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Farmacognosia aplicada - efedra

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FARMACOGNOSIA 
APLICADA
João Fhilype Andrade Souto Maior 
Ipeca e efedra
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Avaliar dosagens e posologias de segurança associadas ao uso de 
ipeca e efedra. 
 � Explicar a reação, a estrutura e a atividade de compostos presentes 
em ipeca e efedra. 
 � Reconhecer técnicas capazes de identificar os principais compostos 
presentes em ipeca e efedra.
Introdução
Atualmente, graças ao desenvolvimento de pesquisas e à disponibilidade 
de novos medicamentos no mercado médico e farmacêutico, sabemos 
que as plantas medicinais podem contribuir com muitos outros aspectos 
importantes além de receitas caseiras. Nesse sentido, o conhecimento sobre 
a biodiversidade da flora brasileira e a utilização de certas espécies para o 
tratamento de doenças se torna fundamental para melhor aproveitarmos 
todo o potencial desses recursos naturais, para a prevenção e promoção 
da saúde da população.
De fato, o Brasil é reconhecido mundialmente pela vasta biodiversi-
dade de sua flora e, como consequência, torna-se um dos maiores celeiros 
de espécies vegetais ricas em matérias-primas de elevado potencial para 
o desenvolvimento de produtos médicos e farmacêuticos. 
Neste capítulo você vai estudar os detalhes sobre a utilização segura 
de produtos farmacêuticos e/ou dietéticos constituídos por alcaloides 
presentes em espécies como ipeca e efedra, bem como suas estruturas 
químicas e suas principais indicações terapêuticas. 
1 Efedra 
Plantas do gênero Ephedra (família Ephedraceae) são utilizadas há milhares 
de anos pela humanidade. A efedra (Ephedra sinica), por exemplo, é usada na 
China há mais de 5.000 anos para tratar problemas de asma e infecções respi-
ratórias. Espécies desse gênero estão listadas na mais antiga matéria médica 
conhecida, Shen Nong Ben Cao Jing, escrita em 2.800 a.n.e, que descreve 
o uso de várias drogas naturais (RIOS; PASTORE JR., 2011; BOFF, 2008).
Variedades de efedra são facilmente encontradas em outras partes do 
mundo, além da China, como Europa, Índia, América do Norte, Austrália e 
Afeganistão. Por exemplo, a Ephedra antisyphilitica, de origem americana 
(América do Norte) era usada pelos primeiros colonos dessa região como 
chá (chá de mórmon) para prevenção da sífilis. Também era usada para dores 
de cabeça, febres, constipações e febre dos fenos. No Brasil, as variedades 
de efedra são também conhecidas como morango-do-acre ou pingo-pingo. 
Atualmente, como veremos a seguir, alguns compostos derivados dessa erva 
fazem parte de muitos medicamentos para constipações e alergias.
De acordo com Rios e Pastore Jr. (2011) e Boff (2008), existem cerca de 
50 a 65 espécies de efedra, cuja composição química varia de acordo com a sua 
localização geográfica e com as condições edafoclimáticas, isto é, condições 
do solo, clima, temperatura, luminosidade, altitude, entre outros. Por isso 
espécies de diferentes continentes podem apresentar metabólitos secundários 
distintos, tanto em quantidade quanto em qualidade.
Do ponto de vista botânico, Ephedra é um gênero de arbusto ramificado de 
30 a 50 centímetros de altura, com caules longos e finos, com folhas opostas, 
escamiformes e muito reduzidas. Os estames e os pistilos encontram-se em 
flores separadas. É uma planta xerófita, capaz de crescer em condições áridas 
e semiáridas, cuja propagação acontece por meio de sementes ou pela divisão 
de duas raízes (RIOS; PASTORE JR., 2011; BOFF, 2008). Veja um exemplo 
de efedra na Figura 1.
Essa erva apresenta grande valor econômico devido à presença de alcaloides 
derivados da fenilalanina (por meio da via do ácido chiquímico), principalmente 
pseudoefedrina, metilpseudoefedrina, norpseudonorefedrina, norefedrina, 
metilefedrina e efedrina (Figura 2). Em geral, efedrina e pseudoefedrina 
constituem mais de 80% do total de alcaloides presentes em espécies de efedra 
(BOFF, 2008; PELLATI; BENVENUTI, 2008).
