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Unidade I ESTUDOS DISCIPLINARES TOMO I Profa. Claudia Figueiredo Introdução teórica Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) são documentos relativos à primeira fase do processo de licenciamento (licença prévia) de atividades com potencial de degradação ou poluição ambiental. Questão 17 O EIA é constituído por relatórios técnicos, elaborados por equipe multidisciplinar, habilitada e independente, que visam a instruir o processo de licenciamento. O Rima apresenta as conclusões do EIA tanto ao público em geral quanto à população que vive na área de influência do empreendimento. Como o RIMA visa ao esclarecimento público, ele deve ser redigido de modo claro e objetivo e em linguagem simples, informando a respeito dos impactos positivos e negativos que a implementação do empreendimento poderá causar ao ambiente. Questão 17 O EIA e o Rima, com base em prévio estudo socioeconômico e ambiental da área afetada pelo empreendimento, devem fornecer prognósticos das consequências das atividades, sugerir medidas mitigadoras dos impactos negativos e apresentar propostas de maximização dos impactos positivos. O EIA e o Rima são instrumentos complementares e citados em conjunto. A análise dos potenciais impactos ambientais do empreendimento é realizada pela AIA (Avaliação de Impacto Ambiental), em função das informações fornecidas pelo EIA. Questão 17 Enunciado Os estudos ambientais são documentos técnicos que subsidiam a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA). Entre eles, destacam-se os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e os Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA). Nesse contexto, o Rima caracteriza-se por ser: a) uma versão conclusiva do EIA, escrita em linguagem acessível. b) um estudo alternativo ao EIA, solicitado para empreendimentos considerados de baixo potencial impactante. Questão 17 c) uma análise dos potenciais impactos ambientais do empreendimento em questão, enquanto o EIA apresenta o diagnóstico ambiental da área. d) uma apresentação dos resultados do monitoramento dos impactos causados pelo empreendimento em análise, previstos anteriormente no EIA. e) um estudo ambiental de circulação interna, enquanto o EIA é o documento oficial encaminhado ao órgão ambiental para o licenciamento ambiental. Questão 17 Análise das alternativas A – Alternativa correta. Justificativa: O Rima destina-se a comunicar as conclusões do EIA ao público leigo. Logo, deve ser redigido de forma clara e objetiva, com linguagem simples e acessível. B – Alternativa incorreta. Justificativa: O Rima apresenta as conclusões do EIA. Questão 17 C – Alternativa incorreta. Justificativa: A análise dos potenciais impactos ambientais do empreendimento é realizada pela AIA, com base nas informações fornecidas pelo EIA. D – Alternativa incorreta. Justificativa: O Rima apresenta os resultados do estudo dos impactos causados ou potenciais do empreendimento em análise, previstos anteriormente no EIA. Questão 17 E – Alternativa incorreta. Justificativa: O Rima é o documento oficial encaminhado ao órgão ambiental para o licenciamento ambiental. Alternativa correta: A. Questão 17 Indicações bibliográficas LEI Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>. Acesso em 22 mar. 2013. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001/86, de 23/01/1986. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em 22 mar. 2013. Questão 17 INTERVALO Introdução teórica. Identificação e classificação de aspectos ambientais. O levantamento ambiental inicial é um pré-requisito para o desenvolvimento da política ambiental das empresas e, portanto, de todo o seu sistema de gestão ambiental. Esse levantamento fornece um panorama dos efeitos da organização sobre o meio ambiente e dos sistemas de gestão. O levantamento é feito com base na Matriz de Impactos Ambientais, construída de acordo com a norma ABNT NBR ISO 14001:2004. Questão 18 A matriz fornecida na questão foi adaptada da norma para possibilitar a identificação dos aspectos ambientais (primeira coluna) e dos seus respectivos impactos potenciais (segunda coluna), conforme indicado no quadro 1. Questão 18 Quadro 1. Avaliação da significância. Aspecto Ambiental Impacto Ambiental Avaliação da Significância I Pr Sr Ab De Re Legislação/Requisitos/Demandas Significância Geração de resíduos sólidos (sucatas, borras etc.) e efluentes Alteração das características físico-químicas da água e do solo D 2 1 1 3 Sim I Emissão de gases, vapores, névoas e material particulado no ar Alteração da qualidade do ar I 3 2 2 1 Sim II Geração de ruído e vibração Incômodo e alteração dos níveis sonoros locais D 2 3 3 2 Sim III Consumo de papel Esgotamento de recursos florestais D 2 1 1 1 Não IV Consumo de água Esgotamento de recursos hídricos D 1 3 3 3 Não V Questão 18 Após a identificação dos aspectos ambientais envolvidos em determinado empreendimento, de acordo com as atividades desenvolvidas pela empresa, é possível efetuar uma avaliação de significância considerando os itens descritos a seguir. Incidência (I). A incidência pode ser direta (aquela sobre a qual a empresa exerce ou pode exercer controle efetivo) ou indireta (aquela sobre a qual a empresa pode apenas exercer influência). Probabilidade (Pr). Atribuem-se 3 pontos à alta probabilidade, que se refere à ocorrência de um caso a cada 1 ou 2 anos. Atribuem-se 2 pontos à média probabilidade, que se refere à ocorrência de um caso a cada 3 ou 4 anos. Atribui-se 1 ponto à baixa probabilidade, que se refere à ocorrência de um caso a cada 5 anos ou mais. Questão 18 Severidade (Sr). Atribuem-se 3 pontos aos impactos que podem causar danos irreversíveis, críticos ou de difícil reversão e/ou que coloquem em risco a saúde de pessoas externas à empresa. Atribuem-se 2 pontos aos impactos que podem causar danos reversíveis, contornáveis e/ou que ameacem a saúde de pessoas externas à empresa. Atribui-se 1 ponto aos impactos que podem causar danos mínimos ou imperceptíveis. Abrangência (Ab). Atribuem-se 3 pontos aos impactos de escala global, cujos prejuízos alastram-se para fronteiras amplas e desconhecidas. Atribuem-se 2 pontos aos impactos regionais, cujos prejuízos alastram-se para fora dos limites da empresa, mas limitam-se às suas vizinhanças. Atribui-se 1 ponto aos impactos locais, cujos prejuízos restringem-se à área da empresa. Questão 18 Detecção (De). Atribuem-se 3 pontos aos impactos improváveis de serem detectados por meio do monitoramento disponível. Atribuem-se 2 pontos aos impactos improváveis de serem detectados por meio do monitoramento disponível em período razoável de tempo. Atribui-se 1 ponto aos impactos de fácil detecção por meio do monitoramento disponível. A coluna resultados (Re) é preenchida pela multiplicação dos pontos atribuídos a Pr, Sr, Ab e De. Por exemplo, para a geração de resíduos sólidos e efluentes (identificada como I na matriz), o valor de Re é igual 2 x 1 x 3 x 2 = 12. Questão 18 Comparando-se esse valor de Re igual a 12 com as faixas estabelecidas para os graus de significância, observa-se que 9 ≤ Re ≤ 16, o que confere impacto significativo ao aspecto ambiental I (geração de resíduos sólidos e efluentes). As classificações para incidência (I) e legislação não são utilizadas para calcular o resultado. Questão 18 Enunciado No planejamento de um sistema ambiental, foram identificados aspectos e impactos ambientais e avaliada a significância com relação à incidência, à probabilidade, à severidade, à abrangênciae à detecção. Na matriz de significância a seguir, foram omitidos os valores de Re (resultado) e a investigação da significância a partir de Re. Questão 18 Questão 18 Aspecto Ambiental Impacto Ambiental Avaliação da Significância I Pr Sr Ab De Re Legislação/Requisitos/Demandas Significância Geração de resíduos sólidos (sucatas, borras etc.) e efluentes Alteração das características físico-químicas da água e do solo D 2 1 1 3 Sim I Emissão de gases, vapores, névoas e material particulado no ar Alteração da qualidade do ar I 3 2 2 1 Sim II Geração de ruído e vibração Incômodo e alteração dos níveis sonoros locais D 2 3 3 2 Sim III Consumo de papel Esgotamento de recursos florestais D 2 1 1 1 Não IV Consumo de água Esgotamento de recursos hídricos D 1 3 3 3 Não V A tabela abaixo apresenta os significados e os valores usados nessa matriz. Aos valores de Re obtidos, atribuem-se graus de significância, conforme as faixas descritas a seguir. Re ≤ 8: não significativo 9 ≤ Re ≤ 16: significativo Re ≥ 18: muito significativo Questão 18 Incidência (I) Probabilidade (Pr) Severidade (Sr) Abrangência (Ab) Detecção (De) Direta (D) Indireta (I) Alta: 3 pontos Média: 2 pontos Baixa: 1 ponto Alta: 3 pontos Média: 2 pontos Baixa: 1 ponto Global: 3 pontos Regional: 2 pontos Local: 1 ponto Difícil: 3 pontos Moderada: 2 pontos Fácil: 1 ponto Com base nessas informações, assinale a opção que apresenta os termos que substituem adequadamente os números de I a V, na coluna de significância da matriz. a) I – significativo; II – não significativo; III – muito significativo; IV – não significativo e V – muito significativo. b) I – significativo; II – significativo; III – significativo; IV – não significativo e V – significativo. c) I – significativo; II – não significativo; III – muito significativo; IV – não significativo e V – significativo. d) I – muito significativo; II – significativo; III – muito significativo; IV – significativo e V – muito significativo. e) I – muito significativo; II – significativo; III – muito significativo; IV – não significativo e V – significativo. Questão 18 Análise da questão Para determinar o grau de significância de cada aspecto ambiental, os valores atribuídos à probabilidade (Pr), à severidade (Sr), à abrangência (Ab) e à detecção (De) são multiplicados e obtém-se o resultado (Re), que é comparado às faixas predeterminadas. Na tabela 1, estão apresentados os resultados e suas respectivas significâncias para os casos indicados no quadro 1. Questão 18 Tabela 1. Determinação do grau de significância dos aspectos ambientais. Aspecto Ambiental Pr Sr Ab De Re Significância Geração de resíduos sólidos 2 x 1 x 3 x 2 = 12 Significativo (9 ≤ Re ≤ 16) Emissão de gases, vapores, 3 x 2 x 1 x 1 = 6 Não significativo (Re ≤ 8) Geração de ruído e vibração 2 x 3 x 2 x 2 = 24 Muito Significativo (Re ≥ 18) Consumo de papel 2 x 1 x 1 x 2 = 4 Não significativo (Re ≤ 8) Consumo de água 1 x 3 x 3 x 2 = 18 Muito Significativo (Re ≥ 18) Questão 18 Alternativa correta: A. Indicação bibliográfica ABNT NBR ISO 14001:2004. Disponível em <http://biblioteca.unip.br/results.asp?unidade=&autor=&titulo=ISO +14001&editora=&assunto=&material=&edicao=&classe=4>. Acesso em 10 mai. 2013. GIANNETTI, B. F.; ALMEIDA, C. M. V. B. Ecologia Industrial. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. Questão 18 INTERVALO Introdução teórica Poluentes gasosos A Resolução Conama no 3, de 28/06/1990 (CONAMA, 1990), estabelece que poluente atmosférico pode ser toda substância presente no ar que, devido à sua elevada concentração, torne-se impróprio, nocivo ou mesmo ofensivo à saúde humana. Essa substância pode causar inconvenientes ao bem-estar público, prejuízos à fauna, à flora, à segurança, ao uso e ao gozo da propriedade e às atividades normais da sociedade. Questão 19 O nível da poluição atmosférica é usualmente medido pela quantidade de substâncias poluentes presentes no ar. A grande variedade de substâncias existentes torna difícil a tarefa de padronizar uma classificação geral que possa ser utilizada em todos os casos. Como alternativa, os poluentes são divididos em duas categorias, conforme ilustrado na figura 1: poluentes primários (emitidos diretamente pelas fontes de emissão) e poluentes secundários (formados na atmosfera por meio de reação química entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera). Questão 19 Figura 1. Origens e tipos de poluentes do ar. Fonte: Adaptado de MILLER JR., 2011. Questão 19 Poluentes Primários Poluentes Secundários CO CO2 NO2 NOSO2 SO3 HNO3 H3SO4 H2O2 O3 PANs Principalmente hidrocarbonetos Principalmente partículas suspensas Principalmente sais de NO3 e SO4 2- Origens Natural Estacionária Móvel Os poluentes do ar podem ser de origem natural ou artificial (atividades humanas). Os de origem natural incluem o pó movimentado da superfície terrestre pela ação dos ventos, os incêndios florestais naturais, as erupções vulcânicas e as substâncias químicas orgânicas voláteis liberadas por algumas plantas, decomposição de vegetais, entre outras. A maioria das fontes naturais de poluição dificilmente atinge níveis nocivos, exceto as erupções vulcânicas e os incêndios florestais. Questão 19 Como mostrado na figura 1, os poluentes de origem antrópica incluem, em sua grande maioria, a queima de combustíveis fósseis em usinas elétricas, indústrias (origens estacionárias) e veículos motorizados (origens móveis) (MILLER Jr., 2011). As substâncias poluentes são, geralmente, classificadas conforme indicado na tabela 1. A interação entre as substâncias poluentes e a atmosfera define o nível da qualidade do ar, que, por sua vez, determina o potencial de efeitos adversos da poluição sobre a sociedade, os animais, as plantas e os materiais (infraestrutura). Questão 19 Tabela 1. Classificação de substâncias poluentes. Compostos de enxofre Compostos de nitrogênio Compostos orgânicos Monóxido de carbono Compostos halogenados Material particulado Ozônio SO2, SO3, H2S, Mercaptanas, Dissulfeto de carbono e Sulfatos NO, NO2, NH3, HNO3, nitratos Hidrocarbo- netos, Alcoois, Aldeídos, Cetonas, Ácidos orgânicos CO HCI, HF, Cloretos, Fluoretos Mistura de compostos no estado sólido ou líquido O3, Formal- deído, Acroleína Fonte. CETESB, 2013. Questão 19 Segundo a CETESB (2013), devido à complexidade da medição da qualidade aérea, ela é restrita a um número previamente fixado de poluentes, considerados de acordo com os prejuízos que podem causar e com os recursos disponíveis para seu acompanhamento. Usualmente, os poluentes utilizados como indicadores da qualidade do ar são o material particulado (MP), o dióxido de enxofre (SO2), o monóxido de carbono (CO), oxidantes fotoquímicos (como o O3), hidrocarbonetos (HC) e os óxidos de nitrogênio (NOx). Questão 19 No âmbito legislatório federal, a Resolução Conama no 3, de 28/06/1990, alicerçada na Resolução Conama no 5, de 15/06/1989 (que dispõe sobre o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar), estabelece os padrões de qualidade do ar conforme exposto na tabela 2. Os parâmetros regulamentados são: partículas totais em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio. Questão 19 Tabela 2. Padrões nacionais de qualidade do ar. Poluente Tempo de Amostragem Padrão Primário µg/m³ Padrão Secundário µg/m³ Método de Medição (a) Partículas totais em suspensão 24 horas1 MGA2 240 80 150 60 Amostrador de grandes volumes (b) Partículas inaláveis 24 horas1 MAA3 150 50 15050 Separação inercial/filtração (c) Fumaça 24 horas1 MAA3 150 60 100 40 refletância (d) Dióxido de enxofre 24 horas1 MAA3 365 80 100 40 Pararosanilina (e) Dióxido de nitrogênio 1 hora1 MAA3 320 100 190 100 Quimiluminescência (f) Monóxido de carbono 1 hora1 8 horas1 40000 35 ppm 10000 9 ppm 40000 35 ppm 10000 9 ppm Infravermelho não dispersivo (g) Ozônio 1 hora1 160 160 Quimiluminescência Fonte. CONAMA (1990). Legenda: 1 Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano; 2 Média geométrica anual; 3 Média aritmética anual. Questão 19 Devido à elevada densidade populacional e à concentração de indústrias e veículos motorizados, os centros urbanizados apresentam níveis de poluição do ar mais elevados se comparados aos das áreas rurais. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 1,1 bilhão de pessoas vivem em áreas urbanas com qualidade do ar insalubre, geralmente, em regiões consideradas em desenvolvimento onde não existe legislação (ou ela não é respeitada) sobre a qualidade do ar (MILLER Jr., 2011). Questão 19 É importante enfatizar que, nessas regiões, a maior ameaça, geralmente, é decorrente da queima de madeira, carvão ou de outra fonte energética para o aquecimento das pessoas e para o preparo de seus alimentos. Dessa forma, as emissões ficam retidas no interior das casas e atingem níveis elevados de concentração, podendo causar sérios riscos à saúde humana. Questão 19 Já em 1994, Boubel et al. (1994) apontavam que os futuros problemas de poluição do ar estariam baseados no aumento da demanda de combustíveis fósseis devido ao crescimento populacional. Embora exista grande potencial na inovação tecnológica e no uso de fontes de energia alternativas, como solar, fotovoltaica, geotérmica, eólica, combustíveis não fósseis (hidrogênio e derivados da biomassa) e oceânica (gradiente termal, marés e ondas), há problemas envolvendo sistemas de transporte, sistemas de reciclagem e tratamento de resíduos, prioridades nacionais, economia internacional, disponibilidade de emprego versus qualidade ambiental e liberdades pessoais. Questão 19 Enunciado O relatório de qualidade do ar elaborado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Espírito Santo, com referência à região da grande Vitória, no ano de 2006, utiliza um índice de qualidade do ar (IQA) que contempla os seguintes parâmetros: dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), partículas inaláveis (PM10) e partículas totais em suspensão (PTS). Questão 19 O IQA é uma função linear segmentada (por faixa de classificação) e adimensional da concentração dos poluentes, cujos pontos de inflexão são os padrões limitantes de qualidade apresentados na tabela a seguir. Para cada poluente, é calculado um valor de IQA. Desse modo, concentrações de NO2 iguais a 50 µg/m3 e a 150 µg/m3 correspondem, respectivamente, a valores de IQA a 25 e 62 para esse poluente. Questão 19 Questão 19 Faixas de concentrações dos poluentes para o cálculo do IQA. Nota: Valores em vermelho são os padrões primários estabelecidos pela Resolução CONAMA n°3, de 28/06/1990. ESPÍRITO SANTO. Relatório da Qualidade do Ar na Região da Grande Vitória 2006. Cariacica: Instituto estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2007. (adaptado). Considerando as informações no texto e na tabela anterior, suponha que o responsável por uma estação de monitoramento de poluição atmosférica tenha reportado evolução para o IQA das PTS, no ano de 2009, conforme mostrado no gráfico da figura a seguir. Questão 19 Nessa situação e com base nos dados apresentados, conclui-se que: a) no primeiro semestre de 2009, a qualidade do ar na estação, em relação às partículas totais em suspensão, foi considerada predominantemente regular, especialmente no mês de junho, com valores de PTS sempre inferiores a 175 µg/m³. b) no primeiro semestre de 2009, a qualidade do ar na estação, em relação às partículas totais em suspensão, foi considerada predominantemente boa, em especial no mês de junho, com alguns valores de PTS superiores a 175 µg/m³ no semestre. Questão 19 c) no segundo semestre de 2009, a qualidade do ar foi predominantemente boa, com alguns eventos de qualidade regular. Esse fato deveu-se à menor produção industrial no período. d) em 2009, a qualidade do ar foi predominantemente boa, ocorrendo somente alguns eventos de concentrações de PTS acima do padrão primário, determinado pela Resolução Conama no 3, de 28/06/1990. e) em 2009, a qualidade do ar é melhor no segundo semestre, porque as concentrações de PTS foram superiores a 150 µg/m³ no primeiro semestre, embora estivessem inferiores ao do padrão primário, estabelecido pela Resolução Conama no 3, de 28/06/1990. Questão 19 Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. Justificativa. No primeiro semestre de 2009, o IQA da PTS é considerado como predominantemente “bom”, em vez de “regular”, porque, nos meses de junho e março, alguns picos resultaram em uma classificação predominantemente “regular”. Além disso, a faixa de concentração de poluentes é sempre inferior a 207 µg/m3 (equivalente a um IQA de 90) e não ao valor mais restritivo, de 175 µg/m3 (equivalente a um IQA de 80), como sugerido, devido aos picos da primeira quinzena dos meses de março e junho. Questão 19 Análise das afirmativas B – Alternativa incorreta. Justificativa. Mesmo que no primeiro semestre a qualidade do ar possa ser considerada como predominantemente “boa” e com apenas alguns valores de PTS superiores a 175 µg/m3 no semestre, os meses de março e junho são os únicos que apresentaram picos de PTS acima de 175 µg/m3 (IQA de 80), resultando em uma classificação “regular”, em vez de “boa”, como sugerida. Questão 19 Análise das afirmativas C – Alternativa incorreta. Justificativa. Mesmo que no segundo semestre a qualidade do ar tenha sido classificada como “boa” para PTS (IQA abaixo de 50), em todo o período nenhum evento ocorreu para que houvesse rebaixamento do IQA para “regular” (caracterizado com valores de IQA acima de 50). Adicionalmente, não se pode afirmar que o PTS está direta e exclusivamente relacionado à produção industrial. Questão 19 Análise das afirmativas D – Alternativa incorreta. Justificativa. Mesmo que a qualidade do ar tenha sido predominantemente “boa” durante todo o ano de 2009, nenhum evento caracterizado pela concentração de PTS acima do padrão primário, determinado pela Resolução CONAMA, ocorreu. Ou seja, mesmo com os picos de março e junho, o valor padrão primário de 240 µg/m3 (IQA para PTS de 100) não foi identificado durante todo o ano de 2009. Questão 19 Análise das afirmativas E – Alternativa correta. Justificativa. A qualidade do ar para PTS é melhor no segundo semestre, pois, no primeiro semestre, ocorreram eventos nos meses de março e junho, em que as concentrações de PTS foram superiores a 150 µg/m3. Mesmo assim, as concentrações de PTS durante todo o ano de 2009 foram inferiores ao padrão primário de 240 µg/m3 (IQA para PTS de 100), estabelecido na Resolução CONAMA. Alternativa correta: E Questão 19 Indicações bibliográficas BOUBEL, R. W.; FOX, D. L.; TURNER, D. B.; STERN, A. C. Fundamentals of air pollution. 3. ed. New York: Academic Press, 1994. CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Qualidade do ar. Disponível em <http://www.cetesb.sp.gov.br>. Acesso em 7 abr. 2013. Questão 19 Indicações bibliográficas CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 3, de 28 de junho de 1990. Dispõe sobre a regulamentação de padrões de qualidade do ar. Disponível em <http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=41>. Acesso em 07 abr. 2013. MILLER JR., G. T. Ciência ambiental.11. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. Questão 19 INTERVALO Introdução teórica Sistemas de Gerenciamento Ambiental (SGA) O Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) monitora entradas e saídas de materiais, integra o controle ambiental nas operações rotineiras da empresa e permite o planejamento, a longo prazo, de ações necessárias para a melhoria do gerenciamento. O SGA é uma ferramenta que mede o impacto das atividades de uma empresa no ambiente, fornecendo uma visão estruturada para planejar e implementar medidas de proteção ambiental (GIANNETTI e ALMEIDA, 2005). Questão 20 Os benefícios de um SGA incluem: maximização da eficiência no uso de reservas naturais; redução de geração de resíduos; melhoria da imagem da empresa; conscientização ambiental dos funcionários; maior compreensão quanto ao impacto causado pelas atividades da empresa; possibilidade de aumento dos lucros devido à implantação de operações e de processos mais eficientes. Questão 20 O padrão para implantação de um SGA é a certificação ISO 14001, desenvolvida dentro da série ISO 14000, pela International Organization for Standardization (ISO). Trata-se de uma coletânea de procedimentos padronizados que auxilia as empresas na implementação de um sistema de gerenciamento ambiental efetivo. Questão 20 Enunciado Um sistema de Gestão Ambiental (SGA) é a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. O objetivo principal de um SGA é controlar sistematicamente o desempenho ambiental, promovendo sua melhoria contínua. Considerando essa perspectiva, redija um texto dissertativo, com até 15 linhas, abordando os seguintes aspectos: a) implantação de um SGA; b) benefícios potenciais de um SGA; c) integração com um sistema de gestão global. Questão 20 Sugestões de respostas Item a. Implantação de um SGA Para a implantação de um SGA, é necessário o mapeamento dos processos desenvolvidos pela empresa, a fim de se identificarem os impactos que possam afetar o meio ambiente. Para tanto, deve haver comprometimento da liderança da organização, envolvendo acionistas, diretores, gerências e funcionários. Questão 20 Nessa fase, é importante verificar as exigências legais aplicáveis à atividade com base nas condicionantes das licenças ambientais. Depois de elaborado o mapeamento, serão propostas soluções tecnológicas e administrativas para monitoramento ou implantação de melhorias e estabelecidos controles para minimizar impactos. Em qualquer empresa, a implantação de um SGA depende principalmente do setor organizacional, do setor técnico e do setor jurídico (HARRINGTON, 2001). O estabelecimento de rotinas administrativas e operacionais, de acordo com as características da estrutura funcional, é função do setor organizacional. Questão 20 O conhecimento dos aspectos ambientais, ligados às atividades, às instalações, aos produtos e aos serviços, está associado ao setor técnico da empresa. Já o conhecimento e o atendimento dos requisitos legais aplicáveis à organização são de responsabilidade do setor jurídico. Item b. Benefícios potenciais de um SGA A NBR ISO 14004 indica que o SGA possibilita benefícios para a empresa que o implanta, como o fortalecimento da sua imagem pública e o aumento da sua participação no mercado. Questão 20 O SGA busca assegurar a gestão eficaz, o atendimento aos critérios de certificação do vendedor e o estabelecimento de boas relações com a comunidade. Há também potenciais benefícios econômicos resultantes da implementação do SGA, como o atendimento a critérios dos investidores, a melhora no acesso ao capital, a obtenção de seguros a custo menor, o aprimoramento do controle de gastos e a redução de incidentes que impliquem responsabilidade civil ou penalidades. Questão 20 Para o meio ambiente, os principais benefícios do SGA são o estímulo ao desenvolvimento e ao compartilhamento de soluções ambientais, a redução do uso de matérias-primas e energia e a diminuição da emissão de poluentes e da descarga de efluentes e resíduos sólidos. O SGA gera também benefícios de ordem legal, como a facilitação na obtenção de licenças e autorizações e a melhora nas relações entre a indústria e o governo (TINOCO e KRAEMER, 2004). Questão 20 Item c. Integração com um sistema de gestão global. A adoção de um sistema de gestão alinhado a ISO 14000 promove a integração dos critérios da organização com os critérios adotados por empresas de todo o mundo. Questão 20 Os certificados de gestão ambiental da série ISO 14000 atestam a responsabilidade ambiental no desenvolvimento das atividades de uma organização. Em uma situação de economia globalizada e competitiva, ser "certificado" significa ter vantagem de marketing considerável sobre concorrentes. Internacionalmente, ser "certificado de acordo com a ISO 14000" significa estar em condições de concorrer com empresas de diversos países. É importante ressaltar que a falta de certificação pode gerar barreiras comerciais para a empresa. Questão 20 Indicação bibliográfica GIANNETTI, B. F.; ALMEIDA, C. M. V. B. Ecologia industrial: conceito, ferramentas e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. HARRINGTON, H. J. A implementação da ISO 14000: como atualizar o sistema de gestão ambiental com eficácia. São Paulo: Atlas, 2001. TINOCO, J. E. P.; KRAEMER, M. E. P. Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2004. Questão 20 ATÉ A PRÓXIMA! Unidade I ESTUDOS DISCIPLINARES TOMO I Profa. Claudia Figueiredo Introdução teórica Emissões veiculares e legislação regulamentadora para seu controle No Brasil, as elevadas taxas de urbanização, aliadas às deficiências de políticas públicas de transporte em massa e aos incentivos à produção e ao consumo de veículos privados, resultaram em aumento significativo da motorização individual (incluindo automóveis e motocicletas) nas últimas décadas. Questão 21 Adicionalmente, o transporte de cargas, caracterizado no Brasil como prioritariamente rodoviário, pressiona o aumento do número de veículos pesados (figura 1). Esse cenário, considerando que veículos automotores rodoviários são fontes emissoras de poluentes para a atmosfera, mostra a necessidade do planejamento estratégico para adoção de medidas de controle dessas emissões (MMA, 2011). Questão 21 Questão 21 Figura 1. Evolução histórica da frota de veículos do Brasil. Fonte. MMA, 2011. As emissões de um veículo automotor podem ser causadas pelo processo de combustão ou pela evaporação do combustível. Vários fatores influenciam a quantidade e os tipos de poluentes de um veículo automotor como, por exemplo, a tecnologia do motor, o porte e o tipo de uso do veículo, a idade do veículo, o projeto e os materiais do sistema de alimentação de combustível, o tipo e a qualidade do combustível e as condições de manutenção e condução do veículo, além de fatores meteorológicos, como pressão e temperatura ambiente. As emissões de um motor de combustão contêm substâncias como monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), hidrocarbonetos (HC), aldeídos (RCHO), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP). Já as emissões evaporativas contêm basicamente hidrocarbonetos (MMA, 2011). Questão 21 Em 6 de maio de 1986, a Resolução Nº 18 do Conama criou o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que definiu os primeiros limites de emissão para veículos leves (tabela 1). Em 28 de outubro de 1993, a Lei Nº 8.723 (que dispõe sobre a redução de emissão de poluentespor veículos automotores) endossou a obrigatoriedade de reduzir os níveis de emissão dos poluentes de origem veicular para induzir o desenvolvimento tecnológico dos fabricantes de combustíveis, motores e autopeças. O Proconve impõe: (I) a certificação de protótipos e o acompanhamento estatístico em veículos na fase de produção (ensaios de produção); (II) a autorização do Ibama para uso de combustíveis alternativos; (III) o recolhimento ou reparo de veículos e motores encontrados em desconformidade com a produção ou projeto; e (IV) a proibição da comercialização de modelos de veículos não homologados (MMA, 2011). Questão 21 Tabela 1. Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) sobre o controle da poluição do ar por veículos automotores. Nº 18 06/05/1986 Dispõe sobre a criação do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores – PROCONVE. Nº 8 31/08/1993 Complementa a Resolução Nº 18/86, que institui, em caráter nacional, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – PROCONVE -, estabelecendo limites máximos de emissão de poluentes para os motores destinados a veículos pesados novos, nacionais e importados. Nº 15 13/12/1995 Dispõe sobre a nova classificação dos veículos automotores para o controle da emissão veicular de gases, material particulado e evaporativo. Nº 297 26/02/2002 Estabelece os limites para emissões de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e veículos similares novos. Questão 21 Nº 315 29/10/2002 Dispõe sobre a nova etapa do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores – PROCONVE. Nº 342 25/09/2003 Estabelece novos limites para emissões de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e veículos similares novos, em observância à resolução 297, de 26 de fevereiro de 2002, e dá outras providências. Nº 414 24/09/2009 Altera a resolução 18, de 06 de maio de 1986, e reestrutura a Comissão de Acompanhamento e Avaliação do PROCONVE (CAP), em seus objetivos, competência, composição e funcionamento. Nº 432 13/07/2011 Estabelece novas fases de controle de emissões de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e veículos similares novos. Fonte. CONAMA, 2012. Questão 21 Em relação aos veículos pesados de transporte de passageiros e/ou carga, existe a preocupação quanto às emissões de material particulado e óxidos de nitrogênio. A Resolução do Conama nº 18/86 providenciou os primeiros encaminhamentos para o controle da emissão de veículos a diesel. De acordo com o cronograma de implantação dos limites regulamentados para as emissões, as indústrias automobilísticas e de combustíveis devem adaptar-se, até 2016, às novas normas técnicas, disponibilizando, no mercado brasileiro, diesel e motores nos padrões já adotados na Europa. Para efeito de comparação, na Europa, os veículos movidos a diesel emitem uma quantidade de enxofre até 200 vezes menor do que é lançado pelos ônibus e caminhões brasileiros (MMA, 2011). Questão 21 Além dos veículos leves e pesados, outra preocupação está relacionada às emissões de poluentes das motocicletas. Estima-se que, enquanto um carro percorre em média 30 quilômetros por dia, as motos de entrega percorrem até 180 quilômetros. Assim, surgiu em 2002 o Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (Promot), introduzido pela Resolução nº 297/2002 do Conama (tabela 1), com o objetivo de complementar o controle do Proconve e contribuir para reduzir a poluição do ar por fontes móveis no Brasil. A Instrução Normativa Ibama n° 17/2002 e a Resolução nº 342/2003 Conama complementam a Resolução Nº 297/2002, estabelecendo limites Euro III para os motociclos (MMA, 2011). Questão 21 De acordo com o Ibama (2011), o controle de emissão de poluentes é executado a partir da seguinte classificação de veículos automotores: (I) veículo leve de passageiros; (II) veículo leve comercial; (III) veículo pesado; (IV) veículo de duas rodas. Cada classificação tem limites máximos de emissões regulamentados pelo Proconve/Promot/Ibama. Os padrões estabelecidos para os veículos leves de passageiros são mostrados na tabela 2. Adicionalmente à Resolução Conama nº 8, de 31 de agosto de 1993 (tabela 1), a Lei nº 8.723/93 determina que todos os veículos importados atendam às mesmas exigências dos veículos nacionais. Dessa forma, objetiva-se obedecer à legislação ambiental, garantindo as adaptações e/ou alterações de produtos às exigências brasileiras. Questão 21 Tabela 2. Limites máximos de emissão de poluentes para veículos automotores denominados como “veículos leves de passageiros”. POLUENTES LIMITES Fase L-5 Fase L-6(1) Desde 01/01/2009 A partir de 01/01/2014 Monóxido de carbono (CO em g/km) 2,00 1,30 Hidrocarbonetos (HC em g/km) 0,30(2) 0,30(2) Hidrocarbonetos não metano (NMHC em g/km) 0,05 0,05 Óxidos de nitrogênio (NOx em g/km) 0,12(3) ou 0,25(4) 0,08 Material particulado(4) (MP em g/km) 0,05 0,025 Aldeídos(3) (CHO g/km) 0,02 0,02 Emissão evaporativa (g/ensaio) 2,0 1,5(6) ou 2,0(5)(6) Emissão de gás no cárter Nula Nula Fonte. IBAMA, 2011. Legenda: (1) Em 2014 para todos os novos lançamentos. A partir de 2015 para todos os veículos comercializados; (2) Aplicável somente a veículos movidos a GNV; (3) Aplicável somente a veículos movidos a gasolina ou etanol; (4) Aplicável somente a veículos movidos a óleo diesel; (5) Aplicável somente a ensaios realizados em câmera selada de volume variável; (6) Aplicável a todos os veículos a partir de 01/01/2012. Questão 21 Enunciado Avalie as asserções a seguir. No Brasil, os fabricantes de motores, de veículos automotores e de combustível são obrigados a reduzir os níveis de emissão de monóxido de carbono para garantir a qualidade do ar. PORQUE Apesar de lei específica impor limites à emissão de poluentes por veículos novos produzidos no Brasil, essa mesma lei torna facultativa a observância desses limites no caso de automóveis importados. Questão 21 Acerca dessas asserções, assinale a alternativa correta. a) As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa. d) A primeira asserção é uma proposição falsa e a segunda é uma proposição verdadeira. e) As duas asserções são proposições falsas. Questão 21 Análise das asserções I – Asserção verdadeira. Justificativa. Os fabricantes de motores, de veículos automotores e de combustível devem seguir as regulamentações das diversas Resoluções Conama sobre controle da poluição do ar por veículos automotores, além da Lei nº 8.723/93 sobre redução de emissões. É válido ressaltar que não somente a emissão de CO (como descrito na primeira asserção) deve ser reduzida, mas também a de outros gases, como a de hidrocarbonetos, NOx, material particulado e aldeídos. Questão 21 Análise das asserções II – Asserção falsa. Justificativa. As regulamentações sobre emissões automotivas impostas aos veículos automotores produzidos no Brasil também são válidas e obrigatórias aos veículos importados. Alternativa correta: C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa. Questão 21 Indicações bibliográficas Conama. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções Conama. Resoluções vigentes publicadas entre setembro de 1984 e janeiro de 2012. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 2012. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/Livr oConama. pdf>. Acesso em 03 mai. 2013. Ibama. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Programa de controle da poluição do ar por veículos automotores(Proconve/Promot/Ibama). 3. ed. Brasília: Ibama/Diqua, 2011. Questão 21 Indicações bibliográficas MMA. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, Departamento de Mudanças Climáticas. 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, 2011. Disponível em <http://www.mma.gov.br/estruturas/163/_publicacao/ 163_publicacao27072011055200.pdf>. Acesso em 03 mai. 2013. Questão 21 INTERVALO Introdução teórica Ciclo do carbono e aquecimento global As alterações climáticas não são novas na Terra. Durante os últimos 4,7 bilhões de anos, o clima alterou-se devido a processos naturais, como emissões vulcânicas, mudanças na intensidade solar, movimento dos continentes em razão do deslocamento das placas tectônicas e choques com grandes meteoros, entre outros. Os dois gases principais que causam o aquecimento global são o vapor d’água, controlado pelo ciclo hidrológico, e o dióxido de carbono (CO2), controlado pelo ciclo do carbono (MILLER JR, 2011). Questão 22 O carbono, componente básico dos carboidratos, dos lipídios, das proteínas, do DNA e de outros compostos orgânicos necessários para a vida, circula pela biosfera por meio do ciclo do carbono (figura 1). O CO2 é considerado como o principal regulador da temperatura da biosfera. Se, durante o ciclo do carbono, grande quantidade de CO2 for removida da atmosfera, ocorre resfriamento. Se o ciclo gerar excesso de CO2, a atmosfera aquece – processo conhecido como efeito estufa (MILLER JR, 2011). Questão 22 Figura 1. Ciclo do carbono. Disponível em <http://www.educador es.diaadia.pr.gov.br/ modules/mylinks/view cat.php?