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208 209 Sumário 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................................................... 211 1.1 Conceito de Direito Tributário ........................................................................................................................ 211 1.2. Fontes do Direito Tributário ........................................................................................................................... 211 1.3. Definição de Tributo ........................................................................................................................................ 214 1.4. Características dos tributos quanto à sua finalidade:................................................................................... 215 1.5. Classificações relevantes de tributo:............................................................................................................... 216 2. TRIBUTOS EM ESPÉCIE ..................................................................................................................... 217 3. SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO ................................................................................. 220 3.1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA ................................................................................................................... 220 3.1.1. Tipos de Competência Tributária............................................................................................................ 222 3.1.1.1. Competência Comum ............................................................................................................................ 222 3.1.1.2. Competência Privativa .......................................................................................................................... 222 3.1.1.3. Competência Cumulativa ...................................................................................................................... 223 3.1.1.4. Competência Residual ........................................................................................................................... 223 3.1.1.5. Competência Extraordinária ................................................................................................................ 224 3.2. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ...................................................................................... 224 3.3. REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS ........................................................................................ 225 4. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR ................................................ 226 4.1. PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS ....................................................................................................................... 226 4.1.1. Princípio da Capacidade Contributiva ................................................................................................... 226 4.1.2. Princípio da Legalidade ............................................................................................................................ 226 4.1.3. Princípio da Isonomia ............................................................................................................................... 228 4.1.4. Princípio da Irretroatividade ................................................................................................................... 228 4.1.5. Princípio da Anterioridade....................................................................................................................... 229 4.1.6. Princípio da Vedação do uso do tributo com efeito de confisco ............................................................ 230 4.1.7. Princípio da não limitação ao tráfego de pessoas e bens ....................................................................... 231 4.1.8. Princípio da uniformidade geográfica da tributação ............................................................................. 231 4.1.9. Princípio da não discriminação em razão da procedência ou do destino ............................................. 232 4.1.10. Princípio do “ pecunia non olet” (dinheiro não tem cheiro) ................................................................ 232 4.2. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA ......................................................................................................................... 232 4.2.1. Definição .................................................................................................................................................... 232 4.2.2. Distinção entre imunidade, isenção e não incidência ............................................................................. 233 4.2.3. Imunidades em espécie ............................................................................................................................. 233 4.2.3.1. Imunidade recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF) .................................................................................. 233 210 4.2.3.2. Imunidade dos templos (Art. 150, VI, “b”, da CF) ............................................................................. 234 4.2.3.3. Imunidade dos partidos políticos e de suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das entidades de educação e de assistência social sem fins lucrativos (Art. 150, VI, “c”, da CF) ................ 235 4.2.3.4. Imunidade dos livros, jornais, periódicos e papel de sua impressão (Art. 150, VI, “d”, da CF) .... 235 4.2.3.5. Imunidade das músicas nacionais (Art. 150, V, “e”, da CF) .............................................................. 236 5. VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ..................................................... 236 51. Vigência .............................................................................................................................................................. 236 5.2. Aplicação ........................................................................................................................................................... 236 6. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ................................... 237 6.1. Interpretação .................................................................................................................................................... 237 6.2. Integração ......................................................................................................................................................... 238 7. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ................................................................................................................ 239 7.1. Sujeitos da relação jurídico – tributária ........................................................................................................ 240 7.2. Solidariedade tributária passiva ..................................................................................................................... 241 7.3. Capacidade Passiva .......................................................................................................................................... 241 7.4. Domicílio Tributário ........................................................................................................................................ 242 8. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA ................................................................................................ 242 9. CRÉDITO TRIBUTÁRIO ...................................................................................................................... 248 9.1. Lançamento (art. 142 do CTN) ....................................................................................................................... 248 9.2 SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................250 9.3. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................. 253 9.4. REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO .............................................................................................. 256 9.5. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 258 9.6. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ............................................................... 259 10. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA .................................................................................................... 261 11. IMPOSTOS EM ESPÉCIE ................................................................................................................... 