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Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8452 SARS-CoV-2 como agente causador da COVID-19: Epidemiologia, características genéticas, manifestações clínicas, diagnóstico e possíveis tratamentos SARS-CoV-2 as the causative agent of COVID-19: Epidemiology, genetic characteristics, clinical manifestations, diagnosis and possible treatments DOI:10.34119/bjhrv3n4-097 Recebimento dos originais: 17/06/2020 Aceitação para publicação: 17/07/2020 Vitor de Lima Bezerra Graduando do curso de Medicina, Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste, Núcleo de Ciências da Vida. Endereço: Av. Marielle Franco, s/n- Km 59 - Nova, Caruaru, Pernambuco, Brasil. CEP:55014-900. E-mail: vitordelimabezerra@gmail.com Thomás Bezerra dos Anjos Graduando do curso de Medicina, Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste, Núcleo de Ciências da Vida. Endereço: Av. Marielle Franco, s/n- Km 59 - Nova, Caruaru, Pernambuco, Brasil. CEP:55014-900. E-mail: thomas_bezerra@hotmail.com Lilian Emanuelle Santos de Souza Graduando do curso de Medicina, Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste, Núcleo de Ciências da Vida. Endereço: Av. Marielle Franco, s/n- Km 59 - Nova, Caruaru, Pernambuco, Brasil. CEP:55014-900. E-mail: lilliemanuelle@gmail.com Thiago Bezerra dos Anjos Graduando do curso de Medicina, Universidade de Pernambuco, Campus Serra Talhada. Endereço: Universidade de Pernambuco, Campus Serra Talhada, Av. Gregório Ferraz Nogueira - Bomba, Serra Talhada, Pernambuco, Brasil. CEP: 56909-460. E-mail: ThiagoBezerra36@gmail.com Alexia Mercês Vidal Graduando do curso de Medicina, Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste, Núcleo de Ciências da Vida. Endereço: Av. Marielle Franco, s/n- Km 59 - Nova, Caruaru, Pernambuco, Brasil. CEP:55014-900. E-mail: alexiavidalfotografia@gmail.com Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8453 Auvani Antunes da Silva Júnior Professor Adjunto do Departamento de Biomedicina, Faculdade Uninassau, Caruaru, Pernambuco, Brasil. Discente de Doutorado do programa de pós-graduação em Inovação Terapêutica, Universidade Federal de Pernambuco. Endereço: Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste, Núcleo de Ciências da Vida, Av. Marielle Franco, s/n- Km 59 - Nova, Caruaru, Pernambuco, Brasil. CEP:55014-900. E-mail: auvaniantunes@gmail.com RESUMO Objetivo: realizar uma revisão integrativa das principais características da SARS-CoV-2 e dos aspectos epidemiológicos, clínicos e diagnósticos da COVID-19, bem como seus possíveis tratamentos. Metodologia: Com base nesse objetivo, a pesquisa foi realizada com os descritores "COVID-19"; "Coronavírus"; "SARS-CoV-2"; "2019-nCoV" e "Novo coronavírus" nos bancos de dados PUBMED, MEDLINE, SPRINGER e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram selecionados artigos em inglês, português e espanhol publicados no período de 2016 a 2020, excluindo relatos de casos, relatos de experiência e editoriais. Resultados e Discussão: 47 artigos foram identificados como elegíveis. Nestes, existe um consenso sobre o alto grau de transmissibilidade, com pequenas divergências no número básico de reprodução (R0). Também houve grande relevância na avaliação clínica dos pacientes para o diagnóstico. No entanto, para confirmação laboratorial, predominou o uso do teste de reação em cadeia da polimerase com transcriptase reversa (RT-PCR). Os sintomas mais recorrentes nos estudos de observação do paciente incluem febre, tosse, mialgia, fadiga e dispnéia. Quanto ao tratamento farmacológico, não foram identificadas evidências concretas, com consenso sobre o uso de drogas sintomáticas. Conclusão: Assim, dado o alto grau de disseminação do vírus e a ausência de vacinas ou terapias eficazes, destaca-se a necessidade urgente de mais estudos na área. Palavras-chave: