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ANALISE CRIMINAL
MÓDULO 1 - POR QUE FAZER ANÁLISE CRIMINAL?
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO
Neste módulo, você estudará a importância da análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento e a sua contribuição para a gestão das ações de segurança pública.
OBJETIVOS DO MÓDordinal
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
· Definir análise criminal e identificar as contribuições para a gestão da segurança pública;
· Compreender os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do foco nas ações de análise criminal; e
· Classificar a produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as vertentes utilizadas.
ESTRUTURA DO MÓDULO
Este módulo e formado por 5 aulas:
· Aula 1 – A análise criminal e seu campo de aplicação.
· Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento.
· Aula 3 – Análise criminal X alocação de recursos.
· Aula 4 – Focalização das ações da análise criminal.
· Aula 5 – Vertentes básicas.
AULA 1 –A ANÁLISE CRIMINAL E SEU CAMPO DE APLICAÇÃO
1.1. DIMENSÕES DO CAMPO DE APLICAÇÃO
O campo de aplicação da análise criminal pode ser descrito a partir de duas dimensões principais:
· Orientar os gestores quanto ao planejamento, execução e redirecionamento das ações do sistema de segurança pública, contribuindo para a melhoria na distribuição dos recursos materiais e humanos; e
· Dar conhecimento à população e a outros órgãos governamentais e não-governamentais quanto à situação da segurança pública, auxiliando suas participações efetivas na gestão e execução das ações.
1.2 DEFINIÇÃO
A definição de análise criminal abrange muito mais que um simples traçado de gráficos, tabelas e mapas. Constitui-se no uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles tirar CONCLUSÕES.
A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos, por meio dos quais tratam as informações para tentar conhecer as causas que determinam o fenômeno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais influências cabem a cada uma dessas causas.
AULA 2 – A ANÁLISE CRIMINAL FRENTE À NOVA PERSPECTIVA DE POLICIAMENTO
O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de repensar a forma como a segurança pública é feita. Os profissionais dessa área devem se questionar sobre os resultados esperados de sua atividade profissional, assim como sobre a forma de agir para cumprirem essa expectativa: como fazer mais com menos recursos?
Para responder a questão levantada no slide anterior – como fazer mais com menos recursos? – é preciso passar da reação para a ação. Ao invés de apenas reagir diante de uma cadeia de incidentes, a principal estratégia para quebrar esse ciclo é a execução de ações preventivas para a criação de ambientes seguros.
Essa é a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de pensar policiamento. A atitude mais comum é o pronto atendimento à vítima, mas dessa forma, o alcance de resultados depende somente do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas.
2.1 NOVA PERSPECTIVA
A nova perspectiva de policiamento requer que:
· A polícia examine de modo detalhado cada um dos problemas a serem abordados, identifica do suas causas;
· Leve em consideração um conjunto bastante amplo de opções para intervir sobre essas causas; e
· Escolha a opção a ser utilizada com base em uma relação de custo e benefício, pautada no alcance de resultados.
Observa-se uma mudança na lógica de gestão, pois o objetivo prioritário deixa de ser apenas a solução dos crimes que já ocorreram e passa a ser a manutenção de um ambiente social onde não ocorra nenhum crime, as pessoas possam andar nas ruas tranquilamente e a sensação de segurança seja compartilhada por todos e todas, independentemente de suas características culturais, econômicas e naturais.
2.2 O TRABALHO DO ANALISTA CRIMINAL
Atualmente, o trabalho do analista criminal está limitado à tabulação dos registros sobre os crimes. Em poucas situações, observa-se a análise dos padrões de vitimização, tendo como foco principal a identificação do perfil de quem deve ser preso e, em situações escassas, essa análise busca identificar fatores urbanos e populacionais associados aos padrões de incidência criminal
Essa situação fica ainda mais precária quando se questiona o uso das conclusões dessas análises na gestão das ações e políticas de segurança pública. Os processos de tomada de decisão baseados na rotina e na autoridade, marcados pela indiferença quanto aos resultados a serem alcançados em perspectiva sistêmica, ainda prevalecem.
Uma das explicações para essa situação é a grande falta de analistas criminais bem treinados e compromissados com sua atividade.
O bom analista criminal não espera uma demanda de informação para iniciar seu trabalho. Espontaneamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar problemas que devem ser resolvidos, avalia as principais causas do problema para identificar as respostas com o maior potencial de efetividade e traça um projeto de execução que sempre parte da diretriz que é preciso aprender com os resultados alcançados, quer sejam positivos ou negativos.
Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal é a existência, entre esses profissionais, de uma concepção modesta sobre a importância do seu trabalho, visto sempre como um trabalho de bastidores. É preciso repensar essa concepção.
O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos de segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim como sobre a forma de resolver o problema.
Mais que uma fonte de informações, o analista criminal deve assumir o papel de conselheiro. Mais que um técnico especialista em análise de dados, o analista criminal deve agir como um pesquisador que visa trazer as melhores contribuições possíveis da ciência para o aperfeiçoamento do trabalho policial.
No quadro funcional dos órgãos de segurança pública, o analista criminal é a pessoa com maior conhecimento sobre o processo de produção e coleta de informações, a análise de dados e sobre a avaliação de resultados. Além disso, é a pessoa com maior capacidade de encontrar fontes alternativas de dados e relatórios que podem ser utilizados para dar sustentação e aperfeiçoar as análises a serem empreendidas e as conclusões a serem alcançadas.
A importância do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a efetividade das estratégias de ação policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003.
Veja na Fgura 1 um quadro de avaliação de resultados de diferentes estratégias de policiamento. As estratégias selecionadas pela pesquisa foram distribuídas considerando dois eixos principais: a focalização do objeto alvo da ação (eixo horizontal) e a ampliação do conjunto de estratégias de policiamento utilizadas (eixo vertical).
A partir da Figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforço da lei foi trocada por uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximação da polícia com a comunidade, além da realização de ações sociais.
Observe que, no contexto da estratégia tradicional, a focalização é baixa e a estratégia envolve apenas o reforço da lei (perspectiva jurídica).
A pesquisa conclui que não existem evidências empíricas de um resultado efetivo das ações em relação à redução da incidência criminal. Por outro lado, no policiamento orientado para o problema (Clarke & Eck, 2007), marcado pela focalização da ação e pelo uso de um conjunto diversificado de estratégias orientadas para a solução dos problemas abordados, a pesquisa identificou fortes evidências empíricas de um resultado efetivo em relação à redução da incidência criminal.
O policiamento orientado para o problema tem como principal estratégia de intervenção a promoção de mudanças nas condições que fazem do crime um problema repetitivo. Ele apresenta um grande avanço em relação à estratégiatradicional de policiamento, pois objetiva um resultado mais efetivo do que o alcançado pelas respostas reativas aos incidentes e pelas patrulhas policiais preventivas.
Nesta aula, você viu vários aspectos sobre o trabalho do analista criminal frente à nova perspectiva de policiamento!
AULA 3 – ANÁLISE CRIMINAL X ALOCAÇÃO DE RECURSOS
O aumento de recursos financeiros investidos é suficiente para o alcance de resultados?
No âmbito nacional, uma constatação científica de Cerqueira e Lobão (2003) expôs que que a efetiva solução dos problemas de segurança pública nunca resultará apenas do aumento dos recursos gastos pelos órgãos de segurança pública. Baseados em informações sobre os fatores associados à incidência de homicídios em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre 1980 e 2003, eles concluíram que o aumento das despesas com segurança pública não está relacionado estatisticamente à redução da incidência de homicídios.
Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios.
Cabe ressaltar, no entanto, que os autores consideraram os gastos em segurança pública sem separá-los e sem analisar as possibilidades de distribuição e aplicação desses recursos efetivos na própria área.
Para alcançar resultados reais, não basta aumentar o volume de recursos financeiros investidos. É preciso analisar as alternativas de intervenção e investir os recursos conforme as relações entre custo e benefício de cada alternativa.
Essa questão aponta para a importância do analista criminal, que fornece o subsídio tanto para a tomada de decisão quanto para o investimento. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar com estratégias de intervenção que ultrapassem o âmbito das ações tradicionais de polícia, pois a melhor perspectiva de resultado foi observada quando reunidas todas as estratégias de ação de forma conjunta:
· Ações policiais;
· Redução da desigualdade social; e
· Aumento da renda per capita.
Saiba mais
Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: “A análise criminal contribuindo para mudanças na política nacional.”, que está nos anexos do curso.
AULA 4 – FOCALIZAÇÃO DAS AÇÕES E O TRABALHO DA ANÁLISE CRIMINAL
4.1. A DINÂMICA DE TRABALHO DO ANALISTA CRIMINAL
Em relação à dinâmica de trabalho do analista criminal, pode-se, didaticamente, dividi-la em quatro etapas:
· Sistematização e análise dos dados de segurança pública, buscando identificar padrões de incidentes;
· Submissão desses padrões a uma profunda análise buscando identificar suas causas;
· Identificação de formas de intervenção nas relações causais encontradas para cessar a ocorrência dos incidentes; e
· Avaliação do impacto das intervenções e, caso haja ausência de impacto, reinício do processo.
