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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE FARMÁCIA Profª Fabiane Barbosa Costa Relatório Final de Estágio Curricular Elaborado por: Jacquelaine Joana Mota 2017170259 Rio de Janeiro 2021 Jacquelaine Joana Mota 2017170259 Relatório Final de Estágio Curricular Trabalho apresentado como requisito parcial para a disciplina de Estágio Supervisionado VI, atuando em Análises Clínicas, Genéticas e Toxicológicas e Alimento I, do curso de Farmácia da Universidade Castelo Branco (UCB). AGOSTO/2021 INTRODUÇÃO Estágio Supervisionado em Análises Clínicas, Genéticas e Toxicológicas e Alimento I realizado no Hospital Central Marinha (HCM), situado na Ilha das Cobras - Parte alta s/nº, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 20091-000 e Telefone: (21) 2126-5387. Cujo o período foi de 08 de junho de 2021 à 22 de julho de 2021, totalizando 120 horas. O objetivo deste estágio é representado pela vivência de um farmacêutico voltado para todo o processo de Laboratório de Análises Clínicas, desde a preparação do paciente na fase pré-analítica, como coleta e laudo dos resultados dos exames. O HCM exerce a função de centro pericial, por se tratar de uma Organização Militar (OM) da Marinha do Brasil (MB) e todos os militares de carreira e temporários precisarem realizar exames médicos, denominado de trienal para reengajamento, além de realizar também exames de pré-operatório dos seus tripulantes. O horário de funcionamento do Laboratório é de 07:00 às 15:30 de segunda à sexta, sendo que a coleta é realizada de 07:00 às 09:00 e o resultado de exames pode ser liberado após às 09:00 e vai até o fim do horário de expediente. O laboratório é composto por cinco (5) oficiais farmacêuticos do Corpo de Saúde, quinze (15) praças técnicos em Patologia Clínica e duas (2) civis biólogas, divididos em todos os setores do Laboratório como: Direção, Secretaria, Bioquímica, Imunologia, Hematologia, Toxicologia, Testes de Água, Almoxarifado, Urinálise e Parasitologia, Atendimento e Coleta. Onde todos os tripulantes ficam por conta da coleta e atendimento até às 09:00 e após o encerramento da coleta, são distribuídos para a fase analítica nos setores. DESENVOLVIMENTO Após um período de pouco mais de um mês no ofício de estagiária no Laboratório do HCM, nota-se a importância de um profissional instruído e bem capacitado, devido à grande demanda e também a falta de conhecimento dos pacientes. Onde chegam mal instruídos, ou até mesmo omitem informações que são cruciais na fase pós-analítica dos exames laboratoriais. Dentre todas as atividades realizadas e adquiridas como conhecimento e prática, as mais desenvolvidas foram: 1- Coleta de amostra biológica: O paciente ao marcar o dia de coleta já se depara com a fase pré-analítica dos exames laboratoriais, que se iniciam no pedido médico, e com o laboratório informando o preparo, alimentação, tempo de jejum, uso de medicamentos e forma correta de coletar a urina e as fezes, que são ações totalmente realizadas pelos pacientes, ou seja, muito passível ao erro. Por isso as informações devem ser passadas de forma clara e objetiva, para evitar possíveis erros de laudos. Antes da coleta, os pacientes passam pela triagem, onde é realizado o cadastro do paciente, contendo nome completo, data de nascimento, sexo, endereço, telefone e o pedido médico. Após essas informações, o paciente aguarda ser chamado para a coleta de amostra e a entrega de urina e fezes, caso necessário. A coleta se torna um momento crítico devido a perfuração para o paciente e um momento perigoso para o profissional que irá realizá-lo, onde há uma sequência de procedimentos a serem seguidos através do protocolo, para que a amostra não seja comprometida e não haja risco ao profissional. Ao chamar o paciente, o profissional confere as etiquetas já coladas nos tubos pela máquina rotuladora e efetua a coleta. Os tubos já com as amostras são armazenados de forma segura em estantes, aguardando a coagulação e então serem passados pela centrífuga, onde utiliza-se 4190 RPM por 10 minutos em amostras já equilibradas para manter o balanceamento dentro da centrífuga. No caso da sorologia (bioquímica e imunologia) é utilizado o tubo de tampa vermelha, que