Buscar

Livro-Texto - Unidade I Saúde Ambiental (unip gestão ambiental)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autores: Profa. Olívia Beloto da Silva
 Prof. Tiago Davi Vieira Soares de Aquino
Colaboradores: Profa. Ana Paula Zaccaria dos Santos
 Prof. Fábio Mesquita do Nascimento
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Saúde Ambiental
Professores conteudistas: Olívia Beloto da Silva / 
Tiago Davi Vieira Soares de Aquino
Olívia Beloto da Silva
Pós-doutoranda em Ciências Humanas (Laboratório de Fisiologia de Epitélios) pelo Departamento de Fisiologia e Biofísica Humana da 
Universidade de São Paulo – USP. Doutora em Ciências Humanas (Laboratório de Fisiologia Renal) pelo Departamento de Fisiologia 
e Biofísica Humana da Universidade de São Paulo – USP (concluído em 2012). Mestre em Ciências Humanas (Laboratório de 
Fisiologia Renal) pela Universidade de São Paulo – USP (concluído em 2009). Especialista em Enfermagem em Nefrologia pela 
Universidade Federal de São Paulo – Unifesp (concluído em 2007). Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário de Santo 
André – Unia (concluído em 2005).
Durante toda a graduação fez iniciação científica no Laboratório de Fisiologia Renal do Departamento de Fisiologia e Biofísica 
Humana da Universidade de São Paulo – USP (de 2003 a 2007), participando de diversos congressos nacionais e internacionais, além 
de estágio no exterior (Universidade da Califórnia – Estados Unidos). Durante o pós-doutorado contribuiu fortemente na implantação de 
normas e rotinas do laboratório, bem como na parte experimental. Atualmente, é docente titular da Universidade Paulista (UNIP), 
atuando em Projetos de Extensão Universitária, bem como orientando Trabalhos de Conclusão de Curso. Ainda, é líder das disciplinas 
Saúde Ambiental e Vigilância Sanitária para o curso de Graduação de Enfermagem da UNIP. Além disso, é membro ad-hoc da Revista Acta 
de Enfermagem (Unifesp), do Journal of the Health Sciences Institute (UNIP) e da Revista Saúde da Universidade de Guarulhos (UNG).
Tiago Davi Vieira Soares de Aquino
Mestre em Ensino e História de Ciências da Terra pelo Instituto de Geociências da Unicamp (2018), graduado em Geociências e 
Educação Ambiental (Licenciatura) pelo Instituto de Geociências da USP (2010), especialista em Ética, Valores e Cidadania na Escola 
pela USP/Univesp (2013), graduado em Pedagogia pela Uninove (2014) e especialista em Educação a Distância pela UNIP (2017).
Docente desde 2009, atualmente, é professor adjunto da Universidade Paulista (UNIP) nos cursos de graduação, modalidade 
presencial, de Engenharia Civil e Engenharia Mecânica, e na pós-graduação, modalidade presencial, do MBA em Gestão ambiental 
e Sustentabilidade.
Na modalidade a distância é professor e tutor líder nos cursos superiores tecnológicos de Gestão Ambiental, Gestão do 
Agronegócio e Segurança no Trabalho. É também professor conteudista na área de meio ambiente nos cursos de pós-graduação 
EaD da UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586s Silva, Olívia Beloto da.
Saúde ambiental. / Olívia Beloto da Silva, Tiago Davi Vieira 
Soares de Aquino. – São Paulo: Editora Sol, 2020.
132 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230
1. Saúde. 2. Meio ambiente. 3. Recursos naturais. I. Aquino, Tiago 
Davi Vieira Soares de. II. Título.
CDU 614
U508.19 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Carla Moro
 Lucas Ricardi
Sumário
Saúde Ambiental
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 OS ASPECTOS HISTÓRICOS DA SOCIEDADE, DO MEIO AMBIENTE E DA SAÚDE 
HUMANA E A LIGAÇÃO ENTRE ELES ..............................................................................................................9
1.1 Da colonização aos dias atuais: aspectos históricos da saúde .............................................9
2 PAPEL DAS CONFERÊNCIAS NA SAÚDE E NO MEIO AMBIENTE ................................................... 15
3 PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E MEIO AMBIENTE ................................................................................ 24
4 EDUCAÇÃO POPULAR E SUSTENTABILIDADE ....................................................................................... 29
Unidade II
5 RECURSOS NATURAIS: CONSEQUÊNCIA DO USO INDEVIDO E AÇÕES QUE 
FAVORECEM O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE HUMANA ....................................................................... 41
5.1 Principais recursos naturais existentes para a vida: água, energia, ar e solo .............. 41
5.1.1 Água ............................................................................................................................................................. 41
5.1.2 Energia ........................................................................................................................................................ 52
5.1.3 Ar ................................................................................................................................................................... 57
5.1.4 Solo ............................................................................................................................................................... 58
6 PROBLEMAS ASSOCIADOS AO USO INCONSCIENTE DA ÁGUA, DA ENERGIA, 
DO AR E DO SOLO ............................................................................................................................................... 61
6.1 Considerações gerais ........................................................................................................................... 61
6.2 Desenvolvimento urbano: implicações para os recursos naturais ................................... 61
6.3 Contaminação da água e doenças associadas ......................................................................... 63
6.4 Esgoto e doenças associadas ........................................................................................................... 67
6.5 Uso de energia não renovável e contaminação do ar ........................................................... 69
6.6 Contaminação do solo ....................................................................................................................... 70
6.7 Transgênicos ........................................................................................................................................... 70
6.8 Resíduos sólidos: doenças associadas .......................................................................................... 72
6.9 Geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) .............................................................................. 73
6.10 Resíduos de construção e demolição (RCD) ........................................................................... 77
6.11 Resíduosde serviços de saúde ...................................................................................................... 78
6.12 Destinação final dos resíduos sólidos ........................................................................................ 80
6.13 Riscos profissionais ........................................................................................................................... 86
7 IMPACTO DAS CONFERÊNCIAS SOBRE O MEIO AMBIENTE ............................................................ 89
8 AÇÕES QUE FAVORECEM OS RECURSOS NATURAIS......................................................................... 97
8.1 Água ........................................................................................................................................................... 97
8.2 Esgoto .....................................................................................................................................................100
8.3 Energia e ar ...........................................................................................................................................101
8.4 Resíduos sólidos: perigosos e não perigosos ..........................................................................104
7
APRESENTAÇÃO
A disciplina de Saúde Ambiental tem como objetivo contribuir para que os alunos estabeleçam uma 
relação entre as condições do meio ambiente (ecossistema) e a qualidade de vida da população (saúde). 
Por isso, identificar os impactos das condições ambientais sobre a saúde humana, os agentes causadores 
de doenças e a relação que os componentes do saneamento (abastecimento de água, esgotamento 
sanitário, controle de resíduos sólidos) mantêm com a saúde pública e ambiental se torna crucial para 
a prática.
É extremamente importante que o aluno possa reconhecer a interdependência entre o ambiente 
e a saúde, além do processo saúde-doença. Também é necessário que ele seja capaz de identificar 
os principais problemas relacionados ao meio ambiente no processo saúde-doença de forma 
individual ou coletiva, para que o processo educativo permita o surgimento de indivíduos mais 
preocupados com o meio ambiente e com as consequências do seu desequilíbrio para a qualidade 
de vida da população.
Inicialmente apresentaremos a história política e econômica do Brasil e a relação com a saúde da 
época, bem como a importância das conferências internacionais e nacionais, do processo saúde‐doença 
e do envolvimento do meio ambiente nesse processo, além de abordar a importância da educação para 
o meio ambiente. Depois, demonstraremos os principais fatores que interferem no meio ambiente e, 
consequentemente, na saúde humana, além de abordar algumas das ações que podem ser realizadas 
para diminuir os danos para o meio ambiente e para a saúde humana, como o descarte adequado dos 
resíduos e a importância da engenharia genética na saúde ambiental.
Caro aluno, esperamos que você tenha uma excelente leitura e que compreenda, ao final deste 
livro-texto, a importância que o meio ambiente saudável tem na saúde da população. Além disso, 
esperamos que todos, independentemente da área de atuação, colaborem com os processos de 
conservação do meio ambiente, afinal, é dever de todos manter o equilíbrio ambiental visando a 
manutenção e a sobrevivência das gerações futuras.
Boa leitura!
INTRODUÇÃO
Podemos começar este livro-texto com diversas perguntas: Qual a relação existente entre saúde e 
meio ambiente? O que tem dentro de casa que não vem da natureza? O que é saúde e doença? O que 
é meio ambiente e ecossistema? Os danos causados ao meio ambiente podem interferir na saúde da 
população? Existem ações ou fatores que prejudicam o meio ambiente? Podemos realizar ações que 
prejudiquem menos o meio ambiente? É importante estudar na graduação sobre o meio ambiente? 
Contudo, você seria capaz de responder a todas essas perguntas sem dificuldades?
As respostas são complexas e a maioria das ações a favor do meio ambiente depende do coletivo. 
Assim, quando não se pensa coletivamente, as ações individuais ficam perdidas, ou seja, mascaradas 
perto de tantas ações negativamente coletivas. Existem milhões de pessoas no mundo tentando mudar 
8
algo e, na verdade, a vontade de mudar transformada em ação é o que impulsiona todos para vivermos 
dias melhores, com melhores perspectivas.
