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POVO, CULTURA E RELIGIÃO (UNIFATECIE)

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Prévia do material em texto

Povo, Cultura
e Religião
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Dudatt
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.unifatecie.edu.br/site/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
DE SOUZA, Paulino Augusto Peres.
LIMEIRA, Nathalia Barbosa.
MANTOVANI, Marcos Roberto.
Povo, Cultura e Religião.
Paulino Augusto Peres de Souza.
Nathalia Barbosa Limeira
Marcos Roberto Mantovani
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2021. 76 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
AUTORES
Paulino Augusto Peres de Souza: Possui graduação em História, pela FAFIPA 
(Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras do Paraná). É especialista em Di-
dática e Tecnologia na Educação pela FATECIE (Faculdade de Tecnologia e Ciências do 
Norte do Paraná). É mestrando na UNESPAR de Campo Mourão (Universidade Estadual 
do Paraná) do programa de Pós-Graduação ProfHist. Atualmente é tutor do Núcleo de 
Educação à Distância na UNIFATECIE (Centro Universitário de Tecnologia e Educação do 
Norte do Paraná) e professor na Escola Fatecie Max e Colégio Fatecie Premium, desde 
2015, ministrando as disciplinas de História e Sociologia. Pesquisador nas áreas de Educa-
ção, Ensino, Tecnologia e Religião.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES
• Graduação em História pela Fafipa (Faculdade Estadual de Educação, Ciências e 
Letras do Paraná) de Paranavaí.
• Pós-graduação em Didática e Tecnologia na Educação pela FATECIE (Faculdade 
de Tecnologia e Ciência do Norte do Paraná).
• Mestrando em Ensino de História pela UNESPAR de Campo Mourão.
• Link do Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0165285728983866
Nathalia Barbosa Limeira: Possui graduação em Filosofia pela Universidade 
Estadual de Maringá (2004), graduação em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de 
Maringá (2015) e mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2011). 
Possui especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, pelo Centro Universitário 
de Maringá (2007) e EAD e as Novas Tecnologias, pela mesma instituição (2015). Atuou 
entre 2006 e 2007 como diretora do centro de educação infantil Paidéia. Atuou como 
professora da rede estadual de educação (SEED) ministrando aulas de Filosofia para o 
ensino médio, entre 2008 a 2013. Entre os anos de 2009 a 2011 atuou no Programa Mais 
Educação, realizado em Maringá, em parceria com o Sesi (Serviço Social da Indústria) e 
a prefeitura de Maringá, ministrando aulas para os anos iniciais do ensino fundamental. 
Nessa mesma época, atuou como tutora do curso de Pedagogia a distância, oferecido pela 
Universidade Estadual de Maringá, em parceria com a Universidade Aberta do Brasil. Entre 
2012 a 2015, foi professora mediadora do curso de Pedagogia, pelo Centro Universitário 
de Maringá. Na ocasião, atuou ministrando aulas para os cursos de EAD na graduação e 
na pós-graduação. Atuou ainda nesse período no Programa de Excelência na Educação 
Básica, programa desenvolvido pela UniCesumar, que atende, em média, 24 cidades. Entre 
os anos de 2013 a 2015 atuou como professora tutora no curso de Pedagogia, modalidade 
EAD, pela Sociedade Educacional Leonardo Da Vinci (atualmente incorporada a Króton). É 
embaixadora, desde 2014, da Khan Academy no Brasil, através do Instituto Lemann. Atuou 
como professora do curso presencial de Pedagogia na UNIFAMMA (União de Faculdades 
Metropolitanas de Maringá), entre os anos de 2015 e 2016. Nessa mesma época, assumiu 
a coordenação pedagógica da educação infantil do colégio Criarte. Em 2017 foi professora 
formadora do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), promovido pela 
Universidade Estadual de Maringá. Atualmente é professora da rede Marista de Solidarieda-
de, professora dos cursos de pós-graduação no UniCesumar e bolsista pela Universidade 
Estadual de Maringá, retornando à atuação de tutora do curso de Pedagogia a distância, 
desde 2017.
Marcos Roberto Mantovani: Técnico em Hospitalidade pelo SENAC (Serviço 
Nacional de Aprendizagem Comercial) desde 1988. Docente no SENAC entre 1989 e 2000. 
Graduado em História (1997), Mestre em Educação (2005), ambos pela UEM (Universidade 
Estadual de Maringá). Atuou como docente e coordenador do Curso Superior de Tecnologia 
em Gastronomia da UniCesumar, de 2004 a 2013. Nessa mesma instituição coordenou 
também duas pós-graduações - Docência em Gastronomia e Gestão em Gastronomia. 
Atualmente é coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia da Fadep, 
na cidade de Pato Branco, Paraná, onde leciona nas áreas de Tecnologia de Produção de 
Alimentos e Bebidas, História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e Educação no Ensino 
Superior.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
O homus religiosus existe? A religião é o ópio do povo? Deus está morto? É possível 
compreender as formas elementares da vida religiosa? Aqui tentaremos responder essas 
perguntas.
Nesta disciplina você encontrará:
Na Unidade I vamos estudar, primeiramente, o que é religião e sobre seus vários 
conceitos e como, através dela, o ser humano se abriu ao transcendente.
Já na Unidade II você irá conhecer os conceitos fundamentais do fenômeno re-
ligioso, compreender como é a dinâmica das estruturas religiosas e discutir as correntes 
teóricas da religião.
Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito das manifestações históricas e 
contemporâneas através das religiões históricas orientais e ocidentais e discutir as tendên-
cias atuais sobre os novos movimentos religiosos.
Em nossa Unidade IV vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com o tema 
Pluralismo, tolerância e diálogo inter-religioso por meio da compreensão do processo do 
pluralismo religioso e discutir a importância e urgência da tolerância. 
Aproveitamos para reforçar o convite a você, para, junto conosco, percorrer esta 
jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados 
em nosso material. 
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional!
 
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 7
Conceito de Religião
UNIDADE II ................................................................................................... 22
Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
UNIDADE III .................................................................................................. 40
Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
UNIDADE IV .................................................................................................. 59
Pluralismo, Tolerância e Diálogo Inter-Religioso
7
Plano de Estudo:
● Religião: conceituação
● Mas o que é religião?
● Abertura do ser humano ao transcendente
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender o amplo sentido de religião
● Discutir a religião como um fenômeno cultural
● Compreender a existência da diversidade religiosa
UNIDADE I
Conceito de Religião
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
8UNIDADE I Conceito de Religião
INTRODUÇÃOO fenômeno da religiosidade e da transcendência é algo que sempre instigou estu-
diosos das mais diversas áreas; compreender o incompreensível, o que não é metafísico. 
As mais remotas civilizações já cultuavam esse fenômeno e, no decorrer de toda a epopeia 
humana, até os dias atuais, a religião está associada às obras, conquistas, guerras e or-
ganizações sociais. Enfim, esse fenômeno em toda sua diversidade, constituiu e, muitas 
vezes, designou os rumos de diferentes povos.
Sobre um prisma antropológico para as relações humanas e, dentre elas a religião, 
é possível se aprofundar nessas relações como elas se dão nas suas diferenças culturais, 
históricas, econômicas, políticas e psicológicas.
Neste sentido, é necessário um esvaziamento dos valores pré-concebidos pelo 
pesquisador ou estudioso das religiões. Esses valores construídos na sua própria formação 
cultural e do saber antropológico, antes de ser um conjunto de conceitos, fundamenta a 
intervenção do pesquisador, e deve ser entendido como um exercício de buscar uma com-
preensão do novo.
Para Leenhardt (1987), o perigo desse processo é a perda da identidade do próprio 
antropólogo, ou seja, o pesquisador perder-se no referencial do outro pesquisado. Evitando 
isso, o pesquisador vive um dilema de se prender em seus valores éticos, o que, no caso, 
acaba por provocar uma situação de conflito interno, tendo como desafio se entregar a uma 
realidade diferente da sua, sem, contudo, que isso ameace seus valores pessoais.
No entanto, esse processo pode ser convertido na capacidade que lhe permita 
desenvolver seu próprio processo de reflexão, tendo por meio deste um desafio paradig-
mático imposto pela linha de pesquisa ou pela ciência escolhida para trilhar esse caminho 
investigativo.
Vencido esses desafios, nossa proposta nesta unidade é chegar à busca da signifi-
cação religiosa como parte da construção humana que busca um sentido para sua existên-
cia, uma significação que atravessa outras dimensões do ser, seja no universo cultural, da 
afetividade ou mesmo espiritual.
9UNIDADE I Conceito de Religião
1. RELIGIÃO: CONCEITUAÇÃO
Verificamos a religião dentro de um aspecto universal da cultura humana, ele está 
associado a outro fenômeno muito próximo, que é a magia. Basicamente todas as popula-
ções mundiais demonstram ter um conjunto de crenças e poderes sobrenaturais de alguma 
espécie.
Se as sociedades comumente desenvolvem normas de comportamento para ga-
rantir o bom funcionamento social, precavendo-se de problemas, estabelecendo controle 
sobre as relações humanas, verificamos que nas normas religiosas, a base está na incer-
teza da vida e, se tornam mais evidentes nos momentos de crise, enfermidades, morte, 
nascimento etc.
Utilizando dos cultos, rituais, sejam públicos ou privados, os homens, por meio de 
oferendas, cantos, sacrifícios e danças, tentam dominar ou mesmo conquistar coisas que 
fazem parte do universo, mas que não estão sujeitas a tecnologia.
Lembramos aqui também que, de acordo com Marconi e Presotto (2001), a religião 
é tão antiga quanto a humanidade, sendo observada já no Período Paleolítico Superior, 
com o homem de Neandertal, que enterrava seus mortos, com oferendas, demonstrando, 
assim, a crença no sobrenatural.
Para Mello (2008), quanto ao conceito de religião, muitas têm sido as definições 
apresentadas, muitos foram os estudos até agora, no entanto está longe de se chegar a um 
consenso.