Ipeca e efedra2
Figura 1. (a) Planta adulta e (b) frutos de efedra.
Fonte: (a) Panzer/Shutterstock.com; (b) alwih/Shutterstock.com.
(a) (b)
Figura 2. Estruturas químicas dos principais alcaloides presentes no 
gênero Ephedra. 
Fonte: Adaptada de Pellati e Benvenuti (2008). 
3Ipeca e efedra
Uso terapêutico de efedra
O uso de preparações à base de efedra têm um longo histórico. Segundo Rios e 
Pastore Jr. (2011) e Boff (2008) a medicina oriental, por exemplo, era utilizada 
como componente de fórmulas multiervas prescritas para tratar asma brônquica, 
gripes, resfriados, tosse, febre, falta de ar, dor de cabeça e congestão nasal.
Atualmente, a efedra tem sido usada na medicina moderna para o tratamento 
de doenças do trato respiratório (broncoespasmos, asma brônquica, congestão 
nasal, rinite alérgica e sinusite) e em suplementos alimentares indicados para 
perda de peso e aumento de ganho muscular (RIOS; PASTORE JR., 2011; 
BOFF, 2008).
A Comissão Europeia aprovou algumas preparações contendo efedra para 
o tratamento de problemas respiratórios em adultos e crianças (maiores de 
seis anos) apenas por um curto período de tempo, devido ao fenômeno de 
taquifilaxia e risco de dependência, já que ela atua de modo semelhante ao 
ecstasy. Também não é recomendado usar em casos de gravidez, diabetes, 
problemas cardíacos ou pressão alta. Aconselha-se evitar misturar efedra com 
medicamentos para a asma ou inibidores da monoamina oxidase (MAO), como 
antidepressivos (RIOS; PASTORE JR., 2011; BOFF, 2008).
A administração prolongada (repetitiva) de um fármaco pode produzir hiporregulação 
ou dessensibilização dos receptores (tolerância), e isso pode exigir ajustes da dose para 
manter a eficácia do tratamento. Esse processo é conhecido como taquifilaxia, que 
ocorre com vários fármacos simpatomiméticos, como a efedrina e pseudoefedrina. 
Já a resistência observada para antibióticos, antivirais e outros fármacos pode ser 
causada por vários mecanismos, inclusive mutação do receptor-alvo, ampliação da ex-
pressão das enzimas que decompõem o fármaco ou aumento da expulsão do fármaco 
pelo agente infeccioso e desenvolvimento de reações bioquímicas alternativas, que 
evitam os efeitos dos fármacos no agente infeccioso (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
Ipeca e efedra4
Várias preparações naturais tidas como “misturas” produzidas a partir 
de efedra contêm efedrina e são usadas como suplementos alimentares para 
emagrecer ou como estimulantes. Para Rios e Pastore Jr. (2011) e Boff (2008), 
isso acontece porque a efedra tem um efeito semelhante ao da adrenalina 
endógena (própria do corpo) ou da anfetamina química. Vale destacar que a 
ação da efedrina é mais prolongada do que a da adrenalina e tem a vantagem 
de poder ser administrada por via parenteral e oral.
A efedrina estimula o sistema nervoso central porque atua sobre os recepto-
res adrenérgicos, gerando energia e aumentando o estado de alerta. Uma dose 
maior de efedra pode dar uma sensação de formigueiro agradável na cabeça e 
também no resto do corpo. Além disso, a efedrina acelera o metabolismo do 
organismo, o que favorece a queima de gorduras e açúcar com maior eficácia. 
A efedrina reduz o apetite porque mobiliza a gordura acumulada e as reservas 
de hidratos de carbono do organismo (RIOS; PASTORE JR., 2011; BOFF, 2008).
A agência sanitária dos Estados Unidos, Food and Drug Administration 
(FDA), registrou centenas de reações adversas atribuídas a compostos contendo 
efedrinas, que variam desde complicações mais leves (dor de cabeça, palpita-
ção, nervosismo, insônia e irritabilidade) até ataques cardíacos, hipertensão, 
batimento cardíaco irregular, derrames, problemas psiquiátricos e morte. 
Portanto, a melhor maneira de não acumular peso é adotar uma dieta mais 
saudável, ingerir menos alimentos e aumentar a atividade física diária.
