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Sebenta de Psic. de Aprendizagem (1)

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4 
Introdução 
As discussões sobre a melhoria da educação a partir da actividade docente e envolvimento dos 
alunos têm sido a grande preocupação da política educativa actual moçambicana e o foco central 
da mudança que dia-a-dia se vive nas relações entre a escola e a sociedade, é o próprio processo 
educativo, exactamente porque, este é o meio pelo qual o indivíduo se transforma num verdadeiro 
cidadão, com capacidades de contribuir para o desenvolvimento do país. Nas análises sobre este 
processo, perguntas como “porquê hoje as crianças não aprendem?”, “porquê os professores não 
ensinam alunos a ler e escrever?”, “porquê as escolas não abordam a questão de atitudes na sala 
de aulas”, “será que os professores são profissionais”, “será que a passagem semi-automática 
corresponde com a realidade moçambicana?” entre outras, apontam a emergência duma acção 
eficiente e efectiva. 
Assim, o caderno de Psicologia de Aprendizagem que nos propomos apresentar é resultado das 
leituras e 5 anos de docência neste campo de conhecimento, e como professores, tanto no ensino 
primário como no secundário. Durante este período, foi possível adquirir experiências ligadas à 
aprendizagem de crianças e adolescentes em diferentes condições que, muitas vezes, carecendo a 
presença dum docente-psicólogo, com experiências não só didáctico-pedagógicas, mas também, 
de conhecimentos que facilitem o diagnostico de algumas perturbações ligadas a aprendizagem, 
as particularidades individuais das crianças, o auto-conhecimento pela actividade por ele exercida 
até a interpretação de avaliações do processo de ensino e aprendizagem, que muitas vezes, são 
incumbidas aos alunos, as causas do fracasso. 
O caderno espelha o programa temático da Psicologia de Aprendizagem da Universidade 
Pedagógica, na Faculdade de Ciências de Educação e Psicologia, visando ajudar os professores, 
estudantes e todos apaixonados pela actividade docente, como recurso e material de apoio para a 
abordagem efectiva dos conteúdos, quando assim estiverem envolvidos com a realidade 
educativa. O manual não esgota o conhecimento em Psicologia de Aprendizagem e, nem fornece 
dicas e estratégias para o bom professor, considerando esta uma atitude que se cultiva cada dia 
que passa, mas convida-lhe a se envolver em pesquisas de Psicologia de Aprendizagem e áreas 
afins, como contributo para o desenvolvimento psico-socio-cultural do cidadão. 
 
 
5 
As abordagens neste caderno podem ser sintetizadas em dois pontos principais: visão geral da 
Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia de Aprendizagem, considerando que, a 
aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem em simultâneo, quer dizer, não é possível ocorrer a 
aprendizagem sem ter em conta o desenvolvimento ou vice-versa. Nesses pontos que no caderno 
designamos por unidades, comporta 14 capitulos, entre eles: (i) Psicologia do Desenvolvimento, 
(ii) Desenvolvimento do ser humano, (iii) Teorias de desenvolvimento psíquico, (iv) Psicologia 
de Aprendizagem, (v) Teorias de aprendizagem, (vi) Objectivos educacionais, (vii) Conteúdos da 
Aprendizagem, (viii) Motivos na Aprendizagem, (ix) Processos cognitivos e aprendizagem, (x) 
Memória e aprendizagem, (xi) A Formação do Carácter, (xii) Perturbações de Aprendizagem e de 
Comportamento, (xiii) A Personalidade do Professor e (xiv) Aspectos Psicológicos da Avaliação. 
Olhando a importância das curvas de aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem, os 
autores acharam integrar no caderno e nas abordagens na sala de aulas, por isso, em última 
análise, apresenta-se este item com subcapítulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
VISÃO GERAL DA DISCIPLINA DE PSICOLOGIA DE APRENDIZAGEM 
 
 
Unidade Temática (conteúdos) 
 
 
Horas 
Contacto Estudo
 Individual 
 
I - Psicologia do Desenvolvimento: 1.1. Conceito e o objecto da Psicologia 
de Desenvolvimento 
1.2. Breve Resenha Histórica do Surgimento da Psicologia de 
Desenvolvimento 
1.3. A Psicologia de Desenvolvimento e a Actividade do Educador 
1.3. Relação entre a Psicologia de Desenvolvimento e outras Disciplinas 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
4 
II - Desenvolvimento do ser humano: 
2.1. Conceito de Desenvolvimento Psíquico 
2.2. Factores de desenvolvimento 
 
 
4 
 
 
4 
 
III - Teorias de desenvolvimento psíquico: 
3.1. O Desenvolvimento Psíquico da Criança dos 0 aos 16 Anos Segundo 
Freud 
3.2. O Desenvolvimento Psíquico da Criança dos 0 aos 16 Anos Segundo 
Piaget 
3.3. O Desenvolvimento Psíquico da Criança dos 0 aos 16 Anos Segundo 
Vygotsky e Leontiev 
3.4. O Desenvolvimento Psíquico do Adulto 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
8 
IV – Psicologia de Aprendizagem: 
4.1. Breve Resenha Histórica do Surgimento da Psicologia de Aprendizagem 
4.2. O Objecto da Psicologia de Aprendizagem 
4.3. A Psicologia de Aprendizagem e a Actividade do Educador 
4.4. Relação entre a Psicologia de Aprendizagem e outras Ciências 
 
 
 
8 
 
 
 
8 
V - Teorias de aprendizagem: 
5.1. Teorias de Aprendizagem Behavioristas 
5.2. Teorias de Aprendizagem Social 
5.3. Teorias de Aprendizagem Cognitivas Gestaltistas e de Campo 
5.4. Teorias de Aprendizagem Inter accionistas de Piaget, Vygotsky, Bruner 
e Ausubel 
5.5. Teorias Humanistas 
5.6. O Modelo Informático 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
12 
VI - Objectivos educacionais: 
6.1. Taxinomias de Objectivos Educacionais segundo Benjamim Bloom, 
Hilda Taba e Robert Gagné 
6.2. Operacionalização de Objectivos Educacionais 
 
4 
 
6 
VII – Conteúdos da Aprendizagem: 
7. 1.Conceito, organização e critérios de selecção dos conteúdos 
 
4 
 
6 
VIII -Motivos na Aprendizagem: 
8.1. A Formação de Motivos e Atitudes de Aprendizagem 
 
4 
 
6 
IX - Processos cognitivos e aprendizagem: 
9.1. O Papel da Sensações, Percepções, Imagens no Processo de Cognição 
 
4 
 
4 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9.2. Pensamento e ensino-aprendizagem 
9.3. A Formação de Noções 
X - Memória e aprendizagem: 
10.1. Tipo e classificação da memoria, importância e cuidados a considerar 
 
4 
 
4 
XI - A Formação do Carácter: 
11.1. O Desenvolvimento Moral segundo Piaget 
11.2. O Desenvolvimento Moral segundo Kohlberg 
 
 
2 
 
 
4 
XII - Perturbações de Aprendizagem e de Comportamento: 
 12.1. Tipo, causas e diagnostico 
 
4 
 
6 
XIII - A Personalidade do Professor: 
13.1. Personalidade e característica do Professor e a Actividade de ensino-
aprendizagem 
13.2. Stress na actividade docente 
 
4 
 
4 
XIV - Aspectos Psicológicos da Avaliação: 
 14.1. Formas e funções da avaliação 
14.2. Interpretação dos resultados da avaliação 
 
4 
 
6 
Total 64 86 
 
 
8 
UNIDADE 1: A PSICOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO 
 
Aula 1: - Conceitos de Desenvolvimento e da Psicologia de Desenvolvimento; 
 - Objecto de estudo da Psicologia de Desenvolvimento; 
 - Breve Resenha Histórica da Psicologia de Desenvolvimento; 
 - A Psicologia de Desenvolvimento e a actividade do Educador; 
 - A Relação da Psicologia de Desenvolvimento com outras ciências. 
Objectivos Específicos: 
No fim desta aula o estudante deve ser capaz de: 
 - Explicar o conceito de Desenvolvimento e da Psicologia do Desenvolvimento; 
 - Apresentar a breve resenha Histórica da Psicologia de Desenvolvimento; 
 - Descrever a importância da Psicologia de Desenvolvimento e na actividade do 
 Educador; 
 - Estabelecer a relação da Psicologia de Desenvolvimento com outras ciências. 
Sempre que se fala de aprendizagem, é indispensável referirmo-nos do desenvolvimento, uma 
vez que, os dois processos se complementam. Mas, iniciaremos por tratar da Psicologia de 
Desenvolvimento para depois falarmos da Psicologia de Aprendizagem. 
1.1. Desenvolvimento: 
Quando se fala de desenvolvimento,entendemos como conjunto de alterações ou mudanças que 
se observam na estrutura do sujeito ao longo de sua vida ou ainda, conjunto de fases pelas quais o 
indivíduo passa ao longo do seu ciclo de vida. É um processo multidimensional que engloba os 
aspectos físicos (crescimento); fisiológicos (maturação); psicológicos (cognitivos e afectivos); 
sociais (socialização) e culturais (aquisição de valores e/ou normas). 
Segundo STRATTON e HAYES (1994:63), o desenvolvimento, “são processos de mudança 
durante o período de vida. Um aspecto é o desenvolvimento físico, que é fortemente influenciado 
por tendências genéticas. O outro é o desenvolvimento psicológico, directamente muito mais 
influenciado pelos factores ambientais”. 
Desenvolvimento humano surge na sequência da alteração sistemática de carácter psicológico 
que ocorre ao longo de toda a existência do indivíduo. 
 