10UNIDADE I Conceito de Religião
A Antropologia cultural já detém um bom lastro, conseguindo relacionar uma série 
de outros tópicos que se coadunam com a religião. No entanto é preciso tomar cuidado 
para que não ocorra um isolamento da religião, isso deve ocorrer somente como recurso 
metodológico e didático. Para Mello (2008, p. 390):
Não é fácil separar o parentesco da vida política nem econômica dos povos 
de pequena escala. Nas sociedades modernas torna-se bem mais fácil isolar 
as atividades, mas mesmo assim, sabe-se que no casamento, por exemplo, 
encontram-se aspectos jurídicos (contrato celebrado entre os cônjuges), as-
pectos religiosos (o matrimônio como casamento) e políticos, só para citar 
três setores da cultura. Essa inter-relação é mais evidente ainda entre os 
povos segmentares ou de pequena escala.
Significa entender que mesmo que o padrão religioso seja um fenômeno universal, 
existe, sem sombra de dúvida, uma grande variante no padrão comportamental.
De acordo com Marconi e Presotto (2001, p. 162),
Frazer, Durkheim, Marett, Mauss, Spencer, Lowie, Malinowski, Lévi-Strauss, 
Evans-Pritchard entre outros realizaram estudos analíticos e comparativos 
sobre religião. Os dados acumulados sobre as crenças e práticas são inúme-
ros de enfoques variados. Uns preocupando-se com o sobrenatural, com os 
sistemas de relação e ação, com função e origem da religião; outros, dando 
maior importância ora às crenças, ora às práticas.
Assim como Mello (2008) havia apontado anteriormente, muito longe está de se 
chegar a um consenso, no entanto, como vimos, vários enfoques acabam criando uma 
variedade de tópicos que podem ser estudados, aprimorando e ampliando, assim, o enten-
dimento desse fenômeno.
Existem alguns teóricos que diferenciam a religião e a magia, já para outros os 
comportamentos são mágicos religiosos, em outros termos: fundem magia e religião, como 
apontam Beals e Hoijer (1969, p. 589), “a religião é uma crença em seres sobrenaturais, 
cujas as ações relativas ao homem podem ser influenciadas a até dirigidas”.
Já Hoebel e Frost (1981), consideram a religião como a crença em seres sobrena-
turais e os consequentes modo e comportamento em virtude dessa crença.
Sendo assim, as crenças em poderes sobrenaturais ou misteriosos associam-se 
à veneração e sentimentos de respeito que são expostos em atividades públicas, também 
podendo ser reservados.
Chamamos a atenção para a consideração de Evans-Pritchard (1978, p. 153):
os fatos da religião primitiva devem ser explicados não em si mesmos, mas 
em relação com outros fatores, ou seja, com “aqueles que com ele formam 
um sistema de ideias e práticas e outros fenômenos sociais que se asso-
ciam”. Não é, portanto, um fato isolado, dentro da cultura. Liga-se à organiza-
ção social, política, econômica, atividades de lazer, estéticas, etc.
Sendo assim, notamos que a religião, de fato, é formada por um complexo sistema 
de crenças e práticas, na qual todas as sociedades detêm a sua visão de universo.
11UNIDADE I Conceito de Religião
2. MAS O QUE É RELIGIÃO?
O que é Religião? Religião é uma fé, uma devoção a tudo que é considerado sagra-
do. É um culto que aproxima o homem das entidades a quem são atribuídos poderes so-
brenaturais. É uma crença em que as pessoas buscam a satisfação nas práticas religiosas 
ou na fé para superar o sofrimento e alcançar a felicidade. Religião é também um conjunto 
de princípios, crenças e práticas de doutrinas religiosas, baseadas em livros sagrados, que 
unem seus seguidores numa mesma comunidade moral, chamada Igreja. 
Todos os tipos de religião têm seus fundamentos. Algumas se baseiam em diversas 
análises filosóficas, que explicam o que somos e porque viemos ao mundo. Outras se so-
bressaem pela fé e outras em extensos ensinamentos éticos. Religião, no sentido figurado, 
significa qualquer atividade realizada com rígida frequência. Exemplo: ir para a academia 
todos os dias, para ele é uma religião.
Cristianismo: vem da palavra Cristo, que significa Messias, pessoa esperada, o 
redentor. É uma doutrina que acredita que Deus é o criador do universo e de toda a vida 
do planeta. O Cristianismo é um desdobramento do Judaísmo. Todas as formas de cris-
tianismo obedecem às mesmas escrituras, veneram o Deus de Israel e consideram Jesus 
como o Cristo, Filho de Deus e Salvador da humanidade. O cristianismo tem na Bíblia o 
livro sagrado dos cristãos e na Igreja o local da pregação dos ensinamentos de Cristo, por 
meio de seus Sacerdotes. As principaisreligiões ligadas ao Cristianismo são o Catolicismo, 
a Ortodoxa e o Protestantismo.
12UNIDADE I Conceito de Religião
Catolicismo: é a religião dos cristãos, uma vertente do cristianismo, formado pela 
Igreja Católica Apostólica Romana, que tem seu centro no Vaticano e reconhece a autori-
dade suprema do Papa. O catolicismo é uma doutrina que, além do culto a Jesus, enfatiza 
o culto à Virgem Maria e a diversos Santos. A religião católica ou catolicismo tem a Bíblia 
como seu Livro Sagrado, e por meio dela transmite os ensinamentos do Evangelho de Cris-
to. O crucifixo é o símbolo maior do catolicismo, pois simboliza a cruz na qual Jesus Cristo 
morreu. O catolicismo é uma doutrina que acredita na preparação dos fiéis para a salvação 
de sua alma, que, após a morte, subirá ao paraíso, onde gozará o descanso eterno.
Religião ortodoxa: é uma doutrina que teve sua origem no cristianismo, com a divi-
são da Igreja Católica em Católica do Ocidente e Ortodoxa do Oriente. A Igreja Ortodoxa é, 
portanto, um ramo da Igreja Católica com pequenas diferenças em seus dogmas. A religião 
ortodoxa ou Igreja Católica Ortodoxa se define como a correta e verdadeira Igreja criada 
por Jesus Cristo, e que se manteve fiel à verdade, transmitida desde os Apóstolos até os 
dias de hoje. A Igreja Ortodoxa é formada por várias igrejas autônomas e Patriarcados auto-
céfalos, em que a autoridade suprema é uma junta governante, o Santo Sínodo Ecumênico. 
A unidade tem origem na doutrina, na fé, nos cultos e sacramentos. 
Protestantismo: é uma religião que adotou as doutrinas desenvolvidas na Europa, 
no século XVI, como resultado dos movimentos para reformar a Igreja Católica. O protes-
tantismo é um dos ramos do cristianismo que surgiu do movimento que rejeitou a autoridade 
romana e estabeleceu reformas nacionais em vários países do norte da Europa, como o 
Luteranismo, na Suécia e parte da Alemanha, o Calvinismo, na Escócia e em Genebra, 
e o Anglicanismo, na Inglaterra. Protestantes seriam, então, aquelas igrejas oriundas da 
Reforma, que, apesar de surgirem posteriormente, obedecem aos princípios gerais do 
movimento reformista.
Judaísmo: é a religião dos judeus. É a mais antiga das religiões monoteístas do 
mundo. O judaísmo acredita na existência de um único Deus, que criou o universo. De 
acordo com algumas correntes do Judaísmo, Jesus Cristo foi um bom professor e para 
outros foi um falso profeta. Ao contrário do Cristianismo, o Judaísmo não vê Jesus como 
Filho de Deus, enviado para salvar o ser humano. Por esse motivo, os crentes no Judaísmo 
esperam até hoje pelo enviado de Deus para salvação do povo.
O judaísmo é um modo de vida, associando a uma combinação de fé e convicções 
religiosas. O judaísmo é uma religião da família e grande parte da fé judaica é baseada nos 
ensinamentos recebidos no lar. O Torá ou Pentateuco é considerado o livro sagrado dos 
judeus. Os cultos judaicos são realizados nas sinagogas e são comandados por um rabino. 
13UNIDADE I Conceito de Religião
O símbolo sagrado é o Menorá, um candelabro com sete braços, que representa a luz e 
inspiração divina que se propagam no mundo.
Islamismo: Islã é uma palavra árabe que significa submissão, aqueles que obede-
cem a Alá. Seus seguidores são chamados de islâmicos (aqueles que se submetem) ou 
ainda de muçulmanos (aqueles que seguem). O islamismo foi fundado pelo profeta Maomé, 
nascido em Meca, por volta de 570, na Arábia Ocidental. O que aceita a fé do islamismo é 
chamado de muçulmano. O livro sagrado é o Corão (Recitação), onde a palavra de Deus 
foi revelada ao profeta Maomé. Seus templos são chamados de mesquitas.
14UNIDADE I Conceito de Religião
3. A ABERTURA DO SER HUMANO AO TRANSCENDENTE
Para compreendermos esse processo, é necessário que compreendamos a con-
dição humana na natureza, sua forma de ver e de agir, primeiramente como parte dela (a 
natureza) e, posteriormente, de sua ação sobre ela (cultura). São dois momentos distintos, 
no primeiro, o homem natural tem uma condição muito próxima a de outros animais, sendo 
ele nada mais que um elemento da natureza em que está contido como elemento integrado. 
No segundo momento é que se criaram todas as condições de transformação que esse 
mesmo homem acaba por impor na natureza. Nesse momento, ele deixa de ser parte inte-
grada e se transforma em elemento que impõe ações, inclusive de compreensão e domínio 
dessa natureza.
De acordo com Pannenberg (2008), o entorno caracteriza a sua alteridade. Ele 
converte a natureza bruta em cultura e substitui
no processo da história, criações culturais por outras. Pode-se dizer que a 
linguagem e a razão expõem o sentido da realidade, marcando a peculiari-
dade biológica do ser humano, como também da cultura de um modo geral. 