No contexto do policiamento orientado a problemas, as formas de intervenção devem ser concebidas de maneira ampla, não se restringindo apenas às ações tradicionais de polícia. Por outro lado, o fluxo de trabalho de análise envolve a contínua coleta e sistematização de novos dados que podem resultar em mudanças radicais nas ações que já vêm sendo executadas.
4.2 A FOCALIZAÇÃO DAS AÇÕES
Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas expostas anteriormente precisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questão da focalização das ações:
· A valorização de uma perspectiva local de ação; e
· A focalização de tipos criminais específicos para intervenção.
4.2.1 A VALORIZAÇÃO DE UMA PERSPECTIVA LOCAL DE AÇÃO
Ao focalizar uma perspectiva mais local, o analista criminal faz com que sua instituição seja mais bem informada, eficiente e capaz de usar seus recursos para reduzir o crime.
A perspectiva local atribui ao analista criminal maior capacidade para investigar e identificar as causas do problema abordado.
Essa orientação do trabalho numa perspectiva local propõe que o analista:
Converse com os policiais sobre como eles concebem seu trabalho; participe diretamente de atividades desenvolvidas pelos órgãos de segurança pública; troque informações com profissionais das empresas de segurança privada; crie uma rede com analistas criminais das regiões vizinhas; colete informações diretamente com agressores e vítimas; e busque contribuir para aprimorar os processos de coleta de informação.
4.2.2 A FOCALIZAÇÃO DE TIPOS CRIMINAIS ESPECÍFICOS PARA INTERVENÇÃO
A focalização nos tipos criminais permite ao analista especificar as causas particulares, os atores e as dinâmicas de cada tipo de crime, permitindo uma análise mais apurada do fenômeno criminal.
Caso essa focalização não seja realizada e uma categoria criminal ampla (roubo, por exemplo) seja considerada como problema, torna-se difícil identificar as causas do problema. Cada tipo de roubo – em estabelecimento comercial, residência, transporte coletivo, de carga, dentre outros – possui suas causas específicas, resulta de diferentes motivações e envolve atores distintos em termos de conhecimento, habilidade e organização.
Cada tipo criminal específico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenções sejam focalizadas em cada um deles separadamente.
AULA 5 – VERTENTES BÁSICAS
5.1 VERTENTES DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO PARA SEGURANÇA PÚBLICA
Magalhães (2007) destaca três grandes vertentes básicas do trabalho de produção de conhecimento voltadas para a gestão em segurança pública:
Análise criminal estratégica;
Análise criminal tática; e
Análise criminal administrativa.
5.1.1 ANÁLISE CRIMINAL ESTRATÉGICA (ACE)
Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas influências a longo prazo. Entre seus principais focos estão:
· Formulação de políticas públicas;
· Produção de conhecimento para redução da criminalidade;
· Planejamento e desenvolvimento de soluções;
· Interação com outras secretarias na construção de ações de segurança pública;
· Direcionamento de investimentos;
· Formulação do plano orçamentário;
· Controle e acompanhamento de ações e projetos; e
· Formulação de indicadores de desempenho.
Seu principal objetivo é: Trabalhar na identificação das tendências da criminalidade.
Exemplificando
Se o analista identifica que o fenômeno criminal apresenta uma tendência ascendente, essa informação será utilizada para formular e determinar prioridades das ações dos operadores do sistema de segurança pública.
5.1.2 ANÁLISE CRIMINAL TÁTICA (ACT)
Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas influências em médio prazo. Essa vertente estuda o fenômeno criminal visando fornecer subsídios para os operadores de segurança pública que atuam diretamente “nas ruas”. Nesse sentido, o conhecimento é utilizado pelas polícias ostensivas e investigativas.
No caso da Análise Criminal Tática, a produção de conhecimento serve para:
· Orientar as atividades de policiamento ostensivo nas atividades preventivas e repressivas. Exemplo: Identificação de pontos quentes, correlacionando dia e horários críticos; e
· Subsidiar a polícia investigativa nas soluções das ocorrências criminais, principalmente na busca da autoria e materialidade dos delitos.
Seu principal objetivo é: Trabalhar na identificação de padrões das atividades criminais.
5.1.3 ANÁLISE CRIMINAL ADMINISTRATIVA (ACA)
Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público-alvo. A atividade nessa vertente se assemelha à de um editor-chefe, pois tem o objetivo de selecionar os assuntos divulgados para cada cliente. Entre seus principais focos estão:
· Fornecimento de informações sumarizadas para seus diversos públicos – cidadãos, gestores públicos, instituições públicas, organismos internacionais, organizações não-governamentais etc.;
· Elaboração de estatísticas descritivas;
· Elaboração de informações gerais sobre tendências criminais;
· Comparações com períodos similares passados; e
· Comparações com outras cidades similares.
Seu principal objetivo é: Trabalhar as estatísticas criminaisde forma descritiva.
MÓDULO 2 - COLETA DE INFORMAÇÕES
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO
Olá! Seja bem-vindo(a) ao módulo Coleta de Informações.
Antes de iniciar o conteúdo desse módulo, que tal relembrar o que você estudou no anterior?
· Você viu a definição de análise criminal e identificou suas contribuições para a gestão da segurança pública;
· Compreendeu os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do foco nas ações de análise criminal; e
· Viu a classificação da produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as vertentes utilizadas.
Neste módulo, você estudará alguns dos métodos de abordagem dos fenômenos sociais que podem ser utilizados para a elaboração de diagnósticos sobre a situação da segurança pública e monitoramento de resultados das ações e políticas.
Cabe destacar que um método não exclui o outro. Muitas vezes é preciso combiná-los, pois cada um possui vantagens e limitações; a combinação possibilita que se complementem.
OBJETIVOS DO MÓDULO
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
· Descrever os métodos de abordagem;
· Enumerar os aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e
· Identificar as fontes de dados e informações de segurança pública.
ESTRUTURA DO MÓDULO
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
· Aula 1 – Métodos de abordagem.
· Aula 2 – Construção de um questionário.
· Aula 3 – Fontes de dados e informações de segurança pública.
AULA 1 – MÉTODOS DE ABORDAGEM
1.1. ABORDAGEM E TÉCNICAS DE ANÁLISE
A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens. Para cada uma das abordagens há técnicas de análise específicas, veja a seguir:
1. Observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real.
· Análise de conteúdo.
· Estudo de caso.
· Análise de dados secundários.
2. Criação de situações artificiais e observação do comportamento antes das tarefas definidas para as situações.
· Avaliação de impacto (laboratório).
3. Realização de perguntas às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram).
· Survey.
· Estudo de caso.
1.2. VANTAGENS E LIMITAÇÕES DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE
· Análise de conteúdo.
· Estudo de caso.
· Análise de dados secundários.
· Avaliação de impacto.
· Survey.
Análise de conteúdo
Alguns tópicos de pesquisa são suscetíveis ao exame sistemático de documentos, como romances, poemas, publicações governamentais, músicas, boletins de ocorrências etc. As informações trazidas pelos documentos são sistematizadas, buscando a existência de semelhanças.
As principais desvantagens desta técnica são:
· O tipo de documento selecionado para o exame pode não ser a medida mais apropriada da questão ou fenômeno a ser estudado.
· A análise dos documentos sempre envolve um espaço de arbitrariedade.
Estudo de caso
Análise de dados secundários
A realização de pesquisas científicas não envolve, necessariamente, a coleta e análise de dados originais (pesquisa de campo). Alguns tópicos de pesquisa podem ser estudados analisando dados já coletados e compilados.
A análise dos dados secundários tem a grande vantagem da economia. O pesquisador não precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codificações, recrutamento de sujeitos experimentais etc.
A principal desvantagem do método é que o pesquisador fica limitado a dados já coletados e compilados por outros, que podem não representar adequadamente a questão que lhe interessa.
Avaliação de impacto
A avaliação de impacto procura determinar os resultados das ações e políticas. Para mensurar esses resultados, não basta olhar o objeto de análise e ver o que aconteceu com ele depois da aplicação da política.
Para garantir que as mudanças observadas são resultantes da política empreendida, é preciso comparar o grupo em que ela foi implementada – chamado de tratado – com um grupo similar que não a experimentou – chamado de controle.
DEFINIÇÃO TRATADO: Grupo em que foi implementada a política.
CONTROLE: Grupo similar em que não foi implementada a política.
Quando se está trabalhando com EXPERIMENTO ALEATÓRIO, também chamado de experimento puro, é bastante simples medir o impacto.
Entretanto, na prática, é quase impossível implementar experimentos aleatórios no caso de políticas públicas, pois existe um problema ético e moral.
PARA REFLETIR Sendo o objetivo fazer uma política de prevenção à criminalidade em áreas de alta periculosidade da cidade, como escolher uma área que não vai receber essa política?
Isto é justo com a população desse local?
Normalmente, as ações e políticas têm desenhos não aleatórios e as avaliações devem buscar desenhos não experimentais, denominados por avaliações de estudos observacionais ou quase-experimentais.
O que é um desenho de pesquisa?