 
 
9 
O desenvolvimento deve ser considerado como um processo contínuo, global e flexível. Estudo 
das alterações físicas, cognitivas e psicossociais que ocorrem ao longo do ciclo do ser humano 
(desde a Concepção até que morte). 
O que será então Psicologia de Desenvolvimento? 
1.2. Psicologia do Desenvolvimento 
Também conhecida por Psicologia Evolutiva, é um ramo da Psicologia que estuda o homem nas 
suas diferentes etapas de crescimento e a sucessão das etapas da vida do ponto de vista físico, 
mental, cognitivo, moral, emocional e afectivo. 
A psicologia do desenvolvimento trata de explicar as transformações que as pessoas sofrem com 
o passar do tempo. 
Este campo examina mudanças na estrutura do sujeito através de uma ampla variedade de 
tópicos, tais como habilidades motoras, habilidades em solução de problemas, entendimento 
conceitual, aquisição de linguagem, formação da identidade, etc. 
A psicologia do desenvolvimento tem como objecto de estudo as alterações psicológicas que se 
processam ao longo da vida. 
Assim sendo o objecto de estudo da Psicologia de Desenvolvimento é: 
Desenvolvimento (conjunto de fase pelas quais o indivíduo passa ao longo do seu ciclo de vida, 
desde a concepção até a velhice ou morte). Um processo multidimencional que engloba os 
aspectos físico (crescimento), fisiológico (maturação), psicológicos (cognitivos e afectivos), 
sociais (socialização), e culturais (aquisição de valores, normas). Ou mesmo, a dinâmica 
evolutiva da psique humana. 
1.3. Resenha histórica do surgimento da Psicologia do Desenvolvimento 
A literatura sobre a Psicologia do Desenvolvimento não relata com clara descrição o nascimento 
da Psicologia do Desenvolvimento, no entanto, existem marcas históricas que possibilitam 
construir o percurso deste ramo da Psicologia, tomando em consideração os traços de seu 
surgimento, marcados por acontecimentos que precipitaram o aparecimento deste saber. No 
 
 
10 
entanto, pode-se arriscar afirmar que o surgimento da Psicologia do Desenvolvimento remonta 
aos meados do séc. XIX, devido à penetração das ideias genéticas no campo da Psicologia. 
Outras contribuições para este ramo foram: 
 A obra do eminente Pedagogo Russo K. O. Ushinski (1824- 1872) “O homem como objecto da 
educação”. Nesta obra o autor recomenda aos educadores o seguinte “estudem as leis que regem 
aqueles fenómenos psíquicos que desejam dirigir, e, actuem tendo em conta essas leis e as 
circunstâncias das quais sejam aplicadas” 
 As ideias evolucionistas de Charles Darwin (1809- 1884) que com base na sua teoria muitos 
Psicólogos se interessam em conhecer como nascem e evoluem os processos mentais nos 
humanos; 
 Um dos acontecimentos muito importantes para o surgimento desta ciência foi o 1º Congresso 
da Psicologia Pedagógica em 1906, em St. Persburg. Nesta, a conclusão a que A. P. Nechauv 
(russo, representante da Psic. Pedagógica) chegou foi a de que: “a utilidade da Psicologia para a 
prática Pedagógica só é possível pelo caminho da investigação experimental durante o processo 
de ensino e educação”. Esta investigação deve estar fundamentada no conhecimento das 
particularidades e características globais (físicas, psíquicas e sociais) dos sujeitos, em diferentes 
estágios de desenvolvimento. 
A pessoa mais citada como fundador da psicologia de desenvolvimento é G. Stanley Hall. 
Em finais do século XIX, Hall usou o questionário para explorar os “conteúdos da mente infantil” 
e descobriu que a compreensão da criança cresce rapidamente durante a infância. Mais tarde, 
chamamos atenção para a adolescência (1904) como uma única no ciclo de vida humana. 
Seu trabalho foi a primeira investigação científica em longa escala sobre o desenvolvimento do 
jovem ser considerando como fundador da psicologia do desenvolvimento. Enquanto Hall usava 
questionário Sigmund Feud testava outras maneiras de estudar a mente com a sua teoria 
psicanalítica. Em meados da década de 1930. 
 
 
11 
Hoje há muitas teorias que contribuem para que conhecemos hoje sobre o desenvolvimento de 
crianças adolescentes. Ambas na ciência do desenvolvimento são boas à medida que permitem 
prever e explicar importantes aspectos do desenvolvimento. 
1.4. A Psicologia de Desenvolvimento e a actividade do educador 
É importante compreender e conhecer como as pessoas desenvolvem e as condições necessárias 
para esse desenvolvimento. Com o estudo do desenvolvimento pretende-se que os estudantes 
sejam capazes de conhecer e distinguir as características gerais do processo de desenvolvimento 
normal de um indivíduo, desde a sua concepção até a morte. Além disso, pretende-se igualmente 
que os futuros profissionais de educação desenvolvam uma visão crítica da diversidade de 
abordagens do estudo das mudanças ao longo do desenvolvimento, bem como adquirir 
conhecimentos nas diversas áreas que este processo compreende (desenvolvimento emocional, 
cognitivo, desenvolvimento da linguagem, psicomotor, moral). 
Após estes conhecimentos espera-se que os futuros profissionais de educação apliquem os 
princípios básicos e as leis de desenvolvimento da criança; prestem maior atenção à psicologia da 
criança e a natureza do seu crescimento; compreendam o porque de um certo comportamento e 
melhor aplicar as actividades ou medidas mais adequadas para a instrução e educação de crianças 
em cada etapa do seu desenvolvimento; saiba seleccionar as melhores estratégias de direcção do 
processo de aprendizagem. 
Tarefa 1: 
1. Apresente a relação existente entre a Psicologia de Desenvolvimento e outras Ciências; 
2. Porque razão o professor deve ter o conhecimento da Psicologia de Desenvolvimento? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
1.5. Relação da Psicologia de Desenvolvimento com outras ciências 
A Psicologia de Desenvolvimento tem uma estreita relação com outras ciências tais como: 
Antropologia, História, Pedagogia, Biologia, Medicina, Fisiologia e outras. Vejamos o esquema. 
 
Fig. 1: Esquema da Relação da Psicologia de Desenvolvimento com outras ciências 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelos Autores 
 
 A Psicologia de Desenvolvimento se relaciona com antropologia cultural, pois ela estuda 
como é que as diferentes idades se comportam dentro da sociedade (cultura). 
 Com a medicina, ajuda a ajustar a dose do indivíduo segundo a idade, o tratamento hospitalar 
deve ser diferente segundo etapas ou fases etárias, o médico varia o seu comportamento segundo 
a idade da pessoa. 
 Com Fisiologia, a prontidão dos sistemas respiratórios, circulatórios, digestivos, órgãos 
reprodutores variam segundo a idade do indivíduo. 
 Com a Pedagogia, ajuda a adequar o que queremos mediar segundo a idade, isto é, o ensino e a 
educação consoante a idade do indivíduo. A Pedagogia forma o comportamento do homem, para 
tal consulta a Psicologia de Desenvolvimento como deve lidar com as pessoas segundo a idade. 
 História: permite-nos conhecer o desenvolvimento do Homem através dos tempos e 
compreender a partir dessa evolução as característicasactuais das várias realidades sociais que 
influenciam no comportamento do indivíduo. 
Psicologia de 
Desenvolvimento Pedagogia Medicina 
Fisiologia 
História 
Antropologia 
Cultural 
Biologia 
 
 
13 
 Biologia: estuda o funcionamento e a estrutura do Sistema Nervoso, as glândulas secretoras e o 
seu funcionamento. O Sistema Nervoso capta estímulos, os organiza e emite respostas ou actos 
de conduta e, a secreção de hormonas permite que Sistema Nervoso fique estimulado numa 
determinada direcção. 
 
Um dos principais ramos da Biologia que se relaciona com a Psicologia é a genética. A Genética 
estuda os processos hereditários subjacentes ao comportamento. 
 
 Como se pode ver, a Psicologia de Desenvolvimento, não é uma área de conhecimento isolada a 
outras ciências, ela se relaciona com outras ciências, as quais fornecem conhecimentos para a 
abordagem dos conteúdos desta. 
 
 
1.6. Desenvolvimento do ser humano 
Aula 2: - Conceitos de Desenvolvimento Humano; 
 - A Vida antes (zigoto, embrião e feto) e depois do nascimento 
 (infância, adolescência, idade adulta e velhice); 
 - Factores que influenciam o Desenvolvimento Humano; 
 - Aspectos do Desenvolvimento Humano. 
Objectivos Específicos: 
No fim desta aula o estudante deve ser capaz de: 
 - Explicar o conceito de desenvolvimento humano; 
 - Descrever as fases do desenvolvimento humano; 
 - Apresentar os factores do desenvolvimento humano; 
 - Indicar os aspectos do desenvolvimento humano. 
 
Desenvolvimento Humano: conjunto de fase pelas quais o indivíduo passa ao longo do seu ciclo 
de vida, desde a concepção até a velhice ou morte. Um processo multidimencional que engloba 
os aspectos físico (crescimento), fisiológico (maturação), psicológicos (cognitivos e afectivos), 
sociais (socialização), e culturais (aquisição de valores, normas). 
A Vida Antes do Nascimento (o Desenvolvimento Pré-Natal) 
O desenvolvimento pré-natal (gestação) é o período compreendido entre a fecundação e o parto. 
 