Linguagem e razão orientam o ser humano a transcender o estado de natu-
reza, logo elas estão em estreita relação com a cultura no seu sentido mais 
profundo, mostrando-se fundamentais para todos os domínios da cultura 
(PANNENBERG, 2008, p. 11).
Conforme visto, é possível dizer que a vida em grupo, por si só, não explica o 
traço humano, mas sim o conceito de cultura, considerando, assim, os hábitos, sistemas de 
aprendizagem, os materiais, entre outros elementos produzidos no contexto cultural.
15UNIDADE I Conceito de Religião
Para Pannenberg (2008), a cultura transcende a si mesma em um movimento 
espiritual, abrindo espaço para o dado religioso. Nesse caso, a “transcendência da cultura” 
ocorre a partir do momento em que o ser humano tem a possibilidade ou a capacidade de 
participar de realidades que irão extrapolar o mundo concreto, tendo acesso a um universo 
do simbólico, caracterizado pelo inexprimível.
Pannenberg (2008) considera importantes a história e a questão simbólica quando 
se fala de cultura. Segundo esse autor, é o espaço em que a religião passa ter seu lugar na 
formação da cultura.
Seria importante analisarmos o papel da linguagem na formação da cultura:
essa forma, a linguagem, o mito, a arte e a religião constituem partes do 
universo simbólico do ser humano. Ao indivíduo cabe ir contribuindo para a 
atualização dos dados da cultura, mas mesmo assim, ele não tem um domí-
nio completo do acontecer cultural, uma vez que as instituições já são dadas 
como valores de antepassados (MIRANDA, 2012, p. 68).
Como percebemos, segundo esse contexto, é possível identificar a superioridade 
da sociedade agindo sobre o indivíduo, ou seja, unitariamente somos resultados dos pro-
cessos da memória e sua reprodução do coletivo.
Nesse processo, cito o mito como gênero que detém uma grande influência no 
processo de formulação cultural, levando em conta que ele traz embutido em si uma racio-
nalidade própria e alicerça o sentido para uma ordem social cósmica.
Segundo Pannenberg (2008), a cultura é, assim, criada e criadora, ela possui uma 
força supraindividual que transcende o ser humano como indivíduo. Então, como expõe o 
autor, o acervo histórico da cultura seria o elemento chave para a compreensão do homem 
sobre a realidade.
O indivíduo chega à realidade, a lê e a interpreta. Dessa forma a experiência 
efetiva da realidade, feita na comunidade e nos confrontos com os dados 
passados, possibilita a atualização da cultura. É um contexto em que se pode 
falar de jogo cultural, funda-se o espaço onde os indivíduos fazem a inter-
pretação do mundo comum e, ao mesmo tempo constroem a sua identidade 
pessoal (PANNENBERG, 2008, p. 26).
Compreendemos que a representação simbólica contextualizaria a superação dos 
limites, das angústias, dos males e outros elementos que causam sofrimento presente na 
natureza. Isso gera uma espécie de “ordem” para as coisas, ou melhor dizendo, funda a 
ordem do mundo, tendo como pano de fundo o pleno sentido de tudo.
Quando o homem funda a cultura, ele tem por finalidade o domínio da natureza que 
o rodeia. Faz isso para superar os limites que os atingia. Quando a cultura transcende, abreespaço para o pensamento religioso. Este, por sua vez, traz embutido em si a necessidade 
humana da superação da sua finitude, ou seja, do seu relacionamento com a morte.
16UNIDADE I Conceito de Religião
De acordo com Pannenberg (2008), a dimensão religiosa entra na cultura quando 
o ser humano não mais se contenta com sua vida meramente física e mortal. É o momento 
em que ele se vê como ser religioso e como ser espiritual.
Nessas condições, esse homem se sente dotado de liberdade e vontade, sendo ele 
capaz de se lançar livremente em busca de respostas muito mais profundas acerca de sua 
existência.
Reafirmamos aqui, como ponto fundamental, a experiência e a tomada de cons-
ciência da realidade em que o homem vive. Para Pedrosa de Pádua (2010), dentro dessa 
consciência, o homem, ao tratar da “realidade simbólica”, não se conforma com um mero 
“estar” no mundo, mas se preocupa também em dominar e melhorar o seu entorno. Logo, 
a ação humana é um exercício de interpretação, por meio da qual dá sentido às coisas 
existentes ao seu redor.
Esse processo interpretativo tem por origem a imaginação, ação que dá condições 
capazes de transformar a realidade física e (re)significá-la, dando a ela um sentido mais 
vivencial.
De acordo com Pedrosa de Pádua (2010), a partir da imaginação uma pedra deixa 
de ser pedra para se transformar, com a técnica, num machado, que, por sua vez, pode 
ser imaginado como capaz de cortar árvores, que, por sua vez, podem ser utilizadas para 
construir canoas, casas, represas, arcos e flechas e tantos outros utensílios para os grupos 
humanos.
Assim, a imaginação consegue desenvolver sempre novas realidades, partindo de 
algo já existente. Vejamos um exemplo disso na fundamentação de Lévi-Strauss (2010), 
que acrescenta a ideia de uma ordenação de elementos básicos que podem ser percebidos 
na forma de oposições binárias (o cru e o cozido, o dia e a noite, o bem e o mal).
Nessa ideia de Lévi-Straussiana, observamos que a lógica de tal princípio é univer-
salista, partindo da ideia de que a representação da realidade é independente, seja qual a 
forma que venha a tomar, pois tem sempre a mesma fundamentação.
O real é imutável e o que aparece como particular e próprio de uma cultura é fruto 
da interpretação desse real (LÉVI-STRAUSS, 2010). Portanto, tal ideia, que não tem muita 
ligação ou a mesma configuração do estruturalismo de Lévi-Strauss, pode também ser vista 
e interpretada pela Fenomenologia da Religião na sua concepção de uma essência própria 
da religiosidade, que atravessa, inclusive, o processo histórico e cultural.
17UNIDADE I Conceito de Religião
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade pudemos verificar quão difícil e amplo pode ser o significado de 
religião. Sobre um prisma antropológico para as relações humanas e, dentre elas a religião, 
é poder aprofundar nessas relações como elas se dão nas suas diferenças culturais, histó-
ricas, econômicas, políticas e psicológicas.
Nesse sentido, é necessário um esvaziamento dos valores pré-concebidos pelo 
pesquisador ou estudioso das religiões. Esses valores construídos na sua própria formação 
cultural e do saber antropológico, antes de ser um conjunto de conceitos que fundamenta 
a intervenção do pesquisador, deve ser entendido como um exercício de buscar uma com-
preensão do novo. Verificamos a religião dentro de um aspecto universal da cultura humana, 
ele está associado a outro fenômeno muito próximo que é a magia. Basicamente, todas as 
populações mundiais demonstram ter um conjunto de crenças e poderes sobrenaturais de 
alguma espécie.
Para compreendermos esse processo, é necessário que compreendamos a con-
dição humana na natureza, sua forma de ver e de agir, primeiramente como parte dela (a 
natureza) e, posteriormente, de sua ação sobre ela (cultura).
Verificamos que a “transcendência da cultura” ocorre a partir do momento em que 
o ser humano tem a possibilidade ou a capacidade de participar de realidades que irão 
extrapolar o mundo concreto, tendo acesso a um universo do simbólico, caracterizado pelo 
inexprimível.
Compreendemos que quando o homem funda a cultura ele tem por finalidade o do-
mínio da natureza que o rodeia. Faz isso para superar os limites que o atingia. É justamente 
quando a cultura transcende, que abre espaço para o pensamento religioso. Este, por sua 
vez traz, embutido em si a necessidade humana da superação da sua finitude, ou seja, do 
seu relacionamento com a morte.
Esse processo interpretativo tem por origem a imaginação, ação que dá condições 
capazes de transformar a realidade física e (re)significá-la, um sentido mais vivencial.
Sendo assim, notamos que a religião, de fato, é formada por um complexo sistema 
de crenças e práticas, em que todas as sociedades detêm a sua visão de universo.
18UNIDADE I Conceito de Religião
SAIBA MAIS
Os povos islâmicos espalhados pelo mundo são confundidos com os árabes, mas árabe 
é uma etnia, um povo que surgiu na península arábica, já o islamismo é uma religião, 
que surgiu no meio do povo árabe, no século VII d.C. Portanto, é possível ser islâmico 
sem, necessariamente, ser árabe.
Fonte: os autores.
REFLITA
“Sempre que a moralidade se baseia na teologia, sempre que o correto se torna de-
pendente da autoridade divina, as coisas mais imorais, injustas e infames podem ser 
justificadas e estabelecidas”
(Ludwig Feuerbach).
19UNIDADE I Conceito de Religião
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 1
Título: Introdução ao Estudo Comparado das Religiões
Autor: Aldo Natale Terrin
Editora: Paulinas
Sinopse: Faltava, na bibliografia brasileira, um livro de introdução 
amplo, objetivo e sério sobre a diversidade religiosa que hoje se 
observa no mundo globalizado, encarando não apenas os fatos 
religiosos em si, por meio da história e na pluralidade de suas 
expressões culturais, mas procurando analisar a significação que 
possa ter cada uma das manifestações religiosas do passado e 
do presente, numa perspectiva humanista e cristã é o que nos 
proporciona essa introdução ao estudo comparado das religiões.
LIVRO 2
Título: O que é religião? A visão das ciências sociais
Autor: Donizete Rodrigues
Editora: Santuário
Sinopse: O livro foi articulado de forma a ser uma espécie de 
manual sobre os principais conceitos de religião oferecidos pelas 
ciências humanas e sociais. A obra traz, de forma objetiva, as 
respostas para a pergunta: o que é religião? Alia a simplicidade à 
erudição, citando obras de pensadores clássicos e contemporâ-
neos que, de forma notável, vão esclarecendo o texto, tornando-o 
didático, de fácil e prazerosa leitura.