COVID-19, SARS-CoV-2, Manifestações clínicas, Diagnóstico. ABSTRACT Objective: sought to carry out an integrative review of the main characteristics of SARS- CoV-2 and the epidemiological, clinical and diagnostic aspects of COVID-19, as well as its possible treatments. Methodology: Based on this objective, the research was carried out using the descriptors "COVID-19"; "Coronavirus"; "SARS-CoV-2"; “2019-nCoV” and “Novel coronavirus” in the PUBMED, MEDLINE, SPRINGER and Virtual Health Library (VHL) databases. Articles in English, Portuguese and Spanish published in the period from 2016 to 2020 were selected, excluding case reports, experience reports and editorials. Results: 47 articles were identified as eligible. In these, there is a consensus about the high degree of transmissibility, with small divergences in the basic number of reproduction (R0). There was also great relevance in the clinical evaluation of patients for diagnosis. However, for laboratory confirmation, the use of the reverse-transcriptase polymerase chain reaction (RT-PCR) test was predominant. The most recurrent symptoms in patient observation studies include fever, cough, myalgia, fatigue and dyspnea. As for pharmacological treatment, no concrete evidence was identified, with a consensus on the use of symptomatic drugs. Conclusion: Hence, given the high degree of spread of the virus and the absence of vaccines or effective therapies, the urgent need for further studies in the area is highlighted. Keyword: COVID-19, SARS-CoV-2, Clinical manifestations, Diagnosis. Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8454 1 INTRODUÇÃO As Coronaviruses (CoVs) são doenças causadas por vírus pertencentes a 4 famílias de vírus: Coronaviridae, Arterivirida, Mesoniviridae e Roniviridae. As espécies pertencentes à família Coronaviridae tratam-se de vírus do tipo RNA causadores de doenças respiratórias em animais. Até então, existiam, nessa família, 7 vírus capazes de causar doenças em humanos. Entretanto, em 2019, foi descoberto o SARS-CoV-2, um novo membro dessa família que deu origem à “Coronavirus Disease-2019” (COVID-19) (ZHOU et al., 2020a). No dia 31 de dezembro de 2019, a China reportou para a Organização Mundial da Saúde (OMS) os primeiros casos de pacientes com a doença, em Wuhan, província de Hubei. Oito dias após o achado, cientistas chineses isolaram o SARS-CoV-2 (também chamado de 2019-nCoV) de pacientes acometidos pela COVID-19 (ZHOU et al., 2020b). No dia 11 de março de 2020, a OMS declara epidemia desta doença. Em 19 de março de 2020 o número de casos confirmados em todo o mundo foram de 209.839, com um total de mortes de 8.778 (WHO, 2020a). O SARS-CoV-2 ainda continua a se espalhar rapidamente pelo mundo, embora alguns países tenham conseguido com sucesso diminuir drasticamente a incidência dessa doença na população (WHO, 2020b). As pesquisas sugerem que os primeiros casos da COVID-19 tenham sido transmitidos para os seres humanos a partir da ingestão de morcegos, uma iguaria presente em alguns mercados na China, sendo o primeiro caso visto numa feira na província de Wuhan (PHELAN; KATZ; GOSTIN, 2020). Apesar do primeiro caso ter sido passado de animais selvagens para humanos, sabe-se que o principal meio de transmissão do vírus se dá de pessoa a pessoa (ZHOU et al., 2020a). Estima-se que o período de incubação do vírus dura, em média, 5 dias. No entanto, este período pode se alongar até o 14° dia. (DEL RIO; MALANI, 2020). Alguns estudos identificaram que 86% das contaminações são feitas por pessoas assintomáticas, o que aumenta a capacidade de contaminação viral sem que a presença do vírus seja detectada (LI et al., 2020). Até 9 de fevereirode 2020, considerando todos os casos confirmados da China, o vírus apresentou uma taxa de mortalidade de 2,2%, enquanto 16,6% do total de casos foram considerados graves, utilizando-se o critério de