Segundo os autores de um livro já clássico sobre metodologia de pesquisa, “um desenho de pesquisa é um plano que mostra, por meio de uma discussão do nosso modelo e dos nossos dados, como nós pretendemos usar nossa evidência para fazer inferências” (King; Keohane; Verba, 1994, p. 118, tradução nossa).
Esta apresentação geral sugere que o desenho de pesquisa deve ser feito antes da pesquisa em si, ou se refere a uma etapa anterior, e conjuga teoria (ao falar do modelo), técnicas (ao falar dos dados) com a pretensão de se conhecer mais (ao falar da inferência) sobre o objeto de estudo (que depende de sua caracterização). Apesar dessa formulação geral, a associação entre teoria, técnica, conhecimento e caracterização do objeto não segue uma receita única e varia amplamente entre as diferentes áreas do saber. Por essa razão, a elaboração de um desenho de pesquisa e a avaliação sobre sua pertinência também variam nos diferentes campos que compõem a ciência.
Essa constatação fica clara quando se considera a seguinte observação feita por Gorard (2013) a respeito dos desenhos de pesquisa: “Desenho de pesquisa não é fundamentalmente sobre técnicas ou procedimentos. É mais a respeito de cuidado e atenção aos detalhes, motivados pela paixão pela segurança de nossas conclusões obtidas com a pesquisa.
Em sua forma mais simples, o desenho de pesquisa é sobre convencer uma audiência de pessoas céticas que decisões importantes que estão por trás das conclusões da pesquisa são as mais seguras possíveis. (...) É tarefa dos cientistas sociais fazer com que estas decisões sejam as mais infalíveis possível” (Gorard, 2013, p. 4/5, tradução e grifo nossos).
Se o desenho de pesquisa deve ser tal que convença uma audiência de céticos, o plano que o compõe mudará de acordo com a área do saber onde é elaborado. Isso é muito sensível, por exemplo, na área da gestão pública, uma área interdisciplinar por excelência.
Cientistas políticas, sociólogas, economistas, administradoras, urbanistas, para citar apenas algumas, convivem nessa grande área da gestão pública e precisam ser convencidas sobre as conclusões obtidas por meio de uma inferência alcançada com os dados coletados, diante de um referencial teórico que as sustente. Não à toa, construir um desenho de pesquisa é uma tarefa complexa, e seu papel se torna ainda mais relevante quando se observam as diferenças e dinâmicas próprias entre os diferentes ramos das Ciências Sociais.
Uma outra maneira de dizer a mesma coisa, em termos mais concretos, é que o desenho de pesquisa deve ser tal que responda satisfatoriamente a uma pergunta de pesquisa3 . Especificamente no campo da gestão pública, há vários exemplos sobre tipos de questões de pesquisa: podem estar associadas à elaboração de diagnóstico sobre uma situação específica, seja social, seja de organização da burocracia estatal, à formulação de um projeto de intervenção para atacar um problema diagnosticado, à implementação do programa já formulado ou aos impactos de uma intervenção estatal já realizada.
Fonte: SILVA, Glauco Peres da. Desenho de pesquisa / Márcia Miranda Soares e José Ângelo Machado. Brasília: Enap, 2018. Pag. 7-9 - Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3330/1/Livro_Desenho%20de%20pesquisa.pdf - Acessado em 30/03/2020às 19h40
A implicação do desenho não experimental para a avaliação do impacto é que o “controle” não pode ser comparado diretamente com o “tratado”, pois os atributos de ambos não são, necessariamente, equivalentes.
"O livro Avaliação Econômica de Projetos Sociais apresenta um conjunto de métodos que são amplamente empregados para isolar e medir o impacto de programas sociais. Esses métodos são comumente divididos em duas categorias: o método experimental e os métodos não experimentais.
O primeiro é baseado na seleção aleatória dos indivíduos que farão parte do grupo que receberá o programa (grupo de tratamento) e do grupo que não o receberá (grupo de controle). Esse método faz com que a única diferença entre os grupos seja a participação no programa, uma vez que a aleatorização garante que eles sejam muito semelhantes tanto em termos das caracterísctias observadas como das não observadas pelo analista. Pelo fato de conseguir fazer com que a intervenção seja a única diferença entre os grupos de tratamento e controle, esse método tem a denominação de “padrão-ouro” na área de avaliação de impacto.
Os métodos não experimentais não são baseados na seleção aleatória dos grupos de tratamento e controle, esses métodos não asseguram que os dois grupos difiram entre si apenas pela participação no programa. Na realidade, o que eles fazem é substituir a aleatorização do método experimental por certas condições e hipóteses que visam a tornar o grupo de controle parecido com o grupo de tratamento.
Cada método adota um conjunto específico de hipóteses para identificar o efeito causal do programa. Essas hipóteses não são diretamente testáveis, mas algumas podem ser confirmadas de modo indireto.
A escolha do método a ser empregado depende em larga medida do programa a ser avaliado, dos arranjos institucionais existentes, dos custos envolvidos na avaliação, além da disponibilidade de dados. O aumento da importância da avaliação de impacto e da análise de custo-beneficio entre financiadores, gestores e fiscalizadores dos programas tem sido acompanhado pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento de um conjunto de métodos que formam hoje uma ampla “caixa de ferramentas” utilizada na área de avaliação de impacto."
Acesse o conteúdo completo, disponível em: https://www.itausocial.org.br/wp-content/uploads/2018/05/avaliacao-economica-3a-ed_1513188151.pdf
Fonte: Fundação Itaú Social, L. Avaliação Econômica de Projetos Sociais: Relatório de Avaliação Econômica: Programa Mais. Rio de Janeiro: CIEE Rio, 2013a. Disponível em:https://www.itausocial.org.br/wp-content/uploads/2018/05/avaliacao-economica-3a-ed_1513188151.pdf - Acessado em 30/03/2020 - 19h50
Para fazer essa comparação é necessário que se apliquem técnicas estatísticas que tornam o “controle” equivalente ao TRATADO.
Survey
Survey é um método de pesquisa. Também conhecida como pesquisa de mercado quantitava é um método de pesquisa social que utiliza técnicas estatíscas. Normalmente implica a construção de inquéritos por questionário. Normalmente são contactadas muitas pessoas
O objetívo da pesquisa Survey é a obtenção de informações quantitavas sobre um determinado grupo de pessoas. A Survey é mais indicada quando se deseja responder questões que expressem opiniões, costumes ou caracterítiscas de um determinado público-alvo. Para isso, é comum o uso de perguntas objetivas, do tipo "o quê?", "por quê" "quando?", "onde" e "como" no processo de pesquisa.
Um survey é realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma população, isto é, descobrir a distribuição de certos traços e atributos, avaliar o impacto de alguma política ou ação etc.
Para que seja viável, em termos técnicos e econômicos, a pesquisa é realizada em uma amostra cientificamente selecionada da população, de forma a representá-la. Essa seleção científica da amostra permite a extrapolação dos resultados encontrados para a população, ou seja, se a amostra é composta por 50% de homens, pode-se extrapolar o resultado dizendo que nossa população é composta de 50% de homens.
A coleta de informações envolve sempre a aplicação de um questionário, que deve priorizar a construção de questões com respostas fechadas, retirando ao máximo a possibilidade de respostas abertas em formato de texto. Assim, esses instrumentos de coleta de informação favorecem o uso de técnicas quantitativas para análise dos dados.
1.3. MÉTODOS E TÉCNICAS X APLICAÇÕES
Os vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a ser coletada. Eles também podem ser utilizados de forma complementar quando necessário.
Veja abaixo alguns exemplos:
· Quando se precisa de informações representativas da situação de grandes grupos sociais com menor gasto de recursos e maior rapidez, são utilizados surveys e informações secundárias, sistematizadas continuamente por órgãos de estatística oficial. Essas informações se agregam no conjunto denominado de informações quantitativas e se caracterizam por buscar mensurar a questão estudada em números ou categorias. A grande limitação dos dados quantitativos na realização de pesquisas é que eles reduzem a realidade a algumas categorias, deixando de lado muita informação que seria útil para uma melhor compreensão do fenômeno estudado.
· Pesquisas com informações mais detalhadas: Quando se verifica a necessidade de trabalhar com informações mais detalhadas, partimos para outro conjunto de informações denominado por informações qualitativas. As pesquisas envolvendo a coleta dessas informações – análise de conteúdo e estudo de caso – são normalmente mais difíceis e mais caras de serem realizadas. Ao mesmo tempo em que se conhece a realidade de modo mais detalhado, perde-se capacidade de generalização dos conhecimentos produzidos.
· Pesquisas na área de segurança pública: Como exemplo de pesquisas na área de segurança pública, é possível citar:
	Pesquisas na área de segurança pública
	Técnicas de análise
	Pesquisa que analisam informações trazidas de bases de ocorrências registradas pelas polícias.
	Análises de dados secundários.
	Pesquisas de vitimização.
	Survey.
	Pesquisas que buscam avaliar de forma mais detalhada a criminalidade, envolvendo entrevistas com moradores.
	Estudo de caso.
	Pesquisa mais detalhada realizada por alguém que convive com a comunidade.
