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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA AMANDA DA SILVA E SILVA ALCANCES E LIMITES DA ATUAÇÃO DO ESTAGIÁRIO EM PSICOLOGIA DO TRABALHO: RELATOS VIVENCIAIS DE ESTUDANTES EM SÃO LUÍS-MA São Luís 2016 AMANDA DA SILVA E SILVA ALCANCES E LIMITES DA ATUAÇÃO DO ESTAGIÁRIO EM PSICOLOGIA DO TRABALHO: RELATOS VIVENCIAIS DE ESTUDANTES EM SÃO LUÍS ± MA Projeto de monografia apresentado à Universidade Federal do Maranhão como requisito para elaboração da monografia de conclusão do curso de Psicologia. Orientadora: Carla Vaz dos Santos Ribeiro São Luís 2016 Silva, Amanda da Silva e Alcances e limites da atuação do estagiário em Psicologia do Trabalho: relatos vivenciais de estudantes em São Luís ± MA /Amanda da Silva e Silva. ± 2016. 65f. Orientadora: Carla Vaz dos Santos Ribeiro. Monografia (Graduação) ± Curso de Psicologia, Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2016. 1. Atuação do estagiário. 2. Estágio. 3. Psicologia do Trabalho. I. Ribeiro, Carla Vaz dos Santos. II. Título. AMANDA DA SILVA E SILVA ALCANCES E LIMITES DA ATUAÇÃO DO ESTAGIÁRIO EM PSICOLOGIA DO TRABALHO: RELATOS VIVENCIAIS DE ESTUDANTES EM SÃO LUÍS-MA Monografia apresentada ao Curso de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão como requisito para obtenção do grau de Psicólogo. Aprovada em: / / BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Carla Vaz dos Santos Ribeiro (Orientadora) Doutora em Psicologia Social ± UFRJ Universidade Federal do Maranhão __________________________________________________ Francisca Pereira da Cruz Zubicueta Mestra em Saúde e Ambiente ± UFMA Universidade Federal do Maranhão __________________________________________________ Yram de Olinda Neves Miranda Mestra em Ciências Empresariais Universidade Federal do Maranhão AGRADECIMENTOS Acredito piamente que o ser humano é o produto das relações que vivencia durante a vida. Cada pessoa que conheço deixa um pouco de si comigo e um pouco de mim também vai. Por isso, não posso deixar de agradecer a todos que estiveram presente não só no período da monografia, mas também em toda a graduação. Primeiramente, agradeço aos colegas de trabalho que tive e que me proporcionaram conhecimentos não só teóricos, mas que me ensinaram e me ensinam diariamente valores pessoais. Como representantes desta classe, tenho como representação meu atual local de trabalho, agradecendo assim à Luciana, a Gardênia e em especial a Carol e a Dani, pessoas que me inseriram neste meu último estágio e que me possibilitam inúmeros conhecimentos, que lapidam meus erros e potencializam meus acertos. Ainda com o foco no estágio, agradeço também aos grupos de supervisão que tive. Sem a participação, escuta e intervenção de vocês talvez eu até mudasse meu tema. Retribuo também em forma de agradecimento toda a parceria que tive com meus colegas de turma, que estiveram sempre comigo durante todo o percurso: Tise, Yuri e Hamanda, e também à nossa Camile, que saiu no início do curso para alçar outros voos, mas que sempre esteve conosco. Com vocês vivi aperreios de trabalho, provas, grupo de estudo, compartilhamos xerox, o ônibus, os trocados. Obrigada pela participação e paciência de vocês! Pensando neste tempo todo, fui acolhida por mestres que ensinam para além dos conteúdos que ministram: ensinam a ética não só na profissão, mas também são exemplos como pessoas. Em especial, deixo minhas considerações de agradecimentos eternos ao Prof. Alex, com quem tive oportunidade de participar de um projeto de pesquisa que gerou um artigo publicado em revista; Profa. Cristianne, exemplo de teoria e prática, com uma fluidez e facilidade em ensinar, estando sempre disposta a ajudar; Prof. Francisco, um homem que me ensinou muito a pensar sobre a prática da profissão e me incitou a querer estar cada vez mais próxima a academia; Prof. Jadir, com um olhar diferenciado sobre o ser humano, que também me encantou; Profa. Conceição, alguém que esteve disposta a ouvir e a ensinar sobre sua prática; Profa. Nazaré, que elenca disciplina e conteúdo como poucos conseguem fazer com tamanha maestria; Prof. Ricardo, que me levou a SHQVDU� VREUH� D� FpOHEUH� IUDVH� ³7RGD� 3VLFRORJLD� p� VRFLDO´�� D� TXHP� GHYR� SURIXQGRV� agradecimentos em um período que suas aulas foram determinantes para eu continuar na graduação; Profa. Valéria, aprendizados eternos sobre estar disposta a sustentar o que se acredita; Profa. Wania, a quem devo também grande apreço por me incitar a estudar bastante algo que se tem muita dificuldade. Nesta jornada, fui contemplada em ter três pessoas na minha banca que fizeram parte da minha história na graduação em momentos distintos: Profa. Yram, com quem tive contato na supervisão de estágio e me trouxe um olhar de alguém que teve experiências que eu quero ter. Tuas palavras foram extremamente importantes neste período de agonia; Profa. Francisca, alguém que esteve comigo em períodos de transição e que pude aprender muito a partir da contribuição dos materiais trazidos para a sala com minha prática; Profa. Carla, minha orientadora que foi escolhida a dedo há um ano e meio atrás! Aquela que me instigou a querer buscar e ter vivências mais próximas da área da Psicologia do Trabalho, hoje um âmbito que comungo uma paixão. Literalmente, três pessoas em três momentos do meu percurso acadêmico ± início, meio e fim. A vocês, minha eterna gratidão sobre esta escolha da profissão! Agradeço a minha irmã, Allana, que em cada conquista dela, apenas com minha observação, me incentiva a querer ser alguém melhor. Ao meu namorado, Lucas, que esteve comigo em períodos tão difíceis, em que muitas vezes quis jogar tudo para o alto, mas me ajudou até mesmo com a monografia. Aos meus pais, que são exemplo de força e lutas diárias. Distintos entre si, mas comungam de um bem maior: importância da educação. Obrigada por todo apoio de vocês não só na graduação, mas na vida, pelos meus 22 anos de história. E por último, mas não menos importante, a Deus. Com certeza, o maior responsável por tudo. Orações diárias, perturbações, agonias, choros, mas Ele sempre esteve comigo durante todo esse período. Diariamente, nunca foi fácil ± e nunca será fácil, mas é preciso ter fé naquilo que não se vê para acreditar que um dia deve ser vivido por vez e que entregando sua vida a Ele tudo é encaminhado. Posso dizer com toda a certeza: sintam-se responsáveis pelo meu sucesso! ³3RU� YH]HV�� VHQWLPRV� TXH� DTXLOR� TXH� fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe IDOWDVVH�XPD�JRWD�´ (Madre Teresa de Calcutá) RESUMO O mundo do trabalho hoje está cada vez mais recebendo a participação de estudantes que buscam conhecer e aprender as técnicas e práticas da sua profissão. Os estagiários, como são denominados, incorporam-se à lógica das organizações e deparam-se com as semelhanças e diferenças da teoria e prática. Pensando sobre este contexto, o presente estudo tem por objetivo central analisar os alcances e limites do estagiário em Psicologia no contexto do trabalho em São Luís ± MA. Para isso, se propôs a levantar as dificuldades e desafios encontrados pelo estagiário em seu cotidiano laboral, bem