 
14 
Segundo Mwamwenda (2006:29), depois da concepção, o feto humano passa por três fases de 
desenvolvimento antes do nascimento: germinal (zigoto), embrionário (embrião) e fetal (feto). 
a) Estádio Germinal 
O estádio germinal é a fase do desenvolvimento pré-natal que compreende as duas primeiras 
semanas após a concepção. Neste estádio forma-se o zigoto após a fecundação que flutua 
livremente no fluido do útero. Ao fim de cerca de duas semanas, o zigoto (ovo) fixa-se na parede 
do útero recebendo oxigénio e alimentação do corpo da mãe. Dois ou três dias a sua implantação 
no útero, o novo ser passa a chamar-se embrião. 
b) Estádio Embrionário 
Este é o segundo estádio de desenvolvimento pré-natal, que vai de duas semanas até o fim do 
segundo mês (oito semanas depois da concepção), na altura em que o zigoto (ovo) se fixa a 
parede uterina. Durante este período, a maioria dos órgãos vitais e sistemas corpóreos começa a 
se formar no organismo em desenvolvimento. 
As primeiras fases de vida do embrião humano apresenta características semelhantes com os 
outros mamíferos. A cabeça do embrião é muito grande em relação ao resto do corpo e membros 
não são diferenciados. No final deste período, o organismo é claramente identificável como 
humano (tem face, olhos, nariz, etc.) e passa a se designar feto. 
c) Estádio Fetal 
O estádio fetal é o terceiro período do desenvolvimento pré-natal que vai de dois meses (oitava 
semana) até o nascimento. O feto é capaz de ouvir, movimentar os dedos, dar pontapés, fazer 
punho, levar o polegar a boca, escolher a posição de dormir, sentir sabor, etc. 
O feto ouve porque musicas fortes e ruído, aceleram as pulsões cardíacas da mãe como 
consequência das reacções do feto. Algumas músicas provocam inquietação ao feto e outras 
provocam sossego. 
Liley (1972) provou que os fetos sentem gosto. Ele introduziu no líquido amniótico sacarina e 
verificou que o feto chupava com muita rapidez. Quando introduziu uma substância amarga, o 
feto não manifestou em querer chupar. 
 
 
 
15 
Nascimento 
O nascimento é o período de transição da vida privada do indivíduo para a vida em sociedade. É 
o conjunto de fenómenos físicos que tem como finalidade expulsar o feto para o exterior. 
Para Mwamwenda (2006:32) o nascimento “é o processo pelo qual um feto humano é expulso do 
útero para o mundo exterior”. 
Quando a criança nasce pesa normalmente 2500 gramas. Crianças com um período de gestação 
reduzido e pesa inferior a 2500 gramas são considerados prematuras. 
A primeira respiração imediatamente após o parto é difícil devido o oxigénio do ambiente que a 
criança recebe, pois tem inicio a respiração pulmonar. Se o pequeno cérebro não recebe oxigénio 
dentro de 8 minutos pode contrair lesões. 
Por regra, a primeira respiração é acompanhada por grito. O grito converte-se em breve, numa 
forma de manifestação de dissabores ou transtornos (indisposição, desconforto, mal estar, alerta a 
mãe para acções de cuidado, isto é, um estimulo chave da mãe). Em cada dor do parto, a criança 
está exposta a uma pressão com cerca de 25 kg. Por isso, partos muito prolongados ou 
complicados colocam a criança provavelmente numa situação de indisposição intensiva. O acto 
de nascimento por si só é, uma lesão psíquica, o que serve de base para o medo original do 
homem segundo a psicanálise. 
 
A Vida depois do Nascimento 
O indivíduo após o nascimento passa por quatro estágios fundamentais: Infância, Adolescência, 
Adulta e a Velhice. 
a) Infância 
É o período do desenvolvimento humano que vai do nascimento aos 11/12 anos de idade. Refere-
se aos primeiros anos da vida do indivíduo. Aqui, a criança deve desenvolver actividades 
psicomotoras como a manipulação de objectos, gatinhar, andar, jogar, fabricar brinquedos, etc.; 
desenvolver actividades ligadas ao desenvolvimento sensorial (captar sons, identificar as cores, 
sabores, cheiros, etc); actividades relacionadas com o desenvolvimento afectivo (sentimento de 
 
 
16 
carinho, amor, emoções, etc.) e actividades ligadas ao desenvolvimento da linguagem verbal 
(chorar, reacções ao novo mundo, falar gritar, etc.) e não verbal (sorrir). 
b) Adolescência 
É o período de desenvolvimento entre a infância e a fase adulta. Em algumas culturas a 
adolescência é uma transição muito breve que se realiza através de alguns ritos de passagem, mas 
na cultura ocidental ela se estende do início da puberdade, em torno dos 12 anos até os 17 ou 18 
anos. 
A adolescência é uma época da vida humana marcada por profundas transformações fisiológicas
1
, 
afectivas
2
, intelectuais
3
 e sociais
4
. Ao terminar a adolescência o jovem tem o sentimento de 
individualidade e compreende o seu papel activo na orientação da sua vida aceitando 
compromissos. Em algumas culturas a adolescência é uma transição muito breve que se realiza 
através de algumas formas de ritos de passagem. A pesquisa sobre a adolescência tem enfatizado 
as quatro áreas de desenvolvimento: competência, individualidade, identidade e auto-estima. 
c) Idade Adulta 
Nesta fase, o indivíduo saiu da idade de adolescência e atingiu a maioridade. Esta é a fase em que 
o indivíduo desenvolve e implementa o conhecimento adquirido nas fases posteriores. É 
conhecida também como a fase de produtividade e execução da actividade profissional, ou o 
garante a reforma. 
 
 
 
 
1
 Aspectos fisiológicos refere-se a fase de pré-puberdade que dura mais ou menos dois anos, ocorrem mudanças 
corporais (caracteres sexuais secundários) que preparam as transformações fisiológicas da puberdade, como a 
possibilidade de ejacular ou de menstruação, proporcionando a capacidade de reprodução. Outras maturacoes físicas 
acontecem durante a adolescência são: a ossificação da mão que secompleta, uma aumento do tamanho do coração e 
dos pulmões, etc. 
2
 As transformações corporais levam ao jovem a voltar-se para si próprio, procurando o que se está passar, para se 
entender mais profundamente enquanto pessoa. Alguns jovens sentem necessidade de se afirmarem como diferentes; 
assim, a “crise de originalidade” que alguns atravessam tem expressão na forma de vestir, na linguagem, na 
actividade artística, nas atitudes e comportamentos. 
3
 A adolescência é uma fase em que se obtém uma maturidade intelectual. A mudança intelectual da adolescência 
vai, pois permitir ao jovem, construir o “seu sistema pessoal”. 
4
 Durante a adolescência, o jovem vai interessar-se por problemas éticos e ideológicos, debate-os, faz opções e 
constrói os valores sociais próprios. 
 
 
17 
d) Velhice/ 3ª Idade 
Considera-se indivíduo da 3ª idade, aquele que está muito avançado em termos de idade. 
Designada também por fase de reforma, em que o indivíduo colhe fruto da semente lançada 
durante a vida. 
 
1.7. Factores que influenciam o desenvolvimento e crescimento humano 
BOCK, FURTADO & TEIXEIRA (1999:82) Consideram quatro factores indissociáveis e em 
permanente interacção, que afectam todos os aspectos do desenvolvimento. São eles: 
Hereditariedade 
A carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se. Existem 
pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No entanto, a inteligência pode 
desenvolver-se a aquém ou alem do seu potencial, dependendo das condições do meio que 
encontra. 
 
Crescimento orgânico 
Refere-se ao aspecto fisco. O amadurecimento de altura e a estabilização do esqueleto permite ao 
indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. Imaginemos nas 
possibilidades de descobertas de uma criança, quando comera a engatinhar e depois de andar, em 
relação a quando uma criança estava no berço com alguns dias de vida. 
 
Maturação neuropsicológica 
É o que torna possível determinado padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por 
exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e maneja-lo como nos, e necessário um 
desenvolvimento neurológico que a criança de 2, 3 ano não tem. Observe como ela segura o lápis. 
 
Meio 
O conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do 
indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter 
um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo 
 
 
18 
tempo, pode não subir e descer com uma facilidade uma escada, porque esta situação pode não 
ter feito parte de uma experiência de vida. 
 
1.8. Aspectos do desenvolvimento humano 
Na visão de BOCK, FURTADO & TEIXEIRA (1999:82) o desenvolvimento humano deve ser 
entendido com uma globalidade, mas, para efeito de estudo, tem sido abordado a partir de 4 
aspectos básicos. 
Aspecto fisico-motor – refere-se ao crescimento orgânico, a maturação neurofisiologica, a 
capacidade de manipulação de objectos e de exercício do próprio corpo. (ex: a criança aos 7 
meses consegue levar a chupeta a boca porque já tem uma certa concordância no movimento das 
mãos). 
Aspecto intelectual–é a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança de 2 anos, 
que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que esta debaixo de um móvel ou o jovem 
que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário. 
Aspecto afectivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. 
É o sentir. A sexualidade faz parte deste aspecto. Exemplos: a vergonha que sentimos em 
algumas situações, o medo em outras, a alegria de rever um amigo querido, etc. 
Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras 
pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, é possível observar que algumas 
espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que permanecem sozinhas. 
Analisando cada um destes aspectos descobrimos que todos os aspectos estão presentes em cada 
um dos casos. Não é possível encontrar um exemplo “puro”, porque todos estes aspectos 
relacionam-se permanentemente. Por exemplo, uma criança tem dificuldade de aprendizagem, 
repete o ano, vai-se tornando cada vez mais “tímida” ou “agressiva”, com poucos amigos e, um 
dia, descobre-se que as dificuldades tinham origem em uma deficiência auditiva. Quando isso é 
corrigido todo o quadro reverte-se. A história pode também não ter um final feliz, se os danos 
forem graves. 
 
Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que estes quatro aspectos 
são indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar o 
desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A Psicanálise, por exemplo, 
 
 
19 
estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afectivo-emocional, isto é, do desenvolvimento da 
sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual. 
Tarefa 2: 
1. Discuta, que aspecto é predominantemente característico nos adolescentes? Justifique a sua 
resposta. 
 
1.9. Teorias de desenvolvimento humano 
Aula 3, 4 & 5: - Conceitos Teoria; 
 - Teoria de desenvolvimento cognitivo; 
 - Teoria de desenvolvimento psicossexual; 
 - Teoria de desenvolvimento psicossocial; 
 - Teoria de desenvolvimento moral; 
 - Teoria de desenvolvimento sócio-emocional; 
 - Teoria de Bruner; 
 - Teoria interacionista de Vygotsky; 
 - Teoria dialectica (socio-emocional) de Wallon. 
Objectivos Específicos: 
No fim desta aula o estudante deve ser capaz de: 
 - Explicar o conceito de teoria do desenvolvimento humano; 
 - Descrever as principais teorias de desenvolvimento humano. 
 