263 211 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1.1 Conceito de Direito Tributário Temos direito tributário como sendo o ramo do direito que compreende as relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie (contribuintes). Segundo PAULO DE BARROS CARVALHO (Curso de Direito Tributário, Saraiva): “É o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto das proposições jurídico normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”. Não seria errado ainda conceituamos o Direito Tributário como sendo o conjunto de normas que regula o comportamento das pessoas de levar dinheiro aos cofres públicos de maneira compulsória (mais que obrigatória), afinal, alguém escolhe pagar ou não tributos? Pergunto, quando você vai até um mercado, ao comprar um simples ingrediente para o almoço de domingo, escolhe os tributos que irá pagar, ou se irá pagar algum? NÃO, absolutamente não, o poder público simplesmente retira dinheiro de suas mãos querendo você ou não. Isso, dentre outros atos totalmente cotidianos, é direito tributário. Simples, não é? QUEM É FISCO? QUEM É CONTRIBUINTE? Fisco é a denominação dada ao Estado enquanto desenvolve atividade de tributação, enquanto contribuinte é a pessoa sujeita a imposições tributárias de qualquer espécie, como por exemplo, de pagar os tributos referentes à compra do churrasco do domingo, no caso, você! 1.2. Fontes do Direito Tributário As fontes do direito tributário são: a) Constituição: Na parte de tributos, ela regula as competências dos entes estatais, os limites da tributação, os direitos e deveres do cidadão perante o fisco e os princípios que fundamentam a atividade tributante. Vale ressaltar que a Constituição não cria tributos, somente demonstra as permissões para sua instituição, assim como as Emendas Constitucionais, que somente definem competências para a criação de tributos. Exceção: A Emenda Constitucional nº 1/1994: Disciplinou diretamente algumas contribuições sociais. b) Lei Complementar: A Constituição determina que normas gerais em matéria tributária devem ser reguladas por lei complementar. Cabe ressaltar que a própria Constituição prevê em seu artigo 146 as matérias que ela pode versar (ou seja, as matérias são taxativas!!) Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II (ICMS), das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239 (Contribuição social do empregados e do PIS/Pasep). 212 MAS O QUE AS NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO DETALHAM? Elas detalham as regras que devem ser seguidas pelas leis ordinárias e demais normas infraconstitucionais. ONDE SE ENCONTRA ESSAS NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO? Estão estabelecidas no Código Tributário Nacional (Observação: O CTN é originalmente uma lei ordinário, porém, foi recepcionada como lei complementar na CF de 1967). ** A Lei Complementar também é necessária para instituir alguns tributos como: a) Empréstimos Compulsórios: Art. 148, CF; b) Impostos sobre grandes fortunas: Art. 153, VII, CF; c) Impostos residuais: Art. 154, I, CF; e d) Contribuições previdenciária residuais: Art. 195, §4º, c/c Art. 154, I, CF. Portanto, podemos concluir que se a CF estabeleceu as matérias que devem ser versadas por LEI COMPLEMENTAR, então SOMENTE deve ser por LEI COMPLEMENTAR. A CF querendo deixar claro isso, estabeleceu em seu artigo 62, §1º, III e no artigo 68, §1º, parte final, que é proibido utilizar de Medidas Provisórias e de Lei Delegada para versar sobre matérias reservadas à lei complementar. Além das matérias acima mencionadas, a CF exige lei complementar nos seguintes assuntos tributários: ICMS: algumas determinações (Art. 155, §2º, XII); ITCMD: fixar alguns critérios de competência territorial (Art. 155, §1º, III); ISSQN: fixar alíquotas máximas e mínimas; afastar sua incidência nas exportações de serviços para o exterior e regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados (Art. 156, III); Repartição de receitas tributárias (Art. 161); Fixação de montantes permissivos de remissão ou anistia de contribuições sociais (Art. 195, §11). COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO: O Estado Alfa institui, por meio de lei complementar, uma taxa pela prestação de serviço público específico e divisível. Posteriormente a alíquota e a base de cálculo da taxa vêm a ser modificadas por meio de lei ordinária, que as mantém em patamares compatíveis com a natureza do tributo e do serviço público prestado. A lei ordinária em questão é a) integralmente inválida, pois lei ordinária não pode alterar lei complementar. b) parcialmente válida – apenas no que concerne à alteração da base de cálculo, pois a modificação da alíquota só seria possível por meio de lei complementar. c) parcialmente válida – apenas no que concerne à alteração da alíquota, pois a modificação da base de cálculo só seria possível por meio de lei complementar. d) integralmente válida, pois a matéria por ela disciplinada não é constitucionalmente reservada à lei complementar. c) Lei Ordinária: A lei ordinária prevê as hipóteses de incidência tributária, cria o tributo em sentido abstrato (porque o tributo só nasce com a ocorrência do respectivo fato gerador da obrigação tributária). Além disso, preceitua as denominadas obrigações acessórias. O QUE SÃO OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS? Para ficar mais fácil o entendimento, vamos pensar que as obrigações acessórias são obrigações de fazer ou de não fazer. Por exemplo: Emitir uma Nota Fiscal quando ocorre uma venda de mercadoria ou serviço, escrituração de livros fiscais. Quem pode editar leis ordinárias? Todos os entes federativos podem editar leis ordinárias dentro de suas respectivas competências. Cabe ressaltar que não há hierarquia entre elas, ou seja, uma lei ordinária federal não é mais importante que uma lei ordinária estadual. 213 COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? Em Direito Tributário, cumpre à lei ordinária: a) estabelecer a cominação ou dispensa de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos. b) estabelecer a forma e as condições como isenções,incentivos e benefícios fiscais serão concedidos em matéria de ISS. c) estabelecer normas gerais em matéria tributária, especialmente sobre adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) estabelecer normas gerais em matéria tributária, especialmente sobre a definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e empresas de pequeno porte. O artigo 97, do CTN, determina as matérias que podem ser estabelecidas por lei. Mas a qual lei ela se refere? O termo lei se refere às leis ordinárias, leis complementares, medidas provisórias e leis delegadas. d) Lei Delegada: São aquelas elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar ao Congresso Nacional a delegação. Há algumas matérias previstas no artigo 68, da CF, que a lei delegada não pode versar, sendo elas: Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. Ressalta-se que é possível a edição de leis delegadas no âmbito estadual, municipal e distrital. e) Medida Provisória: A CF em seu artigo 62 prevê quando é possível a adoção de medida provisória: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. Cabe ressaltar que, como a lei delegada, as medidas provisórias NÃO PODEM versar sobre matéria reservada a lei complementar. Caso seja editada uma medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, a CF faz uma reprimenda, determinando que nesse caso a MP só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte, se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada, assim prevê o §2º do artigo 62: § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Mas quais são essas exceções que o parágrafo prevê? São os impostos: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre produtos industrializados, Imposto sobre operações financeiras e impostos extraordinários de guerra. f) Tratado internacional: O artigo 98, do CTN dita: “Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.” O que podemos concluir? Que mesmo que venha uma lei superveniente, ela não revogará as disposições de um tratado (doutrina majoritária). g) Decreto legislativo: é um instrumento utilizado para introduzir no ordenamento nacional, o conteúdo dos tratados e convenções internacionais firmados pelo Poder Executivo. 214 As normas tributárias pactuadas entre Estados soberanos no âmbito internacional não têm eficácia interna imediata. Para isso, é exigido que sejam absorvidas no direito pátrio mediante aprovação de um decreto legislativo, por maioria simples dos membros do Congresso Nacional, em discussão e votação em ambas as Casas legislativas. Sua promulgação é feita pelo Presidente do Senado, sem a participação do Presidente da república. As assembleias legislativas estaduais também podem se utilizar de decretos legislativos, MAS QUANDO? Quando for para absorver o conteúdo dos convênio firmados entre Estados federados. h) Convênio: é um ato normativo executivo infralegal, que expressa, em matéria tributária, ajuste de vontade entre entes federativos. O princípio da legalidade é excepcionado pela Constituição Federal. Ela permite que certos convênios tenham força de lei, como, por exemplo, a previsão encartada no artigo 155, §2º, XII, “g”, da CF. Nesse caso, por meio de convênio, podem os Estados deliberar sobre a concessão ou revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais. i) Norma regulamentar: O artigo 100, do CTN, arrola as normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: Art. 100 - São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 1.3. Definição de Tributo O conceito do tributo vem expresso no art. 3º do CTN (Código Tributário Nacional) da seguinte forma: é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Ótimo, mas você entendeu o que isso quer dizer? Então vamos por parte. ATENÇÃO! Não confunda TRIBUTO com IMPOSTO, pois imposto é uma das espécies de tributo, estando junto com a taxa, a contribuição de melhoria, os empréstimos compulsórios e as outras contribuições. 