Frente a tantas informações nos dias atuais, no que diz respeito ao meio ambiente, realizar ações 
sem pensar no futuro é uma atitude intolerável, pois elas interferirão seriamente na geração futura, 
que pode ter estreita ligação com você, com seus filhos, netos, sobrinhos, dentre outros. Neste sentido, 
se faz presente a atuação e principalmente o conhecimento adquirido durante sua formação e a forma 
como este você passará agir no ambiente também como cidadão. Assim, é nosso dever zelar pelo meio 
ambiente e fiscalizar todas as ações que vão contra a sua proteção, para que as gerações futuras possam 
usufruir daquilo que o meio ambiente pode oferecer. 
Logo, este material busca uma reflexão profunda sobre a saúde ambiental, permitindo esclarecer 
alguns aspectos da relação do meio ambiente e o processo saúde-doença. Nesse sentido, ressaltar 
a importância da participação de todos nesse processo favorece o pensamento crítico acerca dessa 
temática, colaborando para um mundo melhor.
9
SAÚDE AMBIENTAL
Unidade I
1 OS ASPECTOS HISTÓRICOS DA SOCIEDADE, DO MEIO AMBIENTE E DA 
SAÚDE HUMANA E A LIGAÇÃO ENTRE ELES
1.1 Da colonização aos dias atuais: aspectos históricos da saúde
Em que momento da História o homem passou a pensar em saúde? Qual era a importância da 
saúde? A saúde dos dias atuais é a mesma desde a colonização do Brasil? E, por fim, em que momento 
o homem passou a perceber que o meio ambiente refletia em sua saúde?
Falar de História e relembrar ou aprender sobre fatos que aconteceram há muito tempo, para 
muitos, nem sempre é interessante, mas posso dizer que conhecer a evolução da história humana e, 
principalmente, a história do nosso país nos permite conhecer uma parte dos acontecimentos que 
regem a saúde e os cuidados da população com o meio ambiente.
Não é possível separar a História do Brasil da História mundial quando se trata de saúde e, para 
que se compreenda o meio ambiente, é necessário compreender os aspectos relacionados à promoção 
da saúde.
A evolução da saúde dependeu e acompanhou as mudanças políticas e econômicas mundiais. No 
Brasil, a saúde, além de depender dessas mudanças, sofreu as consequências do capitalismo internacional, 
pois não priorizava a política brasileira e não dava a atenção adequada às endemias e epidemias, 
refletindo negativamente na economia do país e levando à criação de uma medicina altamente curativa 
e lucrativa, sem apoio à população.
A preocupação com as questões ambientais ganhou força na década de 1960 com a publicação do 
livro Primavera Silenciosa, da autora norte-americana Rachel Carson, que chamou atenção do mundo no 
que diz respeito à poluição do ambiente natural e é tido como o precursor do movimento ambientalista 
no mundo. 
Em 1972, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre meio ambiente, realizada 
na cidade de Estocolmo, na Suécia, foi o primeiro grande encontro na busca de ações mitigadoras para 
a preservação do meio ambiente. Na sequência, diversas conferencias foram realizadas, especialmente 
aquelas que passaram a relacionar diretamente as condições de saúde com assuntos ambientais.
Do ponto de vista formal, a Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981, instituiu a Política nacional do Meio 
Ambiente e em seu artigo 3º define meio ambiente como: “o conjunto de condições, leis, influências 
e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas” (BRASIL, 1981).
10
Unidade I
Ainda na década de 1980, de modo complementar, o artigo 225 da Constituição Federal do Brasil 
publicada em 5 de outubro de 1988 diz que:
Todos têmdireito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). 
Concomitante aos interesses de preservação do meio ambiente, em 1978, a organização Mundial da 
Saúde (OMS) promoveu o primeiro evento especifico sobre saúde, cujo mote principal era “Saúde para 
todos no ano 2000”. A Conferência Internacional sobre os Cuidados definiu o conceito de saúde como: 
Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a 
ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamental, e 
que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante 
meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores 
sociais e econômicos, além do setor saúde (WHO, 1978).
As décadas entre 1960 a 1990 foram de extrema importância para o futuro ambiental e consequentemente 
a saúde da população, foi neste período em se discutiram em encontros, conferências e assembleias a 
necessidade de mudança dos padrões de consumo em busca de sustentabilidade e saúde ambiental.
Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação
Para compreender a evolução da saúde no Brasil é necessário compreender também a evolução 
histórica do nosso país.
Assim, utilize o seu ponto de vista para refletir sobre o sistema de saúde atual do país (público e Assim, utilize o seu ponto de vista para refletir sobre o sistema de saúde atual do país (público e 
privado) e esquematize os principais pontos fracos e fortes desse sistema.privado) e esquematize os principais pontos fracos e fortes desse sistema.
No entanto, todos esses fatores foram sendo modificados ao longo da história do Brasil, que até 
então era considerado um país “novo” perante o mundo e capaz de realizar ainda muitas conquistas no 
âmbito da saúde e do meio ambiente.
Para compreendermos melhor todos esses aspectos, recordaremos um pouco da história do nosso 
país desde a sua colonização, enfatizando os acontecimentos históricos relacionados com alterações na 
saúde e no meio ambiente.
Chamamos de Período Colonial o período que vai de 1.500 (descobrimento do Brasil) até 1822. 
Durante esses anos, toda a produção econômica do país (realizada por mão de obra escrava) estava 
concentrada na produção de açúcar e na mineração, mas visava aos interesses da Coroa Portuguesa. 
Somente em 1824 foi criada a Primeira Constituição Brasileira, também denominada de Carta Magna.
11
SAÚDE AMBIENTAL
Até a Proclamação da República, que aconteceu em 1889, o trabalho escravo sustentava a produção 
para exportação, como foi o caso do café. Isso favoreceu o crescimento da produção desse grão, criou 
dinamismo no comércio interno e mudança na estrutura social, com aumento do poder da burguesia. 
Essa época também é conhecida como Colônia.
Em relação à saúde da população, todas as medidas tomadas para o combate de doenças eram 
pontuais e visavam ao aumento da economia. A primeira campanha que aconteceu nessa época foi 
contra a febre amarela, doença que afetava os trabalhadores e, consequentemente, a produção de 
açúcar. Essa campanha aconteceu em Olinda (1685–1694) foi uma campanha pontual com o intuito 
exclusivo de exterminar a doença para não afetar a economia do país.
Com a Proclamação da República, surgiu o Período da Primeira República ou República Velha, de 
1889 até 1930. Nesse período, a organização do país estava fortemente vinculada ao café e à pecuária. 
Havia um domínio das elites agrárias de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, favorecendo a escolha 
de presidentes preferencialmente paulistas e mineiros. Essa alternância no poder presidencial ficou 
conhecida como Política Café com Leite.
Basicamente, nesse período houve o crescimento de ideias liberais e republicanas (que visavam ideais 
abolicionistas) e as exigências internacionais favoreceram a substituição do trabalho escravo pelo trabalho 
assalariado. Houve também a necessidade de “importar” trabalhadores “competentes” da Europa para 
atuar nas lavouras de café e na indústria. Logo, nessa época, predominava o trabalho dos imigrantes. 
Mas, afinal, qual era o quadro sanitário dessas épocas? Você acha que havia preocupação com a 
saúde da população ou com o uso de recursos provenientes do meio ambiente por parte das autoridades 
na Colônia ou no Império? A resposta é não.
O quadro sanitário dessas épocas era preocupante, pois tanto os escravos quanto os imigrantes 
viajavam meses em navios e em condições precárias de higiene. Essas pessoas traziam consigo 
muitas doenças, como: sexuais, hanseníase, tuberculose, febre amarela, cólera, malária, varíola e 
leishmaniose. Quando chegavam ao Brasil, estavam desnutridos e muitas vezes, como nosso país é 
tropical, sofriam com mordidas de animais peçonhentos, além de enfrentarem condições precárias de 
vida e de trabalho.
Como não havia uma política de saúde nessa época, muitas das doenças se tornavam epidemias e 
endemias, que podem ser entendidas como:
Endemia é considerada uma ocorrência coletiva de uma doença em uma determinada área, 
acometendo a população de forma permanente e contínua.
Epidemia é a ocorrência súbita de uma doença acometendo em pouco tempo um número alto de pessoas.
O que vale ressaltar dessa época é que todas as medidas favoráveis à saúde que eram tomadas 
visavam única e exclusivamente ao não comprometimento da economia do país. Essas medidas incluíam 
o saneamento dos portos, urbanização nos centros urbanos (restritos às cidades de Santos, Rio de 
12
Unidade I
Janeiro e Salvador), realização de campanhas para diminuir as epidemias e realização de intervenções 
pontuais, logo abandonadas pelo governo.
As ações de saúde da época imperial estavam atreladas ao controle de doenças endêmicas nas 
regiões portuárias, pois era preciso atrair os imigrantes para o Brasil e garantir sua permanência.
A assistência médica era possível apenas para a classe dominante (coronéis), ou seja, para a pequena 
parcela da população que podia pagar pelos serviços médicos. O restante dependia de medicina popular, 
que utilizava sangrias para o tratamento de doenças; em casos mais graves, essas pessoas eram levadas 
para as Casas de Misericórdia.
Portanto, a precariedade dos serviços de saúde permitia o adoecimento da população, contribuindo 
para a diminuição da qualidade de vida e, consequentemente, do tempo de vida dessas pessoas.
 Lembrete
Endemia é considerada uma ocorrência coletiva de uma doença em 
uma determinada área, acometendo a população de forma permanente e 
contínua.
