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Autores: Profa. Olívia Beloto da Silva Prof. Tiago Davi Vieira Soares de Aquino Colaboradores: Profa. Ana Paula Zaccaria dos Santos Prof. Fábio Mesquita do Nascimento Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano Saúde Ambiental Professores conteudistas: Olívia Beloto da Silva / Tiago Davi Vieira Soares de Aquino Olívia Beloto da Silva Pós-doutoranda em Ciências Humanas (Laboratório de Fisiologia de Epitélios) pelo Departamento de Fisiologia e Biofísica Humana da Universidade de São Paulo – USP. Doutora em Ciências Humanas (Laboratório de Fisiologia Renal) pelo Departamento de Fisiologia e Biofísica Humana da Universidade de São Paulo – USP (concluído em 2012). Mestre em Ciências Humanas (Laboratório de Fisiologia Renal) pela Universidade de São Paulo – USP (concluído em 2009). Especialista em Enfermagem em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp (concluído em 2007). Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário de Santo André – Unia (concluído em 2005). Durante toda a graduação fez iniciação científica no Laboratório de Fisiologia Renal do Departamento de Fisiologia e Biofísica Humana da Universidade de São Paulo – USP (de 2003 a 2007), participando de diversos congressos nacionais e internacionais, além de estágio no exterior (Universidade da Califórnia – Estados Unidos). Durante o pós-doutorado contribuiu fortemente na implantação de normas e rotinas do laboratório, bem como na parte experimental. Atualmente, é docente titular da Universidade Paulista (UNIP), atuando em Projetos de Extensão Universitária, bem como orientando Trabalhos de Conclusão de Curso. Ainda, é líder das disciplinas Saúde Ambiental e Vigilância Sanitária para o curso de Graduação de Enfermagem da UNIP. Além disso, é membro ad-hoc da Revista Acta de Enfermagem (Unifesp), do Journal of the Health Sciences Institute (UNIP) e da Revista Saúde da Universidade de Guarulhos (UNG). Tiago Davi Vieira Soares de Aquino Mestre em Ensino e História de Ciências da Terra pelo Instituto de Geociências da Unicamp (2018), graduado em Geociências e Educação Ambiental (Licenciatura) pelo Instituto de Geociências da USP (2010), especialista em Ética, Valores e Cidadania na Escola pela USP/Univesp (2013), graduado em Pedagogia pela Uninove (2014) e especialista em Educação a Distância pela UNIP (2017). Docente desde 2009, atualmente, é professor adjunto da Universidade Paulista (UNIP) nos cursos de graduação, modalidade presencial, de Engenharia Civil e Engenharia Mecânica, e na pós-graduação, modalidade presencial, do MBA em Gestão ambiental e Sustentabilidade. Na modalidade a distância é professor e tutor líder nos cursos superiores tecnológicos de Gestão Ambiental, Gestão do Agronegócio e Segurança no Trabalho. É também professor conteudista na área de meio ambiente nos cursos de pós-graduação EaD da UNIP. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S586s Silva, Olívia Beloto da. Saúde ambiental. / Olívia Beloto da Silva, Tiago Davi Vieira Soares de Aquino. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 132 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230 1. Saúde. 2. Meio ambiente. 3. Recursos naturais. I. Aquino, Tiago Davi Vieira Soares de. II. Título. CDU 614 U508.19 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Carla Moro Lucas Ricardi Sumário Saúde Ambiental APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 OS ASPECTOS HISTÓRICOS DA SOCIEDADE, DO MEIO AMBIENTE E DA SAÚDE HUMANA E A LIGAÇÃO ENTRE ELES ..............................................................................................................9 1.1 Da colonização aos dias atuais: aspectos históricos da saúde .............................................9 2 PAPEL DAS CONFERÊNCIAS NA SAÚDE E NO MEIO AMBIENTE ................................................... 15 3 PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E MEIO AMBIENTE ................................................................................ 24 4 EDUCAÇÃO POPULAR E SUSTENTABILIDADE ....................................................................................... 29 Unidade II 5 RECURSOS NATURAIS: CONSEQUÊNCIA DO USO INDEVIDO E AÇÕES QUE FAVORECEM O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE HUMANA ....................................................................... 41 5.1 Principais recursos naturais existentes para a vida: água, energia, ar e solo .............. 41 5.1.1 Água ............................................................................................................................................................. 41 5.1.2 Energia ........................................................................................................................................................ 52 5.1.3 Ar ................................................................................................................................................................... 57 5.1.4 Solo ............................................................................................................................................................... 58 6 PROBLEMAS ASSOCIADOS AO USO INCONSCIENTE DA ÁGUA, DA ENERGIA, DO AR E DO SOLO ............................................................................................................................................... 61 6.1 Considerações gerais ........................................................................................................................... 61 6.2 Desenvolvimento urbano: implicações para os recursos naturais ................................... 61 6.3 Contaminação da água e doenças associadas ......................................................................... 63 6.4 Esgoto e doenças associadas ........................................................................................................... 67 6.5 Uso de energia não renovável e contaminação do ar ........................................................... 69 6.6 Contaminação do solo ....................................................................................................................... 70 6.7 Transgênicos ........................................................................................................................................... 70 6.8 Resíduos sólidos: doenças associadas .......................................................................................... 72 6.9 Geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) .............................................................................. 73 6.10 Resíduos de construção e demolição (RCD) ........................................................................... 77 6.11 Resíduosde serviços de saúde ...................................................................................................... 78 6.12 Destinação final dos resíduos sólidos ........................................................................................ 80 6.13 Riscos profissionais ........................................................................................................................... 86 7 IMPACTO DAS CONFERÊNCIAS SOBRE O MEIO AMBIENTE ............................................................ 89 8 AÇÕES QUE FAVORECEM OS RECURSOS NATURAIS......................................................................... 97 8.1 Água ........................................................................................................................................................... 97 8.2 Esgoto .....................................................................................................................................................100 8.3 Energia e ar ...........................................................................................................................................101 8.4 Resíduos sólidos: perigosos e não perigosos ..........................................................................104 7 APRESENTAÇÃO A disciplina de Saúde Ambiental tem como objetivo contribuir para que os alunos estabeleçam uma relação entre as condições do meio ambiente (ecossistema) e a qualidade de vida da população (saúde). Por isso, identificar os impactos das condições ambientais sobre a saúde humana, os agentes causadores de doenças e a relação que os componentes do saneamento (abastecimento de água, esgotamento sanitário, controle de resíduos sólidos) mantêm com a saúde pública e ambiental se torna crucial para a prática. É extremamente importante que o aluno possa reconhecer a interdependência entre o ambiente e a saúde, além do processo saúde-doença. Também é necessário que ele seja capaz de identificar os principais problemas relacionados ao meio ambiente no processo saúde-doença de forma individual ou coletiva, para que o processo educativo permita o surgimento de indivíduos mais preocupados com o meio ambiente e com as consequências do seu desequilíbrio para a qualidade de vida da população. Inicialmente apresentaremos a história política e econômica do Brasil e a relação com a saúde da época, bem como a importância das conferências internacionais e nacionais, do processo saúde‐doença e do envolvimento do meio ambiente nesse processo, além de abordar a importância da educação para o meio ambiente. Depois, demonstraremos os principais fatores que interferem no meio ambiente e, consequentemente, na saúde humana, além de abordar algumas das ações que podem ser realizadas para diminuir os danos para o meio ambiente e para a saúde humana, como o descarte