Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MNPEF Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física Universidade Federal do Tocantins Dissertação de Mestrado Desenvolvimento de sistemas educativos de detecção, telemetria e navegação por ondas ultrassônicas e eletromagnéticas. Autor: Ana Claúdia Carvalho Sousa Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Tocantins no Curso de Mestrado Profissional de En- sino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Fí- sica. Orientador: Prof. Dr. Nilo Maurício SOTOMAYOR Choque Co-orientadora: Profa. Dra. Érica Cupertino GOMES 14 de dezembro de 2020 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Tocantins S725d Sousa, Ana Claúdia Carvalho . Desenvolvimento de sistemas educativos de detecção, telemetria e navegação por ondas ultrassônicas e eletromagnéticas.. / Ana Claúdia Carvalho Sousa. – Araguaína, TO, 2020. 104 f. Dissertação (Mestrado Profissional) - Universidade Federal do Tocantins – Câmpus Universitário de Araguaína - Curso de Pós- Graduação (Mestrado) Profissional Nacional em Ensino de Física, 2020. Orientador: Nilo Maurício SOTOMAYOR Choque Coorientador: Érica Cupertino GOMES 1. Teoria de Aprendizagem de Ausubel. 2. Física Ondulatória. 3. Sistema de detecção, telemetria e navegação por ondas ultrassônicas e eletromagnéticas. 4. Produto educacional. I. Título CDD 530 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Elaborado pelo sistema de geração automatica de ficha catalográfica da UFT com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). 3 Agradecimentos À UFT / Polo de Araguaína e a Sociedade Brasileira de Física (SBF) pelo programa Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF); O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiço- amento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financia- mento 001. Ao orientador professor Dr. Nilo Maurício Sotomayor Choque. A Co-orientadora Prof a. Dra. Érica Cupertino Gomes. Ao Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (INEO/MCT/CNPQ) pelo suporte financeiro, à Professora Dra. Liliana Yolanda Ancalla Dávila, Coorde- nadora do Laboratório de Pesquisa em Materiais para Aplicação em Dispositivos Eletrônicos (LABMADE) junto ao INEO; Ao LABMADE pelo espaço físico concedido, suporte tecnológico fundamen- tal em meu trabalho, e principalmente a todos que colaboram com seu funcio- namento, em especial a Denisia, sempre disposta a contribuir para a realização dos trabalhos experimentais. Aos meus familiares, aos colegas que fiz durante essa trajetória em especial: Aldeires de Sousa Alves, Charlene Rose Reis Silva, Michael Monteiro Matos, Chaleilson Miranda Azevedo, Geordany Melo Correa Coelho e Gilvan de Sousa Nascimento. 4 Resumo A presente dissertação detalha a concepção, construção e teste do produto educacional integrado constituído de sistema experimental, de baixa potência, de detecção, telemetria e navegação por ondas ultrassônicas e eletromagnéti- cas juntamente com uma apostila que apresenta os fundamentos básicos dos fenômenos físicos envolvidos com a construção, funcionamento e aplicação dos dispositivos fabricados. O experimento é constituído por dois subsistemas in- dependentes: o primeiro é de detecção e telemetria de objetos empregando-se ondas de pressão de ar com frequência ultrassônica. O sistema é uma aproxi- mação, em pequena escala, de um SONAR (Sound navegation and ranging). O segundo experimento móvel de detecção que emprega ondas eletromagnéticas na faixa de frequências de rádio. Este é uma aproximação em pequena escala do princípio do RADAR (Radio detection and ranging). A construção dos dois foi possível devido ao avanço da microeletrônica, que disponibiliza atualmente, módulos eletrônicos, em um único circuito impresso e com padrão de forma compatível, sistemas de emissão e recepção de ondas ultrassônicas e eletromag- néticas. Foi empregada a Plataforma de Prototipagem Eletrônica, de acesso aberto, Arduino para a automação e controle dos dois subsistemas experimen- tais. Para o tratamento dos dados digitais e elaboração de visualização gráfica da telemetria e detecção foi empregado o Ambiente de Desenvolvimento Inte- grado, também de acesso aberto, Processing. A apostila que descreve os funda- mentos físicos dos fenômenos envolvidos com o sistema experimental construído é uma compilação em formato pdf das aulas de aplicação do produto as quais possuem animações e applets relacionados com os princípios básicos das ondas mecânicas e eletromagnéticas. Apresenta-se o conjunto como uma inovação das tecnologias da informação e comunicação concretizada em equipamentos didáti- cos para auxiliar às aulas experimentais de física no nível médio e na graduação. Como aporte teórico fizemos uma revisão da Teoria da Aprendizagem Signifi- cativa de David Ausubel, além, de trazer um reflexão sobre a importância da experimentação nas aulas de física. Palavras-chave: Sonar. Radar. Fenômenos Ondulatórios. Arduino. Apren- dizagem Significativa. Ensino de Física. 5 Abstract This dissertation details the design, construction and testing of the integra- ted educational product consisting of an experimental, low-power, wave detec- tion, telemetry and navigation system ultrasonic and electromagnetic devices together with a booklet that presents the basic fundamentals physical pheno- mena involved in the construction, operation and application of manufactured devices. The experiment consists of two independent subsystems: the first is ob- ject detection and telemetry using air pressure waves with ultrasonic frequency. O The system is a small-scale approach to SONAR (Sound navigation and ran- ging). The second mobile detection experiment that uses electromagnetic waves in the radio frequency range. This is a small-scale approach to the principle of RADAR (Radio detection and ranging). The construction of both was possi- ble due to the advance of microelectronics, which currently provides, electronic modules, in a single printed circuit and with compatible pattern, emission and reception systems ultrasonic and electromagnetic waves. The Open Access Elec- tronic Prototyping Platform was used, Arduino for the automation and control of the two experimental subsystems. For the processing of digital data and development of graphical visualization of telemetry and detection, the Deve- lopment Environment was employed Integrated, also open access, Processing. The handout that describes the physical fundamentals of the phenomena invol- ved with the constructed experimental system is a pdf compilation of product application classes which have animations and applets related to the basic prin- ciples of mechanical and electromagnetic waves. The whole is presented as an innovation in information and communication technologies achieved in didactic equipment to assist experimental physics classes at high school and undergra- duate level. As a theoretical contribution, we reviewed David Ausubel’s Theory of Meaningful Learning, in addition to bringing a reflection on the importance of experimentation in physics classes. Keywords: Sonar. Radar. Wave phenomena. Arduino. Meaningful Lear- ning. Physics teaching. 6 Sumário Agradecimentos 4 Resumo 5 Abstract 6 Introdução 9 1 Fundamentação Metodológica 13 1.1 A Teoria de Aprendizagem de Ausubel . . . . . . . . . . . . . . 13 1.2 Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação contribuindo na compreensão de fenômenos físicos . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.3 Atividades experimentais no ensino de Física e as atividades de demonstração/observação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2 Ondas Mecânicas 19 2.1 O conceito de onda . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 19 2.2 Natureza de vibração das ondas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.3 Tipos de ondas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.4 Descrição matemática da propagação . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.4.1 Parâmetros matemáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.5 Equação diferencial do movimento ondulatório . . . . . . . . . . 31 2.6 Características das ondas: Reflexão, Refração, Difração, Interfe- rência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.6.1 Reflexão de uma onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.6.2 Refração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.6.3 Difração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2.6.4 Interferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2.7 Ondas Sonoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3 Ondas Eletromagnéticas 43 3.1 Equações de Maxwell e ondas eletromagnéticas . . . . . . . . . 43 3.2 Ondas eletromagnéticas planas e a velocidade da luz . . . . . . . 46 3.3 Ondas eletromagnéticas senoidais . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 7 4 Concepção dos sistemas de detecção e telemetria e navegação 54 4.1 Fundamento do Sonar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.1.1 Concepção histórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.1.2 Princípio de funcionamento do sonar . . . . . . . . . . . 57 4.2 Fundamento do Radar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 4.2.1 Concepção histórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 4.2.2 Princípio de funcionamento do radar . . . . . . . . . . . 62 5 Aquisição de Dados 68 5.1 Sistema de telemetria, detecção e navegação . . . . . . . . . . . 69 5.1.1 Componentes físicos do protótipo . . . . . . . . . . . . . 70 5.2 Sistema de detecção e navegação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 5.2.1 Radar Doppler HB 100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 6 Aplicação do Produto 85 6.1 A Unidade Escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 6.2 A turma e organização do conteúdo . . . . . . . . . . . . . . . . 