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DIREITO DO TRABALHO I – 2021.1 – Opção Avaliativa 1 Avaliação final – Valor: 6,0 pontos Prof. Dr. Lawrence Estivalet de Mello Nome dos(as) discentes e números de matrícula: Nome Número de matrícula 1. 2. 3. 4. Regras da avaliação: 1. A avaliação pode ser realizada individualmente ou em grupos de até quatro pessoas; 2. A avaliação poderá ser entregue entre o dia 01 de junho e o dia 10 de junho, às 23h59; 3. Apenas uma pessoa do grupo deve postar a avaliação no AVA/moodle; 4. As respostas devem ser redigidas em fonte Arial 12, espaçamento 1,5, margens esquerda e superior de 3cm, margens direita e inferior de 2cm. Ao final da redação, o arquivo deve ser salvo em formato pdf. Não há necessidade de copiar a pergunta; basta indicar o número da pergunta antes de sua resposta; 5. Todas as citações devem ser realizadas conforme a ABNT, no modo referência completa em rodapé ou na modalidade autor-data, com referências completas ao final. Se a citação for realizada em autor-data, sem a referência completa ao final, ela não será considerada; 5. A interpretação das questões faz parte da avaliação. Não cabe consulta ao docente; 6. Se a questão tem subitens específicos (“a”, “b”, “c” etc.), a redação da resposta também deve indicar qual subitem está respondendo (“a”, “b”, “c” etc.), no trecho correspondente; 7. Se houver plágio ou se a prova for enviada sem nome, a avaliação será zerada, sem prejuízo de demais medidas acadêmicas e administrativas referentes à improbidade acadêmica. 1. [UFBA/2021.1 – Valor: 1,25] Na doutrina brasileira, o contrato a termo é considerado excepcional e o contrato de prazo indeterminado pode ser lido como típico e padrão. Nesse sentido, desenvolva redação com os itens a seguir, com indicação do subitem ao qual está respondendo no trecho correspondente de sua redação. (a) É possível considerar o contrato intermitente como uma espécie do contrato a termo? (b) Analise o caso a seguir descrito e explique qual efeito jurídico resulta da supramencionada caracterização da natureza jurídica do contrato intermitente, em tal situação: João é contratado para laborar como caixa de supermercado, sob a modalidade contrato intermitente, sem justificativa ou transitoriedade previstas pela sociedade empresária. (c) Para desenvolver seu raciocínio, cite e explique a posição do Tribunal Superior do trabalho sobre o tema, após a contrarreforma trabalhista. 2. [UFBA/2021.1 – Valor: 1,25] O padrão de jornada de trabalho em oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais foi estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (art. 58, “duração normal do trabalho”) e recepcionado pela Constituição Federal de 1988 (art. 7º, XIII, “duração do trabalho normal”). A qualificação da palavra “normal” como adjetivo da palavra “duração” (CLT, art. 58) ou como adjetivo da palavra “trabalho” (CF, art. 7º) levou a intensa discussão doutrinária e à recepção da possibilidade de se considerar que há trabalhos atípicos que não devem obedecer à jornada padrão, como o de domésticas, aeronautas, petroquímicos, bombeiros, entre outros. Mesmo no regime de emprego celetista, no entanto, esta jornada padrão suporta flexibilizações, como o desprezo dos poucos minutos que antecedem ou sucedem a jornada regular diária (CLT, art. 58, §1º). Com base nessas informações, analise o caso concreto a seguir: Alexandra trabalha sob o regime celetista em uma farmácia e tem como horário previsto começar às 7h, ter intervalo entre 11h e 12h para almoço, e trabalhar até as 16h de segunda a sexta; aos sábados, entra às 7h e costuma sair do trabalho às 11h. Após sua jornada, é substituída por Marcos, que começa seu horário às 16h e trabalha até as 24h de segunda a sexta; aos sábados, Marcos começa às 11h. Durante a pandemia e em especial a partir de julho de 2020, Marcos passou a ter dificuldades com horários e a se atrasar cerca de dez minutos diários. Como Alexandra só pode sair quando Marcos chega, ela passou a sair do trabalho, regularmente, às 16h10 de segunda a sexta e às 11h10 no sábado. Considerando essa situação, responda, com indicação do subitem ao qual está respondendo no trecho correspondente de sua redação. (a) Procurado(a) por Alexandra na condição de advogado(a) em julho de 2021 e considerando que a situação permanece, ela deve ser instruída de que pode postular em juízo o pagamento de horas extras? (b) Explique e relacione a resposta ao tema da flexibilização da duração normal da jornada; (c) Para desenvolver seu raciocínio, cite e explique precedente judicial, julgado a partir de 2018, do TRT-5 ou do TST sobre o tema da flexibilização da duração normal da jornada. 