LIVRO 3
Título: Religiosidade no Brasil
Autor: João Baptista Borges Pereira
Editora: Edusp
Sinopse: Os artigos que compõem este livro versam sobre a diver-
sidade religiosa brasileira, que expressa a realidade sociocultural 
brasileira. Os ensaios foram publicados na Revista USP, integran-
do o dossiê Religiosidade no Brasil, que se esgotou rapidamente, 
número temático que reuniu estudiosos de várias partes do país. 
Esta coletânea reproduz integralmente o dossiê da Revista, acres-
cida de artigos que não constaram na edição original por vários 
motivos, como os textos de Augustin Vernet, Suzana Ramos Cou-
tinho Bornholdt e de João Baptista Borges Pereira. O organizador 
do livro aponta que esse painel inclui desde religiões étnicas até as 
autoproclamadas religiões universais, passando pelas rotuladas 
religiões etnicizadas, características de um país de imigração.
20UNIDADE I Conceito de Religião
LIVRO 4
Título: Protestantismo Tupiniquim
Autor: Gedeon de Freire Alencar
Editora: Recriar
Sinopse: Dez anos depois da primeira edição muita coisa mudou. 
Mas muitas permaneceram iguais. Ou piores. O campo religio-
so protestante é cada vez mais plural e emblemático. Cada dia 
mais difícil estabelecer algum padrão de avaliação, uma tipologia 
minimamente razoável que dê conta das idiossincrasias internas 
do grupo. Na atualidade são quantitativamentefortes, qualitativa-
mente diversos, teologicamente misturados e sociologicamente 
difusos. Bem tupiniquins, aliás. Um século atrás era fácil delimitar 
o mundo protestante, porque era pequeno e homogêneo. Agora, 
não mais. Conquanto, continuo convencido que minha tipologia 
do Protestantismo Tupiniquim ainda é válida. Continuo firme em 
minhas hipóteses, por isso mesmo: hipóteses.
FILME/VÍDEO
Título: Lutero: gênio, rebelde, liberador
Ano: 2003
Sinopse: Após quase ser atingido por um raio, Martim Lutero (Jo-
seph Fiennes) acredita ter recebido um chamado. Ele se junta ao 
monastério, mas logo fica atormentado com as práticas adotadas 
pela Igreja Católica na época. Após pregar em uma igreja suas 
95 teses, Lutero passa a ser perseguido. Pressionado para que 
se redima publicamente, Lutero se recusa a negar suas teses e 
desafia a Igreja Católica a provar que elas estejam erradas e con-
tradigam o que prega a Bíblia. Excomungado, Lutero foge e inicia 
sua batalha para mostrar que seus ideais estão corretos e que eles 
permitem o acesso de todas as pessoas a Deus.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=PlP-Xt4LLNg
FILME 2
Título: O Nome da Rosa
Ano: 1986
Sinopse: Em 1327, William de Baskerville (Sean Connery), um 
monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um novi-
ço, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de 
Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a 
Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada 
por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de 
Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante 
intrincado, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do 
Demônio. William de Baskerville não partilha dessa opinião, mas 
antes que ele conclua as investigações, Bernardo Gui (F. Murray 
Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para 
torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assas-
sinatos em nome do Diabo. Como não gosta de Baskerville, ele é 
inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente 
influenciados. Ests batalha, junto com uma guerra ideológica entre 
franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos 
assassinatos é lentamente solucionado.
 Link: https://www.youtube.com/watch?v=uqL7gn13JoQ
21UNIDADE I Conceito de Religião
FILME 3
Título: As Aventuras de Pi
Ano: 2001
Sinopse: Se você não assistiu este filme cheio de efeitos espe-
ciais incríveis e que foi super premiado, talvez não faça ideia de 
que ele fala de religiões sim. Na história, o garoto Pi é em muitos 
momentos exposto a três religiões e decide abraçar todas elas: o 
cristianismo, o islamismo e o hinduísmo. A primeira surge por con-
ta de uma brincadeira feita na igreja; a segunda por curiosidade; 
e a terceira por sua herança indiana, e o menino decide ter todas 
porque vê coisas interessantes nas três.
FILME 4
Título: Homens e Deuses
Ano: 2010
Sinopse: Se você busca um filme sobre a religião muçulmana, 
essa é uma boa pedida. O filme Homens e Deuses conta a história 
de um grupo de monges trapistas que vivem entre a população 
muçulmana na Argélia. Eles passam por uma guerra civil e pre-
cisam decidir entre permanecer com a comunidade ou fugir dos 
terroristas.
WEB
Link: https://www.youtube.com/user/canalcaiofabio/videos
Canal do Youtube: Caio Fábio
Apresentação: se você está atrás de um canal que trata a religião de forma crítica, 
esse canal é de Caio Fábio, destaque na religiosidade brasileira desde a década de 1980. 
Durante essas décadas vem gerando surpresa por suas opiniões que, muitas vezes, diver-
gem dos líderes religiosos tradicionais.
22
Plano de Estudo:
● Elementos constitutivos do fenômeno
● Teorias da religião
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer os principais fundamentos do fenômeno religioso
● Compreender como é a dinâmica das estruturas religiosas
● Discutir as correntes teóricas da religião
UNIDADE II
Conceitos Fundamentais 
do Fenômeno Religioso
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
23UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
INTRODUÇÃO
O que constitui a religião? Para uns a religião é fé, outros afirmam ser algo que o 
religa ao divino, há aqueles estudiosos que dizem ser totem e tabu. Diante tantas formas 
de pensar a religião não sabemos se podemos ser considerados um homus religiosus, mas 
sabemos que somos construídos pela religiosidade
Responder o que é religião é um tanto quanto complexo pela abrangência do tema. 
No entanto, nesta unidade, nossa meta é trazer para você como é constituída uma religião, 
suas normas, seus cultos, objetos e locais sagrados. Também que são os responsáveis 
pelos cultos religiosos e a função da religião. Em seguida discutiremos um tema fundamen-
tal para compreender a religiosidade. As teorias da religião vão nos fornecer dados para 
compreendermos de maneira psicológica e sociológica o fenômeno em si.
24UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
1. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO FENÔMENO
Quando analisamos o fenômeno religioso, é mister observar dois elementos, a 
crença e o ritual. Um deve complementar o outro, ou seja, a crença, na verdade, precisa 
ser complementada com a prática.
Vejamos o significado de cada um desses dois elementos. Comecemos pela cren-
ça ou fé. Tal ato consiste em um sentimento de respeito, confiança, reverência, submissão 
frente ao sobrenatural, ao desconhecido. Como expõem Marconi e Presotto (2001, p. 193):
Pode-se dizer que é o desejo de aceitar qualquer coisa, provocada por algo 
misterioso, mas sem demonstração ou prova tangível. Seria a aceitação vo-
luntária de uma ordem e coisas que não pode ser provada pela lógica ou pe-
los sentidos. O indivíduo reconhece e aceita a superioridade do sobrenatural.
Podemos afirmar que as crenças religiosas se baseiam na existência de seres 
supremos, de algo superior, algo que seja sobre-humano, o que é de suma importância 
para o apelo emocional, mas também intelectual.
O outro elemento que nos referimos no início se trata do ritual ou da prática. É uma 
manifestação dos sentimentos comungados por um ou vários indivíduos, seja em qualquer 
meio, através de uma ação:
Embora de caráter religioso ou mágico, não é tão persistente quanto o culto. 
Consiste em um tipo de atividade padronizada, em que todos agem mais ou 
menos do mesmo modo, e que se volta para um ou vários deuses, para seres 
espirituais ou forças sobrenaturais, com uma finalidade qualquer (MARCONI; 
PRESOTTO, 2001, p. 163).
25UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Dessa maneira, verifica-se um comportamento tradicional em que podemos notar, 
de maneira explícita ou implícita, ideias, crenças, sentimentos e atitudes comungadas pelos 
praticantes.
Para Mair (1972), em todas as sociedades ágrafas ou de tecnologia simples há 
sempre um conjunto de crenças relacionadas a diferentes práticas, rituais que variam de 
uma cultura para outra. II - Povo cultura e religião
O importante em se ressaltar e discutir nos dois elementos apontados, é que am-
bos se ligam ao sobrenatural, ou seja, tudo aquilo que foge aos sentidos concretos da 
humanidade, que escapa à compreensão do homem, à sua possibilidade de observação é 
compreendido como “sobrenatural”. Dessa maneira, tal manifestação não obedece às leis 
naturais ou da física, portanto se posicionando em uma outra dimensão.
Para Geertz (1989), o sobrenatural pode ser considerado o cerne da religião, a 
base dos sistemas religiosos. Não há como comprová-los cientificamente ou por meios 
mecânicos.
Os seres imaginados pelo homem são muitos, como exemplo:
A. Seres – deuses, anjos, santos, demônios, fadas etc.;
B. Entidades – espíritos, almas;
C. Forças – Espírito Santo, mana;
D. Almas dos mortos ou espectros.
De acordo com Mair (1972), os seres espirituais são considerados bons (anjos), 
maus (demônios), neutros (duendes).Residem nos mais diferentes lugares: céu, inferno, 
montanhas, florestas etc.
No caso das forças ou poderes sobrenaturais, de maneira geral, não pessoal, estão 
no universo, sendo invisíveis e independentes de seres sobrenaturais determinados. Já a 
questão das almas dos mortos ou espectros, são
Liberadas do corpo após a morte, interessam-se pelos vivos e continuam 
sendo membros da sociedade. Podem ser benéficas ou maléficas e possuí-
rem muitas funções e característica dos espíritos, mas diferem deles quanto 
à origem e afinidade com os seres vivos e, assemelham- se a estes nos 
sentimentos, emoções, apetites e comportamentos (MARCONI; PRESOTTO, 
2001, p. 164).