necessidade de internação para tal classificação (LANA et al., 2020). O SARS-CoV-2 apresenta uma taxa de mortalidade menor quando comparado à letalidade do H1N1 e de outros coronavírus, (LANA et al., 2020). No entanto, sua alta capacidade de transmissão associada ao número de casos graves e à falta de profissionais Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8455 capacitados para manejo e tratamento dos doentes pode ocasionar a aceleração no aumento do número de casos, saturando os sistemas de saúde em todo o mundo (FERGUSON et al., 2020). Assim, esta pesquisa busca a realizar uma revisão integrativa abordando aspectos epidemiológicos, características do vírus, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento, a partir de uma leitura atual, de modo a permitir a difusão do conhecimento entre profissionais de saúde. 2 METODOLOGIA Utilizou-se como modelo para realização desta obra a revisão integrativa, buscando o levantamento das as principais características de interesse do tema, seguindo cuidadosamente os passos da produção científica. A metodologia foi executada em três etapas: 1º) definição da pergunta norteadora da pesquisa: quais as ideias convergentes sobre características genéticas do vírus, aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento?; 2º) definiu-se que seriam incluídos na pesquisa artigos em inglês, português e espanhol disponíveis completos e online, publicados entre 2016 e 2020 e sendo excluídos relatos de caso, relatos de experiências e editoriais; 3º) definidas as plataformas PUBMED, MEDLINE, SPRINGER e a biblioteca virtual de saúde (BVS) para pesquisa dos dados. A busca online ocorreu em abril de 2020, utilizando-se os seguintes descritores: "COVID-19" OR "SARS-CoV-2" AND "diagnosis" AND "treatment". Visando melhorar a qualidade e confiabilidade da base de dados, foi realizado ainda rastreamento manual de outros artigos que possibilitariam incrementar a produção baseado em produções já coletadas. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 EPIDEMIOLOGIA No dia 31 de dezembro de 2019, os primeiros casos da COVID-2019 foram registrados em Wuhan, província de Hubei, na China. Esta doença, causada por um vírus pertencente à família coronaviridae e chamado de SARS-CoV-2, foi transmitida para os seres humanos, inicialmente, por meio de morcegos comercializados como iguarias em um mercado central na cidade de Wuhan (ADHIKARI et al., 2020). Logo após o contato com humanos, o SARS-CoV-2 mostrou ter um grande potencial de disseminação com o número básico de reprodução (R0) sendo estimado em torno de 2,4, havendo variações a depender da população analisada (LIU et al., 2020; ADHIKARI et al., 2020; PHELAN; KATZ; GOSTIN, 2020). Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8456 Segundo dados da OMS, até o dia 17 de abril de 2020, havia cerca de 2 milhões de casos confirmados em todo o mundo, com 202 países contaminados. Dentre estes, os Estados Unidos apresentou o maior número de casos em todo o mundo, com cerca de 630 mil casos confirmados (WHO, 2020b). Devido ao grande potencial de disseminação associado ao grande número de pessoas acometidas, a COVID-19 se tornou um grande problema de saúde pública em todo o mundo. Dessa forma, o grau de distribuição da severidade da doença em uma população torna-se relevante mesmo em países onde apenas uma pequena porcentagem dos casos são severos e evoluem para óbito. De acordo com um estudo feito pelo Chinese Center for Disease Control and Prevention (2020), que contou com uma amostra populacional de 44.672 pessoas infectadas, 5% dos casos de COVID -19 foram classificados como casos severos e 3,8% dos pacientes foram a óbito. Nesse estudo, foram considerados como “casos severos” aqueles em que o paciente apresentava dispneia, frequência respiratória ≥ 30/minuto, saturação de oxigênio sanguínea ≤93%, relação de PaO2/FiO2 <300, e/ou infiltrado pulmonar >50% em 24–48 horas e que precisavam de leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) (SURVEILLANCES, 2020). 