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APS_Enrredamento Relacionamento Abusivo_01_04_21

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FACULDADE DE AMERICANA
PSICOLOGIA
Aarão Moratti – RA:20202438
Andréia Cassimiro Raimundo – RA: 20202514
Bianca Gabriela Ferreira – RA: 20201567
Diana Borges Pereira – RA: 20151717
Maria Eduarda Marcambali – RA: 20201876  
 
AMERICANA
2021 
FACULDADE DE AMERICANA
PSICOLOGIA
Aarão Moratti 
Andréia Cassimiro Raimundo 
Bianca Gabriela Ferreira
Diana Borges Pereira 
Maria Eduarda Marcambali 
 
REFLEXÕES SOBRE O ENREDO FEMININO EM RELACIONAMENTOS   ABUSIVOS
Trabalho da disciplina: Psicologia Comportamental II, sobre análise e discussão em grupo do artigo abordando o relacionamento abusivo.
 Professora: Thais Alexandra Yamachita
AMERICANA
2021  
INTRODUÇÃO
O artigo “Reflexões sobre o enredamento feminino em relacionamentos abusivos” de Viviane Rascovetzki Tesche e Amadeu Oliveira Weinmann, escrito em 2018, traz a reflexão da influência histórica e das teorias do psicanalista Sigmund Freud, que foram escritas sobre um olhar machista da época, que impõe a fêmea um papel de submissão em condição ao macho.
Os autores apresentam o caso de duas mulheres que passaram por processo terapêutico, e faz a analogia: “chamo a atenção para um importante dado sociodemográfico que elas têm em comum: o sexo; são fêmeas. Dados como idade, raça, religião, estado civil, contexto social e situação financeira de Maria e Adriana são bastante diferentes “.  
O fato de serem fêmeas as colocaram em uma posição de igual, não apenas entre elas, mas, com inúmeras mulheres que vivem como elas, em um papel de anulação da sua subjetividade, submissas, e a de serem vítimas de um relacionamento abusivo e/ou violento.
Há diversos estudos sobre a condição da mulher que vive em relacionamentos abusivos ou violentos, e o que a leva  permanecer neles. Entre vários fatores destaca-se o contexto histórico-cultural, ao considerar a diferença imposta entre o homem e a mulher. Essa diferença é visível através da desigualdade, seja ela no âmbito do trabalho, no lar, na sociedade em geral e será abordado a temática do papel da mulher imposta pela sociedade ao longo da história, e como isso impacta na vida pessoal, social e emocional até os dias atuais, sendo a condição que lhe foi imposta um dos fatores de se submeterem a relacionamentos abusivos.
o profissional, pessoal ou familiar, onde foi dito que cabe apenas à mulher o papel de “dona de casa”. A mulher traz o estigma de que é seu dever servir, e nessa condição que muitas se deparam como reféns de relacionamentos abusivos, levando consigo a culpa de ser a única responsável pela situação, sentindo-se vulnerável quanto ao sexo oposto. 
Com esse estigma que a mulher vem lutando ao longo dos anos. O artigo traz o reflexo de como a psicanálise corroborou com esse contexto, fortalecendo as diferenças entre o homem e a mulher, e como se foi tratado o assunto de suas pulsões e o jugo sobre elas.  
NÃO SE NASCE MULHER, TORNA-SE MULHER
A frase que ficou conhecida como a célebre expressão de Simone de Beauvoir que diz “não se nasce mulher, torna-se mulher” indica e relata toda a situação de opressão que a mulher sofre desde sua existência. A mulher passou por um processo de transformação ao longo da história humana, ela transformou-se e veio a ser mulher e não simplesmente nasceu mulher. Para compreender esta afirmação é necessário olhar para o retrovisor da história, a qual mostra que a mulher sempre foi um ser que esteve a serviço do homem e da sociedade, e sua subjetividade não era algo real ou que fosse importante. Para isso vamos detalhar três principais ondas, onde houve desde a antiguidade preconceitos, opressões, estigmas que marcaram a existência do ser chamado mulher e as conquistas decorrentes de cada movimento.