Se nos atentarmos, muitas das ações praticadas e a forma como ocorrem se apro-
ximam da maneira como os seres vivos efetuam em seu dia a dia, nos parecendo uma 
repetição em outro plano.
26UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
O Sobrenatural, em geral, está associado ao Culto. Esse ato, na verdade uma série 
de atos, está contido na comunicação ou na veneração dos seres sobrenaturais. O culto 
em si consiste em um conjunto de rituais, de crenças e divindades, associados a objetos, 
lugares específicos, oficiantes e crentes. O culto pode variar em sua organização, em sua 
estrutura e na realização, no tempo e espaço. Em geral, cultuam-se espíritos antepassa-
dos. Dentro dos cultos podemos identificar objetos sagrados que fazem parte do ato; os 
objetos, por sua vez, podem ser adorados, venerados ou utilizados no processo ritual, 
compreendendo imagens, objetos rituais, máscaras etc. Como apontam Marconi e Presotto 
(2001, p. 165), eles podem ser:
A. Objetos – são representações de uma divindade, um espírito, um deus, 
através da escultura, da pintura, do desenho, etc. Podem ser antropomórfi-
cas (forma humana), zoomórficas (forma animal), antropozoomórficas (forma 
humana e animal) ou amorfas, ou seja sem forma determinada. Ex: deuses 
egípcios, orixás de Candomblé, ídolos de sociedades tribais, etc.
B. Objetos rituais – englobam tanto objetos de uso comum (armas, uten-
sílios, roupas) utilizados nos cultos, quando especialmente confeccionados 
para determinados rituais (tambores, bastões, vasos, etc.). Ex: atabaques, 
colares, trajes de Umbanda, indumentárias, etc.
C. Máscaras - incluem tanto as de cabeça quanto as de todo corpo, usadas 
como disfarce nos mais diversos rituais. Simbolizam autoridade, prestígio ou 
tem efeitos medicinais. Podem ser simples ou artisticamente ornamentadas, 
tomar diferentes formas e representar homens, animais ou seres sobrenatu-
rais. Ex: dança do cervo (México), palhaços de Folia de Reis (Brasil).
 Tais imagens ou mesmo os objetos dos rituais podem ser compreendidos como 
morada temporária das entidades sobrenaturais, logo, recebem o tratamento cerimonial 
específico.
Verificamos também nos cultos diferentes forma de rituais, estes são atos religiosos 
e podemos defini-los como o canto, a dança, a reza, a oferenda de coisas, sacrifícios. 
Esses atos podem aparecer em três formas principais: oração, oferenda e manifestações:
A. Oração ou prece – invocação oral dirigida a seres sobrenaturais, feita pe-
los adeptos do culto, guiada ou não pelos oficiantes. Pode ser de louvação, 
petição, súplica, agradecimento ou propiciatória (para apaziguar a ira dos 
deuses). É uma técnica básica de relacionamento com o sobrenatural: ati-
tude de subordinação. Realiza-se em determinado momento, sendo acom-
panhada de prostrações, posturas específicas (ajoelhada, sentado, de pé, 
curvado), de movimentos (danças, palmas, sapateados) e de música. Pode 
ser simples ou elaborada, curta ou longa, casual ou formalizada, específica 
ou geral. As canções podem substituir as orações faladas.
B. Oferenda – consiste em ofertar alguma coisa aos seres sobrenaturais: fru-
to de colheitas, parte da caça, da pesca ou da coleta; objetos de valor (jóias, 
armas, utensílios), flores, comidas, bebidas, etc. Animais e até seres huma-
nos, são muitas vezes, sacrificados seus corpos oferecidos às divindades. No 
caso de animais, pode se oferecer: apenas o sangue e a gordura; toda car-
27UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
ne; preparada e cozida, colocada em um lugar especial; o animal totalmente 
queimado em um altar; o animal vivo.
C. Manifestações – consistem em uma série de atos ou movimentos rítmicos 
(danças, mímicas, dramatizações), procissões, geralmente acompanhadas 
de cantos e música (MARCONI; PRESOTTO, 2001, p. 166).
 Frisamos que nem todas as vezes a comunidade geral pode participar dos cultos, 
nesses momentos somente os oficiantes é que participam, em outros é aberto a todos os 
membros. Outros elementos podem ser sujeitos a regras específicas, ligados a idade ou ao 
sexo. Como no caso de mulheres ou crianças não poderem participar ou mesmo estar no 
local do culto. Essas regras variam e se fundamentam dentro de cada dogma em específico. 
Pode ter a ver com proibições justificadas, mas também pode ter ligação com o tipo de rito.
Os ritos são cerimônias com determinadas funções e podem ser propiciatórios, de 
passagem ou transição e de iniciação.
Os ritos propiciatórios estão ligados à súplica e à benevolência dos seres espiri-
tuais. De acordo com Mair (1972), realiza-se uma cerimônia no sentido de levar as forças 
sobrenaturais a atender às necessidades de dada população.
Por esse rito podemos citar como exemplo o sucesso na colheita, abastecimento 
de alimentos em geral, questões ligadas à saúde e sobrevivência, a chuva em períodos de 
estiagem, início de atividades coletivas, como a pesca etc.
Um outro rito muito importante e que tem grande impacto na vida dos crentes é o 
de passagem ou transição. Segundo Geertz (1989), se trata de um complexo de rituais e 
é realizado por ocasião da passagem dos indivíduos de um estado social para outro. Tra-
duzindo, quando ocorre uma importante mudança no status social. Relacionamos quatro 
tipos, expostos no quadro a seguir:
Quadro 1 - Passagem e/ou transição
• Nascimento – ritual realizado quando a criança nasce, a fim de purificar a mãe e 
o filho, tornando-o forte, rico e para obter proteção dos espíritos; receber um nome.
• Puberdade – prática dedicada aos jovens que atingem a fase da puberdade, ou 
seja, quando estão aptos à procriação. O ritual pode incluir danças, isolamento, 
proibições, jejuns, missões (caça). Há ritos de passagem para ambos os sexos.
 • Matrimônio – atividade socialmente aprovada, relativa ao casamento. Inclua sua 
promulgação e todas as festividades próprias do casamento.
28UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
• Morte – ritual realizado por ocasião da morte de alguém. Quanto mais elevado o 
status de uma pessoa mais demorada e prolongada será a cerimônia ou funeral. 
Há choros, danças, cantos, lamentações, escarificações no corpo (para ressusci-
tar o morto), comida, bebidas etc.
Fonte: Geertz (1989, p. 122).
Um outro rito também, não menos importante, é o de iniciação, nesse tipo de ceri-
mônia vários são os motivos, desde a passagem de idade para a vida adulta, quando são 
promovidas festividades que podem durar dias ou semanas, incluindo atividades variadas, 
comidas etc. Nele o homenageado deve mostrar destreza, maturidade, capacidade etc. 
Existem, ainda, outros motivos, como mudança de status dentro do grupo.
Um tema que devemos citar aqui dentro dos ritos é sobre os métodos utilizados no 
culto, dentre eles podemos citar o Ordálio e a adivinhação.
Ordálio é um método ritual que comprova um testemunho. Segundo Mair (1972, p. 
198), o mestre religioso recorre a poderes sobrenaturais a fim de saber se uma acusação 
é verdadeira ou falsa:
Para obter uma resposta ele submete o litigante a testes físicos (veneno, 
fogo), muitas vezes perigosos, que podem ferir ou matar o trapaceiro. Se ele 
sair ileso, está comprovada sua inocência. O teste, às vezes, é administrado 
em um animal, em vez de em um ser humano.
Já no método da adivinhação,o chefe religioso utiliza a adivinhação para conseguir 
um veredicto ou juízo, um conhecimento prévio sobre o futuro ou o desconhecido. Como 
apontam Marconi e Presotto (2001), o adivinho estuda as evidências (incompletas) apre-
sentadas em várias manifestações ou sinais. Segundo os autores são dois os métodos 
utilizados:
1. Quando o adivinho manipula diferentes objetos como ossos, couros, bú-
zios, conchas, vísceras de animais ou de pessoas mortas;
2. Quando ele se transforma em veículo do ser espiritual, falando e seu nome. 
Ex.: interpretação dos sonhos entre os índios Xavantes (MARCONI; PRESO-
TTO, 2001, p. 168).
Esses métodos apresentados são praticados exclusivamente pelos oficiantes, 
estes são, na verdade, como se fossem profissionais de determinado conhecimento sobre-
natural, aptos para falar em nome de ou invocar os espíritos e todos os rituais que sejam 
necessários. São eles: sacerdotes, chefes religiosos, especialistas, oráculos (peritos) etc.
Para melhor compreender o perfil de cada um dos oficiantes, preparamos o quadro 
resumo das funções:
29UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Quadro 2 - Funções na religião
A. Sacerdote – indivíduo preparado e consagrado desde a infância. Os cargos que 
ocupa são hereditários ou acidentais. Nesse caso, um incidente qualquer, por exem-
plo, uma doença pode ser um indicativo de que o indivíduo foi escolhido pelos espí-
ritos. A função do sacerdote requer longos anos de aprendizagem e de experiência 
para conhecer ao máximo crenças, rituais e adquirir certo grau de aptidão. Todos po-
dem exercer, assim, essa função de ministro religioso, cuja autoridade sobrenatural 
lhe foi conferida através do culto.
B. Reis adivinhos – pessoas que não só realizam cultos, mas também são objetos 
de culto, por serem considerados semideuses. Sua vida, alimentação, sono e outras 
atividades pessoais são reguladas por diferentes rituais, sendo que, muitas vezes, 
nem a morte pode ser natural.
C. Chefes ou ministros religiosos – indivíduos com qualificações para lidar com o sobre-
natural, recebendo bom preparo sobre rituais e crenças, mas que não são sacerdotes. 
Precisam ter aptidão e habilidades especiais e isolar-se, durante certo tempo, das ati-
vidades de produção alimentícia.