3.2 TEMPO DE ESTABILIDADE DO SARS-COV-2 O SARS-CoV-2 tem um tropismo pelos tecidos das vias aéreas superiores e inferiores. Dessa forma, a principal porta de entrada é através da mucosa nasal, bucal e através do ducto lacrimal. Ao tossir ou espirrar, um indivíduo infectado libera gotículas de saliva e aerossóis contaminados com o vírus, tornando o meio em que essas partículas se inserem potencialmente contaminante (ZHOU et al., 2020a). Dessa maneira, o conhecimento do tempo de estabilidade viral, ou seja, o tempo em que o vírus permanece para infecção em um determinado meio, é de extrema importância para a prevenção de contágio. Um estudo realizado por Van Doremalen et al. (2020) comparou o tempo de estabilidade viral do SARS-CoV-2 em 5 diferentes materiais (aerossóis, plástico, aço inoxidável, cobre e papelão). Este estudo utilizou aerossol com concentrações inferiores a 5 μM contendo SARS-CoV-2 (na quantidade de 105,25 50% dose infecciosa de cultura tecidual (TCID50) por por mililitro). Em tal estudo, foi constatado que o vírus permanece viável para infecção por um período de, no máximo, 3 horas, quando exposto apenas ao ar, enquanto nas superfícies do cobre nenhum vírus viável foi encontrado após 4 horas do experimento. No aço inoxidável e plástico, por sua vez, o vírus permanece viável por até 3 dias depois da aplicação do Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8457 aerossol. Entretanto, é válido ressaltar que, mesmo ainda existindo cepas viáveis, houve uma grande redução dos seus números, passando de 103,7 para 100,6 TCID50 por mililitro em 3 dias quando analisado no plástico; e de 103,7 para 100,6 TCID50 por mililitro em 2 dias quando vistos no aço inoxidável. No papelão nenhum vírus viável foi mensurado após 24h do experimento (VAN DOREMALEN et al., 2020). 3.3 CARACTERÍSTICAS GENÉTICAS DO VÍRUS A família coronavírus é bastante extensa e, de maneira geral, causa infecções respiratórias em seres humanos e animais. Entretanto, os vírus que infectam os humanos compõem uma pequena parcela, sendo eles: Alphacoronavírus 229E e NL63; Beta coronavírus OC43 e HKU1; SARS-CoV e MERS-CoV. O SARS-CoV-2 é uma variação da família coronavírus. Após a epidemia de SARS, os morcegos foram considerados uma espécie potencial de reservatório deste vírus, o que possibilitou a afirmativa de ser considerado um vírus zoonótico (PARASKEVIS et al., 2020, BENVENUTO et al., 2020). A análise da sequência do genoma completo do SARS-CoV-2 revelou seu pertencimento à classificação de betacoronavírus. Entretanto, tal espécie é divergente do SARS-CoV (causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave) e MERS-CoV (causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio), que já causaram grandes epidemias. O SARS- CoV-2, juntamente com o coronavírus tipo Bat_SARS, formam uma linhagem distinta dentro do subgênero do sarbecovírus (SARS) (ZHU et al., 2020). Os coronavírus cujo material genético é do tipo RNA de sentido positivo, que também serve como RNA mensageiro, é traduzido pelos ribossomos da célula hospedeira, envolto em fita simples. O comprimento total do genoma é de 30 Kb (kilobase), possuindo uma região não codificante do terminal 5 ', uma região de codificação 1a/b da caixa de leitura aberta ORF (ORF - quadro de leitura aberto, do inglês “open reading frame”), uma região “s” que codifica a glicoproteína de pico (proteína S), uma região “e” que codifica aproteína do envelope (proteína E), uma região “m” que codifica a proteína da membrana (proteína M), uma região “n” que codifica a proteína nucleocapsídeo (proteína N) e uma região não codificante do terminal -3' (YANG; WANG, 2020). Entre eles, a poliproteína codificada na região ORF1a/b da proteína não