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INTRODUÇÃO AOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS AULA 3 – CONCEITOS E TIPOS DE MEDICAMENTOS O SÍMBOLO DA FARMÁCIA A taça com a serpente nela enrolada é internacionalmente conhecida como símbolo da profissão farmacêutica. Sua origem remonta à antiguidade, sendo parte das histórias da mitologia grega. Segundo as literaturas antigas, o símbolo da Farmácia ilustra o poder (cobra) da cura (taça). PAI DA FARMÁCIA Galeno (129-200): Viveu em Roma, é considerado o “Pai da Farmácia” e precursor da alopatia. Desenvolveu misturas de ervas que combatiam as doenças por meio de substâncias ou compostos que se opunham diretamente aos sinais e sintomas. Atualmente, o termo Farmácia Galênica é utilizado como sinônimo de Manipulação Farmacêutica. Alopatia é um sistema terapêutico que visa tratar as patologias pelos meios contrários às mesmas, através de medicamentos com ação específica nos sintomas. É a chamada medicina tradicional. A palavra "alopatia" vem dos termos gregos állos = "outro", "diferente" + páthos = "sofrimento" REMÉDIO Diferença entre remédio e medicamento No dia a dia, é muito comum notar pessoas ou meios de comunicação utilizando a palavra remédio como sinônimo de medicamento. No entanto, elas não significam a mesma coisa. A ideia de remédio está associada a todo e qualquer tipo de cuidado utilizado para curar ou aliviar doenças, sintomas, desconforto e mal-estar. Alguns exemplos de remédio são: banho quente ou massagem para diminuir as tensões; chazinho caseiro e repouso em caso de resfriado; hábitos alimentares saudáveis e prática de atividades físicas para evitar o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis; medicamentos para curar doenças, entre outros. MEDICAMENTO Já os medicamentos são preparações tecnicamente elaboradas em farmácias (medicamentos manipulados) ou indústrias (medicamentos industriais), que devem seguir determinações legais de qualidade, segurança e eficácia. Assim, um preparado caseiro com plantas medicinais pode ser um remédio, mas ainda não é um medicamento; para isso, deve atender uma série de exigências do Ministério da Saúde, visando garantir a segurança dos consumidores. AÇÃO QUÍMICA O medicamento pode ter uma ação química, podendo ser: • Profilática: possui ação preventiva contra doenças. Ex: as vacinas. • Curativa: possui ação curativa, podendo curar doenças. Ex: antibióticos. • Paliativa: possui capacidade de diminuir sinais e sintomas das doenças, porém não proporciona a cura. Ex: antitérmicos e analgésicos. • Diagnóstica: favorece no diagnóstico de doenças, esclarecendo os exames radiográficos. Ex: contrastes. AÇÃO MEDICAMENTOSA O medicamento também possui uma ação: • Local: sua ação é no local em que o medicamento foi aplicado, sem passar pela corrente sanguínea. Ex: pomadas e colírios. • Sistêmica: primeiro a medicação é absorvida, depois ela entra na corrente sanguínea, atuando assim no local desejado. Ex: os antibióticos. MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS A alopatia é um tratamento cujo o objetivo é combater as doenças com remédios que produzam efeitos contrários aos sintomas causados. Esses medicamentos são classificados como “anti”, mais conhecidos como: antibióticos, antiinflamatórios, antialérgicos, antiácidos, entre outros... Devido a sua eficiência, os usos de medicamentos alopáticos são comuns pelo mundo. No entanto, existem alguns riscos à saúde, dessa forma é muito importante compreender melhor o funcionamento do medicamento alopático. A fórmula dos remédios alopáticos possui certo grau de toxicidade, portanto, recomenda-se ler a bula com cuidado e observar a dosagem correta. Devem ser usados quando são indicados por um profissional de saúde. Caso contrário, poderá provocar diversos efeitos colaterais. MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS Os medicamentos homeopáticos são uma forma de tratamento que utiliza substâncias naturais altamente diluídas para estimular a capacidade de cura do organismo. A homeopatia foi criada no final do século XVIII pelo médico alemão Samuel Hahnemann, que acreditava que a doença era causada por um desequilíbrio na energia vital do corpo. São feitos a partir de substâncias naturais, como plantas, minerais e animais, que são diluídas em água ou álcool. A diluição é feita de forma a aumentar a potência da substância, de acordo com a teoria da homeopatia. Acredita-se que quanto mais diluída a substância, maior é a sua capacidade de estimular a capacidade de cura do