como verificar os impactos positivos e negativos observados pelo estudante no exercício do estágio e se há senso crítico por parte dos alunos sobre as atividades realizadas em campo. Participaram da pesquisa cincoestudantes que estavam/estão atuando na área da Psciologia do Trabalho em diferentes frentes de serviço. Para contemplar os objetivos propostos, desenvolveu-se a pesquisa bibliográfica, com o intuito de levantar estudos sobre o tema e também foi adotada a pesquisa qualitativa, sendo a entrevista semiestruturada o instrumento aplicado e a análise dos dados foi realizada a partir da análise de conteúdo. Os resultados encontrados apontaram uma a) crescente desconfiguração do lugar de estagiário, equivalendo-se a uma mão-de-obra barata para a organização; b) realização de atividades similares ao profissional psicólogo já graduado e c) a grande exposição a uma pressão exacerbada para responder demandas da instituição, pressão essa que equipara-se a de um funcionário. Por fim, ressalta-se a importância do estágio para a formação acadêmica, pessoal e profissional, sendo esta, em muitos casos, a primeira oportunidade no mundo do trabalho para os estudantes. Palavras-chave: Estágio. Atuação do estagiário. Psicologia do Trabalho. ABSTRACT The world of work today is increasingly receiving the participation of students who want to know and learn the techniques and practices of their profession. The trainees, as they are called, are incorporated into the logic of organizations and are faced with the similarities and differences of theory and practice. Thinking about this context, the present study has as its main goal to analyze the scope and limits of the trainee in Psychology in the work context in São Luis - MA. For this, it was proposed to raise the difficulties and challenges encountered by the trainee in his every day work, as well as check the positive and negative impacts observed by the student on WKH� SURJUDP�� DQG� REVHUYH� LI� WKHUH� LV� VWXGHQWV¶� FULWLFDO� WKLQNLQJ� DERXW� WKH� DFWLYLWLHV� done in the field. The participants were five students who were / are working in the area of Labor Psychology in different work fronts. To accomplish the objectives, a bibliography study has been developed aiming to raise studies on the subject, and the qualitative research was also adopted, having the semi-structured interview as the applied instrument, and the data analysis was performed based on the content analysis. The findings showed a: a) an increasing misunderstanding about the trainee role, making the trainee a cheap hand labor for the organization; b) carrying out similar activities of a professional Psychologist who is already graduated and c) a large exposure to a heightened pressure to respond to demands of the institution, pressure which is equated to the one a graduated employee has do deal with. Finally, it emphasizes the importance of the trainee work experience for the academic, personal and professional life, and this, in many cases, is the first opportunity in the world of work for students. Keywords: Trainee experience. Trainee performance. Labor Psychology. LISTA DE ABREVIATURAS AC Teste de Atenção Concentrada BP Business Partners GAP Lacuna, quebra PALO Teste Palográfico QUATI Questionário de Avaliação Tipológica R1 Teste de Não Verbal de Inteligência RH Recursos Humanos R&S Recrutamento e Seleção SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho T&D Treinamento e Desenvolvimento SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12 2. O MUNDO DO TRABALHO E SUAS MUDANÇAS HISTÓRICAS .................. 17 3. AS FASES/FACES DA PSICOLOGIA NO CONTEXTO DO TRABALHO ....... 21 3.1 Psicologia Psicologia Industrial .................................................................... 22 3.2 Psicologia Organizacional ............................................................................. 24 3.3 Psicologia do Trabalho ................................................................................... 26 4. O ESTÁGIO: ALCANCES E LIMITES ............................................................. 29 4.1 O que é ser estagiário? .................................................................................. 29 4.2 ³7HQKR� DV� PHVPDV� DWLYLGDGHV� H� VRIUR� DV� PHVPDV� FREUDQoDV� TXH� XP� IXQFLRQiULR� HIHWLYDGR´�� DWXDomR� GR� HVWDJLiULR� versus atuação do psicólogo ......................................................................................................... 34 4.3 ³'LDULDPHQWH��HX�PH�VLQWR�DGRHFHQGR´��D�TXDOLGDGH�GH�YLGD�LQYHUVDPHQWH� proporcional ao processo do estágio ........................................................... 38 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 43 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47 APÊNDICES .............................................................................................................. 50 APÊNDICE A ............................................................................................................. 51 APÊNDICE B ............................................................................................................. 52 ANEXOS ................................................................................................................... 53 ANEXO A ................................................................................................................. 54 ANEXO B ................................................................................................................. 58 12 1 INTRODUÇÃO A área do estágio sempre foi instigante para mim. Afinal, é a porta de entrada do profissional no mundo do trabalho. Porém, o tema surgiu após estar em três espaços distintos da Psicologia do Trabalho, o que me fez questionar e refletir sobre as diferenças laborais existentes neste âmbito profissional. Em 2013, tive meu primeiro contato na área em uma consultoria. Exercia atividades voltadas exclusivamente para o recrutamento e seleção, desde a divulgação da vaga, triagem de currículos, contato telefônico com os candidatos, aplicação e correção de testes psicológicos e dinâmicas, condução de entrevistas em grupo e individuais, bem como produção supervisionada de laudos psicológicos. Além destas, orgulhava-me conseguir realizar também atividades que não eram específicas do estágio, porém, enquanto aprendizado, resolvi exercê-las e tomá-las como responsabilidade minha. Contudo, com o passar do tempo, aquelas atividades já não eram desafiadoras e instigantes para mim, nem para o meu processo de aprendizagem. Enxergava-me como uma ferramenta que exercia aquele mesmo trabalho todos os dias, mera operacionalização do que inicialmente foi apresentado para mim do que seria a profissão de psicólogo. Após experiência no campo social e hospitalar, retornei à Psicologia do Trabalho como estagiária, no ano de 2014, em uma empresa de médio porte, no ramo portuário ludovicense que possui outras filiais distribuídas pelo país. Instigou- me o fato de ser apresentado no processo seletivo a proposta de vivência, acompanhamento e aplicação de treinamentos na empresa. Estando nos RH, acompanhei mais quatro psicólogos e percebi que ainda