No entanto, de acordo com os autores, estudos clínicos e pré-clínicos, bem 
como o longo histórico do uso de efedra e seus alcaloides, indicam que seu uso 
pode ser seguro desde que se obedeçaàs recomendações dos códigos oficiais. 
Os sérios efeitos adversos observados estão relacionados, principalmente, ao 
seu uso excessivo em formulações ditas “suplementos alimentares”, sejam 
devido a associações e interações com outros fármacos ou drogas, susceptibili-
dade individual ou presença de contaminantes, entre outros. Veja no Quadro 1 
os principais usos medicinais e alimentares de efedra.
5Ipeca e efedra
Fonte: Adaptado de Rios e Pastore Jr. (2011).
Parte da 
planta
Forma
Categoria 
de uso
Uso
—
—
Medicinal
Tônico; purifica o sangue; usada 
para reumatismo, problemas 
dos rins, asma brônquica, 
sudorífera, antipirética, calmante 
da tosse e febre do feno.
Decocção Antitumoral; para piorreia, 
inflamação da gengiva, 
limpeza bucal.
Infusão Antitumoral, anticongestivo.
Caule
— Adstringente
Cataplasma Redução de fraturas e 
deslocamentos.
Decocção Disenteria, inflamação da gengiva 
e como colutório para tratar a 
descarnadura dos dentes.
Infusão Diurético, depurativo das infecções 
da bexiga e contra a flatulência.
Pó Cicatrizante e antisséptico de feridas.
Fruto
In natura Alimento Consumido in natura
—
Medicinal
Adstringente.
Raiz
Decocção Diurético e para limpar os 
ovários após o parto.
Infusão Diurético e depurativo das 
infecções da bexiga.
Quadro 1. Resumo dos principais usos medicinais e alimentares de efedra
Ipeca e efedra6
No Brasil, as formulações constituídas com efedrina e pseudoefedrina não foram 
proibidas, porém sua venda está regulamentada pela Portaria nº. 344, de 12 de maio 
de 1998, do Ministério da Saúde (Substâncias Precursoras de Entorpecentes e/ou 
Psicotrópicos). Ainda de acordo com a Portaria nº. 169, de 21 de fevereiro de 2003, do 
Ministério da Justiça, a atividade de compra, venda, fabricação, transporte e armaze-
namento de efedrina e pseudoefedrina (lista I), pura ou em misturas, está sujeita ao 
controle pela Polícia Federal, e só podem ser comercializadas com autorização especial 
do Ministério da Saúde e em farmácias, com apresentação de receita médica, e nunca 
em academias ou lojas especializadas. Infelizmente, em muitos países, além do Brasil, 
existe um comércio ilegal e perigoso de efedrina e suas associações, já que pode 
causar intoxicação e risco de morte dos seus usuários (BOFF, 2008).
2 Ipeca 
Atualmente, a ipeca ou ipecacuanha (Psychotria ipecacuanha) é uma planta 
medicinal reconhecida por seus benefícios em vários países do mundo. Entre os 
índios, a ipeca é conhecida como capo kaakuene, que significa “raiz vomitiva”. 
O nome ipecacuanha tem como origem a palavra nativa i-pe-kaa-guéne, que 
significa “planta de doente de estrada”. Já a palavra ipecacuanha vem das 
seguintes palavras indígenas: ipe, que significa “casca”; caa, que significa 
“planta”; cua, que quer dizer “perfumada”; e nha, que significa “estriada”. 
Assim, pode-se dizer que a palavra ipecacuanha significa “casca da planta 
perfumada e estriada” (RIOS; PASTORE JR., 2011; LAMEIRA, 2002).
Popularmente, a ipecacuanha é uma espécie medicinal conhecida por ipeca, 
ipeca-verdadeira, poaia, ipecacuanha-anelada, ipecacuanha-preta, poaia-do-
-mato, poaia-cinzenta, poaia-legítima, ipeca-preta e ipeca-do-mato-grosso. 
De acordo com Rios e Pastore Jr. (2011) e Lameira (2002), é uma planta na-
tiva das regiões sombrias e úmidas das florestas tropicais da América, com 
ocorrência no Brasil, nas Colômbia, na Venezuela, no Peru, no Equador, na 
Bolívia, nas Guianas e na América Central.