>. Acesso em 18 set. 2013. Questão 22 Objetivando documentar as mudanças climáticas do passado e fazer projeções de mudanças futuras, criou-se, em 1988, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Segundo dados do IPCC, desde 1861 as concentrações dos gases de efeito estufa (CO2, CH4 e N2O) vêm aumentando exponencialmente na atmosfera, principalmente devido às atividades antrópicas baseadas na combustão de energia fóssil, ao desmatamento e à queima de florestas e ao uso de fertilizantes inorgânicos. Questão 22 Ressalta-se que diferentes gases contribuem para o efeito estufa e o CO2 é apenas o gás de referência. Por exemplo, a tabela 1 mostra que o N2O tem um potencial de aquecimento global aproximadamente 296 vezes superior ao do CO2. Desde 1980, a concentração de CO2 na atmosfera aumentou de 280ppm para 380ppm, o maior nível de concentração nos últimos 420 anos. Alguns pesquisadores sugerem que, em poucas décadas, o nível de CO2 na atmosfera irá alcançar 500ppm, o que provavelmente resultará em aquecimento significativo no planeta (MILLER JR, 2011). Questão 22 Tabela 1. Principais gases de efeito estufa resultantes das atividades humanas. Gás de feito estufa Fontes humanas Potencial de aquecimento relativo (comparado ao CO2) Dióxido de carbono (CO2) Queima de combustível fóssil (especialmente carvão), desmatamento e queima de plantas. 1 Metano (CH4) Arrozais, aterros sanitários, vazamentos de gás natural da produção e das tubulações de petróleo e gás. 23 Óxido nitroso (N2O) Queima de combustíveis fósseis, fertilizantes, detritos de animais de criação e produção de náilon. 296 Questão 22 Gás de feito estufa Fontes humanas Potencial de aquecimento relativo (comparado ao CO2) Clorofluorcarbonos (CFCs) Aparelhos de ar condicionado, refrigeradores, espumas plásticas. 900 – 8.300 Hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) Aparelhos de ar condicionado, refrigeradores, espumas plásticas. 470 – 2.000 Hidrofluorcarbonos (HFCs) Aparelhos de ar condicionado, refrigeradores, espumas plásticas. 130 – 12.700 Halocarbonos Extintores de incêndio. 5.500 Tetracloreto de carbono Solvente de limpeza. 1.400 Fonte. MILLER JR., 2011. Questão 22 A queima de combustíveis fósseis é considerada a maior responsável pelo acréscimo de carbono presente na atmosfera. Como esses combustíveis não são renováveis, os chamados biocombustíveis vêm sendo sugeridos para substituí-los. Os biocombustíveis são obtidos a partir da conversão de alguns tipos de biomassa vegetal em combustível líquido por meio de processos biotecnológicos. Questão 22 Exemplos de biocombustíveis incluem biogás (60% de CH4 e 40% de CO2), etanol e metanol líquido. O etanol pode ser obtido a partir de plantas ricas em açúcar (cana-de-açúcar, beterraba etc.) e do amido das plantações de grãos (sorgo, girassol, milho etc.), por meio de processos industriais de fermentação e destilação. No Brasil, o etanol de cana-de-açúcar é o mais utilizado devido às condições climáticas vantajosas e ao know-how estabelecido durante décadas de experimentação e prática. Questão 22 Algumas vantagens do combustível etanol em relação à gasolina são: alta octanagem, redução nas emissões de CO2, menor emissão de CO e parcial renovabilidade. Entre as desvantagens estão a necessidade de tanques maiores de combustível para obter mais autonomia, a disputa por áreas agricultáveis de produção de alimentos, as maiores emissões de NO e o elevado potencial corrosivo (MILLER JR, 2011). Os problemas atuais enfrentados pela sociedade devido aos impactos causados pela dependência de energia fóssil evidenciam cada vez mais a necessidade da busca por alternativas. Assim, o etanol produzido a partir da cana-de- açúcar no Brasil mostra-se como uma boa alternativa. Questão 22 Enunciado No final do século XX e início do século XXI começam a ocorrer sérias alterações na atmosfera. A emissão do CO2, resultante da queima de combustíveis em diversos tipos de motores, contribui de forma especial para o aquecimento global. Surgem ou intensificam-se ao longo desse período correntes de pensamento voltadas à preservação do meio ambiente e à preocupação em encontrar formas pelas quais as pessoas possam satisfazer suas necessidades sem comprometerem a qualidade de vida de futuras gerações. Nesse contexto, surge o chamado marketing ambiental, que divulga e promove ações como a substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis. Questão 22 Questão 22 Em relação a esse assunto e quanto à utilização da gasolina e do etanol, avalie as afirmativas a seguir. I. O consumo do etanol é incentivado por ações de marketing ambiental, pois o CO2 emitido pela queima desse biocombustível é mais leve e menos poluente. II. A utilização do etanol deve ser incentivada pelo fato de esse biocombustível, ao contrário da gasolina, não agregar carbono proveniente de material fóssil ao ciclo de carbono que se desenvolve na superfície do planeta. Questão 22 III. O etanol e a gasolina geram praticamente a mesma emissão quantitativa de CO2, resultando, portanto, em prejuízo ambiental semelhante, pois não há diferença química entre o CO2 emitido pela queima da gasolina e aquele emitido pela queima do etanol. Questão 22 É correto apenas o que se afirma em: a) I b) II c) III d) I e III e) II e III Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa. A molécula de CO2 emitida pela combustão de derivados do petróleo tem as mesmas características físico- químicas que a molécula de CO2 emitida pela combustão de etanol. Trata-se da mesma substância, independentemente de sua origem (biocombustível ou fonte fóssil). Questão 22 II – Afirmativa correta. Justificativa. O etanol produzido no Brasil a partir da fermentação dos açúcares presentes na cana-de-açúcar não utiliza* combustível fóssil em sua produção. O ciclo biogeoquímico do carbono não acrescenta carbono de origem fóssil na atmosfera. Todo o CO2 emitido pela queima do etanol nos veículos automotores irá retornar para a plantação de cana-de-açúcar por meio da fotossíntese. *Desconsidera-setoda a energia fóssil utilizada na implantação da infraestrutura das usinas, nos maquinários, nos fertilizantes e no diesel utilizado pelos tratores, pelas colheitadeiras e pelos caminhões. Questão 22 III – Afirmativa incorreta. Justificativa. Mesmo que ambos os combustíveis gerem a mesma quantidade de CO2 após combustão nos veículos automotivos, ou que os gases gerados sejam quimicamente iguais, os prejuízos ambientais pelo uso de etanol como alternativa à gasolina são diferentes. Enquanto o carbono emitido pelo etanol (na forma de CO2) irá retornar ao ciclo biogeoquímico do carbono (formando novas plantas de cana-de-açúcar pela fotossíntese), o carbono emitido pela gasolina é excedente e sua concentração na atmosfera aumenta, causando efeito estufa. Questão 22 É correto apenas o que se afirma em: a) I b) II c) III d) I e III e) II e III Alternativa correta: B Questão 22 Indicações bibliográficas KOHLHEPP, G. Análise da situação da produção de etanol e biodiesel no Brasil. Estudos Avançados 24, 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ea/v24n68/17.pdf>. Acesso em 17 mai. 2013. MILLER JR, G. T. Ciência ambiental. 11. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. Questão 22 Indicações bibliográficas MENDONÇA, M. A. A.; FREITAS, R. E.; SANTOS, A. O. P.; PEREIRA, A. S.; COSTA, R. C. Expansão da produção de álcool combustível no Brasil: uma análise baseada nas curvas de aprendizagem. In: XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), Rio Branco, Acre, 2008. Disponível em <http://www.sober.org.br/palestra/9/189.pdf>. Acesso em 17 mai. 2013. Questão 22 Indicações bibliográficas UNICA. Produção e uso do etanol combustível no Brasil – respostas às questões mais frequentes. União da Indústria de Cana-de-açúcar, 2007. Disponível em <http://www.ambiente.sp.gov.br/ wp- content/uploads/publicacoes/etanol/producao_etanol_unica.pdf>. Acesso em 17 mai. 2013. Questão 22 INTERVALO Introdução teórica Princípios do poluidor-pagador e usuário-pagador O padrão de desenvolvimento adotado pela sociedade moderna resulta na acelerada redução da capacidade de suporte da Terra. Para reverter esse quadro, devem-se: alterar as políticas públicas consideradas prejudiciais ao meio ambiente; considerar o tema biodiversidade no processo de planejamento de uso da terra; Questão 23 valorar adequadamente os componentes e os serviços da natureza, contabilizando-os nos processos decisórios; dar prioridade a determinadas metas e ações que resultem em melhorias no curto prazo. A busca por soluções para aumentar a capacidade de carga da Terra de maneira sustentável é um dos maiores desafios da sociedade atual, pois é preciso encontrar um equilíbrio entre questões sociais, econômicas e ambientais. Questão 23 De acordo com as prioridades destacadas, constata-se que a prevenção do dano assume um papel de extrema importância. Nesse sentido, o Estado de Direito Ambiental objetiva não somente recuperar o que deixou de existir (ou impor ao responsável o dever de recuperar), mas também garantir a existência e a qualidade do bem ambiental já existente. Diante disso, são necessários incentivos para normatizar a conduta da sociedade, na tentativa de guiá-la a seguir padrões de comportamento e desenvolvimento considerados mais sustentáveis. Como exemplos de incentivos, têm-se o princípio do poluidor-pagador e, mais recentemente, o princípio do usuário-pagador (HUPFFER et al. 2011). Questão 23 Em 1997, entrou em vigor a Lei nº 9.433/1997 (ANA, 1997), também conhecida como Lei das Águas, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh). Segundo essa lei, a Política Nacional de Recursos Hídricos apresenta seis fundamentos: a água é um bem de domínio público; a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; em situações de escassez, os usos prioritários dos recursos hídricos são o consumo humano e a dessedentação de animais; Questão 23 a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; a bacia hidrográfica deve ser considerada como a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e para a atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; e a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Questão 23 De acordo com o Art. 5º, capítulo IV, da Lei Nº 9433/97 (ANA, 1997), são instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: os Planos de Recursos Hídricos; o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos hídricos; e a compensação a municípios e o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. Questão 23 No Art. 19º, da seção IV, a lei esclarece que a cobrança pelo uso dos recursos hídricos objetiva: reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar a racionalização do uso da água; e obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Questão 23 Diferentemente do princípio poluidor-pagador, que objetiva à reparação de um dano ambiental, o princípio usuário-pagador considera que deve haver uma contrapartida pela outorga do direito de uso de um recurso natural. Essa contrapartida monetária visa à cobrança de um “preço público” pelo uso de um “bem público”, em que o valor da contrapartida é definido com a participação dos próprios usuários-pagadores. O princípio usuário-pagador busca não prejudicar o acesso a bens ambientais de pequenos produtores agropecuários, pequenas indústrias e pequenos consumidores, mas focaliza a cobrança dos que utilizam os recursos naturais em larga escala. Questão 23 Em termos práticos, a cobrança pelo uso (princípio do usuário- pagador) de recursos hídricos é calculada a partir das avaliações realizadas pelos comitês de Bacia Hidrográfica. A questão da valoração também é problematizada no princípio do poluidor-pagador. De maneira geral, todo custo para tratamento do poluente produzido seria repassado ao causador da poluição, aplicando, então, o princípio poluidor-pagador. Assim, o poluidor paga para a sociedade pela poluição gerada ou, quando houver possibilidade, assume todo o custo da implantação das medidas de controle ambiental em seu sistema produtivo. Questão 23 Hupffer et al. (2011) alertam para o equivocado entendimento que a expressão “poluidor-pagador” pode causar. O princípio do poluidor-pagador não se refere à possibilidade de causar degradação ao ambiente sempre que “pagar” por sua poluição. O princípio do poluidor-pagador é de caráter preventivo e repressivo, impondo o emprego de técnicas e de mecanismos com objetivo de evitar os danos ao agente causador de potenciais danos ambientais; caso haja dano, é exigida sua reparação. Questão 23 Independentemente da abordagem científica e/ou jurídica utilizada para preservar o meio ambiente (como os princípios usuário-pagador e poluidor-pagador), a falta de interesse da sociedade global em mudar seu estilo de vida impede maiores avanços. Estilos de vida e padrões de desenvolvimento que exigem grande quantidade de recursos da natureza (energia e material) causam pressão sobre o meio ambiente, reduzindo a capacidade de carga do planeta. Somente após mudar esse perfil de desenvolvimento, resultados mais concretos serão alcançados. Questão 23 Enunciado O uso adequado dos recursos ambientais é fundamental para a efetivação do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto,os princípios do usuário-pagador e do poluidor-pagador preconizam a cobrança pelo uso desses recursos. Segundo a Lei no 9.433/1997, a cobrança pelo uso da água tem por objetivo: Questão 23 a) assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. b) reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor. c) diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. d) assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas. e) garantir o uso múltiplo da água, tanto os usos consuntivos quanto os usos não consuntivos. Questão 23 Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. Justificativa. Como descrito pelo artigo 11º, seção III, da Lei no 9.433/1997, o “regime de outorga”, em vez da “cobrança pelo uso da água”, tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de ter acesso a ela. Questão 23 B – Alternativa correta. Justificativa. Como descrito pelo artigo 19º, seção IV, da Lei no 9.433/1997, a cobrança pelo uso da água objetiva reconhecê-la como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor, incentivar a racionalização de seu uso e obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e das intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Questão 23 C e D – Alternativas incorretas. Justificativa. Como descrito pelo artigo 9º, seção II, da Lei nº 9.433/1997, o “enquadramento dos corpos de água em classes”, em vez da “cobrança pelo uso da água”, visa a assegurar à água qualidade compatível aos usos mais exigentes a que forem destinadas e a diminuir os custos de combate à poluição das águas mediante ações preventivas permanentes. Questão 23 E – Alternativa incorreta. Justificativa. A cobrança pelo uso da água pode englobar os usos consuntivos e não consuntivos, mas a “garantia do uso múltiplo da água” não é um de seus objetivos, como descrito previamente na alternativa “B”. Segundo a Lei no 9.433/1997, capítulo I, artigo 1º, a “garantia do uso múltiplo das águas” é um dos fundamentos que sustentam a Política Nacional de Recursos Hídricos e não um dos objetivos da cobrança pelo uso da água. No uso consuntivo da água, há moção da água de sua fonte natural, diminuindo sua disponibilidade, como na dessedentação de animais, na irrigação, no abastecimento público e no processamento industrial. Questão 23 No uso não consuntivo da água, após utilizar o recurso hídrico, a quase totalidade da água utilizada é devolvida à fonte, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade. Exemplos de usos não consuntivos são a navegação, a recreação, a piscicultura, o represamento para geração de eletricidade e o resfriamento de equipamentos em indústrias. Alternativa correta: B Questão 23 Indicações