3. [UFBA/2021.1 – Valor: 1,0] Leia as reportagens a seguir. Valor Econômico – STF suspende julgamento sobre negociação coletiva para demissão em massa Beatriz Olivon (Valor) “A necessidade de negociação coletiva não tem previsão legal, mas é exigida pela jurisprudência. A reforma trabalhista, Lei nº 13.467, de 2017 dispensa a obrigação. O tema é julgado com repercussão geral, portanto, a decisão servirá de orientação para as instâncias inferiores. O recurso em que o tema é julgado foi apresentado ao STF pela Embraer e pela Eleb Equipamentos, as empresas alegam que exigir a negociação é uma interferência no poder de gestão do empregador (RE 999435). O relator, ministro Marco Aurélio Mello, foi o primeiro a votar, ontem, contra a necessidade de negociação coletiva. ‘Onde o legislador quis impor a negociação coletiva ele o fez’, afirmou. Como tese de repercussão geral, sugeriu: ‘A dispensa em massa de trabalhadores prescinde (dispensa) de negociação coletiva’. Os ministros Nunes Marques e Alexandre de Moraes seguiram o voto do relator.O ministro Edson Fachin divergiu. Na sessão de hoje, foi acompanhado pel o ministro Luís Roberto Barroso. ‘Para o bem ou para o mal, emprego não se preserva por decreto nem por decisão judicial’, afirmou o ministro Barroso. Mas, para ele, em situações que abalam muitos trabalhadores é desejável que eles sejam assistidos pelo sindicato e seja dada importância à negociação coletiva. Para o ministro Barroso, há uma omissão inconstitucional na proteção de emprego contra a despedida arbitrária. Isso porque a Constituição prevê regulamentação para esse ponto, o que nunca foi feito pelo Congresso. ‘A demissão coletiva é um fato socialmente relevante’. Priorizar a negociação coletiva faz parte das premissas que o STF ajudou a desenhar no direito do trabalho, segundo Barroso. Para o ministro, não há violação à livre iniciativa, porque no fim do dia é a vontade do empregador que vai prevalecer”. (OLIVON, Beatriz. STF suspende julgamento sobre negociação coletiva para demissão em massa - Para o ministro Luís Barroso, não há violação à livre iniciativa. Valor, 20/05/2021. Disponível em <https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2021/05/20/stf-suspende-julgamento-sobre-negociao-coletiva- para-demisso-em-massa.ghtml>. Acesso em 30 mai 2021). Valor Econômico – Turmas do TST concedem danos morais a empregados com deficiência demitidos Adriana Aguiar (Valor) Hoje cerca 3,4 mil processos discutem o tema, segundo a DataLawyer Insights, plataforma de jurimetria. A previsão na lei teria como objetivo orientar a fiscalização do trabalho para que aempresa sofra uma sanção administrativa, de acordo com Mendonça. As multas podem variar entre R$ 2,6 mil e R$ 265 mil A infração também pode desencadear uma investigação por parte do Ministério Público do Trabalho (MPT) e resultar no pagamento de danos morais coletivos. (...) Os casos analisados pelo TST, porém, tratam de demissões anteriores ao período de pandemia. Recentemente, um banco foi condenado, por unanimidade, pela 2ª Turma do TST, a pagar indenização de R$ 30 mil a empregado com deficiênciadispensado em 2005, sem justa causa, sem a prévia contratação de umsubstituto (processo nº 1611-79.2014.5.03.0004). (...) Relatora do caso no TST, a ministra Maria Helena Mallmann entendeu que a lei estabelece uma regra de proteção ao trabalhador e que o seu descumprimento enquadraria a empresa como praticante de abuso de direito, indicando que, nesses casos, o dano é presumido (in re ipsa). Ela cita em seu voto diversos precedentes nesse sentido. Uma empresa de alimentos também foi condenada