86 6.3 Sequência didática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Considerações finais 96 Referências Bibliográficas 99 A Valores dos dispositivos empregados na construção do Sonar 106 B Valores dos dispositivos empregados na construção do Radar 108 8 Introdução De forma muito geral, a Física é uma ciência que trata do estudo da origem e da composição fundamental de tudo o que existe juntamente com as suas interações, empregando esse conhecimento para a descrição da mecânica e a fenomenologia de sistemas complexos e macroscópicos. Base desse estudo é o método científico, com destaque para a experimenta- ção, como uma parte muito importante do processo. A experimentação refere-se à reprodução de determinado fenômeno físico em condições controladas em um laboratório para facilitar a aquisição da dados das variáveis envolvidas. A experimentação desempenha muitos papéis na ciência. Um dos mais im- portantes é testar teorias e fornecer a base para o conhecimento científico. Do ponto de vista da educação a experimentação no ensino de ciências desempenha um papel crucial na motivação dos alunos e na consolidação dos conhecimentos apreendidos nas aulas teóricas. Particularmente, no ensino de física a experimentação é parte importante do processo de ensino aprendizagem mas sempre houve uma grande dificuldade para o ensino fundamental, médio e de graduação de contar com laboratórios didáticos equipados e adequados. Entretanto, atualmente o acelerado desenvol- vimento tecnológico tem colocado a disposição de educadores e alunos diversos sistemas de hardware e software de acesso aberto assim como sistemas e mó- dulos eletrônicos além de plataformas de prototipagem eletrônicas e ambientes de desenvolvimento integrado. Esse conjunto de avanços tecnológicos são fre- quentemente denominadas de tecnologias de comunicação e da informação e são ferramentas que permitem o desenvolvimento de diversos tipos de experi- mentos didáticos com aquisição automática de dados assim como simuladores, animações e applets computacionais. Todo a custos muito acessíveis. Em decorrência dos avanços tecnológicos tornou-se necessário organizar e planejar a atividade de ensino de modo a permitir a interação de conhecimentos novos e daqueles já estabelecidos. Com essa visão a educação deve estar voltada para o participação plena dos indivíduos a fim de desenvolver novas competências. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe que que o ensino abarque as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) em virtude de estar cada vez mais presente 9 na vida de todos. Nessa direção, o Ensino de Física deve levar em conta os eixos que tratam do conhecimento científico e o tecnológico como resultado de uma construção humana, inseridos em um processo histórico e social [4]. O saber escolar deve levar em conta a necessidade de se aprender a viver no mundo globalizado. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de acordo com o artigo 15 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, direciona que a prática educacional abarque uma “compreensão dos fundamentos científico-tecnológico dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina” [6]. Evidencia-se que a aquisição de tecnologias em sala de aula tem a vantagem de enriquecer as experiências de aprendizagem no âmbito do ensino de Física, propiciando alternativas para o aluno compreender e relacionar os resultados obtidos e conceitos vinculados à fundamentação teórica do experimento e, as- sim trazer a física para o mundo real, como forma de articular as leis com o cotidiano. A experimentação sempre fez parte do ser humano na busca por no- vos conhecimentos, no ensino não é diferente, como reforça os PCNs-Parâmetros curriculares Nacionais: A abordagem da ciência por meio de experimentos didáticos tem uma grande importância na aprendizagem dos estudantes, pois é na prática, motivados por sua curiosidade, que os alunos buscam novas descobertas, questionam sobre diversos assuntos, e o mais im- portante, proporciona uma aprendizagem mais significativa. Tendo em vista que nos experimentos os conhecimentos prévios dos alunos, sendo levados em consideração, podem auxiliá-los bastante para a apreensão de novos conhecimentos. E isso sendo feito de forma prática, algo que atrai geralmente os alunos. (BRASIL, 2000). É conhecido que as escolas públicas do Brasil, em sua grande maioria, são carentes de laboratórios para o Ensino de Física. Esse número ainda é menor em relação ao uso de simuladores computacionais ou tecnologias. O motivo vem de vários fatores, dentre eles: falta de recursos, formação docente, tempo para organizar uma atividade com simuladores o que demanda vários testes, sequências didáticas disponíveis, etc. Para estimular o enriquecimento dos laboratórios de física e visando de re- lacionar os conceitos dos fenômenos ondulatórios, foi elaborado um produto educacional usando as TDICs, mais precisamente simuladores computacionais, o Ambiente de Desenvolvimento Integrado Processing, e a plataforma de pro- totipagem eletrônica de acesso aberto Arduino. Com isso, foram construídos dois sistemas tecnológicos com materiais de baixo custo, usando a prototipagem eletrônica e os módulos sensoriais compa- 10 tíveis além de sofwares gratuitos Arduino e Processing, para a construção de sistemas semelhantes ao Sonar (Telemetria e Navegação por ondas ultrassôni- cas), e o Radar (Telemetria e Dectecção por ondas de rádio), para aplicações de baixa potência com propósito educativo. Foi levado em conta o estudo dos fenômenos ondulatórios por estar presente em cada momento de nossas vidas como na fala, no bombeamento do sangue, nos elementos da natureza, etc, ou seja, sem elas não existiria vida na terra. Pois, tudo o que existe pode estar vibrando inclusive os campos elétricos, magnéticos e gravitacionais, sendoindispensável o conhecimento de suas leis básicas. A grande dificuldade em ensinar o formalismo destes conceitos e dos alunos em compreender é quanto a suas aplicações e visualização no cotidiano. Logo, hoje é possível construir aproximações desses sistemas, o Radar e Sonar, por meio do emprego de módulos eletrônicos, plataformas de prototipa- gem eletrônica e códigos para automação e controle destes sistemas, com fins didáticos. O que até um certo tempo era impossível, por se tratar de disposi- tivos inacessíveis ao público tanto em relação ao preço quanto a tamanho dos módulos. O Sonar é um instrumento que consegue emite ondas de pressão de ar, e de- tectar objetos que refletem essas ondas usando um sensor específico. As ondas de pressão de ar são ultrassônicas (alta frequência), e são as mesmas utilizadas para visualizar um bebê na ultrassonografia, no aparelho de instrumentação médica emite ondas de pressão de ar através de um dispositivo eletrônico e elas são refletidas pelo corpo do bebê e detectadas por um arranjo de sensores os quais convertem os sinais de pressão em sinais elétricos através de um conver- sor analógico-digital de algum microcontrolador transformando finalmente esses sinais em uma imagem através de um processo de aquisição de dados. Já o Radar é um dispositivo que emite ondas eletromagnéticas na faixa de frequências de rádio do espectro eletromagnético. Ele permite detectar objetos diversos no seu raio de ação e aferir suas distâncias. Esses sistemas são aplicados no tráfego aéreo para verificar distâncias, meteorologia, percurso entre cidades e em vias públicas para controlar a velocidade dos veículos. A estratégia de ensino para a aplicação do produto foi a experimentação didática com modelagem e simulações computacionais com suporte da aprendi- zagem significativa de David Paul Ausubel. O direcionamento das atividades de experimentação foi a de demonstração/observação, ou seja, possibilitar a ilus- tração de alguns aspectos dos fenômenos físicos abordados, tornando de forma perceptíveis e com possibilidade de propiciar aos estudantes a elaboração de representações concretas referenciadas. Este trabalho está dividido em sete capítulos. Inicialmente será explanada a fundamentação teórica destacando a Aprendizagem Significativa de Ausubel 11 com apontamentos da estratégia de ensino com base nas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, atividades experimentais no ensino de Física e as atividades de demonstração/observação. Em seguida será realizada uma breve descrição dos principais fundamentos das ondas mecânicas, e no terceiro capítulo uma abordagem semelhante em relação às ondas eletromagnéticas. No quarto capítulo, terá a explicação sobre a concepção dos sistemas de detecção e telemetria e navegação, com a concepção histórica do radar e do sonar, assim como o princípio de funcionamento de ambos. No quinto serão tratados conceitos fundamentais sobre a aquisição de da- dos, automação e controle de sistemas eletrônicos. Além da apresentação dos módulos HC-SR04 e HB-100 utilizados no desenvolvimento dos sistemas. Depois as considerações teóricas usadas para desenvolver o produto, uma descrição da aplicação e o relato da experiência da implementação em sala de aula das plataformas de prototipagem eletrônicas. Finalmente, as considerações possibilitando a retomada dos objetivos e do problema da pesquisa, tendo em vista os resultados obtidos. A partir do resgate reflexivo, do conhecimento da realidade e das publicações relativas à temática abordada, surgem encaminhamentos que viabilizam o uso da experimentação no Ensino da Física. 