Epidemia é a ocorrência súbita de uma doença acometendo em pouco 
tempo um número alto de pessoas.
Em 1902 (ainda no período de República Velha), o Presidente da República, Rodrigues Alves, criou 
um programa de saneamento no Rio de Janeiro e outro de combate à febre amarela em São Paulo, mas, 
infelizmente, essas iniciativas visavam estimular o comércio e aumentar a produção agropecuária.
Nessa época, Oswaldo Cruz, que era médico pesquisador do Instituto Pasteur, foi nomeado Diretor 
Geral da Saúde Pública e passou a utilizar campanhas sanitárias como um modelo de intervenção para 
combater as epidemias rurais e urbanas. Essa intervenção teve como modelo aquelas realizadas em 
Cuba, com centralização das estruturas administrativas, concentração do poder e estilo repressivo de 
intervenção médica individual e coletiva.
Ainda no mesmo período, foi criado o Instituto Soroterápico de Manguinhos, no Rio de Janeiro, 
que posteriormente passou a se chamar Instituto Oswaldo Cruz e tinha como finalidade a realização de 
pesquisa e desenvolvimento de vacinas.
Em 31 de outubro de 1904, foi aprovada uma lei a favor da vacinação contra a varíola, que 
preconizava a imposição legal da vacinação contra essa doença. Considerando que as intervenções 
médicas de Oswaldo Cruz eram repressivas, a imposição legal da vacina favoreceu uma revolta popular, 
tambémconhecida como Revolta da Vacina, pois a população não sabia do que se tratava. Contudo, 
mesmo com a Revolta da Vacina, a epidemia de varíola foi controlada com a vacinação, demonstrando 
que o método preventivo era eficaz.
13
SAÚDE AMBIENTAL
Em 1920, Carlos Chagas assumiu o comando do Departamento Nacional de Saúde e inovou o 
modelo de intervenção proposto por Oswaldo Cruz, ou seja, passou a introduzir propagandas para 
educação sanitária da população visando à prevenção de doenças. Além disso, foram criados órgãos 
para o controle de doenças como tuberculose, hanseníase e doenças sexualmente transmissíveis.
Pode-se dizer que as intervenções de Carlos Chagas favoreceram o surgimento de uma Saúde 
Pública com um modelo de intervenção campanhista, mas que sofria influência dos saberes voltados 
à microbiologia, ou seja, voltados para a doença que dependia de um agente etiológico (organismo 
causador da doença).
Houve também o surgimento da Previdência Social, que permitia assistência médica aos trabalhadores 
a partir da contribuição com as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs). A classe dominante continuava 
utilizando a medicina liberal. Já o restante da população (que não pertencia à classe dominante e ao grupo 
de trabalhadores) continuava na dependência da medicina popular e das Casas de Misericórdia.
Entre 1922 a 1929, uma crise mundial ocasionou rupturas no cenário político, causando impactos 
na exportação de café. Em 1930 aconteceu uma revolução (também conhecida como Revolução de 30), 
comandada por Getúlio Vargas, que teve apoio da classe média e da popular. Essa revolução colocou fim 
na Política Café com Leite e permitiu o crescimento das indústrias e do mercado interno.
Vale ressaltar que Getúlio Vargas permaneceu quinze anos no poder do país, período que ficou conhecido 
como Segunda República ou Era Vargas e foi marcado por mudanças profundas no cenário político, com 
uma grande reforma política e administrativa. Para que essa reforma acontecesse de maneira sólida, foi 
criada a Constituição Federal, em 1934, pela Assembleia Nacional Constituinte; ela pretendia organizar o 
regime democrático e assegurar ao país unidade, liberdade, justiça e bem-estar social e econômico.
A promulgação da Constituição de 1934 foi uma consequência da Revolução Constitucionalista 
de 1932, quando diversos voluntários, militares e força pública lutaram contra o Exército brasileiro. 
Logo, com o fim dessa revolução, houve pressão para que acontecesse uma eleição para Assembleia 
Constituinte de 1933, aprovando a substituição da Constituição de 1824 para a de 1934. Basicamente, 
essa Constituição Republicana de 1934 reformulou de forma inovadora a organização da República Velha, 
mas infelizmente durou somente até 1937. Nesse ano, uma nova constituição pronta foi outorgada por 
Getúlio Vargas, que, de presidente, transformou-se em ditador e o país, de revolucionário, em autoritário.
Assim, a partir de 1937 instalou-se a Ditadura do Estado Novo no Brasil, que durou até o ano de 1945. 
A ditadura foi caracterizada por uma fase de centralização política e participação estatal na política.
Considerando o crescimento industrial, houve um investimento forte na região Sudeste, fato que 
trouxe agravos no desequilíbrio entre as regiões do Brasil. Dessa forma, as pessoas de outros Estados 
e do campo passaram a migrar para a Região Sudeste e para as cidades, o que ficou conhecido como 
êxodo rural. Toda essa mudança na estrutura da economia favoreceu o surgimento das favelas, pois o 
crescimento nas principais cidades foi desordenado, sem planejamento prévio. 
14
Unidade I
Vale ressaltar que, em um contexto histórico, o termo favela tem como origem uma planta de vegetação 
rasteira que cresce em áreas inclinadas ou não, a exemplo dos morros na cidade do Rio de Janeiro, ocupados 
por moradias precárias.
De 1930 a 1937 houve o estabelecimento do salário mínimo, construção da Hidroelétrica Vale do 
Rio São Francisco e a Siderúrgica de Volta Redonda. Criou-se também o Ministério do Trabalho, da 
Indústria e Comércio e Educação e Saúde, além de leis trabalhistas que visavam aos direitos sociais dos 
trabalhadores.
Com o crescimento industrial à custa de condições precárias de trabalho, aumentaram também os 
riscos aos trabalhadores e os problemas de saúde. Isso favoreceu uma piora nas condições de vida e 
de saúde da população, que não tinha moradia e saneamento adequados. Fica claro que problemas 
antigos de epidemias e endemias foram acrescidos com as condições precárias de vida, favorecendo acidentes 
de trabalho, estresse, desnutrição e verminoses.
Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde, que tinha como função coordenar as ações 
de saúde pública, com ações de caráter coletivo, utilizando intervenções campanhistas e favorecendo a 
criação do Serviço Nacional de Febre Amarela, do Serviço de Malária no Nordeste e da Fundação Serviço 
Especial de Saúde Pública (Sesp). As medidas adotadas para a saúde da população visavam manter a 
força de trabalho para produção. Portanto, em 1933, houve a transformação da Assistência Médica 
vinculada à Previdência Social (CAPs) em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), que contavam 
com o financiamento dos empregados, dos empregadores e do Estado (país) e com assistência médica 
por rede própria somente para trabalhadores.
Em 1937, o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública foi desmembrado e passou a se 
chamar Ministério da Educação e Saúde, em 25 de julho de 1953, a Lei n. 1.920 criou o Ministério da Saúde.
Em 1945, com o final da Segunda Guerra Mundial, a ditadura perde força e Getúlio Vargas deixa 
o poder. Assim, a redemocratização do país precisou ser iniciada com eleições para presidente e para 
Assembleia Constituinte.
De 1946 a 1951, o então presidente Eurico Gaspar Dutra alinhou-se aos Estados Unidos da América 
(EUA) em oposição ao socialismo, o que favoreceu o congelamento de salários. Esse presidente criou (em 
1950) o Plano Salte – abreviação de saúde, alimentação, transporte e energia – sendo que saúde era a 
prioridade da campanha política, mas, infelizmente, durante a gestão, o presidente acabou priorizando 
o transporte. Nessa mesma época foi proposta a criação de um Ministério da Saúde independente do 
Ministério da Educação.
Getúlio Vargas volta à presidência entre 1951 e 1954, por meio do voto popular. Em 1953 foi criado 
o Ministério da Saúde, independente e com 14 ministros que o dirigiam, contendo duas propostas: 
sanitarismo campanhista, que utilizava as campanhas para atingir a população, e sanitarismo 
desenvolvimentista, que visava à promoção da assistência, mas com ações curativas e preventivas, de 
acordo com as necessidades da população.
15
SAÚDE AMBIENTAL
Em 1954, Getúlio Vargas se suicidou. Em 1956, Juscelino Kubitschek (JK) assumiu o governo, onde 
permaneceu até 1960. JK tinha um pensamento desenvolvimentista, favorecendo o aumento da dívida 
externa. Seu lema de governo era “Crescer cinquenta anos em cinco”, no sentido de crescimento e 
desenvolvimento a qualquer custo. No campo da saúde, houve pequenas conquistas, como a contratação 
de médicos particulares, dando origem ao setor privado de saúde. 
Jânio Quadros foi eleito presidente em 1961, mas logo renunciou e quem assumiu seu lugar foi o 
vice, chamado João Goulart. Nessa época, militares e burguesia se uniram contra o governo e em 31 de 
março de 1964 iniciou-se a Ditadura Militar, forma de governo que durou até o ano de 1984.
A saúde, nesse período, sofria com a burocracia técnica que a mercantilizava. Em 1966, criou-se o 
Instituto Nacional de Previdência e Assistência Social (INPS), subordinado ao Ministério do Trabalho e 
Previdência e que visava ao lucro e inclusão de outras classes de trabalhadores como rurais, domésticas 
e autônomos. Todas essas modificações no INPS tiveram grande impacto nos gastos da previdência.