adequado dos resíduos e a importância da engenharia genética na saúde ambiental. Caro aluno, esperamos que você tenha uma excelente leitura e que compreenda, ao final deste livro-texto, a importância que o meio ambiente saudável tem na saúde da população. Além disso, esperamos que todos, independentemente da área de atuação, colaborem com os processos de conservação do meio ambiente, afinal, é dever de todos manter o equilíbrio ambiental visando a manutenção e a sobrevivência das gerações futuras. Boa leitura! INTRODUÇÃO Podemos começar este livro-texto com diversas perguntas: Qual a relação existente entre saúde e meio ambiente? O que tem dentro de casa que não vem da natureza? O que é saúde e doença? O que é meio ambiente e ecossistema? Os danos causados ao meio ambiente podem interferir na saúde da população? Existem ações ou fatores que prejudicam o meio ambiente? Podemos realizar ações que prejudiquem menos o meio ambiente? É importante estudar na graduação sobre o meio ambiente? Contudo, você seria capaz de responder a todas essas perguntas sem dificuldades? As respostas são complexas e a maioria das ações a favor do meio ambiente depende do coletivo. Assim, quando não se pensa coletivamente, as ações individuais ficam perdidas, ou seja, mascaradas perto de tantas ações negativamente coletivas. Existem milhões de pessoas no mundo tentando mudar 8 algo e, na verdade, a vontade de mudar transformada em ação é o que impulsiona todos para vivermos dias melhores, com melhores perspectivas. Frente a tantas informações nos dias atuais, no que diz respeito ao meio ambiente, realizar ações sem pensar no futuro é uma atitude intolerável, pois elas interferirão seriamente na geração futura, que pode ter estreita ligação com você, com seus filhos, netos, sobrinhos, dentre outros. Neste sentido, se faz presente a atuação e principalmente o conhecimento adquirido durante sua formação e a forma como este você passará agir no ambiente também como cidadão. Assim, é nosso dever zelar pelo meio ambiente e fiscalizar todas as ações que vão contra a sua proteção, para que as gerações futuras possam usufruir daquilo que o meio ambiente pode oferecer. Logo, este material busca uma reflexão profunda sobre a saúde ambiental, permitindo esclarecer alguns aspectos da relação do meio ambiente e o processo saúde-doença. Nesse sentido, ressaltar a importância da participação de todos nesse processo favorece o pensamento crítico acerca dessa temática, colaborando para um mundo melhor. 9 SAÚDE AMBIENTAL Unidade I 1 OS ASPECTOS HISTÓRICOS DA SOCIEDADE, DO MEIO AMBIENTE E DA SAÚDE HUMANA E A LIGAÇÃO ENTRE ELES 1.1 Da colonização aos dias atuais: aspectos históricos da saúde Em que momento da História o homem passou a pensar em saúde? Qual era a importância da saúde? A saúde dos dias atuais é a mesma desde a colonização do Brasil? E, por fim, em que momento o homem passou a perceber que o meio ambiente refletia em sua saúde? Falar de História e relembrar ou aprender sobre fatos que aconteceram há muito tempo, para muitos, nem sempre é interessante, mas posso dizer que conhecer a evolução da história humana e, principalmente, a história do nosso país nos permite conhecer uma parte dos acontecimentos que regem a saúde e os cuidados da população com o meio ambiente. Não é possível separar a História do Brasil da História mundial quando se trata de saúde e, para que se compreenda o meio ambiente, é necessário compreender os aspectos relacionados à promoção da saúde. A evolução da saúde dependeu e acompanhou as mudanças políticas e econômicas mundiais. No Brasil, a saúde, além de depender dessas mudanças, sofreu as consequências do capitalismo internacional, pois não priorizava a política brasileira e não dava a atenção adequada às endemias e epidemias, refletindo negativamente na economia do país e levando à criação de uma medicina altamente curativa e lucrativa, sem apoio à população. A preocupação com as questões ambientais ganhou força na década de 1960 com a publicação do livro Primavera Silenciosa, da autora norte-americana Rachel Carson, que chamou atenção do mundo no que diz respeito à poluição do ambiente natural e é tido como o precursor do movimento ambientalista no mundo. Em 1972, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre meio ambiente, realizada na cidade de Estocolmo, na Suécia, foi o primeiro grande encontro na busca de ações mitigadoras para a preservação do meio ambiente. Na sequência, diversas conferencias foram realizadas, especialmente aquelas que passaram a relacionar diretamente as condições de saúde com assuntos ambientais. Do ponto de vista formal, a Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981, instituiu a Política nacional do Meio Ambiente e em seu artigo 3º define meio ambiente como: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). 10 Unidade I Ainda na década de 1980, de modo complementar, o artigo 225 da Constituição Federal do Brasil publicada em 5 de outubro de 1988 diz que: Todos têmdireito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). Concomitante aos interesses de preservação do meio ambiente, em 1978, a organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu o primeiro evento especifico sobre saúde, cujo mote principal era “Saúde para todos no ano 2000”. A Conferência Internacional sobre os Cuidados definiu o conceito de saúde como: Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde (WHO, 1978). As décadas entre 1960 a 1990 foram de extrema importância para o futuro ambiental e consequentemente a saúde da população, foi neste período em se discutiram em encontros, conferências e assembleias a necessidade de mudança dos padrões de consumo em busca de sustentabilidade e saúde ambiental. Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação Para compreender a evolução da saúde no Brasil é necessário compreender também a evolução histórica do nosso país. Assim, utilize o seu ponto de vista para refletir sobre o sistema de saúde atual do país (público e Assim, utilize o seu ponto de vista para refletir sobre o sistema de saúde atual do país (público e privado) e esquematize os principais pontos fracos e fortes desse sistema.privado) e esquematize os principais pontos fracos e fortes desse sistema. No entanto, todos esses fatores foram sendo modificados ao longo da história do Brasil, que até então era considerado um país “novo” perante o mundo e capaz de realizar ainda muitas conquistas no âmbito da saúde e do meio ambiente. Para compreendermos melhor todos esses aspectos, recordaremos um pouco da história do nosso país desde a sua colonização, enfatizando os acontecimentos históricos relacionados com alterações na saúde e no meio ambiente. Chamamos de Período Colonial o período que vai de 1.500 (descobrimento do Brasil) até 1822. Durante esses anos, toda a produção econômica do país (realizada por mão de obra escrava) estava concentrada na produção de açúcar e na mineração, mas visava aos interesses da Coroa Portuguesa. Somente em 1824 foi criada a Primeira Constituição Brasileira, também denominada de Carta Magna. 11 SAÚDE AMBIENTAL Até a Proclamação da República, que aconteceu em 1889, o trabalho escravo sustentava a produção para exportação, como foi o caso do café. Isso favoreceu o crescimento da produção desse grão, criou dinamismo no comércio interno e mudança na estrutura social, com aumento do poder da burguesia. Essa época também é conhecida como Colônia. Em relação à saúde da população, todas as medidas tomadas para o combate de doenças eram pontuais e visavam ao aumento da economia. A primeira campanha que aconteceu nessa época foi contra a febre amarela, doença que afetava os trabalhadores e, consequentemente, a produção de açúcar. Essa campanha aconteceu em Olinda (1685–1694) foi uma campanha pontual com o intuito exclusivo de exterminar a doença para não afetar a economia do país. Com a Proclamação da República, surgiu o Período da Primeira República ou República Velha, de 1889 até 1930. Nesse período, a organização do país estava fortemente vinculada ao café e à pecuária. Havia um domínio das elites agrárias de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, favorecendo a escolha de presidentes preferencialmente paulistas e mineiros. Essa alternância no poder presidencial ficou conhecida como Política Café com Leite. Basicamente, nesse período houve o crescimento de ideias liberais e republicanas (que visavam ideais abolicionistas) e as exigências internacionais favoreceram a substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado. Houve também a necessidade de “importar” trabalhadores “competentes” da Europa para atuar nas lavouras de café e na indústria. Logo, nessa época, predominava o trabalho dos imigrantes. Mas, afinal, qual era o quadro sanitário dessas épocas? Você acha que havia preocupação com a saúde da população ou com o uso de recursos provenientes do meio ambiente por parte das autoridades na Colônia ou no Império? A resposta é não. O quadro sanitário dessas épocas era preocupante, pois tanto os escravos quanto os imigrantes viajavam meses em navios e em condições precárias de higiene. Essas pessoas traziam consigo muitas doenças, como: sexuais, hanseníase, tuberculose, febre amarela, cólera, malária, varíola e leishmaniose. Quando chegavam ao Brasil, estavam desnutridos e muitas vezes, como nosso país é tropical, sofriam com mordidas de animais peçonhentos, além de enfrentarem condições precárias de vida e de trabalho. Como não havia uma política de saúde nessa época, muitas das doenças se tornavam epidemias e endemias, que podem ser