12 Capítulo 1 Fundamentação Metodológica 1.1 A Teoria de Aprendizagem de Ausubel David Ausubel, autor da Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) , nos conduz a repensar sobre o processo de aprender e ensinar. Representante do cognitivismo defende que para ocorrer uma Aprendizagem Significativa (AS) as novas ideias, quando relevantes, devem relacionar-se com os conhecimentos prévios, subsunçor, já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Essa estrutura é considerada um conjunto de informações, ideias, e concei- tos, existentes de forma hierárquica. Nela se ancora as novas ideias que são internalizadas e apreendidas. A ação não é feita de forma arbitrária- mecânica, mas de forma lógica, as informações são ancoradas em estruturas já existentes. Os subsunçores são as informações já existentes na estrutura cognitiva cons- truida ao longo da vida com as aprendizagens. Eles servem como base para os novos conhecimentos ou para tornar um conhecimento mais estável e rico, ou ainda servir de ideia-âncora de outros conceitos facilitando assim novas apren- dizagens. A construção de um subsunçor, segundo Moreira (2012, pág.10), pode acon- tecer pelos processos de “inferência, abstração, discriminação, descobrimento, representação, envolvidos em sucessivos encontros do sujeito com instãncias de objetos, eventos, conceitos”. Isto é, os primeiros subsunçores manifestam-se com a interação com o meio, quando atribuímos significados aos objetos construídos socialmente ao longo do tempo. Por meio de aquisição de novos conhecimentos alguns subsunçores surgem e outros ficam mais estáveis e ricos, dependendo da frenquência em que ele é explorado. A clareza , a estabilidade cognitiva, a abrangência, a diferenci- ação de um subsunçor variam ao longo do tempo, ou melhor, das aprendizagens significativas do sujeito. Trata-se de um conheci- mento dinâmico, não estático, que pode evoluir e, inclusive involuir. ([28], 2012, pág. 4). 13 Para ocorrer uma AS, Ausubel especifica duas condições imprescindíveis, a elaboração de materiais potencialmente significativos, como também uma pre- disposição do aluno em aprender. O material deve seguir uma ordem psicológica de aprendizagem, começando pelos conceitos gerais e a seguir os específicos. Eles podem ajudar na construção de novos subsunçores caso a aluno não possua na sua estrutura cognitiva. [...] o aluno pode querer dar significado aos novos conhecimen- tos e não ter conhecimento prévios adequados, ou material didático não ter significado lógico, e aí voltamos a primeira condiçao: o material dever ser potencialmente significativo. ([28],2012,pág.9) É interessante que o professor, ao utilizar os materiais potencialmente signi- ficativos sempre busque rever os organizadores prévios dos alunos, reforçando os conhecimentos relevantes para um novo conceito que deseja ensinar. Os orga- nizadores prévios são recursos intrucionais com duas vertentes: os expositivos- aqueles conceitos que os alunos não conhecem, mas é preciso para entender um novo saber, e os comparativos aquilo que já é familiar podendo ser apresentados aos subsunçores de imediato ao conceito. [...] os organizadores prévios podem ser usados para suprir a deficiência de subsunçores ou para mostrar a relacionalidade e a discriminalidade entre novos conhecimentos e conhecimentos já existentes, ou seja, subsunçores. ([28], 2012,pág 11) A vantagem de um ensino potencialmente significativo e de uma aprendi- zagem significativa é que as informações são relacionadas com os saberes exis- tistentes na estrutura cognitiva, e uma vez aprendido um conceito é mais facíl reaprender ou relembrá-lo. Diferentemente da aprendizagem mecânica que o aluno decora e depois esquece como se nunca estivesse estudado aquele con- ceito. Como verificar a aprendizagem do aluno? Pela as manifestações individuais diante daquele conceito externalizado, como um diálogo. Para Moreira (2012), só há ensino se tiver aprendizagem. Outra estratégia didática é a utilização de mapas conceituais e atividades colaborativas. A segunda funciona com formação de pequenos grupos de alunos em eles possam construir o conhecimento de forma interativa, e o papel do professor nesse processo é de mediação. O retorno da informação ou do processo- feedback, dos alunos, segundo Mo- reira [28], deve ser avaliado por meio da captação do significado, pela capacidade de transferência,ao explorar situações não conhecidas. O docente pode propor situações novas, sempre buscando evidências do processo, incentivando o aluno a explicar, justificar e relacionar suas respostas. 14 1.2 Tecnologias Digitais da Informação e Co- municação contribuindo na compreensão de fenômenos físicos Embora existam trabalhos sobre as vantagens de utilizar as TDICs, segundo Haag [8], as dificuldades e/ou limitações que os professores encontram impedem a utilização das mesmas. As tecnologias no Ensino de Física tiveram pouco avanço se comparado com os países de primeiro mundo. Essa defasagem, [8], se deve a três fatores: i) somente nos últimos anos microcomputadores estão sendo in- troduzidos nas escolas, ii) até recentemente os sistemas de aquisição de dados disponíveis requeriam interfaces externas ao computador, importadas e caras (só muito recentemente surgiram ofertas nacio- nais), iii) o desconhecimento por parte da maioria dos professores da possibilidade de confecção de sistemas de aquisição automática de baixo custo e fácil desenvolvimento. ([8], pág 70, 2005) Com essa defasagem é necessário inserir cada vez mais as tecnologias em experimentação no Ensino de Física como os de aquisição automática de dados no laboratório didático de Física, e aumentar o número de pesquisas em meto- dologia com uso das TDICs. O professor deve se inteirar das novas tecnológicas buscando novos conhecimentos em cursos de capacitação ou em estudos dirigi- dos. Os motivos para inserir aquisição automatizada de dados em laboratórios didáticos, conforme Haag [8] é de: i)Enriquecer as experiências de aprendizagem propiciando ou- tras alternativas para o aluno compreender e relacionar os resulta- dos obtidos e os conceitos vinculados à fundamentação teórica do experimento e, assim, trazer a Física escondida entre os números e fórmulas para o “número real”. ii) Alfabetização científica. iii) Per- mitir que aluno manipule os sensores, que faça medidas manuais, para observar o efeito de variações de grandezas físicas sobre sen- sores, que trabalhe com sistemas de detecção, que explore software para, somente então, operar sistemas automáticos de aquisição de dados. (pág 70, 2005) Uma possível saída para esta problemática é a possibilidade de desenvolver experimentações a baixo custo com sensores e microcontroladores de fácil acesso com conversores digitais e analógicos como o Arduino. Experimentos de baixo custo não são, exatamente, uma novidade, alguns professores têm utilizam pela 15 facilidade de montagem e exemplificação de fenômenos físicos em ambientes desprovidos de um laboratório didático. Os microcontroladores eletrônicos tornam-se uma opção interessante na cri- ação de dispositivos de baixo custo, pois possuem capacidade de medições com precisão adequada e com grande versatilidade de aplicações. Porém sua utiliza- ção possui uma forte resistência devido a necessidade de conhecimentos prévios de eletrônica básica e de programação, o que por si só restringe o público-alvo e seu viés de divulgação científica. Neste cenário, a plataforma Arduino pode ser uma opção extremamente barata e de fácil programação, não exigindo muito conhecimento prévio em programação e eletrônica. Além disso, esta plataforma é de acesso livre, sendo seus códigos amplamente compartilhado pelos seus diversos usuários na internet. A maior vantagem do Arduino em relação a outras platafor- mas de desenvolvimento de microcontroladores é a sua facilidade de utilização, o que permite que pessoas que não sejam de áreas téc- nicas possam aprender o básico e criar seus próprios projetos em um período relativamente curto. Artistas, em especial, parecem considerá-lo a maneira ideal para criar obras de arte interativas ra- pidamente, sem a necessidade de um conhecimento especializado em eletrônica. Há uma imensa comunidade de pessoas usando Ar- duino e compartilhando seus códigos e diagramas de circuito para que outros os copiem e modifiquem. ([9],2011,p.24 [9] ) Dentre as linguagens disponíveis o Processing foi escolhido por apresentar grande similaridade com a linguagem utilizada para a programação Arduino. O Processing é um software usado como um caderno de desenho virtual sendo possível a produção de objetos gráficos em 2D e 3D, animações, interações etc. O canal utilizado para a comunicação entre o Arduino e o Processing é a conexão serial estabelecida através de uma interface USB (abreviatura de Universal Serial Bus, em português, porta serial universal) entre o computador e a placa Arduino. No Arduino a comunicação é estabelecida com a biblioteca serial que já está inclusa em sua IDE-Ambiente de Desenvolvimento Integrado. Com a comunicação serial estabelecida entre o Arduino e o Processing, é possível apresentar medidas de forma gráfica e em tempo real na tela do com- putador. A partir dessa estrutura, é possível criar os objetos educacionais de baixo custo, a fim de contribuir para o desenvolvimento de uma metodologia alterna- tiva para o Ensino de Física em nossas escolas. 