que não necessitem de dilação probatória muito aprofundada, portanto certa cognição sumária, tais como: a ausência de pressupostos processuais, de condições da ação como a possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade das partes e o interesse processual ou até mesmo a inexigibilidade do título que ampara a execução, conforme Súmula nº 393 do STJ No entanto,arguir causas modificativas, extintivas ou impeditivas de direito como, por exemplo, pagamento, decadência, prescrição, compensação ainda suscitam muitas controvérsias, eis que estas matérias não se encontram enxertadas dentro do círculo das arguições conhecidas ex officio e, ainda, por alegar que não existe julgamento de mérito no próprio processo executivo. O único empecilho capaz de prejudicar as alegações destas matérias é a possibilidade de demonstrar o alegado sem qualquer dilação probatória, ou seja, ao ser ajuizada a exceção de pré-executividade já deve vir com toda sua prova pré- constituída. Dessa forma, havendo prova robusta e capaz de provar o direito alegado, é plenamente cabível o ajuizamento da exceção de pré- executividade. 6. Empresa A aliena seu único bem imóvel à Empresa B. À época da alienação, a Empresa A possuía débitos fiscais que, conquanto devidamente inscritos em dívida ativa, ainda não eram objeto de cobrança judicial. Posteriormente, a Fazenda Pública de Borá/SP ingressou com a competente ação executiva fiscal com o intuito de cobrar os valores devidos pela Empresa A. Ao constatar que a devedora não possuía bens suficientes à garantia e satisfação do débito, requereu ao Juízo a penhora do imóvel adquirido pela Empresa B, sob o fundamento de que a alienação ocorrera em “fraude à execução fiscal”, nos termos do que dispõe o art. 185 do CTN. Neste contexto, pergunta-se: a) É legal/constitucional a pretensão da Fazenda Pública (Anexo – III - Resp 1.141.990/PR)? R: O art. 185 do Código Tributário Nacional, com a redação dada pela Lei Complementar 118/05 presume fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito em dívida ativa. Analisando o caso em tela, é possível dizer que a pretensão da Fazenda Pública seja legal e constitucional caso tenha a empresa A alienado seu único imóvel em momento posterior a edição da LC 118/2005, visto que à partir de então, terá aplicação a nova redação do artigo 185 do CTN que é cristalino ao dispor que incide em fraude a execução fiscal, o devedor que possui débitos fiscais regularmente inscritos em dívida ativa e aliena seus bens, ainda que o crédito tributário não seja naquela data objeto de cobrança judicial. Dessa forma, é cediço que a presunção de fraude é juris et de jure. Não importa, portanto, a data do fato gerador, do lançamento ou da propositura da execução fiscal. Inscrito o crédito em dívida ativa, haverá presunção absoluta de fraude quando os atos de alienação ou oneração, ou mesmo seu começo, caso ocorreram após o crédito tributário ter sido regularmente inscrito em dívida ativa. b) É possível, in casu, presumir a má-fé da Empresa adquirente do imóvel? À época da alienação, era possível exigir que a Empresa adquirente se certificasse a respeito da regularidade fiscal da Empresa alienante em relação à todas as Fazendas Públicas do país? R: Primeiramente cumpre esclarecer que os requisitos para reconhecimento da fraude à execução fiscal são diferentes dos requisitos para reconhecer a fraude à execução pura e simples. Como é notório, na fraude civil é imprescindível à demonstração da vontade de fraudar e no âmbito fiscal a fraude se caracteriza pela simples alienação de bens nas condições expressamente previstas em lei que frustrem a execução a ser proposta pela Fazenda Pública. Assim, tem-se uma presunção absoluta de fraude, tendo como único argumento cabível para seu afastamento a reserva, pelo devedor, de bens ou rendas suficientes para total pagamento da dívida inscrita, conforme preceitua o parágrafo único do art. 185 do CTN. Analisado o art. 185 do CTN, o mesmo, não prevê como requisito necessário para a decretação da fraude a má-fé do terceiro que adquire o patrimônio do devedor fiscal. Dessa forma, pode-se concluir que o ordenamento jurídico não exige para