após a passagem pela centrífuga é realizado a separação do soro, gel separador e coágulo, prontos para as máquinas de análises. Já para a hematologia, é utilizado o tubo de tampa roxa, EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético), onde não há a necessidade de passar pela centrífuga por ser melhor coagulante para a preservação da morfologia celular. Há também no setor de hematologia o tudo de citrato de sódio, da tampa azul, utilizado para exames de análise de hemostasia como Tempo de Atividade da Protombina (TAP) e Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa), que necessita passar pela centrífuga por 15 minutos em 4190 RPM. Além do exame de TSO, que é o tempo de sangramento do lóbulo da orelha, que é utilizado uma lanceta para fazer a perfuração e cronometrado 45 segundos, após esse tempo colhe-se o sangue com papel filme de 15 em 15 segundos até parar de sangrar e o tempo final é apresentado para o laudo do exame. 2- Setor de Bioquímica: O setor é composto por uma oficial farmacêutica, uma civil bióloga e duas praças técnicas em patologia clínica. Após a centrifugação e a separação de todos os tubos de soro, estes são colocados na estante de cada setor. Na bioquímica há 2 equipamentos de análise, o Beckman Coulter AU 680 que é a mais utilizada no setor e o Johnson & Johnson VITROS 250. O AU 680 analisa e quantifica os exames de glicose, uréia, creatinina, ácido úrico, colesterol, triglicerídeos, HDL, TGO, TGP, fosfatase alcalina, amilase, VLD, gama GT, LDL e proteínas totais em frações. Já o VITROS 250 analisa e quantifica através de chip, ou seja, química seca, todos as categorias do AU 680 além de bilirrubina total e em frações, sódio, potássio, proteínas totais e albumina. O cotidiano da bioquímica é bem tranquilo, os equipamentos não podem ser desligados e a sala precisa se manter refrigerada devido os reagente e chips dos equipamentos. Antes de passar qualquer amostra a ser analisada, é inserido o protocolo de controle e calibração, onde o próprio equipamento apresenta, se está tudo conforme ou não, para o início das análises. Após todo o protocolo as amostras poderão ser colocadas em cada rack dos equipamentos para serem analisadas destampadas, por mais que há o interfaceamento das informações, todas as amostras precisam ser lidas pelo código de barras e selecionado todas as categorias a serem verificadas nos equipamentos. Com o resultado do exame, a pessoa responsável pelos laudos verifica as alterações, levando em conta a anamnese e exames anteriores, caso a alteração seja significante é refeita a análise no outro equipamento para confirmar o resultado e caso a alteração seja muito grande e perigosa, é solicitado uma nova amostra. Já com os resultados dentro dos valores de referência, são liberados e laudados. 3- Setor de Imunologia: O setor de imunologia é composto por 1 oficial farmacêutico e 2 praças técnicas em patologia clínica. Assim como a bioquímica, os equipamentos precisam ser iniciados após a passagem do controle e da calibração. O setor de imunologia possui 2 equipamentos, o Architect Plus Abbott i200 SR que analisa e quantifica HIV, sífilis, PSA e covid-19. Já o Beckman Coulter Access 2 para o HCM, analisa e quantifica apenas o PSA. Após a centrifugação das amostras, os tubos devem estar abertos para serem colocados nas racks de cada equipamento. Logo todo esse procedimento é feito de luva para evitar a contaminação da amostra e também o risco biológico para o profissional. Todos os dois equipamentos são automatizados e interfaceados, não precisando ser colocado no modo manual o tipo de exame que deve ser analisado. Após o término do equipamento, é verificado se foi lido as análises corretas de cada amostra e então são tampadas, identificadas com a data e o nome do exame e colocadas no freezer. Através do interfaceamentoo profissional identifica os resultados dos exames e libera quando não há nada de errado, mas quando há alguma intercorrência é refeito o exame e também analisado a contra-prova, no caso de sífilis. Essa contra-prova é feita através do material biológico e sua diluição em placa escavada de Kline, realizando o teste treponêmico e não treponêmico, onde é analisado as floculações no microscópio, sendo que em alguns casos a