bibliográficas ANA. Agência Nacional de Águas. Lei no 9.433, de 8 de Janeiro de 1997. Política Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em <http://www.ana.gov.br/Institucional/Legislacao/leis/lei9433.pdf>. Acesso em 07 jun. 2013. HUPFFER, H. M.; WEYERMULLER, A. R.; WACLAWOVSKY, W. G. Uma análise sistêmica do princípio do protetor-recebedor na institucionalização de programas de compensação por serviços ambientais. Ambiente & Sociedade. Campinas: 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ asoc/v14n1/a06v14n1.pdf>. Acesso em 07 jun. 2013. Questão 23 Indicações bibliográficas KFOURI, A.; FÁVERO, F. Projeto conservador das águas passo a passo: uma descrição didática sobre o desenvolvimento da primeira experiência de pagamento por uma prefeitura municipal no Brasil. Brasília, D.F: The Nature Conservancy do Brasil, 2011. Disponível em <http://lcf.esalq.usp.br/prof/pedro/lib/exe/fetch.php?media=ensi no:graduacao:livro_projeto_conservador_das_aguas_web_1_.p df>. Acesso em 08 jun. 2013. Questão 23 INTERVALO Introdução teórica Leptospirose A leptospirose é uma doença endêmica de distribuição mundial, definida como infecciosa e causada pela bactéria Leptospira interrogans, normalmente presente na urina do rato, mas também encontrada na urina de outros animais, como bois, cães e gatos. Ela acomete áreas urbanas e rurais de regiões tropicais e subtropicais. Sua distribuição no território brasileiro pode ser visualizada na figura 1 e apresenta variação sazonal, com aumento de incidência nas épocas mais chuvosas e quentes. Questão 24 Seu contágio ocorre pelo contato do homem com a bactéria, basicamente por meio de ferimentos (mesmo que pequenos) na pele. Na maioria dos casos, esse contato ocorre em situações de enchentes e inundações, pois a urina do rato, que está presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Nas cidades, a aglomeração humana associada à alta infestação de ratos e à grande quantidade de lixo torna maior o risco de se pegar leptospirose (PORTAL DA SAÚDE, 2013). Questão 24 Figura 1. Distribuição de casos de leptospirose por Município do Brasil, 2007 e 2008.Fonte. SVS, 2013. Questão 24 Na prevenção à leptospirose é preciso controlar o hospedeiro da bactéria (ratos) e evitar o contato entre o homem e a urina do rato, direta ou indiretamente. Em relação ao controle dos hospedeiros, obras de saneamento básico (abastecimento de água, lixo e esgoto) e melhorias nas habitações humanas são duas medidas que minimizam a infestação da população de ratos. Outras medidas específicas são recomendadas pelo Portal da Saúde (2003): manutenção dos alimentos armazenados em vasilhames tampados e à prova de roedores; Questão 24 acondicionamento do lixo em sacos plásticos em locais elevados do solo, colocando-os para coleta pouco antes de o lixeiro passar; lavagem e retirada dos vasilhames de alimento dos animais domésticos antes do anoitecer; manutenção da limpeza e do desmatamento de terrenos baldios, para evitar que sirvam de abrigo para os ratos; não utilização das beiras de córregos para depósito de lixo, pois além de atrair roedores, o lixo dificulta o escoamento das águas, agravando o problema das enchentes; fechamento de buracos de telhas, paredes e rodapés para evitar o ingresso dos ratos na casa; Questão 24 manutenção de caixas d’água, ralos e vasos sanitários fechados com tampas pesadas. Em relação às medidas para evitar o contato humano com a urina do rato, recomenda-se que as pessoas que trabalham na limpeza de lamas, entulhos e desentupimento de esgoto usem equipamentos de proteção individual (como botas e luvas de borracha), reduzindo o risco do contato direto com a bactéria. Adicionalmente, deve-se evitar o contato com água ou lama de enchentes, pois esses ambientes podem estar contaminados pela urina dos ratos. Caso o contato seja inevitável, a única maneira de reduzir os potenciais riscos seria permanecer o menor tempo possível em contato com a água (Portal da Saúde, 2013). Questão 24 As bactérias leptospira podem sobreviver no ambiente por semanas ou meses, dependendo das condições do ambiente (temperatura, umidade, lama ou águas de superfície). Porém, elas são bastante sensíveis aos desinfetantes comuns e a determinadas condições ambientais, como o hipoclorito de sódio (presente na água sanitária) e a luz solar. Nos casos em que a enchente inunda a residência, logo após o “abaixamento das águas”, é necessário lavar e desinfetar, com água sanitária, o chão, as paredes, os objetos e as roupas atingidas. Todo alimento que teve contato com água de enchente deve ser descartado, pois pode transmitir a leptospirose e outras doenças. É importante limpar e desinfetar a caixa d’água com uma solução de água sanitária (PORTAL DA SAÚDE, 2013). Questão 24 Os sintomasmais frequentes da pessoa infectada pela bactéria leptospira são similares aos da gripe, incluindo febre, dor de cabeça e dores pelo corpo (principalmente nas panturrilhas), podendo também ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas). O tratamento é baseado no uso de antibióticos, na hidratação e no suporte clínico, com orientação médica. Nas formas mais graves são necessários cuidados especiais, inclusive internação hospitalar (PORTAL DA SAÚDE, 2013). O combate à doença depende fortemente da disseminação da informação à população, da manutenção do ambiente impróprio para a procriação de roedores e da utilização de medidas de proteção individual quando em situações de risco. Questão 24 Enunciado A leptospirose é uma doença infecciosa febril causada por uma bactéria, a Leptospira interrogans, transmitida pela urina do rato. Acerca dessa doença, observe os gráficos seguintes. Considerando os gráficos apresentados, redija um texto, com até 15 linhas sobre a importância da condição sanitária do ambiente para o controle da leptospirose, abordando os seguintes aspectos: a) a tendência epidemiológica da doença no Brasil; b) as condições sanitárias e ambientais que justificam essa tendência; c) as medidas de saneamento ambiental necessárias para o combate da leptospirose. Questão 24 Questão 24 Questão 24 Sugestão de resposta Importância da condição sanitária do ambiente para o controle da leptospirose De 1997 a 2009 verificou-se aumento dos casos confirmados de leptospirose no Brasil de, em média, 300 para 400 casos. Esse aumento ocorreu principalmente nas regiões Sul e Sudeste, caracterizadas como grandes e densos centros urbanizados. Nesses centros existem áreas habitadas que não foram cuidadosamente planejadas para servir de moradia, porque não há a infraestrutura básica (coleta de esgotos, coleta de resíduos sólidos e sistema de drenagem) adequada. Questão 24 Muitas áreas ocupadas estão localizadas em áreas de várzea, onde enchentes podem ocorrer nos meses de elevada pluviosidade. Em 2009, no Brasil, aconteceram enchentes nos meses de janeiro a março, período de maior volume de precipitação anual. Medidas para combater a leptospirose estão intimamente relacionadas às condições sanitárias para evitar a proliferação do vetor transmissor, o rato, e para controlar o principal meio transmissor, a água de enchente. Nesse sentido, é fundamental a existência de sistemas de coleta e de tratamento de resíduos sólidos urbanos e esgotos sanitários, assim como redes de drenagem eficientes. Questão 24 Indicação bibliográfica Portal da Saúde. Leptospirose – o que saber e o que fazer. Ministério da Saúde, Governo Federal do Brasil. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/leptospirose_oqu efazer.pdf>. Acesso em 14 jun. 2013. SVS. Leptospirose. Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Governo Federal do Brasil. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/ arquivos/pdf/apresentacao_lepto.pdf>. Acesso em 14 jun. 2013. Questão 24 ATÉ A PRÓXIMA!
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