reconhecimento de fraude à execução fiscal, a má-fé do adquirente; se a má-fé fosse imprescindível, facilitar-se-ia sobremaneira a frustração da busca pelo crédito tributário que, dada sua característica de ser público, deve prevalecer sobre o interesse particular. Caso não fosse assim, bastaria que o devedor, ciente da existência de demandas fiscais contra ele, iniciasse a alienação de seus bens, em conluio com os adquirentes, desfazendo-se do patrimônio necessário para o cumprimento de suas obrigações tributárias, o que em último caso significa descumprimento de suas obrigações para com a sociedade. Sendo assim, verificada hipótese de fraude à execução fiscal, não se perquire acerca da boa-fé do adquirente; a boa-fé é parâmetro cuja aplicabilidade deve ser restrita às execuções comuns, ocorridas entre particulares, cujos interesses estão na mesma hierarquia. Por fim, salienta que na esfera tributária, não se aplica a Súmula 375 do STJ, pois, a fraude à execução independe de registro de penhora ou demonstração de má-fé, visto que lei especial prevalece sobre a lei geral. 7. Considerando as alterações relativas ao processo de execução trazidas pela Lei 11.382, de 06 de dezembro de 2006, pergunta-se: a) A aplicam-se os artigos 738 e 739-A do Código de Processo Civil nos processos de executivo-fiscais? R: Primeiramente cumpre esclarecer que as alterações produzidas pela Lei nº 11.382/06 na execução civil regulada pelo CPC provocaram também, em vários pontos, alterações na sistemática da execução fiscal, uma vez que o CPC é aplicável subsidiariamente à LEF. No entanto, somente quando não houver disposição especial, seja da LEF seja de outra lei de caráter especial, é que se aplicará subsidiariamente o CPC aos executivos fiscais. Dessa forma, o regime estabelecido pela Lei das Execuções Fiscais e o regime estabelecido pelo art. 738 do CPC são diferentes, essa incompatibilidade há de ser resolvida pelo critério da especialidade, vale dizer, as disposições da lei especial seguem vigentes e não se há de cogitar da aplicação das disposições do Código de Processo Civil. Prevalecendo então nos processo de execução fiscal os termos do art. 16 da LEF que dispõe que o prazo para embargos é de 30 (trinta) dias. Em relação ao efeito suspensivo dos embargos à execução fiscal o regime do Código de Processo Civil no art. 739-A, dispõe que os embargos à execução não produzem mais o denominado efeito suspensivo automático. Em síntese, pode-se dizer que a atribuição de efeito suspensivo aos embargos passou a depender de decisão do juiz da causa, que tem natureza de medida cautelar incidental. Diverso, todavia, do regime dado a essa questão pela Lei de Execuções Fiscais, que embora não albergue dispositivo a dizer expressamente que os embargos produzem efeito suspensivo. Entretanto, em seus artigos 18, 19, 24, inciso I e 32, § 2º, deixa bastante clara a ocorrência desse importante efeito dos embargos, o que autoriza a dizer que no âmbito da execução fiscal a interposição de embargos do executado produz efeito suspensivo automático. Sendo assim o efeito suspensivo dos embargos, no âmbito da execução fiscal, sempre foram acolhidos pela doutrina e pela jurisprudência os dispositivos da lei específica. Jamais resultou de aplicação subsidiária do Código de Processo Civil. Por fim, é cediço que não são aplicáveis os artigos 738 e 739-A do Código de Processo Civil nos processos de executivo-fiscais, visto que a Lei de Execuções Fiscais 6.830/80 não deixa lacunas em relação ao prazo para interposição dos embargos e ao efeito suspensivo dos embargos à execução fiscal. b) Na execução fiscal, ao executado ainda persiste o direito de, no prazo de 5 dias da sua citação, “garantir a execução”? Justifique sua resposta. R: Sim, visto o art. 8º da Lei nº 6.830/80 é categóricoao afirmar que o executado será citado para, no prazo de 05 dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, desde que observadas certas condições. Esta é a regra aplicável às Execuções Fiscais por expressa determinação de lei que fora especialmente criada para regular o tema. Assim, caso o CPC se expresse de maneira diferente, suas disposições não atingirão este campo específico