Vale ressaltar que todas as ações realizadas para saúde nessa época estavam em segundo plano. Aofinal da década de 1970, com o agravamento da crise da previdência, começaram os movimentos sociais 
em busca de melhores condições de saúde e de vida. Isso favoreceu a criação de programas como o de 
imunização e vigilância epidemiológica, entre outros.
Em 1985, com o final do regime ditatorial quem assumiu o poder no país foi Tancredo Neves, pouco 
tempo depois com a morte de Tancredo, José Sarney, seu vice, assume se torna presidente e inicia um 
período conhecido como a Nova República. Em paralelo a esse contento, as conferencias nacionais e 
internacionais sobre saúde e meio ambiente tem influência direta nacional e internacional.
Todas essas modificações políticas que aconteceram no Brasil demonstravam um cenário na saúde 
que já era vivenciado no exterior. O que diferencia o Brasil de outros países é que as modificações da 
saúde somente começaram a ser realizadas a partir das conferências nacionais; estas sofriam influência 
das conferências internacionais, que já estavam acontecendo há muito tempo antes das nacionais.
No próximo capítulo, discutiremos mais a respeito do papel das conferências nacionais e internacionais 
a favor da saúde e, consequentemente, do meio ambiente.
2 PAPEL DAS CONFERÊNCIAS NA SAÚDE E NO MEIO AMBIENTE
De modo geral, as conferências (internacionais e nacionais) são movimentos que ocorrem 
periodicamente em defesa da ampliação dos campos de ação em saúde e de abordagens mais efetivas 
para o alcance dos objetivos propostos. Em relação às conferências internacionais, órgãos como 
Organização Mundial da Saúde (OMS), criada em 1948, após o advento da Segunda Guerra Mundial, 
em busca de melhorias nas condições de saúde da população mundial, Organização Pan Americana 
de Saúde (Opas, criada em 1902 na II Conferência Internacional dos Estados Americanos) e Fundo das 
Nações Unidas para Infância (Unicef, criada em 1946 em Nova Iorque, Estados Unidos).
16
Unidade I
É importante ressaltar que todas as conferências são planejadas ao final daquela que está acontecendo, 
bem como é definida a pauta a ser discutida. Além disso, são discutidos os locais onde essas conferências 
acontecerão, sendo que deve acontecer uma em cada local do mundo. Por exemplo, em 1977 foi planejada 
e organizada a Primeira Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde, que aconteceu 
em Alma-Ata (Cazaquistão), em 1978. A conferência mais recente aconteceu em 2013.
A seguir, citaremos o objetivo de todas as conferências, mas daremos uma importância maior para as de 
Alma-Ata e de Ottawa, pois estas tiveram maior impacto positivo sobre a saúde e sobre o meio ambiente.
Primeiramente, é importante que consigamos entender como as conferências funcionam e seu 
papel sobre a saúde da população e sobre o meio ambiente. Assim, começaremos falando sobre o que 
aconteceu em 1977. Foi nesse ano que aconteceu a 30ª Assembleia Mundial de Saúde (organizada pela 
OMS) e teve como principal objetivo o movimento mundial: “Saúde para todos no ano 2000”.
Em 12 de setembro de 1978, a OMS e a Unicef organizaram a Primeira Conferência Internacional sobre 
os Cuidados Primários de Saúde. Como descrito anteriormente, essa conferência foi realizada na cidade 
de Alma-Ata, Cazaquistão, e demonstrou a importância de uma ação urgente de todos os governos, dos 
que trabalham na área da saúde e do desenvolvimento e, claro, da comunidade mundial para promover 
a saúde da população. Essa organização favoreceu a elaboração da Declaração de Alma-Ata, que é um 
documento que reafirma a saúde como um direito do ser humano.
A Declaração de Alma-Ata definiu o conceito de saúde como “[...] um estado de completo bem-estar 
físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” (CONFERÊNCIA..., 1978). Além disso, 
essa Declaração também apresentou a todos as chocantes desigualdades de saúde entre os países 
desenvolvidos e em desenvolvimento, devendo ser esta a maior preocupação comum dos países, a 
fim de melhorar esse quadro. Propôs também que o desenvolvimento social e econômico deveria ser 
baseado na economia internacional, sendo de extrema importância alcançar a meta de saúde para o 
ano 2000; a promoção e proteção da saúde seriam fundamentais para esse processo.
 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre a Declaração de 
Alma-Ata, acesse:
DECLARAÇÃO de Alma-Ata sobre Cuidados Primários. Alma-Ata, 
set., 1978. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
declaracao_alma_ata.pdf. Acesso em: 19 maio 2020.
FACCHINI, L. A. A Declaração de Alma-Ata se revestiu de uma grande 
relevância em vários contextos. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.
br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu-de-uma-
grande-relevancia-em-varios. Acesso em: 19 maio 2020.
17
SAÚDE AMBIENTAL
Vale ressaltar que a Declaração de Alma-Ata mostra que os cuidados primários de saúde são essenciais 
e utilizam métodos e tecnologias práticas, que devem ser fundamentadas cientificamente e aceitas 
pela população-alvo. Adicionalmente, esses cuidados devem ser universais e a um custo acessível à 
população e ao país.
Assim, a Declaração de Alma-Ata possui sete pilares que constituem os cuidados primários de saúde:
Quadro 1 - Os setes conceitos e definições sobre os Cuidados Primários de Saúde 
estabelecidos pela OMS na Declaração de Alma-Ata
Os cuidados primários de saúde
Pilares 
básicos Definição
1
Refletir e a partir delas evoluem, as condições econômicas e as características socioculturais e políticas 
do país e de suas comunidades, e se baseiam na aplicação dos resultados relevantes da pesquisa social, 
biomédica e de serviços de saúde e da experiência em saúde pública.
2 Ter em vista os principais problemas de saúde da comunidade, proporcionando serviços de proteção, prevenção, cura e reabilitação, conforme as necessidades.
3
Incluir pelo menos: educação no tocante a problemas prevalecentes de saúde e aos métodos para 
sua prevenção e controle, promoção da distribuição de alimentos e da nutrição apropriada , provisão 
adequada de água de boa qualidade e saneamento básico, cuidados de saúde materno infantil, inclusive 
planejamento familiar, imunização contra as principais doenças infecciosas, prevenção e controle de 
doenças localmente endêmicas, tratamento apropriado de doenças e lesões comuns e fornecimento de 
medicamentos essenciais.
4
Envolver além do setor saúde, todos os setores e aspectos correlatos do desenvolvimento nacional e 
comunitário, mormente a agricultura, a pecuária, a produção de alimentos, a indústria, a educação, a 
habitação, as obras públicas, as comunicações e outros setores.
5
Requerer e promover a máxima autoconfiança e participação comunitária e individual no 
planejamento, organização, operação e controle dos cuidados primários de saúde, fazendo o mais pleno 
uso possível de recursos disponíveis, locais, nacionais e outros, e para esse fim desenvolvem, através da 
educação apropriada, a capacidade de participação das comunidades.
6
Devem ser apoiados por sistemas de referência integrados, funcionais e mutuamente amparados, 
levando à progressiva melhoria dos cuidados gerais de saúde para todos e dando prioridade aos que 
têm mais necessidade
7
Baseiam-se, aos níveis local e de encaminhamento, nos que trabalham no campo da saúde, inclusive 
médicos, enfermeiras, parteiras, auxiliares e agentes comunitários, conforme seja aplicável, assim como 
em praticantes tradicionais, conforme seja necessário, convenientemente treinados para trabalhar, 
social e tecnicamente, ao lado da equipe de saúde e para responder às necessidades expressas de saúde 
da comunidade.
 Observação
A Declaração de Alma-Ata permitiu a criação de ações para diminuir 
a desigualdade social nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, 
colaborando para melhorias na qualidade de vida, de saúde e, 
consequentemente, para a paz mundial.
A Declaração de Alma-Ata, ao reafirmar que a saúde é um direito de todos, permitiu que os seres 
humanos que lutam por esse direito possampraticar a cidadania, independentemente do grau de 
18
Unidade I
escolaridade, raça, sexo e idade. Assim, tudo o que foi proposto na 30ª Assembleia Mundial da Saúde 
foi descrito na Declaração de Alma-Ata, que foi discutida na Primeira Conferência Internacional de 
Cuidados Primários de Saúde.
 Lembrete
A Declaração de Alma-Ata define saúde como um estado de completo 
bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.
A partir da iniciativa da Primeira Conferência Internacional de Cuidados Primários de Saúde, outras 
conferências começaram a ser realizadas com o intuito de se discutir sobre promoção da saúde em 
âmbito internacional.
Em 1986, em Ottawa (Canadá), houve a Primeira Conferência sobre Promoção da Saúde. Pode-se 
dizer que essa conferência foi de extrema importância para a sociedade, uma vez que já demonstrava 
uma preocupação das organizadoras em relação à industrialização e ao impacto desta sobre o meio 
ambiente. Nessa conferência foi elaborado um documento chamado de Carta de Intenções, que tinha 
como objetivo contribuir para que se alcançasse a saúde para todos em 2000 e nos anos subsequentes.