visualização pode até ser ao olho nu. Em relação ao PSA, mais conhecido como Antígeno Prostático Específico, que nada mais é uma enzima secretada por células prostáticas e que sua análise pode identificar alterações da próstata. É indicado com exame de rotina, pelo menos 1 vez ao ano para homens com mais de 45 anos. As alterações são analisadas devido o PSA ser apenas um indicativo para o câncer de próstata, portanto deve ser confirmada apenas com a adição de exames de toque retal, biópsia e ressonância. Logo, após todos os protocolos de laudos, os resultados dos exames são lançados no sistema e dependendo da situação, o paciente é contactado para ser informado do resultado, por telefone. 4- Setor de Urinálise e Parasitologia: O setor de urinálise é composto por 3 praças técnicos em patologia clínica e possui o equipamento IRIS IQ200 Sprint da Beckman Coulter, e assim como os outros deve ser destinado antes de efetuar as análises do dia, para o protocolo de controle e calibração para validar os exames. A IRIS faz análise de sedmentoscopia e química, através das amostras dispostas na rack do equipamento, em tubos abertos. O próprio equipamento faz capturas microscópica de sedimentos, assim após a passagem pela IRIS, as imagens são dispostas na tela no computador interligado, para então o profissional do setor, separar as imagens de acordo com a morfologia e aspecto. Caso a análise tenha dado alguma alteração, a amostra é submetida a fita de reagentes para confirmar. E sendo confirmado a alteração a amostra é sujeita a passar pela centrífuga em uma rotação de 2000 RPM por 5 minutos. E após a centrifugação é eliminado o sobrenadante e inserido na lâmina K-cell através de pipetagem, o sedimento para a análise microscópica, assim pode ser confirmado o resultado e liberado o laudo do exame. Há mais uma análise com a amostra de urina, a TIG, como são exames periciais e também de ingressos na Marinha, todas as candidatas e militares de carreira ou temporárias precisam ser submetidas ao exame, onde é realizado o teste imunológico de gravidez, que é uma fita, que tem a marcação do limite máximo de contato com a urina, essa fita é retirada do frasco e colocada em um papel toalha, aguardando 2 minutos para ter o resultado, onde a leitura de 2 linhas significa positivo e 1 linha negativo. Já na área parasitológica, como são exames inspecionais, não possui uma frequência constante de exames de fezes, mas quando há a necessidade de ser realizada a análise, normalmente o material é entregue em um pote comum e dentro do setor é utilizado o método Rouffman, onde há um pote específico para inserir uma parte da amostra de fezes, em seguida é necessário “bater” a amostra com a própria pá e o líquido disposto no pote, tampar e misturar até ficar com o aspecto homogêneo. Após esse processo de mistura o pote é condicionado por 30 minutos de cabeça para baixo, onde na tampa há uma peneira, deixando a fase líquida passar e sobrando apenas o sedimento, que é analisado através de lâmina, lamínula e coragem para ser levado ao microscópio. Além do teste comum de fezes há o exame de sangue oculto, mas raramente é solicitado, onde a amostra é analisada através do teste rápido. Há um tubo de coleta com um diluente de extração, que é um líquido próprio, o processo é analisado após a retirada de cerca de 50 g de amostra de fezes com o coletor do tubo, inserido no frasco e agitado para homogeneizar. Após 2 minutos em temperatura ambiente, abrir a tampa do frasco e pingar 3 gotas no local indicado do teste rápido e depois de 5 minutos a leitura estará visível. Onde duas linhas indicam positivo e 1 linha negativo para o sangue nas fezes. Todos os resultados de exames por terem o interfaceamento vão para um computador central e então liberado após o profissional verificar autenticidade dos laudos. 