	Estudo de caso ou, especificamente, pesquisa etnográfica.
AULA 2 - CONTRUÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO
Na aula anterior você conheceu os três métodos de abordagem dos fenômenos sociais e também estudou sobre as várias técnicas de análise de tais fenômenos.
Dando sequência ao conteúdo deste módulo, agora você aprenderá a construir um questionário.
Um questionário pode ser definido como um:
conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personali- dade e informação biográfica. (YAREMKO et al., 1986).
O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionário e a maneira da sua aplicação por meio dos conceitos e da população-alvo.
2.1. DEFINIÇÃO E RELAÇÃO COM A PESQUISA
É possível verificar as seguintes interdependências entre a elaboração de um instrumento e a estratégia de sua aplicação:
· O grau de complexidade dos conceitos determina o número de perguntas e sua forma de apresentação.
· Há uma relação recíproca entre características da população alvo e complexidade dos conceitos a serem investigados, pois ambos determinam a maneira de transformação dos conceitos em perguntas e sua administração.
· O tamanho da amostra determina o formato do questionário em relação ao tipo de entrevistas e ao tamanho do seu conteúdo.
· O tamanho da amostra é determinado pelos recursos disponíveis (tempo, dinheiro e recursos humanos).
2.2. ELABORAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO
Na elaboração de um questionário, o analista criminal deve estar atento também aos seguintes fatores:
· Contexto social da sua aplicação;
· Perguntas;
· Estrutura lógica na organização dessas perguntas; e
· Diferentesformas de coleta de informação.
Em relação à administração do questionário, sendo ele observado como um instrumento de coleta de informações, é importante apontar que esse processo envolve sempre uma INTERAÇÃO ENTRE PESQUISADOR E RESPONDENTE.
2.3. CONTEXTO SOCIAL DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
A disposição do respondente em revelar algo sobre si mesmo, permitindo o pesquisador obter as informações desejadas, varia conforme a situação. O pesquisador não tem poder sobre o respondente e precisa convencê-lo de que vale a pena participar da pesquisa.
Alguns aspectos do contexto social e cultural na interação entre entrevistado e entrevistador devem ser observados, como por exemplo:
· Criação e manutenção de um ambiente de cortesia durante a entrevista.
· Seriedade no processo de interação, favorecendo a obtenção de respostas autênticas.
· Boa impressão sobre a imagem do pesquisador e da organização representada por ele.
· Ênfase na relevância do assunto da pesquisa para o entrevistado.
· Promoção de uma aproximação do entrevistado e do entrevistador em termos culturais.
· Realização da pesquisa em um ambiente físico adequado para o alcance dos melhores resultados na realização da pesquisa.
2.4. ESTRUTURA LÓGICA DO QUESTIONÁRIO
Segundo Dillman (1978), três coisas devem ser feitas para maximizar as respostas de um questionário:
· Minimizar o custo para o respondente.
· Maximizar as recompensas para o respondente.
· Estabelecer a confiança de que a recompensa será concedida.
Lembre-se das seguintes recomendações para o estabelecimento da ESTRUTURA LÓGICA DO QUESTIONÁRIO:
· Estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar sua cooperação. Para estabelecer confiança, o entrevistador deve se apresentar e indicar com e para quem trabalha. A seguir, precisa capturar o interesse do respondente pelo tema e para isso, sugere-se ressaltar o quanto opiniões e experiências do respondente são importantes. São os primeiros momentos da entrevista que importam para a disposição do respondente em cooperar. Nesse momento, o questionário e sua importância devem ser apresentados da forma mais completa.
· Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a necessidade de continuar a manter seu interesse durante a realização da entrevista. Alguns pontos merecem especial atenção para evitar a desistência no meio do processo da entrevista: a tarefa deve parecer ser breve, é preciso reduzir ao máximo o esforço mental e físico requerido, eliminar as possibilidades de embaraço, qualquer implicação de subordinação e custo financeiro.
· O mínimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa colaboração do respondente, seja de maneira verbalizada no fim da entrevista, seja de maneira escrita no fim do questionário. Muitas pessoas participam de pesquisa por se sentirem importantes em ter sua opinião valorizada ou por poder falar e ser ouvido. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma importante de recompensar os respondentes.
2.5. A ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO
Uma estrutura bem pensada contribui para reduzir o esforço físico e mental do respondente. Além disso, assegura que todos os temas de interesse do pesquisador sejam tratados numa ordem objetiva, mantendo o interesse do respondente em continuar. É preciso saber com precisão por que se está incluindo cada pergunta no questionário.
Os princípios a seguir poderão ajudá-lo na estruturação:
1º Princípio: Procure sempre direcionar a estruturação do questionário da seguinte forma: do geral para o específico, do impessoal para o pessoal, do menos delicado para o mais delicado.
2º Princípio: Disponha as perguntas de modo a obedecer a uma lógica de aproximação. Exemplo: Ao se pesquisar a situação de insegurança, primeiro se pergunta sobre a cidade, depois sobre o bairro e, então, sobre a rua e a casa onde o respondente reside.
3º Princípio: Garanta que as perguntas referentes a uma mesma temática permaneçam sempre juntas e recebam uma introdução que ajude o respondente a concentrar-se nela.
2.6. AS PERGUNTAS
As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de confiança entre respondente e pesquisador. Nunca se deve começar o questionário por perguntas burocráticas (nome, sexo, idade, renda familiar etc.), pois essas questões só terão respostas autênticas quando o respondente desenvolver certo grau de confiança no entrevistador.
As perguntas burocráticas devem ser inseridas sempre no final do questionário. Cabe destacar também que perguntar o nome no início da entrevista contradiz qualquer afirmação sobre o caráter confidencial da entrevista.
Importante!
Quais são as características de uma boa pergunta?
Uma boa pergunta é aquela que gera respostas fidedignas e válidas e, por essa razão, devem apresentar algumas características básicas:
· A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente;
· As expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para os respondentes;
· Os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e
· Os respondentes precisam estar dispostos a responder.
2.7. ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS
A seguir, você conhecerá os principais aspectos a serem observados na elaboração de uma pesquisa:
Linguagem
Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso ficar sempre atento à população-alvo da pesquisa. A compreensão da linguagem utilizada pode mudar de acordo com o público.
Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou sofisticados devem ser evitados.
Há dois problemas nos questionários relacionados à linguagem. São eles:
1. A ambiguidade, ou seja, o questionário permite mais de uma interpretação da pergunta;
2. As perguntas podem direcionar as respostas, então é preciso ficar atento à escolha das palavras.
Importante!
Uma vez que as questões estiverem elaboradas, pergunte-se:
O respondente está entendendo o que o entrevistador quis perguntar?
O enunciado da pergunta induz a resposta de alguma forma?
Quanto ao tipo de perguntas, é possível elaborar perguntas abertas e fechadas.
Perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade das possíveis respostas. Esse tipo de perguntas estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre pesquisador e respondente e, no final, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas.
As perguntas abertas também servem para reforçar ao respondente o real interesse nas suas opiniões.
Perguntas fechadas são aquelas em que são oferecidas opções para o respondente escolher como resposta. Devem ser utilizadas quando se conhece os tópicos que serão informados pelos respondentes.
Além disso, esse tipo de pergunta deve ser usado quando existem muitos respondentes e pouco tempo para a pesquisa.
2.8. PROBLEMAS QUE DEVEM SER EVITADOS
A forma com que as perguntas são formuladas e ordenadas no questionário podem gerar alguns problemas. Ao formular as perguntas é preciso verificar se elas não constituem ameaça ao respondente.
Caso existam razões para supor que o respondente é “sensível” ao tema, é preciso verificar maneiras de encontrar a informação sem provocar constrangimento.
Outro problema diz respeito ao entrevistado fornecer respostas falsas às perguntas. Um dos motivos é que o respondente pode ter algo a esconder ou não saber como responder. Por fim, se o respondente não lembrar de alguma resposta, o entrevistador não deve deixá-lo constrangido. É preciso frisar que as perguntas não constituem em um teste e que é natural não ter respostas para todas as perguntas.
2.9. ESCALA DE RESPOSTAS
Para tornar mais fácil a classificação das respostas às perguntas é necessário que se pense nas escalas de respostas. As escalas podem ser classificadas em:
· Escala Nominal;
· Escala Ordinal;
· Escala Intervalar.
A Escala Nominal utiliza símbolos ou números somente para identificar as pessoas, objetos ou categorias. Por exemplo, o gênero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, uso de bengala e existência de tatuagem.
Mesmo para as medições em escalanominal, é preciso se preocupar em estabelecer um bom relacionamento com o respondente.
Exemplo: A frase “Qual o estado civil de V.Sa?” soa melhor do que solicitar simplesmente “Estado civil”.
Dependendo da população-alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor número de alternativas é apropriado.
Exemplos: A raça pode ter como categoria apenas: (a) brancos e (b) não brancos OU (a) brancos, (b) negros, (c) pardos, (d) indígenas, (e) asiáticos e (f) outros.
Importante!
É importante que as opções sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as alternativas.
Na Escala Ordinal, além de se identificarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma ordenação desses elementos. Por exemplo, a hierarquização da percepção de níveis de violência entre diferentes locais de uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma competição.