Conforme descreve o em seu livro Del Priore: “Por um longo tempo, o órgão genital feminino foi pouco estudado e era considerado como uma versão interna e misteriosa do órgão genital masculino. Acredita-se que o órgão sexual da mulher, a “vagina”, tinha a capacidade de atrair os homens não só para reprodução, mas também para seus deleites, pois, diferentemente das fêmeas de outras espécies, as mulheres não saciavam facilmente após o coito necessário à reprodução, colocando os homens em contato direto como pecado (DEL PRIORE, 2011). Ainda sobre o mesmo ponto descrito neste artigo diante disto, “entre os séculos XII a XVIII a igreja identificava, nas mulheres, uma das formas do mal sobre a terra. Quer na filosofia, quer na moral ou na ética do período, a mulher era considerada um ninho de pecados” (p 35) Herdeiras de Eva. Pois bem, temos um livro que atravessa a história e contribui muito com a descrição deste tipo de tratamento que era praticado em tempos remotos, apesar de que a Bíblia ser um livro de fé, sua autenticidade como livro histórico é confirmada pela própria história.
A partir deste ponto de vista Del Priori, (2011) “a mulher era tida como uma maldição sobre a terra em função de Eva ter pecado primeiro e influenciado seu marido Adão a cometer o mesmo erro”.
Após este evento, Deus disse que a mulher seria odiada pela serpente e que a mulher daria à luz com dores, conforme a Bíblia relata em Gênesis (3:14-15). Apesar de ser um dito que muitos consideram como folclore, é o que de fato vem ocorrendo com a mulher e que por influência espiritual ou não, ela foi colocada num plano de inferioridade. Vamos citar outro exemplo simples que retrata como a mulher era tratada entre os judeus, e que sequer seus nomes constam nas genealogias descritas desde o Livro do Gênesis até o Novo Testamento, constam somente os nomes dos homens. Conforme Del Priore, (2011) a igreja via a mulher como um ser reprodutor, e que era um instrumento exclusivo de satisfação do homem. Mas esta visão da igreja é equivocada, pois, Jesus quebrou este conceito de inferioridade quando em uma conversa com uma mulher samaritana a valorizou, concedendo que ela falasse olhando diretamente para ele e se dirigindo sem ser autorizada, ainda assim não é discriminada por Jesus e Jesus fala naturalmente com essa mulher, esta passagem está descrita no Evangelho segundo João no capítulo 4.  Num último exemplo bíblico descrito no mesmo Evangelho de João no capítulo 8, um grupo de homens, traz até Jesus uma mulher que foi apanhada num ato de prostituição “Maria Madalena” e conforme a lei de Moisés determinava que ela deveria ser apedrejada, contudo pela própria lei de Moises, na verdade, tanto o homem como a mulher deveriam ser apedrejados. Isto é indicado em Levítico (20:10); “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera. Neste evento os homens que trouxeram a mulher a Jesus, já cometeram um erro, pois deixaram o homem isento deste castigo. Jesus mostrando porém sua sabedoria, íntima compaixão e grandioso amor, disse aos que a trouxeram: “E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. João (8:7).
Com esse ato Jesus faz com que todos se examinem e entendam que todos podem errar, e que o gênero masculino ou feminino não traz diferença para o juízo de Deus. Ambos temos o mesmo valor e cada um tem sua contribuição para que possamos viver em uma sociedade de respeito independentemente de ser mulher ou homem.
Após a revolução francesa que daria origem a primeira onda feminista no final do século XVIII trouxe em pauta a principal questão de que a mulher não servia apenas para reprodução, sem direito a ter prazer, e que o amor romântico seria algo possível, além da luta contra a desigualdade jurídica e a liberdade, e dos direitos políticos.
As mulheres eram criadas para se casarem, ser boas donas de casa e gerarem filhos e que tinha no casamento a possibilidade de ter seus desejos e sonhos de felicidade possível, mas essa expectativa também não se mostrou eficaz. Já a segunda onda do movimento feminismo ampliou o debate para uma gama de questões que antes eram tidas como tabus, tais como: família, mercado detrabalho, direitos reprodutivos, sexualidade e desigualdades legais. Nessa época as mulheres alcançaram grandes conquistas profissionais, até em meios militares, bem como nos meios de comunicação e nos esportes. Mas o ponto principal de conquista com o ativismo da segunda onda feminista centrava-se na violência doméstica e problemas de estupro conjugal, ademais da luta pela criação de abrigos para mulheres que sofriam maltrato e reivindicavam mudanças nas leis em relação ao divórcio e custódia.