entendidas como: Endemia é considerada uma ocorrência coletiva de uma doença em uma determinada área, acometendo a população de forma permanente e contínua. Epidemia é a ocorrência súbita de uma doença acometendo em pouco tempo um número alto de pessoas. O que vale ressaltar dessa época é que todas as medidas favoráveis à saúde que eram tomadas visavam única e exclusivamente ao não comprometimento da economia do país. Essas medidas incluíam o saneamento dos portos, urbanização nos centros urbanos (restritos às cidades de Santos, Rio de 12 Unidade I Janeiro e Salvador), realização de campanhas para diminuir as epidemias e realização de intervenções pontuais, logo abandonadas pelo governo. As ações de saúde da época imperial estavam atreladas ao controle de doenças endêmicas nas regiões portuárias, pois era preciso atrair os imigrantes para o Brasil e garantir sua permanência. A assistência médica era possível apenas para a classe dominante (coronéis), ou seja, para a pequena parcela da população que podia pagar pelos serviços médicos. O restante dependia de medicina popular, que utilizava sangrias para o tratamento de doenças; em casos mais graves, essas pessoas eram levadas para as Casas de Misericórdia. Portanto, a precariedade dos serviços de saúde permitia o adoecimento da população, contribuindo para a diminuição da qualidade de vida e, consequentemente, do tempo de vida dessas pessoas. Lembrete Endemia é considerada uma ocorrência coletiva de uma doença em uma determinada área, acometendo a população de forma permanente e contínua. Epidemia é a ocorrência súbita de uma doença acometendo em pouco tempo um número alto de pessoas. Em 1902 (ainda no período de República Velha), o Presidente da República, Rodrigues Alves, criou um programa de saneamento no Rio de Janeiro e outro de combate à febre amarela em São Paulo, mas, infelizmente, essas iniciativas visavam estimular o comércio e aumentar a produção agropecuária. Nessa época, Oswaldo Cruz, que era médico pesquisador do Instituto Pasteur, foi nomeado Diretor Geral da Saúde Pública e passou a utilizar campanhas sanitárias como um modelo de intervenção para combater as epidemias rurais e urbanas. Essa intervenção teve como modelo aquelas realizadas em Cuba, com centralização das estruturas administrativas, concentração do poder e estilo repressivo de intervenção médica individual e coletiva. Ainda no mesmo período, foi criado o Instituto Soroterápico de Manguinhos, no Rio de Janeiro, que posteriormente passou a se chamar Instituto Oswaldo Cruz e tinha como finalidade a realização de pesquisa e desenvolvimento de vacinas. Em 31 de outubro de 1904, foi aprovada uma lei a favor da vacinação contra a varíola, que preconizava a imposição legal da vacinação contra essa doença. Considerando que as intervenções médicas de Oswaldo Cruz eram repressivas, a imposição legal da vacina favoreceu uma revolta popular, tambémconhecida como Revolta da Vacina, pois a população não sabia do que se tratava. Contudo, mesmo com a Revolta da Vacina, a epidemia de varíola foi controlada com a vacinação, demonstrando que o método preventivo era eficaz. 13 SAÚDE AMBIENTAL Em 1920, Carlos Chagas assumiu o comando do Departamento Nacional de Saúde e inovou o modelo de intervenção proposto por Oswaldo Cruz, ou seja, passou a introduzir propagandas para educação sanitária da população visando à prevenção de doenças. Além disso, foram criados órgãos para o controle de doenças como tuberculose, hanseníase e doenças sexualmente transmissíveis. Pode-se dizer que as intervenções de Carlos Chagas favoreceram o surgimento de uma Saúde Pública com um modelo de intervenção campanhista, mas que sofria influência dos saberes voltados à microbiologia, ou seja, voltados para a doença que dependia de um agente etiológico (organismo causador da doença). Houve também o surgimento da Previdência Social, que permitia assistência médica aos trabalhadores a partir da contribuição com as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs). A classe dominante continuava utilizando a medicina liberal. Já o restante da população (que não pertencia à classe dominante e ao grupo de trabalhadores) continuava na dependência da medicina popular e das Casas de Misericórdia. Entre 1922 a 1929, uma crise mundial ocasionou rupturas no cenário político, causando impactos na exportação de café. Em 1930 aconteceu uma revolução (também conhecida como Revolução de 30), comandada por Getúlio Vargas, que teve apoio da classe média e da popular. Essa revolução colocou fim na Política Café com Leite e permitiu o crescimento das indústrias e do mercado interno. Vale ressaltar que Getúlio Vargas permaneceu quinze anos no poder do país, período que ficou conhecido como Segunda República ou Era Vargas e foi marcado por mudanças profundas no cenário político, com uma grande reforma política e administrativa. Para que essa reforma acontecesse de maneira sólida, foi criada a Constituição Federal, em 1934, pela Assembleia Nacional Constituinte; ela pretendia organizar o regime democrático e assegurar ao país unidade, liberdade, justiça e bem-estar social e econômico. A promulgação da Constituição de 1934 foi uma consequência da Revolução Constitucionalista de 1932, quando diversos voluntários, militares e força pública lutaram contra o Exército brasileiro. Logo, com o fim dessa revolução, houve pressão para que acontecesse uma eleição para Assembleia Constituinte de 1933, aprovando a substituição da Constituição de 1824 para a de 1934. Basicamente, essa Constituição Republicana de 1934 reformulou de forma inovadora a organização da República Velha, mas infelizmente durou somente até 1937. Nesse ano, uma nova constituição pronta foi outorgada por Getúlio Vargas, que, de presidente, transformou-se em ditador e o país, de revolucionário, em autoritário. Assim, a partir de 1937 instalou-se a Ditadura do Estado Novo no Brasil, que durou até o ano de 1945. A ditadura foi caracterizada por uma fase de centralização política e participação estatal na política. Considerando o crescimento industrial, houve um investimento forte na região Sudeste, fato que trouxe agravos no desequilíbrio entre as regiões do Brasil. Dessa forma, as pessoas de outros Estados e do campo passaram a migrar para a Região Sudeste e para as cidades, o que ficou conhecido como êxodo rural. Toda essa mudança na estrutura da economia favoreceu o surgimento das favelas, pois o crescimento nas principais cidades foi desordenado, sem planejamento prévio. 14 Unidade I Vale ressaltar que, em um contexto histórico, o termo favela tem como origem uma planta de vegetação rasteira que cresce em áreas inclinadas ou não, a exemplo dos morros na cidade do Rio de Janeiro, ocupados por moradias precárias. De 1930 a 1937 houve o estabelecimento do salário mínimo, construção da Hidroelétrica Vale do Rio São Francisco e a Siderúrgica de Volta Redonda. Criou-se também o Ministério do Trabalho, da Indústria e Comércio e Educação e Saúde, além de leis trabalhistas que visavam aos direitos sociais dos trabalhadores. Com o crescimento industrial à custa de condições precárias de trabalho, aumentaram também os riscos aos trabalhadores e os problemas de saúde. Isso favoreceu uma piora nas condições de vida e de saúde da população, que não tinha moradia e saneamento adequados. Fica claro que problemas antigos de epidemias e endemias foram acrescidos com as condições precárias de vida, favorecendo acidentes de trabalho, estresse, desnutrição e verminoses. Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde, que tinha como função coordenar as ações de saúde pública, com ações de caráter coletivo, utilizando intervenções campanhistas e favorecendo a criação do Serviço Nacional de Febre Amarela, do Serviço de Malária no Nordeste e da Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp). As medidas adotadas para a saúde da população visavam manter a força de trabalho para produção. Portanto, em 1933, houve a transformação da Assistência Médica vinculada à Previdência Social (CAPs) em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), que contavam com o financiamento dos empregados, dos empregadores e do Estado (país) e com assistência médica por rede própria somente para trabalhadores. Em 1937, o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública foi desmembrado e passou a se chamar Ministério da Educação e Saúde, em 25 de julho de 1953, a Lei n. 1.920 criou o Ministério da Saúde. Em 1945, com o final da Segunda Guerra Mundial, a ditadura perde força e Getúlio Vargas deixa o poder. Assim, a redemocratização do país precisou ser iniciada com eleições para presidente e para Assembleia Constituinte. De 1946 a 1951, o então presidente Eurico Gaspar Dutra alinhou-se aos Estados Unidos da América (EUA) em oposição ao socialismo, o que favoreceu o congelamento de salários. Esse presidente criou (em 1950) o Plano Salte – abreviação de saúde, alimentação, transporte e energia – sendo que saúde era a prioridade da campanha política, mas, infelizmente, durante a gestão, o presidente acabou priorizando o transporte. Nessa mesma época foi proposta a criação de um Ministério da Saúde independente do Ministério da Educação. Getúlio Vargas volta à presidência entre 1951 e 1954, por meio do voto popular. Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde, independente e com 14 ministros que o dirigiam, contendo duas propostas: sanitarismo campanhista, que utilizava as campanhas para atingir a população, e sanitarismo desenvolvimentista, que visava à promoção da assistência, mas com ações curativas e preventivas, de acordo com as necessidades da população. 