havia muitas outras atividades que a nossa classe poderia exercer na empresa. Contudo, neste estágio não tive a oportunidade de perpassar por outras atividades específicas, como o próprio recrutamento e seleção de pessoal, gestão de pessoal, gestão de clima organizacional e outros. Mesmo sem ter tido este contato, esta segunda experiência foi extremamente importante para que eu desmistificasse a primeira impressão da área: tecnista, operacional e positivista. Por fim, a minha última, e atual, experiência na atuação em Psicologiado Trabalho é no estágio obrigatório. Porém, com uma diferença: estou em uma consultoria que terceiriza seus serviços a outros e que encontra-se na dinâmica da contratante e nas suas instalações físicas, ofertando as atividades de recrutamento 13 e seleção, treinamento e desenvolvimento, admissão e demissão de pessoal, gestão de clima organizacional e gestão de departamento pessoal. Esta distinta possibilidade de atuação do psicólogo no contexto do trabalho me fez querer investigar o tema do estágio, pois, por trajetória própria, observo que temos muito campo de atuação, muitas atividades a serem desenvolvidas, mas me debruço sobre a possibilidade de pensar o que de fato os estagiários estão realizando diariamente na sua prática e o que é dito enquanto formalização da profissão do psicólogo. Por apresentar especial interesse na área da Psicologia no contexto do trabalho, poder associar as minhas vivências ao discurso de outros estudantes que também passa ou passaram pela experiência do estágio é algo enriquecedor. Portanto, pretendo neste estudo, levantar e analisar as dificuldades e desafios encontrados pelo estagiário em seu cotidiano de trabalho, bem como verificar os impactos positivos e negativos observados pelo estudante no exercício do estágio e se há senso crítico por parte dos estudantes sobre as atividades realizadas. Como universo da pesquisa, foi delimitado o número de cinco estagiários em Psicologia do Trabalho e, como pré-requisitos, precisariam obrigatoriamente ter vivência de, no mínimo, um ano na organização em questão e, caso não mais estivessem estagiando, seria aceito o afastamento da área de, no máximo, seis meses. Tive o interesse em buscar estagiários que atuassem em diferentes frentes de serviço com o intuito de tornar a pesquisa o mais rica possível. A ideia inicial era encontrar estagiários do setor público e privado e também estudantes que atuassem em consultorias, ou seja, RH interno e externo. Todavia, encontrei o meu primeiro embate no início da pesquisa: não foi encontrado nenhum estagiário no setor público, bem como nenhum estudante que estivesse atuando em uma única consultoria pelo período estipulado no universo da pesquisa. Ao me questionar sobre esses dados iniciais, debruço-me com a questão da falta de psicólogos no setor público que atuem na área do trabalho, dificultando este âmbito de ter estagiários e, sobre a consultoria, penso no cenário atual do país: em tempos de crise, a contratação de serviços externos está cada vez mais escassa. De acordo com site UOL (2016), uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) marcou que o desemprego ficou em 11,2% no trimestre encerrado em abril deste ano, sendo considerada a maior taxa já registrada pelo IBGE desde o início da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua mensal, em 14 2012. Ao pesquisar sobre as consultorias, escutei relatos da demanda de trabalho ter diminuído bem mais que a metade, o que fez com que os estagiários passassem apenas o período do estágio obrigatório e, após esse período, eram liberados e já entraria novos estagiários. Acredito que estes desafios iniciais impulsionaram-me mais ainda a buscar e pesquisar sobre a área do estágio, o que não está em nenhum momento dissociada do contexto social e econômico em que vivemos. Mediante isto, mudei os planos quanto aos entrevistados. Continuei com cinco estudantes, mas todos de segmentos diferentes, porém do ramo privado. Tabela 1 ± Perfil dos entrevistados ENTREVISTAS 1 2 3 4 5 SEXO Feminino Feminino Feminino Feminino Feminino IDADE 21 anos 26 anos 25 anos 22 anos 25 anos INSTITUIÇÃO DE ENSINO E PERÍODO UFMA/ 8º período UFMA/ graduada em 2016.1 UFMA/ graduada em 2016.1 CEUMA/ 8º período UFMA/ 10º período TEMPO TOTAL NA ÁREA DA PSICOLOGIA DO TRABALHO 1,4 ano 4,5 anos (esteve por 2,5 anos na Empresa Júnior) 2,1 anos 1,3 ano 1,6 ano RAMO DA EMPRESA Hospitalar Industrial Educação profissional Rede de supermercado Sistema de prestação de serviços TEMPO NA EMPRESA 1,4 ano 2 anos 2,1 anos 1,3 ano 1,6 ano RESUMO DAS ATIVIDADES DO ESTÁGIO R&S, T&D, Indicadores, Avaliação de Desempenho Atividades administrativas (planilhas, quantitativo de funcionários) processos demissionais, R&S, T&D. R&S, acompanhamento dos programas de função corporativa e programa de ambientação R&S R&S Fonte: autoria própria. O instrumento para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, possuindo um roteiro definido (Apêndice B), podendo variar conforme as informações trazidas pelo sujeito. Pesquisas nesse formato possuem respostas mais abrangentes, possibilitando uma descoberta mais profunda e uma melhor interação entre o entrevistado e o entrevistador, favorecendo respostas de cunho espontâneo, o que é extremamente rico para a pesquisa (BONI; QUARESMA, 2005). Antes de cada entrevista foi realizado um contato telefônico prévio com todos os participantes, 15 no intuito de explicar os objetivos da pesquisa bem como a sua relevância para o estudo em questão. Após isso, foi perguntado sobre o interesse em contribuir para a evolução do trabalho. A coleta de dados foi realizada, na maior parte das entrevistas, no próprio campo de estágio, em uma hora vaga do estudante. Em casos de incompatibilidade de horários e sendo algumas mudanças de local a pedido dos entrevistados, escolhi um ambiente que não houvesse pertubações externas. As entrevistas ocorreram de forma individual, visando estabelecer um ambiente que o entrevistado se sentisse a vontade para responder as questões e utilizei um gravador de aúdio, atitude previamente autorizada por todos os participantes. Antes de inciar as entrevistas, foi explicado novamente os objetivos da pesquisa e entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para apreciação e autorização da utilização das informações coletadas (Apêndice A). Como forma de alcançar os objetivos propostos, desenvolveu-se a pesquisa bibliográfica buscando levantar estudos empreendidos que abordam a temática e realizou-se entrevistas como instrumento de estudo. Além disso, os dados coletados a partir dos relatos dos entrevistados foram analisados conforme os critérios da pesquisa qualitativa. Para Brasileiro (2013, p. 49), a pesquisa qualitativa [...] é aquela que se ocupa da interpretação dos fenômenos e da atribuição de significados no decorrer da pesquisa, não se detendo a técnicas estatísticas. Ela é descritiva e coleta os dados em fonte direta. Os processos e suas dinâmicas, as variáveis e as relações entre elas são dados para a construção de sentidos e os principais condutores da abordagem. Trabalha, basicamente, com dois tipos de dados: os verbais ± coletados durante a entrevista ou através de narrativa; e os visuais ± colhidos durante a observação. Ou seja, está mais relacionada para o levantamento de dados sobre as motivações de um grupo, em compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população, elaborar compreensões mais profundas e detalhadas do problema estudado. É exploratória, portanto não tem o intuito de obter números como resultados. Para a apuração dos dados colhidos pela pesquisa qualitativa, escolhi a análise de FRQWH~GR� TXH�� VHJXQGR� %UDVLOHLUR� ������� S�� ����� ³>���@� WHP� REMHWLYR� GH� DQDOLVDU� R� GRFXPHQWR� FRP� EDVH� HP� DERUGDJHQV� LQWHUSUHWDWLYDV´� A análise de conteúdo é definida por Bardin (2009, p. 42) como um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de 16 conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.Os dados qualitativos foram analisados, comparados e especificados conforme a análise de conteúdo proposto por Bardin (2009), em três fases: 1. Pré-análise: fase de organização e sistematização das ideias. Essa etapa LQFOXLX�� D�� OHLWXUD� ³IOXWXDQWH´� GR� PDWHULDO�� E�� RUJDQL]DomR� GRV� GRFXPHQWRV� H� formulação de hipóteses; direcionando para um início de classificação c) preparação do material para análise, organizando-o em determinada ordem, segundo objetivos. 2. Exploração do material: fase de administração sistematicamente das decisões tomadas na fase de pré-análise. Essa etapa incluiu o processo de codificação dos dados: o recorte (escolha das unidades), a enumeração (escolha das regras de contagem) e a classificação (escolha de categoria). 3. Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: fase de inferência e interpretação, tornar os dados válidos e significativos. Ou seja, a análise de conteúdo é um método de pesquisa que descreve e interpreta o conteúdo dos textos e documentos, com o objetivo de ter uma outra interpretação às mensagens e analisar os significados do que foi dito em outro patamar, buscando para além do que foi dito. Este tipo de análise auxilia na inferência, compreensão e interpretação por parte do pesquisador, tendo em vista as mais diversificadas fontes de pesquisa. Com o intuito de pensarmos sobre o lugar do estágio, o presente estudo oferece, nos capítulos seguintes, uma reflexão sobre o mundo do trabalho e suas transformações históricas; a evolução teórico-prática através das fases/faces da Psicologia Industrial, Organizacional e do Trabalho; a análise e discussão sobre o estágio e suas questões teórico e práticas. Ao longo dos capítulos, foram incluídos trechos das entrevistas realizadas com os estudantes estagiários como forma de enriquecer o conteúdo teórico da pesquisa em questão. O presente estudo objetiva contribuir com a área da Psicologia no contexto do trabalho a partir da pesquisa sobre práticas do estudante estagiário atuante e do processo de ensino e aprendizagem das atividades realizadas no âmbito laboral, além de servir como base para possíveis estudos que surgirem nesta área. 17 2 O MUNDO DO TRABALHO E SUAS MUDANÇAS HISTÓRICAS Desde os primórdios, já se tem notícia sobre a ideia de trabalho. Porém, iremos perceber com Borges e Yamamoto (2014) que esta categoria obteve maior relevância nos dois últimos séculos. As ideias de trabalho na Antiguidade mais observadas na literatura são as que se voltam para os pensamentos grecoateniense e as práticas escravistas no Império Romano. Nesta época, os filósofos clássicos, como Aristóteles e Platão abordavam sobre a ociosidade e mostravam que o trabalho era algo degradante, inferior e desgastante, além de ser considerada uma atividade reduzida ao braçal e manual, e que a política seria um exercício superior à ideia de trabalho (BORGES; YAMAMOTO, 2014). Para Borges e Yamamoto (2014), de acordo com os ensinamentos religiosos, na bíblia judaica, o trabalho foi fruto do pecado originial, sendo caracterizado como algo ruim, punitivo, humilhante e que causa sofrimento àquele que o realiza, ideia esta que também é compartilhada pelo cristianismo. O próprio Adão por conta do pecado original, foi punido: precisou começar a trabalhar para adquirir o pão, castigo destinado à humanidade que descende dele (RIBEIRO; LEDA, 2004). Porém, com a Reforma Protestante, o trabalho passou a ser visto como forma de servir a Deus. Para Calvino, seria através do trabalho árduo que o homem buscaria a sua salvação e a partir dele que se teria êxito, sendo isto designado enquanto vontade de Deus (GOULART; FILHO; 2013). ³3RU� PXLWR� WHPSR� R� VLJQLILFDGR� GH� WUDEDOKR� IRL� DVVRFLDGR� D fardo e sacrifício.´� �5,%(,52�� /('$�� ������ S�� ����� Com as mudanças na economia e na sociedade, essas diferenças entre atividades manuais e atividades da política se tornam obsoletas, visto que é com o surgimento do capitalismo que haverá uma mudança mais visível no que se compreende enquanto trabalho (BORGES; YAMAMOTO, 2014). Este pensamento é compartilhado entre Marx (1983), Goulart e Filho (2013), que anunciam sobre a essência do homem se fazer presente no trabalho, ou seja, se é o que se produz, e a cada produto é deixado um pouco de si. ³/RJR�� R� WUDEDOKR� JDUDQWH� DR� KRPHP� QmR� Vy� VXD� GLJQLGDGH� FRPR� WDPEpP� VXD� humanidade.´� �*28/$57��),/+2�� ������ S�� ���� Marx (1983, p. 257) caracteriza o trabalho como [...] a atividade de um número maior de trabalhadores, ao mesmo tempo, no mesmo lugar (ou, se se quiser, no mesmo campo de trabalho), para produzir a mesma espécie de mercadoria, sob o comando do mesmo 18 capitalista, constitui histórica e conceitualmente o ponto de partida da produção capitalista . Para Goulart e Filho (2013), a visão trazida pelo capitalismo sugere que a finalidade do trabalho é propiciar a expansão da riqueza e o máximo de lucro. Foi a partir da consolidação do capitalismo que no século XVIII e início do século XIX o homem se transformou em trabalhador e tornou-se livre para vender sua força de trabalho (GOULART; GUIMARÃES, 2010). Entretanto, na medida que o capital fixava o preço a ser pago, essa suposta liberdade revelava-se limitada, constituindo-se, fundamentalmente, pré- requisito para a entrada no jogo de dominação capitalista e exploração de mão-de-obra. A consolidação do Capitalismo foi, portanto, um marco para a categoria trabalho, que a partir desse momento de exaltação máxima, passou a ser considerado a atividade social mais valorizada. (GOULART; GUIMARÃES, 2010, p. 17). Como base do capitalismo, o trabalho virou o próprio produto do trabalhador. Trazendo isso de uma outra maneira, [...] a situação socioeconômica tornou necessário ao indivíduo, desprovido de tudo, vender seu trabalho, e, ao capitalista, adquiri-lo, como meio de dar prosseguimento à produção de outras mercadorias, o que, sendo valor de troca, permite crescer seu capital. (BORGES; YAMAMOTO, 2014, p. 29). Nessa perspectiva, é defendida a ideia de que o trabalho constitui PHUFDGRULD�QXP�HVWUHLWR�YtQFXOR�FRP�R�FRQVXPR��/RJR��³R�WUDEDOKR�SDVVD�D�VHU�YLVWR� como um provedor de salários, benefícios e assistência; garantia de estabilidade, provedor de contatos pessoais, mas também pobre de conteúdo, parcelado, monótono, mecanizado e repetitivo para a maior parte dos trabalhadores.