7Ipeca e efedra
A ipeca foi muito valorizada por médicos que faziam parte da comitiva de Maurício de 
Nassau, os quais descobriram o seu uso emético. No entanto, a ipeca já era conhecida 
pelos índios desde antes da descoberta das Américas, e era chamada pelo nome de 
ipekaaguene, ou “cipó que faz vomitar”. Diz a lenda que um pajé começou a utilizar a 
planta depois de ter visto um lobo guará adoecido comer as raízes e se sentir disposto 
logo após ter provocado o vômito. A planta teve um papel decisivo na cura da disenteria 
que flagelava o velho continente no século XVII, inclusive foi administrada entre os 
membros da família real da França. Apenas em 1817, Pelletier e Caventou conseguiram 
isolar a emetina de suas raízes, um alcaloide de elevado potencial terapêutico usado 
atualmente para a produção de medicamentos (LAMEIRA, 2002).
A verdadeira ipeca é originária do Brasil e encontra-se bem distribu-
ída nas florestas, sob árvores de grande porte, principalmente nos estados 
de Mato Grosso, Rondônia, Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito 
Santo, Pernambuco e Bahia. A área de maior ocorrência fica no Mato Grosso, 
mais precisamente no município de Cáceres (RIOS; PASTORE JR., 2011; 
LAMEIRA, 2002).
Botanicamente, a ipeca é um arbusto pertencente à família Rubiaceae, 
que pode alcançar cerca de 30 centímetros de altura. Tem ramos aéreos que 
partem dos seus nós e entrenós. As folhas são lisas, ovais, elípticas e oblongas. 
A inflorescência terminal é envolvida por brácteas ovais, agudas e lobadas 
de coloração esverdeada, com pedúnculo ereto ou deflexo. As flores são her-
mafroditas sésseis, de cores creme ou branca. Veja um exemplo na Figura 3.
De acordo com Rios e Pastore Jr. (2011) e Lameira (2002), o fruto é do tipo 
baga, pequeno, elíptico, apresentando epicarpo vermelho a vináceo. Contém 
duas sementes, retorcidas e de testa dura. As raízes aneladas são amareladas 
ou esbranquiçadas, quando frescas, e acinzentadas, quando secas. As raízes de 
ipeca crescem torcidas, ramificando-se com o tempo; a parte inferior é carnosa 
e fibrosa, tendo cheiro fraco, quando frescas, e um sabor amargo e nauseante.
Ipeca e efedra8
Figura 3. (a) Planta de Psychotria ipecacuanha. (b) Raízes. (c) Estípulas. (d) Inflorescência. 
(e) Frutos maduros. 
Fonte: Adaptada de Silva (2019).
3 Uso terapêutico de ipeca
Nas raízes da ipecacuanha (Psychotria ipecacuanha) são encontrados alca-
loides isoquinolínicos de elevado potencial terapêutico e, por isso, essa planta 
tem uma variada utilização, entre elas insetífugo, medicinal, parasiticida e 
veterinária (RIOS; PASTORE JR., 2011; LAMEIRA, 2002).
Nas raízes da ipeca são encontradas diversas substâncias, como amido, 
açúcares redutores, resinas, tanino, ácido málico, cítrico e ipecacuânhico e, 
principalmente, os alcaloides que justificam as propriedades terapêuticas da 
planta, principalmente, emetina, cefalina, psicotrina e emetamina (Figura 4).
Em geral, os alcaloides correspondem de 2% a 3% do peso seco das raízes, 
sendo as maiores concentrações para emetina e cefalina. Entretanto já foram 
encontrados componentes ativos na casca da mesma, principalmente no pa-
rênquima cortical (2,5%) (RIOS; PASTORE JR., 2011; LAMEIRA, 2002).
Segundo os mesmos autores, a emetina é amorfa e produz sais cristalizáveis 
quando em contato com ácidos. A cefalina é cristalizável e pouco solúvel. 
Todos os alcaloides presentes na ipeca mostram similaridades estruturais 
entre si, o que torna possível a síntese de um a partir do outro.
9Ipeca e efedra
Figura 4. Estruturas dos principais alcaloides isoquinolínicos de ipeca: (a) emetina 
(R = OCH3) e cefalina (R = OH); (b) emetamina (R = OCH3) e psicotrina (R = OH). 
Fonte: Adaptada de Duarte (2016).
Uso medicinal
A ipeca é reconhecida, em particular, por sua propriedade emética, cujo efeito 
se deve mais à cefalina do que à emetina. Tal efeito resulta da excitação pro-
vocada no esôfago e estômago, que, transmitida ao bulbo, provoca o vômito. 