215 * ATENÇÃO! Quanto ao item da Prestação Pecuniária, temos que levar em consideração que o art. 156, inciso XI do CTN, é admitido a dação em pagamento de bens imóveis, na forma da lei, como forma de quitação da prestação tributária. Assim sendo é uma exceção a expressão “moeda corrente” imposta pelo art. 3º. 1.4. Características dos tributos quanto à sua finalidade: a) Fiscal: tal função está presente em TODOS os tributos, segundo parcela majoritária da doutrina, segundo essa função o principal objetivo do tributo é a arrecadação de recursos financeiros (receita) para o funcionamento do Estado. b) Parafiscal: o objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas. A exemplo temos as contribuições arrecadadas por conselhos de classes de classe profissional, como os famoso CRs (CRM - Conselho Regional de Medicina, CRQ -Química, CREA - Engenharia, CAU – Arquitetura e Urbanismo, CRE – Enfermagem, etc). CURIOSIDADE: importante esclarecer que, conforme entendimento do STJ por meio da súmula 353, o FGTS não é tributo, pois mesmo sendo compulsório (obrigatório) o valor arrecadado não é destinado ao erário (poder público), mas sim destinado ao empregado, como uma espécie de garantia. c) Extrafiscal: o objetivo principal é a interferência no domínio econômico, buscando um efeito que extrapola a simples arrecadação de recursos financeiros. Assim visa coibir ou estimular uma determinada ação do contribuinte ou do mercado. Como exemplo imagine que o Estado quer desestimular o uso do cigarro, ele eleva os tributos que recaem sobre a droga de uso legal para que o preço final seja alto a ponto do usuário comprar menos. Ou ainda o Estado quer que o brasileiro compre menos produtos nacionais, e menos internacionais, para tanto ele eleva os tributos sobre o produto estrangeiro para desestimular a importação. Por outro lado tendo a diminuir os tributos para produtos que se •Trata-se de uma obrigação de pagar moeda corrente ou cujo valor nela se possa exprimir. Pecúnia é o mesmo que dinheiro. Assim você não pode pagar tributos com a força do seu trabalho (in labore), ou com bens materiais (in natura)PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA •Como dito acima, você não escolhe pagar tributos, é uma imposição do poder público ao contribuinte. Assim podemos dizer que a obrigação de pagar tributos independe da vontade das partes, inclusive do próprio fisco, já que é uma determinação legal. PRESTAÇÃO COMPULSÓRIA •A cobrança de tributos não possui finalidade sancionatória/punição e decorre sempre de um fato LÍCITO e PREVISTO EM LEI. Por isso multas de trânsito, multas administrativas, multa pela prática de crime não são tributos NÃO são consideradas tributos. Mas cuidado, mesmo decorrendo de um fato ilícito, as circunstâncias que ocasionam a ocorrência do fato gerador são irrelevantes no que se refere aos seus efeitos, validades ou licitudes. Assim se um traficante, compra um carro com dinheiro que ganhou no tráfico, mesmo assim deverá pagar IPVA (imposto pela propriedade de veículo automotor. Isso decorre do princípio da pecunia non olet (dinheiro não tem cheiro). QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO DE ATO ILÍCITO •Significa dizer que sempre deverá estar instituída em lei, submetendo-se ao princípio da legalidade. Assim se não está na lei, não é tributo, e não pode ser exigido do contribuinte. INSTITUÍDA EM LEI • Isso quer dizer que não cabe a autoridade administrativa avaliar a conveniência e oportunidade de se cobrar um tributo, devendo o tributo ser cobrado segundo o que determina a lei, não podendo haver nenhuma discricionariedade (juízo de valor) ou concessão (permitir que determinado contribuinte não pague). ATIVIDADE VINCULADA 216 destinam ao exterior para estimular a exportação, para o mercado interno é mais interessante exportar mais (vender), do que importar (comprar). 1.5. Classificações relevantes de tributo: a) Tributo vinculado: são aqueles que possuem contraprestação específica do Estado, como as taxas e as contribuições de melhoria. Exemplo quanto você paga uma taxa para emissão de alvará, você receberá em troca do pagamento dessa taxa a permissão para o funcionamento do seu estabelecimento comercial. Quando o contribuinte paga contribuição de melhoria significa que o local em que sua residência se situa receberá investimentos, como pavimentação asfáltica, projetos urbanísticos, etc, de modo a valorizar o preço de seu imóvel. b) Tributo não vinculado: quando o pagamento do tributo não relacionar nenhuma contraprestação específica do Estado. Isso ocorre com os impostos. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o simples dever de pagar IPVA (imposta sobre a propriedade de veículo automotor) não significa que o Poder Público irá destinar o imposto a melhoria das vias públicas e estradas. A receita advinda com esse tributo é partilhada entre os estados e municípios do local de registro do veículo e pode ser destinada a educação, saúde, cultura, enfim, ao que a Administração Pública achar conveniente. Portanto, embora possua uma contraprestação ao contribuinte, ela não é específica. c) Tributo de arrecadação vinculada: é aquele cuja arrecadação deve obrigatoriamente, ser utilizada no fim que justificou sua criação, como, por exemplo: empréstimos compulsórios e contribuições especiais. d) Tributo de arrecadação não vinculada: é aquele em que as receitas podem ser livremente utilizadas para despesas gerais da Administração Pública, atendidos os preceitos orçamentários, como, por exemplo: impostos, taxas e contribuição de melhoria. e) Tributo fiscal: sua finalidade principal é arrecadar recursos para cobrir as despesas públicas. Ex: IR, IPTU, IPVA, etc. f) Tributo extrafiscal: Sua finalidade pode ser econômica (proteção da indústria nacional, controle da balança comercial, controle de inflação. Ex: II, IE, IOF, IPI, ITR. g) Tributo parafiscal: Destinam-se à manutenção de órgãos autônomos fiscalizadores de algumas profissões ou do interesse de categorias econômicas específicas. Ex: CRM, Sesi. h) Tributo direto: a pessoa física ou jurídica que são sujeitos passivos, são as mesmas que tem o ônus de recolher o valor devido ao fisco (contribuinte de fato e de direito é a mesma pessoa). Ex: IR. i) Tributo indireto: O contribuinte de direito recolhe o valor aos cofres público, mas transfere o ônus econômico para outra pessoa (contribuinte de fato). j) Tributo real: É aquele que é levado em conta o bem, por exemplo: o IPVA é o mesmo para todos os proprietários de determinado veículo, independentemente das condições pessoais. k) Tributo pessoal: É aquele que é levado em conta as condições de cada contribuinte. Ex: IR. l) Tributo proporcional: Indica que o imposto deve incidir sempre à mesma alíquota, independentemente do valor da base de cálculo. COMO ESSE ASSUNTO FOI COBRADO PELA FGV? O imposto cuja alíquota é invariável e se aplica sobre base de cálculo variável, é classificado como a) progressivo. b) proporcional. c) indireto. d) pessoal. 217 2. TRIBUTOS EM ESPÉCIE Trata-se de uma espécie de receita derivada (uma vez que o Estado não explora o seu patrimônio, mas patrimônio de terceira pessoa) para fazer frente ao custeio de atividades gerais ou específicas. Cuida-se de prestações em dinheiro exigidas compulsoriamente pelos entes políticos, de quem revele capacidade contributiva ou que se relacione direta ou indiretamente a atividade estatal específica. Prescreve o art. 3.