estrutural pode ser cortada por 2 proteases virais a 3CLpro (tipo papaina protease) e PLpro (tipo quimiotripisina protease) do vírus para formar RNA polimerase e helicase dependente de RNA, que podem orientar a replicação, transcrição e tradução do vírus genoma. A proteína estrutural S pode se ligar especificamente ao receptor da célula hospedeira, e esta é a Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8458 principal proteína dos vírus para invadir células suscetíveis. As proteínas M e E estão envolvidas na formação do envelope do vírus, enquanto a proteína N está envolvida na montagem do vírus (ZUMLA et al., 2016). O SARS-CoV-2 possui RBD (domínio de ligação ao receptor, do inglês “receptor- binding domain”) que utiliza a molécula ACE2 humana como seu receptor de entrada. Infere-se, ainda, uma evolução convergente entre SARS-CoV e SARS-CoV-2 RBDs indicativa de seleção na passagem para humanos, demonstrando indícios da mutação sofrida pelo vírus SARS-CoV-2 e sua alta capacidade de infecção em humanos (LAN et al., 2020). Os estudos de Shang et al. (2020) demonstraram que o RBD do SARS-CoV-2 se liga mais fortemente à ACE2 humana do que o RBD do SARS-CoV, o que pode sugerir que um coronavírus de morcego relacionado, RaTG13 (encontrado em morcegos), também possa utilizar o receptor ACE2 para invadir células humanas. Tal descoberta demonstra que o morcego é um transmissor em potencial, mas não o responsável pelo surto em humanos. Dessa forma, a responsabilidade pelo alto grau de propagação da doença é dada à infecção de humano para humano (ZHU et al., 2020). 3.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS No início da manifestação da doença, é comum a apresentação de febre, tosse, dispneia e mialgia. Dentre tais sintomas, a febre é o mais comum. As manifestações clínicas da infecção por SARS-CoV-2, quando comparadas às infecções causadas por betacoronavírus anteriores, como SARS-CoV e MERS-CoV, mostram-se mais relacionadas com afecções do trato respiratório, sendo incomum, nos pacientes afetados, a apresentação de sintomas de trato superior, como espirro, rinorreia e dor de garganta. Além disso, sintomas gastrointestinais, como diarreia e náuseas, são menos recorrentes em infecções por SARS- CoV-2 do que em infecções por SARS-CoV e MERS-CoV. (CHEN et al., 2020b; HUANG et al., 2020; DEL RIO; MALANI, 2020; JIANG et al., 2020b; WANG; TANG; WEI, 2020; CARLOS et al., 2020). De acordo com o estudo de HUANG et al. (2020), no qual foram relatadas as manifestações clínicas de 41 pacientes internados em Wuhan, China, com infecção por SARS-CoV-2, 98% dos pacientes apresentaram febre, 76% apresentaram tosse e 44% apresentaram mialgia ou fadiga. Dispneia foi relatada em 55% dos pacientes. Sintomas gastrointestinais, como diarreia e náusea, apesar de menos recorrentes, compõem uma parcela significativa, já sendo relatados, por Chen et al. (2020c), em até 14% dos pacientes. Tal proporção se mostrou relevante em comparação ao primeiro estudo, no qual apenas 3% Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8459 dos pacientes apresentavam sintomas gastrointestinais (HUANG et al., 2020; CHEN et al., 2020c; LAKE, 2020). A manifestação de sintomas respiratórios aparenta estar relacionada à invasão celular do vírus, que, por meio de receptores ACE2, infecta predominantemente as células epiteliais alveolares. Estudos sugerem que haja, inicialmente, replicação viral na mucosa do trato respiratório superior, seguida de uma maior replicação no trato inferior. A infecção por SARS-CoV-2 desencadeia dano ou morte celular, induzindo a produção de citocinas pró- inflamatórias e possibilitando a hipercitocinemia. Além disso, as lesões pulmonares agudas têm sido associadas à diminuição de receptores ACE2, o que possibilitaria uma desregulação no sistema renina-angiotensina, agravando a inflamação (JIN et al., 2020b; ROTHAN; BYRAREDDY, 2020; MEHTA et al., 2020). 