do Direito Tributário. c) Qual é a ordem preferencial para penhora na execução fiscal, a prevista no art. 11 da Lei 6.830/80 ou a prevista no art. 655 do CPC, com a redação dada pela Lei 11.382, de 6 de dezembro de 2006? Justifique sua resposta. R: A ordem preferencial para penhora na execução fiscal são as que estão elencadas no art. 11 da Lei 6.830/80, que são dinheiro, título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa, pedras e metais preciosos, imóveis, navios e aeronaves, veículos, móveis ou semoventes, direitos e ações. Por fim, é certo que a LEF é a norma especial apta a regular a matéria, não devendo as regras do CPC ser utilizadas no trato de penhoras fiscais. d) Quais os pressupostos que autorizam a decretação da indispobilidade de bens e direitos do devedor, via BACENJUD, no processo executivo-fiscal, aqueles previstos no art. 185-A do CTN ou aqueles postos no art. 655-A do CPC (Resp nº 1.112.943/MA – Anexo IV)? Tais institutos têm a mesma natureza jurídica? R: O art. 185-A, acrescentado ao CTN através da Lei Complementar 118/05, determinou a possibilidade de penhora on-line após esgotadas todas as tentativas de constrição de bens do devedor tributário. Todavia, a Lei nº 11.382/06 incluiu no CPC o art. 655-A, que disciplinou, como primeira possibilidade na ordem das constrições, a penhora on-line, através do sistema BACENJUD. A partir da vigência desta nova disciplina processual, criou-se um conflito acerca de qual dispositivo seria aplicado às execuções fiscais, visto que o CTN trata do devedor tributário e o CPC é usado de forma subsidiária à Lei das Execuções Fiscais. O Supremo Tribunal Federal, através de diversos julgados, firmou entendimento de que, no presente caso, o art. 185-A não trata de matéria restrita à Lei Complementar, elencadas no art. 146 do CTN, versando unicamente sobre o procedimento e/ou instrumento a ser utilizado nos executivos fiscais. Já o Superior Tribunal de Justiça analisou a questão por outro ângulo, qual seja a vigência das leis no tempo. Antes da publicação da Lei nº 11.382/06, o STJ era firme ao entender que a penhora on-line, efetivamente, só seria aplicada em casos extremos, depois de exauridas todas as vias possíveis de constrição dos bens do devedor. No entanto, após o início da vigência do art. 655-A, o STJ passou a adotar outro entendimento, no sentido de que é plenamente aplicável este novo dispositivo processual nas execuções fiscais, mas ressaltando que somente nos casos ocorridos após a entrada em vigor da nova lei. Desta forma, vislumbra-se que a penhora on-line vem sendo aplicada nas execuções fiscais como primeira medida a ser tomada, com todo o respaldo legal e jurisprudencial, conforme demonstrado no presente trabalho. Por fim, com relação à natureza jurídica dos institutos resta pacífico o entendimento de que a penhora on-line não se trata de uma nova modalidade de penhora, mas apenas configura a penhora em si. Significa dizer que o meio eletrônico e on-line adotado consiste em instrumento disponibilizado aos Juízes para que, por meio dele, possam igualmente praticar o ato material de apresamento de numerários. 8. É constitucional e legal o dispositivo da Resolução do Senado Federal nº 33, de 13 de julho de 2006 (Anexo V), que autoriza os Estados, o DF e os Municípios, nas condições nele estabelecidas, cederem a instituições financeiras a sua dívida ativa consolidada para cobrança? E o dispositivo que autoriza a instituição financeira parcelar estes débitos nas mesmas condições que a pessoa de direito público o faria? E o que permite o repasse pelas instituições financeiras, do valor cobrado, às pessoas de direito público com desconto dos custos incorridos? Justifique sua resposta. R: R: Por meio de uma análise jurisprudencial foi possível verificar que foram propostas diversas ações diretas de inconstitucionalidade, com o escopo justamente de que o Supremo Tribunal federal declarasse de forma manifesta que a Resolução do Senado Federal n° 33/2006 fere inúmeros dispositivos constitucionais, sendo, portanto, ilegal e inconstitucional. Cumpre esclarecer que referidas ações foram questionadas pelo Tribunal Superior quanto à capacidade postulatória