A Carta das Intenções de Ottawa definiu promoção da saúde como: “[...] processo de capacitação da 
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e de saúde, sendo que deve ser motivada 
a participar no controle de todos os processos” (PRIMEIRA..., 1986). Além disso, para que a definição de 
saúde atinja os níveis de completo bem-estar físico, mental e social, é importante que a comunidade 
tenha aspirações, consiga satisfazer suas necessidades e seja capaz de modificar favoravelmente o meio 
ambiente. Contudo, essa carta demonstra que a saúde não pode ser considerada um objetivo de vida, 
mas sim um recurso para ela, enfatizando que a saúde depende dos recursos sociais e pessoais, bem 
como da parte física. Dessa forma, quando pensamos em promoção da saúde temos que extrapolar a 
ideia de trabalhar somente o setor de saúde, ou seja, para que o indivíduo seja saudável, ele precisa ter 
um estilo de vida saudável, um bem-estar que atinja todas as esferas da sua vida.
Portanto, o que podemos compreender até o momento é que saúde e meio ambiente estão 
sempre conectados e que essa percepção já é antiga, desde a Primeira Conferência Internacional 
sobre Cuidados Primários em Saúde, mas se reforça com a Primeira Conferência Internacional sobre 
Promoção da Saúde.
A Carta das Intenções de Ottawa não fornece somente as informações descritas. Ela descreve os 
pré-requisitos básicos para se ter saúde, como: paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema 
estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade.
Essa carta também defende a saúde como o maior recurso para o desenvolvimento social, pessoal 
e econômico, favorecendo o dimensionamento da qualidade de vida de uma determinada população. 
No entanto, enfatiza que diversos fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, 
comportamentais e biológicos podem prejudicar ou não a saúde da comunidade. Dessa forma, quando 
19
SAÚDE AMBIENTAL
uma política de saúde desenvolve ações que contribuem para a promoção da saúde, ela favorece a 
defesa do direito da saúde e permite que todos os fatores, citados anteriormente, sejam aproveitados 
positivamente pela população.
 Lembrete
A Carta das Intenções de Ottawa (1986) definiu Promoção da Saúde 
como: “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria 
de sua qualidade de vida e de saúde, sendo que essa deve ser motivada a 
participar no controle de todos esses processos”.
Outro ponto importante a ser discutido sobre a Carta de Ottawa é a equidade, que se torna um 
dos focos da Promoção da Saúde, pois é fundamental para a saúde da população que exista a redução 
das diferenças. Isso inclui ambientes favoráveis para atendimento, acesso adequado das pessoas à 
informação e às experiências da vida e oportunidade de escolha por um estilo de vida mais saudável. 
Adicionalmente, é importante que as estratégias e programas sobre promoção da saúde sejam adaptados 
às necessidades da população-alvo, não esquecendo as diferenças sociais, culturais e econômicas.
Segundo a Carta de Ottawa existem cinco conceitos básicos (pilares) que regem o significado das 
ações de promoção da saúde. São eles:
Quadro 2 - Conceitos básicos para promoção de saúde de acordo com a Carta de Ottwa
Conceitos básicos
1
Construção de políticas públicas saudáveis: os políticos devem ter a saúde como prioridade 
no governo. As medidas de promoção da saúde incluem legislação, medidas fiscais, taxações e 
mudanças organizacionais. A Política de Promoção de Saúde não deve permitir obstáculos para 
políticas públicas saudáveis.
2
Criação de ambientes favoráveis: é importante que a população tenha uma visão socioecológica 
da saúde, encorajando a comunidade para cuidar dela mesma, do outro e do meio ambiente. A 
conservação do meio ambiente deve ser enfatizada e trabalhada como responsabilidade social, 
além de ser estratégia de promoção da saúde. Estimular mudanças no modo de vida, de trabalho 
e de lazer para que as pessoas sejam saudáveis.
3
Reforço da ação comunitária: é extremamente importante que a promoção da saúde trabalhe 
ações comunitárias para a melhoria das condições de vida. A participação popular na saúde deve 
ser encorajada.
4
Desenvolvimento de habilidades pessoais: deve existir um apoio ao desenvolvimento pessoal e 
social por meio da educação, incentivo de habilidades e informação, favorecendo maior controle 
sobre a saúde e sobre o meio ambiente.
5
Reorientação dos serviços de saúde: os serviços de saúde devem compartilhar os trabalhos de 
promoção da saúde entre comunidade, trabalhadores de saúde e instituições de saúde, privadas 
ou não. A atenção ao indivíduo deve ser global e integral.
Assim, todas as pessoas constroem e vivem a saúde na sua rotina, onde aprendem, se divertem, 
trabalham, amam e participam. Portanto, cuidado, visão holística e ecologia são essenciais para 
desenvolver estratégias que regem a promoção da saúde, tendo como etapas essenciais o planejamento, 
a implementação e a avaliação das atividades.
20
Unidade I
 Lembrete
A Carta de Ottawa descreve os pré-requisitos básicos para se ter saúde, 
como: paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, 
recursos sustentáveis, justiça social e equidade, complementando a ideia 
inicial da Declaração de Alma-Ata.
A Carta de Ottawa foi crucial para inserir o meio ambiente como fator importante para a saúde. O 
quadro a seguir apresenta outras conferências de promoção da saúde:
Quadro 3 - Principais conferências internacionais sobre promoção da saúde
Conferência internacional sobre promoção da saúde
Ano Cidade / País Tema
I – 1986 Ottawa / Canadá Saúde para todos no ano 2000
II – 1988 Adelaide / Austrália Construindo políticas públicas saudáveis 
III – 1991 Sundsvall / Suécia 
Promoção da saúde e ambientes favoráveis à saúde
Primeira conferência a assumir a existência de uma 
interdependência entre saúde e ambiente, enfatizando que o 
ambiente não é construído apenas por parâmetros físicos ou 
químicos, e também social, econômico, político e cultural.
IV – 1997 Jacarta / Indonésia Promoção da saúde no século XXI
V – 2000 Cidade do México / México Promoção da saúde: rumo à maior equidade
VI – 2005 Bankok / Tailândia Promoção da saúde num mundo globalizado
VI – 2009 Nairóbi / Quênia Chamada para ações 
VII – 2013 Helsinki / Finlândia Saúde em todas as políticas
VIII – 2016 Shanghai / China Promovendo saúde, sustentabilidade e desenvolvimento 
 Saiba mais
Para ter acesso a todas as conferências internacionais sobre a Promoção 
da Saúde e aos principais documentos publicados (em inglês), acesse:
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO Global Health Promotion 
Conferences. Disponível em: https://www.who.int/healthpromotion/
conferences/en/. Acesso em: 22 maio 2020.
No Brasil, as conferências nacionais de saúde começaram a ser realizadassomente no ano de 
1941. Basicamente, as conferências serviam como espaços nacionais de saúde para avaliar avanços e 
retrocessos da saúde, a fim de propor diretrizes para a formulação das políticas de saúde. Foi proposto 
(mas, ao longo da história, nem sempre respeitado) que essas conferências aconteceriam a cada quatro 
21
SAÚDE AMBIENTAL
anos e que diversos setores da sociedade deveriam participar. Além disso, as conferências estaduais e 
municipais antecederiam as nacionais e ocorreriam em todo o país.
Segue um levantamento histórico das conferências nacionais, para relacionar os acontecimentos 
internacionais com as mudanças na saúde no Brasil.
A I Conferência Nacional aconteceu em 1941, durante o governo de Getúlio Vargas. Seu tema central 
foi “Situação Sanitária e Assistencial dos Estados”. 
A II Conferência aconteceu somente em 1950, desrespeitando completamente o que foi proposto em 
1941 em relação ao intervalo de tempo em que essas conferências deveriam acontecer. Nessa Segunda 
Conferência, o tema central foi: “Legislação Referente à Higiene e Segurança do Trabalho”.
Vamos refletir um pouco sobre esses acontecimentos. Em 1945 foi criada a OMS, mas sem nenhuma 
repercussão no Brasil, pois até 1950 as conferências nacionais estavam voltadas para uma assistência 
aos trabalhadores, principalmente para não prejudicar a economia do país.
Em 1963, aconteceu a III Conferência Nacional que teve como tema: “Descentralização na Área da 
Saúde”. A discussão do tema propunha que todas as esferas de governo (federal, estadual e municipal) 
deveriam participar nos cuidados com a saúde por meio de condutas médico-sanitaristas.
A IV Conferência Nacional aconteceu em 1967, ressaltando como tema: “Recursos Humanos para as 
Atividades em Saúde”. Em 1975, houve a V Conferência Nacional com tema: “Constituição do Sistema 
Nacional de Saúde e sua Institucionalização”. Nessa conferência foi proposta a elaboração de uma 
Política Nacional de Saúde com a Lei n. 6.229 de 17 de julho de 1975 que dispôs sobre a organização 
do Sistema Nacional de Saúde, essa lei foi revogada em 19 de setembro de 1990, com a publicação da 
Lei n. 8.080 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a 
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
A crise na saúde foi discutida na V Conferência, quando o governo manteve a sua intervenção 
política nas seguintes áreas:
• Programa Materno-Infantil;
• Programa Nacional de Imunização;
• Programa Nacional de Alimentação e Nutrição;
• Vigilância Epidemiológica.
A VI Conferência Nacional, que aconteceu em 1977, teve como tema: “Controle de Grandes Endemias 
e Interiorização dos Serviços de Saúde”, favorecendo um nova organização do Sistema de Saúde no 
Brasil. Nessa época, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Simpas), composto 
pelos seguintes órgãos nacionais, dos quais alguns existem até os dias atuais:
22
Unidade I
• Instituto Nacional de Previdência Social (INPS);
• Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps);
• Fundação da Legião Brasileira da Assistência (LAB);
• Instituto Administrativo Financeiro da Previdência Social (Iapas);
• Empresa de Processamento de Dados da Previdência (Dataprev);
• Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (Funabem);
• Central de Medicamentos (Ceme).