3.5 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, pode-se avaliar como suspeito todo paciente que apresente febre e, no mínimo, um dos sinais ou sintomas respiratórios: tosse, taquipneia, coriza, congestão nasal ou conjuntival, disfagia, odinofagia. A probabilidade de confirmações da COVID-19 aumenta se o paciente tem histórico de viagem para algum país com transmissão sustentada ou área com transmissão local e/ou se teve contato próximo com algum caso suspeito ou confirmado para COVID-19 nos últimos 14 dias até apresentar sintomas (BRASIL, 2020). As definições de caso e critérios de diagnóstico clínico para a avaliação diagnóstica têm seguido um padrão em todo o mundo. No entanto, os sintomas expressos pelos pacientes com COVID-19 são inespecíficos e não podem ser utilizados para um diagnóstico preciso (JIN et al., 2020a; UDUGAMA et al., 2020). A literatura aponta que, nessa situação, é importante observar a presença de outros sinais e sintomas que podem estar associados à doença, como fadiga, mialgia/artralgia, dor de cabeça, calafrios, manchas vermelhas pelo corpo, gânglios linfáticos aumentados, diarreia, náusea, vômito, desidratação e inapetência (BRASIL, 2020). É fundamental pontuar que para haver a confirmação laboratorial da doença é necessário a realização da coleta e testagem de amostras apropriadas de pacientes que atendam à definição de caso suspeito de COVID-19, apesar de existirem outros métodos de testagem baseados em ácidos nucléicos e kits de detecção de anticorpos para detectar a possível infecção de SARS-CoV-2 (CHINA, 2020). Nesse contexto, o teste por transcriptase reversa “real time - polymerase chain reaction” (RT-PCR) ainda é o método Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8460 predominantemente utilizado para diagnosticar COVID-19 (UDUGAMA et al., 2020; CORMAN et al., 2020). As técnicas moleculares são mais adequadas que os testes sindrômicos e a tomografia computadorizada (TC) mostra-se efetiva para um diagnóstico preciso, pois podem, juntos, direcionar e identificar patógenos específicos (UDUGAMA et al., 2020). A sensibilidade para o RT-PCR em termos de taxa de acerto é de 95%, sendo a reatividade cruzada com outros vírus respiratórios ausente (CORMAN et al., 2020). Nota-se, ainda, que os métodos de imagem têm sido muito utilizados na investigação de doentes com suspeita ou confirmação de COVID-19 destacando-se a radiografia do tórax e a TC, a qual passou a assumir papel importante na detecção e gerenciamento da doença, visto que pode identificar precocemente as manifestações pulmonares mais frequentes da COVID-19, com alta sensibilidade, ainda que pouco específica, na detecção dos achados pulmonares (KANNE, 2020; JIN et al., 2020b). Contudo, ainda não é aceita por todos os autores a necessidade destas técnicas de imagem no diagnóstico e controle da doença, já que a TC torácica, isoladamente, não permite confirmar o diagnóstico da infeção, apenas a manifestação de achados no diagnóstico por imagem (ARAUJO-FILHO et al., 2020). Da gama de casos publicados até o momento, notam-se achados tomográficos convergentes, tais como: predomínio de alterações alveolares, como opacidades com aspecto em “vidro fosco”, consolidações focais e opacidades mistas (incluindo opacidades com halo invertido), geralmente com acometimento bilateral e multifocal, acometendo grande parte dos lobos pulmonares(acometimento multilobar), com predomínio nas periferias dos pulmões. Em associação às áreas em “vidro fosco”, pode existir espessamento septal e alterações reticulares sobrepostas às alterações alveolares (ZHOU et al., 2020a; SONG et al., 2020; CHUNG et al., 2020). Os achados de imagem podem variar com a idade do paciente, imunidade, estágio da doença no momento da digitalização, doenças subjacentes e intervenções medicamentosas (JIN et al., 