plena de seus autores para propositura de ações de controle concentrado de constitucionalidade. No entanto, mesmo diante de referido óbice, o STF analisou o mérito da questão emitindo parecer no sentido de que aludida Resolução viola sim os artigos 52, 132 e 146, III “b” da Magna Carta, pelo fato de que o Senado Federal não possui competência legislativa para editar ato que permita a cessão a instituições financeiras, por endosso-mandato, da dívida pública consolidada. A matéria regulamentada na Resolução do Senado Federal não se enquadra no rol descrito no artigo 52 da Constituição, especialmente inciso VII, que prevê a competência do órgão executivo (Senado Federal). Até porque, a operação de cessão de dívida disciplinada na Resolução, não pode ser classificada como a operação de crédito prevista no referido inciso, uma vez que esta corresponde à obtenção de recursos mediante a constituição de empréstimos financeiros ou operações correlatas, com a finalidade precípua de sanar deficiências de caixa, conforme inclusive elucida o artigo 29, III da Lei Complementar 101/2000. Ora, as operações de crédito previstas no artigo 52, VII da CF sempre importam endividamento da pessoa pública contratante, no caso Estados, Municípios e DF, consequência esta que não pode ser verificada nas operações de cessão de dívida ativa consolidada – “terceirização” do serviço de cobrança dos créditos referentes à dívida ativa -, regulamentadas na Resolução em comento, demonstrando de forma manifesta sua inconstitucionalidade. Outrossim, em mais um ponto resta inconstitucional a Resolução do Senado Federal, visto que transfere a terceiros particulares função que é inerente à atividade de Procurador do Estado, a quem compete a cobrança da dívida ativa. Sendo assim, apenas através de Lei complementar poderia ser autorizado a “terceirização” do referido serviço de cobrança. 9. Sobre a responsabilidade tributária e a legitimidade passiva na execução fiscal, responda: a) Qual a relação entre os dois institutos? Qual a importância da identificação da espécie de responsabilidade (pessoal, solidária e subsidiária) para a determinação da legitimidade passiva no processo executivo fiscal? E para a contagem do prazo de prescrição do direito do fisco? R: A responsabilidade tributária é o fenômeno segundo o qual um terceiro que não seja contribuinte, ou seja, não tenha relação direta e pessoal com o fato imponível gerador da obrigação principal, está obrigado, em caráter supletivo ou não, em sua totalidade ou parcialmente, ao pagamento ou cumprimento da obrigação. Legitimidade passiva da obrigação tributária principal é aquela pessoa, natural ou jurídica, que estiver obrigada ao pagamento da obrigação principal (tributo) ou secundária (penalidade pecuniária). Pode o sujeito passivo da obrigação principal ser contribuinte,quando estiver intimamente ligado à ocorrência da hipótese descrita no antecedenteda norma jurídica tributária, e responsável, quando, mesmo sem ter relação íntima com a situação descrita como fato imponível, estiver obrigado ao pagamento por força de disposição expressa de lei. Em relação à importância da identificação da espécie de responsabilidade para a determinação da legitimidade passiva no processo executivo fiscal é que na responsabilidade solidária o fato de não haver entre o responsável e o contribuinte qualquer desnivelamento em relação a exigência da dívida, pode o Fisco cobrar a dívida de qualquer um dos dois sem seguir qualquer ordem. O patrimônio atingido será provavelmente aquele que se mostra mais acessível. Já na responsabilidade subsidiária o responsável só pode ser chamado a pagar a dívida quando a exigência do pagamento for impossível por parte do contribuinte, devido à falta de patrimônio suficiente à quitação, ou seja, estabelecendo uma ordem na exigência: primeiro cobra o contribuinte, somente depois cobra o responsável. E na responsabilidade pessoal determina que a dívida será exigida exclusivamente do responsável, ou seja, a lei nesses casos deixa de lado a figura do contribuinte. Sendo assim, à importância da identificação da espécie de responsabilidade para a determinação da legitimidade passiva no