´� (GOULART; FILHO, 2013, p. 78). Com a Revolução Industrial a emoção é retirada do local de trabalho. A racionalização é a palavra mais repetida do mundo dos negócios. A programação e o controle são determinantes, tudo é calculado, preciso. O cronômetro entra na fábrica, apodera-se dela, regula-a, domina-a, ultrapassa os seus muros e vai ditar formas de convivência para uma nova sociedade. (RIBEIRO; LEDA, 2004, p. 77). Para Sampaio (2013b), o Taylorismo caracterizou-se por transformar o trabalhador mais facilmente substituível. O Taylorismo individualizou o processo de produção: ao transformar o trabalhador único responsável por remuneração e punição ligado à produtividade individual, Taylor restringe a participação do funcionário em todas as etapas do processo, o que caracteriza um maquinário, onde cada parte é importante para o andamento do processo. A partir disto, observamos uma inutilidade do intelectual do trabalhador, importando unicamente a sua produção. O Fordismo possui características similares ao Taylorismo, porém 19 intensifica o processo de alienação do trabalhador e provoca a fragmentação entre a execução do trabalho e o pensamento (BORGES; YAMAMOTO, 2014). Essas concepções de trabalho afloraram em momentos históricos específicos e ainda continuam e continuarão a surgir ao longo do tempo. Na década de 70, inicia-se a decadência do modelo de produção Taylorista/Fordista, o que afeta diretamente as relações de trabalho, alterandoas formas de integração do capitalismo industrial. Percebemos, então, uma instabilidade no mercado de trabalho, progressiva diminuição dos empregos formais e crescente precarização da atuação do trabalhador. O capitalismo flexível traz extrema incerteza e desconfiança por parte dos trabalhadores, entretanto, o trabalho não deixa de ser considerado essencial para a sociedade. Na década de 80, o trabalhador ganhou outra roupagem: precisaria ter qualificação para exercer a sua atividade, teria que ser participativo em vários momentos da produção e polivalente para conhecer todo o sistema. Para Ribeiro e Leda (2004), com as mudanças no contexto laboral, as estruturas do trabalho tornaram-se mais flexíveis, o que possibilitou, com o passar do tempo, a reestruturação do trabalho e da própria produção. O capitalismo flexível traz à tona instabilidade e incerteza para os trabalhadores, contudo o trabalho continua sendo de fundamental importância para a sociedade e sua manutenção. A partir desse período é vivenciado um progressivo desaparecimento dos empregos formais e, alinhado a isso, o aumento da precarização do trabalho. Observa-se que o significado do trabalho teve rápidas transformações na esfera econômica, social e tecnológica existente na história. Para Goulart e Guimarães (2010), o componente central da reforma do trabalho é a mudança da base manual para o componente intelectual, alteração esta que começou a pedir qualificação profissional dos trabalhadores. Essas novas e sofisticadas formas de controle tiram proveito da exacerbada competição do mercado e da ameaça permanente do desemprego, induzindo os trabalhadores à gratidão e fidelidade para com as organizações, pelo simples fato de terem um emprego. Dessa forma, o trabalhador se submete a jornadas extensas, a metas inatingíveis, a ritmos de produção intensificados permeados por uma sobrecarga de trabalho muitas vezes desumana. Frequentemente, o controle é incorporado pelo trabalhador, que, embebido na lógica da cultura da excelência, cobra a si próprio altos padrões de desempenho. (RIBEIRO, 2008, p. 7). Atualmente, segundo Goulart e Filho (2013), o trabalho está para além de sobrevivência, ou seja, assumiu uma forma de inserção social, destinando o devido 20 valor para os aspectos físicos e psíquicos do homem. Para Coutinho (2009), as mudanças no decorrer do tempo colocaram o trabalho contemporâneo a adotar caráter de sustento material e tomar forma de emprego ou trabalho assalariado. A partir das transformações que o trabalho vivenciou, pode-se afirmar que as relações de produção não deixarão de existir, isto porque o trabalho é próprio do homem. Verificando tal fato na contemporaneidade, e conforme nos explica Marx (1983), o trabalho assumiu características diferentes das anteriormente pensadas: homens que produzem os bens materiais, alguns indispensáveis à sua própria existência, porém, não se realizam como seres humanos na atividade que desenvolvem. No sistema capitalista o trabalhador produz bens que não lhe pertencem e cujo destino, depois de prontos, escapa ao seu controle. É inegável que o trabalho sempre esteve presente como meio de sobrevivência e acredito ser esta a consonância entre todas as épocas. Observo uma acentuada fragmentação do trabalho, tendo como principal agente afetado o próprio trabalhador. Insegurança e dificuldade na expansão de algo que deveria ser sustentável e durável, e é através desta ação que o ser humano tenta suprir suas necessidades, e se realiza pessoal e profissionalmente. Há uma relevante divisão do trabalho, tornando-o inseguro e instável. É nesse contexto que a Psicologia no mundo do trabalho se desenvolve e se expande, com peculiaridades em seu trajeto de consolidação. 21 3 AS FASES/FACES DA PSICOLOGIA NO CONTEXTO DO TRABALHO Com todas as mudanças que ocorreram na esfera do trabalho, a Psicologia, como âmbito de atuação desta área, também sofreu adaptações para responder às transformações. Por isso, é preciso estar em consonância com as mudanças históricas e socioeconômicas, o que implica em alterações nas relações entre homem-trabalho, emprego-empregador, organizações-sociedade. Em face disso, é essencial um olhar sobre a história da área da Psicologia no contexto do trabalho, possibilitando observar como houve sua estruturação ao longo do tempo. Portanto, para classificar a Psicologia no contexto do trabalho, campo macro do estudo, irei utilizar a divisão das faces feita por Sampaio (2013b): Psicologia Industrial, Psicologia Organizacional e Psicologia do Trabalho. A terminologia face destinada a cada subárea da Psicologia no contexto do trabalho tem o intuito de delimitar momentos históricos distintos. Freitas (2002) vai para além desta aplicação: utiliza o termo fase/face, percebendo uma coexistência entre o momento histórico e as caracterísitcas do desenvolvimento de cada subárea. Compreendemos que na atualidade as atividades desenvolvidas em cada uma destas fases/faces, na Industrial, na Organizacional e na do Trabalho, também coexistem na formação e na prática das psicólogas; no entanto, sendo elas geradas e consolidadas em momentos históricos-sociais distintos, utilizaremos também o termo fase, para reafirmar que mesmo coexistindo no momento atual de nossa história, os paradigmas construídos pelas teorias características de cada face vieram atender às demandas políticas, econômicas e sociais de suas respectivas fases. (FREITAS, 2002, p. 19). Portanto, neste trabalho irei utilizar a denominação fase/face de acordo com Freitas (2002), o que caracteriza o desenvolvimento de cada subárea e aplicarei a denominação de Psicologia no contexto do trabalho para a área que se ocupa do fenômeno do trabalho, ou seja, campo macro de estudo. No tocante a utilização da terminologia diferente do que é para Sampaio (2013b) no que se refere ao termo Psicologia do Trabalho tanto para a face quanto para o estudo como área da Psicologia, objetivo evitar a necessidade de explicar se estarei abordando a terceira face ou fase/face. Destaco que a expressão Psicologia no contexto do trabalho já realça a área imersa no seu próprio objeto de estudo, característica esta que se faz presente em todas as nomenclaturas utilizadas neste estudo, seja qual for o momento histórico. 