Uma técnica de mensuração muito utilizada nas ciências sociais para levantar atitudes, opiniões e avaliações é a construção de Nela, o respondente avalia um fenômeno numa escala de, geralmente, cinco alternativas.
O conteúdo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto interessante na utilização de escalas é a decisão quanto ao uso de número par ou ímpar de alternativas, pois o uso de um número ímpar de alternativas indica que se criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja, foi aberto espaço para o entrevistado expor uma posição neutra sobre o tema abordado.
Independentemente do número de alternativas, é importante que as opções estejam balanceadas, isto é, as direções opostas de respostas devem possuir o mesmo número de opções.
Veja abaixo dois exemplos de perguntas na escala ordinal.
a) Em termos gerais, o quão satisfeito você está com as suas condições de trabalho?
1. Bastante satisfeito
2. Muito satisfeito
3. Pouco satisfeito
4. Nada satisfeito
b) O quão seguro, você se sente ao andar sozinho pelas ruas na região onde reside ao anoitecer?
1. Muito seguro
2. Razoavelmente seguro
3. Nada seguro
Na Escala Intervalar, as características são ordenadas conforme uma dimensão subjacente e os intervalos entre as alternativas têm tamanho conhecido e podem ser comparados.
Escalas Intervalares ou Escala de Intervalo: Permitem comparar intervalos e no campo do marketing são utilizadas para se comparar atitudes, opiniões, conscientização e preferências.
Uma escala de intervalo é aquela em que os intervalos entre os números nos dizem a posição e quanto as pessoas, objetos ou fatos estão distantes entre si em relação a determinada característica. Essa característica das escalas de intervalo nos permite comparar diferenças entre as medições, mas não nos permite concluir quanto à magnitude absoluta das medições.
Um exemplo clássico de escala de intervalo é uma escala para medir temperaturas. Tome-se, como exemplo, a escala Celsius. Se a temperatura durante o dia agiu o máximo de 30 graus e durante a noite agiu o mínimo de 15 graus, ao comparar as duas temperaturas, a única conclusão que se pode rar é que: a temperatura durante o dia foi mais elevada do que a noite em 15 graus cengrados. Por se tratar de uma escala de intervalo, é um erro concluir que durante o dia a temperatura foi o dobro da noite. (MATTAR, 2000, p.90)
Nas escalas de intervalo as estascas utilizadas devem ser a média aritmética, moda e mediana.
Exemplos:
· O tamanho da população.
· O número de crimes registrados.
· O número de inquéritos concluídos.
Fontes: SERGIO MARI JR. (org.). Estasca e escalas de medição para pesquisas quantavas. Disponível em: hps://infonauta.com.br/pesquisa-emcomunicacao/93/estasca-escalas-medicao-para-pesquisas-quantavas/ . Acesso em: 30 mar. 2020. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de Markeng Edição Compacta. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
AULA 3 - FONTES DE DADOS
O uso científico das informações de segurança pública e de justiça criminal para a gestão de políticas envolve não apenas informações específicas dessa área, mas também informações socioeconômicas e urbanas necessárias para se contextualizar a sua situação.
Essa contextualização permite, por exemplo, identificar as causas sociais dos fenômenos de segurança pública e também aperfeiçoar a visão sobre o resultado alcançado. Possibilita, ainda, verificar se as mudanças que ocorrem na segurança pública têm também outras condições além da atuação dos órgãos dessa área.
Do ponto de vista da pesquisa social, há um consenso de que apenas as informações administrativas de agências de segurança pública e justiça criminal não são suficientes para a compreensão dos fenômenos relacionados à incidência criminal ou à violência.
Para uma visão efetivamente compreensiva dos fenômenos relacionados a tal problemática, como enfatiza Kahn (2002), é necessário atentar para as condições gerais de vida da população.
3.1. FONTES DE DADOS
Em seu artigo sobre a importância dos indicadores como instrumento auxiliar à prevenção municipal da criminalidade, Kahn (2002) observa que o nível socioeconômico é um fator explicativo para o predomínio de eventos criminais específicos em determinadas localidades, muito embora a explicação da sua distribuição seja bastante complexa.
Outros estudos buscaram entender a relação entre taxas de criminalidade e indicadores socioeconômicos. Soares (2008), por exemplo, busca analisar a relação entre desenvolvimento, desigualdade e homicídios a partir de uma revisão de vários estudos empíricos que abordam a relação entre taxas de homicídios e variáveis sociais e demográficas, tais quais renda, alfabetização, urbanização, migração, entre outras.
Dessa forma, é desejável que os bancos de dados sobre criminalidade – geralmente compostos por dados administrativos policiais, como registros de ocorrências -, contenham informações socioeconômicas da população local e da infraestrutura urbana.
Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para fins de administração dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de gestão, pois somente os dados das polícias estão organizados em banco de dados. Já os demais, na maioria das vezes, não estão informatizados ou constituem arquivos de formulários.
Geralmente, esses dados não contêm as informações necessárias para a avaliação de políticas públicas de segurança ou programas particulares. Faltam informações sociodemográficas, dos infratores ou demandantes dos serviços de justiça criminal, dentre outras. Em função disso, é preciso pensar criativamente na utilização de outras possíveis fontes para complementar ou checar as informações fornecidas pelas bases de dados oficiais.
3.1.1. Características e limitações dos registros das polícias militares e das polícias civis
· Polícia Militar: Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de um sistema de informação criminal. O grande problema dessa base de dados está relacionado à subnotificação dos crimes, ou seja, muitos indivíduos não reportam os crimes à polícia.
· Polícia Civil: A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime. Um dos grandes problemas dessa base de dados também é a subnotificação dos crimes. Por causa das características dos dados gerados pelas polícias e suas limitações, muitas vezes são necessárias fontes alternativas de informações.
3.2. SINESP – SISTEMA NACIONAL DE ESTATÍSTICAS EM SEGURANÇA PÚBLICA
Desde o ano de 2004, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, vem despendendo esforços para a concretização de uma base nacional de dados e informações de segurança pública, com o apoio dos entes federados, órgãos federais e estaduais, instituições de segurança pública, profissionais em segurança pública, pesquisadores e demais parceiros.
Uma grande ação foi a criação do Sistema Nacionalde Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal – SINESPJC, implantado em 2004, com o módulo Polícia Civil e posteriormente com o módulo Polícia Militar em 2006. Este sistema teve como principal objetivo iniciar o processo informatizado de coleta de dados estatísticos junto das 27 UFs, em um cenário que contava apenas com 07 UFs com sistemas de registro de ocorrências informatizados.
Neste contexto, a SENASP veio fomentando – junto dos entes federados e por meio de convênios com a União – o desenvolvimento, customização e ampliação de sistemas informatizados de registros de ocorrências policiais e sistemas de atendimento e despacho das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares. O objetivo foi o de melhorar os processos de envio, tratamento e análise de dados.
Mesmo com o apoio da SENASP, as instituições de segurança pública não deixaram de arcar com o ônus de ter que alimentar, de forma manual ou minimamente informatizada, a base de dados nacional. Limitações do SINESPJC não permitiam que sistemas estaduais fossem integrados diretamente ao sistema nacional, tornando o processo de alimentação lento e árduo. Além disso, havia o problema da falta de padronização dos formulários de coleta nos Estados.
Partindo deste novo cenário, identificados os problemas e desafios, a SENASP em maio de 2012, juntamente com representantes das Polícias Civis, Militares e Corpos de Bombeiros Militares das 27 Unidades de Federação, definiu os campos e conteúdos mínimos dos boletins de ocorrências e atendimento e despacho das instituições de segurança pública. Neste mesmo ano, foi promulgada a Lei 12.681, que institui o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas, com a finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e informações para auxiliar na formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas à segurança pública; sistema prisional e execução penal; e enfrentamento do tráfico de crack e outras drogas ilícitas. Com isto, o SINESPJC torna-se o módulo de estatística do SINESP.
Logo após a criação da lei do SINESP, o Ministério da Justiça, por meio da SENASP, toma o compromisso de firmar junto às Unidades da Federação 27 termos de adesão ao SINESP, ratificando o compromisso de todos em cooperar com a implantação, manutenção e atualização do sistema. O não envio dos dados previstos no Termo implica na impossibilidade de receber recursos ou celebrar parcerias com a União para financiamento de programas, projetos ou ações de segurança pública e do sistema prisional.
· Enviar os dados previstos no Termo.
· Possibilidade de receber recursos e celebrar parceiras com a União.
O SINESP tem como objetivo sanar o problema da má qualidade de informações de crime no Brasil. Essa má qualidade se deve aos diversos problemas estruturais que impediram, ao longo dos anos, uma melhor qualidade da informação, e, além disso, a particularidades dos próprios eventos criminais, que, por natureza, são difíceis de serem registrados pela população.
Por exemplo, furtos e roubos de pequenos valores e casos de estupros, abusos, assédios e coerções, muitas vezes, estão inseridos dentro de contextos pessoais ou familiares, fazendo com que as vítimas raramente procurem as autoridades para registro dos fatos.