2020a). Com a evolução negativa do paciente, pode ocorrer aumento das opacidades em vidro fosco, com surgimento de áreas de consolidação, além de evolução de alguns casos para derrame pleural ou pericárdico, lifonodomegalias, cavitações e pneumotórax, os quais são achados incomuns, podendo surgir diante de uma evolução desfavorável (ZHOU et al., 2020a; SONG et al., 2020; CHUNG et al., 2020). Nesse contexto, a informação mais relevante a ser passada diz respeito à presença (ou não) de acometimento pulmonar, se o aspecto dos achados é compatível com processo infeccioso e, nos casos positivos, se as alterações sugerem etiologia viral, particularmente de COVID-19. É válido ressaltar, Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8461 entretanto, que a presença do agente viral deve ser confirmada com testes laboratoriais moleculares (ARAUJO-FILHO et al., 2020; JIN et al., 2020a). 3.6 TRATAMENTO Atualmente, ainda não há evidências concretas para a recomendação de tratamento específico ou vacina anti SARS-CoV-2. Entretanto, muitos medicamentos potencialmente eficazes estão sendo investigados por meio de ensaios clínicos, tais como imunoglobulina humana, interferons, cloroquina, hidroxicloroquina, arbidol, remdesivir, favipiravir, oseltamivir, talidomida, metilprednisolona e bevacizumab (ROSA; SANTOS, 2020; SINGHAL, 2020; WHO, 2020c). Para pacientes com quadros leves da doença, é recomendado manejo de suporte não- farmacológico como repouso, hidratação, alimentação adequada e tratamento farmacológico sintomático com antipiréticos e analgésicos, não sendo necessária terapia hospitalar (BRASIL, 2020; SINGHAL, 2020; WHO, 2020c). No entanto, o profissional de saúde deve manter o monitoramento clínico desse paciente e informá-lo quanto à possibilidade do desenvolvimento de sintomas graves, orientando o paciente a procurar atendimento caso isso ocorra, sendo responsabilidade da unidade básica de saúde o encaminhamento para níveis de cuidados elevados dentro do sistema público de saúde. Mesmo para o paciente sem agravos é imprescindível o isolamento social a fim de conter a disseminação (BRASIL, 2020; SINGHAL, 2020). Nos casos mais graves da doença, como em adultos e crianças que apresentem hipoxemia, a oxigenoterapia é a principal intervenção terapêutica relatada (BRASIL, 2020; MURTHY; GOMERSALL; FOWLER, 2020). A depender do grau da hipoxemia, é indicado o fornecimento de oxigênio através de pontas nasais, máscara facial, cânula nasal de alto fluxo ou ventilação mecânica (invasiva ou não invasiva). Antibióticos e antifúngicos são necessários se houver suspeita ou comprovação de outras infecções secundárias (SINGHAL, 2020; WHO, 2020c). Muitas questões sobre o manejo clínico ainda permanecem sem resposta, incluindo o papel da ventilação não invasiva, cânula nasal de alto fluxo, corticosteróides, antibióticos e outras terapias adjuvantes e experimentais (ROME; AVORN, 2020). O tratamento com corticosteróides ainda não demonstra eficácia comprovada, sendo necessários mais ensaios clínicos para avaliação de sua eficiência em pacientes diagnosticados com COVID-19 ou outras pneumopatias virais, como SARS (síndrome Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8462 respiratória aguda grave) e MERS (síndrome respiratória do oriente médio) (MURTHY; GOMERSALL; FOWLER, 2020; RUSSELL; MILLAR; BAILLIE, 2020; WHO, 2020d). Porém, já são encontrados relatos do uso desses medicamentos com dose baixa ou moderada em pacientes com quadros graves de COVID-19. Huang et al., (2020) descreveu a utilização de corticosteroides em nove pacientes diagnosticados com COVID-19 com complicações em um hospital da província de Wuhan, China. Em outro estudo observacional feito em hospitais da província de Anhui, por Zha et al. (2020) também relatou a administração de metilprednisolona em onze pacientes com COVID-19. Outros estudos também relatam a