15 SAÚDE AMBIENTAL Em 1954, Getúlio Vargas se suicidou. Em 1956, Juscelino Kubitschek (JK) assumiu o governo, onde permaneceu até 1960. JK tinha um pensamento desenvolvimentista, favorecendo o aumento da dívida externa. Seu lema de governo era “Crescer cinquenta anos em cinco”, no sentido de crescimento e desenvolvimento a qualquer custo. No campo da saúde, houve pequenas conquistas, como a contratação de médicos particulares, dando origem ao setor privado de saúde. Jânio Quadros foi eleito presidente em 1961, mas logo renunciou e quem assumiu seu lugar foi o vice, chamado João Goulart. Nessa época, militares e burguesia se uniram contra o governo e em 31 de março de 1964 iniciou-se a Ditadura Militar, forma de governo que durou até o ano de 1984. A saúde, nesse período, sofria com a burocracia técnica que a mercantilizava. Em 1966, criou-se o Instituto Nacional de Previdência e Assistência Social (INPS), subordinado ao Ministério do Trabalho e Previdência e que visava ao lucro e inclusão de outras classes de trabalhadores como rurais, domésticas e autônomos. Todas essas modificações no INPS tiveram grande impacto nos gastos da previdência. Vale ressaltar que todas as ações realizadas para saúde nessa época estavam em segundo plano. Aofinal da década de 1970, com o agravamento da crise da previdência, começaram os movimentos sociais em busca de melhores condições de saúde e de vida. Isso favoreceu a criação de programas como o de imunização e vigilância epidemiológica, entre outros. Em 1985, com o final do regime ditatorial quem assumiu o poder no país foi Tancredo Neves, pouco tempo depois com a morte de Tancredo, José Sarney, seu vice, assume se torna presidente e inicia um período conhecido como a Nova República. Em paralelo a esse contento, as conferencias nacionais e internacionais sobre saúde e meio ambiente tem influência direta nacional e internacional. Todas essas modificações políticas que aconteceram no Brasil demonstravam um cenário na saúde que já era vivenciado no exterior. O que diferencia o Brasil de outros países é que as modificações da saúde somente começaram a ser realizadas a partir das conferências nacionais; estas sofriam influência das conferências internacionais, que já estavam acontecendo há muito tempo antes das nacionais. No próximo capítulo, discutiremos mais a respeito do papel das conferências nacionais e internacionais a favor da saúde e, consequentemente, do meio ambiente. 2 PAPEL DAS CONFERÊNCIAS NA SAÚDE E NO MEIO AMBIENTE De modo geral, as conferências (internacionais e nacionais) são movimentos que ocorrem periodicamente em defesa da ampliação dos campos de ação em saúde e de abordagens mais efetivas para o alcance dos objetivos propostos. Em relação às conferências internacionais, órgãos como Organização Mundial da Saúde (OMS), criada em 1948, após o advento da Segunda Guerra Mundial, em busca de melhorias nas condições de saúde da população mundial, Organização Pan Americana de Saúde (Opas, criada em 1902 na II Conferência Internacional dos Estados Americanos) e Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef, criada em 1946 em Nova Iorque, Estados Unidos). 16 Unidade I É importante ressaltar que todas as conferências são planejadas ao final daquela que está acontecendo, bem como é definida a pauta a ser discutida. Além disso, são discutidos os locais onde essas conferências acontecerão, sendo que deve acontecer uma em cada local do mundo. Por exemplo, em 1977 foi planejada e organizada a Primeira Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde, que aconteceu em Alma-Ata (Cazaquistão), em 1978. A conferência mais recente aconteceu em 2013. A seguir, citaremos o objetivo de todas as conferências, mas daremos uma importância maior para as de Alma-Ata e de Ottawa, pois estas tiveram maior impacto positivo sobre a saúde e sobre o meio ambiente. Primeiramente, é importante que consigamos entender como as conferências funcionam e seu papel sobre a saúde da população e sobre o meio ambiente. Assim, começaremos falando sobre o que aconteceu em 1977. Foi nesse ano que aconteceu a 30ª Assembleia Mundial de Saúde (organizada pela OMS) e teve como principal objetivo o movimento mundial: “Saúde para todos no ano 2000”. Em 12 de setembro de 1978, a OMS e a Unicef organizaram a Primeira Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde. Como descrito anteriormente, essa conferência foi realizada na cidade de Alma-Ata, Cazaquistão, e demonstrou a importância de uma ação urgente de todos os governos, dos que trabalham na área da saúde e do desenvolvimento e, claro, da comunidade mundial para promover a saúde da população. Essa organização favoreceu a elaboração da Declaração de Alma-Ata, que é um documento que reafirma a saúde como um direito do ser humano. A Declaração de Alma-Ata definiu o conceito de saúde como “[...] um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” (CONFERÊNCIA..., 1978). Além disso, essa Declaração também apresentou a todos as chocantes desigualdades de saúde entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, devendo ser esta a maior preocupação comum dos países, a fim de melhorar esse quadro. Propôs também que o desenvolvimento social e econômico deveria ser baseado na economia internacional, sendo de extrema importância alcançar a meta de saúde para o ano 2000; a promoção e proteção da saúde seriam fundamentais para esse processo. Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos sobre a Declaração de Alma-Ata, acesse: DECLARAÇÃO de Alma-Ata sobre Cuidados Primários. Alma-Ata, set., 1978. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ declaracao_alma_ata.pdf. Acesso em: 19 maio 2020. FACCHINI, L. A. A Declaração de Alma-Ata se revestiu de uma grande relevância em vários contextos. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz. br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu-de-uma- grande-relevancia-em-varios. Acesso em: 19 maio 2020. 17 SAÚDE AMBIENTAL Vale ressaltar que a Declaração de Alma-Ata mostra que os cuidados primários de saúde são essenciais e utilizam métodos e tecnologias práticas, que devem ser fundamentadas cientificamente e aceitas pela população-alvo. Adicionalmente, esses cuidados devem ser universais e a um custo acessível à população e ao país. Assim, a Declaração de Alma-Ata possui sete pilares que constituem os cuidados primários de saúde: Quadro 1 - Os setes conceitos e definições sobre os Cuidados Primários de Saúde estabelecidos pela OMS na Declaração de Alma-Ata Os cuidados primários de saúde Pilares básicos Definição 1 Refletir e a partir delas evoluem, as condições econômicas e as características socioculturais e políticas do país e de suas comunidades, e se baseiam na aplicação dos resultados relevantes da pesquisa social, biomédica e de serviços de saúde e da experiência em saúde pública. 2 Ter em vista os principais problemas de saúde da comunidade, proporcionando serviços de proteção, prevenção, cura e reabilitação, conforme as necessidades. 3 Incluir pelo menos: educação no tocante a problemas prevalecentes de saúde e aos métodos para sua prevenção e controle, promoção da distribuição de alimentos e da nutrição apropriada , provisão adequada de água de boa qualidade e saneamento básico, cuidados de saúde materno infantil, inclusive planejamento familiar, imunização contra as principais doenças infecciosas, prevenção e controle de doenças localmente endêmicas, tratamento apropriado de doenças e lesões comuns e fornecimento de medicamentos essenciais. 4 Envolver além do setor saúde, todos os setores e aspectos correlatos do desenvolvimento nacional e comunitário, mormente a agricultura, a pecuária, a produção de alimentos, a indústria, a educação, a habitação, as obras públicas, as comunicações e outros setores. 5 Requerer e promover a máxima autoconfiança e participação comunitária e individual no planejamento, organização, operação e controle dos cuidados primários de saúde, fazendo o mais pleno uso possível de recursos disponíveis, locais, nacionais e outros, e para esse fim desenvolvem, através da educação apropriada, a capacidade de participação das comunidades. 