pelo TST a pagar danos morais a um trabalhador com deficiência dispensado, além de determinar a sua reintegração. O valor estabelecido foi de R$ 10 mil. A decisão é da 6ª Turma. Em seu voto, a relatora, ministra Kátia Magalhães Arruda, afirma que o artigo 93 da Lei nº 8.213, de 1991, quando assegura ao empregado com deficiência o direito de não ser dispensado enquanto não contratado outro na mesma condição “impõe limite à conduta do empregador que se justifica pela situação especial em que se encontra o trabalhador, que potencialmente fica exposto a maior dificuldade nas relações profissionais e sociais”. Para a ministra, “embora não haja estabilidade pessoal no emprego, há relevante garantia social para a coletividade de trabalhadores reabilitados ou portadores de deficiência habilitados” (processo nº 1108-15.2014.5.09.0029). Um outro banco também foi condenado a pagar indenização, no valor de R$ 30 mil, além de ter de reintegrar uma funcionária deficiente auditiva. A decisão, unânime, é da 3ª Turma (processo nº 3882700-58.2008.5.09.0012)”. (AGUIAR, Adriana. Turmas do TST concedem danos morais a empregados com deficiência demitidos – Decisões têm determinado a reintegração do trabalhador se não houver substituto. Valor. Disponível em: <https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2021/05/26/turmas-do-tst-concedem-danos-morais-a-empregados- com-deficiencia-demitidos.ghtml>. Acesso em: 30 mai 2020) Nas matérias acima veiculadas, percebe-se a atualidade da discussão da limitação do direito potestativo de dispensa arbitrária e suas possíveis repercussões em termos de danos morais. Sobre este tema, desenvolva redação, com citação de ao menos dois textos acadêmicos referentes ao tema, para diferenciar aspectos discutidos pelos textos a respeito de características da dispensa arbitrária em um contrato por prazo indeterminado, em um contrato a termo e em um contrato intermitente, em especial no que concerne às verbas rescisórias e à possibilidade de garantia provisória de emprego para gestantes. 4. [UFBA/2021.1 – Valor: 2,5] Leia o texto a seguir. Brasil de Fato RS – A Luta me chama, eu tenho que ir pra Rua! Valdete Severo (Professora de Direito do Trabalho da UFRGS e Presidente da Associação dos Juízes pra Democracia, AJD) O ato do dia 29 de maio, que lotou ruas em praticamente todas as capitais brasileiras, desafiou o medo da contaminação e da morte. Quem participou das manifestações sabe que a covid-19 não é uma gripezinha; ceifa vidas, deixa sequelas, destrói famílias e sonhos. Mesmo usando máscara e buscando distância, quem saiu às ruas sabe que correu risco. Há quem reprove essa atitude, especialmente diante da previsão real da "terceira onda", que se anuncia pior do que as anteriores, numa realidade em que falar em ondas perde o sentido, pois o nível de contaminação, internação e mortes não foi reduzido de modo significativo ao longo desses trágicos 15 últimos meses. A questão é que não há escolha, pois mesmo diante do caos em que estamos, seguimos assistindo a um Parlamento que finge indignar-se. Finge, pois não age. Assistimos a um teatro macabro em que todos os dias novas provas são apresentadas, revelando o que já sabemos: muitas pessoas que perdemos durante a pandemia deveriam estar vivas. Ainda em 2020, o governo negou-se a comprar vacinas CoronaVac e negligenciou propostas da Pfizer, enquanto investia na compra de pó de cloroquina. Foram pelo menos dois carregamentos de R$ 652 mil cada, para aquisição de um produto ineficaz contra a covid-19, cujo valor sofreu aumento de 495%, entre 2019 e 2021. Não é só o efeito da covid-19, com suas mais de 462 mil mortes prematuras, o legado de 37 mil benefícios previdenciários a mais por auxílio-doença em 2020 e as tantas pessoas desamparadas, porque perderam quem as sustentavam, nutriam e amavam, que impõe a reação coletiva. Há um aprofundamento assustador da desigualdade. São 61,1 milhões de pessoas pobres, 19,3 milhões devolvidas à extrema pobreza; 14,8 milhões de desocupadas; 6 milhões desalentadas e uma taxa de subutilização de 29,7% da população economicamente ativa. Ao mesmo tempo, em abril de 2021 o Brasil