D. Especialistas – são os peritos em algumas atividades (caça, pesca, horticultura, agri-
cultura, construções de canoas, habitações, guerra etc.) e responsáveis pelos rituais 
necessários ao bom empreendimento delas.
E. Oráculos – são pessoas capacitadas para obter o conhecimento de agentes sobre-
naturais. Frequentemente são associados a determinado culto, mas são consultados 
inclusive por indivíduos de outros cultos.
Fonte: Marconi e Presotto (2001)
Esses oficiantes, em geral, permanecem em lugares específicos e podem, em 
grande parte dos casos, permanecer nos santuários, onde também é sua moradia. Os 
santuários são construções consideradas sagradas, onde se realizam cultos, rituais e ceri-
mônias. Esses locais tanto podem ser vazios ou comportar elementos constitutivos, desde 
mobiliário específico, objetos de culto, constituindo morada fixa ou temporária dos deuses 
e dos espíritos. Além dos santuários podemos também destacar os lugares sagrados, que 
podem compreender acidentes geográficos, vistos como morada dos espíritos ou deuses, 
e servem de peregrinação para os crentes. Como exemplos podemos citar: rios, lagos, 
picos, montanhas etc. Esses lugares são visitados em ocasiões especiais, na celebração 
de cerimônias, rituais, orações etc.
30UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Raymond Firth (1974, p. 258) complementa nossa compreensão da função social 
da religião afirmando que consistem em:
a. em elemento forte e positivo na composição e organização da vida social;
b. No estabelecimento da autoridade para a crença e para a ação;
c. Na provisão de significação para a ação social, fornecendo padrões e or-
dem [...] e permitindo a interpretação em termo de fins últimos;
d. A expressão de conceitos e criação estética e de imaginação;
e. Em força e ajustamento social.
Quando observamos o fenômeno religioso de forma geral, podemos afirmar que 
ele reforça e mantém os valores culturais, ressaltando que esses mesmos valores estão 
ligados ao comportamento ético e moral.
De acordo com Marconi e Presotto (2001), sustenta e incute normas particulares 
de comportamento culturalmente aprovadas, exercendo, até certo ponto, poder coercitivo.
Além disso, podemos dizer também que auxilia na conservação de conhecimentos 
a serem transmitidos, através das cerimônias, levando em conta os procedimentos e nor-
mas de conduta de uma sociedade, que são fundamentais em determinadas culturas. 
31UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
2. TEORIAS DA RELIGIÃO
Nossa intenção neste tópico não é a de discutir todas as teorias apresentadas até 
os dias atuais sobre o fenômeno religioso. No entanto apresentaremos um breve esboço 
do que consideramos mais substancial. Trataremos de duas linhas teóricas, a psicológica 
e a sociológica. As teorias psicológicas, segundo Mello (2008), de alguma forma procuram 
explicar o fenômeno religioso a partir dos sentimentos. Em geral, tem um caráter mais 
intelectualista e sofrem a influência da psicologia associacionista, como na maneira como 
explicita Evans-Pritchard (1978).
Para Mello (2008, p. 395) “Figuram na relação apresentada das teorias psicológicas 
apresentadas por Evans-Pritchard, entre outras as seguintes: a escola do mito natural de 
tradição alemã, a crença em fantasma de Spencer, o animismo de Marret e a contribuição 
de Lowie”. Desta maneira, para quem pretende se aprofundar nessa corrente teórica, os 
autores citados, são hoje o que temos de mais importante na compreensão do fenômeno 
religioso na atualidade. 
Preparamos um quadro em que estão reunidas as essências das teorias de cada 
autor:
32UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Quadro 3 - Teorias psicológicas
A. Mito natural – Criada por Müller, cronologicamente, a primeira a ser anunciada. 
Sustenta que o homem primitivo possuía uma tendência para personificar e venerar fe-
nômenos naturais: sol, lua, estrelas, rios, estações do ano, aurora, raio, trovão, chuva 
etc. O homem não teria criado religião, mas a beleza e a magnitude dos fenômenos da 
natureza despertaram nele sentimentos em relação ao infinito, à crença em divindades 
com poderes de dirigir a natureza. A gênese da crença seria o medo do sobrenatural. 
B. Animismo (alma) – desenvolvida por Tylor, significa a crença em seres espirituais 
ou espíritos pessoais que animam a natureza. A necessidade de compreender sonhos, 
alucinações, sono, vida e morte, levou o homem a acreditar na existência de um “eu” 
com propriedades espirituais e dotado de poderes sobrenaturais. Esses seres, essen-
cialmente etéreos, são conhecidos como almas, fantasmas, assombrações, espíritos 
de plantas e animais, gênios, espectros, fadas, demônios, anjos, deuses etc. Trans-
cendem a matéria. A base do animismo é o conceito de alma que, embora intangível, 
significa a força vital que anima o corpo. Quando o homem dorme, a alma vagueia; 
quando ela não volta, ele morre.
C. Animatismo (mana, poder) – Marret e outros entenderam que havia crenças na exis-
tência de um poder impessoal ou “força espiritual”, não oriunda de qualquer forma de 
ser. Essas forças (semelhantes ao maná dos povos da Oceania) são atributos essen-
ciais de objetos vegetais, animais e de pessoas, e conferem-lhes capacidade e proprie-
dade superiores aos demais de sua espécie. Não consiste em uma força vital e nem 
na obra dos espíritos, mas no poder de fazer coisas excepcionais, incomuns. O maná 
transcende o natural; está acima do âmbito das coisas ordinárias, comuns. É, portanto, 
sobrenatural.
D. Manismo (manes, espírito dos mortos) – Para Spencer, o culto aos mortos (fantas-
mas, sombras) e a veneração de seus espíritos é que deram origem à religião.E. Magia – Frazer entendeu que o homem, não sendo capaz de controlar o modo má-
gico do mundo ao seu redor, acreditou na existência de forças desconhecidas, com 
poderes acima dos seus. Através do culto, aproximou-se delas.
F. Totemismo (totem) – Frazer, Goldenweiser e outros interpretaram o totemismo como 
a adoração da natureza. Eram atribuídas aos animais, plantas e objetos qualidades 
espirituais. A crença de que alguns grupos descendem de um antepassado comum – 
animal, vegetal ou mineral – deu origem a uma atitude de reverência para seus repre-
sentantes.
Fonte: Marconi e Presoto (2001, p. 171-172).
Com base no Quadro 3, pontuamos que as teorias de Tylor e Spencer são se-
melhantes, pois admitem que o homem primitivo é racional, mesmo que seu estágio de 
33UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
desenvolvimento não se aproxime ao nosso quanto ao processo de raciocínio. Mello (2008, 
p. 396) reforça que:
Spencer acreditava que a primeira ou as primeiras ações religiosas conheci-
das pelo homem tenham sido as de fantasmas, enquanto para Tylor acredita-
va que teria sido a noção de almas. Para ambos, tais noções teriam nascido 
da própria consciência humana, frente aos fenômenos do sonho, da morte, 
da vida, das transformações naturais, todo esse conjunto teria despertado 
aos sentimentos do sagrado e da outra dimensão da vida.
Se atentarmos para a teoria de Frazer, ela é muito semelhante ao que pregava 
Auguste Comte, apontando para o progresso da humanidade em três estágios, sendo: 
estado teológico, metafísico e positivo ou científico, daí reforçando a teoria positivista de 
Comte. Segundo Mello (2008), Frazer acredita que a humanidade universalmente passou 
por três estágios diversos: o primeiro dominado pela magia, o segundo, pela religião e 
finalmente, a ciência.
Se por um lado Frazer não traz novos elementos, por outro ele discute algo que 
torna o entendimento entre magia, religião e ciência, em um nível de discussão da qual ele 
afirma que tanto a magia quanto a ciência realizam operações técnicas, ao contrário da re-
ligião, que tem por fundamento um mundo que vai mais além e não obedece determinados 
critérios, ou seja, a religião exige de seus cultores uma atitude de medo e temor, respeito e 
dedicação. Já no caso da magia e ciência, os preceitos ou as leis são invariáveis.
Uma das teorias do quadro que nos chama a atenção é a de Marret, invertendo a 
ordem da explicação do fato religioso, como expõe Mello (2008, p. 398):
Para Marret a religião primitiva tivera início não na doutrina ou na crença, 
mas a doutrina teria nascido da ação. A religião selvagem não é tão pensada 
quanto dançada, como se percebe, Marret deu a prioridade do rito sobre o 
mito, exatamente ao contrário que se tinha feito até então.
Logo, por essa teoria, o estado animístico existiu em um momento ou estado an-
terior, mesmo antes de as pessoas interpretarem que ali existia um poder oculto. Por sua 
vez, a percepção desse magnetismo é que levou ao sentimento de sagrado, delegado às 
pessoas ou às coisas.
2.1 Teorias Sociológicas
As teorias sociológicas são, na verdade, uma metodologia explicativa que divergem 
das teorias psicológicas, pelo fato de que a religião é entendida e vista como um fenômeno 
social.
Segundo Mello (2008), entre os principais teóricos dessa linha estão Durkheim, 
Fustel de Coulanges e R. Smith, e seus seguidores são Marcel Mauss e Radcliffe-Brown.
34UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
O que caracteriza estas teorias são as interpretações sociais, de acordo com o que 
observa Evans-Pritchard (1978, p. 389):
Notemos que Durkheim não está dizendo aqui, como fazem os autores emo-
cionalistas, que os ritos são levados a efeito para liberar estados emocionais 
exaltados. São os ritos que produzem tais estados. Eles podem, portanto, 
neste aspecto, ser comparados aos ritos expiatórios como os de luto, nos 
quais as pessoas procuram afirmar a sua fé e cumprir um dever para com 
a sociedade sem que estejam sob qualquer tensão emocional; está, enfim, 
pode estar completamente ausente da ocasião.
Verificamos a posição durkheimiana, apontada por Evans-Pritchard, mas é preciso 
esclarecer que essa postura, na verdade, vem de Fustel de Coulanges, mestre de Durkheim. 