6 Devem ser apoiados por sistemas de referência integrados, funcionais e mutuamente amparados, levando à progressiva melhoria dos cuidados gerais de saúde para todos e dando prioridade aos que têm mais necessidade 7 Baseiam-se, aos níveis local e de encaminhamento, nos que trabalham no campo da saúde, inclusive médicos, enfermeiras, parteiras, auxiliares e agentes comunitários, conforme seja aplicável, assim como em praticantes tradicionais, conforme seja necessário, convenientemente treinados para trabalhar, social e tecnicamente, ao lado da equipe de saúde e para responder às necessidades expressas de saúde da comunidade. Observação A Declaração de Alma-Ata permitiu a criação de ações para diminuir a desigualdade social nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, colaborando para melhorias na qualidade de vida, de saúde e, consequentemente, para a paz mundial. A Declaração de Alma-Ata, ao reafirmar que a saúde é um direito de todos, permitiu que os seres humanos que lutam por esse direito possampraticar a cidadania, independentemente do grau de 18 Unidade I escolaridade, raça, sexo e idade. Assim, tudo o que foi proposto na 30ª Assembleia Mundial da Saúde foi descrito na Declaração de Alma-Ata, que foi discutida na Primeira Conferência Internacional de Cuidados Primários de Saúde. Lembrete A Declaração de Alma-Ata define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. A partir da iniciativa da Primeira Conferência Internacional de Cuidados Primários de Saúde, outras conferências começaram a ser realizadas com o intuito de se discutir sobre promoção da saúde em âmbito internacional. Em 1986, em Ottawa (Canadá), houve a Primeira Conferência sobre Promoção da Saúde. Pode-se dizer que essa conferência foi de extrema importância para a sociedade, uma vez que já demonstrava uma preocupação das organizadoras em relação à industrialização e ao impacto desta sobre o meio ambiente. Nessa conferência foi elaborado um documento chamado de Carta de Intenções, que tinha como objetivo contribuir para que se alcançasse a saúde para todos em 2000 e nos anos subsequentes. A Carta das Intenções de Ottawa definiu promoção da saúde como: “[...] processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e de saúde, sendo que deve ser motivada a participar no controle de todos os processos” (PRIMEIRA..., 1986). Além disso, para que a definição de saúde atinja os níveis de completo bem-estar físico, mental e social, é importante que a comunidade tenha aspirações, consiga satisfazer suas necessidades e seja capaz de modificar favoravelmente o meio ambiente. Contudo, essa carta demonstra que a saúde não pode ser considerada um objetivo de vida, mas sim um recurso para ela, enfatizando que a saúde depende dos recursos sociais e pessoais, bem como da parte física. Dessa forma, quando pensamos em promoção da saúde temos que extrapolar a ideia de trabalhar somente o setor de saúde, ou seja, para que o indivíduo seja saudável, ele precisa ter um estilo de vida saudável, um bem-estar que atinja todas as esferas da sua vida. Portanto, o que podemos compreender até o momento é que saúde e meio ambiente estão sempre conectados e que essa percepção já é antiga, desde a Primeira Conferência Internacional sobre Cuidados Primários em Saúde, mas se reforça com a Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. A Carta das Intenções de Ottawa não fornece somente as informações descritas. Ela descreve os pré-requisitos básicos para se ter saúde, como: paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade. Essa carta também defende a saúde como o maior recurso para o desenvolvimento social, pessoal e econômico, favorecendo o dimensionamento da qualidade de vida de uma determinada população. No entanto, enfatiza que diversos fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos podem prejudicar ou não a saúde da comunidade. Dessa forma, quando 19 SAÚDE AMBIENTAL uma política de saúde desenvolve ações que contribuem para a promoção da saúde, ela favorece a defesa do direito da saúde e permite que todos os fatores, citados anteriormente, sejam aproveitados positivamente pela população. Lembrete A Carta das Intenções de Ottawa (1986) definiu Promoção da Saúde como: “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e de saúde, sendo que essa deve ser motivada a participar no controle de todos esses processos”. Outro ponto importante a ser discutido sobre a Carta de Ottawa é a equidade, que se torna um dos focos da Promoção da Saúde, pois é fundamental para a saúde da população que exista a redução das diferenças. Isso inclui ambientes favoráveis para atendimento, acesso adequado das pessoas à informação e às experiências da vida e oportunidade de escolha por um estilo de vida mais saudável. Adicionalmente, é importante que as estratégias e programas sobre promoção da saúde sejam adaptados às necessidades da população-alvo, não esquecendo as diferenças sociais, culturais e econômicas. Segundo a Carta de Ottawa existem cinco conceitos básicos (pilares) que regem o significado das ações de promoção da saúde. São eles: Quadro 2 - Conceitos básicos para promoção de saúde de acordo com a Carta de Ottwa Conceitos básicos 1 Construção de políticas públicas saudáveis: os políticos devem ter a saúde como prioridade no governo. As medidas de promoção da saúde incluem legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças organizacionais. A Política de Promoção de Saúde não deve permitir obstáculos para políticas públicas saudáveis. 2 Criação de ambientes favoráveis: é importante que a população tenha uma visão socioecológica da saúde, encorajando a comunidade para cuidar dela mesma, do outro e do meio ambiente. A conservação do meio ambiente deve ser enfatizada e trabalhada como responsabilidade social, além de ser estratégia de promoção da saúde. Estimular mudanças no modo de vida, de trabalho e de lazer para que as pessoas sejam saudáveis. 3 Reforço da ação comunitária: é extremamente importante que a promoção da saúde trabalhe ações comunitárias para a melhoria das condições de vida. A participação popular na saúde deve ser encorajada. 4 Desenvolvimento de habilidades pessoais: deve existir um apoio ao desenvolvimento pessoal e social por meio da educação, incentivo de habilidades e informação, favorecendo maior controle sobre a saúde e sobre o meio ambiente. 5 Reorientação dos serviços de saúde: os serviços de saúde devem compartilhar os trabalhos de promoção da saúde entre comunidade, trabalhadores de saúde e instituições de saúde, privadas ou não. A atenção ao indivíduo deve ser global e integral. Assim, todas as pessoas constroem e vivem a saúde na sua rotina, onde aprendem, se divertem, trabalham, amam e participam. Portanto, cuidado, visão holística e ecologia são essenciais para desenvolver estratégias que regem a promoção da saúde, tendo como etapas essenciais o planejamento, a implementação e a avaliação das atividades. 20 Unidade I Lembrete A Carta de Ottawa descreve os pré-requisitos básicos para se ter saúde, como: paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade, complementando a ideia inicial da Declaração de Alma-Ata. A Carta de Ottawa foi crucial para inserir o meio ambiente como fator importante para a saúde. O quadro a seguir apresenta outras conferências de promoção da saúde: Quadro 3 - Principais conferências internacionais sobre promoção da saúde Conferência internacional sobre promoção da saúde Ano Cidade / País Tema I – 1986 Ottawa / Canadá Saúde para todos no ano 2000 II – 1988 Adelaide / Austrália Construindo políticas públicas saudáveis III – 1991 Sundsvall / Suécia Promoção da saúde e ambientes favoráveis à saúde Primeira conferência a assumir a existência de uma interdependência entre saúde e ambiente, enfatizando que o ambiente não é construído apenas por parâmetros físicos ou químicos, e também social, econômico, político e cultural. IV – 1997 Jacarta / Indonésia Promoção da saúde no século XXI V – 2000 Cidade do México / México Promoção da saúde: rumo à maior equidade VI – 2005 Bankok / Tailândia Promoção da saúde num mundo globalizado VI – 2009 Nairóbi / Quênia Chamada para ações VII – 2013 Helsinki / Finlândia Saúde em todas as políticas VIII – 2016 Shanghai / China Promovendo saúde, sustentabilidade e desenvolvimento Saiba mais Para ter acesso a todas as conferências internacionais sobre a Promoção da Saúde e aos principais documentos publicados (em inglês), acesse: WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO Global Health Promotion Conferences. Disponível em: https://www.who.int/healthpromotion/ conferences/en/. Acesso em: 22 maio 2020. No Brasil, as conferências nacionais de saúde começaram a ser realizadassomente no ano de 1941. Basicamente, as conferências serviam como espaços nacionais de saúde para avaliar avanços e retrocessos da saúde, a fim de propor diretrizes para a formulação das políticas de saúde. Foi proposto (mas, ao longo da história, nem sempre respeitado) que essas conferências aconteceriam a cada quatro 21 SAÚDE AMBIENTAL anos e que diversos setores da sociedade deveriam participar. Além disso, as conferências estaduais e municipais antecederiam as nacionais e ocorreriam em todo o país. Segue um levantamento histórico das conferências nacionais, para relacionar os acontecimentos internacionais com as mudanças na saúde no Brasil. A I Conferência Nacional aconteceu em 1941, durante o governo de Getúlio Vargas. Seu tema central foi “Situação Sanitária e Assistencial dos Estados”. A II Conferência aconteceu somente em 1950, desrespeitando completamente o que foi proposto em 1941 em relação ao intervalo de tempo em que essas conferências deveriam acontecer. Nessa Segunda Conferência, o tema central foi: “Legislação Referente à Higiene e Segurança do Trabalho”. Vamos refletir um pouco sobre esses acontecimentos. Em 1945 foi criada a OMS, mas sem nenhuma repercussão no Brasil, pois até 1950 as conferências nacionais estavam voltadas para uma assistência aos trabalhadores, principalmente para não prejudicar a economia do país. Em 1963, aconteceu a III Conferência Nacional que teve como tema: “Descentralização na Área da Saúde”. A discussão do tema propunha que todas as esferas de governo (federal, estadual e municipal) deveriam participar nos cuidados com a saúde por meio de condutas médico-sanitaristas. A IV Conferência Nacional aconteceu em 1967, ressaltando como tema: “Recursos Humanos para as Atividades em Saúde”. Em 1975, houve a V Conferência Nacional com tema: “Constituição do Sistema Nacional de Saúde e sua Institucionalização”. Nessa conferência foi proposta a elaboração de uma Política Nacional de Saúde com a Lei n. 6.229 de 17 de julho de 1975 que dispôs sobre a organização do Sistema Nacional de Saúde, essa lei foi revogada em 19 de setembro de 1990, com a publicação da Lei n. 8.080 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. A crise na saúde foi discutida na V Conferência, quando o governo manteve a sua intervenção política