utilização do tratamento com os antivirais lopinavir-ritonavir (muito utilizados para tratamento da AIDS em diversos países) (CHEN et al., 2020b; JIANG et al., 2020a). No entanto, em um ensaio clínico com 199 pacientes com infecção por SARS-CoV-2 confirmada em laboratório, não foi encontrada associação entre a combinação lopinavir-ritonavir à melhora clínica em comparação com procedimentos de tratamento padrão (CAO et al., 2020). Com relação ao uso dos antibióticos, a despeito de muitos centros de saúde executarem administração inadequada no tratamento de pacientes com COVID-19, segundo a OMS, essa prática deve ser evitada. O uso de antibióticos empíricos deve ser baseado no diagnóstico clínico de pneumonia adquirida na comunidade, pneumonia associada à assistência médica ou sepse (WHO, 2020d). Quanto à eficácia da cloroquina (CQ) e hidroxicloroquina (HCQ) no tratamento da COVID-19, já existem alguns dados in vitro que apoiam a capacidade da CQ e da HCQ de inibir a atividade do SARS-CoV-2, no entanto, os estudos in vivo avaliativos ainda são muito limitados (GBINIGIE; FRIE, 2020). Um primeiro ensaio clínico testou a eficácia da HCQ em 30 pacientes adultos, apresentando resultados indiferenciados entre o grupo teste e grupo controle na duração da doença (CHEN et al., 2020a). Por outro lado, um estudo francês recente mostrou que a utilização da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com COVID-19 está relacionado à redução ou desaparecimento da carga viral nesses pacientes mais rapidamente, em comparação ao grupo controle, e seu efeito é reforçado pelo macrolídeo azitromicina (GAUTRET et al., 2020), porém, atualmente, não há evidências suficientes para apoiar seu uso no manejo terapêutico na prática clínica da COVID-19 (GBINIGIE; FRIE, 2020). Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8463 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível observar que a COVID-19 é causada pelo vírus SARS-CoV-2, que possui seu material genético do tipo RNA positivo. O vírus possui tropismo por células epiteliais do trato respiratório, tendo demonstrado capacidade de se ligar fortemente à ACE2 de células humanas. O receptor ACE2 também foi identificado, segundo autores, em morcegos, o que fortalece a hipótese de se tratar de uma doença zoonótica. As principais formas de diagnóstico da COVID-19 se dão por meio de diagnóstico clínico de sinais e sintomas que podem se manifestar em média após o 5º dia da infecção. Entretanto, há relatos de pacientes assintomáticos. O diagnóstico clínico deve ser confirmado com testes moleculares para identificação de material genético do vírus em amostras de células epiteliais colhidas do trato respiratório superior do paciente, sendo o principal teste molecular o RT-PCR. De modo complementar, exames de imagem podem auxiliar a análise da gravidade de comprometimento de lesões pulmonares. Quanto ao tratamento, a principal recomendação feita pela OMS é o manejo de sinais e sintomas dos pacientes diagnosticados de acordo com a gravidade de cada caso, havendo a necessidade de os pacientes graves permanecerem em observação em unidades de terapia intensiva com uso de ventiladores mecânicos (não invasivos ou invasivos). Ressalta-se, ainda, que pacientes assintomáticos devem ser mantidos em isolamento, vistoque são potenciais vetores de disseminação da doença. Por fim, nota-se que não há evidências científicas concretas de tratamentos com drogas ou vacinas que tenham demonstrado capacidade de ser aplicadas a tratamentos de modo eficaz e seguro para a doença. Dessa forma, a COVID-19 pode ser considerada um dos maiores desafios para as comunidades científicas e de saúde do século XXI. Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 8452-8467 jul./ago. 2020. ISSN 2595-6825 8464 REFERÊNCIAS ADHIKARI, Sasmita Poudel et al. 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