Baseado nisso, Mello (2008) revela que Coulanges procura mostrar que a antiguidade clás-
sica teve como amálgama o culto de ancestrais.
Dessa maneira, podemos compreender que esses antepassados se assemelhavam 
a deidades que traziam unido o grupo familiar ou da linhagem de descendência.
Mello (2008) indica que, para Coulanges, esse culto é que explicava a normas e 
cerimônias de casamento, o incesto, a monogamia, a proibição do divórcio etc. Comple-
mentando essa linha de pensamento:
O princípio da família antiga não é apenas a geração. Isso pode ser provado 
pelo fato de a irmã não ser na família o mesmo que o irmão; também o filho 
emancipado ou a filha casada deixam de fazer parte da família por completo; 
enfim, muitas disposições importantes nas leis gregas e romanas, que tere-
mos ocasião de examinar mais adiante, nos induzem a pensar assim. (COU-
LANGES, 1961, p. 54 apud MELLO, 2008, p. 34 ).
Como pudemos analisar, Coulanges demonstra o papel importante que é dirigido 
pelo pensamento e ação religiosa dentro do dia a dia na vida social. Basicamente o autor 
demonstra que, apesar de racional, o homem é guiado por questões ligadas a determinados 
valores.
Para Mello (2008), Coulanges, Robertson Smith e Durkheim tiveram um ponto em 
comum: acreditavam que a religião surgiu da natureza mesma, da sociedade,
Smith chegou a afirmar que os ritos estavam conectados com os mitos; mas 
os mitos não explicavam os ritos, e sim o oposto. Ver a religião como um fato 
social, como propunham esses autores, pé vê-la independente das mentes 
individuais, é reconhecer-lhes uma existência ou preexistência aos indivíduos 
(MELLO, 2008, p. 400).
Traduzindo, os sujeitos, ou melhor, os indivíduos, quando nascem, encontram uma 
religião já pronta, juntamente com seus dogmas, sua cosmovisão, seus rituais, seus cultos. 
Dessa maneira, a religião se impõe ao indivíduo, sendo parte importante de uma realidade 
social posta. Fica mais evidente ainda se observarmos o seu peso em sociedades menores, 
ela passa a ter um caráter muito mais abrangente.
35UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
Em resumo, se nos concentrarmos nas discussões das teorias sociológicas de 
Coulanges, Durkheim, R. Smith, Marcel Mauss e Radcliffe-Brown, elas se firmam entre o 
sagrado e o profano:
R. Smith e depois Durkheim refutam o argumento de que a religião teria se 
originado das crenças em seres sobrenaturais. Para eles a religião iniciou-se 
a partir dos ritos e cerimônias (cantos e danças) que, intensificando as emo-
ções, levaram os participantes ao êxtase. Essas emoções, difundidas entre 
os presentes, fizeram com que eles acreditassem estar tomados por poderes 
sobrenaturais (MARCONI; PRESOTTO, 2001, p. 173).
Portanto, sobre essa visão, a religião consiste em sentimento de solidariedade de 
expressão na crença coletiva, e age como uma maneira muito eficiente de fortalecer os la-
ços sociais. Mello (2008) aponta que crenças e rituais simbolizam a sociedade e distinguem 
o sagrado do profano.
Para complementar esse entendimento entre sagrado e profano, Marconi e Presotto 
(2001, p. 173) lembram que, para Durkheim,
Sagrado – refere-se ao incomum, ao extraordinário, ao sobrenatural; gera 
atitudes de medo, de circunspecção, de sensação do desconhecido; Profa-
no – significa o cotidiano, o natural, o comum; implica atitude de aceitação, 
familiaridade, do conhecido.
Na verdade, atualmente os estudiosos, principalmente os antropólogos, tentam 
aproximar as duas correntes, psicológicas e sociológicas, no intuito de encontrar uma teoria 
central que agregue as duas contribuições.
SAIBA MAIS
A Filosofia da Religião é um ramo filosófico que investiga a esferaespiritual inerente ao 
homem, do ponto de vista da metafísica, da antropologia e da ética. Ela levanta questio-
namentos fundamentais, tais como: o que é a religião? Deus existe? Há vida depois da 
morte? Como se explica o mal? Estas e outras perguntas, ideias e postulados religiosos 
são estudados por esta disciplina. Há uma infinidade de religiões, compostas de distin-
tas modalidades de adoração, mitologias e experiências espirituais, mas geralmente 
os estudiosos se concentram na pesquisa das principais vertentes espirituais, como o 
Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, pois elas oferecem um sistema lógico e ela-
borado sobre o comportamento do planeta e de todo o Universo, enquanto as orientais 
normalmente se centram em uma determinada filosofia de vida.
Os filósofos têm como objetivo descobrir se o olhar espiritual sobre o Cosmos é real-
mente verdadeiro. Em suas pesquisas o filósofo da religião adota como instrumentos 
teóricos a metodologia histórico-crítica comparativa, que contrapõe as mais diversas 
36UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
religiões, espacial e temporalmente, para perceber suas semelhanças e o que as dis-
tingue, logrando assim visualizar o núcleo central dos eventos religiosos; a filológica, 
que realiza a investigação dos vários idiomas, comparando-os e buscando expressões 
usadas para se referir ao sagrado, estabelecendo assim o que elas têm em comum; e a 
antropológica, que resgata o passado espiritual dos povos ancestrais e dos contempo-
râneos, seus institutos, suas convicções, seus ritos e seus valores. Cabe à Filosofia da 
Religião realizar uma correta associação destes distintos métodos, para assim perceber 
claramente o que é essencial nas religiões.
Em todas as religiões vigentes no Ocidente há algo em comum, a fé em Deus. A Divin-
dade é vista como um Ser sem corpo e eterno, criador de tudo que há, extremamente 
generoso e perfeito, todo-poderoso, ou seja, onipotente, conhecedor de tudo, portanto 
onisciente, presente em toda parte, melhor dizendo, onipresente.
Esta é a imagem teísta de Deus, aquela que proclama sua existência. São Tomás de 
Aquino defende pelo menos cinco argumentos a favor da presença de Deus no Univer-
so, entre eles o ontológico, o cosmológico e o do desígnio. Estas ideias foram renovadas 
pelos pensadores modernos Alvin Plantinga e Richard Swinburne, que tornaram estes 
conceitos mais complexos. A compreensão de Deus pode ser racional, portanto do âm-
bito da Teologia Natural, ou percebida do ponto de vista da fé, constituindo a Teologia 
Revelada.
Anteriormente ao século XX, a trajetória filosófica ocidental procurava explicar alguns 
ângulos das tradições pagãs, do judaísmo e do Cristianismo, ao passo que no Oriente, 
em práticas espirituais como o hinduísmo, o budismo e o taoísmo, não é fácil perceber 
até que ponto uma pesquisa é de natureza religiosa ou filosófica. Não é fácil para esta 
disciplina delimitar um objeto de estudo adequado, do ponto de vista religioso. Segundo 
estes filósofos, mesmo que se alcance uma caracterização correta de Deus, ainda resta 
encontrar uma razão para se pretender sua existência. Embora na Idade Média tenham 
surgido muitas teorias que se pretendem capazes de provar que Deus existe, a partir 
do século XVIII houve uma guinada na mentalidade humana, e muitos dos argumentos 
defendidos na era medieval perderam sua validade. Assim, muitos filósofos religiosos 
têm suas próprias prevenções contra a cultura religiosa popular, como Kant e Feuer-
bach, o qual estimulou o estudo das religiões do ângulo social e antropológico destas 
convicções espirituais, caminho seguido até hoje por grande parte dos filósofos desta 
disciplina. 
Fonte: Santana (2016, on-line).
37UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
REFLITA 
“Deus não tem nenhuma religião” (Mahatma Gandhi).
“Deus nos deu asas, mas as religiões inventaram gaiolas” (Ruben Alves).
“Não se pode ofender, ou fazer guerra, ou assassinar em nome da própria religião ou 
em nome de Deus” 
(Papa Francisco).
38UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos nesta unidade, podemos compreender que as crenças religiosas se 
baseiam na existência de seres supremos, de algo superior, algo que seja sobre-humano, 
isso é de suma importância para o apelo emocional, mas também intelectual.
O fenômeno da religião na verdade está associado ao sobrenatural, ou seja, tudo 
aquilo que foge aos sentidos concretos da humanidade, que escapa à compreensão do 
homem, à sua possibilidade de observação é compreendido como “sobrenatural”. Desta 
maneira, tal manifestação não obedece às leis naturais ou da física, portanto se posicionan-
do em uma outra dimensão.
O Sobrenatural, em geral, está associado ao Culto. Esse ato, na verdade, uma 
série de atos, estão contidos na comunicação ou na veneração com os seres sobrenaturais. 
O culto em si consiste em um conjunto de rituais, de crenças e divindades, associados a 
objetos, lugares específicos, oficiantes e crentes. O culto pode variar em sua organização, 
em sua estrutura e na realização, no tempo e espaço. Em geral cultuam-se espíritos ante-
passados.
Verificamos também nesta unidade a respeito das teorias da religião, em que 
existem duas correntes: a teoria psicológica e a sociológica. A primeira compreende a 
religião, tomando por base os sentimentos, levando em conta que esse fenômeno impreg-
na o pensamento e as emoções das pessoas. Na segunda corrente, a sociológica, seus 
fundamentos divergem do pensamento psicológico, tomando por referencial o fato de que 
a religião é vista e compreendida como um fenômeno tipicamente social. O fato é que, na 
atualidade, as duas correntes se coadunam para formular uma teoria mais centralizada.
 
39UNIDADE II Conceitos Fundamentais do Fenômeno Religioso
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Dossel Sagrado: Elementos para uma teoria sociológica da 
religião
Autor: Peter L. Berger
Editora: Paulus
Sinopse: Este livro traz uma análise que mostra como esclarecer 
a frequente relação irônica entre religião e sociedade. É uma im-
portante contribuição à sociologia da religião.