16 1.3 Atividades experimentais no ensino de Fí- sica e as atividades de demonstração/ob- servação Os experimentos didáticos no Ensino de Física são cruciais para o enten- dimento de certos conceitos físicos. Podem ser usados em laboratórios ou em sala de aula. Na prática os alunos conseguem buscar novos conhecimentos, o que gera uma motivação em aprender, pois os conceitos estão sendo vivenciados durante a atividade. Isso se justifica, pois As atividades experimentais permitem aos alunos o contato com o objeto concreto, tirando-os da zona de equilíbrio e colocando- os em zona de conflito, construindo mais conhecimentos e posteri- ormente retornando a zona de equilíbrio. ([5], 2018,p.2). O uso da experimentação conforme aponta a BNCC- Base Nacional Comum Curricular, deve abordar temas da vivencia do aluno, da escola e do cotidiano de todos. No intuito de a experimentação proporcionar a Aprendizagem Significa- tiva os experimentos não devem ser realizados de qualquer jeito. Logo, existem vários tipos de experimentação, ou seja, o grau de direcionamento das atividades propostas podendo ser de [7]: demonstração, verificação e investigação. Na atividade de demonstração os experimentos têm o objetivo de ilustrar algum fenômeno físico e elaborar representações concretas. Essas atividades têm dois procedimentos metodológicos distintos, a saber, o de demonstrações fechadas e demonstrações/observação abertas. No primeiro procedimento o professor realiza a atividade sem intervenção dos alunos, ao contrário do segundo, no qual há uma maior abertura de discussões entre os alunos e o professor sobre a atividade executada, com possiblidade de exploração mais profunda do tema abordado. A compreensão de um fenômeno através de uma demonstração pode permitir aos alunos compreender o funcionamento de outros equipamentos e generalizar o comportamento dos sistemas observa- dos para outras situações em que estes mesmos fenômenos estejam presentes. ([7], pág 181, 2003) E ainda de acordo com Araújo ([7], pág. 181, 2003) “o uso de atividade de demonstração também é defendida no processo de formação docente para uma prática mais eficiente”. A utilização de computadores pode auxiliar nas ativi- dades de demonstrações, destacando a possibilidade de facilitar a compreensão dos fenômenos físicos estudados com ajuda de softwares. A atividade de verificação, segundo Araújo (2003), são experimentos que buscam a validade de alguma lei física, ou os limites de validade. Essa ati- vidade é usada na interpretação de dados e parâmetros observados durante o 17 comportamento de diferentes sistemas físicos, e ainda a verificação de acordo com Araujo ([7], pág. 183, 2003) “serve para motivar os alunos, as atividades de verificação podem contribuir para tornar o ensino mais realista, no sentido de evitar erros conceituais observados em livros-textos”. A atividade de investigação consiste em buscar informações causais para alcançar um novo patamar de aprendizagemdos conceitos abordados, o que leva um maior tempo de estudo por parte dos estudantes, uma vez que as etapas de execução, análise e conclusões demandam grande envolvimento. Por fim, Araújo [7] aponta dois aspectos fundamentais para a eficiência desta estratégia: a) Capacidade de estimular a participação ativa dos estudan- tes, despertando sua curiosidade e interesse, favorecendo um efetivo envolvimento com sua aprendizagem. b) Tendência em propiciar a construção de um ambiente motivador, agradável, estimulante e rico em situações novas e desafiadoras que, quando bem emprega- das, aumentam a probabilidade de que sejam elaborados conheci- mentos e sejam desenvolvidas habilidades, atitudes e competências relacionadas ao fazer e entender a Ciência. ([7], pág 190,2003) Além disso a experimentação deve estar bem organizada para que os alunos entendam quais os objetivos a serem alcançados, para fazer sentido a eles. 18 Capítulo 2 Ondas Mecânicas O movimento ondulatório está presente em cada momento de nossas vidas como, por exemplo, a fala, o bombeamento do sangue, os elementos da natu- reza como tremores sísmicos, ondulações em um lago etc. Sem os fenômenos ondulatórios não existiria vida na Terra, pois, tudo o que existe estar vibrando inclusive os campos elétricos, magnéticos e gravitacionais, moléculas, átomos, partículas subatômicas, partículas elementares, os próprios campos quânticos, sendo indispensável o conhecimento de suas leis básicas. Na Física Clássica são definidas ondas mecânicas e ondas eletromagnéticas. As primeiras são perturbações que se propagam em meios materiais e as eletro- magnéticas são, de um ponto de vista genérico, de campos quânticos que podem se propagar no vácuo. 2.1 O conceito de onda Para se entender o conceito de onda é necessário analisar a seguinte situ- ação. Considere-se uma corda tensionada (meio material), bem longa (figura 2.1). Fixa-se uma de suas extremidades. Um pessoa sacode bruscamente a corda para cima, em seguida, para baixo, provocando nesse ponto uma pertur- bação. Ela é provocada em uma das extremidades da corda, e percorre até a outra extremidade sem que nenhum ponto da corda tenha sofrido deslocamento lateral, que se propaga ao longo da corda recebe o nome de onda, neste caso transversal. Isso ocorre porque se trata de um meio elástico, isto é, um meio que, sofre uma modificação, tende a retornar à sua posição inicial. A pessoa ao sacudir a extremidade que está segurando, provoca uma modificação na corda. Mas como este tente a retornar à sua posição inicial, a perturbação se afasta do ponto onde foi originada. No exemplo, a perturbação denomina-se pulso e o movimento do pulso constitui uma onda. 19 a) b) c) Figura 2.1: (a) A corda presa em uma de suas extremidade, foi tencionada. (b) A corda é movimentada para cima e para baixo originando um pulso que se desloca de forma horizontal. (c) A propagação de um pulso ao longo da corda. Fonte: Elaborado pelo autor. Logo, denomina-se onda uma perturbação que gera o transporte de energia sem o transporte da matéria. Voltando ao exemplo anterior, a fonte do movimento é a mão da pessoa e o meio que a onda se propaga é a corda. Quando é feito o movimento para cima e para baixo, numa direção perpendicular à de propagação da onda, as matérias se movimentam indicando que ela recebeu energia da onda, mas ela não acompanha a propagação da onda, mostrando que não há transporte de matéria. Considere-se este outro exemplo, deixa-se cair uma pedrinha sobre a superfí- cie de um lago com água parada (figura 2.2), o movimento produzido se propaga sob forma de uma onda circular, com centro no ponto perturbado. Figura 2.2: Quando a pedra cai sob a superfície de um lago provoca um movi- mento de forma circular. Fonte: [10] 20 Ao coloca-se uma rolha na superfície da água observa-se que ela flutua quando passa a perturbação, o curioso é que ela não será transportada pela onda. Verifica-se que a rolha se movimenta para cima e para baixo e, ao mesmo tempo, sofre um pequeno deslocamento para a frente e para trás, revelando que ela recebeu energia da onda (figura 2.3). P P P Figura 2.3: Na figura acima, a rolha que flutua na superfície da água é atingida por um trem de ondas. Pode-se observar que ela vibra tanto transversalmente como longitudinalmente. Fonte: Adaptada [11] Nota-se que uma onda é definida como uma perturbação capaz de transpor- tar energia, no entanto a matéria permanece no mesmo lugar. Algumas ondas precisam de um meio material para se propagar é o caso, por exemplo, de uma corda tensionda. Já outras conseguem se propagar no vácuo, como a luz. 2.2 Natureza de vibração das ondas Quando à sua natureza, as ondas se classificam em mecânicas e eletromag- néticas. As ondas mecânicas são aquelas cuja dinâmica é descrita pelas Leis de New- ton e precisam de um meio material para se propagar, como a água, o ar ou rochas. São originadas pela deformação de uma região de um meio elástico, não se propagam no vácuo. 21 Um exemplo muito importante de ondas dessa natureza são as ondas so- noras que se propagam no ar, líquidos e sólidos. Ondas eletromagnéticas são perturbações de campos elétricos e magnéti- cos originadas por cargas elétricas ou correntes elétricas oscilantes. Elas não necessitam obrigatoriamente de um meio para se propagarem. Todas elas se propagam no vácuo com a mesma velocidade, c = 299792458 m/s[56]. As ondas eletromagnéticas são transversais e as ondas mecânicas podem ser transversais, longitudinais ou mistas. Vamos entender melhor quanto a direção de propagação das ondas. 2.3 Tipos de ondas Por definição uma onda transversal é aquela em que a perturbação do meio é perpendicular à direção de propagação da onda. Como, por exemplo, ondas em uma mola (figura 2.4), ou ondas em uma corda tensionada, no violão. Quando movimentada para cima e para baixo, uma onda se propagará ao longo da mola horizontalmente, de forma que a direção de propagação da onda é perpendicular à direção de vibração. Ondas que se propagam numa corda e ondas eletromagnéticas são exemplos de ondas transversais. Direção de vibração Propagação Figura 2.4: Ondas transversais são aquelas que a direção de vibração é vertical e a de propagação é horizontal, ou seja, perpendicular. Fonte: Adaptado [12] Uma onda longitudinal, por definição, é aquela em que a direção da per- turbação é a mesma na qual se efetua a propagação da onda. Considerando uma mola (figura2.5) fazendo o movimento de ida e volta, a direção de vibra- ção coincide com a direção de propagação. Um exemplo clássico de propagação longitudinal é o som. Nota-se que os pontos do meio oscilam na mesma direção de propagação da onda, se comprimindo (compressão) e depois espalhando (rarefação). Para 22 Direção de vibração Direção de propagação Compressão Rarefação Figura 2.5: Aqui temos um exemplo de ondas longitudinais em que a direção de propagação coincide com a direção de vibração. O transporte da energia se dá por compressão e rarefação ao longo da mola. Fonte:Adaptada [13] entender a propagação das ondas é preciso estabelecer parâmetros matemáticos para descrever qualquer tipo de onda, então é necessário aprofundar o conheci- mento sobre a descrição da propagação de uma onda transversal, pois, a partir dela pode-se escrever qualquer tipo de onda, seja ela mecânica ou eletromagné- tica. 2.4 Descrição matemática da propagação Para descrever perfeitamente uma onda em uma corda precisamos de uma função que forneça a forma da onda. Necessitamos de uma descrição mais detalhada de posição e movimentos de partículas individuais do meio em função do tempo durante a propagação da onda. Será realizado o estudo das ondas no caso mais simples, as que propagam apenas em uma direção. É o caso das ondas transversais em uma corda. Considere-se uma função y = f(x), representada de forma gráfica pela curva sólida (figura 2.6). Agora, é realizada a substituição x por x− a, obtém-se a função y = f(x− a) (2.1) Evidentemente, a forma da curvanão foi mudada, os mesmos valores de y ocorrem para os valores de x acrescido pela quantidade a. De forma, quando a for positivo, a curva se desloca para a direita de uma quantidade a. Agora, é realizada a substituição de x por x+ a, e obtém-se a função y = f(x+ a) (2.2) 23 y x aa y=f(x-a)y=f(x)y=f(x+a) aa Figura 2.6: Translação da função sem distorção. Fonte: Adaptado [14], pág 261, 2015. Isso quer dizer, quando for f(x+ a) a curva se deslocará para a esquerda de a unidades de comprimento. A distância a, figura (2.6), é o deslocamento da onda sob o eixo x. Então, pode-se associar a equação da velocidade do Movimento Retilíneo Uniforme (MRU), que diz v = ∆s∆t (2.3) Logo, sabendo que o deslocamento ∆s, nesse caso, é a, com tempo t, então v = a t (2.4) a = vt (2.5) Obtém-se a função da curva que move para a direita com velocidade v cha- mada velocidade de fase, da seguinte forma y = f(x− vt) (2.6) De forma análoga, quando a curva se move para a esquerda com velocidade v, obtém-se a função y = f(x+ vt). (2.7) Logo, a função depende de duas variáveis x e t, formando a expressão ma- temática, y = f(x± vt) (2.8) 24 A descrição que se propaga sem deformação ao longo do eixo x, denomina-se de movimento ondulatório, figura (2.7). x x x y y y v v vv x x x x x x x x x y= f(x-vt) y= f(x+vt) (a) (b) (c ) Figura 2.7: Propagação de uma onda sem distorção (a) para a direita e (b) para a esquerda (c) As ondas que se propagam em direções opostas produzem efeitos aditivos onde elas interferam. Fonte: Adaptado [14], pág 262, 2015. Isso significa que é necessária uma relação da forma y = f(x, t), onde y é o deslocamento transversal de um elemento da corda e f como a função do tempo t e da posição x do elemento na corda. Toda forma senoidal de onda pode ser descrita tomando f como a função seno ou uma função cosseno, ambas fornecem a mesma forma para a onda. Neste tópico usa-se a função seno. Pode-se agora descrever a mais importante das ondas, que é a onda harmô- nica, a partir dela pode-se descrever qualquer tipo de onda. O movimento harmônico simples é um tipo de movimento periódico oscilatório. Para descrever a equação da onda, vamos tomar uma onda transversal que se propaga no eixo x do referencial considerado e no sentido desse eixo, com velocidade de módulo v (figura 2.8). O padrão espacial se desloca no espaço em relação ao tempo, a figura 2.8 mostra a onda no instante de tempo (t = 0) e num instante genérica (t 6= 0). As ondas harmônicas em qualquer instante de tempo são representadas pela função harmônica (seno ou cosseno). Assim, para t = 0, escreve-se y(x, 0) = A sen bx (2.9) Em que A é a amplitude da onda, e b uma constante que pode-se deter- minar. O padrão da onda repete-se periodicamente ao longo do eixo x. O período espacial é, por definição, o comprimento de onda (λ), temos 25 0 A -A y x Figura 2.8: Descreve uma onda transversal que se propaga no eixo x com velo- cidade v com tempo t = 0 e t 6= 0. Fonte: Adaptado [15], pág 63, 2010. y(x+ λ, 0) = y(x, 0) (2.10) então, y(x+ λ, 0) = A sen [b(x+ λ)] (2.11) Comparando-se as equações 2.9 e 2.11, temos: A sen[b(x+ λ)] = A sen bx (2.12) sen [b(x+ λ)] = sen bx (2.13) usando-se a identidade trigonométrica, tem-se: sen(x+ 2π) = senx (2.14) Pode-se concluir de 2.13 e 2.14, que, bλ = 2π (2.15) b = 2π λ (2.16) Será especificada essa informação com uma constante k que chamada de número de onda, de forma que b = k. Por isso, a expressão 2.9 pode ser escrita em t = 0 como 26 y(x, 0) = A sen kx (2.17) Por outro lado, tomando os pontos x′ e x, figura 2.8, de modo que x− x′ = vt (2.18) x ′ = x− vt (2.19) A distância percorrida pela onda durante o intervalo de tempo t, temos y(x, t) = y(x′ , 0) (2.20) y(x, t) = y(x− vt, 0) (2.21) Com isso, comparando com a equação 2.9 y(x− vt, 0) = A sen [b(x− vt)] (2.22) Asen[b(x− vt)] = Asen bx (2.23) Como b = k podemos escrever, a equação 2.23, como A sen[k(x− vt)] = A sen kx (2.24) Empregando-se a identidade trigonométrica, temos sen(x+ 2π) = sen x (2.25) Comparando 2.24 com 2.25 kvt = 2π (2.26) kv = 2π t (2.27) A frequência angular (ω) é definida como o número de oscilações da onda. kv = ω (2.28) v = ω k (2.29) então, usando v = ω/k, temos 27 y(x, t) = A sen [b(x− vt)] (2.30) = A sen (bx− bvt) (2.31) = A sen (kx− kvt) (2.32) y(x, t) = A sen (kx− ωt) (2.33) Esta equação, 2.33, representa uma situação em que y = 0 para x = 0 e t = 0. A equação geral da onda que se propaga sobre o eixo x no mesmo sentido que aquela considerada positiva para esse eixo é y(x, t) = A sen(k x − ω t + φ). (2.34) De forma, que φ é chamado de fase inicial. Repetindo a demostração acima substituindo v por −v obtemos a equação de onda que se propaga em sentido contrário àquele considerado positivo para o eixo x y(x, t) = A sen(k x + ω t + φ). (2.35) As equações gerais 2.34 e 2.35 valem também para as ondas longitudinais. 2.4.1 Parâmetros matemáticos Agora será analisada o significado de cada variável da equação de uma onda senoidal se propagando no sentido positivo de um eixo x, o que é de forma análoga para o sentido contrário. Quando a onda passa por elementos sucessivos da corda os elementos oscilam paralelamente ao eixo y. Em certo instante t o deslocamento y do elemento da corda situado na posição x é dado por y = f(x, t) = Asen(kx− ωt) (2.36) Como esta equação está descrita em termos da posição x, ela pode ser usada para calcular os deslocamentos de todos os elementos da corda em função do tempo. Assim, pode nos dizer qual é a forma da onda em qualquer instante de tempo e como esta forma varia quando a onda se move ao longo da corda. Os nomes das grandezas, equação 2.36, são definidos por: • y(x, t) - a onda unidimensional é função de duas variáveis. Sig- nifica o deslocamento da onda no sentido vertical. • A - Amplitude 28 • kx− ωt - Fase da onda • k - Número de onda • x- Coordenada espacial • ω - Frequência ângular • t- Coordenada temporal A amplitude A de uma onda é o módulo do deslocamento máximo dos elementos a partir da posição de equilíbrio quando a corda passa por eles. Como é um módulo, é sempre um grandeza positiva. A fase da onda é o argumento kx− ωt do seno da equação 2.36. Quando a onda passa por um elemento da corda em uma certa posição x a fase varia linearmente com o tempo t. Isso significa que o seno também varia, oscilando de +1 e −1. O valor extremo positivo (+1) corresponde à passagem pelo elemento de pico da onda, nessse instante, o valor de y na posição x é A. O valor extremo negativo (−1) corresponde à passagem pelo elemento de um vale da onda, nesse instante, o valor de y na posição x é −A. Assim, a função seno e a varição com o tempo da fase da onda correspondem à oscilação de um elemento da corda, e a amplitude da onda determina os extremos do deslocamento do elemento. O comprimento de onda λ de uma onda é a distância (paralela à direção de propagação da onda) entre repetições do padrão de forma da onda. Um comprimento de onda típico, está indicado na figura2.8, que é um instantâneo da onda em t = 0. Nesse instante, a equação fornece a seguinte forma da equação 2.17. Uma função seno começa a se repetir quando o seu ângulo (ou argumento) aumenta de 2π rad, assim devemos ter kλ = 2π, ou k = 2π λ (2.37) O parâmetro k é chamado de número de onda; sua unidade no SI é o radiano por metro, ou m−1. Define-se o período T de oscilação de uma onda como o tempo que um elemento da corda leva para realizar uma oscilação completa. Esta equação é satisfeita apenas se ωT = 2π , ou ω = 2π T (2.38) O parâmetro ω é chamado de frequência angular da onda; sua unidade no SI é o radiano por segundo. 29 A frequência f de uma onda é definida como 1/T e está realacionada à frequência angular ω através da equação f = 1 T = ω2π (2.39) De mesmo modo que a frequência do oscilador harmônico simples, a frequên- cia f é o número de oscilações por unidade de tempo; nesse caso, o número de oscilações realizadas por umelemento da corda. O f é medida em hertz ou seus múltiplos, como, por exemplo, o quilohertz. O valor de φ pode ser escolhido de tal forma que a função forneça outro deslocamento e inclinação em x = 0 para t = 0. E v velocidade da onda, que podemos definir. Considere o deslocamento deve permanecer constante: kx− ωt = constante (2.40) Observe que, embora este argumento seja constante, tanto x quanto t estão variando. Na verdade, quando t aumenta x deve aumentar também, para que o argumento permaneça constante. Isso confirma o fato de que a forma de onda se move no sentido positivo de x. Para determinar a velocidade v da onda deriva-se a equação 2.40, em relação ao tempo, obtemos: k dx dt − ω = 0 (2.41) ou dx dt = v = ω k (2.42) Usando a equação (k = 2π/λ), (v = ω/k) e (ω = 2π/T ) pode-se escrever a velocidade da onda da forma λ = 2π k = ω T k = ωT ω/v = ω T v ω = v T (2.43) Sabendo da equação 2.39, pode-se concluir que a velocidade pode ser calcu- lada como relacionando a velocidade e a fequência. v = λ T = λ f (2.44) A equação v = λ/T indica que a velocidade da onda é igual a um compri- mento de onda por período; a onda se desloca de uma distância igual a um compirmento de onda em um período de oscilação. O módulo da velocidade de propagação de uma onda transversal numa corda é dado pela expressão: 30 v = √ τ µ (2.45) em que τ representa o módulo das forças de tensão aplicadas à corda e µ, a densidade linear, isto é, o cociente da massa da corda pelo seu comprimento. Contudo, o módulo da velocidade de propagação muda porque é função das propriedades físicas do meio e como f = v/λ, o comprimento de onda também muda. Por isso, podemos caracterizar uma onda que passa de um meio para outro apenas pela sua frequência. Concluindo, pode-se expressar uma onda de forma arbitrária, dada por y(x, t) = f(kx± ωt) (2.46) onde f representa qualquer função, sendo a função seno apenas uma das possibilidades. Todas as ondas nas quais as variáveis x e t aparecem em uma combinação da forma kx± ωt são ondas progressivas. 