A segunda onda constitui então no grande clímax para abertura e discussão sobre a problemática da questão dos relacionamentos abusivos que perduram até hoje. Voltando-nos para um contexto sócio-histórico baseado em Souza, (2011) afirma que: “Pensar sobre os motivos que fazem com que uma mulher submeta-se a uma relação abusiva é também percorrer os caminhos de sua escolha rumo à feminilidade".
São esses motivos que se comprovam que desde as remotas datas da história da humanidade que a mulher tem sua subjetividade diminuída pelo homem, fato que se demonstra em vários relatos de relacionamentos abusivos. No artigo “Reflexões sobre enredamento feminino em relacionamentos abusivos``, são mencionados vários depoimentos de mulheres que buscam ajuda psicológica e expõem que são maltratadas desde o início de seus relacionamentos e que esse tratamento só piora com o passar do tempo. Elas mencionam que sonham com a mudança de seus parceiros e que estão ali para servir, mas que estão infelizes e que não conseguem sair deste tipo de relacionamento.
As teorias freudianas, já foram fortemente criticadas por feministas. Neste artigo fica também evidente que a concepção sobre o próprio Freud por ser homem é que ele tinha visões machistas, bem como as literaturas produzidas na época.
Isto é indicando sobre questões de funções vitais maternas necessárias para a sobrevivência do bebê. Logo na sequência do desenvolvimento da criança a angústia da castração faz com que o menino saia do complexo de Édipo, mas a menina por inveja do pênis entra no complexo de Édipo e na castração. O ponto de crítica consiste que isso é escrito a partir da visão de um homem, e não sobre a visão de uma mulher, ainda que os conceitos de pulsões sexuais sejam amplamente aceitas como teoria terapêutica da psicanálise.
Poderia classificar aqui como uma possível “terceira onda”, apesar de todas as conquistas já alcançadas, o fato de que as mulheres ainda não ocupam cargos políticos, possuem menores salários, posições de diretoria etc.
Apesar de todas as conquistas e a contínua busca por igualdade, nota-se que as mulheres buscam no relacionamento a felicidade e complemento de sua existência como busca de amor, proteção e amparo. Apesar de relacionamentos abusivos a mulher aceita ainda os maus tratos por diversas razões, como submissão, necessidade de manter um aparente sucesso no casamento, disposição de priorizar os filhos etc.
O artigo “O homem cansado: Uma breve leitura das masculinidades hegemônicas e decadência patriarcal”, relata que o homem está cansado de ser macho, pois isso é praticamente imposto pela sociedade e pressões que são forjadas desde o seu nascimento, o homem nasceu para ser macho. Esta influência pode provocar um desequilíbrio nos relacionamentos íntimos com suas parceiras, fazendo com que o homem assuma papel agressivo e insensível. Uma vez que o homem foi criado para ser macho, não pode de maneira nenhuma mostrar-se frágil, expor sentimento, chorar ou mesmo tratar bem as mulheres, pois, isso se constituiria em sinais de fraqueza e fragilidade. Repensar o que é educar, como educar e para que educar, pode quebrar o conceito hegemônico introduzido desde a infância no homem que é até então, criado para ser macho. Essa abordagem pode promover diálogos buscando maior simetria entre meninos e meninas, eliminando assim a cultura do ódio, homofobia etc.
Comportamentos, falas e posicionamentos dos adultos devem ser observados, a fim de que nem os meninos e nem as meninas sintam-se inferiores e incapazes. Uma educação saudável não pode ser prejudicada, a fim de evitar no futuro preconceitos e incentivos à violência.
A agressividade não deve ser estimulada com a falsa ideia de não transmitir fraqueza. Butler, (2015) afirma que a masculinidade hegemônica que se torna percebida quando as performances de gênero passam a gerar conflitos na existência do homem.
Meninos não devem sentir-se inferiorizados por não serem sempre o número um, e da mesma forma as meninas não devem ser estimuladas a serem superiores aos meninos quando executam alguma tarefa com maior rapidez e perfeição.
Por último, o artigo aponta quais são os fatores determinantes relacionamentos agressivo-abusivos e quais são as dificuldades de as mulheres denunciarem seus agressores, assim “O estigma da violência sofrida por mulheres na relação com seus parceiros íntimos” deve ser não só compreendido, mas exposto para que as mudanças possam ser efetivadas.
A violência perpetrada contra as mulheres é um fenômeno encontrado em todo mundo.