Segundo Rios e Pastore Jr. (2011) e Lameira (2002), em dose reduzida, aplica-se 
como expectorante nas bronquites e asmas, para facilitar a eliminação das 
mucosidades dos brônquios, purgativo e tônico.
Além da propriedade emética, as raízes de Ipeca têm propriedades ads-
tringente, expectorante, hemostática, sudorífera, anti-inflamatória. A ipeca 
também é usada para combater a malária, febre intermitente, no tratamento 
da gota, além de apresentar atividade anti-HIV. O cloridrato de emetina foi 
introduzido entre os medicamentos usados no tratamentodo câncer (RIOS; 
PASTORE JR., 2011; LAMEIRA, 2002).
Uso parasiticida
A raiz da ipeca é empregada para tratar diarreia de origem amebiana, devido 
aos seus princípios ativos, como a emetina, que tem ação tóxica direta sobre 
a Entamoeba histolytica. A emetina também tem sido empregada contra tri-
cocefalíase, causada por Trichocephalus. Outros estudos feitos demonstraram 
que a emetina é capaz de inibir a reprodução do Trypanosoma cruzi e casos de 
Ipeca e efedra10
leishmanioses. Ela tem sido empregada também nas hemoptises ou afecções 
pulmonares causadas por Paragonimus westermani (RIOS; PASTORE JR., 
2011; LAMEIRA, 2002).
Uso insetífugo e veterinário
Existem relatos de que, na Colômbia, as pessoas mastigam as raízes da ipeca 
para repelir insetos. A emetina tem sido empregada como emético e expecto-
rante para cachorros, gatos, porcos e cavalos. Veja no Quadro 2 os principais 
usos medicinais, parasiticidas, insetífugos e veterinários da ipeca.
Parte da 
planta
Forma
Categoria 
de uso
Uso
Raiz
—
Insetífugo Repelir insetos.
Medicinal
Asma, febre intermitente, 
leishmanioses, afecções pulmonares, 
tratamento de catarros crônicos, 
náuseas e vômitos da gravidez, 
infecções intestinais, pneumonia, 
broncopneumonia, hepatite, 
malária, propriedades adstringentes, 
hemostáticas, sudoríferas, 
antinflamatórias e vomitivas, antídoto 
em envenenamento, alcoolismo, 
tratamento da gota, câncer e HIV.
Decocção Tosse, bronquite, disenteria.
Extrato Emético e expectorante.
Infusão
Emético. Disenteria, prisão de 
ventre, coqueluche, bronquite. 
Pó
Emético. Bronquite, hemorragias, 
hemoptoses, adstringente 
e expectorante.
Quadro 2. Resumo dos principais usos medicinais, parasiticidas, insetífugos e veterinários 
de ipeca
(Continua)
11Ipeca e efedra
Fonte: Adaptado de Rios e Pastore Jr. (2011).
Parte da 
planta
Forma
Categoria 
de uso
Uso
Raiz
Tintura
Medicinal
Sudorífico, expectorante, 
asfixia, asma, bronquite, catarro 
pulmonar, cólera, inflamação da 
mucosa, movimentos musculares 
convulsivos, tosse, hematúria.
Xarope
Emético e expectorante. 
Tosse, bronquite.
—
Parasiticida
Tratar diarreia de origem amebiana, 
esquistossomose, tricocefalíase.
Decocção Amebíase.
Infusão
Pó
—
Tóxico Princípio tóxico.
Veterinário Emético e expectorante.
Quadro 2. Resumo dos principais usos medicinal, parasiticida, insetífugo e veterinário 
de ipeca
(Continuação)
A emetina é uma substância tóxica e irritante, que pode afetar a mucosa 
gastrointestinal, quando usada em doses inadequadas. Além disso, os efeitos 
acumulativos da emetina são graves, afetando vários órgãos. Inclusive, pes-
soas com problemas cardiovasculares não devem fazer uso desse fármaco. 
Em aplicações locais sobre a pele e mucosas, a ipeca pode causar severas 
irritações (RIOS; PASTORE JR., 2011).