nas seguintes áreas: • Programa Materno-Infantil; • Programa Nacional de Imunização; • Programa Nacional de Alimentação e Nutrição; • Vigilância Epidemiológica. A VI Conferência Nacional, que aconteceu em 1977, teve como tema: “Controle de Grandes Endemias e Interiorização dos Serviços de Saúde”, favorecendo um nova organização do Sistema de Saúde no Brasil. Nessa época, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Simpas), composto pelos seguintes órgãos nacionais, dos quais alguns existem até os dias atuais: 22 Unidade I • Instituto Nacional de Previdência Social (INPS); • Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps); • Fundação da Legião Brasileira da Assistência (LAB); • Instituto Administrativo Financeiro da Previdência Social (Iapas); • Empresa de Processamento de Dados da Previdência (Dataprev); • Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (Funabem); • Central de Medicamentos (Ceme). Se recordarmos um pouco sobre as conferências internacionais, em 1978 aconteceu a I Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde em Alma-Ata, Cazaquistão. Nessa conferência foi criada a Declaração de Alma-Ata com diversas recomendações para melhorar a qualidade de saúde da população mundial, além de trazer o conceito de saúde e a reafirmação de que saúde é um direito humano fundamental. A Declaração de Alma-Ata teve repercussão no Brasil, pois nessa época houve apoio da OMS e da Opas na América Latina para que pudesse ser infundido em nosso país (e na América Latina como um todo) os conceitos de saúde e atenção primária e a utilização da medicina comunitária. Como o regime militar perdeu forças em 1974 e o Brasil começou a ser redemocratizado, em 1977 foi criada a Lei da Anistia, que teve como objetivo garantir o direito de o cidadão brasileiro (que saiu do país durante o regime militar condenado por crimes políticos, o chamado exílio) retornar ao Brasil. E, dessa forma, foi criado um clima de novas propostas com o intuito de reformular as políticas do país, principalmente as da saúde. Assim, surge o Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-Saúde), que tinha como objetivo integrar a saúde e a previdência social com as Secretarias Estaduais e Municipais. A década de 1970 foi marcada por movimentos populares que exigiam melhores condições de vida e não podemos nos esquecer da importância deles para o desenvolvimento de uma sociedade brasileira mais justa. A VII Conferência Nacional (de 1980) teve como tema: “Extensão das Ações de Saúde através de Serviços Básicos”. E, por conta da conferência, em 1983 se iniciaram as Ações Integradas de Saúde, favorecendo o repasse de verbas para os municípios, dando autonomia a eles para que cuidassem da sua população, considerando situações locais e culturais. Em 1985, Sarney propôs a convocação da Assembleia Nacional Constituinte composta por diversas entidades e movimentos sociais. Essa Assembleia estimulava a participação popular, tentava garantir os direitos e deveres da cidadania e discutia a proposta de uma nova Carta Constitucional. 23 SAÚDE AMBIENTAL Em 1986, aconteceu uma das conferências nacionais mais importantes para a história da saúde do Brasil, a VIII Conferência Nacional. O tema central foi “Saúde como um Direito: Reformulação do Sistema Nacional de Saúde e Financiamento Setorial”. Nessa conferência se enfatizou a importância da participação dos representantes dos movimentos sociais. Também foi discutida a Reforma Sanitária, ampliando o conceito de saúde que, segundo a Declaração de Alma-Ata, é um direito de todos e dever dos Estados; ainda, foi proposta a criação de um Sistema Único de Saúde (SUS). Claro que, se lembrarmos do que aconteceu no mundo nessa época, ficará mais fácil entendermos o motivo dessas discussões na VIII Conferência Nacional. Em 1986, aconteceu a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em Ottawa (Canadá), onde se discutiu mundialmente muitas das propostas apresentadas na VIII Conferência Nacional e que fundamentaram a criação do SUS, como a busca dos pré-requisitos básicos para se ter saúde (paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade). Em 1987, Ulysses Guimarães presidiu a elaboração da Nova Constituição Brasileira, com a inserção de emendas populares (reafirmando a participação social) a serem incorporadas na Carta Magna (Primeira Constituição Brasileira de 1824). Em 1988, a Constituição Federal foi promulgada e o SUS foi aprovado, incorporando diversas propostas do movimento social para um Reforma Sanitária. A IX Conferência Nacional teve como tema Municipalização é o Caminho. Essa conferência teve importância para incentivar a descentralização da saúde, bem como a municipalização e participação social no SUS. A X Conferência Nacional aconteceu em 1996 e teve como tema central: Construção de um Modelo de Atenção de Saúde; houve a criação da Norma de Operação Básica do SUS (NOB 96). No ano 2000, aconteceu a XI Conferência Nacional com tema: Efetivando o SUS: Acesso, Qualidade, Humanização na Atenção à Saúde com Controle Social. Essa conferência enfatizou que o SUS somente pode acontecer com controle social, pois quando a população participa, permite uma melhora da assistência. A XII Conferência Nacional aconteceu em 2003 e teve como tema central: Saúde um Direito de Todos e um Dever do Estado: a Saúde que Temos, o SUS que Queremos, reafirmando um direito à saúde. Em 2007, houve a XIII Conferência Nacional que tevecomo tema: Política de Estado e Desenvolvimento e, em 2012, houve a mais recente Conferência Nacional, com tema: Todos Usam o SUS, discutindo o SUS na seguridade social, na política pública e como patrimônio do povo brasileiro. Como observado a Carta de Ottawa, o Brasil teve grande avanço no setor da saúde, favorecendo a população brasileira com a criação do SUS, onde as suas competências e atribuições são mantidas na Lei Orgânica de Saúde, constituída por duas principais leis: Lei n. 8.080/90 e Lei n. 8.142/90. Estas visam descrever os princípios doutrinários (que expressam ideias filosóficas que permeiam a criação 24 Unidade I e implementação do SUS) e organizativos (que orientam o funcionamento do SUS para contemplar os princípios doutrinários). Descrevendo com mais detalhes, os princípios doutrinários incluem: universalidade, equidade e integralidade e os princípios organizativos incluem: descentralização, regionalização, hierarquização, participação e controle social. Dessa forma, o SUS é, ainda nos dias atuais, o Sistema de Saúde brasileiro que tem como objetivo garantir assistência a todos sem discriminação, voltada para a promoção da saúde, sempre com participação social. Saiba mais Para conhecer mais sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), recomendamos acessar para leitura: BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080.htm. Contudo, a nossa retrospectiva histórica ainda não terminou! Até o momento, descrevemos uma grande parte histórica do Brasil e como as modificações políticas tiveram influência sobre a saúde da população e sobre o meio ambiente. Também falamos um pouco sobre a importância das conferências internacionais e nacionais a respeito das modificações da saúde da população e o quanto elas foram essenciais para a criação do SUS, nosso Sistema de Saúde. Essa discussão levou à concepção de que meio ambiente e saúde andam juntos e que a promoção da saúde inclui o cuidado com o meio ambiente e a participação da sociedade. Assim, podemos dizer que os processos saúde-doença estão interligados e que o meio ambiente está envolvido com eles. Nesse capítulo você já aprendeu o que é saúde, mas te convidamos a refletir: o que é doença? Como acontece o processo saúde-doença? O meio ambiente está envolvido com esse processo? A educação popular é importante para esse processo? 3 PROCESSO SAÚDE‑DOENÇA E MEIO AMBIENTE O que é saúde? A definição mais aceita para saúde é aquela apresentada na Declaração de Alma-Ata: “[...] um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” (CONFERÊNCIA..., 1978), mas podemos dizer que essa definição não considera a formação do indivíduo que depende de fatores inter-relacionados, ou seja, exógenos ao ser humano e que o afetam consideravelmente. Portanto, compreender que o ser humano é formado não somente pela ausência de doenças, mas também por tudo o que está ao seu redor, permite que comecemos a entender o papel do meio ambiente nesse processo. 25 SAÚDE AMBIENTAL As teorias na área da ciência são especulações e hipóteses que explicam, ou tentam explicar, fatos observados, criando um raciocínio aceito pela comunidade científica, vale ressaltar que toda teoria cientifica é refutável. Muitos cientistas ou naturalistas (observadores), ao longo dos séculos, tentaram explicar a origem das doenças criando diferentes teorias. Se vivêssemos em uma época sem tecnologia, com acesso limitado aos lugares e com um conhecimento baseado na vivência, como explicar alguma doença que está acometendo a sua comunidade? Com tantas limitações, as pessoas acreditavam em uma teoria para origem das doenças que estava vinculada ao sobrenatural, ou seja, as doenças aconteciam mediante fatores que não podiam ser controlados pelo ser humano, denominada. Quando o homem passou a observar de forma mais aprofundada e a comparar as pessoas acometidas pela doença com as pessoas saudáveis, permitiu a criação de outra linha de raciocínio sobre a origem das doenças, ou seja, outra teoria. Nessa segunda teoria, denominada Teoria dos Miasmas, os homens acreditavam que os gases e odores vindos do solo ou do ar poderiam ser espalhados com o vento, atingindo o indivíduo que acabava por adoecer. A justificativa sobre o surgimento da doença pela Teoria dos Miasmas era interessante e convincente, definindo por muito tempo a origem das doenças. Contudo, com o avanço da ciência e dos estudos, aproximadamente em 1860, Louis Pasteur descobriu os agentes etiológicos (vírus e bactérias), fazendo com que a Teoria dos Miasmas acabasse por ser desconsiderada e fosse substituída pela Teoria da Unicausalidade. Contudo, essa teoria ainda foi incapaz de descrever todas as causas das doenças, pois, muitas vezes, estas não dependiam somente do agente etiológico. Quando os estudos epidemiológicos foram iniciados, puderam demonstraram que diversos fatores, incluindo o meio ambiente no qual o indivíduo está inserido, contribuem para seu adoecimento. Portanto, a teoria baseada nos estudos epidemiológicos é denominada Teoria da Multicausalidade, que engloba o agente etiológico e uma série de fatores: físicos, psíquicos, químicos, ambientais e sociais. 