Se recordarmos um pouco sobre as conferências internacionais, em 1978 aconteceu a I Conferência 
Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde em Alma-Ata, Cazaquistão. Nessa conferência foi criada 
a Declaração de Alma-Ata com diversas recomendações para melhorar a qualidade de saúde da população 
mundial, além de trazer o conceito de saúde e a reafirmação de que saúde é um direito humano fundamental.
A Declaração de Alma-Ata teve repercussão no Brasil, pois nessa época houve apoio da OMS e da 
Opas na América Latina para que pudesse ser infundido em nosso país (e na América Latina como um 
todo) os conceitos de saúde e atenção primária e a utilização da medicina comunitária.
Como o regime militar perdeu forças em 1974 e o Brasil começou a ser redemocratizado, em 1977 
foi criada a Lei da Anistia, que teve como objetivo garantir o direito de o cidadão brasileiro (que saiu do 
país durante o regime militar condenado por crimes políticos, o chamado exílio) retornar ao Brasil. E, 
dessa forma, foi criado um clima de novas propostas com o intuito de reformular as políticas do país, 
principalmente as da saúde.
Assim, surge o Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-Saúde), que tinha como 
objetivo integrar a saúde e a previdência social com as Secretarias Estaduais e Municipais.
A década de 1970 foi marcada por movimentos populares que exigiam melhores condições de vida e não 
podemos nos esquecer da importância deles para o desenvolvimento de uma sociedade brasileira mais justa. 
A VII Conferência Nacional (de 1980) teve como tema: “Extensão das Ações de Saúde através de 
Serviços Básicos”. E, por conta da conferência, em 1983 se iniciaram as Ações Integradas de Saúde, 
favorecendo o repasse de verbas para os municípios, dando autonomia a eles para que cuidassem da sua 
população, considerando situações locais e culturais. Em 1985, Sarney propôs a convocação da Assembleia 
Nacional Constituinte composta por diversas entidades e movimentos sociais. Essa Assembleia estimulava 
a participação popular, tentava garantir os direitos e deveres da cidadania e discutia a proposta de 
uma nova Carta Constitucional.
23
SAÚDE AMBIENTAL
Em 1986, aconteceu uma das conferências nacionais mais importantes para a história da saúde 
do Brasil, a VIII Conferência Nacional. O tema central foi “Saúde como um Direito: Reformulação do 
Sistema Nacional de Saúde e Financiamento Setorial”.
Nessa conferência se enfatizou a importância da participação dos representantes dos movimentos 
sociais. Também foi discutida a Reforma Sanitária, ampliando o conceito de saúde que, segundo a 
Declaração de Alma-Ata, é um direito de todos e dever dos Estados; ainda, foi proposta a criação de um 
Sistema Único de Saúde (SUS).
Claro que, se lembrarmos do que aconteceu no mundo nessa época, ficará mais fácil entendermos o 
motivo dessas discussões na VIII Conferência Nacional. Em 1986, aconteceu a I Conferência Internacional 
sobre Promoção da Saúde em Ottawa (Canadá), onde se discutiu mundialmente muitas das propostas 
apresentadas na VIII Conferência Nacional e que fundamentaram a criação do SUS, como a busca dos 
pré-requisitos básicos para se ter saúde (paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema 
estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade).
Em 1987, Ulysses Guimarães presidiu a elaboração da Nova Constituição Brasileira, com a inserção de 
emendas populares (reafirmando a participação social) a serem incorporadas na Carta Magna (Primeira 
Constituição Brasileira de 1824). Em 1988, a Constituição Federal foi promulgada e o SUS foi aprovado, 
incorporando diversas propostas do movimento social para um Reforma Sanitária.
A IX Conferência Nacional teve como tema Municipalização é o Caminho. Essa conferência teve 
importância para incentivar a descentralização da saúde, bem como a municipalização e participação 
social no SUS.
A X Conferência Nacional aconteceu em 1996 e teve como tema central: Construção de um Modelo 
de Atenção de Saúde; houve a criação da Norma de Operação Básica do SUS (NOB 96).
No ano 2000, aconteceu a XI Conferência Nacional com tema: Efetivando o SUS: Acesso, 
Qualidade, Humanização na Atenção à Saúde com Controle Social. Essa conferência enfatizou que o 
SUS somente pode acontecer com controle social, pois quando a população participa, permite uma 
melhora da assistência.
A XII Conferência Nacional aconteceu em 2003 e teve como tema central: Saúde um Direito de 
Todos e um Dever do Estado: a Saúde que Temos, o SUS que Queremos, reafirmando um direito à saúde.
Em 2007, houve a XIII Conferência Nacional que tevecomo tema: Política de Estado e Desenvolvimento 
e, em 2012, houve a mais recente Conferência Nacional, com tema: Todos Usam o SUS, discutindo o SUS 
na seguridade social, na política pública e como patrimônio do povo brasileiro.
Como observado a Carta de Ottawa, o Brasil teve grande avanço no setor da saúde, favorecendo 
a população brasileira com a criação do SUS, onde as suas competências e atribuições são mantidas 
na Lei Orgânica de Saúde, constituída por duas principais leis: Lei n. 8.080/90 e Lei n. 8.142/90. Estas 
visam descrever os princípios doutrinários (que expressam ideias filosóficas que permeiam a criação 
24
Unidade I
e implementação do SUS) e organizativos (que orientam o funcionamento do SUS para contemplar 
os princípios doutrinários). Descrevendo com mais detalhes, os princípios doutrinários incluem: 
universalidade, equidade e integralidade e os princípios organizativos incluem: descentralização, 
regionalização, hierarquização, participação e controle social.
Dessa forma, o SUS é, ainda nos dias atuais, o Sistema de Saúde brasileiro que tem como objetivo garantir 
assistência a todos sem discriminação, voltada para a promoção da saúde, sempre com participação social.
 Saiba mais
Para conhecer mais sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), 
recomendamos acessar para leitura:
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Lei n. 8.080, 
de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. 
Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080.htm.
Contudo, a nossa retrospectiva histórica ainda não terminou! Até o momento, descrevemos uma 
grande parte histórica do Brasil e como as modificações políticas tiveram influência sobre a saúde da 
população e sobre o meio ambiente. Também falamos um pouco sobre a importância das conferências 
internacionais e nacionais a respeito das modificações da saúde da população e o quanto elas foram 
essenciais para a criação do SUS, nosso Sistema de Saúde.
Essa discussão levou à concepção de que meio ambiente e saúde andam juntos e que a promoção da 
saúde inclui o cuidado com o meio ambiente e a participação da sociedade. Assim, podemos dizer que 
os processos saúde-doença estão interligados e que o meio ambiente está envolvido com eles. Nesse 
capítulo você já aprendeu o que é saúde, mas te convidamos a refletir: o que é doença? Como acontece 
o processo saúde-doença? O meio ambiente está envolvido com esse processo? A educação popular é 
importante para esse processo?
3 PROCESSO SAÚDE‑DOENÇA E MEIO AMBIENTE
O que é saúde? A definição mais aceita para saúde é aquela apresentada na Declaração de Alma-Ata: 
“[...] um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” 
(CONFERÊNCIA..., 1978), mas podemos dizer que essa definição não considera a formação do indivíduo que 
depende de fatores inter-relacionados, ou seja, exógenos ao ser humano e que o afetam consideravelmente.
Portanto, compreender que o ser humano é formado não somente pela ausência de doenças, mas 
também por tudo o que está ao seu redor, permite que comecemos a entender o papel do meio ambiente 
nesse processo.
25
SAÚDE AMBIENTAL
As teorias na área da ciência são especulações e hipóteses que explicam, ou tentam explicar, fatos 
observados, criando um raciocínio aceito pela comunidade científica, vale ressaltar que toda teoria 
cientifica é refutável.
Muitos cientistas ou naturalistas (observadores), ao longo dos séculos, tentaram explicar a origem das 
doenças criando diferentes teorias. Se vivêssemos em uma época sem tecnologia, com acesso limitado 
aos lugares e com um conhecimento baseado na vivência, como explicar alguma doença que está 
acometendo a sua comunidade? Com tantas limitações, as pessoas acreditavam em uma teoria para 
origem das doenças que estava vinculada ao sobrenatural, ou seja, as doenças aconteciam mediante 
fatores que não podiam ser controlados pelo ser humano, denominada. Quando o homem passou a 
observar de forma mais aprofundada e a comparar as pessoas acometidas pela doença com as pessoas 
saudáveis, permitiu a criação de outra linha de raciocínio sobre a origem das doenças, ou seja, outra 
teoria. Nessa segunda teoria, denominada Teoria dos Miasmas, os homens acreditavam que os gases e 
odores vindos do solo ou do ar poderiam ser espalhados com o vento, atingindo o indivíduo que acabava 
por adoecer. A justificativa sobre o surgimento da doença pela Teoria dos Miasmas era interessante e 
convincente, definindo por muito tempo a origem das doenças.
Contudo, com o avanço da ciência e dos estudos, aproximadamente em 1860, Louis Pasteur 
descobriu os agentes etiológicos (vírus e bactérias), fazendo com que a Teoria dos Miasmas acabasse 
por ser desconsiderada e fosse substituída pela Teoria da Unicausalidade. Contudo, essa teoria ainda 
foi incapaz de descrever todas as causas das doenças, pois, muitas vezes, estas não dependiam 
somente do agente etiológico.