3.3. FONTES ALTERNATIVAS DE INFORMAÇÃO
Pesquisas de vitimização
Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de vitimização, que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o perfil da subnotificação.
No Brasil, a primeira pesquisa de vitimização realizada em âmbito nacional foi empreendida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1988. Depois disso, o IBGE empreendeu outra pesquisa nacional de vitimização, também como suplemento da PNAD, no ano de 2009.
Cabe destacar a Pesquisa Nacional de Vitimização realizada pelo Ministério da Justiça, de 2010 a 2012, no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, pelo Centro de Estudos da Criminalidade e Segurança Pública (CRISP) e Datafolha.
Outros exemplos de pesquisas de vitimização empreendidas no Brasil são expostos a seguir:
· Pesquisa de vitimização ILANUD: Essa pesquisa foi desenvolvida em 2002, a partir da parceria Instituto Latino Americano das Nações Unidades (ILANUD)/Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República/FIA/Universidade de São Paulo (USP). Ela é representativa para os municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória.
· Pesquisa de vitimização INSPER: Essa pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER). O estudo toma como base pesquisas domiciliares com 2.967 pessoas na cidade de São Paulo em 2003 e 2008. Os sete tipos de ocorrência apurados no levantamento são: residência, veículo, componentes de veículos, crime contra a pessoa, trânsito, agressões e casa de temporada.
· Pesquisa de vitimização CRISP/UFMG: Essa pesquisa foi desenvolvida nos anos de 2001, 2003 e 2006 pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (CRISP/UFMG) e é representativa para o município de Belo Horizonte, no qual foram entrevistadas 6.220 pessoas.
No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras são importantes para comprovar tendências. Entretanto, como nem todos os carros estão segurados, as informações das seguradoras devem conter menos registros que as das polícias.
No caso dos homicídios, os dados do Datasus/Ministério da Saúde são geralmente de uma confiabilidade superior aos da polícia, pela própria natureza de sua produção e por estarem submetidos a uma crítica mais detalhada. Mas eles também apresentam problemas, como a existência de uma categoria de mortes violentas de intencionalidade desconhecida, que incluiria homicídios, suicídios e mortes acidentais.
Para chegar a uma estimativa mais precisa, é necessário submeter essa categoria a uma estimativa que reclassifica uma parte dela como homicídio. Além disso, a dificuldade maior para utilizar esses dados como indicadores de segurança pública é a demora na sua divulgação, justamente devido ao tempo dedicado à crítica dos dados. De qualquer forma, é muito importante que, mesmo com certo atraso, tais registros sejam comparados com os da polícia, para testar a validade dos últimos.
Existem inúmeras instituições públicas e privadas que compilam informações que podem ser relevantes para a análise de crimes, criminosos ou vítimas específicas. Alguns exemplos: as agências de regulação dos produtos controlados (tais como armas, álcool ou drogas), agências reguladoras que fiscalizam instituições bancárias ou de segurança, autoridades fiscais e alfandegárias, departamentos de segu- rança de instituições privadas etc.
A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens: observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real; criação de situações artificiais e observação do comportamento antes das tarefas definidas para as situações e realização de perguntas às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram).
AULA 1 – CONCEITOS BÁSICOS
1.1 ESTATÍSTICA E ANÁLISE ESTATÍSTICA CRIMINAL
O termo estatística surgiu da expressão em latim statisticum collegium, que significa palestra sobre os assuntos do Estado.
No século XVII, o termo Statistik foi utilizado designando a análise de dados sobre o Estado. Entretanto, somente no início do século XIX o termo adquiriu o significado de coleta e classificação de dados, que persiste até hoje.
A análise estatística criminal consiste na aplicação da análise estatística aos dados de criminalidade e segurança pública.
1.1.1 ESTATÍSTICA DESCRITIVA X ESTATÍSTICA INFERENCIAL
A estatística descritiva é um ramo da estatística que utiliza várias técnicas para organizar, descrever e sumarizar dados
Já a estatística inferencial reúne o conjunto técnicas utilizadas na identificação de relações entre variáveis que representemou não relações de causa e efeito.
1.2. CONCEITOS BÁSICOS
	Variáveis
	Amostra
	População
	Censo
	São objetos que servem para guardar informações e permitem dar nomes a cada uma das partes da informação que se quer guardar. Por exemplo, tratando-se de vitimização dos indivíduos, há como variáveis distintas: quantos crimes o indivíduo sofreu, sua escolaridade, seu gênero, sua idade etc.
	É uma coleção de dados relativos a uma parte da população que a representa. É usada, na maioria das vezes, por causa da impossibilidade e dos custos de coletar informações de todos os elementos da população.
	É um conjunto de indivíduos ou objetos que apresentam pelo menos uma característica em comum.
	É uma coleção de dados relativos a todos os elementos de uma população.
1.3 Fluxo de execução da análise estatística
O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apresentação e análise dos dados.
· Coleta de Dados
· Crítica dos dados
· Apresentação dos Dados
· Análise
· Elaboração
Após a definição do problema a ser estudado e o estabelecimento do projeto de pesquisa (objetivo, a forma pela qual os dados serão coletados, cronograma das atividades, custos envolvidos, exame das informações disponíveis e delineamento da amostra), o passo seguinte é a coleta de dados, que consiste na busca ou compilação das informações em variáveis, componentes do fenômeno a ser estudado
A execução desse fluxo da análise estatística envolve sempre a possibilidade de retorno à primeira etapa da pesquisa (coleta de dados). Tanto a crítica dos dados pode mostrar que a etapa de coleta não foi bem planejada ou executada, quanto às etapas de apresentação e análise podem evidenciar que os dados coletados são insuficientes para garantir uma boa compreensão do fenômeno estudado.
AULA 2 - SÉRIES ESTATÍSTICAS
2.1 O QUE É UMA SÉRIE ESTATÍSTICA?
Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classificação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável.
A construção de séries estatísticas está estruturada em três fatores básicos e esses fatores levam à existência de três tipos distintos de séries estatísticas:
A série temporal (cronológica, histórica, evolutiva ou marcha) é identificada pelo caráter variável do fator cronológico.
A série geográfica (territorial, espacial ou de localização) é identificada pelo caráter variável do fator
A série específica (ou categórica) é identificada pelo caráter variável do fator fenômeno
Tabela 1 - Síntase dos tipos de séries estatícas
AULA 3 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global do fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas, gráficos ou mapas, facilitando sua compreensão.
3.1 CONSTRUÇÃO DE TABELAS
Um dos objetivos da construção de tabelas é sistematizar os valores que uma ou mais variáveis podem assumir, para que se tenha uma visão global da sua variação. Ou seja, a tabela é uma maneira de apresentar resumidamente um conjunto de dados.
1. TÍTULO DA TABELA - Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às perguntas: O quê? Quando? e Onde? É localizado no topo da tabela, além de conter a palavra “TABELA” e sua respectiva numeração.
2. CORPO DA TABELA - É o conjunto de linhas e colunas que contém informações sobre a variável em estudo.
Nota: A substituição de uma informação da tabela pode ser feita pelos seguintes sinais: (...) informação é coletada, mas não está disponível; (–) informação não coletada e (?) quando há dúvida da validade da informação
3. RODAPÉ - Elementos complementares da tabela:
Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados numéricos.
Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo da tabela
Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento de uma tabela que necessita de uma nota específica.
3.2 CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS
A construção de gráficos atende às mesmas finalidades da construção das tabelas, ou seja: representar os resultados de forma simples, clara e verdadeira; demonstrar a evolução do fenômeno em estudo e observar a relação dos valores analisados.
Veja que a disposição dos elementos é idêntica à das tabelas. Clique sobre cada um para ter acesso a mais informações.
Título do gráfico: Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às perguntas: o quê? Quando? e Onde? Localizado no topo do gráfico, além de contar a palavra “GRÁFICO” e sua respectiva numeração.
Corpo do gráfico: É a representação gráfica da análise efetuada
Rodapé: Elementos complementares do gráfico:
· Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados numéricos;
· Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo do gráfico;
· Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento do gráfico que necessita de uma nota específica.
Na análise criminal, se trabalha com 4 tipos de gráficos. Veja a seguir cada um deles.
Gráficos em colunas
Conjunto de retângulos dispostos verticalmente, separados por umespaço.
Gráficos de Barras
Conjunto de retângulos dispostos horizontalmente, separados por um espaço.
Gráfico 2 – Percentual da população que considera ter aumentado a delinquência nos últimos 12 meses
Gráficos em setores
Representação através de um círculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando se quer comparar cada valor de uma série com o seu total (proporção).
AULA 4 – ESTATÍSTICA DESCRITIVA
4.1 PARÂMETROS PARA DESCRIÇÃO DOS DADOS
Como você estudou anteriormente no curso, a análise descritiva envolve técnicas para organizar, resumir e descrever os dados de uma pesquisa.
Para facilitar a descrição dos dados, são utilizados alguns parâmetros que serão apresentados a seguir, didaticamente divididos em cinco grupos:
· Parâmetros para comparação relativa;
· Distribuição de frequência;
· Medidas de tendência central;
· Medidas de dispersão;
· Análise de correlação.