1º: Teoria Mística As doenças eram causadas por fenômenos sobrenaturais 4º: Teoria da Multicausalidade As doenças eram causadas pelo agente etiológico e uma série de outros fatores, como físicos, psíquicos, químicos, ambientais e sociais 2º: Teoria dos Miasma As doenças apareciam como uma consequência de gases ou odores provenientes do solo ou atmosfera 3º: Teoria da Unicausalidade As doenças eram causadas por um agente etiológico Figura 1 – Esquema das principais teorias que explicam o surgimento das doenças 26 Unidade I Dessa maneira, quando pensamos no processo saúde-doença, precisamos avaliar todas as variáveis envolvidas na saúde e na doença de um indivíduo e/ou de uma comunidade. Quando estudamos a evolução histórica da humanidade, conseguimos observar todas as mudanças ocorridas no mundo e associá-las ao surgimento de doenças, indicando que a transformação de uma sociedade é capaz de transformar a saúde e todos os problemas sanitários atrelados a ela. Com essa reflexão, podemos dizer que a saúde e a doença estão intimamente ligadas e dependem de fatores semelhantes, como agente e hospedeiro e meio (causa), que acompanham e podem ser modificados com a evolução da humanidade. O meio ambiente ao redor, estilo de vida, biologia humana e serviços de saúde prestados à comunidade criam um modelo conhecido como campo de saúde. Portanto, cada indivíduo possui o seu campo de saúde, que pode ser ou não saudável. A figura a seguir elucida o indivíduo envolto por todos os fatores que interferem no seu processo saúde-doença. Importante ressaltar que o estilo de vida não implica na forma como o indivíduo conduz sua vida, mas é um processo que depende de ascensão pessoal, social e cultural vinculado à realidade vivenciada por esse indivíduo. Além disso, devemos compreender que o meio ambiente não deve ser considerado somente o ecossistema ao redor ou tudo aquilo que é exógeno ao ser humano, mas também devemos considerar fatores intrínsecos a ele, como fatores genéticos e diversos outros aspectos, que influenciam, direta ou indiretamente, no processo saúde-doença. Portanto, caro aluno, quando dizemos meio ambiente, consideramos todas as coisas vivas e não vivas da Terra, que interferem no ecossistema e, consequentemente, na vida dos seres humanos. Trabalho; educação; Meio ambiente Homem Saneamento básico; Doença; ecossistema Dor; estresse Saúde; moradia; Figura 2 – Relação do indivíduo com o meio ambiente 27 SAÚDE AMBIENTAL Ao longoda história, o homem utilizou o meio ambiente para a evolução da comunidade, mas sem pensar nas gerações futuras. Essa possibilidade não era nem sequer questionada, pois se acreditava que os recursos naturais eram infinitos. Não era possível pensar em desenvolvimento de uma cidade ou um país sem que acontecesse apropriação dos recursos naturais, como desmatamento, extração de ouro e prata, desvio de encostas e rios, tudo para a construção das grandes metrópoles ou ferrovias e, consequentemente, para a evolução da sociedade. Ao longo da história, a criação de novas tecnologias permitiu o desenvolvimento da humanidade e também o aumento do consumo. Como este não está associado ao consumo consciente, o ser humano, ao utilizar matéria-prima sem pensar em sustentabilidade, contribui para que o meio ambiente sofra danos severos. Não é tão difícil pensarmos em um aumento de utilização de matéria-prima com consequências sobre o meio ambiente. Por exemplo, a criação de papel acaba por ser um modelo clássico da utilização de fonte de matéria-prima da natureza que, se não for controlada, pode prejudicar o ecossistema. Para fazer papel, ocorre uma grande derrubada de árvores, o que prejudica o ecossistema. Quanto ao processo de fabricação do papel, se a indústria não utilizar processos sustentáveis, pode contaminar o ar, o solo e a água. Assim, esse modelo de desenvolvimento humano favorece o avanço, mas prejudica indiretamente a saúde, que sofre interferência do meio ambiente. A figura a seguir demonstra um modelo de fabricação de papel não sustentável. Fábrica de produção de papel Destruição de árvores = diminuição de áreas verdes Contaminação ar, água e solo Produção de matéria-prima Contam inação Ar Água Solo Papel Interferência no ecossistema Figura 3 – Interferência da fabricação de matéria-prima sobre o ecossistema Conhecer o ciclo de vida do produto se torna extremamente necessário. Mas o que é ciclo de vida de um produto? Podemos dizer que a vida útil de qualquer produto, serviços e bens é denominada ciclo de vida. Esse ciclo pode impactar o meio ambiente e, consequentemente, tudo o que depende dele ou está ao seu redor. Portanto, avaliar o ciclo de vida de um produto permite avaliar os danos que ele causa ao meio ambiente a partir da quantificação das emissões, recursos que foram consumidos e impactos sobre a saúde humana e prejuízo ao meio ambiente. 28 Unidade I Re cu pe raç ão / Re cic lag em Matérias-primas Mudanças climáticas Eutrofização Pressão tóxica Uso do solo Materiais Energia Armazenamento no varejo Transporte Tra ns po rteTransporte Produção Us o Figura 4 – Esquema do ciclo de vida do produto Pensando dessa maneira, podemos inferir que quando pensamos no ciclo de vida de determinado produto, ele nos permite perceber o impacto sobre o uso dos recursos naturais, mas também sobre todo o processamento do produto, como: fabricação, distribuição, utilização, reutilização, reciclagem, recuperação energética e eliminação dos resíduos, considerando que este último deve ser produzido o mínimo possível, tendo como objetivo diminuir os impactos ambientais globais gerados pelo aumento do consumo. Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação Caro aluno, convidamos você a um exercício de reflexão: Monte um lista contendo duas colunas (A e B). Na coluna (A) você colocará Produtos com avaliação positiva e na coluna (B) você colocará Produtos com avaliação negativa. Escolha dez produtos do seu dia a dia e faça uma avaliação sobre o ciclo de vida deles, não se esquecendo de avaliar o uso do recurso natural, o processamento industrial e a destinação final. Após a sua avaliação, você colocará esses produtos na coluna A ou na coluna B. Conte quantos produtos você terá em cada uma delas. Ao final do exercício de reflexão, responda: Qual a sua conclusão? Produzimos e consumimos mais Ao final do exercício de reflexão, responda: Qual a sua conclusão? Produzimos e consumimos mais produtos com avaliação positiva ou negativa?produtos com avaliação positiva ou negativa? É preciso que as pessoas tenham o hábito de refletir diariamente sobre o consumo sustentável, pois a utilização indiscriminada dos recursos naturais afeta a capacidade de regeneração do meio ambiente. 29 SAÚDE AMBIENTAL Primeiramente, é necessário que as pessoas sejam capazes de reconhecer que o ambiente faz parte do ser humano (não é somente exógeno), muitos dos elementos dos quais somos constituídos têm como origem a natureza, portanto, exige-se que se tenha antes da ação, o conhecimento. Por que isso é importante? Porque, de acordo com o grau de relação do ser humano com o meio ambiente, o processo saúde-doença pode ou não ser afetado, indicando que somente compreender a relação de saúde e meio ambiente não é o suficiente, sem que exista o conhecimento de todas as variáveis e realidades envolvidas nesses processos. Profissionais bem preparados têm grande destaque na educação da população no que diz respeito ao processo saúde-doença e sua relação com o meio ambiente. Quando pensamos nos profissionais ou nos estudantes de graduação, muitos estudos demonstram que eles são capazes de conceituar adequadamente meio ambiente e saúde, bem com todas as variáveis que atuam sobre esses fatores. No entanto, o que mais preocupa os estudiosos é que esses profissionais podem não conseguir transpor o conhecimento para a prática profissional; contudo, um ponto positivo é que todos os estudantes percebem a real importância de se discutir essa temática durante graduação. Entretanto, a falta de interação das pessoas com o meio ambiente no processo saúde-doença não é o único fator que compromete o aprendizado da população. Não podemos descartar a importância da somatória de conhecimentos teóricos, práticos, metódicos e intervencionistas na criação de um adequado conceito acerca do meio ambiente e do processo saúde-doença, fugindo um pouco das ações mais comuns do setor da saúde, que visam, em sua maioria, à resolução de problemas, mas quando eles já estão instalados. Um exemplo disso é a discussão da questão sanitária básica que tem sido substituída por uma abordagem mais ambiental, que favorece a promoção da saúde e a conservação de todos os aspectos do meio ambiente. Assim, é essencial que as ações primordiais para a promoção e prevenção de riscos sejam tomadas antes que os efeitos deletérios – sobre o meio ambiente e a humanidade – possam surgir. Vale ressaltar que a legislação brasileira, com a Lei n. 11.445 de 5 de janeiro de 2007, estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, que no artigo 2º traz a universalização do acesso ao sistema básico de saneamento, Vale ressaltar que esta foi alterada posteriormente pela Lei n. 13.308 de 6 de julho de 2016 e a Lei n. 13.312 de 12 de julho de 2016. 