Quando os estudos epidemiológicos foram iniciados, puderam demonstraram que diversos 
fatores, incluindo o meio ambiente no qual o indivíduo está inserido, contribuem para seu 
adoecimento. Portanto, a teoria baseada nos estudos epidemiológicos é denominada Teoria da 
Multicausalidade, que engloba o agente etiológico e uma série de fatores: físicos, psíquicos, 
químicos, ambientais e sociais.
1º: Teoria Mística
As doenças eram causadas por 
fenômenos sobrenaturais
4º: Teoria da Multicausalidade
As doenças eram causadas pelo 
agente etiológico e uma série de 
outros fatores, como físicos, psíquicos, 
químicos, ambientais e sociais
2º: Teoria dos Miasma
As doenças apareciam como uma 
consequência de gases ou odores 
provenientes do solo ou atmosfera
3º: Teoria da Unicausalidade
As doenças eram causadas por um 
agente etiológico
Figura 1 – Esquema das principais teorias que explicam o surgimento das doenças
26
Unidade I
Dessa maneira, quando pensamos no processo saúde-doença, precisamos avaliar todas as variáveis 
envolvidas na saúde e na doença de um indivíduo e/ou de uma comunidade. Quando estudamos a 
evolução histórica da humanidade, conseguimos observar todas as mudanças ocorridas no mundo e 
associá-las ao surgimento de doenças, indicando que a transformação de uma sociedade é capaz de 
transformar a saúde e todos os problemas sanitários atrelados a ela. Com essa reflexão, podemos dizer 
que a saúde e a doença estão intimamente ligadas e dependem de fatores semelhantes, como agente e 
hospedeiro e meio (causa), que acompanham e podem ser modificados com a evolução da humanidade. 
O meio ambiente ao redor, estilo de vida, biologia humana e serviços de saúde prestados à comunidade 
criam um modelo conhecido como campo de saúde. Portanto, cada indivíduo possui o seu campo de 
saúde, que pode ser ou não saudável.
A figura a seguir elucida o indivíduo envolto por todos os fatores que interferem no seu processo 
saúde-doença. Importante ressaltar que o estilo de vida não implica na forma como o indivíduo conduz 
sua vida, mas é um processo que depende de ascensão pessoal, social e cultural vinculado à realidade 
vivenciada por esse indivíduo. Além disso, devemos compreender que o meio ambiente não deve ser 
considerado somente o ecossistema ao redor ou tudo aquilo que é exógeno ao ser humano, mas também 
devemos considerar fatores intrínsecos a ele, como fatores genéticos e diversos outros aspectos, que 
influenciam, direta ou indiretamente, no processo saúde-doença. Portanto, caro aluno, quando dizemos 
meio ambiente, consideramos todas as coisas vivas e não vivas da Terra, que interferem no ecossistema 
e, consequentemente, na vida dos seres humanos.
Trabalho;
educação;
Meio ambiente
Homem
Saneamento 
básico;
Doença; 
ecossistema
Dor; 
estresse
Saúde; 
moradia;
Figura 2 – Relação do indivíduo com o meio ambiente
27
SAÚDE AMBIENTAL
Ao longoda história, o homem utilizou o meio ambiente para a evolução da comunidade, mas sem 
pensar nas gerações futuras. Essa possibilidade não era nem sequer questionada, pois se acreditava 
que os recursos naturais eram infinitos. Não era possível pensar em desenvolvimento de uma cidade 
ou um país sem que acontecesse apropriação dos recursos naturais, como desmatamento, extração 
de ouro e prata, desvio de encostas e rios, tudo para a construção das grandes metrópoles ou 
ferrovias e, consequentemente, para a evolução da sociedade. Ao longo da história, a criação de novas 
tecnologias permitiu o desenvolvimento da humanidade e também o aumento do consumo. Como este 
não está associado ao consumo consciente, o ser humano, ao utilizar matéria-prima sem pensar em 
sustentabilidade, contribui para que o meio ambiente sofra danos severos.
Não é tão difícil pensarmos em um aumento de utilização de matéria-prima com consequências 
sobre o meio ambiente. Por exemplo, a criação de papel acaba por ser um modelo clássico da utilização 
de fonte de matéria-prima da natureza que, se não for controlada, pode prejudicar o ecossistema. 
Para fazer papel, ocorre uma grande derrubada de árvores, o que prejudica o ecossistema. Quanto ao 
processo de fabricação do papel, se a indústria não utilizar processos sustentáveis, pode contaminar o 
ar, o solo e a água. Assim, esse modelo de desenvolvimento humano favorece o avanço, mas prejudica 
indiretamente a saúde, que sofre interferência do meio ambiente. A figura a seguir demonstra um 
modelo de fabricação de papel não sustentável.
Fábrica de 
produção 
de papel
Destruição de árvores = 
diminuição de áreas verdes
Contaminação ar, 
água e solo
Produção de 
matéria-prima
Contam
inação
Ar
Água
Solo
Papel
Interferência no ecossistema
Figura 3 – Interferência da fabricação de matéria-prima sobre o ecossistema
Conhecer o ciclo de vida do produto se torna extremamente necessário. Mas o que é ciclo de vida de 
um produto? Podemos dizer que a vida útil de qualquer produto, serviços e bens é denominada ciclo de 
vida. Esse ciclo pode impactar o meio ambiente e, consequentemente, tudo o que depende dele ou está 
ao seu redor. Portanto, avaliar o ciclo de vida de um produto permite avaliar os danos que ele causa ao 
meio ambiente a partir da quantificação das emissões, recursos que foram consumidos e impactos sobre 
a saúde humana e prejuízo ao meio ambiente.
28
Unidade I
Re
cu
pe
raç
ão
/ 
Re
cic
lag
em
Matérias-primas Mudanças climáticas
Eutrofização
Pressão tóxica
Uso do solo
Materiais
Energia
Armazenamento 
no varejo
Transporte
Tra
ns
po
rteTransporte
Produção
Us
o
Figura 4 – Esquema do ciclo de vida do produto
Pensando dessa maneira, podemos inferir que quando pensamos no ciclo de vida de determinado 
produto, ele nos permite perceber o impacto sobre o uso dos recursos naturais, mas também sobre todo o 
processamento do produto, como: fabricação, distribuição, utilização, reutilização, reciclagem, recuperação 
energética e eliminação dos resíduos, considerando que este último deve ser produzido o mínimo possível, 
tendo como objetivo diminuir os impactos ambientais globais gerados pelo aumento do consumo.
Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação
Caro aluno, convidamos você a um exercício de reflexão:
Monte um lista contendo duas colunas (A e B). Na coluna (A) você colocará Produtos com avaliação 
positiva e na coluna (B) você colocará Produtos com avaliação negativa.
Escolha dez produtos do seu dia a dia e faça uma avaliação sobre o ciclo de vida deles, não se 
esquecendo de avaliar o uso do recurso natural, o processamento industrial e a destinação final.
Após a sua avaliação, você colocará esses produtos na coluna A ou na coluna B. Conte quantos 
produtos você terá em cada uma delas.
Ao final do exercício de reflexão, responda: Qual a sua conclusão? Produzimos e consumimos mais Ao final do exercício de reflexão, responda: Qual a sua conclusão? Produzimos e consumimos mais 
produtos com avaliação positiva ou negativa?produtos com avaliação positiva ou negativa?
É preciso que as pessoas tenham o hábito de refletir diariamente sobre o consumo sustentável, pois 
a utilização indiscriminada dos recursos naturais afeta a capacidade de regeneração do meio ambiente.
29
SAÚDE AMBIENTAL
Primeiramente, é necessário que as pessoas sejam capazes de reconhecer que o ambiente faz parte do ser 
humano (não é somente exógeno), muitos dos elementos dos quais somos constituídos têm como origem 
a natureza, portanto, exige-se que se tenha antes da ação, o conhecimento. Por que isso é importante? 
Porque, de acordo com o grau de relação do ser humano com o meio ambiente, o processo saúde-doença 
pode ou não ser afetado, indicando que somente compreender a relação de saúde e meio ambiente não é 
o suficiente, sem que exista o conhecimento de todas as variáveis e realidades envolvidas nesses processos.
Profissionais bem preparados têm grande destaque na educação da população no que diz respeito 
ao processo saúde-doença e sua relação com o meio ambiente. Quando pensamos nos profissionais 
ou nos estudantes de graduação, muitos estudos demonstram que eles são capazes de conceituar 
adequadamente meio ambiente e saúde, bem com todas as variáveis que atuam sobre esses fatores. No 
entanto, o que mais preocupa os estudiosos é que esses profissionais podem não conseguir transpor 
o conhecimento para a prática profissional; contudo, um ponto positivo é que todos os estudantes 
percebem a real importância de se discutir essa temática durante graduação.
Entretanto, a falta de interação das pessoas com o meio ambiente no processo saúde-doença não é 
o único fator que compromete o aprendizado da população.
Não podemos descartar a importância da somatória de conhecimentos teóricos, práticos, metódicos 
e intervencionistas na criação de um adequado conceito acerca do meio ambiente e do processo 
saúde-doença, fugindo um pouco das ações mais comuns do setor da saúde, que visam, em sua maioria, 
à resolução de problemas, mas quando eles já estão instalados. Um exemplo disso é a discussão da 
questão sanitária básica que tem sido substituída por uma abordagem mais ambiental, que favorece a 
promoção da saúde e a conservação de todos os aspectos do meio ambiente. Assim, é essencial que as 
ações primordiais para a promoção e prevenção de riscos sejam tomadas antes que os efeitos deletérios 
– sobre o meio ambiente e a humanidade – possam surgir.