processo executivo fiscal é para saber como irá proceder a execução e contra quem essa execução irá caminhar. Quanto ao prazo para o redirecionamento da execução fiscal, a matéria está submetida ao rito do art. 543-C, ainda não decidida definitivamente existindo duas posições (i) Majoritário – por força do art. 174, § único, I, do CTN, o redirecionamento da execução contra os sócios deve dar-se no prazo de cinco anos contados da citação do devedor principal, ou seja, da pessoa jurídica, sob pena de tornar-se imprescritível a obrigação, conforme argumenta a Ministra Eliana Calmon. (ii) o prazo prescricional para o redirecionamento da execução fiscal somente pode ter início após a constatação da dissolução irregular ou da ilicitude, eventos que não são contemporâneos ao inadimplemento e que, na verdade surgem, em regra, durante o curso do processo executivo, muito após a citação da empresa. De forma reiterada, o contribuinte de má-fé se utiliza desse período de 5 (cinco) anos para procrastinar sua obrigação e não saldar sua dívida com o Fisco. Durante tal período a empresa se mantém ativa e os únicos bens disponíveis são oferecidos à penhora (normalmente, são de bens de difícil comercialização, cujos leilões resultam negativos). É comum que, depois de inúmeras tentativas da Fazenda em obter o pagamento da dívida fiscal e após o transcurso dos cinco anos, a empresa executada simplesmente desapareça do endereço onde até então exercia suas atividades, deixando de pagar o débito fiscal. Se, contudo, o fato caracterizador da responsabilidade do sócio gerente é contemporâneo à gênese do fato gerador, o prazo de 05 anos correrá desde a citação da pessoa jurídica. b) Qual é o documento (linguagem competente) apto a constituir a norma individual e concreta de responsabilidade do terceiro: o lançamento ou a CDA? É possível que o sócio tenha seu nome incluído na CDA na condição terceiro responsável sem que tenha participado de anterior processo administrativo destinado à aferição do suposto ilícito por ele praticado? Em caso negativo, a quem cabe o ônus da prova da ausência de processo administrativo, ao Fisco ou ao contribuinte-devedor (Anexo VI - EResp nº 702.232)? R: O que se verifica é que a Certidão de Dívida Ativa consiste em instrumento formador da relação jurídico-tributária, gozando inclusive de presunção de certeza e legitimidade. Sendo assim, para que a pretensão executiva da Fazenda seja de pronto direcionada ao suposto terceiro responsável, em decorrência da prática de condutas ilícitas previstas no artigo 135 do CTN, deverá a CDA fazer referência expressa além do devedor e efetivo contribuinte, também ao sócio-administrador, sendo, portanto, este o documento apto a constituir norma individual e concreta de responsabilidade de terceiro. Uma análise sistemática dos julgados sobre a matéria de responsabilidade tributária de terceiros indica a necessidade de correspondência da Certidão de Dívida Ativa com os termos do lançamento, sob pena de se incorrer em vício insanável. De se ver o teor da ementa que se segue: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IPTU. CDA. SUBSTITUIÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. SUB-ROGAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não se admite a substituição da CDA para alteração do sujeito passivo dela constante, por não se tratar de mero erro formal ou material, mas de alteração do próprio lançamento. Precedentes.2. Agravo regimental não provido. (BRASIL, 2008) Ora, sendo a substituição da CDA que pretende a alteração do sujeito passivo vinculada à alteração do lançamento, pela lógica racional a constituição primária deste título executivo deve corresponder ao que conta do lançamento tributário. Por esta linha de raciocínio caminhou a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal que, em 04 de Outubro de 2011, julgou o Agravo Regimental de Recurso Extraordinário 608.426 /PR pairando sob a ementa abaixo transcrita, em Acórdão da lavra do Ministro Joaquim Barbosa, in verbis: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE CORRETA CARACTERIZAÇÃO JURÍDICA POR ERRO DA AUTORIDADE FISCAL. VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. INEXISTÊNCIA