LIVRO 2
Título: Religião e Repressão
Autor: Rubem Alves
Editora: Edições Loyola
Sinopse: A maravilha do “sentimento religioso” – a possibilidade 
de admirar-se genuinamente diante do mistério da vida – só é 
possível ser alcançada quando são deixadas para trás as grades 
opressoras dos discursos dogmáticos das religiões. É especifi-
camente sobre essas prisões ideológicas que trata esta obra de 
Rubem Alves.
FILME/VÍDEO
Título: Dois papas
Ano: 2019
Sinopse: Buenos Aires, 2012. O cardeal argentino Jorge Bergoglio 
(Jonathan Pryce) está decidido a pedir sua aposentadoria, devido 
a divergências sobre a forma como o papa Bento XVI (Anthony 
Hopkins) tem conduzido a Igreja. Com a passagem já comprada 
para Roma, ele é surpreendido com o convite do próprio papa para 
visitá-lo. Ao chegar, eles iniciam uma longa conversa, debatendo 
não só os rumos do catolicismo, mas também afeições e peculiari-
dades da personalidade de cada um.
40
Plano de Estudo:
● Manifestações religiosas históricas
● As religiões Orientais e Ocidentais
● Novas religiões sobre uma nova perspectiva
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender as divisões das religiões historicamente importantes e abrangentes.
● Discutir as tendências atuais sobre os novos movimentos religiosos.
UNIDADE III
Manifestações Religiosas 
Históricas e Contemporâneas
Professor Paulino Augusto Peres de Souza
Professora Nathalia Barbosa Limeira
Professor Marcos Roberto Mantovani
 
41UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
INTRODUÇÃO
Como verificamos até o momento, as manifestações religiosas estão presentes 
desde os primórdios, já com os homens das cavernas. Nossa discussão nesta unidade 
vem apresentar as principais manifestações religiosas universais e suas estruturas básicas. 
Veremosas religiões Ocidentais e Orientais. Compreenderemos também as religiões divi-
didas em três categorias: as religiões primais, religiões nacionais e religiões mundiais Em 
seguida faremos uma discussão sobre os dias atuais e as tendências religiosas que estão 
em ascensão.
42UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
1. MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS HISTÓRICAS
Ao abordarmos esse tema, se torna muito difícil resumir as manifestações históri-
cas pela grande quantidade e influência que tiveram em sua sociedade à época e traços 
culturais que nos influenciam até os dias atuais. De qualquer forma, vamos tentar organizar 
nossa atenção em grandes correntes religiosas mundiais que consideramos fundamentais.
É preciso compreender, em primeiro lugar, as religiões, juntamente com o tipo de 
sociedade. Para Geertz (1989), as ciências da religião tentam dividir as religiões em três 
categorias, que, de certa forma, coincidem com três tipos distintos de sociedade.
São elas: as religiões primais, religiões nacionais e religiões mundiais. A primais 
são aquelas que os estudiosos costumam chamar de religiões primitivas, verificadas em 
culturas ágrafas, como ocorre com povos tribais na América, na Ásia, África, Polinésia. 
Sua marca mais característica, segundo Mello (2008), é a crença numa miríade de forças, 
deuses e espíritos que controlam a vida cotidiana. Também o culto dos antepassados e 
ritos de passagem desempenham um papel importante. Em geral, de acordo com Gaarder, 
Hellern e Notaker (2005), a comunidade religiosa não se separa a vida social e o sacerdócio 
normalmente é sinônimo de liderança política da tribo.
No caso das religiões nacionais, encontramos uma grande quantidade de religiões, 
inclusive, já extintas em alguns casos, que historicamente fizeram ou fazem parte do 
contexto social e cultural dessas nações, como exemplo: egípcia, grega, assírio-libanesa, 
germânica etc. De acordo com Geertz (1989, p. 112),
43UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
É típico das religiões nacionais adotar o politeísmo, uma série de deuses 
organizados em um sistema de hierarquia e funções especializadas. Elas 
têm um sacerdócio permanente, encarregado dos deveres rituais em templos 
construídos para esse fim. Há sempre uma mitologia bem desenvolvida, o 
culto sacrificial é básico, e os deuses é que escolhem o líder da nação.
Pelos traços apresentados, podemos nos recordar imediatamente o que aprende-
mos na escola sobre a civilização grega, ou mesmo egípcia, sua mitologia, política. Toda a 
organização social e todo perfil cultural daquelas civilizações estavam diretamente ligadas 
à religião. Percebe-se que somos influenciados, até hoje, pela tradição da cultura Clássica.
Por fim, as religiões mundiais, que pretendem ter uma validade global, ou seja, 
uma validade para todas as pessoas. Podem ser chamadas também de religiões univer-
sais. Conforme Mello (2008), a principal característica das religiões universais, surgidas no 
Oriente Médio, é o monoteísmo: elas têm somente um Deus.
Nesse modelo de religião há como ponto principal a relação do indivíduo com Deus, 
ao que se refere inclusive, além da obediência aos preceitos filosóficos, à possibilidade de 
salvação. Gaarder, Heellern e Notaker (2005) explicam que o papel do sacrifício é bem 
menos proeminente nelas do que nas religiões nacionais, ao passo que o da oração e 
meditação é mais importante.
Essas religiões têm um grande peso e tradição histórica e foram fundadas por 
profetas, como Buda, Moisés, Lao-Tsé, Jesus, Maomé.
Para Gaarder, Heellern e Notaker (2005, p. 41),
Devemos ressaltar que os limites entre esses tipos de religião são fluidos. As 
religiões nacionais muitas vezes constituem evoluções que acompanharam o 
desenvolvimento geral da sociedade (ao passar de uma sociedade tribal para 
Estado Nacional). Assim também certas religiões mundiais emergiram das 
religiões nacionais, como um protesto contra determinados aspectos de seu 
culto e de suas concepções religiosas.
Como exemplo podemos citar o Catolicismo, uma religião universal, que surgiu dos 
protestos contra o culto religioso romano, tendo por seu mártir Jesus, que, na verdade era 
Judeu, mas que funda o início de uma nova religião da qual se congregam elementos do 
judaísmo e do nacionalismo romano. 
Há várias formas de religião e são muitos os modos que vários estudiosos utilizam 
para classificá-las. Porém há características comuns às religiões que aparecem com maior 
ou menor destaque em praticamente todas as divisões. A primeira dessas características 
é cronológica, pois as formas religiosas predominantes evoluem através dos tempos, nos 
sucessivos estágios culturais de qualquer sociedade. Outro modo é classificá-las de acordo 
com sua solidez de princípios e sua profundidade filosófica, o que irá separá-las em religiões 
com e sem Livros Sagrados. 
44UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Pessoalmente, como estudiosos do assunto, preferimos uma classificação que leva 
em conta essas duas características, e divide as religiões nos seguintes quatro grandes 
grupos:
PANTEÍSTAS MONOTEÍSTAS
POLITEÍSTAS ATEÍSTAS
Nessa divisão há uma ordem cronológica. As religiões Panteístas são as mais 
antigas, dominando em sociedades menores e mais “primitivas”. Tanto nos primórdios da 
civilização mesopotâmica, europeia e asiática, quanto nas culturas das Américas, África e 
Oceania.
As religiões Politeístas por vezes se confundem com as Panteístas, mas surgem 
num estágio posterior do desenvolvimento de uma cultura. Quanto mais a sociedade se 
torna complexa, mais o Panteísmo vai se tornando Politeísmo.
Já as Monoteístas são mais recentes e, atualmente, as mais disseminadas. O 
Monoteísmo, quantitativamente, ainda domina mais de metade da humanidade.
Embora possa parecer estranho, existem religiões Ateístas, que negam a existên-
cia de um ser supremo central, embora possam admitir a existência de entidades espirituais 
diversas. Essas religiões geralmente surgem como uma reação a um sistema religioso 
Monoteísta ou pelo menos Politeísta, e em muitos aspectos se confunde com o Panteísmo, 
embora possua características exclusivas.
Essa divisão também traça uma hierarquia de rebuscamento filosófico nas reli-
giões As Panteístas, por serem as mais antigas, não têm Livros Sagrados ou qualquer 
estabelecimento mais sólido do que a tradição oral, embora, na atualidade, o renascimento 
panteísta esteja mudando isso. Já as politeístas, muitas vezes, possuem registros de suas 
lendas e mitos em versão escrita, mas nenhuma possui uma revelação propriamente dita. 
Isto é um privilégio do Monoteísmo. Todas as grandes religiões monoteístas possuem sua 
Revelação Divina em forma de Livro Sagrado.
As Ateístas também possuem seus livros guias, mas, por não acreditarem num 
Deus pessoal, não têm o peso dogmático de uma revelação divina, sendo vistas, em geral, 
como tratados filosóficos.
Vejamos alguns quadros comparativos:
45UNIDADE III Manifestações Religiosas Históricas e Contemporâneas
Quadro 1 - Épocas de surgimento e predomínio
 
 
PANTEÍSMO:
As mais antigas, remontando à pré-história, em que tinham predomi-
nância absoluta. Também presentes em muitos dos povos silvícolas 
das Américas, África e Oceania.
 
 
POLITEÍSMO:
Surgem num estágio posterior de desenvolvimento social, tendo sido 
predominantes na Idade Antiga em todo o velho mundo, mesmo nas 
civilizações mais avançadas das Américas pré-colombianas.
 
MONOTEÍSMO:
Mais recentes, surgindo a partir do último milênio a.C. e predominan-
do da Idade Média até a atualidade.
 
 
ATEÍSMO:
Surgem a partir do século V a.C., tendo vingado somente no Oriente. 
No Ocidente ressurge somente após a renascença, numa forma mais 
filosófica que religiosa.
 
Neo PANTEÍSMO:
Embora possuam representantes em todos os períodos históricos, 
popularizam-se ou surgem a

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