Quando se fala de teoria, refere-se ao conjunto de leis, princípios e normas que procuram explicar 
factos sobre uma certa realidade. É uma linha de princípios sistemáticos e lógicos que resultam 
de uma pesquisa científica sobre um fenómeno de interesse humanitário para explicar as causas e 
efeitos da sua ocorrência. 
 
“Teoria é uma explicação globalizada dada para um conjunto de observações organizadas em 
um modelo ou padrão coerente”. (STRATTON e HAYES, 1994:223). 
 
Assim, as teorias do desenvolvimento humano são princípios que explicam o processo de 
desenvolvimento humano. Entre tantas encontramos: teoria do desenvolvimento cognitivo 
segundo Piaget, teoria do desenvolvimento psicossexual segundo Freud, teoria do 
 
 
20 
desenvolvimento psicossocial segundo Erickson, teoria do desenvolvimento moral segundo 
Kohlberg, teoria do desenvolvimento sócio-emotiva segundo Wallon e teoria de Bruner. 
 
1.9.1. Teoria de desenvolvimento cognitivo segundo Piaget 
No estudo do desenvolvimento humano, Piaget fixa-se particularmente, nos processos cognitivos 
(do conhecimento) e procura encontrar um modelo capaz de explicar a sua génese, a sua estrutura 
e as suas transformações. 
 
Para Piaget, o ser humano relaciona-se com o meio onde se insere, adaptando-se a ele, através da 
assimilação e acomodação, numa interacção dinâmica constante de equilíbrios sucessivos e 
progressivos. 
 
A vida psíquica desenvolve-se através da troca entre o sujeito e o meio, o conhecimento advém 
das interacções sujeito / objecto. O comportamento do indivíduo e a inteligência, resulta de uma 
construção progressiva do sujeito em interacção com o meio. 
 
 Segundo Piaget, o desenvolvimento intelectual faz-se desde as reacções reflexas inatas até a fase 
adulta. Este processo desenvolve-se ao longo de 4 estádios: 
1) Estádio Sensório-motor (0-2 anos) 
Segundo SPRINTHALL & SPRINTHALL (1997:103) nesta fase, “a actividade cognitiva baseia-
se principalmentena experiência imediata através dos sentidos”. Chama-se sensorio-motor, pois 
as crianças aprendem usando os seus diferentes sentidos, sobretudo tocando os objectos, 
manipulando-os e explorando fisicamente o meio ambiente. 
2) Estádio Pré-operatório (2-7/8anos 
É pré-operatorio, por a criança não é capaz de usar de forma sistemática as suas capacidades em 
desenvolvimento. A característica mais saliente nesta fase é que a criança considera que as 
pessoas vêm o mundo como ela o vê, até quando conta um episódio, omite alguns pormenores, 
considerando que os outros não necessitam para entender (egocentrismo). 
 
 
 
 
 
21 
3) Estádio operatório concreto (operações concretas)- 7/8 -11/12 anos 
A criança adquire a capacidade de dedução e a conservação (permanência de um objecto e das 
suas propriedades, para além de alteração das partes). As crianças dominam noções lógicas e 
abstractas e são capazes de efectuar operações mentais como matemáticas. 
4) Estádio operatório formal ou do operações formais (11/12 –16 anos) 
Surge o pensamento hipotético-dedutivo. Quando as crianças se deparam com um problema, são 
capazes de rever todas as formas possíveis de resolver, examinando teoricamente de maneira a 
chegar a uma solução. 
De acordo com Piaget, os primeiros três estádios de desenvolvimento são universais, mas nem 
todos adultos alcançam o estádio operatório formal. O desenvolvimento deste tipo de pensamento 
esta dependente, em parte, do processo de escolarização. Os adultos com educação limitada 
tentam a continuar em termos concretos e reter largos traços de egocentrismo (a criança 
relaciona tudo consigo mesmo e fecha-se do resto do mundo na medida em que atribui tudo as 
suas capacidades), ou seja, é o entendimento pessoal que o mundo foi criado e pela incapacidade 
de compreender as relações entre as coisas. A criança não compreende o ponto de vista do outro 
porque se centra no seu ponto de vista. O egocentrismo está presente em frases como: há vento 
porque estou com muito calor, a noite vem quando é para ir a cama. 
 
1.9.2. Teoria de desenvolvimento psicossexual segundo Freud 
Freud centrou a sua atenção nos estados patológicos e, de modo especial, nas perturbações do 
comportamento de origem neurótica e psicótica. Freud é o “pai” da Psicanálise, ciência que tem 
como objecto de estudo, a análise do inconsciente. 
Um dos grandes méritos de Freud e da Psicanálise foi de chamar atenção para a importância dos 
primeiros anos de vida, o que trouxe consequências decisivas para a educação, particularmente 
para a educação sexual. 
 
Na perspectiva freudiana, desenvolvimento humano em 5 fases ou estádios, cada estádio é 
caracterizado pela concentração da libido (impulso ou pulsão sexual), numa determinada zona 
erógena: boca, anus, orgãos sexuais para os primeiros estádios respectivamente. 
 
 
22 
No que toca ao quarto estádio, a libido se difunde por todo o corpo, se acalma, ficando como que 
adormecida, ou no estádio de latência, no quinto, ela vem de novo a superfície e concentra-se de 
modo mais explícito nos órgãos sexuais. 
 
1.Fase Oral (0-2 anos) 
Nesta fase, a energia sexual concentra-se na boca e o bebe tira prazer através da zona erótica da 
boca, dos lábios e da língua e nos actos de sucção, mordedura e mastigação. 
2.Fase Anal (2-3 anos) 
Aqui, a energia libidinal desloca-se para ânus e as principais fontes de prazer sexual são as 
actividades esfinctéricas. Conter fezes significa bloquear a satisfação de uma necessidade. Assim, 
a conservação de exigências dos pais cria um conflito relacionado com a fase anal, o que poderá 
manifestar-se na idade adulta em comportamentos de excessiva limpeza, pontualidade, 
obstinação (teimosia, renitência, etc.). 
3.Fase Fálica (3-5 anos) 
A libido desloca-se para as zonas genitais, e as crianças manipulam os seus órgãos genitais, 
tornam-se curiosos em relação as diferenças entre os dois sexos (masculino e feminino). Nesta 
fase, surgem complexos de Édipo e de Electra, que poderá ser superado pela identificação do 
menino ao pai e menina a mãe. 
 
4.Fase da Latência (6- inicio da adolescência) 
Nesta fase, a energia libidinal perde intensidade e a actividade da criança orienta-se ou dirige-se a 
próprios interesses do ambiente (vida escolar, relações sociais e jogos). 
 
5.Fase Genital (fim da adolescência) 
É o culminar do desenvolvimento psicossexual, o rapaz e a rapariga completam o 
desenvolvimento e orientam o próprio comportamento sexual. Surgem a necessidade de relações 
reciprocamente gratificantes, sobretudo com indivíduos do sexo oposto. 
1.9.3. Teoria do Desenvolvimento Psicossocial (Erickson) 
Esta teoria afirma que o desenvolvimento psicossocial atravessa 8 estádios e em cada um, o 
indivíduo deve enfrentar uma série de problemas, o que se chama de crise de estádio, para poder 
 
 
23 
passar ao estádio sucessivo. Segundo Erickson, na medida em que uma criança resolve 
positivamente os problemas de cada estádio, determina-se a sua possibilidade de tornar-se uma 
pessoa adulta dotada de capacidades de adaptação. 
a) Estádio Sensorio-Oral (0-1 ano) 
Verifica-se nesta fase uma crise entre a confiança e desconfiança. A criança põe-se em problema 
de ter confiança ou não ter confiança na pessoa que toma cuidado ou se ocupa dela, geralmente a 
mãe, se recebe ou não nutrição e afecto. Se a criança não contar com o afecto e os cuidados 
maternos, perderá a confiança para com as outras pessoas e pensará que o ambiente externo não 
lhe por dar confiança. 
 
 
b) Estádio Muscular-Anal (1-2 anos) 
A crise está entre autonomia – dúvida/vergonha. A criança começa a explorar o mundo e a entrar 
em relação com outras pessoas. Na medida em que conquista a autonomia, as habilidades 
principais como aprender a caminhar, gatinhar, descoberta da vontade própria, surge. A criança 
desenvolve a capacidade de escolha, a possibilidade de auto-domínio, sentimentos de autonomia 
e de amor-próprio. 
c) Estádio Locomotório-Genital (3-5 anos) 
A crise está entre iniciativa/sentimento de culpa. A criança tem que resolver o conflito existente 
entre tomar iniciativa em actividades e apreciar os resultados ou sentir-se culpa por ter 
ultrapassado os limites, neste caso, surge o medo de punições ou de castigos, críticas e de 
consequências, o sentimento inibitório (a criança pode perder a capacidade de tomar novas 
iniciativas e sentir-se culpada pelas falhas). 
d) Estádio de Latência (6 anos a puberdade) 
Verifica-se nesta fase a crise da diligência (competência ou mestria) e complexo de inferioridade. 
Neste estádio, a criança adquire as regras fundamentais sobre o mundo externo e as primeiras 
regras do comportamento social, graças ao facto de frequentar a escola e o grupo de amigos. As 
competências podem ser desenvolvidas e reforçadas ou então podem ser bloqueadas. O insucesso 
na escola ou nas relações sociais, em geral, podem bloquear o desenvolvimento cognitivo e 
emotivo. 
 