22 3.1 Psicologia Industrial A Psicologia, no início do século XX buscava distanciamento da Filosofia e tentava tornar-se uma ciência humana autônoma. No contexto laboral, temos sua primeira fase/face no âmbito do trabalho, a Psicologia Industrial. Esta caracterizava- se com pressupostos Tayloristas, ou da Administração Científica, e estava submetida aos interesses da indústria. Ou seja, os primeiros ensinamentos que nortearam a Psicologia no contexto do trabalho eram provenientes do campo da administração. A atuação do psicólogo estava atrelada às predileções da organização, em sua grande maioria, ferroviária, onde as atividades eram relacionadas à seleção e ao uso de testes psicológicos com a finalidade de maximizar o ajuste das pessoas aos cargos, orientação vocacional, análise de tarefas, treinamentos e avaliação de desempenho, além de estudos sobre as condições de trabalho desenvolvidos na Segunda Guerra Mundial (SAMPAIO, 2013a; FREITAS, GUARESCHI, 2004). A Psicologia Industrial - a primeira fase/face da Psicologia no contexto do trabalho - entra no mundo do trabalho para atender às demandas criadas por um sistema de produção sob o controle de classes hegemônicas, as quais visam o acúmulo de capital. Sendo assim, não podemos apartar a criação deste campo de conhecimento científico das questões políticas e econômicas que permeavam e permeiam as relações de produção. (FREITAS; GUARESCHI, 2004, p. 77) Leão (2012) apresenta a Psicologia Industrial com o intuito de abordar o ser humano como uma máquina,e como tal, deveria atingir o melhor funcionamento possível. A prática do psicólogo era examinar, classificar e selecionar por meio de testes psicológicos indivíduos aptos para trabalhar nas fábricas. Dessa forma, a Psicologia Industrial contribuiu para adaptação dos trabalhadores às exigências da produção, objetivando alcançar dele a maior produtividade possível. Nesta fase/face, o profissional psicólogo era chamado de psicotécnico, ou seja, desenvolvedor de técnicas previamente existentes sem crivo ou ponderação com informações sobre o ambiente. O seu trabalho objetivava a avaliação e a seleção de empregados para as indústrias, ou seja, a Psicologia no contexto do trabalho desde o princípio buscou compreender o desempenho e a eficiência laboral (ZANELLI; BASTOS; RODRIGUES, 2014). A fase/face de composição do campo da Psicologia Industrial foi impactada fortemente pelo trabalho de Frederick Taylor. O modelo de organização 23 de trabalho proposto por Taylor tem como base alguns princípios gerais que, segundo Sampaio (2013b, p. 22), apresentam-se como a D�GLYLVmR�GR�³WUDEDOKR�HP�PLJDOKDV´� �SHTXeno conjunto de tarefas no nível operacional, a seleção científica do trabalhador (nível operacional), o operário executor, o supervisor controlador e o engenheiro ou administrador planejador da execução, tempos alocado para a execução da tarefas, o estudo dos tempos e movimentos em busca do melhor tempo e do menor número de movimentos ou gestos para a realização das tarefas, controle individual dos operários, remuneração e punição atrelados à produtividade individual (visto como mérito). Os estudos de Taylor com os de Munsterberg foram responsáveis, em 1913, pela publicação do livro chamado Psychology and Industrial Efficiency (Psicologia e Eficiência Industrial), que tem como objetivo principal o estudo da ³VHOHomR�H�R�XVR�GRV�WHVWHV�SVLFROyJLFRV�FRP�D�finalidade de maximizar o ajuste das pessoas ao cargo.´� �=$1(//,�� %$6726�� 52'5,*8(6�� ������ S�� ����� O livro é dividido em três preocupações centrais: ter o melhor homem possível para o trabalho; o melhor trabalho possível; o melhor efeito possível. Para além dessas preocupações, Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014, p. 552) apresentam uma das TXHVW}HV�LQHUHQWHV�GD�3VLFRORJLD�QR�FRQWH[WR�GR�WUDEDOKR�PDLV�ODWHQWHV��TXH�VHULD�³D� necessidade de que os trabalhadores atuem em cargos que se ajustem às suas habilidades emocionais e mentais, para que haja eficiência no trabalho, SURGXWLYLGDGH�GD�HPSUHVD�H�VDWLVIDomR�GR�WUDEDOKDGRU´�� A partir da década de 30, foi desenvolvido estudos para além dos interesses acima citados na indústria, sendo expandido o leque de pesquisa para temas como comunicação, motivação e comportamento de grupo, assuntos estes que começaram a ter relevância na prática do processo de trabalho. De acordo com Sampaio (2013a), a relação homem-máquina-trabalho se configura como elemento marcante desse período, consolidando o que foi chamado de engineering psychology, que tinha como objetivo a projeção de equipamentos adequados à capacidade e limitação humana, muito utilizado na projeção de armamento no período da Segunda Guerra Mundial. Este cenário foi palco para os estudos pioneiros em técnicas de treinamentos, classificação de pessoal e avaliação de desempenho voltados para área militar. Com o término da guerra, integra-se aos estudos citados anteriormente o trabalho sobre liderança, também como objeto de análise (SAMPAIO, 2013a). Para Freitas e Guareschi (2004), o período entre as guerras foi de fundamental importância para o desenvolvimento de estudos voltados 24 para grupos, bem como pesquisas sobre os fatores de coesão e eficácia das pequenas unidades de trabalho e a moral dos grupos isolados em atividade. Ainda que houvesse aplicabilidade da Psicologia Industrial no campo do trabalho, uma deficiência é identificada em relação a sua falta de envolvimento com o restante da organização. Com as crescentes dúvidas sobre a efetividade das ações da Psicologia e, consequentemente, declínio dos resultados das atividades dispostas, observou-se a necessidade de preencher estas lacunas. Desta forma, houve a necessidade de uma delimitação para a segunda fase/face da Psicologia no contexto do trabalho, a Psicologia Organizacional. Novos temas como o comportamento do consumidor, desenvolvimento organizacional e gerencial, plano de cargos e salários, dinâmica de grupo entre outros, se fizeram presentes nesse contexto (SAMPAIO, 2013a). Com o início da discussão sobre a estrutura das organizações começa a se constituir a Psicologia Organizacional, que não deixou de estudar os postos de trabalho e mecanismos de aumento de produção, apenas ampliou seu campo investigativo e interventivo. 