organismo. São prescritos individualmente, de acordo com o perfil do paciente e seus sintomas. O objetivo é estimular o organismo a se curar naturalmente, sem efeitos colaterais indesejados. É obrigatório ter no rótulo: • A palavra "homeopático" • O nome do fabricante • Menção de pelo menos uma maneira como o medicamento pode ser usado • Instruções para um uso seguro • O princípio ativo e a quantidade de diluição (a menos que especificamente isento) Alguns medicamentos homeopáticos estão disponíveis apenas com receita médica. MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS Em poucas palavras, os medicamentos fitoterápicos são aqueles obtidos a partir de uma planta medicinal ou de partes dela. Por sua vez, o termo “plantas medicinais” se refere àquelas que possuem alguma atividade terapêutica e podem ser usadas para tratar enfermidades. Essa ação terapêutica se deve à diversidade de substâncias químicas que algumas plantas são capazes de produzir. Muitas vezes (e com o uso correto!), esses compostos são capazes de melhorar quadros de saúde com eficácia e trazer mais qualidade de vida. Os medicamentos de Fitoterapia têm o mesmo objetivo que a Alopatia, ou seja, as substâncias provocam ações contrárias aos sintomas e doenças. A diferença está na matéria-prima que no caso dos medicamentos Fitoterápicos são de origem essencialmente vegetal. CONCEITOS IMPORTANTES Plantas medicinais A primeira forma de uso dos medicamentos efetuada pelo homem foi feita através de plantas medicinais. Talvez muitas descobertas foram feitas durante a procura de novas fontes de alimentos, mas provavelmente um número significativo foi devido à curiosidade e desejo natural de investigação de todo ser humano. Algumas plantas foram reconhecidas como venenos, outras passaram a ter uso medicinal e outras para fins recreacionais (uva do vinho). Dentre os estudiosos da antiguidade, devemos destacar Galeno, por estudar profundamente as plantas medicinais, escrevendo vários livros sobre farmácia e farmacologia clínica. Na atualidade, as plantas mais consumidas no mundo são: Coffea arabica = café Nicotiana tabacu = tabaco Cola acuminata= bebidas tipo cola (Coca Cola, Pepsi, etc) No Brasil: Paulinia cupana = guaraná Ilex paraguariensis = mate No Brasil existem cerca de 127 mil espécies diferentes de plantas, sendo um grande número delas usadas com fins medicinais. • Alcachofra (Cynara scolymus): hepatoprotetor que auxilia no tratamento de distúrbios hepáticos e gastrointestinais; • Babosa (Aloe vera): cicatrizante com ação anti-inflamatória; • Boldo (Peumus boldos): auxilia no tratamento de distúrbios hepáticos e digestivos, como a dispepsia; • Camomila (Matricaria chamomilla): cicatrizante com ação anti-inflamatória. Também pode ser utilizado no alívio de sintomas gastrointestinais; • Calêndula (Calendula officinalis): cicatrizante com ação anti-inflamatória; • Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia): antiulceroso que alivia sintomas digestivos; • Eucalipto (Eucaliptus globulus): expectorante e broncodilatador; • Guaco (Mikania glomerata): expectorante e broncodilatador; • Melissa (Melissa officinalis): antiespasmódico que também combate gases e alivia a ansiedade; • Salgueiro (Salix alba): alivia febre, dores e combate a inflamação; • Unha de gato (Ucaria tomentosa): ação anti-inflamatóriae de alívio da dor. Toda preparação com plantas medicinais pode ser considerada um medicamento fitoterápico? Não! De fato, conforme o conceito já mencionado, esses medicamentos têm origem em plantas medicinais ou seus derivados. Entretanto, a origem vegetal não basta para que um remédio seja considerado um fitoterápico: ele também deve ser submetido a processos industriais a exemplo do controle de qualidade e formulação. Sendo assim, podemos concluir, por exemplo, que os chás não podem ser considerados medicamentos fitoterápicos. Quais são os medicamentos fitoterápicos registrados na Anvisa? No Brasil, existe uma grande variedade de fitoterápicos reconhecidos pela nossa Agência Regulatória, a ANVISA. O registro desses medicamentos é regido pela RDC 26 de 13 de maio de 2014, que especifica os requisitos necessários para se registrar um fitoterápico e fazer a notificação de novos produtos. A relação de medicamentos fitoterápicos registrados na ANVISA é extensa. Em seu portal, a agência disponibiliza a lista de fitoterápicos passíveis de notificação, ou seja, que podem ser produzidos e comercializados pelas indústrias. É possível, ainda, consultar a situação regulatória de um medicamento em específico na página de buscas da agência. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/setorregulado/regularizacao/medicamentos/fitoterapicos-dinamizados-e-especificos/informes/fitoterapicos/texto-tecnico-estatico-para-publicar-na-pagina-da-area.pdf https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/ Quais são os fitoterápicos disponibilizados pelo SUS? Segundo a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), o SUS disponibiliza, até o momento, um total de 12 fitoterápicos para o tratamento de sintomas gastrointestinais, respiratórios, inflamatórios e outros. Vale ressaltar que todos eles fazem parte do componente básico, ou seja, tratam os principais sintomas da população na atenção primária à Saúde. São eles: Alcachofra (Cynara scolymus), Aroeira (Schinus terebinthifolius), Babosa (Aloe vera), Cáscara- sagrada (Rhamnus purshiana), Espinheira-santa (Maytenus officinalis), Guaco (Mikania glomerata), Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens), Hortelã (Mentha x piperita), Isoflavona de soja (Glycine max), Plantago (Plantago ovata), Salgueiro (Salix alba), Unha-de-gato (Uncaria tomentosa) Os fitoterápicos podem substituir os medicamentos tradicionais? Os medicamentos fitoterápicos, assim como os medicamentos sintéticos, são uma alternativa terapêutica quando o assunto é o tratamento de uma condição de saúde. Entretanto, nem todo fitoterápico pode substituir um medicamento tradicional. De maneira geral, esses últimos têm ação mais específica sobre uma determinada doença: muitas vezes, não há um substituto à base de plantas para “compensar” a ação terapêutica promovida por um fármaco convencional. Quem pode prescrever medicamentos fitoterápicos? Existem fitoterápicos que são isentos de prescrição médica (os famosos MIPs) e os que precisam de receita para serem adquiridos. Aqueles que dispensam a apresentação de receita podem ser recomendados por médicos, farmacêuticos, enfermeiros, nutricionistas e dentistas. Já os fitoterápicos que precisam de prescrição possuem tarja nas embalagens e só podem ser indicados pelo médico ou dentista. Vale lembrar que, nesse caso, a apresentação de receita para a compra é obrigatória. https://blog.farme.com.br/tarja-preta/ MIPs Medicamentos isentos de prescrição (MIPs), também conhecidos como medicamentos de venda livre ou over the counter (expressão em inglês, que significa “em cima do balcão”), são aqueles que não necessitam de prescrição médica. A disposição dos MIPs em prateleiras externas ao balcão de atendimento e o Projeto de Lei 284/15, que prevê a venda desses medicamentos em estabelecimentos comerciais (minimercados, empórios, drugstores, lojas de conveniência e armazéns), bem como a ausência de orientação farmacêutica no momento da dispensação, expõe a população a riscos importantes. “Medicamento livre de prescrição não é isento de orientação.” • Tarja vermelha – aqueles em que a venda ocorre sob prescrição médica, porém sem retenção do receituário • Tarja vermelha e com os dizeres “Só pode ser vendido com retenção de receita” – aqueles em que a venda ocorre sob prescrição médica e com retenção do receituário • Tarja preta – aqueles sujeitos a controle especial em que a venda ocorre sob prescrição médica e notificação especial com retenção da receita RENAME Relação Nacional de Medicamentos Essenciais É uma lista oficial de medicamentos que deve atender às necessidades de saúde prioritárias da população brasileira. É um instrumento norteador para várias ações de assistência farmacêutica no SUS. Essa seleção de medicamentos essenciais é proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das estratégias da sua política de medicamentos para promover o acesso e uso seguro e racional de medicamentos. É utilizada como base para o desenvolvimento e criação das relações de medicamentos essenciais dos estados e municípios. (Sendo que, este último leva o nome de REMUME – Relação Municipal de Medicamentos Essenciais). Esta Relação é constantemente revisada e atualizada pela Comissão Técnica e Multidisciplinar de Atualização da Rename (Comare). A intenção da relação de medicamentos essenciais é proteger a saúde dos cidadãos, pois evita o uso de fármacos cuja eficácia terapêutica é duvidosa ou não comprovada por evidências científicas, cujo perfil de risco à saúde pode ser maior do que os benefícios propiciados, de associações de medicamentos sem justificativa clínica ou de duplicidade de fármacos para a mesma indicação clínica.
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