 
 
24 
e) Adolescência 12-18/20 anos) 
A crise por superar está entre a identidade e confusão a cerca de papel a desempenhar (confusão 
de identidade) 
O adolescente deve desenvolver o sentido de identidade de si mesmo, torna-se um indivíduo com 
a sua própria personalidade distinta da dos parceiros e dos adultos com próprias normas sociais e 
próprios valores morais. A não identificação manifesta-se na confusão de papeis, facto em que o 
adolescente não consegue encontrar um papel adequado para a sua personalidade no contexto 
social. 
f) Primeira Idade Adulta (20-30 anos) 
Nesta fase, a crise está entre intimidade ou amor/ isolamento, a pessoa enfrenta a escolha entre 
uma vida caracterizada de relações de intimidade (capacidade de amor e de amizade). É o estádio 
da vida em que se põe também problemas de escolha profissional que permite a inserção na 
sociedade. 
g) Meia-idade (30-60 anos) 
A crise situa-se entre criatividade ou interesse/ estagnaçãoou auto-observação 
Regista-se a consolidação do amor e da amizade, aumento do interesse profissional, aumento da 
atenção para os filhos. Nesta fase, contribui muito o tipo de escolha profissional feita, em 
particular em relação a constatações feitas no que diz respeito aos objectivos ou propósitos 
alcançados ou não, segundo o plano traçado na juventude. Os insucessos podem muitas vezes 
estimular a novos interesses e opções ou a uma nova ou mais lúcida consciência (clareza do 
raciocínio) das próprias capacidades. 
 
h) Velhice (60 anos em diante) 
A crise observa-se entre o sentimento de integração (auto-aceitação) e calma/ desespero. Nesta 
fase emerge uma outra situação de conflito, aquela que concerne a aquisição de um sentido de 
integridade, que se experimenta quando se considera que a própria vida foi completada, dando-
lhe um sentido ao qual se contrapõe o desespero, se se pensa não ter alcançado os objectivos que 
anteriormente se tinham proposto ou de não ter integrado as próprias experiências. A pessoa pode 
tornar-se sabia, não se preocupando ansiosamente pela vida porque descobriu o seu sentido e o da 
dignidade da sua vida, assim, há aceitação da morte. Mas pode não alcançar a sabedoria ao fazer 
 
 
25 
o balanço da sua vida ou avaliação do seu passado e verificar que não fez nada que valesse a 
pena, logo surge um sentido de desgosto pela vida e de desespero perante a morte. 
 
 1.9.4. Teoria de Desenvolvimento Moral (Kohlberg) 
No desenvolvimento da personalidade joga um papel fundamental a aquisição de regras de 
comportamento que reflectem os valores da cultura e da sociedade em que o indivíduo vive. 
Lawrence Kohlberg, fortemente influenciado pela teoria de Piaget, hipnotizou que o aspecto 
moral desenvolve-se gradualmente por estádios. 
Kohlberg introduz uma perspectiva desenvolvimentista, isto significa que revolucionou a 
compreensão sobre o desenvolvimento moral, descobriu que as pessoas não podem ser agrupadas 
em compartimentos definidos com rótulos simplicistas: 
o Este grupo é honesto 
o Este grupo é aldrabão 
o Este grupo é reverente 
Para o desenvolvimento do carácter, “dizer as crianças e adolescentes para adoptarem 
determinadas virtudes ou manipulá-las até que digam palavras certas não produz um 
desenvolvimento pessoal ou cognitivo significativo”. (Sprinthall & Sprinthall, 1993: 170). 
Segundo KOHLBERG, o desenvolvimento ocorre de acordo com uma sequência específica de 
estádios, independentemente da cultura, sub cultura, continente ou país, raça. 
Moral refere-se as normas e regras da conduta social que caracterizam as concepções a respeito 
da justiça e injustiça, do bem e do mal. São mantidas ou cultivadas pela força da opinião pública, 
hábitos, costumes e educação. 
Em 1964 Kohlberg identificou seis estádios fundamentais do desenvolvimento moral. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
Quando síntese de estádios do desenvolvimento moral de Kohlberg 
 
Níveis/ Estádios Características 
 
Moralidade pré-
convencional ou pré-
moral (0-7/8 anos) 
Caracteriza-se pelo facto 
das regras e normas sociais 
serem vistas com 
exteriores ao sujeito. Para 
categorizar as acções 
justas das injustas, o 
sujeito refere-se das 
consequências físicas 
(punições e recompensas). 
 
 
 
 
 
Orientação punitiva e obediência a autoridade: O sujeito obedece as 
pessoas investidas de autoridade (pais, professor, irmão mais velho, 
etc.. 
 
Orientação ingenuamente hedonica e instrumental: As acções ao 
definidas como justas quando satisfazem as necessidades pessoais do 
indivíduo. O sujeito toma em consideração a perspectiva do outro, 
embora ao serviço dos próprios interesses, antecipando as 
consequências positivas e negativas. A ideia é de tentar perceber de 
que forma se pode fazer negócio ou troca de favores: “coça-me as 
costas e eu coço-te as tuas”. 
 
 
 
 
Moralidade convencional 
ou de conformidade (7/8 
anos – adolescência) 
O sujeito interioriza e 
adapta como suas as regras 
morais, concebe as 
exigências da família, do 
grupo social ou da nação 
como constituídas de 
Orientação em função das relações interpessoais ou a moralidade 
do tipo “bom rapaz”: O sujeito tem em conta a maneira como os 
outros vêm o problema, há preocupação com o grupo de pessoas e 
conformismo as normas do grupo. O bem e o mal depende das 
reacções dos outros, embora em termos da aprovação ou desaprovação 
e não do seu poder físico. 
Moralidade da autoridade e da manutenção da ordem social: 
Caracteriza-se por comportamento moral dirigido pelo próprio 
indivíduo, de forma racional, tomando como referência as leis da 
sociedade. O sujeito aceita as convicções e as regras para evitar 
 
 
27 
valores em si mesmas, 
independentemente das 
consequências. 
censuras dos outros. Os comportamentos são julgados como bons se 
estão de acordo com o conjunto rígido de regras. 
Moralidade Pós-
convencional ou dos 
princípios (adolescência 
em diante) 
O sujeito distancia-se das 
regras e define os valores 
em termos de princípios 
universais livremente 
escolhidos. Procura definir 
os valores morais e os 
princípios 
independentemente da 
autoridade e da 
identificação as pessoas 
em forma universal. 
Moralidade do contrato social, dos directos individuais e da lei 
democraticamente aceite: O raciocínio moral passa a ter uma 
orientação contratual e legalista. A moralidade assenta-se num acordo 
entre as pessoas, prontas a conformar-se a normas que lhes parecem 
necessárias para a manutenção da ordem social e dos direitos de cada 
um. A conformidade a lei não está ligada em evitar sanção legal mas 
principalmente na perda de respeito de um observador imparcial. 
Orientação dos princípios éticos universais: Caracteriza-se pela 
orientação para princípios de universalidade e consistência lógica. O 
comportamento moral é controlado por um ideal interiorizado, 
independentemente das reacções dos outros. Trata-se de princípios 
universais da justiça, de reciprocidade, de igualdade, de respeito pela 
dignidade do ser humano, considerando como pessoa individual. É a 
consciência própria que dirige o comportamento moral do sujeito. 
Fonte: Adaptado pelos autores, conforme Modulo de Psicologia Geral 
 
1.9.5. Teoria dialéctica (sócio-emocional) de Wallon 
Wallon analisa o desenvolvimento humano numa perspectiva dialéctica e sócio-emotiva, em 
interacção entre a natureza e a cultura. Procurando abranger o ser humano na sua complexidade 
global, Wallon, apresenta-nos 5 estádios: 
 Estádio Impulsivo e emocional (1o ano): inicialmente caracteriza-se pela actividade impulsiva 
e reflexológica, que prepara o aparecimento do estádio emotivo, onde predominam 
comportamentos afectivos que constituem o modo dominante de relacionamento da criança com 
o meio envolvente, com a mãe e, num sentido mais amplo, com o meio familiar. 
 
 
28 
 Estádio Sensório-motar e projectivo (1o –3o ano): a actividade do sujeito começa a centrar-se 
em si mesmo, para depois incidir sobre os objectos ou as pessoas, levando a exploração do 
mundo circundante e a imitação e representação. 
 Estádio do personalismo (3o –6o ano): a criança descobre-se a si mesma como distinta dos 
outros, tomando consciência do seu próprio corpo. Considerando-se o centro do mundo, usa 
inicialmente se estratégias agressivas e posteriormente mais conciliadoras e insinuantes. 
 Estádio Categorial (6o –11o ano): a criança sente-se mais pacificada sócio-afectivamente, o 
que permite maior desenvolvimento cognitivo e linguístico, surgindo o pensamento categorial 
que permite comparações, distinções, maior capacidade de representação e um certo domínio de 
tempo que permite programar-se e contemporizar(acomodar-se as circunstâncias). 
 Estádio da Puberdade e da Adolescência (11o –16o ano): caracteriza-se pela crise de um 
sentimento de instabilidade motivada fundamentalmente por transformações somáticose 
fisiológicas, pelo despertar de uma maior consciência de si e pela entrada na dimensão social de 
um mundo mais determinante: o da criança e o da idade adulta. 
 
1.9.6. Teoria de Bruner 
Bruner estuda o desenvolvimento na sua relação com a aprendizagem no processo educativo e no 
quadro social de um determinado sistema de valores, de uma cultura que passa através dos 
mecanismos da linguagem. 
Numa perspectiva de desenvolvimento, Bruner é autor de três estádios: 
 Estádio de representação activa: predomina a acção. A criança “representa” o mundo 
circundante através da acção traduzida em respostas de natureza sensóro-motora como: andar, 
agarrar, tocar…A criança age sobre os objectos ou situações que lhe são presentes. 
 Estádio de representação Icónica: a criança representa o mundo circundante através de 
imagens. Corresponde, em parte, ao período pré-operatório piageciano. 
A criança adquire a capacidade de representar os objectos ausentes, singulares e concretos, na sua 
imagem. 
 Estádio de representação simbólica: o sentido de representação simbólica deve ser 
compreendido na relação com a linguagem. A linguagem só é possível a partir de uma dimensão 
simbólica. A linguagem desenvolve-se progressivamente no próprio processo de 
 
 
29 
desenvolvimento. É a famosa espiral de articulação de desenvolvimento e da aprendizagem passa 
pela linguagem sem a qual não é possível compreender o processo de acção educativa. 
 