º do CTN: “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Passemos à análise, por parte, de cada uma dessas regras. • Espécies tributárias e sua natureza jurídica Tributo é gênero. O Código Tributário Nacional prevê a possibilidade da existência de três espécies tributárias (escola tripartida), a qual não é utilizada atualmente, uma vez que o STF já determinou o entendimento da existência de cinco espécies tributárias (escola pentapartida). Analisemos, após estas explicações, as espécies tributárias previstas na Constituição Federal: a) Imposto: é um tributo que possui previsão expressa na Constituição Federal, no art. 145, I, e no art. 16 do CTN. Trata-se de um tributo cuja obrigação tem por fato gerador situação independente de qualquer atividade estatal específica. Ou seja, trata-se de um tributo não contraprestacional (tributo não vinculado), não exigindo do Estado nenhuma atividade imediata pelo pagamento desse tributo. Além de ser considerado um tributo não vinculado, sua arrecadação também é não vinculada, sendo vedada a vinculação da receita de impostos a qualquer espécie de fundo, órgão ou despesa (art. 167, IV, da CF/1988). Essa é a razão pela qual a Constituição Federal é meticulosa ao tratar dos impostos, contendo previsão expressa de quais são os de competência da União, dos Estados, Municípios e DF nos arts. 153, 155 e 156, respectivamente, por meio dos quais prevê que somente estas pessoas políticas podem instituir cada um desses impostos, e mais ninguém. A competência para a instituição de impostos é exaustiva e privativa daqueles expressamente indicados na Constituição Federal, de forma a impedir que uma pessoa jurídica de direito público interno venha a invadir a competência da outra. Fora os denominados impostos nominados já discriminados na Constituição Federal, caso a União queira instituir novos impostos federais, poderá exercer a chamada competência residual, que determina a instituição de novos impostos através de lei complementar, desde que sejam não cumulativos e possuam fato gerador e base de cálculo diferente dos impostos já previstos na Constituição (art. 154, I, da CF/1988). b) Taxas: previstas no art. 145, II, da CF/1988 e no art. 77 do CTN, são tributos completamente vinculados a uma determinada atividade estatal, seja por meio do exercício regular do poder de polícia, seja por meio da prestação de serviços públicos específicos e divisíveis. Ressalta-seque podem ser instituídas pela União, Estados e DF e Municípios. Pode-se dizer, portanto, numa simplificação para fins didáticos, que as taxas se dividem em: i) taxa de polícia: é aquela cobrada pelo exercício regular do poder de polícia. Entende-se por exercício regular aquele dentro dos parâmetros estabelecidos pela lei (art. 78 do CTN), ou seja, que possui amparo legal, evitando abusos por parte do Estado. Entende-se por exercício regular quando a autoridade administrativa é competente para o exercício da fiscalização (legitimidade) e quando a fiscalização estiver amparada por lei (legalidade). 218 De acordo com o STF, mesmo que a fiscalização administrativa não tenha ocorrido efetivamente, existe a possibilidade da exigência da taxa de polícia, desde que o órgão público que exercerá a fiscalização já esteja estruturado e o particular que está sendo cobrado esteja sujeito a esta fiscalização. ii) taxa de serviço: cobrada pela prestação de serviços públicos específicos e divisíveis, que são utilizados de forma efetiva ou potencial. No Brasil, identificamos os serviços públicos por uma corrente formalista, ou seja, quem determina qual serviço será executado pelo Poder Público é a própria lei. Serviço Público é toda atividade material prestada pelo Poder Público de uma forma direta ou indireta, fruível pelo cidadão ou pela coletividade, para o atendimento do interesse público primário. Entenda-se por serviço público específico aquele que possui usuários determinados ou determináveis. É o denominado serviço uti singuli. Serviço público divisível é o que pode ser mensurado entre os usuários. Todo o serviço específico acaba sendo divisível. Devemos nos recordar que a taxa de serviço pode ser exigida não apenas quando do uso efetivo do serviço, mas pelo serviço público estar à disposição de uso do particular. Determina a Constituição Federal que a taxa não poderá gozar de base de cálculo idêntico ao dos impostos (art. 145, § 2.º, da CF/1988). Entretanto, com o advento da Súmula Vinculante 29, as taxas poderão se utilizar um ou de mais elementos da base de cálculo de um imposto, vedando-se, apenas, a utilização de uma base de cálculo idêntica. COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? 1. Com base no Sistema Tributário Nacional, assinale a alternativa correta. a) A contribuição de melhoria é um tributo de competência exclusiva dos Estados federados. b) As taxas podem ser instituídas pela União, Estados e Distrito Federal e Municípios. c) O ICMS tem destinação orçamentária específica. d) Os impostos têm por finalidade precípua a intervenção do Estado na atividade econômica. 2. As taxas são os tributos que têm por hipótese de incidência uma atuação estatal. Assinale a alternativa que corretamente delimite tal atuação, nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil e da legislação tributária. a) Os serviços públicos universais (uti universi) podem ser custeados por meio de taxas, já que alcançam a coletividade considerada como um todo, o mesmo não podendo se dizer a respeito dos atos de polícia. b) Tanto os serviços públicos uti universi como os uti singuli, também chamados singulares, na medida em que são mensuráveis e divisíveis, podem ser custeados por meio de taxas, juntamente com os atos de polícia. c) Somente os serviços públicos específicos, por serem de utilização individual e mensurável, podem ser custeados mediante taxas de serviço, ocorrendo o mesmo com os atos de polícia, que devem ser específicos e divisíveis para serem custeados mediante taxas de polícia. d) A atuação estatal suscetível de ser custeada mediante taxa é aquela que se refere indiretamente ao contribuinte, tal como uma obra pública que causa valorização imobiliária, aumentando o valor de mercado dos imóveis localizados em suas imediações. ATENÇÃO!!! As custas judiciárias têm natureza tributária de taxas!!!! JÁ CAIU NA OAB!!!! c) Contribuição de melhoria: as contribuições de melhoria envolvem uma complexa situação para deflagrar sua exigência, que é “ser proprietário de imóvel” e “que esse imóvel tenha sido valorizado em razão de uma obra pública”. Note que não é suficiente a simples existência da obra pública, que em tese pode valorizar, desvalorizar ou ser indiferente em relação ao imóvel. No caso da contribuição de melhoria, essa obra deve ter que necessariamente valorizar o imóvel para então, sobre o valor da “valorização” ver incidir, uma única vez, a contribuição de melhoria. Não existe, por outro lado, “contribuição de pioria”, ou seja, se houver desvalorização do imóvel em razão da obra pública, não haverá, absolutamente, 219 possibilidade de exigência do tributo “contribuição de melhoria”, importando na possibilidade inclusive, de ensejar a indenização contra o Estado. Tal tributo possui sua previsão no art. 145, III, da CF/1988, art. 81 do CTN e regulamentado pelo Dec. 195/1967. De acordo com o STF, a simples manutenção de obra pública não é suficiente para ensejar a cobrança de contribuição de melhoria, uma vez que passa a ser um dever do Estado. Exemplo: recapeamento asfáltico. d) Empréstimos compulsórios: são tributos de competência extraordinária da União, que somente poderá instituí- los mediante lei complementar nas seguintes hipóteses: – calamidade pública, guerra externa ou sua iminência; – investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional. O empréstimo compulsório foi considerado como espécie tributária pelo STF – passou a ser tributo após a perda da eficácia da Súmula 418 do STF, em acórdão no RE 111.954 –, sendo tratado no art. 148 da CF/1988. Devemos notar, contudo, quer tal tributo é dotado de certas particularidades que são de extrema relevância, quais sejam: É um tributo com vigência e eficácia temporária, isto é, possui prazo de validade. Não se pode atribuir, contudo, que tal validade termina quando “cessado o fator que gerou sua instituição”. Isto porque, muitas vezes o fato que desencadeou sua instituição cessou, mas os efeitos se perduram no tempo, autorizando a mantença da cobrança. Ademais, trata-se de um tributo restituível, devendo a lei complementar prever a forma e as condições para a sua devolução. COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? A respeito dos empréstimos compulsórios, assinale a afirmativa incorreta. ... (b) os empréstimos compulsórios podem ser instituídos por medida provisória, desde que haja relevância e urgência. e) Contribuições especiais: previstas no art. 149 da CF/1988 e completadas com os arts. 195 e 239 da CF/1988, as contribuições especiais possuem competência exclusiva da União para a sua instituição, sendo subdivididas em: contribuições interventivas, contribuições das categorias profissionais ou econômicas e contribuições para o financiamento da seguridade social. Levando em consideração os aspectos previstos no art. 149 da CF/1988, podemos dividir as contribuições especiais da seguinte forma: i) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico: são contribuições instituídas pela União com a finalidade de regular as possíveis distorções no mercado econômico, bem como de fomentar o desenvolvimento econômico de alguma área que a União entenda ser importante para o desenvolvimento nacional, observados os princípios da ordem econômica previstos no art. 170 da CF/1988. Temos como exemplos de principais contribuições interventivas a Cide – Royalties (Lei 10.168/2000) e a Cide – Combustíveis (Lei 10.336/2001). ii) Contribuição de Interesse de Categoria Profissional e Econômica: existem várias profissões que são regulamentadas formalmente no Brasil, exigindo que o profissional a ocupar essas funções, além de obter o título de bacharel, se submeta a um Conselho de Classe específico, que irá, conforme o caso, disciplinar e garantir a forma do exercício da profissão, coibindo abusos que possam eventualmente ser causados por esses profissionais. Assim,as anuidades cobradas pelos conselhos profissionais possuem natureza tributária, salvo as anuidades exigidas pela OAB; estas, por determinação do STF, não possuem natureza tributária. As contribuições das entidades profissionais são aquelas que visam o desenvolvimento das áreas assistenciais do comércio, da indústria, sendo utilizadas para a cultura e educação. São as contribuições do chamado “sistema S”: Sesi, Sesc, Senai, Senac etc. Após o julgamento do RE 396.266, o STF entendeu que as contribuições do Sebrae possuem natureza interventiva, uma vez que realiza o apoio direto ao pequeno empresário, imprescindível ao desenvolvimento da economia brasileira. 