2.5 Equação diferencial do movimento ondula- tório Será derivada a equação geral, em um dimensão, de uma onda transversal, esta equação diferencial parcial de 2o ordem é importante para a descrição da dinâmica de propagação das ondas. Para isso será aplicada a equação da segunda lei de Newton a um elemento diferencial de um segmento de corda. Considere-se uma seção AB do fio, de comprimento dx, que foi deslocado a uma distância ξ de sua posição de equilíbrio. Em cada extremidade está agindo uma força tangencial #»T , de módulo T (figura 2.9). Considerando-se que a amplitude da onda é tão pequena que o elemento diferencial sofre apenas uma leve inclinação em relação ao eixo x quando a onda passa por ele. O módulo da força T , que age sobre a extremidade direita do elemento possui um módulo igual á tensão da corda e aponta ligeiramente para cima, e outra que age sobre a extremidade esquerda do elemento também possui módulo igual à tensão, mas aponta ligeiramente para baixo. Devido à curvatura do elemento a resultante das forças é diferente de zero e produz no elemento uma aceleração a, para cima. Para isso, será aplicada a 2a de Newton para encontrar uma equação dife- rencial da onda. Mas, para isso é necessário encontrar alguns parâmetros como: força, aceleração e massa. O módulo da componente vertical da força resultante sobre a seção AB do fio é 31 x0 y Figura 2.9: Considere-se uma corda que sofreu uma perturbação transversal e que se propaga uma onda senoidal, vamos estudar uma seção da corda definida por AB que recebe uma força tangencial de módulo ~T . Fonte: Adaptado [16], pág 238, 1972 Fy = T (senα ′ − senα) (2.47) Os ângulos α′ e α serão pequenos e poderão ser substituídos por suas tan- gentes (aproximação para ângulos pequenos), Fy = T (tanα ′ − tanα). (2.48) Emprega-se derivada parcial porque a tangente de α depende tanto da posição x como do tempo t. Portanto a equação 2.48 assume uma nova forma: Fy = T ∂ ∂x (tanα)dx, (2.49) Fy = T ∂ ∂x ∂ξ ∂x , (2.50) Fy = T ∂2ξ ∂x2 . (2.51) A seção possui aceleração de módulo a escrita como derivada parcial, como: a = ∂ 2ξ ∂t2 . (2.52) Com massa igual a, 32 m = m dx (2.53) Logo, empregando-se a segunda lei de Newton e comparando com as equa- ções 2.51, 2.52 e 2.53 , obtém-se: #» F = m #»a , (2.54) T ∂2ξ ∂x2 dx = m dx ∂ 2ξ ∂t2 . (2.55) A equação 2.55 representa a equação da onda numa corda tensionada. A equação de onda tem como solução qualquer função do tipo y(x − vt), será estabelecido que b seja o argumento b = x− vt, ou seja, y(b). Para encontrar a equação geral do movimento ondulatório precisamos derivar y em relação a x. Empregando-se a a regra da cadeia: ∂y ∂x = ∂y ∂b ∂b ∂x , (2.56) ∂y ∂x = y′ ∂b ∂x . (2.57) Derivando , também, y em relação ao tempo t: ∂y ∂t = ∂y ∂b ∂b ∂t , (2.58) ∂y ∂t = y′ ∂b ∂t . (2.59) Logo, ∂b ∂x = ∂(x− vt) ∂x = 1, (2.60) ∂b ∂t = ∂(x− vt) ∂t = −v. (2.61) Assim, substituindo 2.60 e 2.61, em 2.57 e 2.59 respectivamente, teremos: ∂y ∂x = y′ , (2.62) ∂y ∂t = −vy′ . (2.63) Obtendo-se a derivada de segunda ordem, ∂2y ∂x2 = y′′ , (2.64) 33 ∂2y ∂t2 = v2y′′ , (2.65) Assim, conclui-se relacionando as equações 2.64 e 2.65 que ∂2y ∂t2 = v2y′′ (2.66) ∂2y ∂t2 = v2 ∂ 2y ∂x2 (2.67) ∂2y ∂x2 = 1 v2 ∂2y ∂t2 (2.68) Como no início usou-se a variável ξ para expressar o deslocamento em y, pode-se escrever a função diferencial como: ∂2ξ ∂x2 = 1 v2 ∂2ξ ∂t2 . (2.69) Esta é a equação diferencial geral que governa a propagação de ondas de todos os tipos. 2.6 Características das ondas: Reflexão, Refra- ção, Difração, Interferência Os fenômenos ondulatórios são nada mais nada menos que propriedades inerentes à qualquer tipo de onda. Dentre as principais propriedades vamos estudar a: reflexão, refração, difração e interferência. 2.6.1 Reflexão de uma onda A reflexão da onda acontecerá sempre que ela encontrar um obstáculo. Quando isso acontecer, a onda incidente sofrerá reflexão, o que dará origem à onda refletida. Em outras palavras a reflexão ocorre quando uma onda inicial esbarra em um obstáculo e retorna ao meio original de propagação. Se considerarmos uma corda não fixa (figura 2.10,a), percebe-se que ela não irá sofrer a inversão de fase, pois as particulas se movimentam livremente pela corda.Agora, se a mesma corda estiver fixa e fizemos um movimento provocando um pulso (figura 2.10,b), esse pulso se propagará pela corda até chegar a ex- tremidade, verifica-se que o pulso sofrerá uma inversão de fase, pois, a força exercida sob a extremidade será de sentido contrário. Considere ondas retas propagando-se em uma superfície em direção a um anteparo plano (figura 2.11). Toda a energia onda é transportada pela onda 34 Figura 2.10: Quando a corda não for fixa (a), não terá inversão de fase. Note que a corda fixa (b), quando o pulso chega a extremidade a corda exerce uma força para cima no suporte, isso se explica pela terceira Lei de Newton (Ação e Reação) a força de reação de sentido contrário, logo o pulso sofreu uma reflexão com inversão de fase. Fonte: [17] refletida. As frentes de ondas representadas por A estão separadas pela distância λ, que atinge o anteparo plano, com raio de incidencia i que é perpendicular às frentes de ondas incidentes A. Figura 2.11: Note que as ondas retas incide sob o plano e é gerado novas frentes de ondas com mesma velocidade e comprimento da origem. Outro ponto é que as ondas não atravessam o meio apenas voltam com a mesma frequência. Fonte: adaptado [18], pág. 48 Refletem-se e dão origem a novas frentes de ondas A′ , que é separada pelo mesmo comprimento de onda λ. O raio r é perpendicular às frentes de ondas refletidas A′ . O ângulo formado entre o raio incidente e o eixo y, que é o início da fonte 35 de onda secundária, seguindo o Princípio de Huygens, diz que cada ponto da onda comporta-se como se fosse origem de um movimento ondulatório com as as mesmas características da ondade origem, é o ângulo de incidência θi. É entre o eixo y e o raio refletido é θr, ou seja, θi = θr (2.70) O ângulo de reflexão r é igual ao ângulo de indência i. A velocidade de propagação de reflexão e o comprimento de onda (λ) são iguais ao de incidência. 2.6.2 Refração A refração é o fenômeno que ocorre quando a onda passa de um meio para outro de características distintas, tendo sua direção desviada, com variação da sua velocidade e comprimento da onda. Considere uma onda reta passando de uma região para outra, na qual a velocidade de propagação seja diferente (figura 2.6.2). Note que a onda plana forma um ângulo i1 ao tocar a superfície, quando essa onda muda o meio material ela muda a direção de propagação, passando a forma do ângulo i2. Figura 2.12: Refração de ondas na água. Fonte: adaptado [19], pág. 416. 36 Logo, a velocidade v1 é a da parte mais rasa, e λ1 o comprimento de onda incidente. A velocidade do segundo meio (v2) tem comprimento λ2 da onda refletada, e com frequências iguais, pois depende apenas da fonte. v1 = λ1f (2.71) v2 = λ2f (2.72) e de forma que v1 > v2 e λ1 > λ2. Agora considere, o instante t = 0, a frente de onda PQ no meio 1 (figura 2.13), com velocidade de v1, incide na superfície de separação dos meios, se- gundo o ângulo i1. O ponto P , pelo princípio de Huygens, torna-se fonte de ondas secundárias no meio 2, com velocidade v2. No instante t, as ondas origi- nadas por P estarão em P ′ , tendo percorrido a distância v2t. Nesse instante as ondas emitidas pela fonte secundária Q atingiram o ponto Q′ da superfície de separação dos meios, percorrendo a distância v1t. Nesse instante t, a frente de o refratada faz com que a superfície de separação do ângulo i2. Figura 2.13: Determinação da relação entre o ângulo de incidência i1 e o ângulo de refração i2 Fonte: adaptado [19], pág. 416. No triângulo retângulo PQQ′ : sen i1 = v1 t PQ′ (2.73) e no triângulo retângulo PQ′P ′ : 37 sen i2 = v2 t PQ′ (2.74) Assim, tem-se 2.73 e 2.74: sen i1 sen i2 = v1 t PQ′ PQ ′ v2 t (2.75) seni1 seni2 = v1 v2 (2.76) 2.6.3 Difração A difração trata da capacidade das ondas de contornar obstáculos ou atra- vessar fendas. Esse fenômeno é explicado pelo princípio de Huygens. As ondas incidentes - frentes de ondas, atingi um obstáculo e as frentes de ondas se tornam secundárias e mudam a difração de propagação da onda, contornando o obstáculo. Figura 2.14: A figura mostra exemplos de como acontece a difração. Por exem- plo, em uma antena de rádio quando emite um sinal ondulatório é capaz de contornar obstáculos para chegar no receptor. Ainda acontece em fendas, e nas ondas sonoras. Fonte: [20] O fenômeno da difração acontece com todos os tipos de ondas, incluindo on- das sonoras, ondas na água e ondas eletromagnéticas. Assim, a comprovação da difração da luz foi de vital importância para constatar sua natureza ondulatória. 2.6.4 Interferência A interferência de ondas é o fenômeno que ocorre em virtude do encon- tro simultâneo de duas ondas que se propagam no mesmo meio com sentidos contrários. Seja, por exemplo, duas ondas que caminham ao longo de uma mesma corda esticada com a mesma frequência angular ω e o mesmo número de onda angular k , definidas por: 38 y1(x, t) = A1sen(kx− ωt+ φ) (2.77) e y2(x, t) = A2sen(kx− ωt) (2.78) onde A1 e A2 são amplitudes das ondas y1(x, t) e y2(x, t), respectivamente. Elas caminham no mesmo sentido com diferença apenas por uma constante φ. Aplicando o princípio da superposição, a onda y(x, t), se a combinação das duas ondas ao se encontrar tiver uma amplitude maior que das originais chamamos de interferência construtiva, se a onda resultante possui uma amplitude menor que as originais a interferência é destrutiva. Se fizermos φ = 0, ela se reduz a: y(x, t) = 2Asen(kx− ωt) (2.79) Agora para φ = π rad , cos(φ/2) a onda resultante será nula: y(x, t) = 0 (2.80) Note que para φ = 0 , a onda resultante possui uma amplitude que é o dobro da amplitude das ondas originais, ou seja, A∗ = 2A, sendo este o maior valor possível para a amplitude da onda resultante. No segundo caso diz que houve uma interferência totalmente destrutiva e a amplitude da onda resultante possui seu valor mínimo, ou seja, A∗ = 0. Para que isto ocorra, as ondas originais devem estar exatamente em oposição de fase. 2.7 Ondas Sonoras As ondas sonoras são ondas longitudinais produzidas pelas vibrações de corpos materiais. Ao vibrar são transmitidas de molécula a molécula do ar até chegar ao ouvido humano o som. Esse tipo de onda que necessita de um meio material para se propagar. As ondas sonoras apresentam uma frequência não-audível que está entre menor que 20 hertz (infra-som) ou maior que 20.000 hertz (ultra-som) que ao atingirem o ouvido de uma pessoa não provocam nenhuma sensação auditiva. Da mesma forma, existe uma frequência audível e está compreendida aproxi- madamente entre os limites de 20 e 20.000 Hz, [10]. São utilizadas em equipamentos para detecção através do som, como por exemplo, o sonar que detecta obstáculos submersos. Os submarinos usam ondas sonoras para emboscar outros submarinos ouvindo os ruídos produzidos pelo sistema de propulsão. 