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Cultura no Segundo Reinado

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Cultura no
Segundo Reinado
Culturas indígenas
Antes da concretização do
processo de independência do Brasil,
José Bonifácio propunha a “civilização
dos índios bravos”. Apesar de suas
propostas não estarem presentes na
Constituição de 1824, seu estudo
intitulado Apontamentos para a
civilização dos índios bravos do Império
do Brasil (1823) pode ser considerado
um marco para a criação da política
indigenista no país e dos debates sobre a
questão durante todo o período
monárquico e até mesmo na República.
Durante o Segundo Reinado, duas
leis afetaram as populações indígenas:
● Regulamento das Missões de
Catequese e Civilização dos
Índios (1845)
● Lei de Terras (1850)
- Enquadraram os nativos na
categoria de indivíduos
pertencentes às “hordas
selvagens”, sem levar em conta o
grau de interação de comunidades
com a “normalidade” institucional
vigente no país. Para o Estado
brasileiro, “índios bravos” e “índios
civilizados” passaram a pertencer
a um mesmo grupo.
Com essa categorização
equivocada dos indígenas pelo governo
imperial, as políticas que deveriam ser
aplicadas à introdução do indígena na
sociedade brasileira não surtiram efeito
e, em vez de combaterem, continuaram
provocando a exclusão social dos
nativos, a violência contra as
comunidades indígenas e o massacre de
aldeias inteiras. Nesse período,
fortaleceu-se a ideia de que os indígenas
eram entraves para o progresso do
Império do Brasil.
Apesar de terem sido
abandonados pelo Estado brasileiro
durante o período imperial, os indígenas
contribuíram de forma decisiva para o
processo de formação cultural do Brasil,
legando práticas, costumes e tradições,
graças ao intenso contato com os outros
povos que formaram a população
brasileira.
- Como parte desse legado, práticas
alimentares adotadas pelos
portugueses desde o início da
colonização (consumo de milho,
batata-doce, amendoim, abóbora,
abacaxi, entre outros).
- Os indígenas brasileiros
transmitiram muito de sua cultura
alimentar aos portugueses
colonizadores.
Outros elementos culturais
indígenas que foram introduzidos na
cultura brasileira desde o período
colonial:
- coivara, pesca com rede, puçá,
mutirão, uso de ervas medicinais.
- Na construção de casas, como
cobertura de palha, parede de
galhos entrelaçados, recobertas
de barro, chão de barro.
- A língua portuguesa também
sofreu influência dos indígenas.
- As narrativas dos mitos indígenas
demonstram a visão de mundo
dos povos nativos brasileiros e
foram elaboradas com referências
de vários elementos da natureza.
No decorrer do Segundo Reinado,
parte dos artistas brasileiros
influenciados pelo Romantismo
idealizaram a imagem dos indígenas,
construindo a figura do “bom selvagem”.
Na busca por elementos comuns ao novo
país, os artistas defenderam uma visão
romântica, que valorizava o elemento
europeu visto como desenvolvido e
superior. Idealizavam o elemento
indígena, não reconhecendo as
particularidades de cada etnia. E
negavam a contribuição das populações
da África escravizadas no Brasil.
Culturas africanas
Entre 1550 e 1855, estima-se que
quatro milhões de povos da África
chegaram ao Brasil como escravos.
Apesar das tentativas de apagar
ou desvalorizar os elementos culturais
africanos do imaginário brasileiro,
principalmente durante o século XIX, seu
grande legado permanece vivo.
- A música popular brasileira foi
influenciada por ritmos e
elementos musicais vindos da
África.
Os escravos urbanos, aqueles que
viviam nas cidades, tinham um estilo
de vida diferente daqueles que viviam
no campo. Em constante contato com o
ambiente das ruas e com as pessoas
que passavam, esses escravos tiveram
grande participação na luta pela
abolição no Brasil.
Sincretismo: fusão de elementos
religiosos.
Durante o Segundo Reinado, parte
da sociedade brasileira, formada por
escravos, ex-escravos e descendentes,
passou a atuar na afirmação e na busca
por respeito à sua identidade. O
movimento abolicionista garantiu que a
maior parte dos negros e seus
descendentes já estivesse liberta quando
da assinatura da Lei Áurea, em 1888.
A atuação dos negros, escravos
ou não, na busca por reconhecimento
dentro da sociedade imperial do país foi
fator determinante pra a consciência de
sua força e da necessidade de preservar
sua cultura, ameaçada pela negligência
do Estado brasileiro e, muitas vezes, pela
exclusão social que viviam.
Culturas imigrantes
Durante o período colonial, o
Brasil recebeu milhares de portugueses
na tentativa de povoar o território.
Contudo, o caráter mercantilista da
colonização acabou limitando esse
povoamento às áreas litorâneas e alguns
poucos pontos no interior, como MG e o
vale do rio São Francisco, na Bahia.
A iniciativa para a vinda maciça de
imigrantes, visando realizar o projeto de
ocupação do território, partiu do príncipe
regente, João VI, após sua chegada ao
Brasil no início do século XIX.
Um dos primeiros grandes grupos
de imigrantes chegou ao Brasil, em 1819.
Neste ano, um grupo de suíços se fixou
na região serrana do Rio de Janeiro e
fundou a cidade de Nova Friburgo.
Depois da independência
brasileira, e ao longo de todo o período
imperial, o estímulo à imigração ganhou
força. Um dos objetivos da introdução
dos imigrantes no país era promover o
embranquecimento da sociedade
brasileira e garantir a presença de mão
de obra alternativa da escrava.
Os imigrantes contribuíram em
todos os aspectos do processo de
formação da cultura brasileira.
- Culinária
- Produção artística
- Vestir
- Religiões
- Brincadeiras infantis
- Festas populares
Cultura brasileira
XIX
Durante o governo de dom Pedro
II, ocorreram tentativas de unificação
cultural do Brasil.
Agindo como uma espécie de
mecenas (pessoa rica que patrocina a
cultura), o imperador fortaleceu
instituições criadas em anos anteriores,
como o Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro (IHGB), 1838, e a Academia
Imperial de Belas-Artes, 1826. Seu
envolvimento era direto, até mesmo
financiando as ações e presidindo
pessoalmente várias de suas sessões.
O auxílio e o financiamento a
poetas, músicos, pintores e cientistas
visavam promover a construção da
cultura brasileira. Data dessa época o
surgimento dos primeiros trabalhos
romancistas no Brasil, nos quais a
vertente indianista procurava construir a
imagem de “índio heroico”, uma espécie
de cavaleiro medieval dos trópicos.
A intenção de converter o indígena
no símbolo do país, resgatando seus
padrões culturais e criando uma
identidade nacional, sem deixar de levar
em consideração as influências herdadas
dos colonizadores.
Havia uma tentativa de eliminar,
da sociedade e da cultura brasileiras, os
traços deixados pelos negros ao longo
dos séculos, que fracassou.
Não existe, de fato, uma cultura
brasileira homogênea, apenas das
tentativas de criá-la. Nossos padrões
culturais são fruto da mistura de
elementos culturais dos povos que aqui
viviam e que chegaram a partir do início
da colonização europeia.
A presença, em maior ou menor
grau, desses povos em determinadas
regiões acabou por definir a
regionalização de nossa cultura. À união
de todos esses padrões regionais,
influenciados pelos povos que aqui
chegaram, podemos chamar de cultura
brasileira.

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