220 iii) Contribuições sociais gerais: são definidas por meio de um conceito negativo, não são as contribuições para custeio da seguridade social, assim entendido a atuação do Estado na área da Saúde, Previdência e Assistência Social. Assim, toda contribuição social prevista no texto constitucional que não for destinada à área da Saúde, Previdência e Assistência Social será uma contribuição social geral. Por exemplo: a contribuição social do “salário educação” (art. 212, § 5.º, da CF/1988), “que objetiva destinar recursos para financiamento do ensino fundamental, tendo como contribuintes as empresas”. Ainda, a Contribuição para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS (art. 7.º, III, da CF/1988). Essas contribuições sociais gerais, além de não se destinarem ao custeio da seguridade social, têm outra característica muito importante, que é o de necessariamente estarem sujeitas ao princípio da anterioridade, isto é, a lei que vier a instituir ou majorar essas contribuições somente pode incidir no primeiro dia do exercício financeiro subsequente, na forma do art. 150, III, b, da CF/1988, ao passo que as contribuições para custeio da seguridade social devem aguardar a observância do prazo de noventa dias, como expresso no art. 195, § 6.º, da CF/1988. iv) Contribuições Sociais para Custeio da Seguridade Social: sua finalidade é obter recursos financeiros para financiar as atividades da Seguridade Social, que são ações do Estado na área da Saúde, Previdência e Assistência Social (arts. 194 e 203 da CF/1988). Ademais, o art. 195 da CF/1988 indica quem são os contribuintes dessa contribuição (na verdade são várias contribuições sociais para custeio da Seguridade Social e não apenas uma única contribuição). Indica também esse dispositivo quais são as bases de cálculo dessas contribuições, além dos princípios constitucionais específicos que deve o legislador infraconstitucional observar. Tais contribuições poderão incidir sobre a pessoa jurídica, sobre a pessoa física, sobre a receita do concurso de prognósticos e sobre a importação de bens e serviços. Devemos nos recordar ainda que as contribuições sociais se sujeitam ao princípio da anterioridade nonagesimal, nos termos do art. 195, § 6.º, da CF/1988. v) Contribuição para custeio da iluminação pública – Cosip: tem como finalidade o interesse público na manutenção da atividade estatal de iluminação pública nas cidades brasileiras. MAS ATENÇÃO!!!!!!!! Sua competência foi atribuída aos Municípios e ao Distrito Federal, devendo respeitar aos princípios da legalidade, anterioridade e anterioridade nonagesimal. COMO ESSE ASSUNTO FOI COBRADO PELA FGV? Determinado Estado, localizado na Região Norte do país, instituiu, mediante lei específica, a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Nessa linha, com base na competência tributária prevista nas normas constitucionais em vigor, tal contribuição instituída pelo respectivo estado-membro da Federação é a) constitucional, sendo possível sua cobrança com base nas regras constitucionais em vigor. b) inconstitucional, por ser o referido tributo de competência tributária da União Federal. c) inconstitucional, por ser o referido tributo de competência do Distrito Federal e dos Municípios. d) inconstitucional, visto que somente lei complementar poderá instituir o referido tributo. 3. SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 3.1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Inicialmente impende esclarecer que a COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA pressupõe competência para legislar, assim somente as pessoas políticas (união, estados, distrito federal e municípios) detêm competência tributária. No entanto, competência tributária não se confunde com competência para legislar sobre direito tributário, pois nesse último caso não se preocupa o legislador em instituir ou majorar tributos (cerne da competência tributária), mas sim traçar regras sobre o poder de tributação ou aclarar as especificidades de determinado tributo. Vejamos a distinção: COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Temos como sendo o poder constitucionalmente atribuído para editar leis que versem sobre tributos e relações jurídicas a ele concernentes. Trata-se de uma competência genérica para traçar regras sobre o exercício do poder de tributar. Trata-se do poder constitucionalmente atribuído as pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios) de editar leis que instituam tributos. Exemplo: a União institui, por meio de lei, o IR, o ITR, o PIS e a COFINS, entre outros tributos. Os Estados o IPVA e o ICMS, e os municípios o ISS e o IPTU. 221 Frisa-se ainda que a competência para legislar sobre direito tributário é concorrente: UNIÃO, ESTADOS e DISTRITO FEDERAL, de modo que a União edita normas gerais e os Estados e DF editam normas suplementares. Contudo, caso a União não editar as normas gerais, os Estados e o DF exercerão a competência legislativa plena. Se a União vier a editar as normas gerais, todas as normas estaduais estarão suspensas no que forem contrárias à lei federal. Se a lei federal que estabelece normas gerais for revogada, as leis estaduais imediatamente recuperam suas respectivas eficácias. Não se trata de repristinação, porque as leis estaduais estavam suspensas, não revogadas. Ex.: o CTN não prevê o IPVA. Diante da ausência de norma geral da União sobre IPVA, cada Estado exerceu a competência legislativa plena. CURIOSIDADE: O CTN foi editado como lei ordinária, mas passou a ter status de lei complementar com a constituição de 1967, quando foi recepcionado. A CF/88 só manteve o status de LC que o CTN já tinha. Hoje, o CTN só pode ser alterado ou revogado por lei complementar. Nessa toada, em resumo temos que a COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA é aquela atribuída pela Constituição Federal à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para instituir ou majorar tributos. COMO ESSE ASSUNTO FOI COBRADO PELA FGV? O Art. 146, III, a, da Constituição Federal estabelece que lei complementar deve trazer a definição dos fatos geradores, da base de cálculo e dos contribuintes dos impostos previstos na Constituição. Caso não exista lei complementar prevendo tais definições relativamente aos impostos estaduais, os estados a) não podem instituir e cobrar seus impostos, sob pena de violação do Art. 146 da Constituição. b) podem instituir e cobrar seus impostos, desde que celebrem convênio para estabelecer normas gerais. c) podem instituir e cobrar seus impostos, pois possuem competência legislativa plena até que a lei complementar venha a ser editada. d) podem instituir e cobrar seus impostos, desde que seja publicada Medida Provisória autorizando. Ressalta-se que o exercício da competência tributária é facultativo, ou seja, o ente federado não é obrigado a instituir todos os tributos que a CF lhe reservou, já que se trata de uma atribuição de poder. Ademais, não podemos confundir competência tributária com capacidade tributária ativa, que é a capacidade de figurar no polo ativo da relação jurídica. COMO ASSIM?? A capacidade de figurar no polo ativo é o poder de cobrar, exigir e fiscalizar o tributo, por exemplo, o INSS tem o poder de arrecadar e fiscalizar algumas contribuiçõessociais, mas não significa que possuiu competência relativa a esses tributos, que continua sendo exclusiva da União. MAS QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA? São elas: a) Atribuição delegável: Assim determina o artigo 7º do CTN: “a competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra”. Diante do exposto, conclui-se que o poder de administrar o tributo pode ser delegável, nos limites da lei. b) Atribuição não legislativa: Essa atribuição não se trata de competência legislativa e sim de atribuição executiva ou administrativa. c) Privilégios processuais: Determina o §1º do artigo 7º do CTN: “A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.” d) Atribuição revogável: pode a pessoa jurídica de direito público que conferiu a atribuição, revogá-la a qualquer momento. Podemos observar a diferença entre competência tributária e capacidade ativa: COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA CAPACIDADE ATIVA Poder para instituir tributo Poder para cobrar, exigir, fiscalizar, arrecadar Atribuição legislativa Atribuição executiva ou administrativa Indelegabilidade Delegabilidade 222 União, Estados, DF e Municípios Qualquer pessoas jurídica de direito público que receba delegação do ente competente (não pode ser delegado para pessoas de direito privado) COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? A União instituiu determinado tributo federal e conferiu a uma autarquia as tarefas de fiscalizá-lo e arrecadá-lo. Tendo em vista a situação narrada, assinale a opção correta. A) A capacidade tributária ativa (realizar atos de fiscalização e arrecadação) é delegável. B) Trata-se de caso de delegação da competência tributária da União. C) Não é possível que a União revogue, a qualquer tempo e por ato unilateral, a atribuição que conferiu a tal autarquia. D) Em eventual discussão judicial proposta por um contribuinte do tributo, a autarquia não terá prazo em dobro para recorrer. 