passou a contar 10 novos bilionários. Os 65 brasileiros mais ricos somaram, então, um patrimônio de US$ 219,10 bilhões. Há um aumento expressivo do desmatamento. Foram 216 km2 da Amazônia desmatados apenas em dezembro/2020, um aumento de 14% em relação ao mesmo mês do ano anterior (INPE). Até julho de 2019, a Amazônia havia perdido 5.879 quilômetros quadrados, 40% a mais do que um ano antes. Essa política de desmanche implicou a perda de fundos de mais de R$ 300 milhões, oferecidos por países como a Alemanha e a Noruega. Um aporte que, caso permanecesse sendo fornecido de modo anual, implicaria investimento de quase 1 bilhão de reais em reflorestamento e controle das áreas protegidas. É expressivo, também, o recrudescimento da violência estatal. Em 2019, 113 indígenas foram assassinados. Em 2020, 159 pessoas no campo foram ameaçadas de morte; 35 sofreram tentativas de assassinato; houve um aumento de mais de 30% nas ocorrências de conflitos por terra. No primeiro semestre de 2020, 3.148 pessoas foram mortas por policiais, 7% a mais do que o registrado no mesmo período do ano anterior. Há poucas semanas, 27 pessoas moradoras do Jacarezinho foram mortas em uma única ação policial. A censura também se aprofunda, com a utilização política de demandas administrativas e judiciais para silenciar jornalistas, professora(e)s, juíza(e)s e cientistas. Ainda assim, nada acontece. Nada muda. Não há movimento efetivo para que os tantos pedidos de impeachment sejam processados. Não há investigação criminal, não há afastamento imediato. O Brasil sangra. 2022 está longe demais e sabemos que não há solução mágica, especialmente quando a receita parece ser repetir algo que já se revelou insuficiente. Por isso, foi necessário ir às ruas. Para deixar claro que a situação está insuportável. O ato do dia 29 foi, portanto, também movido pelo medo. Medo de que essa catástrofe social e humanitária prossiga e se aprofunde ainda mais. Muitos cartazes traziam a frase: ‘se o povo protesta em meio a pandemia, é porque o governo é mais perigoso que o vírus’. Se a exposição ao risco do contágio parece um preço a pagar para fazer cessar o tenebroso avanço do discurso e da prática fascista, genocida, autoritária e desumana; se reconhecemos que há tanto ou mais perigo na inércia, do que na exposição de nossos corpos, é porque chegamos a um ponto de não retorno. A história mostra que em sociedades de tradição autoritária como a nossa, as forças do Estado reagem mal a esses levantes populares. Quando não conseguem cooptá-los, respondem com violência. Por isso e porque apenas o tempo dirá o efeito que o movimento produzirá em nossos corpos e mentes, não há como saber se 29 de maio de 2021 inaugurará uma nova fase da vida política no país. Mas há como afirmar sua potência: ocupar as ruas em plena pandemia, mesmo diante do medo da morte, movidas pela esperança que se nutre do que coletivamente podemos ser, é um ato revolucionário de amor à vida. (SEVERO, Valdete Souto. A Luta me chama, eu tenho que ir pra Rua!. Brasil de Fato Rio Grande do Sul. Disponível em <https://www.brasildefators.com.br/2021/05/31/a-luta-me-chama-eu-tenho-que-ir-pra-rua>. Publicado em 31 mai 2020. Acesso em: 31 mai 2020). No último dia 29 de maio, inúmeros protestos tomaramas ruas do país contra o governo de Jair Bolsonaro e lembraram as Jornadas de Junho de 2013, que marcaram um novo ciclo de lutas políticas no país. Entre outros aspectos, como mostra o texto acima, essas revoltas políticas têm como característica a luta de amplos setores sociais contra a piora das condições de trabalho e de vida no país. Sobre este tema, com base em Wendy Brown e nos vídeos assíncronos sobre neoliberalismo e Direito do Trabalho e sobre cidadania sacrificial, desenvolva redação que explique os efeitos da economização do Estado sobre a consciência social de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil. O texto deve conter explicação sobre a noção de “corpo político” em Wendy Brown e do motivo pelo qual a problematização das revoltas sociais, na autora, aproxima-a de Marx e a afasta de Foucault.
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