Conforme Elizabeth Badinter, (2005) os dados de violência doméstica contra mulheres indica que uma em cada cinco mulheres na Europa é vítima de violência, já especificamente na França seis mulheres morrem a cada mês em decorrência desta violência conjugal, na Espanha uma mulher é morta quase a cada semana pelo marido ou companheiro. Apesar dos números europeus serem altos e absurdos se comparados ao Brasil, por exemplo, estes números são muito baixos, pois, no Brasil uma mulher é espancada a cada quinze segundos. As estáticas são alarmantes, pois, a cada ano o número de mortes está aumentando.
A violência de gênero se dá entre homem e mulher, baseado em uma estrutura de poder e de posse, inerente ao poder patriarcal, desta forma exercida majoritariamente pelos homens. Para Teles e Melo, (2003) a concepção de violência de gênero deve ser entendida como uma relação de poder, em especial, de dominação dos homens e de submissão das mulheres.
O maior número de violência perpetrada contra a mulher ocorre num ambiente familiar, provocado por um marido, companheiro, amante ou namorado que causa danos físicos e psíquicos.
A violência sexual é a que as mulheres têm maior dificuldade de denunciar, em função do preconceito e pela vergonha de expor sua intimidade. Esta violência pode ser entendida como estupro ou até ato sexual indesejável pela mulher.
O QUE DIZ A PSICANÁLISE FREUDIANA SOBRE A CONSTITUIÇÃO DAS MULHERES 
Um dos trabalhos a ser analisado, sobre a teoria freudiana, é que ele analisa as mulheres do ponto de vista masculina visto que ele é um homem. Por tanto sua análise não teria como escapar da sua expectativa masculina. Embora haja resíduos das análises antigas, a época era outra e homens e mulheres de hoje não são os mesmos daquela época.
Segundo sua teoria, o cuidado da mãe com os seus filhos estabelece relação de afeto, carinho, linguagem entre mãe e filho, e as representações afetivas de prazeres físicos, completa satisfação de suas necessidades em todos os aspectos. A criança, portanto, não necessita de ninguém para satisfazê-la, apenas da mãe.
Freud afirmou que nos primeiros anos a criança desconhece a diferença entre os sexos genitais. Para explicar a saída dos meninos do complexo de édipo, Freud levanta a teoria de que os meninos acreditam que todas as crianças possuem um pênis, porém como castigo por desejam as mães, as crianças perdem seus pênis. Então os meninos bloqueiam os desejos de suas mães, com medo de perderem seus pênis e se tornarem meninas.
As meninas por outro lado conhecem a superioridade do órgão masculino, em sua aparência, consideram-se inferiores, já por possuírem órgão pequeno e sem atrativo. Ou seja, consideram-se um órgão masculino mutilado. Claro que sobre essas considerações devemos levar em consideração a época vivida por Freud.
Nesse, portanto o homem seria um ser completo, já a mulher em seu mutilado completo. Para Friedan, (1971) a castração é inveja, com base nas teorias freudiana apoiam-se nesses princípios deque a mulher é biologicamente inferior ao homem (pensamentos da autora).
Friedan, (2019) aborda questões como valorização excessiva da variedade e que Freud vê o assunto do ponto de vista masculino, por isso esses pensamentos de que a mulher se sinta um homem mutilado, fato que não reflete a realidade nem o pensamento feminino.
Algumas autoras constataram Freud como: Noemi M. Kon partindo do suposto que as meninas também questionam a ausência da vagina nos meninos.
Kehl (2008) aponta a descriminação de Freud em seus textos.
Narvaz (2010) aponta para conteúdo misóginos em seus textos.
Vamos voltar a Freud que aponta a inveja das mulheres que compara o pênis, ao clitóris reconhece nele a sua inferioridade.
Nesse pensamento ele concluiu dizendo ser esse motivo dos ciúmes, e também do mau relacionamento com suas mães por acreditarem que as mães também são incompletas e geraram os meninos incompletos.
Freud propõe que a mulher precise abrir mão de sua sexualidade vitoriana e se concentrar apenas em prazer vaginal, por afirmar que o clitóris não passa de um infantil e masculinizado e o prazer vaginal é adulto e feminino.
Teoria essa que em 1960 depois de Freud, na segunda onda do feminismo. (Dimem) desbancando o mito do prazer vaginal, trazendo de volta o prazer do clitóris.