3.2 Psicologia Organizacional Mas, afinal, qual seria a diferença entre a primeira e a segunda fase/face? Alguns autores apresentam a ideia de que a Psicologia Industrial estaria única e exclusivamente atendendo à indústria, ao passo que a Psicologia Organizacional amplia esta visão para além dos muros da fábrica, atendendo a outras instituições e adentrando nas estruturas das organizações. Entretanto, Sampaio (2013a) não concorda com esta visão, já que acredita que a Psicologia OrganizacionDO�³>���@�QmR� foi uma ruptura radical com a Psicologia da Indústria. Foi uma ampliação de seu objeto de estudo, uma vez que os psicólogos continuavam atrelados ao problema da produtividade das empresas.´��6$03$,2������D��S�������1mR�KRXYH��SRUWDQWR��XPD� ruptura entre ambas as fases/faces ± Industrial e Organizacional ± apenas uma ampliação do seu objeto de estudo, já que a problemática central não deixou de ser a produtividade das organizações. Para Leão (2012, p. 296), a Psicologia Organizacional possui essas duas preocupações, que são de duas ordens: primeiro, os problemas tradicionais (recrutamento, testes, seleção, treino, análise de tarefas, incentivos, condições de trabalho) passam a ser tratados como inter-relacionados e ligados ao sistema social 25 da organização; segundo, essa psicologia se interessa por uma nova série de problemas da organização enquanto um sistema complexo. Tais problemas não são limitados ao comportamento individual, mas abrangem o comportamento de grupos, subsistemas e à organização global como reação a estímulos externos e internos. Ou seja, esta fase/face está para além da indústria: pode-se encontrá-la em todo o campo que forem consideradas relações de trabalho, seja ele qual for, e também soma-se às questões anteriormentes levantadas pelas seleções de pessoal, testes e até mesmo as condições de trabalho. Porém, tais atividades passam a ter uma outra ótica de observação, ligadas ao sistema da própria organização de trabalho, surgindo outros problemas, mas que abrangem toda a lógica organizacional, não mais apenas a individual (LEÃO, 2012). Para Sampaio (2013a) por conta da instrumentalização, houve uma supervalorização das teorias comportamentais, que maximizam a influência do ambiente no comportamento humano e minimizam as influências intrapsíquicas, reduzindo-as ao âmbito da satisfação, novo tema que surgiu dentro dos estudos de motivação. Como o objeto de estudo passou por uma reformulação, as atividades provenientes desta fase/face também. Os treinamento nas organizações ganharam mais força com o intuito de gerar a evolução do setor de Recursos Humanos e não mais visando apenas o ajustamento do empregado à atividade (SAMPAIO, 2013a). Leão (2012) constata que os sistemas de recompensas e penalidades, esquemas de incentivos, aprendizagem, grupos de trabalho com suas próprias regras, motivação, relações de cooperação passaram a ser mais valorizados no ambiente organizacional. Com esta soma de atividades, percebe-se a inter-relação entre as fases/faces, ou seja, não há um abandono da Psicologia Industrial, mas sim um acréscimode ideias que constitui a Psicologia Organizacional. Mesmo com todo o aparato e mudança oferecida pela Psicologia Organizacional, as críticas ao sistema não foram poucas. Como conta Sampaio (2013a), o papel da Psicologia no contexto de trabalho é criticado, sendo posicionado apenas como persuasão para aumentar a produtividade, eficácia, desempenho e produtividade em pouco tempo. 26 3.3 Psicologia do Trabalho A terceira fase/face da Psicologia no contexto do trabalho, a Psicologia do Trabalho, considera a pedra angular do seu estudo a compreensão do trabalho humano em todos os seus significados e manifestações, o que aumenta o campo de visão do pesquisador da Psicologia no contexto do trabalho, pois este passa a compreender de forma mais profunda o homem que trabalha (SAMPAIO, 2013a). Para Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014, p. 550), esta é a tarefa central ou a missão que caracteriza esse amplo espaço de ação da psicologia ± explorar, analisar, compreender como interagem as múltiplas dimensões que caracterizam a vida das pessoas, dos grupos e das organizações, em um mundo crescentemente complexo, construindo, a partir daí, estratégias e procedimentos que possam promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, sem abrir mão da produtividade da qual depende o atendimento das necessidades dos indivíduos e dos grupos sociais. Sendo assim, o enfoque é voltado para as questões mais humanistas, a atenção é direcionada para as relações entre a satisfação dos indivíduos com as suas atividades dentro das organizações, visando a promoção da humanização do trabalho. Com a leitura de Sampaio (2013a) infere-se que essa fase/face é diferente das demais, pois tem como principal preocupação a compreensão do trabalho humano, tem-VH�XP�ROKDU�VREUH�R�KRPHP�FRPR�³VXMHLWR�GHVHMRVR�H�VHXV�HVIRUoRV�VH� voltam para a saúde e o bem-estar humano, independentemente do aumento ou não da lucratividade e produtividade das organizações produtivas.´��SAMPAIO, 2013a, p. 47). Para Freitas e Guareschi (2004, p. 86), a Psicologia do Trabalho surgiu questionando a concepção de ser humano-trabalho. Não mais somente comprometida com o aumento da produtividade, mas também com as vivências e experiências estabelecidas pelo trabalhador na relação com o processo de trabalho, esta nova fase/face, amplia seus campos de intersecção com outras disciplinas Sob essa perspectiva, deixa-se de se considerar a atividade laboral apenas como produção de bens materiais ou de serviços ligados a lucratividade. Leão (2012) coloca que novos estudos e questões vão surgindo, quanto a qualidade de vida dos funcionários, clima e cultura organizacional, comprometimento. A fase/face da Psicologia do trabalho iniciou seus estudos não mais se preocupando com a questão da produtividade, da eficiência, da normatização e do controle do comportamento humano como as duas anteriores, mas sim com o que é produzido nas relações ser humano- trabalho, no contexto das políticas liberal e neoliberal. O sofrimento mental do trabalhador, a psicodinâmica do trabalho, as relações entre subjetividade e trabalho são temas hegemônicos desta subárea. (FREITAS, GUANESCHI, 2004, p. 84) 27 Chega-se, por fim, à terceira fase/face da Psicologia no contexto do trabalho ± a Psicologia do Trabalho, que surgiu da necessidade de uma Psicologia que não estivesse voltada somente para os benefícios trazidos para a organização, mas que olhasse também o trabalhador e as dificuldades que o mesmo encontra para satisfazer suas necessidades (SAMPAIO, 2013a). Assim, as várias fases/faces da Psicologia aplicada ao contexto do trabalho podem coexistir tanto nas concepções e práticas dos profissionais quanto nos processos de formação dos novos participantes da profissão e da área de atuação (COELHO-LIMA; COSTA; YAMAMOTO, 2011;). Zanelli, Bastos & Rodrigues (2014, p. 554) salientam que, todavia, ³as fases não significam momentos que se impõem e eliminam o anterior´. Além disso, a fase/face da Psicologia do Trabalho possui a importante contribuição de outros campos do saber, comparecendo a interdisciplinaridade neste momento. A partir disso, compreende-VH� TXH� ³WHRULDV�� conceitos e atividades constituídas em outros campos do saber são pertinentes à construção de uma visão mais ampla do homem que trabalha e do trabalho do KRPHP�´��6$03$,2������D��S�����. A partir da sistematização das fases/faces da