5- Setor de Hematologia: O setor de hematologia é o setor que processa mais amostras ao dia e é composto por 1 oficial farmacêutica, 1 civil bióloga e 1 praça técnica em patologia clínica. Os tubos são os de tampa roxa, com EDTA. Todos os dias é passado o protocolo de controle e calibração do equipamento. Para o hemograma e leucograma o equipamento utilizado é o CELL-DYN Ruby, onde todas as amostras após serem coletadas vão para o setor e são colocadas nas racks do próprio equipamento, tampadas. Após a análise é verificado no próprio computador do equipamento alguma alteração morfológica da série vermelha e caso tenha, é feito a lâmina da amostra para ser analisada e confirmada através do microscópio. O setor possui um equipamento para corar, Hemogram SlideInk, ou esse processo pode ser feito manualmente através do protocolo de mergulho em frascos de metanol, eosina e azul de metileno, revezando com água destilada. Após o processo de corar, a lâmina é disposta em uma rack para secar e então pode ser analisada no microscópio. Neste setor é realizado o exame de tipagem sanguínea, através das placas de DG Gel Grifols, onde é realizada uma dissolução com a amostra biológica, com uma pipeta da própria marca e inserida uma pequena quantidade nos 8 poços e então é centrifugada em uma centrífuga específica dessas placas, da mesma marca Grifols, onde é submetida a 3400 RPM por 5 minutos. E após a centrifugação a leitura é feita através da fase de sangue, onde no controle (Ctl) tem que ficar embaixo, indicando que a amostra e a placa está apta; o fator D e D’ são designados para o fator RH, onde se ambos estivem embaixo o fator RH é negativo e caso ambos estiverem em cima, o fator RH é positivo; caso o sangue for do tipo O, os poços de A, B, AB estarão embaixo, indicando a falta de aglutinação e os poços de anti-A (N/A1) e anti-B (N/B) estarão em cima; caso o sangue for AB, os poços de AB e B estarão em cima, assim como os poços de anti-A e anti-B estarão embaixo; caso o sangue for tipo B, os poços B, AB e anti-A estarão em cima e os poços, A e anti-B estarão embaixo; e caso o sangue seja tipo A, os poços A, AB e anti-B estarão em cima e os poços B e anti-A estarão embaixo. O equipamento utilizado para realizar a análise de TAP e TPPa é INSTRUMENTATION LABORATORY ACL Elite Pro, que é um analisador de coagulação. Os tubos analisados são o de tampa azul, com citrato, e antes de serem analisados, assim como todos, o equipamento deve ser submetido a protocolos de controle e calibração. Anteriormente de serem colocados nos locais específicos do equipamento os tubos com a amostra biológica devem passar pela centrífuga na rotação de 4190 RPM por 15 minutos. Após a análise, o profissional verifica o resultado e exames anteriores para liberar o laudo, por se tratar de exame pré-cirúrgico deve-se ter um cuidado maior para não prejudicar a cirurgia e muito menos colocar o paciente em risco. Caso o resultado tenha dado alguma alteração, o protocolo é refazer a análise, e se permanecer, o paciente é contactado para uma nova coleta, evitando assim problemas críticos durante a cirurgia. CONCLUSÃO O Estágio Supervisionado VI, atuando em Análises Clínicas, Genéticas e Toxicológicas e Alimento I, foi focado no cotidiano do laboratório de análises clínicas do HCM, onde se obtêm um conhecimento amplo de exames laboratoriais, fases pré-analítica, analítica e pós-analítica, com informações precisas para o preparo dos pacientes, protocolo conciso para a coleta e equipamentos calibrados para um laudo eficiente. A análise clínica é um fator crucial para auxiliar um médico a diagnosticar qualquer intervenção na saúde do indivíduo, por isso deve-se ter uma atenção especial para tal. Além disso, a boa informação ao paciente faz com quetodo o processo seja validado, pois caso o paciente omita qualquer informação ao laboratório, esse exame será desqualificado, portanto a fase pré-analítica de um exame laboratorial se torna a crucial para um bom aproveitamento de resultados precisos. Já a parte analítica é basicamente toda mecanizada, onde o ponto chave é manter o equipamento sempre calibrado e controlado através de amostras qualificadas das próprias empresas, dando assim, credibilidade a análise. E a fase final, pós analítica, é contida pela tomada de decisão do médico, através do laudo indicado e passado pelo profissional do laboratório. O estágio é de suma importância para a imparcialidade de hierarquia do processo, onde a busca pela garantia da qualidade é essencial e precisa, fazendo assim, que o estagiário perceba a importância de cada detalhe e o bom funcionamento do local de trabalho. ANEXOS
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