NO CASO CONCRETO. Os princípios do contraditório e da ampla defesa aplicam-se plenamente à constituição do crédito tributário em desfavor de qualquer espécie de sujeito passivo, irrelevante sua nomenclatura legal (contribuintes, responsáveis, substitutos, devedores solidários etc). Porém, no caso em exame, houve oportunidade de impugnação integral da constituição do crédito tributário, não obstante os lapsos de linguagem da autoridade fiscal. Assim, embora o acórdão recorrido tenha errado ao afirmar ser o responsável tributário estranho ao processo administrativo (motivação e fundamentação são requisitos de validade de qualquer ato administrativo plenamente vinculado), bem como ao concluir ser possível redirecionar ao responsável tributário a ação de execução fiscal, independentemente de ele ter figurado no processo administrativo ou da inserção de seu nome na certidão de dívida ativa (Fls. 853), o lapso resume-se à declaração lateral (obiter dictum) completamente irrelevante ao desate do litígio. Agravo regimental ao qual se nega provimento. (BRASIL, 2011) O referido julgado fixou acertado entendimento no sentido de ser da Fazenda Pública o ônus de averiguar e comprovar a responsabilidade tributária de sócio quando a este não for oportunizado a discussão da matéria em processo administrativo prévia à CDA. Segundo tal precedente firmado pelo STF, a garantia do contraditório deve ser assegurada no processo administrativo de lançamento de forma plena e irrestrita, seja figurado como contribuinte, assim como nos casos estabelecidos pelo CTN de responsabilidade solidária, ou seja, figurado nas hipóteses específicas de sujeição passiva por responsabilidade de terceiros ou por substituição. Por fim, ainda em conformidade com o entendimento demonstrado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, caso tenha se iniciado a execução fiscal contra o efetivo contribuinte que realizou o fato gerador, mas posteriormente a Fazenda redireciona a demanda também contra o sócio-gerente, o qual frise-se não constava na CDA, deverá o Fisco demonstrar a presença de um dos requisitos previsto no artigo 135 do CTN para sustentar a responsabilidade de terceiro. c) É possível alegar, por meio de exceção de pré-executividade, a ilegitimidade passiva do sócio na execução fiscal em razão da ausência de comprovação da ocorrênciado fato jurídico suficiente à caracterização da responsabilidade tributária do art. 135, III, do CTN (ausência de processo administrativo), por meio de exceção de pré-executividade (Anexo VII - Resp nº 1.104.900/ES)? E se o devedor acostar à exceção de pré-executividade cópia integral do processo administrativo no qual reste demonstrada a ausência do sócio responsável? Tratar-se-ia de “prova inequívoca” da ausência da responsabilidade do art. 135, III, do CTN? R: A exceção será sempre possível quando, instruída com a cópia integral do processo administrativo, demonstrar-se que a imputação da responsabilidade não foi feita por lançamento comprobatório da incidência do art. 135 do CTN, regularmente notificado ao sócio responsabilizado. Ou ainda que, mesmo assim, não tenha o Fisco apresentado provas mínimas da conduta, mantendo arbitrariamente o lançamento, desde que possa haver a imediata comprovação por prova documental. A exceção de pré-executividade restará impossibilitada quando o Fisco tiver procedido na forma supra descrita, ou seja, tiver comprovado a conduta ilícita do sócio e o notificado regularmente do lançamento. Nesse caso, tendo sido feita a prova na esfera administrativa, e nela mantido o lançamento, a desconstituição do título executivo demandará a comprovação, perante o Judiciário, da inaplicabilidade do art. 135 do CTN, o que só pode ser feito por embargos do devedor ou ação anulatória de débito fiscal. Por fim, lembramos que, no caso de crédito tributário executado com base em declaração de débitos tributários feitos em nome da sociedade, será sempre inválida a inclusão do nome dos sócios na CDA, dada a ausência de lançamento tributário comprobatório da responsabilidade do sócio-gerente nos termos do art. 135 do CTN.
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