4 EDUCAÇÃO POPULAR E SUSTENTABILIDADE Até o momento, pudemos perceber que a preocupação com a saúde é antiga, mas que o mesmo não aconteceu com as ações que visam às melhorias de vida e de saúde da população. Assim, por que ainda não atingimos a plenitude no que diz respeito à saúde e ao meio ambiente? Apesar da realização das Conferências Internacionais para a Promoção da Saúde, nos dias atuais ainda são necessárias diversas ações para a melhoria da saúde da população. Isso se deve ao fato de que as melhorias estão associadas não somente à inovação tecnológica, novos medicamentos e construção ou implantação de novos serviços, como novos hospitais, mas também a uma realidade política, cultural e social da comunidade. Quando as pessoas percebem que saúde depende do que está ao seu redor, é possível criar o conceito real de meio ambiente como tudo aquilo que faz parte do ser humano na sua 30 Unidade I totalidade. Em relação à saúde ambiental, é preciso pensar que a ação do outro influencia na saúde do sujeito e da comunidade em que ele está inserido. Por esse motivo, ações comunitárias voltadas à saúde são extremamente importantes para que osobjetivos de promoção da saúde sejam alcançados. A educação popular crítica é capaz de modificar o processo saúde-doença no que diz respeito à saúde ambiental. Esses aspectos são respaldados pela Carta de Ottawa (1986), que considera as causas ou fatores de risco mais relevantes aqueles relacionados com comportamentos humanos pessoais e coletivos, estilos de vida ou tipos de trabalho e, com certeza, com o meio-ambiente. Dessa forma, capacitar pessoas para que aprendam a lidar com as situações rotineiras, causadas por diversos aspectos extrínsecos ao ser humano, além da ausência de saúde, colabora para a superação desses desafios na educação. Paulo Freire (1921-1997) um estudioso brasileiro da área de Educação compreende que o aprendizado é um processo interativo horizontal entre professor/profissional (emissor) e aluno/comunidade (receptor) atuando com o meio ambiente. Tanto emissor quanto receptor possuem um conhecimento adquirido pela vida (bagagem de experiência) que não pode ser excluído, mas que (muitas vezes) precisa ser lapidado. Assim, o método dialógico os torna parceiros no que diz respeito aos acontecimentos reais da vida, transformando esses preceptores em participativos na construção do saber. Por que não aproveitar as experiências que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde [...]” (FREIRE, 2008, p. 30). Observação Para Paulo Freire, é necessário que o educador e o educando sejam portadores de pensamento crítico e que a relação educador-educando seja horizontal. Sistema horizontal de educação Troca de informações Conhecedor e receptor da informação Conhecedor e receptor da informação Educador Educando Figura 5 – Relação entre educador e educando e a relação horizontal, descrita por Paulo Freire 31 SAÚDE AMBIENTAL Transpondo o pensamento para a saúde ambiental, os agentes de saúde são “professores” e podem trabalhar de forma integrada com a comunidade, na figura de “aluno”. Essa interação visa à melhoria da condição de vida das pessoas que convivem em um determinado local e dependem dos serviços de saúde. Para essa abordagem, a forma de educação deve fornecer ao educando maior conhecimento do assunto, estimulando-o a trocar a passividade pela ação e a compartilhar esse conhecimento adquirido, a fim de melhorar a condição de vida das pessoas da comunidade. Assim, é importante que na educação popular voltada para a saúde exista uma interface que reúna os conhecimentos e práticas médicas com o pensar e fazer cotidiano da população, pois educação em saúde reflete na saúde da comunidade que, desse modo, atuará a favor do meio ambiente. A população cria um vínculo com os problemas de saúde, tornando-se participativa nos serviços de saúde e, assim, capaz de compreender que é parte importante do processo, formando uma corrente necessária para a justiça social. Uma das formas mais convictas de entendimento do direito de saúde é a educação baseada na problematização, defendida por Paulo Freire. Quando os indivíduos determinam o problema, são capazes de pensar coletivamente em soluções práticas que podem ajudar toda a comunidade. Para isso, é preciso que exista uma ponte entre o governo e a sociedade, permitindo que esses indivíduos sejam autônomos no que diz respeito ao entendimento do problema. Isso pode ser observado quando há uma forte educação popular em saúde, pois suas ações são capazes de criar e nortear as políticas públicas de saúde, direcionando-as para os princípios do SUS. Quando pensamos no modelo de gestão participativa, logo imaginamos algo desorganizado em que todos dão sua opinião e nenhuma ação é tomada de fato. No entanto, em se tratando da educação em saúde, os profissionais são engajados em ações sociais, o que torna possível uma reflexão crítica dos problemas com supostas soluções, diálogo e construção compartilhada do conhecimento, ou seja, é construída uma ponte entre o conhecimento popular e científico. Portanto, é pautada a importância da escuta, da fala e da compreensão de ambas as partes. No processo de educação em saúde, o raciocínio normativo, ou seja, alguém manda e outro executa, não se enquadra nesse processo e isso pode ser observado nas epidemias. No caso da dengue, por exemplo, o problema é sempre do vizinho que não tampa a caixa d’água. Portanto, quando temos uma atitude normativa não pensamos no coletivo. Dessa forma, é função dos serviços de governo fazer com que as pessoas acreditem que os problemas, principalmente de ordem pública de saúde, não podem ser tratados de forma individual, pois englobam, direta ou indiretamente, o coletivo. Contudo, o não pensar de maneira coletiva está muitas vezes relacionado ao não pertencimento ao meio ambiente tampouco a sociedade, ou seja, achar que as ações individuais não interferem no coletivo. Esse enfoque demonstra que o comportamento do indivíduo está atrelado às doenças modernas (crônico-degenerativas), à exposição a fatores de risco (fumo, estresse e dor, entre outros) e aos gastos com assistência médica. Contudo, considerando que muitas doenças são de ordem coletiva, pensar no individual demonstra que a medicina curativa fracassou no que diz respeito aos problemas comunitários. 32 Unidade I Para mudar esse perfil, a educação em saúde teve que se basear no modelo médico, que persuade as pessoas a modificarem seus hábitos de vida, adotando estilos de vida mais saudáveis. Esse modelo favoreceu a criação de diversos programas baseados nos problemas de clínica médica e de epidemiologia. Portanto, educar vai além do termo em si, depende do que entendemos por educação e o que esperamos dela. Por exemplo, se ao longo de sua vida o indivíduo recebeu o processo educativo de forma crítica, ou seja, foi capaz de raciocinar a respeito de diversos assuntos e problemas, ele se tornará um adulto crítico, participativo e criativo para enfrentar a vida e todas as suas circunstâncias. Logo, atribuir ao indivíduo desde a sua infância um tipo de educação que forma indivíduos críticos no futuro contribui para que as pessoas, independentemente da classe social, possam participar ativamente da comunidade, em todos os seus aspectos: político, social e de saúde. Esse processo de educação se enquadra perfeitamente quando pensamos no cuidado que devemos ter com o meio ambiente, por exemplo. Se uma criança aprende a conservar o meio ambiente, compreendendo o quanto este pode contribuir para nossa saúde, ela colabora para a manutenção e prevenção dos recursos para as gerações futuras. Considerar que o indivíduo possui um conhecimento básico sobre a vida é tão importante quanto a educação em si, uma vez que esse conhecimento é baseado em experiências de vida. Desse modo, o preparo de pessoas que possam instruir a população sobre como cuidar da saúde e do meio ambiente é importante para lapidar o conhecimento, colaborando para o sucesso na interação do educador (profissionais) e do educando (comunidade), com troca de experiências. No geral, para que o processo educativo aconteça é necessário que o educando (aquele que recebe a informação) e o educador (aquele que distribui a informação) estejam em sintonia e a comunicação é uma ferramenta importante para esse processo. Observação Comunicação é uma ferramenta importante para que aconteça um processo de educação popular para a saúde e meio ambiente com eficiência. A comunicação deve ser clara e concisa, ou seja, clara na capacidade de se expressar sobre um dado assunto ou tema e concisa ao ser clara com o menor número de palavras possíveis. A comunicação deve ir além da transmissão de conhecimento, ou seja, deve existir uma troca de experiências recíproca e horizontal. O modelo mais indicado é aquele capaz de agir sempre no coletivo, denominado de comunicação participativa. Esse modelo segue a ordem
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