Estude a seguir sobre cada uma delas.
4.1.1 PARÂMETROS PARA COMPARAÇÃO RELATIVA
Proporção
É obtida a partir do cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total.
Exemplo 1:Considere 10 pessoas retidas em uma delegacia, das quais 4 são homens. A proporção de homens é de 4/10 = 0,4, ou seja, temos 0,4 homens por pessoa retida na delegacia.
Exemplo 2:Considere que 20 ocorrências são registradas em um município, das quais 10 são homicídios dolosos. A proporção de homicídios é de 10/20 = 0,5, ou seja, 0,5 homicídios por ocorrência registrada no município.
Porcentagem
As porcentagens são obtidas a partir do cálculo das proporções, simplesmente multiplicando-se o quociente obtido por 100 (a palavra porcentagem significa “por cem”). Enquanto a soma das proporções é igual a 1, a soma das porcentagens é igual a 100, a menos que as partes não sejam mutuamente exclusivas e exaustivas.
Exemplo: Considerando os exemplos de proporção, há 40% de homens entre as pessoas retidas e 50% de homicídios entre as ocorrências registradas no município
Razão
É o resultado de um número A em relação a um número B (“A dividido por B”).
Exemplo: A razão de policiais por viatura no Brasil é de (policiais)/(viaturas) = 618.613 / 76.074 = 8,13, ou seja, há 8,13 policiais por viatura.
Cabe ressaltar que a razão busca relacionar quantidades de itens diferentes, como: policiais por viatura, PIB por habitantes, recursos financeiros gastos pela polícia militar pelo total do efetivo da polícia militar etc.
A seguir, você aprenderá a calcular a proporção, a porcentagem e a razão, a partir da tabela 6.
Cálculos da proporção, porcentagem e razão – Tabela 6
Proporção de gastos com a subfunção policiamento
Gasto com a função policiamento/Gasto total > 18.591.783.723,58/51.547.486.525,76 = 0,36
Para cada real gasto com segurança pública, 36 centavos são referentes à subfunção policiamento.
Porcentagemde gastos com a subfunção policiamento 0,36 x 100 = 36%
Cerca dos 36% dos gastos com a função segurança pública no Brasil são referentes à subfunção policiamento
Razão de gastos com a subfunção policiamento por gastos com a subfunção defesa civil. Gastos com a subfunção policiamento/Gastos com a subfunção defesa civil > 18.591.783.723,58/1.630.080.129,49 = 11,40
Para cada real gasto com a subfunção defesa civil são gastos R$ 11,40 com a subfunção policiamento
4.1.2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIAS
A distribuição de frequência é o conjunto de mensurações de frequências para os dados observados.
Frequência absoluta: É o número de vezes que o valor de uma determinada variável é observado.
Frequência absoluta acumulada: É a soma das frequências absolutas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado.
Frequência relativa: É a razão da frequência absoluta pelo número total de observações.
Frequência relativa acumulada: É a soma das frequências relativas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado.
Distribuição de frequência: : É uma forma de apresentar as frequências. São apresentadas as variáveis seguidas de suas frequências absolutas.
Exemplo: número de homicídios ocorridos em 16 cidades distintas
FREQUÊNCIA ABSOLUTA
Na primeira coluna foram colocados, em ordem crescente, todos os possíveis números de homicídios ocorridos em 16 cidades. Na segunda coluna, aparecem quantas cidades sofreram aquele número de homicídios.
Observe, na tabela 8, que a frequência absoluta de 0 homicídio é um, ou seja, das 16 cidades analisadas somente uma delas teve 0 homicídio. A frequência absoluta de 3 homicídios é dois, ou seja, duas cidades tiveram 3 homicídios. A frequência absoluta de 4 homicídios é um, ou seja, uma cidade teve 4 homicídios, e assim por diante.
FREQUÊNCIA ABSOLUTA ACUMULADA
Foi construída a terceira coluna da tabela 8 somando-se à cada linha a frequência absoluta.
Na primeira linha, a frequência absoluta acumulada coincide com a frequência absoluta (1). Na segunda linha soma-se a frequência absoluta acumulada da primeira linha (1) à frequência absoluta da segunda linha (2), obtendo-se uma frequência acumulada 3. Na terceira linha, soma-se a frequência absoluta acumulada anterior (3) à frequência absoluta dessa categoria (1), sendo a frequência acumulada igual a 4, e assim por diante
FREQUÊNCIA RELATIVA
A frequência relativa é dada pela divisão da frequência absoluta da categoria pelo número total de cidades, obtendo-se o percentual das cidades que sofreram aquele número de crimes.
Para obter a frequência relativa de 0 homicídio, divide-se a frequência absoluta dessa categoria (1) pelo total (16) – (1)/(16) = 0,0625, ou seja, 0,0625 das cidades têm 0 homicídio. Da mesma forma, encontra-se que 0,125 das cidades têm 3 homicídios, 0,625 das cidades têm 4 homicídios, 0,25 das cidades têm 5 homicídios.
Multiplicando a frequência relativa por cem, encontra-se a porcentagem das cidades com determinado número de homicídios. Por exemplo: 0,0625 x 100 = 6,25, ou seja, 6,25% das cidades não sofrem homicídios.
Frequência Relativa acumulativa
É obtida de forma similar à frequência absoluta acumulada, ou seja, somando-se à cada linha a frequência relativa das categorias dos números de homicídio.
Na primeira linha, a frequência relativa acumulada coincide com a frequência relativa. Na segunda linha, ao se somar a frequência relativa acumulada da primeira linha (0,0625) à frequência relativa da segunda linha (0,125), o que resulta na frequência acumulada de 0,1875.
Histograma
O histograma é um gráfico de barras justapostas, com a área das barras proporcional à frequência absoluta.
Polígono de frequência
É a representação gráfica de uma distribuição de frequências absolutas. São gráficos de linhas que unem os pontos médios das bases superiores dos retângulos de um histograma.
Polígono de frequência acumulada
É a representação gráfica de uma distribuição de frequências absolutas acumuladas. São gráficos de linhas que unem os pontos correspondentes ao limite superior da frequência acumulada.
4.1.3 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL
As medidas de tendência central são indicadores que resumem a distribuição de um conjunto de dados. Esses indicadores devem ser utilizados quando se pretende comparar distintos grupos de dados. Por exemplo: comparações entre diferentes regiões ou comparações de uma mesma região em tempos distintos. Outras situações de utilização:
Media - É a soma de todos os resultados dividida pelo total dos casos.
Moda - É a observação que ocorre com maior frequência em uma amostra.
Mediana - É o valor da variável que ocupa a posição central nos dados, ou seja, que divide a amostra ao meio.
Como calcular a média, a moda e a mediana?
MÉDIA: Somam-se todos os homicídios ocorridos e divide-se por 16, que é o número de cidades.
Média = (0+3+3+4+5+5+5+5+6+8+9+10+12+12+14+18)/16 = 119/16 = 7,4375
MODA: O valor que ocorreu com maior frequência absoluta.
No exemplo citado, o valor 5 ocorreu mais vezes, 4 vezes.
MEDIANA: Há duas fórmulas para calcular a mediana:
Número de observação par: Mediana = (X(n/2) + X[(n/2)+1])/2
Número de observação ímpar: Mediana = X[(n+1)/2]
Para o cálculo da mediana, o primeiro passo é a ordenação crescente das observações, como mostrado no exemplo anterior (cálculo da média). Após a ordenação das observações, identifica-se cada uma delas por um índice numérico. No exemplo citado “X 2” é igual a 3, ou seja, a cidade 2, nesta sequência de cidades em ordem crescente de número de homicídios, possui 3 homicídios. No mesmo exemplo, a mediana é calculada da seguinte forma:
Outros conceitos:
Para compreender melhor os cálculos das medidas apresentadas, conheça mais três:
Taxa bruta- é o estimador mais simples para o risco de ocorrência de um evento, definindo-se como a razão entre o número de eventos ocorridos na área e o número de pessoas expostas à ocorrência desse evento. O cálculo da taxa é desenvolvido quando se precisa comparar a incidência de fenômenos entre diferentes regiões, com tamanho populacional diferente, ou uma mesma região onde a população varia com o tempo. O valor da taxa é calculado pela divisão do número de vítimas efetivas pelo tamanho da população de risco, ou seja, pelo tamanho da população que poderia sofrer esse crime, e o valor obtido é multiplicado por 100 mil.
Quartis- São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em quatro partes iguais.
Decis- São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em dez partes iguais.
Veja no exemplo a seguir como calcular os demais conceitos estudados.
Exemplo: Veja a Tabela 9 – Ocorrências de estupro registradas pelas polícias civis segundo unidade da federação (Brasil – 2010)
clique aqui para acessar a tabela
Para calcular a taxa por 100 mil habitantes de estupros considera-se a quantidade de registros de estupro como o numerador, a população como denominador e multiplica-se 100.000.