39 A velocidade de qualquer onda mecânica depende das propriedades inerciais do meio (para armazenar energia cinética) como das propriedades elásticas (para armazenar energia potencial). Veja na figura 2.15 que a velocidade do som muda conforme a temperatura, o estado físico e o material, perceba que nos sólidos a velocidade da onda sonora são bem maiores. Figura 2.15: Velocidade do som em diferentes meios. Fonte: [27] Vamos entender como ocorre a propagação de uma onda sonora. Quando uma onda sonora se propaga no ar a energia potencial está associada à com- pressão e à expansão de pequenos elementos de volume do ar (figura2.16). A propriedade que determina o quanto um elemento de um meio muda de volume quando é submetido a uma pressão (força por unidade de área) é o módulo de elasticidade volumétrico B, definido como B = − ∆p∆V/V (2.81) Aqui ∆V/V é a variação relativa de volume produzida por uma variação de pressão ∆p que recebe o nome de pascal Pa. De acordo com a equação 2.81, a unidade de B também é o pascal. Os sinais de ∆p ∆V são sempre opostos. Quando aumentamos a pressão sobre um elemento, o volume diminui. A velocidade de qualquer onda sonora pode ser expressa como: v = √ B ρ (2.82) A equação representa a velocidade do som em um meio de módulo de elas- ticidade volumétrica B e massa específica ρ. Vamos demonstrar a equação 2.82 aplicando diretamente as leis de Newton. 40 Figura 2.16: Um pulso de compressão se propaga da direita para a esquerda em um tubo longo e cheio de ar. Um elemento de ar de largura ∆x se move em direção ao pulso com velocidade v. Fonte: ADAPTADO [23], pág. 152. Considere-se um pulso isolado de compressão do ar que se propaga da direita para a esquerda, com velocidade v, em um tubo (figura 2.16). Vamos escolher um referencial que se move com a mesma velocidade que o pulso. O pulso permanece estacionário e o ar passa por ele com velocidade v, movendo-se da esquerda para a direita. Seja ρ a pressão de ar não perturbado e p+∆p a pressão na região do pulso, onde ∆p é positivo devido à compressão. Considere um elemento de ar com espessura ∆x e a seção reta A, movendo-se em direção ao pulso com velocidade v. Quando esse elemento de ar penetra no pulso a borda dianteira encontra uma região de maior pressão, que reduz a velocidade do elemento para v+ ∆v, onde ∆v é o número negativo. Essa redução de velocidade termina quando a borda traseira de elemento penetra no pulso, o que exige um intervalo de tempo dado por ∆t = ∆x v (2.83) Aplica-se a segunda lei de Newton ao elemento. Durante o intervalo de tempo ∆t, a força média exercida sobre a borda traseira do elemento é pA, dirigida para a direita, e a força média exercida sobre a face dianteira é (p + ∆p)A, dirigida para a esquerda. Assim, o módulo da força resultante média exercida sobre o elemento duranteo intervalo ∆t é F = pA− (P + ∆P )A (2.84) 41 F = −∆pA (2.85) A equação 2.85 é a força resultante, o sinal negativo indica que a força resultante que age sobre o elemento do ar aponta para a esquerda. O volume do elemento é A∆x; e assim, com ajuda da equação 2.83, podemos escrever a massa como ∆m = ρ∆V = ρA∆x = ρAv∆t (2.86) A aceleração média do elemento durante o intervalo ∆t é a = ∆v∆t (2.87) Assim, de acordo com a segunda lei de Newton ( #»F = m #»a ) e as equações 2.86e 2.87, temos: −∆p A = (ρ Av ∆t)∆v∆t (2.88) que pode ser escrita na forma ρ v2 = − ∆p∆v/v (2.89) O ar que ocupa um volume V (= Av∆t) fora do pulso sofre uma redução de volume ∆V (= A∆v∆t) ao penetrar no pulso. Assim [24], ∆V V = A ∆v∆t Av∆t = ∆v v (2.90) Substituindo a equação 2.90 na equação 2.89, obtém-se: pv2 = − ∆p∆v/v = − ∆p ∆V/V = B (2.91) Explicitando v, obtemos a equação 2.82 para a velocidade do ar para a direita na figura 2.16, e portanto, a velocidade do pulso para a esquerda [24]. 42 Capítulo 3 Ondas Eletromagnéticas A descoberta das ondas eletromagnéticas revolucionou o estudo de vários fenômenos. Por isso, diversos dispositivos eletrônicos utilizados atualmente tem princípios das ondas eletromagnéticas para a conectividade, como por exemplo, um rádio, televisão, internet, raio X e outras ondas. A importância delas na nossa vida é indiscutível. Elas estão presentes ao exergar objetos a nossa volta, ao ligar a TV, ao estourar pipocas no forno de microondas [57]. Por centenas de anos filosofos e cientistas questionaram a natureza da luz. A disputa sobre a natureza e o comportamento da luz foi finalmente resolvida com a unificação da eletricidade e magnetismo em uma única teoria, conhecida como eletromagnetismo, cuja descrição é dada nos trabalhos do físico inglês James Clerk Maxwell (1831-1879). Maxwell mostrou que todas as proprieda- des conhecidas da luz poderiam ser explicadas atrevés de quatros equações, conhecidas como equações de Maxwell. Neste capitulo, estuda-se as equações de Maxwell como base teórica para o entendimento das ondas eletromagnéticas. Diferentemente da onda em uma corda ou do som se propagando em um fluido, as ondas eletromagnéticas não precisam de um meio material para se propagar. 3.1 Equações de Maxwell e ondas eletromag- néticas A natureza da luz está fundamentada nos princípios do eletromagnetismo, e sintetizado nas quatro equações de J. C. Maxwell, as quais são enunciadas a seguir, Lei de Gauss para os campos elétricos A primeira equação de Maxwell, na sua forma integral, estabelece que : “O fluxo do campo elétrico ~E através de qualquer superfície fechada S é igual a 43 razão entre a carga elétrica confinada dentro da superfície e a permissividade do vácuo ε0”([52], pag. 139), isto justifíca a existência de monopólos elétricos e de cargas positivas e negativas. ‹ S #» E.d #» A = Q ε0 . (3.1) Lei de Gauss para os campos magnéticos Na sua forma integral, esta lei estabelece que o campo magnético #»B possui divergência igual a zero, ou seja, que é um campo vetorial solenoidal. É equiva- lente à afirmação de que os monopólos magnéticos não existem ([52], pag.139). ‹ S #» B.d #» A = 0. (3.2) Lei de Faraday A versão de Maxwell-Faraday da lei de indução de Faraday descreve como um campo magnético variável no tempo cria (“induz”) um campo elétrico. Na forma integral, ela afirma que o trabalho por unidade de carga necessária para mover uma carga em torno de um circuito fechado é igual à taxa de variação do fluxo magnético através da superfície fechada ([52], pag.140). ˛ ∂ ∑ #» E.d #» l = − d dt ‹ ∑ #» B.d #» S . (3.3) Lei de Ampère A lei de Ampère complementada por Maxwell afirma que os campos mag- néticos podem ser gerados de duas maneiras: por corrente elétrica (esta era a “lei de Ampère” original), e pela mudança de campos elétricos (esta é a “adi- ção de Maxwell”, que foi denominada de corrente de deslocamento). Na forma integral, o campo magnético induzido em torno de qualquer circuito fechado é proporcional à corrente elétrica mais a corrente de deslocamento (proporcional à taxa de variação do fluxo elétrico) através da superfície fechada, 44 ˛ ∂ ∑ #» B.d #» l = µ0 ‹ #» J .d #» S + µ0 ε0 d dt ‹ ∑ #» E.d #» S . (3.4) A força de Lorentz A força que os campos elétrico e magnético exercem sobre uma carga pontual q. #» F = q #»E + q #»v × #»B. (3.5) A conclusão das equações nos permite analisar a relação entre o movimento de cargas e a criação dos campos #»E e #»B [52]. As cargas em repouso cria o ~E estático e não produz #»B. A carga em movimento uniforme produz #»E e #»B estáticos. A carga em movimento acelerado produz #»E e #»B que variam com o tempo [52]. Portanto, quando um campo elétrico está variando com o tempo ocorre uma indução do outro campo na região do espaço adjacente ao campo que está variando. Somos levados a considerar a possibilidade de ocorrência de uma perturbação eletromagnética constituída por campos elétricos e magnéticos variando com o tempo e que pode se propagar de uma região para outra, mesmo que não exista meio material, e chamá-la de onda eletromagnética é bastante apropriado. Essas equações aplicam-se a campos elétricos e magnéticos no vácuo. Quando um material está presente, é necessário substituir as constantes elétricas ε0 e magnética µ0 pela permissibilidade ε e pela permeabilidade µ do material. Quando os valores de ε e µ variam de um ponto para outro na região de in- tegração, então eles devem ser transferidos para os membros das equações 3.1 e 3.4 , respectivamente, e colocados dentro do sinal das respectivas integrais. O valor de ε na equação 3.4 também deve ser incluído na integral que fornece dΦE/dt. De acordo com as equações de Maxwell, uma carga puntiforme em repouso produz uma campo #»E estático, mas não gera campo #»B, enquanto uma carga puntiforme que se move com uma velocidade constante produz tanto o campo #» E quanto o campo #»B. 45 3.2 Ondas eletromagnéticas planas e a veloci- dade da luz Agora pretende-se desenvolver as