1.9.7. Teoria Sócio-Cultural 
Segundo Gilly (1995), a abordagem sócio-cultural do desenvolvimento cognitivo é centrada na 
origem social da inteligência e no estudo dos processos sócio-cognitivos de seu desenvolvimento. 
Os trabalhos sobre esses processos se fundamentam na teoria do psicólogo Lev Vygotsky (1896- 
1934). 
 
Para Vygotsky o desenvolvimento é considerado como uma consequência das aprendizagem com 
que o sujeito é confrontado. Seu estudo passa necessariamente, pela análise de situações sociais 
que favorecem ao sujeito construir seu meio físico pois, numa abordagem sócio-construtivista o 
desenvolvimento cognitivo envolve as interações sujeito-objeto-contexto social. 
 
Vygotsky sublinhou as influências sócio-culturais no desenvolvimento das crianças, 
destacando as seguintes características: 
 O desenvolvimento não pode ser separado do contexto social 
 A cultura afecta a forma como pensamos e o que pensamos 
 Cada cultura tem o seu próprio impacto 
 O conhecimento depende da experiência social 
 A criança desenvolve representações mentais do mundo através da cultura e da linguagem 
 Os adultos têm um papel importante no desenvolvimento através da orientação que dão por 
ensinarem. 
 
Tarefa 3: 
1. Faz um quadro comparativo das teorias aqui apresentadas sobre o desenvolvimento humano. 
2. Qual das teorias explica melhor o aspecto do desenvolvimento humano? Justifica a sua 
resposta. 
 
 
30 
UNIDADE 2: PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM OU PEDAGÓGICA 
Aula 6: - Conceito de Aprendizagem e da Psicologia de Aprendizagem; 
 - Objecto de Estudo; 
 - Breve resenha histórica da aprendizagem; 
 - Elementos do Processo Pedagógico. 
Objectivos Específicos: 
No fim desta aula o estudante deve ser capaz de: 
 - Explicar o conceito de Aprendizagem e da Psicologia da Aprendizagem; 
 - Apresentar a breve resenha da Aprendizagem; 
 - Descrever os elementos do Processo Pedagógico. 
 
 
2.1. Conceito 
Aprendizagem é concebida como: 
- O processo de aquisição e assimilação dos conhecimentos; 
- O processo de apropriação de experiências, conhecimentos e mudanças de comportamento; 
- Modificação que se verifica no comportamento do indivíduo; etc. 
 
Na visão de STRATTON e HAYES (1994:15), a aprendizagem “ é uma mudança relativamente 
duradoura no conhecimento, no comportamento ou na compreensão que resulta da experiência”. 
 
Por aprendizagem entende-se como “uma construção pessoal, resultante de um processo 
experiencial, interior à pessoa e que se traduz numa modificação de comportamento 
relativamente estável” ALARCAO & TAVARES, 2002:86). 
 
Como processo, quer dizer que a acção de aprender se realiza em tempo mais ou menos longo. 
Por construção pessoal, entende-se que aprende-se verdadeiramente se o que se pretende 
aprender não passa através da experiência pessoal de quem aprende, numa procura de equilíbrio 
entre o adquirido e o que falta adquirir, através dos mecanismos de assimilação e acomodação. 
 
 
 
31 
Ao afirmarmos que o processo é experiencial, interior a pessoa, estaríamos a confirmar o 
carácter pessoal de aprendizagem. Por outro, o aspecto mais importante da aprendizagem, é o 
facto deste processo não se ver em si mesmo, mas apenas nos seus efeitos ou seja nas 
modificações que ela opera no comportamento exterior, observável do sujeito. É através das 
manifestações exteriores que se vê se o sujeito aprendeu, mas estas só se revelam se no interior 
do sujeito tiver havido um processo de transformação e mudança. 
 
Assim, a Psicologia de Aprendizagem é uma ciência que estuda a maneira como a pessoa 
aprende, as condições necessárias para aprender, o que aprende e o que faz com o que aprende. 
 
Ela destina-se a professores e estudantes de cursos de magistério necessitados de saber “o que faz 
a mente dos alunos com a matéria que está sendo ensinada” e de relacionar os fenómenos da 
mente com os do conjunto da personalidade do educando. 
Estuda os fins da educação, os métodos, procedimentos e formas de organização. 
 
A Psicologia da Aprendizagem trata de aspectos psicológicos do processo de educação mas 
propriamente as leis, regularidades; tenta explicar os mecanismos psicológicos que estão por 
detrás do processo educativo. Objecto da Psicologia Pedagógica: aspectos psicológicos do PEA 
ou a própria aprendizagem. 
 
2.2. Breve resenha histórica da aprendizagem 
Quando se fala de aprendizagem, olhamos a existência do ser humano; quer dizer, desde as 
primeiras comunidade, o homem criou condições de procura de conhecimento para a sua vida, 
ora para fabrico de instrumentos de caça e recolecção, para a defesa dos animais selvagem e das 
calamidades naturais, isto é, para a sua sobrevivência. 
 Segundo MANHIÇA (1996:10) a história da aprendizagem está estritamente ligada à evolução e 
educação da espécie humana. 
 
 
32 
Até aos seculos XV e XVI, não se dava às crianças uma educação específica enquanto seres em 
desenvolvimento necessitando de cuidados especiais em relação às outras pessoas mais crescidas. 
Crianças, jovens e adultos durante o processo educativo não eram diferenciados em termos de 
desenvolvimento, maturação e idade mas só em termos de origem e estatuto social. 
Assim, as crianças após terem adquiridos um mínimo de habilidades para se relacionarem com o 
meio em que se encontravam integradas, achavam-se aptas e “adultas” para participar em todas as 
actividades sócio-culturais, religiosas, recreativas e festivas com os adultos sem nenhuma 
distinção ou separação etária. Estavam sujeitas a todos os riscos sociais resultantes da dinâmica 
do processo evolutivo da sociedade (violência, criminalidade, prostituição, etc). 
A sociedade desde época medieval não tinha consciência dos sentimentos e comportamentos 
inocentes, característicos da criança. Mesmo assim, ela não era negligenciada, abandonada ou 
desprezada. 
No séc. XVII, a sociedade começa a preocupar-se e a mudar de atitude perante a criança. A igreja 
desempenhou um papel muito importante no desejo de proteger a criança da imoralidade, da vida 
leiga e da desonestidade atribuindo-lhe papeis sociais que estivessem de acordo com a sua 
condição de pessoa pequena em desenvolvimento. Nesta época as crianças já usavam trajes que 
as distinguiam dos adultos. 
Pela sua ingenuidade, gentileza e graça ela passou a ser fonte de diversão e distração dos adultos. 
Estes sentimentos que anteseram comuns entre as mães e amas, passaram a ser apresentados 
pelos homens numa demonstração de mudança de comportamento e atitudes da sociedade perante 
a criança. 
Os colégios funcionavam asilos para estudantes pobres e o papel deles estava directamente ligado 
ao ensino. Só no séc. XV é que começaram a surgir instituições complexas e modernas. 
A educação da criança passou a ser confiada a responsabilidade moral dos mestres que eram 
designados como encarregados das almas dos alunos. O colégio passa a ser uma referência social 
com um grupo docente, disciplina rigorosa e classe onde se formariam todas as gerações 
instruídas. 
Ainda no séc. XV, nas classes as crianças começam a ser divididas de acordo com as suas idades 
sob a orientação dum mestre. 
 
 
33 
O processo de diferenciação da população escolar foi evoluindo com a necessidade de adaptar o 
ensino do mestre ao nível do aluno. Isto possibilitou a formação da ideia de que havia diferença 
de capacidades na população escolar e segundo a idade e desenvolvimento. 
A repugnância pela precocidade infantil para a aprendizagem entre os seculos XVI e XVII marca 
a primeira ruptura da não indiferenciação das idades dos jovens. Os dons de certas crianças eram 
enaltecidos e cultivados. 
As crianças que demonstrassem precocidade no processo de aprendizagem eram recusadas de 
ingressarem na escola ou integradas nas classes mais baixas. 
A escolarização das crianças por idade escolar, começava da primeira infância (atá aos 5 ou 6 
anos) na qual permaneciam sob cuidado das mães ou das amas. Aos 7 anos como o começo da 
segunda infância a criança ingressava na escola. Mais tarde, o ingresso escolar foi retardado para 
9/10 anos devido á fraqueza, imbecilidade e incapacidade de aprendizagem que as crianças 
apresentavam no período da primeira infância. Esta passa a ser estendida ate aos 10 anos e a 
segunda ate aos 12/13 anos. Não havia uma separação rigorosa entre a segunda infância e a 
adolescência. 
 
2.3. Elementos do Processo Pedagógico 
 
O Processo Pedagógico como conjunto de actividades organizadas tendo em vista o alcance dos 
objectivos para o desenvolvimento da personalidade, é constituído por seguintes elementos: 
 
Fig. Esquema sobre elementos do processo pedagógico 
 
 Condições espaciais Objectivos Particularidades Condições 
 e temporais Psicológicas e Fisiológicas 
 
Educador/ Educa / Educando Aprender Conteúdos 
Mediador Mediar 
 
 Meios Métodos/ Técnicas, Estratégias Meios 
 
Fonte: Elaborado pelos Autores 
 
 
 
34 
No processo pedagógico, o educador é o primeiro elemento e tem a tarefa de desenvolver a 
personalidade do educando tendo em conta as particularidades psicológicas e fisiológicas do 
educando, os procedimentos ou métodos a usar. O educador é orientador (mediador) da 
aprendizagem, aquele que dirige o processo. O professor ao planificar, na execução da aula e na 
avaliação deve ter em conta todos elementos do Processo Pedagógico. 
 
O educando também tem seus objectivos, finalidades, capacidades que lhe leva a aprender. A sua 
actividade básica é de aprender. 
 