Com base na Tabela 9, o cálculo da taxa de estupros em Rondônia é efetuado pela seguinte fórmula:
(número de estupros ocorridos em Rondônia) x (100.000) = 678 x (100.000) = 43,39
(população em Rondônia) 1.562.409
A importância do cálculo da taxa é verificada, por exemplo, quando se observa que, apesar da Polícia Civil do Rio de Janeiro ter registrado 4.418 vítimas de estupro em 2010, a unidade da federação com maior incidência de estupros foi Roraima, com apenas 302 ocorrências registradas.
Dada a diferença de tamanho entre a população dessas UFs, no Rio de Janeiro foram 27,63 vítimas para cada grupo de 100.000 habitantes e, em Roraima, 67,04 vítimas para cada grupo de 100.000 habitantes.
Cálculos
Para se determinar a taxa de uma região geográfica (que reúne várias UFs) não se deve calcular a média das taxas das UFs, pois esse cálculo não leva em consideração o tamanho da população de cada UF dentro da região geográfica. O correto é somar as vítimas de todas as UFs, a população de todas as UFs e realizar o cálculo da taxa média da região geográfica.
Veja a seguir a diferença gerada a partir desses dois tipos de cálculo.
Taxada Região Sudeste: 10.719/80.364.410 x (100.000) = 13,34
Média das taxas das UFs da região Sudeste: (11,71 + 21,28 + 27,63 + 7,90)/4 = 17,13
Obs. A Lei Federal 12.015/2009 altera a conceituação de “estupro”, passando a incluir, além da conjunção carnal, os “atos libidinosos” e “atentados violentos ao pudor”
Cálculos
Moda: A amostra da taxa de estupro não apresenta moda, dado que, considerando as casas decimais, as taxas de estupro entre as 27 UFs não têm valores repetidos.
Mediana: A mediana de uma série de observações é o número que fica exatamente no meio da série quando os dados estão ordenados e o número de observações é ímpar. Caso o número de observações seja par, a mediana é a média aritmética de dois números do meio. Isso significa que, para um conjunto de dados ordenados, a mediana ocupará o centro do conjunto Mediana: 21,28
Identificação dos quartis Os quartis dividem os dados em 4 partes iguais. A identificação dos quartis pode ser exemplificada da seguinte forma:
Identificação dos quartis para a taxa de estupros (por 100 mil hab.) entre as Unidades da Federação
4.1.4 MEDIDAS DE DISPERSÃO
As medidas de dispersão são conjuntos de medidas que descrevem a variabilidade de um conjunto de dados e permitem verificar como os dados estão distribuídos em torno da tendência central.
São medidas de dispersão: Amplitude, Variância, Desvio padrão
Imagine a seguinte situação: o dono de uma microempresa pretende saber, em média, quantos produtos são produzidos por cada funcionário em um dia. O chefe tem conhecimento que nem todos conseguem fazer a mesma quantidade de peças, mas pede que seus funcionários façam um registro de sua produção em uma semana de trabalho. Ao fim desse período, chegou-se à seguinte tabela:
Para saber a produção média de seus funcionários, o chefe faz o cálculo da média aritimética de produção, isto é, a soma do número de peças produzido em cada dia dividida pela quantidade analisada de dias.
A partir desse cálculo, temos a produção diária média de cada funcionário. Mas se observarmos bem a tabela, veremos que há valores distantes da média. O funcionário B, por exemplo, produz uma média de 12,8 peças por dia. No entanto, houve um dia em que ele produziu 16 peças e outro dia em que ele confeccionou apenas 10 peças. Será que o processo utilizado pelo dono da empresa é suficiente para o seu propósito?
Para esse exemplo, ficou fácil concluir que há uma grande variação entre a produção de cada funcionário. Mas e se essa fosse uma grande empresa, com mais de mil funcionários, ou se fosse observada a produção em um ano, será que conseguiríamos definir essa variação com tanta facilidade?
O estudo da Estatisca apresenta medidas de dispersão que permitem a análise da dispersão dos dados. Inicialmente veremos a variância, uma medida de dispersão que mostra quão distantes os valores estão da média. Nesse caso, como estamos analisando todos os valores de cada funcionário, e não apenas uma “amostra”, trata-se do cálculo da variância populacional (var).
O cálculo da variância populacional é obtido através da soma dos quadrados da diferença entre cada valor e a média aritimética, dividida pela quantidade de elementos observados. Observe o cálculo simplificado para esse exemplo:
s2=∑i=1n(xi−x¯)2/n−1
se estivéssemos trabalhando com a variância amostral, dividiríamos pela quantidade de elementos observados subtraída de um (– 1). Nesse exemplo, teríamos: 5 dias – 1 = 4 dias.
Podemos afirmar que a produção diária do funcionário C é mais uniforme do que a dos demais funcionários, assim como a quantidade de peças diárias de D é a mais desigual. Quanto maior for a variância, mais distantes da média estarão os valores, e quanto menor for a variância, mais próximos os valores estarão da média.
Em algumas situações, apenas o cálculo da variância pode não ser suficiente, pois essa é uma medida de dispersão muito influenciada por valores que estão muito distantes da média. Além disso, o fato de a variância ser calculada “ao quadrado” causa uma certa camuflagem dos valores, dificultando sua interpretação. Uma alternava para solucionar esse problema é o desvio padrão, outra medida de dispersão.
O desvio padrão (dp) é simplesmente o resultado positivo da raiz quadrada da variância. Na prática, o desvio padrão indica qual é o “erro” se quiséssemos substuir um dos valores coletados pelo valor da média. Vamos agora calcular o desvio padrão da produção diária de cada funcionário:
Podemos ver a utilização do desvio padrão na apresentação da média aritimética, informando o quão “confiável” é esse valor. Isso é feito da seguinte forma:
média aritimética (x) ± desvio padrão (dp)
Se o dono da empresa de nosso exemplo pretende concluir seu relatório com a produção média diária de seus funcionários, ele fará da seguinte forma:
Funcionário A: 10,0 ± 1,41 peças por dia
Funcionário B: 12,8 ± 2,32 peças por dia
Funcionário C: 10,4 ± 1,36 peças por dia
Funcionário D: 11,0 ± 2,45 peças por dia
Fonte: MUNDO EDUCAÇÃO (Brasil). Variância e desvio padrão. Publicado por Amanda Gonçalves Ribeiro. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matemaca/variancia-desvio-padrao.htm.
Para que você entenda melhor os cálculos das medidas de dispersão, volte aos dados hipotéticos da tabela 7.
· Amplitude: É a diferença entre o maior e o menor valor dos dados analisados. Se os dados são categóricos, a amplitude é a diferença entre o limite superior da última categoria e o limite inferior da primeira categoria.
Como calcular a Amplitude?
Para calcular a amplitude subtrai-se o maior número de homicídios (que é o da cidade 16 = 18) do menor número (que é o da cidade 3 = 0).
Amplitude = 18 – 0 = 18
· Variância: É a medida do grau de dispersão dos dados em torno da média. A variância mostra em que medida os dados estão agrupados ou dispersos. A variância é representada por s².
Como calcular a variância?
Para calcular a variância na amostra, primeiramente se subtrai o número de homicídios em cada cidade (X i) da média da amostra (X) e depois esse valor é elevado ao quadrado.
Média: s2 = [2.(3 – 7,4375)]2 + (9 – 7,4375)2 + (0 – 7,4375)2 + (4 – 7,4375)2 + [4.(5 – 7,4375)]2 + (6 – 7,4375)2 + (8 – 7,4375)2 + (10 – 7,4375)2 . [2(12 – 7,4375)]2 + (14 – 7,4375)2 + (18 – 7,4375)2 = Média = 119/16 = 7,4375
Em seguida, são somadas as diferenças e o resultado é dividido pelo número de observação da amostra menos 1 (n-1). Novamente, X i representa o número de homicídios (X) que ocorreram na cidade i
Desvio Padrão: É obtido calculando a raiz quadrada da variância. O desvio padrão é representado pelo símbolo “o”
Como calcular o desvio padrão?
Após descobrir o valor da variância, calcula-se sua raiz quadrada. Esse resultado é o valor do desvio padrão
Após o diagnóstico da situação de um Estado, identifica-se que duas (2) regiões se destacam pelas altas taxas de incidência de homicídios
Comparando as medidas de dispersão das taxas municipais de homicídios para essas duas regiões, descobre-se que em uma delas os valores estão mais dispersos do que na outra região. Isso significa que, na região onde os valores estão menos dispersos, o problema da alta incidência de homicídios está distribuído de forma ampla, atingindo grande parte dos municípios da região
Na região onde os valores estão mais dispersos, ocorre o contrário: a incidência de homicídios está concentrada em alguns poucos municípios e outro conjunto significativo de municípios tem incidência baixa de homicídios. Nesse caso, identificar o grau de dispersão dos dados informará se é preciso planejar a ação tendo como foco todos os municípios da região ou apenas alguns que têm a situação mais precária
4.1.5 COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO
A análise de correlação tem como objetivo medir a intensidade ou grau de associação linear entre duas variáveis, mas sem determinar a relação funcional entre elas, ou seja, sem determinar que uma variável é responsável pela alteração da outra.
A análise é feita por meio da interpretação do coeficiente de correlação, permitindo identificar se um fator está associado a outro.

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