Na época de Freud o prazer da mulher era secundário e desmerecido, ou apenas reprodutivo e voltado para dar prazer ao homem, assim tinha que ser a prática do sexo. Isso torna a ideia de que a mulher deveria ser controlada e suas manifestações sexuais reprimidas segundo Freud. Partindo desse princípio, havia três linhas de desenvolvimento possíveis, a inibição sexual, o complexo de masculinidade e a feminilidade normal.
1-	Inibição sexual: após conhecer o prazer clitoriano é ter que abandoná-lo, a menina renuncia a toda sua sexualidade e a masturbação clitoriana que lhe dava prazer.
2-	Complexo de masculinidade: a menina, se recusa a abrir mão do prazer, atrás do clitóris, mantém a fantasia de que um dia poderá ter um pênis. Essa fantasia pode resultar em uma escolha homossexual no futuro
3-	Feminilidade normal: teria a tese defendida por Freud e só essa representa a verdadeira atitude feminina. Essa abandona seu órgão erótico e seus prazeres, diferente da primeira possibilidade ela volta-se ao seu pai e desenvolve os impulsos instituais passivos.
Embora Freud tenha traçado três caminhos diferentes possíveis para o confronto das mulheres com sua castração, a mulher deveria encontrar na maturidade e na função familiar sua verdadeira vocação libidinal.
Segundo a autora, Freud manteve o estatuto da mulher estabelecido no século 17, que estabelece mulheres como mães frágeis e totalmente dependentes da figura masculina. Del Priore, (2011) também pensa assim, pois a psicanálise acaba por justificar os papéis prescritos pela sociedade para as mulheres.
O MASOQUISMO É VERDADEIRAMENTE FEMINIMO?
Após essas observações históricas do lugar designado para as mulheres nos últimos séculos, tanto na nossa história, quanto na teoria Freudiana, é notável que ela sempre aparece numa figura de inferioridade em relação ao homem, ou dependente deste. E como o artigo cita, Freud escreveu sobre um masoquismo que ele dizia ser essencialmente feminino.
Em uma de suas obras (o problema econômico do masoquismo), Freud diz que existe três tipos de masoquismo: o erógeno (ou primária), que é apresentado como condição imposta à excitação sexual; o moral, que se apresenta como norma do comportamento, ou seja, o super eu acusa o eu e o pune por não ser a imagem e semelhança do ideal; e o feminino, que se apresenta como da natureza feminina, e que, com esse termo, gerou muitos debates entre outros psicanalistas. Freud escreve que esse desejo de ser maltratado corresponde ao desejo “de ser tratado como uma criança pequena e desamparada, mas particularmente como uma criança travessa” (p. 182). Logo depois, é mencionado que estas fantasias colocam o indivíduo numa situação caracteristicamente feminina” (p. 182).
Nisso, o artigo deixa uma pergunta para nós leitores, o que seria essa “natureza feminina?” E o que seria essa “situação caracteristicamente feminina”?
E ele mesmo nos diz que esse “feminino”, nas obras de Freud, não quer dizer necessariamente que seja as mulheres. Uma psicanalista explica que masculino e feminino para ele, podem ter três significados, respectivamente: atividade e passividade; atributos biológicos produtores de espermatozoides ou óvulos; e conceitos sociológicos baseados na forma que se espera que homens e mulheres se comportem. Com isso, a situação feminina se equivale a uma condição de passividade pulsional que tanto o homem quanto a mulher podem fazer parte. Mas também, com isso, não estão querendo dizer que o masoquismo na mulher seja normal, mas sim que é o modo como certos homens, em seu fantasma, representam a posição feminina e se identificam com ela.
Após esta breve explicação, no artigo é questionado o porquê do nome “masoquismo feminino”, já que nesse tipo de masoquismo o indivíduo quer ser punido como uma criança. E é afirmado que, para Freud, a mulher é comparada a uma criança tanto por sua inferioridade nos órgãos genitais, quanto pela condição de culpadas e punidas pela sua sexualidade proibida.
Como já visto, essa passividade é delegada às mulheres desde muito tempo, e tudo que Freud fez foi teorizar psicanaliticamente sobre isso, de forma a deixá-la mais natural. Mas então, como ficam aquelas que não se encontram nessa posição e são taxadas como “masculinizadas” ou histéricas? Que segundo o artigo, mulheres que têm características de rebeldes, excessivas, perigosas e desreguladas, iriam negar essa posição passiva que lhe são impostas, na tentativa de preservar sua potência, protesto viril contra o jugo da submissão.