3.1.1. Tipos de Competência Tributária 3.1.1.1. Competência Comum Pode a União, os Estados, DF e os Municípios instituir taxas e contribuições que dizem respeito à contraprestação de atividades estatais, no âmbito de suas respectivas atribuições administrativas, já que a Constituição Federal não designou quais taxas e contribuições os entes podem instituir. Exemplo: a União pode cobrar taxa para a conservação de um parque nacional; o Estado, uma taxa semelhante para a conservação de um parque estadual; o Município também pode cobrar taxa para a conservação de um parque municipal. 3.1.1.2. Competência Privativa Temos como sendo a competência atribuída pela CF para a instituição (criação) de IMPOSTOS NOMINADOS (determinados). Ressalta-se, portanto, que nenhuma outra pessoa política poderá instituir os impostos previstos na Constituição que não sejam aqueles ali determinados. Assim temos que a União só institui ao que a ele compete, o Estado o que a ele compete e assim sucessivamente. Vejamos a competência de cada um: COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA PRIVATIVA UNIÃO ESTADOS E DF MUNICÍPIOS II IE IR IPI IOF ITR IGF Impostos residuais Impostos extraordinários de guerra Empréstimos compulsórios Contribuição de intervenção no domínio econômico Contribuições sociais ICMS IPVA ITCMD IPTU ISS ITBI Contribuição de Iluminação Pública *(Municípios e DF) Contribuição de melhorias, taxas, pedágio e contribuição para custeio de previdência e assistência social de servidores públicos COMO A FGV JÁ COBROU ESSE ASSUNTO? 1. Com base na competência prevista na Constituição para instituir impostos, é correto afirmar que a) o IR, o IPI e o IPTU competem à União. b) o ISS, o IPTU e o ITR competem aos Municípios. 223 c) o ICMS, o IPVA e o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação competem aos Estados e ao Distrito Federal. d) o Imposto de Importação, o IOF e o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação competem à União. e) o ISS, o IPTU e o IGF competem aos Estados. 2. A respeito das espécies de tributos, é correto afirmar que a) a União, os Estados e o Distrito Federal, e os Municípios poderão instituir, exclusivamente, os seguintes tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria. b) de acordo com o Código Tributário Nacional, considera-se imposto o tributo vinculado a qualquer atividade estatal específica. c) a taxa é um tributo não vinculado a uma atuação estatal específica e tem, como possível fato gerador, o exercício regular do poder de polícia. d) a instituição de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, é de competência exclusiva da União. e) a contribuição de melhoria é o tributo cobrado em função da realização de obras e prestação de serviços. 3.1.1.3. Competência Cumulativa A competência tributária cumulativa diz respeito aos Territórios Federais (não são entes componentes do Estado Federal, eles apenas integram a União) e ao Distrito Federal (é um ente federativo autônomo, mas não pode se subdividir em Municípios, sendo atribuídas, por conta disso, as competências legislativas reservadas aos Estado e aos Municípios, cumulativamente). Fica estabelecido que: a) o Distrito Federal não pode subdividir-se em Municípios, portanto, foi assegurado que pudesse instituir os impostos municipais; b) os territórios Federais não têm competência tributária, então é a União que institui os impostos estaduais e, se o território federal não for dividido em Municípios, também os impostos municipais. COMO ESSE ASSUNTO FOI COBRADO PELA FGV? A competência tributária não se confunde com a capacidade tributária ativa. Aquela se traduz na aptidão para instituir tributos, enquanto esta é o exercício da competência, ou seja, a aptidão para cobrar tributos. Nesse sentido, é correto afirmar que a) compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos, taxas, contribuições de melhoria, assim como as contribuições para o custeio do serviço de iluminação pública. b) em virtude do princípio federativo, que, entre outras consequências, delimita entre os entes políticos o poder de tributar, ao Distrito Federal compete apenas instituir espécies tributárias próprias dos Estados-membros da federação. c) a União pode instituir, via lei ordinária, impostos além dos previstos na Constituição, mediante dois requisitos: que eles sejam não cumulativos e que não tenham fato gerador próprio dos impostos já previstos constitucionalmente. d) em Território Federal, os impostos estaduais são de competência da União. Caso o Território não seja dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais também são de competência da União. 3.1.1.4. Competência Residual O próprio nome traz sua denominação, é residual aquilo que sobra. A competência residual compete a UNIÃO, e somente por meio de LEI COMPLEMENTAR poderá instituir novos impostos não elencados no art. 153 da CF. Contudo é importante ressaltar que para tal criação os novos impostos não poderão possuir fato gerador e a base de cálculo iguais aos já existentes. 224 CF - Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? O Estado X, visando aumentar a sua arrecadação, instituiu novo imposto, não previsto na Constituição Federal. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta. a) O Estado X pode instituir imposto, mediante lei complementar, desdeque previsto na Constituição Estadual. b) Para exercer a competência residual do Estado X, é necessária lei de iniciativa do Governador do Estado. c) O Estado X não pode instituir o imposto novo, tendo em vista que a competência residual para a instituição de novos impostos é somente da União. d) É vedada à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a instituição de impostos não previstos na Constituição Federal. 3.1.1.5. Competência Extraordinária Nada mais é do que a competência da UNIÃO para a instituição de tributos em situação emergenciais, fora do convencional, como em casos de guerra, calamidade pública, entre outros. Sobre essa competência temos apenas dois tributos e que se destacam por isso, são: a) Empréstimo Compulsório: como o próprio nome sugere, a União dado o cenário excepcional, guerra, calamidade etc, retira das mãos da população quantias de forma obrigatória, sem prévia anuência, contudo esse tributo é temporário e restituível, passada a situação os valores são devolvidos ao contribuinte. CF- Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. b) Impostos Extraordinários de Guerra (IEG): estes são também instituídos pela União, contudo independe de lei complementar, podendo ser instituído assim por Lei Ordinária. Tais tributos ocorrem nos casos de guerra externa e sua iminência, conforme art. 154, II, da CF/88. Art. 154: A União poderá instituir: II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. 3.2. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Como vimos, a CF atribui a cada ente da Federação competências para instituir certos tributos. Cabe ressaltar que a CF não cria tributo, apenas prevê a sua instituição pelas pessoas políticas estatais, definindo as limitações impostas ao poder de tributar. Diante da importância das matérias tributárias, a CF estabeleceu que as normas gerais fossem definidas por lei complementar, afinal é a espécie normativa que possui um rito mais dificultoso. Assim determina o artigo 146, da CF: “Cabe a lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas; d) definição 225 de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do ICMS, da contribuição social do empregador e do PIS/Pasep.” COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? Conforme a Constituição Federal, o veículo legislativo adequado para dispor sobre conflitos de competência entre os entes políticos em matéria tributária é a a) medida provisória. b) lei complementar. c) emenda constitucional. d) lei ordinária. As normas gerais em matéria tributária estão estabelecidas no CTN, por mais que originalmente é uma lei ordinária, foi recepcionada pelo CF/1967 como lei complementar. 