O educador deve ter uma atitude positiva em relação aos educandos, uma sensibilidade 
manifestada no amor pelo género humano e, de forma geral, da educação, da sua profissão. 
 
Tarefa 4: 
1. Além do professor/educador, aluno/educando e conteúdos, identifique outros elementos do 
processo pedagógico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
2.4. Relação da Psicologia Aprendizagem com outras disciplinas da Psicologia 
Aula 7 & 8: - Relação da Psicologia de Aprendizagem com outras ciências; 
 - Métodos da Psicologia de Aprendizagem; 
 - Importância da aprendizagem na vida humana; 
 - Características da aprendizagem. 
Objectivos Específicos: 
No fim desta aula o estudante deve ser capaz de: 
 - Estabelecer a relação da Psicologia de Aprendizagem com outras ciências; 
 - Descrever principais métodos da Psicologia de Aprendizagem; 
 - Descrever a importância da aprendizagem na vida humana. 
 
 
Tarefa 5 (em Grupo): 
1.Discussão sobre a relação da Psicologia de Aprendizagem e outras ciências. 
2.Importância da aprendizagem na vida humana. 
 
 Psicologia de desenvolvimento: estuda a dinâmica dos processos psíquicos e suas 
manifestações nos diferentes estádios de desenvolvimento. O desenvolvimento é o pressuposto 
básico para a aprendizagem. Por isso, o professor deve ter em conta o estágio de desenvolvimento 
do educando. 
 Psicologia geral: estuda a vida mental, ciência do comportamento global dos organismos. 
 Psicologia Social: estuda o fenómeno de interacção humana nos grupos sociais. 
 Psicologia das Organizações: estuda o fenómeno de interacção humana nas organizações, a 
Psicologia Pedagógica tem a ver com os aspectos psicológicos da interacção humana que 
influenciam na formação da personalidade. 
 Psicologia Patológica / Clínica: estuda os fenómenos patológicos da psique, a vida psíquica 
anormal. A Psicologia Pedagógica serve-se da Psicologia Patológica para procurar corrigir certos 
fenómenos patológicos. 
 Psicologia da Personalidade: estuda a personalidade como sujeito de relações interpessoais. 
 
 
 
 
 
36 
2.5. Métodos da Psicologia de Aprendizagem 
A Psicologia de Aprendizagem, como qualquer outro ramo da ciência, emprega métodos para 
comprovação de suas hipóteses, ou para o estabelecimento de suas leis e princípios. Os métodos 
de pesquisa da Psicologia Pedagógica são muito numerosos, pois ela recorre os mesmos métodos 
de investigação da Psicologia geral e às vezes, os métodos da Psicologia Pedagógica não se 
distinguem entre si senão por certos processos ou técnicas apropriadas. 
A mais ampla classificação divide os métodos da Psicologia Pedagógica em métodos de 
Observação e métodos de experimentação. A Psicologia de Aprendizagem também serve-se de 
outros métodos como o método dos testes e o método de estudo individual. 
 Métodos de Observação: estuda os fenómenos nas condições em que se processam 
espontaneamente, isto é, sem a intervenção do observador. Deixando a natureza e os fenómenos 
actuarem com seus próprios recursos, os métodos de observação observa, regista e analisa os 
acontecimentos. 
 Métodos de experimentação: é o método de referência da Psicologia de Aprendizagem. Os 
estudos experimentais são definidos como um método no qual o investigador manipula as 
variáveis sob cuidadas condições de controlo, e observa-se, em resultado dessa manipulação, 
existem ou não mudanças na segunda variável. 
Portanto, trata-se da experiência pedagógica que consiste em comparar dois grupos em que um 
grupo sofre a influência pedagógica (grupo de experiência) e um grupo de comparação, que não 
sofre tal influência. 
A experiência é uma observação provocada, sob condições controladas. Na observação, os factos 
ocorrem por si mesmos, sem que intervenha o pesquisador que, ao contrário, interfere na 
experiência, modificando as condições do fenómeno, que é o objecto de estudo. 
 Método dos testes 
Em Psicologia, um teste é um instrumento para apreciar objectiva e quantitativamente, as funções 
psicológicas ou aspectos de conduta, ou da personalidade, numa situação controlada. Nos testes 
psicológicos, cada pessoa é avaliada em relação a como ela se compara com outros em situação 
semelhante. 
 
 
37 
Na Psicologia de Aprendizagem, a principal função dos testes mentais é diagnosticar as aptidões 
dos alunos, selecçãoprofissional, diagnóstico de defeitos e anomalias mentais. 
 Método de estudo individual ou do histórico do caso: 
Neste método são empregue muitos métodos e técnicas combinadas. Para se estudar o 
comportamento de um indivíduo importa conhecer o maior número possível de factos sobre o 
mesmo, a fim de que possam ser compreendidas as principais forças e influências que orientam 
seu desenvolvimento. 
O estudo do caso é frequentemente empregue pelo orientador educativo, visando ajudar os alunos 
na solução de seus problemas. 
 
 2.6. Importância da aprendizagem na vida humana 
Através da aprendizagem, o homem melhora suas realizações nas tarefas e a compreender seus 
companheiros. Ela capacita-o a ajustar-se adequadamente ao seu ambiente físico e social. 
Cada indivíduo é o que é, pelo que aprendeu e ainda pelos modos segundo os quais poderá 
aprender. Todo o indivíduo aprende e, através da aprendizagem, desenvolve comportamentos que 
o possibilitam a viver. Portanto, todas as actividades e realizações humanas exibem os 
resultados da aprendizagem. 
Através de séculos, por meio da aprendizagem, cada geração foi capaz de aproveitar-se das 
experiências e descobertas das gerações e ofereceu sua contribuição para o crescente património 
do conhecimento e das técnicas humanas. Os costumes, as leis, a religião, a linguagem e as 
instituições sociais têm-se perpetrado, como um resultado da capacidade do homem para 
aprender. 
Portanto, é pela aprendizagem que o homem se afirma como racional, forma a sua personalidade 
e se prepara para o papel que lhe cabe no seio da sociedade. 
 
2.7. Características da aprendizagem 
1.Processo dinâmico: A aprendizagem não é um processo de absorção passiva, pois sua 
característica mais importante é a actividade daquele que aprende. Portanto, a aprendizagem só se 
 
 
38 
faz através da actividade do aprendiz. Ela envolve a participação total e global do indivíduo, em 
seus aspectos físico, intelectual, emocional e social. 
Os métodos de ensino na escola moderna tornaram-se activos, suscitando o máximo de 
actividade, da parte do aprendiz. 
2.Processo Contínuo: a aprendizagem está presente na idade pré-escolar, escolar, na adolescência 
e na idade adulta. Já que a aprendizagem é contínua, os agentes educacionais devem seleccionar 
conteúdos e comportamentos a serem exercitados, para o indivíduo não aprender algo que venha 
prejudicar seu ajustamento e bom desenvolvimento de sua personalidade. 
3.Processo global ou “compósito” 
Qualquer comportamento humano é global, inclui aspectos motores, emocionais e ideativos ou 
mentais. Portanto, a aprendizagem exige a participação total e global do indivíduo, para que todos 
os aspectos construtivos de sua personalidade entrem em actividade no acto de aprender, a fim de 
que seja restabelecido o equilíbrio vital. 
4.Processo Pessoal: a aprendizagem é intransferível, de um indivíduo para outro. A maneira de 
aprender e o próprio ritmo da aprendizagem varia de indivíduo para indivíduo. Cada indivíduo 
percebe, integra e representa os conhecimentos e os objectos, de uma forma única e pessoal. 
5.Processo gradativo: a aprendizagem realiza-se através de operações crescentemente 
complexas, e em cada nova situação, envolve maior número de elementos. Cada nova 
aprendizagem acresce novos elementos à experiência anterior, numa série gradativa e ascendente. 
6.Processo cumulativo: no acto de aprender, além da maturação, a aprendizagem resulta de 
actividade anterior (experiência individual). A aprendizagem constitui um processo cumulativo 
em que a experiência actual aproveita-se das experiências anteriores. A acumulação das 
experiências leva à organização de novos padrões de comportamento, que são incorporados, 
adquiridos pelo sujeito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
2.8. Conteúdos de Aprendizagem 
 
 Aula 9: - Conceito de Conteúdo da Aprendizagem; 
 - Critérios de selecção dos conteúdos; 
 - Organização sequencial dos conteúdos. 
 
1. Conceito de Conteúdo da Aprendizagem 
Conteúdo é o conjunto de informações, dados, factos, conceitos, princípios e generalizações, 
acumuladas pela experiência do homem, em relação a um âmbito ou sector da actividade 
humana. 
Para LIBANEO (1997:128), os conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, 
habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de actuação social organizados pedagógica e 
didacticamente, tendo em vista a assimilação activa e aplicação pelos alunos na sua prática da 
vida. Englobam, portanto: conceitos, ideias, factos, processos, princípios, leis científicas, regras, 
habilidades cognitivas, modos de actividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de 
estudo, de trabalho e de convivência social, valores, convicções e atitudes. 
Podemos dizer que, os conteúdos retratam a experiência social da humanidade no que se refere a 
conhecimentos e modos de acção, transformando-se em instrumentos pelos quais os alunos 
assimilam, compreendem e enfrentam as exigências teóricas e práticas da vida social. Constituem 
o objecto de mediação escolar no processo de ensino, no sentido de que a assimilação e 
compreensão dos conhecimentos e modos de acção se convertem em ideias sobre as propriedades 
e relações fundamentais de natureza e da sociedade, formando convicções e critérios de 
orientação das opções dos alunos frente as actividades teóricas e práticas postas pela vida social. 
Os conteúdos são organizados em matérias de ensino e dinamizados pela articulação objectivos-
conteúdos-métodos. 
2. Selecção de Conteúdos 
A selecção de conteúdos está vinculada, directamente, a determinação de quais conteúdos são 
considerados mais importantes e significativos para serem escolhidos e trabalhados numa 
determinada realidade e época, em função dos objectivos propostos. 
 