Como é percebido, Freud estava inserido em uma cultura que acreditava que nessa “essência feminina submissa, servil, passiva e masoquista, voltada para a renúncia pulsional em nome do desejo do outro e para a maternidade (...)” (NARVAZ, 2010, p. 52). Essa autora diz que essa sexualidade feminina em que o masoquismo seria inserido, visava à reprodução, e tudo que não se encaixasse nisso seria uma anomalia do sexo, ou seja, perversão (“aquele que subvertia a ordem natural da reprodução em nome do prazer” (p. 52)). Nisso, quando essa forma de submissão acontecia nos homens era considerado a essência da feminilidade, já que no instinto sexual das mulheres aparecia o instinto materno, que fazia com que a relação com o marido fosse de submeter-se, e pela natural capacidade das mulheres de suportar dores e sofrimentos atestada pela gestação e pelo parto” (p. 53). Com isso, o artigo termina esse tópico dizendo que o casamento é visto como um sofrimento que a mulher se submete para atingir a satisfação do seu instinto materno.  
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A violência contra mulher como claramente exposto ao longo da história não é uma questão que se pode resolver com brevidade. É fato que muitas conquistas e mudanças foram alcançadas ao longo dos séculos, mas é um problema longe de estar próximo da sua extinção. Vemos que os passos são lentos, e que as conquistas foram determinadas por muita luta e perseverança principalmente de mulheres como, por exemplo, Simone de Beauvoir, Betty Friedan entre tantas, que se dispuseram a batalhar contra um regime patriarcal que subjugam e abusam da força para impor uma predominância desleal, baseada na relação de posse e de poder, fazendo com que a mulher fosse colocada em uma posição de submissão à dominação dos homens. Esta dominação é embutida na formação da criança, que é condicionada a exercer violência e não demonstrar fraqueza para garantir sua posição hegemônica em relação à mulher. Contudo se observarmos os ensinamentos simples, mas profundos deixados como exemplo de tratamento e respeito às mulheres e praticados por Jesus Cristo, a violência contra as mulheres não seria algo que observaríamos com tanta frequência.
        	Minha percepção é favorável aos artigos utilizados e percebe-sebem a conexão entre eles, o histórico construto da mulher, a criação e valores de infância e cansaço hegemônico do homem e as consequências desastrosas que observamos no complexo tema da relação de relacionamentos.
REFERÊNCIAS
DEL PRIORE, Mary. Viagem pelo imaginário do interior feminino. Rev. bras. Hist., São Paulo, v. 19, n. 37, p. 179-194, Sept.  1999. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010201881999000100009&lng=en&nrm=iso>.access on 14, 2020.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01881999000100009.
 A BÍBLIA. Jesus e a mulher adúltera. João 8: 1 a 11. João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil – Barueri – SP. 1969. Velho Testamento e Novo Testamento.
A BÍBLIA. Jesus e a mulher samaritana. João 4: 1 a 42. João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil – Barueri – SP. 1969. Velho Testamento e Novo Testamento.
A BÍBLIA. Lei do adultério. Levíticos 20: 1 a 42. João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil – Barueri – SP. 1969. Velho Testamento e Novo Testamento.
MOREIRA, V., BORIS, G. d. J., VENÂNCIO, N. “O estigma da violência sofrida por mulheres na relação com seus parceiros íntimos”. Psicologia & Sociedade; 23 (2): 398-406, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/psoc/v23n2/a21v23n2.pdf.
ROSOSTOLATO, Breno., “O Homem Cansado: Uma Breve Leitura Das Masculinidades Hegemônicas E A Decadência Patriarcal”. Revista Brasileira de Sexualidade Humana 2018. Disponível em:  https://doi.org/10.35919/rbsh.v29i1.42.
TESCHE, Viviane Rascovetzki., WEINMANN, Amadeu Oliveira. Reflexões sobre o enredamento feminino em relacionamentos abusivos. Caderno Espaço Feminino | Uberlândia, MG  |  v.31  |  n.1  |  seer.ufu.br/index.php/neguem  |  jan./jun. 2018.  Disponível em: http://dx.doi.org/10.14393/CEF-v31n1-2018-11.
FREUD, Sigmund. O problema econômico do masoquismo (1924). In: Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1969.
NARVAZ, Martha. Masoquismo feminino e violência doméstica: reflexões para a clínica e para o ensino de psicologia. Psicologia: Ensino e Formação, Brasília, v. 1, n. 2, p. 47-59, 2010.
 
 
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