3.3. REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS A repartição de receitas tributárias é possível quando a União repassa para os Estados, DF e Municípios ou dos Estados para os Municípios. Vale ressaltar que as receitas tributárias possíveis de repartição são os impostos e o Cide – combustíveis. MAS E O DISTRITO FEDERAL E OS MUNICÍPIOS REPASSAM PARA ALGUÉM? Não!!! Como o Distrito Federal não se subdivide em municípios, bem como os municípios são os menores entes federados, não repartem suas receitas com ninguém. São divididas as receitas da seguinte forma: a) Pertencem aos Estados e ao DF (Art. 157, CF) - 100% do produto da arrecadação do IR retido na fonte relativo aos relativos pagos, a qualquer título, por eles, por suas autarquias e pelas fundações que instituírem ou mantiverem; - 20% do produto da arrecadação de eventual imposto da competência residual que venha a ser criado. b) Pertencem aos Municípios (Art. 158, CF) - 100% do produto da arrecadação do IR retido na fonte relativo aos relativos pagos, a qualquer título, por eles, por suas autarquias e pelas fundações que instituírem ou mantiverem; - 50% do produto da arrecadação do ITR relativamente aos imóveis situados em seus territórios; ficam com 10%, caso optem pela fiscalização e cobrança do imposto; - 50% do produto da arrecadação do IPVA relativo aos automóveis licenciados em seus territórios; - 25% do produto da arrecadação do ICMS, creditado a cada Município pelos seguintes critérios: (i) ¾ no mínimo, na proporção do valor adicionado em seu território e (ii) até ¼ em conformidade com a lei estadual. c) Pertencem também aos Estados, ao DF e aos Municípios - A União deve transferir o produto da arrecadação do IOF sobre ouro, enquanto ativo financeiro ou instrumento cambial, aos Estados, ao DF e aos Municípios, na seguinte proporção: (i) 30% para os Estados e DF e (ii) 70% para os Municípios. COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? 1. A remuneração que os Municípios pagam a seus servidores está sujeita à incidência do Imposto sobre a Renda retido na fonte (IR-Fonte). Assinale a alternativa que indica o ente público ao qual pertence o produto da arrecadação do IRFonte nesse caso específico. a) Ao Município que efetua o pagamento da remuneração. b) À União. c) Ao Estado em que está situado o Município que efetua o pagamento da remuneração. d) Metade à União e metade ao Município que efetua o pagamento da remuneração. 2. Com relação ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), assinale a afirmativa correta. a) É instituído pela União e repartido com o Estado em que tenha sido licenciado o veículo. 226 b) É instituído pelo Estado e repartido com o Município em que tenha sido licenciado o veículo. c) É instituído pelo Estado em que tenha sido licenciado o veículo, que ficará com a integralidade do produto da arrecadação. d) É instituído pelo Município em que tenha sido licenciado o veículo, que ficará com a integralidade do produto da arrecadação. 4. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR As limitações funcionam como verdadeiras vedações ou supressões da competência tributária que serão demonstradas abaixo. 4.1. PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS 4.1.1. Princípio da Capacidade Contributiva Quanto a este princípio importante trazer o que dispõe o art. 145, §1º da CF/88: “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”. Tal artigo nada mais traz que o contribuinte irá pagar mais ou menos tributos de acordo com a sua capacidade econômica, ou seja, cada um contribui na proporção de suas rendas e haveres. Quer um exemplo? Te dou três! O imposto de renda, paga-se mais, quem ganhamais. O IPVA, paga-se mais quão mais caro é o carro. O IPTU, paga-se mais, quão mais caro é o imóvel. 4.1.2. Princípio da Legalidade Temos, conforme art. 150, I da CF, que à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é VEDADO exigir ou aumentar tributos sem lei que o estabeleça. Ainda assim, conforme art. 5º, II, também da CF, temos que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada senão em virtude lei, essa máxima é conhecida por todos, certo? Mas o legislador constituinte ainda desejou reforçar o princípio da legalidade em matéria tributária. Por esse princípio então, resta claro que qualquer tributo somente poderá ser instituído, majorado, reduzido ou extinto mediante lei. a) Lei ordinária (art. 97, CTN): é a lei que pode criar ou extinguir tributos, contudo, há tributos que só podem ser criados por lei complementar, bem como cominar penalidades às infrações tributárias, e a dispensa ou redução dessas penalidades. Cabe ressaltar que não fere o princípio da legalidade quando ocorre a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo através de legislação infralegal. b) Lei ordinária específica (Art. 150, §6º, CF): Utilizada para conceder certos benefícios fiscais aos administrados: subsídios; isenção; redução de base de cálculo; anistia; remissão. COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? Prefeito de um determinado município resolveu conceder isenção de IPTU, por 10 (dez) anos, a proprietários de imóveis que sejam portadores de deficiência e que realizem investimento nas condições de acessibilidade de suas propriedades. Com base na situação apresentada, assinale a afirmativa correta. a) É possível que o município institua a isenção por meio de decreto. b) Tal isenção constitui caso de suspensão da exigibilidade daqueles créditos tributários. c) Somente por meio de lei específica municipal pode ser concedida isenção de IPTU. d) A isenção concedida em função de determinadas condições, como é o caso, pode ser revogada a qualquer tempo. 227 c) Lei complementar: Os tributos que são criados mediante lei complementar são os empréstimos compulsórios (art. 148, CF); Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, CF); Impostos residuais (art. 154, I, CF); e Contribuições previdenciárias residuais (art. 195, §4º, c/c art. 154, I, CF). COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? José recebeu auto de infração pelo inadimplemento de determinado tributo instituído por lei ordinária. José contesta a exigência fiscal sob o argumento, correto, de que o tributo em questão deveria ter sido instituído por lei complementar. A partir da hipótese apresentada, assinale a opção que indica o tributo exigido no referido auto de infração. a) Contribuição de Interesse de Categoria Profissional. b) Contribuição de Melhoria. c) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. d) Empréstimo Compulsório. d) Medida Provisória: em caso de relevância e urgência, o Presidente da República pode adotar as medidas provisórias, com força de lei. Ressalta-se que pode-se utilizar da medida provisória para instituir tributos, desde que respeite o princípio da anterioridade. Preste atenção!! Há algumas matérias que não podem ser veiculadas por medida provisória!! Ler Art. 62, §1º, III e §2º, CF. COMO A FGV JÁ COBROU ESSE ASSUNTO? Suponha que determinada Medida Provisória editada pela Presidenta da República, em 29/09/2012, estabeleça, entre outras providências, o aumento para as diversas faixas de alíquotas previstas na legislação aplicável ao imposto de renda das pessoas físicas. Nesse caso, com base no sistema tributário nacional, tal Medida Provisória a) não violaria o princípio da legalidade e produzirá efeitos a partir da data de sua publicação. b) violaria o princípio da legalidade, por ser incompatível com o processo legislativo previsto na Constituição Federal/88. c) não violaria o princípio da legalidade e produzirá efeitos a partir de 90 (noventa) dias contados a partir da data de sua publicação. d) não violaria o princípio da legalidade e só produzirá efeitos a partir do primeiro dia do exercício financeiro subsequente à data de sua conversão em lei. e) Lei delegada: pode ser elaborada e editada pelo Poder Executivo desde que o Poder Legislativo autorize, via Resolução do Congresso Nacional. Os tributos devem ser criados por lei, porém existem aqueles que podem ter suas alíquotas majoradas por ato do Poder Executivo, como: Imposto de Importação; Imposto de Exportação; Imposto s; Produtos Industrializados; impostos sobre operações financeiras; ICMS s/ combustíveis e lubrificantes; Cide – combustíveis. ATENÇÃO!! Teremos a possibilidade da utilização do DECRETO (que não é lei, portanto exceção ao princípio da legalidade), em duas situações, ambas ocorrem principalmente devido a função de extrafiscalidade destes tributos, lembre-se que a função extrafiscal garante ao Estado intervir no mercado ou em determinado setor, estimulando ou coibindo determinada atitude do contribuinte, por isso são chamados de interventivos: REDUÇÃO ou MAJORAÇÃO das alíquotas do Imposto sobre a Importação (II), Exportação (IE), Produtos Industrializados (IPI) e Operações Financeiras (IOF), conforme art. 153, § 1.º, da CF/1988 (leitura obrigatória). REDUÇÃO ou REESTABELECIMENTO das alíquotas da Cide – Combustível, conforme art. 177, § 4.º, I, b, da CF/1988 (leitura obrigatória). ASSIM PARA FACILITAR TEMOS O SEGUINTE: INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO EXCEÇÃO Instituição ou extinção de tributos Correção monetária da BC (base de cálculo), correção não corresponde a majoração. 