 
40 
Para isto, devemos estar atentos para escolher conteúdos que sejam: 
- Os mais significativos dentro do campo do conhecimento; 
- Os que despertam maior interesse nos estudantes; 
- Os mais adequados ao nível de maturidade e adiantamento do aluno; 
- Os mais úteis em relação a resolução que o aluno tenha de tomar; 
- Os que podem ser aprendidos dentro das limitações de tempo e recursos disponíveis. 
3. Critérios de selecção de conteúdos 
Na abordagem de LIBANEO (1997:142) os critérios de selecção dos conteúdos são: 
1. Correspondência entre objectivos gerais e conteúdos 
Os conteúdos devem expressar objectivos sociais e pedagógicos, sintetizados na formação 
cultural e cientifica para todos. Este critério, é essencial determinante, porque define se o 
conteúdo é importante ou não. 
2. Carácter científico 
Os conhecimentos que fazem parte do conteúdo reflectem os factos, conceitos, ideias, métodos 
decorrentes da ciência moderna. No processo de ensino, trata-se do seleccionar as bases das 
ciências, transformadas em objectivos de ensino. 
3. Carácter sistemático 
O programa de ensino deve ser delineado em conhecimentos sistematizados e não em temas 
genéricos sem ligação entre si. O sistema de conhecimentos de cada matéria deve garantir uma 
lógica interna, que permita uma interpenetração entre os assuntos. 
4. Relevância social 
Este critério corresponde a ligação entre o saber sistematizado e a experiência prática, devendo os 
conteúdos reflectir objectivos educativos esperados em relação a sua participação na vida social. 
A relevância social dos conteúdos significa incorporar no programa as experiências e vivências 
das crianças na sua situação social concreta, para contrapor a noções de uma sociedade idealizada 
e de um tipo de vida e de valores distanciados do quotidiano das crianças que frequentemente, 
aparecem nos livros didácticos. 
 
 
41 
Os conhecimentos são relevantes para a vida concreta quando ampliam o conhecimento da 
realidade, instrumentalizam os alunos a pensarem metodicamente, a raciocinar, a desenvolver a 
capacidadede abstracção, enfim, a pensar a própria prática. 
5. Acessibilidade e solidez 
Acessibilidade significa compatibilizar os conteúdos com o nível de preparo e desenvolvimento 
mental dos alunos. É a dosagem dos conteúdos. É muito comum as escolas estabelecerem um 
volume de conteúdos muito acima do que o aluno é capaz de assimilar e num nível tal que os 
alunos não dão conta de compreende-los. 
Deve-se observar, assim, que um conteúdo demasiado complicado e muito acima da 
compreensão dos alunos não mobiliza a sua actividade mental, leva-os a perderem a confiança de 
si e a desanimarem, comprometendo a aprendizagem. Por outro lado, se o conteúdo e muito fácil 
e simplificado, leva a diminuir o interesse e não desafia o seu desejo de vencê-lo. 
Em outras abordagens, o processo de selecção dos conteúdos, recorre-se ao critérios de: validade, 
flexibilidade, significação, possibilidade de elaboração pessoal e utilidade. 
Validade: 
O critério de validade requer que os conteúdos seleccionados sejam dignos de confiança e 
representativos. Exige que a estrutura essencial que caracteriza estes conteúdos reflicta, tanto 
quanto possível, a utilização da disciplina da qual fazem parte. A actualização é um aspecto a ser 
considerado. Os conteúdos nunca deveram ser seleccionados como definitivos e imutáveis, isto 
porque a ciência revisa, constantemente, suas conclusões, e o conhecimento aumenta em ritmo 
acelerado. 
Flexibilidade: 
O critério de flexibilidade diz respeito às alterações que se podem realizar em relação aos 
conteúdos seleccionados para o trabalho a ser realizado. A escolha deve ser feita de tal modo que 
possibilite a cada professor fazer modificações, adaptações, renovações ou enriquecimentos, a 
fim de atender às necessidades próprias da classe, de cada aluno, do próprio conteúdo e da 
realidade imediata. 
 
 
 
42 
Significação: 
O critério significação está relacionado ao campo experiencial do aluno. Um conteúdo terá 
significado para o aluno quando, além de despertar interesse, leva-o a aprofundar o conhecimento 
por iniciativa própria. 
 Possibilidade de elaboração pessoal: 
Refere-se à recepção, assimilação e transformação da informação pelo próprio aluno. Implica 
manejo intelectual que os estudantes devem fazer do conteúdo aprendido, a fim de favorecer as 
experiências pessoais. 
 Utilidade: 
O critério de utilidade leva a atender directamente o problema do uso posterior do conhecimento 
em situações novas. Na selecção de conteúdos, ele estará presente quando se harmoniza os 
conteúdos seleccionados para o estudo, com as exigências e características do meio em que 
vivem os alunos. 
4. Organização Sequencial dos Conteúdos 
Existem aspectos que devem ser considerados na organização sequencial de conteúdos. Entre 
outros destacam-se: 
 Logicidade: corresponde à sequência lógica em que devem ser organizados os conteúdos. A 
sequência deve ser coerente com a estrutura e os objectivos da disciplina. Vai do simples ao 
complexo, procurando estabelecer, além de uma ordenação, uma sequência de ideias. 
 Gradualidade: diz respeito à distribuição adequada, em quantidade e qualidade, dos 
conhecimentos. Visa atender as possibilidades de realização dos envolvidos no trabalho. Uma 
primeira noção pode ser apresentada a partir das experiências anteriores dos alunos. 
 Continuidade: propicia a articulação entre os conteúdos, de tal forma que estes irão se 
completar e integrar na medida em que for se desenvolvendo o trabalho. A continuidade deve 
atender o crescimento, à maturidade e aos interesses do aluno. 
 
 
43 
 Integração ou relacionamento: expressa que o assunto tratado no PEA deve ser apreendido 
como um todo, em seus aspectos fundamentais, linhas fundamentais. A integração, que se 
relaciona com a transferência, no PEA pode ser focalizada sob quatro aspectos: 
a) Integração com a própria disciplina, para que o educando seja levado a apreender os aspectos 
básicos e estruturais do que esteja sendo tratado, dando unidade ao mesmo, o que facilita a 
compreensão do todo, e o processo de transferência. 
b) Integração com área ou disciplina: fins, que enriquece o que esteja sendo tratado e facilita a 
transferência da aprendizagem. 
c) Integração com as demais áreas ou disciplinas, que torna mais significativo ainda o que 
esteja sendo tratado e mais estimula a transferência da aprendizagem, ajudando a perceber todos 
os conhecimentos como interdependentes regidos pelos mesmos princípios lógicos. 
d) Integração com a realidade, com o meio em que se vive e com o que no mesmo se passa a 
fim de despertar para o sentido da funcionalidade e pragmaticidade dos acontecimentos, de ajuda 
ao homem para que possa viver melhor, a fim de tornar a vida mais digna, mais elevada e mais 
espiritual. 
Tarefa 7: 
1. Apresente um quadro comparativo sobre os critérios de selecção dos conteúdos dos dois 
autores aqui apresentados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
2.9. Processos Cognitivos e Aprendizagem 
Aula 10: - Conceito de Processos Cognitivos 
 - Principais Processos Psíquicos e sua importância ao PEA. 
Objectivos Específicos: 
No fim desta aula o estudante deve ser capaz de: 
 - Explicar o conceito de Processos Cognitivos; 
 - Descrever os principais processos cognitivos; 
 - Descrever a importância dos Processos cognitivos no PEA. 
 
Processos Cognitivos constituem o conjunto de actividades mentais que permitem a estabilidade 
do organismo ao meio ambiente. É a partir deles que o organismo entra em contacto e reflecte 
diversas propriedades dos objectos e dos fenómenos do mundo material através dos órgãos dos 
sentidos. 
Sensação: é fenómeno elementar da consciência resultante da excitação de um órgão dos 
sentidos provocados por um estímulo interno ou externo. Consiste em reflectir as características 
(propriedades) isoladas dos objectos. 
Segundo PETROVSKI (1989:290) considera que a sensação “é o processo que consiste em 
reflectir diversas propriedades dos objectos e dos fenómenos do mundo material, assim, como 
estados internos do organismo nas condições de influência directa”. 
A sensação é um processo psíquico que trabalho directamente com os órgãos dos sentidos. Eles, 
recebem, seleccionam, acumulam a informação e transmitem-na para os centros neuronais, onde 
são dadas as respostas, conforme o estímulo sensorial. 
No processo de aprendizagem é importância: na medida em que tomamos conhecimento do 
mundo em redor (sons, cores, cheiro, tamanho), graças aos órgãos dos sentidos pela sensação. A 
é o primeiro elemento que nos põem em contacto com a realidade e facilitando a apreensão da 
mesma (aprendizagem). 
Referente a importância das sensações, PETROVSKI (op.cit.) afirma ser difícil estimar o papel 
das sensações na vida do homem, pois elas são a fonte dos nossos conhecimentos sobre o mundo 
e sobre nós próprios. 
 
 
 
45 
Percepção: é o acto de organização de dados sensoriais pelo qual conhecemos “a presença actual 
de um objecto exterior”: temos consciência da existência do objecto e suas qualidades. 
Segundo STRATTON & HAYES (1993:289) define a percepção como um “processo pelo qual 
analisamos significados as informações sensoriais que percebemos”. 
No Processo de Ensino e Aprendizagem, a percepção está relacionada com a compreensão, 
representação e interpretação, análise intelectual do aprendido. A percepção ajuda a 
compreensão, análise aprofundada do fenómeno e a chegar a conclusão sobre o mesmo. 
A percepção está ligada a atenção. A atenção constitui a fase inicial da percepção e a principal 
forma de organização da actividade cognitiva. A atenção é indispensável à percepção, 
interpretação, compreensão, imaginação, assimilação, recordação e reprodução. Durante a aula, a 
atenção ajuda a compreensão da essência das tarefas, ajuda a sua resolução e verificação. 
Memória: é a capacidade

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