Vale ressaltar que a legislação brasileira, com a Lei n. 11.445 de 5 de janeiro de 2007, estabelece 
diretrizes nacionais para o saneamento básico, que no artigo 2º traz a universalização do acesso ao 
sistema básico de saneamento, Vale ressaltar que esta foi alterada posteriormente pela Lei n. 13.308 de 
6 de julho de 2016 e a Lei n. 13.312 de 12 de julho de 2016.
4 EDUCAÇÃO POPULAR E SUSTENTABILIDADE
Até o momento, pudemos perceber que a preocupação com a saúde é antiga, mas que o mesmo não 
aconteceu com as ações que visam às melhorias de vida e de saúde da população. Assim, por que ainda 
não atingimos a plenitude no que diz respeito à saúde e ao meio ambiente?
Apesar da realização das Conferências Internacionais para a Promoção da Saúde, nos dias atuais 
ainda são necessárias diversas ações para a melhoria da saúde da população. Isso se deve ao fato de que 
as melhorias estão associadas não somente à inovação tecnológica, novos medicamentos e construção 
ou implantação de novos serviços, como novos hospitais, mas também a uma realidade política, cultural 
e social da comunidade. Quando as pessoas percebem que saúde depende do que está ao seu redor, é 
possível criar o conceito real de meio ambiente como tudo aquilo que faz parte do ser humano na sua 
30
Unidade I
totalidade. Em relação à saúde ambiental, é preciso pensar que a ação do outro influencia na saúde do 
sujeito e da comunidade em que ele está inserido. Por esse motivo, ações comunitárias voltadas à saúde 
são extremamente importantes para que osobjetivos de promoção da saúde sejam alcançados.
A educação popular crítica é capaz de modificar o processo saúde-doença no que diz respeito à saúde 
ambiental. Esses aspectos são respaldados pela Carta de Ottawa (1986), que considera as causas ou fatores 
de risco mais relevantes aqueles relacionados com comportamentos humanos pessoais e coletivos, estilos 
de vida ou tipos de trabalho e, com certeza, com o meio-ambiente. Dessa forma, capacitar pessoas para que 
aprendam a lidar com as situações rotineiras, causadas por diversos aspectos extrínsecos ao ser humano, 
além da ausência de saúde, colabora para a superação desses desafios na educação.
Paulo Freire (1921-1997) um estudioso brasileiro da área de Educação compreende que o aprendizado 
é um processo interativo horizontal entre professor/profissional (emissor) e aluno/comunidade (receptor) 
atuando com o meio ambiente. Tanto emissor quanto receptor possuem um conhecimento adquirido 
pela vida (bagagem de experiência) que não pode ser excluído, mas que (muitas vezes) precisa ser 
lapidado. Assim, o método dialógico os torna parceiros no que diz respeito aos acontecimentos reais da 
vida, transformando esses preceptores em participativos na construção do saber. 
Por que não aproveitar as experiências que têm os alunos de viver em áreas da 
cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição 
dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os 
lixões e os riscos que oferecem à saúde [...]” (FREIRE, 2008, p. 30).
 Observação
Para Paulo Freire, é necessário que o educador e o educando sejam 
portadores de pensamento crítico e que a relação educador-educando 
seja horizontal.
Sistema horizontal de educação
Troca de 
informações
Conhecedor 
e receptor da 
informação
Conhecedor 
e receptor da 
informação
Educador Educando
Figura 5 – Relação entre educador e educando e a relação horizontal, descrita por Paulo Freire
31
SAÚDE AMBIENTAL
Transpondo o pensamento para a saúde ambiental, os agentes de saúde são “professores” e podem 
trabalhar de forma integrada com a comunidade, na figura de “aluno”. Essa interação visa à melhoria 
da condição de vida das pessoas que convivem em um determinado local e dependem dos serviços de 
saúde. Para essa abordagem, a forma de educação deve fornecer ao educando maior conhecimento do 
assunto, estimulando-o a trocar a passividade pela ação e a compartilhar esse conhecimento adquirido, 
a fim de melhorar a condição de vida das pessoas da comunidade.
Assim, é importante que na educação popular voltada para a saúde exista uma interface que reúna 
os conhecimentos e práticas médicas com o pensar e fazer cotidiano da população, pois educação em 
saúde reflete na saúde da comunidade que, desse modo, atuará a favor do meio ambiente. A população 
cria um vínculo com os problemas de saúde, tornando-se participativa nos serviços de saúde e, assim, 
capaz de compreender que é parte importante do processo, formando uma corrente necessária para a 
justiça social.
Uma das formas mais convictas de entendimento do direito de saúde é a educação baseada na 
problematização, defendida por Paulo Freire. Quando os indivíduos determinam o problema, são capazes 
de pensar coletivamente em soluções práticas que podem ajudar toda a comunidade. Para isso, é preciso 
que exista uma ponte entre o governo e a sociedade, permitindo que esses indivíduos sejam autônomos 
no que diz respeito ao entendimento do problema. Isso pode ser observado quando há uma forte 
educação popular em saúde, pois suas ações são capazes de criar e nortear as políticas públicas de 
saúde, direcionando-as para os princípios do SUS.
Quando pensamos no modelo de gestão participativa, logo imaginamos algo desorganizado em que 
todos dão sua opinião e nenhuma ação é tomada de fato. No entanto, em se tratando da educação em 
saúde, os profissionais são engajados em ações sociais, o que torna possível uma reflexão crítica dos 
problemas com supostas soluções, diálogo e construção compartilhada do conhecimento, ou seja, é 
construída uma ponte entre o conhecimento popular e científico. Portanto, é pautada a importância da 
escuta, da fala e da compreensão de ambas as partes.
No processo de educação em saúde, o raciocínio normativo, ou seja, alguém manda e outro executa, 
não se enquadra nesse processo e isso pode ser observado nas epidemias. No caso da dengue, por 
exemplo, o problema é sempre do vizinho que não tampa a caixa d’água. Portanto, quando temos uma 
atitude normativa não pensamos no coletivo. Dessa forma, é função dos serviços de governo fazer com 
que as pessoas acreditem que os problemas, principalmente de ordem pública de saúde, não podem ser 
tratados de forma individual, pois englobam, direta ou indiretamente, o coletivo.
Contudo, o não pensar de maneira coletiva está muitas vezes relacionado ao não pertencimento 
ao meio ambiente tampouco a sociedade, ou seja, achar que as ações individuais não interferem 
no coletivo. Esse enfoque demonstra que o comportamento do indivíduo está atrelado às doenças 
modernas (crônico-degenerativas), à exposição a fatores de risco (fumo, estresse e dor, entre outros) 
e aos gastos com assistência médica. Contudo, considerando que muitas doenças são de ordem 
coletiva, pensar no individual demonstra que a medicina curativa fracassou no que diz respeito aos 
problemas comunitários.
32
Unidade I
Para mudar esse perfil, a educação em saúde teve que se basear no modelo médico, que persuade 
as pessoas a modificarem seus hábitos de vida, adotando estilos de vida mais saudáveis. Esse modelo 
favoreceu a criação de diversos programas baseados nos problemas de clínica médica e de epidemiologia.
Portanto, educar vai além do termo em si, depende do que entendemos por educação e o que 
esperamos dela. Por exemplo, se ao longo de sua vida o indivíduo recebeu o processo educativo de 
forma crítica, ou seja, foi capaz de raciocinar a respeito de diversos assuntos e problemas, ele se tornará 
um adulto crítico, participativo e criativo para enfrentar a vida e todas as suas circunstâncias. Logo, 
atribuir ao indivíduo desde a sua infância um tipo de educação que forma indivíduos críticos no futuro 
contribui para que as pessoas, independentemente da classe social, possam participar ativamente da 
comunidade, em todos os seus aspectos: político, social e de saúde.
Esse processo de educação se enquadra perfeitamente quando pensamos no cuidado que devemos 
ter com o meio ambiente, por exemplo. Se uma criança aprende a conservar o meio ambiente, 
compreendendo o quanto este pode contribuir para nossa saúde, ela colabora para a manutenção e 
prevenção dos recursos para as gerações futuras.
Considerar que o indivíduo possui um conhecimento básico sobre a vida é tão importante quanto a 
educação em si, uma vez que esse conhecimento é baseado em experiências de vida. Desse modo, o preparo 
de pessoas que possam instruir a população sobre como cuidar da saúde e do meio ambiente é importante 
para lapidar o conhecimento, colaborando para o sucesso na interação do educador (profissionais) e do 
educando (comunidade), com troca de experiências. No geral, para que o processo educativo aconteça 
é necessário que o educando (aquele que recebe a informação) e o educador (aquele que distribui a 
informação) estejam em sintonia e a comunicação é uma ferramenta importante para esse processo.
 Observação
Comunicação é uma ferramenta importante para que aconteça um 
processo de educação popular para a saúde e meio ambiente com eficiência.
A comunicação deve ser clara e concisa, ou seja, clara na capacidade de se expressar sobre um dado 
assunto ou tema e concisa ao ser clara com o menor número de palavras possíveis. A comunicação 
deve ir além da transmissão de conhecimento, ou seja, deve existir uma troca de experiências recíproca 
e horizontal. 
O modelo mais indicado é aquele capaz de agir sempre no coletivo, denominado de comunicação 
participativa. Esse modelo segue a ordem

Outros materiais