228 Majoração ou redução de tributos Fixação de prazo para o recolhimento do tributo Definição do FG (Fato Gerador) e do SP (Sujeito Passivo) Reduzir ou majorar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF Fixação de Alíquota e de Base de Cálculo Reduzir ou reestabelecer as alíquotas da CIDE-Combustíveis. Suspensão, extinção e exclusão de crédito tributário Definir alíquota do ICMS monofásico incidente sobre combustíveis Cominação, redução ou dispensa de penalidades COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? Assinale a alternativa que indica os impostos cujas alíquotas podem ser majoradas por ato do Poder Executivo, observados os parâmetros legais. a) Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). b) Imposto sobre a Importação (II), Imposto sobre a Exportação (IE) e Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). c) Imposto de Renda (IR) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) e Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). d) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto sobre a Importação (II). 4.1.3. Princípio da Isonomia A Constituição Federal veda os entes federativos de instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Esse princípio visa, portanto, impedir que os iguais sejam tratados de forma desigual e que os desiguais sejam tratados de forma igual. Não se trata de um princípio absoluto, pois há fatores como a extrafiscalidade que podem autorizar o tratamento desigual entre os iguais (STF, ADI 1643). Não fere esse princípio quando há a exacerbação dos tributos incidentes sobre produtos nocivos, como o tabaco, álcool etc. 4.1.4. Princípio da Irretroatividade Visa esse princípio assegurar que não haja a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado (Art. 150, III, CF), ou seja, protege a relação jurídica, já que é observada, no caso, a lei do exato momento da ocorrência do fato gerador. Esse princípio não busca somente não aplicar ao caso lei que seja mais gravosa, mas quando ocorrer uma redução do tributo que o torne menos gravoso (alteração de base de cálculo, alíquota etc) também não poderáretroagir. Podemos concluir que, no direito tributário, a regra geral é que a norma alcance os fatos geradores posteriores à sua edição, porém, algumas disposições podem retroagir, como: a) Lei interpretativa (Artigo 106, I, CTN): São aquelas que somente explicam o conteúdo de outras normas, não constituem novas relações jurídicas. Elas retroagem por terem efeitos meramente declaratórios. b) Lei tributária penal mais benigna (Art. 106, II, CTN): Nesse caso, a lei tributária penal mais benigna somente será aplicada quando os atos NÃO estiverem definitivamente julgados. (A leitura do artigo é obrigatória) c) Lei instrumental (Art. 144, §1º, CTN): São aquelas que instituem novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. (ATENÇÃO!! Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação). d) Lei de anistia (Art. 180, caput, CTN): São aquelas que declaram a extinção da punibilidade de certas infrações. ATENÇÃO!! Só se aplica a fatos ocorridos antes de sua vigência. 229 e) Declaração direta de inconstitucionalidade de lei, pelo STF, com efeitos ex tunc: é a declaração proferida via ADIN ou ADC. 4.1.5. Princípio da Anterioridade Esse princípio em resumo visa conferir segurança ao contribuinte para que este não seja surpreendido com novos tributos ou majoração em tributos inesperadamente. Temos a anterioridade em duas espécies, a do EXERCÍCIO FINANCEIRO SEGUINTE (art. 150, III, b, da CF/1988), onde fica vedado a cobrança do novo tributo ou da majoração no mesmo exercício em que foi criada, interprete exercício como ano calendário. Assim se um tributo foi criado ou majorado em 2017 somente poderá ser cobrado/exigido do contribuinte a partir de 2018. Temos também a anterioridade NONAGESIMAL ou regra da noventena (art. 150, III, c, da CF/1988) em que após criado ou majorado determinado tributo deverá ser respeitado um prazo mínimo de 90 dias após a publicação da Lei para sua cobrança. Ambas as anterioridades deverão ser observadas em TODOS os tributos, tanto em sua instituição, quanto em caso de majoração, com as seguintes exceções (art. 150, §1º da CF/88): • Tributos cobrados imediatamente: são cobrados de imediato, após a publicação da lei, sem que se observe nenhuma espécie de anterioridade o Imposto sobre a Importação (II), Exportação (IE), Operações Financeiras (IOF), Extraordinário de Guerra (IEG) e os Empréstimos Compulsórios decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência; • Tributos cobrados no mesmo exercício financeiro, desde que se aguarde 90 dias contados da publicação da lei: dentre as exceções determinadas na Constituição Federal, temos o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços quando incidente sobre combustíveis (ICMS – Combustíveis), Contribuição Interventiva sobre Combustíveis (Cide – Combustíveis) e as Contribuições Sociais (art. 195, § 6.º, da CF/1988); • Tributos cobrados no exercício financeiro seguinte, sem aguardar o lapso temporal de 90 dias da publicação: nesta regra excepcional, encontramos o Imposto sobre a Renda (IR) e a fixação da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) e o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU). ATENÇÃO! Importante lembra que a regra desse princípio NÃO se aplica às obrigações tributárias acessórias, apenas para as obrigações tributárias principais. Observação: O ordenamento constitucional brasileiro até 1969 exigia a prévia autorização orçamentária para que os tributos pudessem ser cobrados. Porém, essa exigência foi abolida com a Emenda nº 1, de 1969. COMO A FGV COBROU ESSE ASSUNTO? 1. A respeito dos Princípios Tributários Expressos e Implícitos, à luz da Constituição da República de 1988, assinale a opção INCORRETA. a) É vedado à União instituir isenções de tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. b) O princípio da irretroatividade veda a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. c) É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. d) Pelo princípio da anterioridade, para que os tributos possam ser cobrados a cada exercício, é necessária a prévia autorização na lei orçamentária. 2. Assinale a alternativa em que a correspondência entre os enunciados referentes às limitações ao poder de tributar por parte dos entes federativos e os princípios constitucionais tributários está corretamente formulada. a) É vedado cobrar tributo no mesmo exercício financeiro no qual foi publicada a lei que o instituiu ou o aumentou: princípio da anterioridade. 230 b) É vedada a instituição tributo sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros: princípio da segurança jurídica. c) É vedada a instituição de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos: princípio da legalidade. d) É vedado instituir imposto sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão: princípio da equidade. e) É vedado instituir imposto sobre livros, jornais, periódicos e o papel para a sua impressão: princípio da irrenunciabilidade. 3. A Lei X, promulgada em 20 de outubro de 2008, determinou a majoração do ISS. Já a Lei Y, promulgada em 16 de novembro de 2009, reduziu o ICMS de serviços de telecomunicação. Por fim, o Decreto Z, de 8 de dezembro de 2007, elevou o IOF para compras no exterior. Diante dessas hipóteses, é correto afirmar que a) o ISS poderá ser cobrado somente quando decorridos 90 dias da publicação da Lei X, ao passo que os novos valores do ICMS e do IOF poderão ser cobrados a partir da publicação dos diplomas legais que os implementaram. b) todos os impostos mencionados no enunciado somente poderão ser cobrados no exercício financeiro seguinte à publicação do diploma legal que os alterou por força do princípio da anterioridade. c) na hipótese do enunciado, tanto o ISS como o ICMS estão sujeitos ao princípio da anterioridade nonagesimal, considerada garantia individual do contribuinte cuja violação causa o vício da inconstitucionalidade. d) o IOF, imposto de cunho nitidamente extrafiscal, em relação ao princípio da anterioridade, está sujeito apenas à anterioridade nonagesimal, o que significa que bastam 90 dias da publicação do decreto que alterou sua alíquota para que possa ser cobrado. ** Qual é a explicação para a questão nº 03? O ISS deve observar a anterioridade do art. 150, III, ‘b’ e ‘c’. Logo, o tributo apenas poderá ser exigido no próximo exercício financeiro (ano civil) e após decorridos 90 (noventa) dias contados da data da publicação da lei que o houver instituído ou aumentado, o que vier depois. Como a lei foi publicada em 20 de outubro, a partir do dia 01º de janeiro, já terá sido observada a anterioridade do exercício financeiro (art. 150, III, ‘b’), mas não o prazo de 90 dias previstos no art. 150, III, ‘c’. Em relação ao ICMS, como se trata de redução de tributo não é necessária a observância da anterioridade. Por fim, em relação ao IOF, a Constituição de 1988 excepciona a aplicação do disposto no art. 150, III, ‘b’ e ‘c’, ou seja, trata-se tributo que não observa a anterioridade (art. 150, §1º, da CRFB/1988). 4. Visando fomentar a indústria brasileira, uma nova lei, publicada em 18/02/2010, majorou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), bem como majorou a alíquota do Imposto sobre Exportação (IE). A partir de que data a nova alíquota poderá
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