ideias básicas das ondas eletromagnéticas e suas relações com os princípios do eletromagnetismo. Nosso procedimento será postular uma configuração de campo simples que possui comportamento ondulatório. Considere-se, um exemplo baseado em [25], pág.415 à 417, uma sistema de coordenadas xyz (figura3.1) e que o espaço seja dividido em duas regiões por um plano perpendicular ao eixo 0 x. Em cada ponto à esquerda desse plano existe um campo elétrico uniforme ~E no sentido do eixo +0y e um campo magnético uniforme ~B no sentido do eixo +0z. Supondo-se que o plano da fronteira, denominada frente de onda, se des- loca da esquerda para a direita ao longo do eixo +0x com uma velocidade constante c, ainda não conhecida. Logo, #»E e #»B se deslocam da esquerda para a direita, para regiões previamente desprovidas de campo, com uma velocidade definida. Essa situação descreve de modo rudimentar uma onda eletromagné- tica. Figura 3.1: Uma frente de onda eletromagnética. O plano que representa a frente de onda se desloca para a direita, no sentido positivo de x com velocidade c. Os campos elétrico e magnético são uniformes sobre os planos atrás da frente de onda, porém são nulos em todos os pontos situados na parte dianteira. Fonte: [25], pág 415 Tal onda, na qual em qualquer instante os campos são uniformes sobre qual- quer plano perpendicular à direção de propagação, denomina-se onda plana. Os campos são nulos (figura 3.1) para planos situados do lado direito da frente de onda e possuem os mesmos valores sobre os planos situados do lado esquerdo da frente de onda; mais adiante, vamos considerar ondas planas mais complexas. 46 Prentende-se saber se ela é consistente com as leis do eletromagnetismo, ou seja, com as equações de Maxwell. Para isso vamos verificar se a equação da onda satisfaz as equações de Maxwell. • Lei de Gauss A lei de Gauss para o campos elétricos e magnéticos, 1a e 2a equação de Maxwell. Se tomando-se como superfície gaussianauma caixa retangular com os lados paralelos aos planos xy, xz e yz, como base a figura 3.1. Verifica-se que no inteiror da caixa, não existe cargas elétricas. O fluxo elétrico total e o fluxo magnético são iguais a zero, mesmo se parte da caixa estiver na região #» E = #»B = #»0 . Se #»E ou #»B tiver ao longo do eixo 0x, paralelos à direçaõ de propagação, e ainda, se a frente de onda estivesse dentro da caixa, haveria um fluxo passando pelo lado esquerdo da caixa, mas não pelo lado direito. Portanto satisfaz as duas primeiras equações de Maxwell, é necessário que o campo elétrico seja perpendicular à direção de propagação, ou seja, se trata de uma onda transversal. Figura 3.2: O campo elétrico é o mesmo na parte de cima e na parte de baixo da superfície gaussiana, portanto o fluxo elétrico total através da superfície é igual a zero. O campo magnético é o mesmo nos lados esquerdo e direito da superfície gaussiana, portanto o fluxo magnético total através da superfície é igual a zero. Superfície gaussiana para uma onda eletromagnética plana transversal. Fonte: [25], pág 415 • Lei de Faraday A terceira lei de Maxwell é a lei de Faraday, equação 3.3. Para a seção de um plano xy, esse retângulo possui altura a e largura ∆x (figura 3.3). Na instante indicado, a frente de onda avança parcialmente através do retângulo, e #»E é o zero ao lado ef . Aplica-se a lei de Faraday, considere-se um vetor área d #»A do 47 Figura 3.3: (a)Aplicação da Lei de Faraday para uma onda plana. (b) No intervalo de tempo dt, o fluxo magnético através do retângulo no plano xy cresce por dΦB, que é o fluxo através do retângulo sombreado de área igual a acdt, ou seja,dΦB = Bacdt. Logo , dΦB/dt = Bac Fonte: [25], pág 416 retângulo efgh no sentido +0z. Com essa escolha a regra da mão direita exige que a integral de ~Ed #»l seja feita no sentido anti-horária em torno do retângulo. Em cada ponto ao longo do lado ef , #»E é igual a zero. Em cada ponto ao longo dos lados fg e he, #»E é nulo ou perpendicular ao vetor d #»l . Somente o lado gh contribui para a integral. Sobre esse lado, #»E possui sentido oposto ao de d #»l , e descobrimos que o lado esquerdo da equação 3.3 é diferente de zero: ˛ ∂ ∑ #» E.d #» l = −Ea (3.6) Para satisfazer a lei de Faraday, equação 3.3, deve haver um componente de #» B na direção do eixo 0z (perpendicular a #»B), de modo que nessa região exista um fluxo magnético ΦB através do retângulo efgh e uma devivada dΦB/dt diferente de zero. Durante o intervalo de tempo dt, a frente de onda se desloca para a direita a uma distância cdt, na figura 3.3, varrendo a área acdt do triângulo efgh. Durante esse intervalo, o fluxo magnético cresce por dΦB = B(acdt), de modo que a taxa de variação do fluxo magnético é dΦB dt = Bac (3.7) Agora, substituimos as equações 3.6e3.7 na lei de Farady, obtemos EaBac, 48 de modo que E = cB (3.8) De forma que o módulo do campo elétrico (E) é igual a velocidade da luz no vácuo c vezes o módulo do campo magnético B. • Lei de Ampère Lei de Ampère, equação 3.4. Considere o nosso retângulo esteja situado no plano xy, novamente exami- namos a situação no instante em que a frente de onda se deslocou parcialmente através do retângulo. Figura 3.4: (a) Aplicação da lei de Ampère para uma onda plana. (b)No in- tervalo de tempo dt, o fluxo elétrico através do retângulo no plano xz cresce por um valor dΦE. Esse aumento é igual ao fluxo através da área do retângulo sombreado acdt, ou seja,dΦE = Eac dt. Portanto, dΦE/dt = Eac Fonte: [25], pág 416 Considera-se o vetor área d #»A no sentido +0y e, portanto, a regra da mão direita exige que a integral #»Bd #»l seja feita no sentido anti-horário em torno do retângulo. O campo #»B é igual a zero em cada ponto ao longo dos lados ef , e em cada ponto ao longo dos lados fg e he ele é igual a zero ou perpendicular a d #» l . Somente o lado gh, no qual #»B e d #»l são paralelos, contribui para a integral, e assim obtemos ˛ ∂ ∑ #» B.d #» l = Ba (3.9) Portanto, o membro da lei de Ampère, na equação 3.4, é diferente de zero. Portanto, #»E deve possuir uma componente y de modo que o fluxo elétrico seja diferente de zero. 49 Em um intervalo de tempo dt, o fluxo elétrico ΦE, através do retângulo aumentou por dΦE = E(ac dt). Como escolhemos d #» A no sentido +Oy, a variação desse fluxo é positiva, a taxa de variação do campo elétrico é dΦE dt = Eac (3.10) Subtituindo as equações 3.9e 3.10 na lei de Ampère 3.4, encontra-se Ba = ε0µ0Eac, logo B = ε0µ0 c E (3.11) O módulo do campo elétrico é igual o produto da constante elétrica, cons- tante magnética, velocidade da luz no vácuo, e módulo do campo magnético. Pode-se comparar as equações obtidas a partir da lei de Ampère e Faraday, podemos concluir que a velocidade das ondas eletromagnéticas no vácuo é: B = ε0µ0cE (3.12) como E = cB, então B = ε0µ0ccB (3.13) 1 = ε0µ0c2 (3.14) 1 ε0µ0 = c2 (3.15) c2 = 1 ε0µ0 (3.16) c = √ 1 ε0µ0 (3.17) Substituindo os valores numéricos dessas grandezas, obte-se c = 1√ (8, 85× 10−12C2/Nm2)(4π × 10−7N/A2) (3.18) c = 3, 00× 108m/s (3.19) A onda que representada é consistente com todas as equações de Maxwell. Note que o valor exato de c é definido como 299.792.458 m/s. Logo, pode-se conluir que uma onda eletromagnética é transversal, tanto #»E quando #»B são perpendiculares à direção de propagação da onda. A razão entre o módulo de #» E e o módulo de #»B é constante: E = cB. A onda se desloca no vácuo com uma 50 Figura 3.5: Representação dos campos elétricos e magnéticos em função de x para uma onda eletromagnética plana senoidal linearmente polarizada. Fonte: [25], pág 421 velocidade definida e invariável e não necessita de um meio para se propagar. 3.3 Ondas eletromagnéticas senoidais Uma onda eletromagnética senoidal, [25], pág. 421, linearmente polarizada se propagando no sentido do eixo +0x. Note que #»E atinge seu valor máximo quando #»B atinge seu valor máximo, isso também acontece quando atingem o valor zero. Observe também que, quando #»E no plano de sentido +y, #»B está no sentido +z, e quando #»E no plano de sentido −y, #»B está no sentido −z. Note que em todos os planos o produto vetorial #»E × #»B aponta no sentido da propagação da onda. Pode-se escrever as funções de onda usando vetores, quer dizer a função da onda plana eletromagnética senoidal propaga-se no sentido +0x: #» E(x, t) = ĵEmáxsen(kx− ωt) (3.20) #» B(x, t) = k̂Bmáxsen(kx− ωt) (3.21) Onde Emáx é o módulo do campo elétrico e Bmáx o módulo do campo mag- nético. A medida que o tempo passa, a onda se desloca para a direita com velocidade c. Agora, supoe-se que os #»E e #»B de uma onda se desloca no sentido negativo do eixo 0x. Nos pontos para as quais #»E está no sentido positivo de y, #»B está no sentido negativo de z, e quando #»E está no sentido negativo de y, #»B está no sentido positivo de z [25], pág. 422. Assim como no caso de uma onda que 51 Figura 3.6: Representação de uma onda harmônica que se propaga ao longo do eixo x, no sentido negativo. Fonte: [25], pág 422 se desloca no sentido x, em qualquer ponto, as oscilações dos campos #»E e #»B dessa onda estão em fase, e o produto vetorial #»E × #»B aponta no sentido da propagação da onda. Nesse caso, as funções de onda são: #» E(x, t) = ĵEmáxsen(kx+ ωt) (3.22) #» B(x, t) = −k̂Bmáxsen(kx+ ωt) (3.23) A distruição das ondas eletromagnética acontece em intervalo de frequência, número de oscilações que o seu campo elétrico realiza a cada segundo, cha- mado espectro eletromagnético, (figura 3.7 ), que podem ser visíveis ou não visíveis. O olho consegue enxergar numa frequência de 400 nm a 700 nm Em ordem crescente de frequência, as ondas distribuem-se no espectro ele- tromagnético, classificando-se em: ondas de rádio, micro-ondas, infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios X e raios gama. Nesse trabalho será abordado um tipo de espectro de ondas de rádio que será abordado nos próximos capítulos. 52 Figura 3.7: Observe que os espectros da onda eletromagnética
Compartilhar