A permanência de pessoas em ambientes onde as raízes ou o pó são ma-
nipulados pode provocar lacrimejamento, conjuntivites, espirros, dispneias, 
entre outros. Já o envenenamento por ipeca caracteriza-se por náuseas, 
vômitos, palidez, sudorese, salivação, abatimento, sensação de frio, fraqueza 
no estômago, vertigens, e pode evoluir para inflamação intensa do estômago 
ou intestino, edema pulmonar, paralisia progressiva e colapso cardíaco.
Ipeca e efedra12
Com relação à importância econômica da ipecacuanha (Psychotria ipe-
cacuanha), podemos dizer que a exportação de suas raízes secas atingiu o 
ápice até a década de 1970. Segundo Rios e Pastore Jr. (2011), atualmente, 
os principais países importadores de ipeca são Inglaterra, Canadá, Estados 
Unidos, Alemanha, Espanha, França, Japão, Malásia e Portugal. Já entre 
o grupo de países exportadores, o Brasil se destaca seguido por Panamá, 
Colômbia, Costa Rica, Nicarágua e Honduras.
O estado de Mato Grosso foi o pioneiro na indústria extrativa da ipeca, 
começando em 1835. Nos países importadores, o cloridrato de emetina é 
produzido a partir da ipeca, atingindo um valor de U$ 52,00 a U$ 54,00 por 
65 gramas. Em geral, o comércio da ipeca é feito por meio da venda de suas 
raízes secas ou do seu extrato fluido para grandes laboratórios estrangeiros, 
cujo mercado potencial pode atingir cerca de U$ 5 milhões (RIOS, 2011).
No século XVIII, a produção da ipeca no Brasil girava em torno de 400.000 
quilos. Porém, segundo os autores, no início do século XX, a produção e 
exportação de suas raízes começou a diminuir de forma significativa, princi-
palmente devido à progressiva devastação das florestas nas zonas produtoras 
dos estados de Mato Grosso e Rondônia. Por esse motivo, a ipeca é considerada 
uma espécie ameaçada de extinção.
Embora a ipeca apresente grande potencial econômico, até o presente 
momento pouco se fez para que essa espécie seja cultivada no Brasil. Sendo 
uma espécie passível de se adequar a um sistema de cultivo economicamente 
viável, a ipeca poderia servir como modelo de sistema econômico e sustentável, 
principalmente em áreas sob elevado impacto ambiental.
BOFF, B. de S. et al. Investigação da presença de efedrinas em Ephedra tweediana Fisch 
& C.A. Meyer e em E. triandra Tul. (Ephedraceae) coletadas em Porto Alegre/RS. Revista 
Brasileira de Farmacognosia, v. 18, nº. 3, p. 394–401, jul./set. 2008. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2008000300014&lng=p
t&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 mar. 2020.
DUARTE, G. C. A. Estudo do perfil metabólico da Carapichea Ipecacuanha (brot.) L. Anders-
son (Rubiaceae) por meio das técnicas de ressonância magnética nuclear de alta resolução 
assistida por ferramentas quimiométricas e de cromatografia líquida de alta eficiência. 2016. 
99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde) — Faculdade 
13Ipeca e efedra
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
de Farmácia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2016. Disponível em: https://
app.uff.br/riuff/bitstream/1/5514/1/GLAUCE%20CHRISTIAN%20ALVES%20DUARTE.
PDF. Acesso em: 20 mar. 2020.
HILAL-DANDAN, R.; BRUNTON, L. (org.). Manual de farmacologia e terapêutica de Goodman 
& Gilman. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
LAMEIRA, O. A. Cultivo da Ipecacuanha [Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes]. 2002. 
Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/405771/1/
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PELLATI, F.; BENVENUTI, S. Determination of ephedrine alkaloids in Ephedra natural 
products using HPLC on a pentafluorophenylpropyl stationary phase. Journal of Phar-
maceutical and Biomedical Analysis, v. 48, nº. 2, p. 254–263, set. 2008.
RIOS, M. N. da S.; PASTORE JR., F. Plantas da Amazônia: 450 espécies de uso geral. Brasília, 
Universidade de Brasília, 2011.
SILVA, P. C. et al. Risk of genetic vulnerability and aspects of the reproductive biology of 
Psychotria ipecacuanha (Rubiaceae), a threatened medicinal plant species of Brazilian 
forests. Acta Botanica Brasilica, v. 33, nº. 3, p. 548–557, jul./set. 2019. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062019000300548&tlng=en. 
Acesso em: 20 mar. 2020.
Ipeca e efedra14

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