Psicologia no contexto do trabalho, o psicólogo que atua nessa área, de modo geral, tende a se intitular psicólogo organizacional ou psicólogo do trabalho, mesmo sem uma clara diferenciação na prática; já o termo psicólogo industrial caiu em desuso. Na prática profissional, tem-se uma combinação de instrumentos, conceitos e práticas de maneira que acaba por haver a incorporação de todas as faces/fases em sentido genérico ± teorias e práticas em uso na atualidade pelos psicólogos que trabalham em organizações produtivas ± respaldando uma mesma atuação (SAMPAIO, 2013a). Sampaio (2013a) apresenta que os psicólogos brasileiros se autodenominam psicólogos organizacionais ou do trabalho, porém sem crivo e conhecimento das diferenças teóricas e práticas. As confusões nas nomenclaturas estão ligadas tanto à indefinição das fases/faces em momentos históricos certamente delimitados quanto ao desconhecimento do que se prega enquanto exercício de cada subárea da Psicologia no contexto do trabalho. Refletindo sobre a imprecisão da própria identidade do psicólogo no ambiente laboral, penso que a imersão do estagiário nesta circunstância de dúvida auxilia na reprodução de práticas distorcidas, que, por inexperiência, considera-as como verdadeiras e 28 provenientes da área, o que deve ser considerado como algo preocupante para o futuro da profissão de psicólogo no contexto do trabalho. 29 4 O ESTÁGIO: ALCANCES E LIMITES ³2�HVWiJLR�p�XP�DWR�HGXFDWLYR´��(VVD�p�D�IUDVH�TXH�LQLFLD�D�Lei 11.788 de 25/09/2008 (Anexo B) que rege a atividade no Brasil. O estagiário é um estudante que se encontra em processo de formação profissional, preparação e lapidação para o mundo do trabalho. O período do estágio é determinante para que a organização forme seus futuros funcionários, inserindo-os na dinâmica e cultura da empresa. Talvez este seja o ponto chave para um bom aproveitamento desse período de aprendizagem por parte do estudante, da instituição de ensino e da própria empresa. O estágio é vantajoso para todas as partes envolvidas: para o estudante, é importante aprimorar técnicas, alargar o repertório de competências, desenvolver a responsabilidade e compromisso com sua carreira profissional, bem como por em prática o conhecimento fornecido em sala de aula, possibilitando o investimento em descobertas, refinar o que já se tem conhecimento e desenvolver uma visão mais realista do mundo profissional em termos do que lhe é exigido e o que essa oportunidade poderá lhe oferecer (ALMEIDA;CAIRES, 2000); para a empresa, que também recebe esse conhecimento que está sendo gerado nas instituições, o que movimenta e permite inovação dentro das estruturas da organização; para a instituição formadora, os estudantes trazem consigo o parâmetro entre teoria e prática, enriquecendo a discussão dentro da academia sobre as situações reais do mundo do trabalho, bem distinto do universo acadêmico. 4.1 O que é ser estagiário? Pra mim, estagiário é ser um aprendiz. Quando a gente começa no curso a gente começa com uma visão, começa a ter a prática, o contato com pessoas que tu vai te formar e vai trabalhar depois, com essa gama de diferenças. Tu começa a aprender que, por mais que seja muito clichê a questão da teoria e da prática, mas é verdade, se não fosse considerado clichê não seria tão verdade. Então quando eu comecei a estagiareu vi que eu não conseguiria sair do curso da mesma maneira se eu não tivesse passado por esse estágio. (Entrevistada 3) Como forma de regulamentação, o estágio hoje é resguardado pela Lei Nº 11.788/2008 (Anexo B) que teve sua última alteração no dia 25/09/2008. Esta lei contém seis capítulos, onde cada um trata de questões específicas do estágio. As novas configurações do ensino no Brasil podem ser compreendidas como uma das razões para a atualização da lei. De acordo com pesquisas da Associação Brasileira 30 de Estágio (ABRES), de 2002 a 2014, o número de alunos na educação superior passou de 3,5 para 7,8 milhões. Já o total de concluintes deu um salto de 114%, passando de 479.275 para 1.027.092. Mudando o contexto, a configuração da lei também foi alterada. Figura 1 ± Dados estatísticos do Ensino Médio e Superior Fonte: ABRES. Aliado ao mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o número de faculdades e cursos superiores pelo Brasil aumenta proporcionalmente, o que acarreta um intenso fluxo de estudantes que almejam inserção no âmbito profissional. Este momento é considerado crucial para o desenvolvimento de habilidades, descoberta de afinidades com determinadas áreas, bem como o discernimento do futuro naquela profissão. As alterações de artigos e incisos na lei que regulamenta o estágio alerta e diferencia esta prática do trabalhador efetivo, sendo regidos por leis diferentes. Por conta disso, todos os envolvidos neste processo devem permanecer atentos para que o estagiário não seja considerado como um funcionário da organização. O estágio não deve ser confundido com emprego formal. Em virtude disso, estagiários devem estar atentos com as atividades que desenvolvem junto ao estabelecimento, pois a sua mão-de-obra não pode substituir a de um profissional. Hoje, a partir da Lei Nº 11.788/2008, o estágio caracteriza-se de duas formas, o a) obrigatório, definido como pré-requisito no projeto pedagógico do curso para a aprovação e obtenção do diploma (§1º do art. 2º da Lei Nº 11.788/2008) e o 31 b) não obrigatório, uma atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória (§2º do art. 2º da Lei nº 11.788/2008). Como é de conhecimento, a lei regulamenta a atividade do estágio e, para isso, prevê a realização de um documento formal que estabeleça entre as partes envolvidas ± estagiário, concedente e instituição de ensino ± um acordo, bem como a apresentação das condições elencadas à proposta pedagógica do curso. Este documento previsto em lei é o Termo de Compromisso, que resguarda a tripartite envolvida. Conforme Cartilha Esclarecedora sobre a Lei do Estágio Nº 11.788/2008 construída pelo Ministério do Trabalho e Emprego (2010, p. 28), este termo precisa ter a) dados de identificação das partes, inclusive cargo e função do supervisor do estágio da parte concedente e do orientador da instituição de ensino; b) as responsabilidades de cada uma das partes; c) objetivo do estágio; d) definição da área do estágio; e) plano de atividades com vigência; (parágrafo único do art. 7º da Lei nº 11.788/2008); f) jornada de atividades do estagiário; g) horário da realização das atividades de estágio; h) definição do intervalo na jornada diária se for o caso; i) vigência do Termo de Compromisso de Estágio; j) motivos de rescisão; l) concessão do recesso dentro do período de vigência do Termo de Compromisso de Estágio; m) valor da bolsa, nos termos do art. 12 da Lei nº 11.788/2008; n) valor do auxílio-transporte, nos termos do art. 12 da Lei nº 11.788/2008; o) concessão de benefícios, nos termos do § 1º do art. 12 da Lei nº 11.788/2008; p) número da apólice e a companhia de seguros. As informações presentes no Termo de Compromisso são de grande importância para a fundamentação e respaldo das partes envolvidas no processo do estágio. Observo a utilização e efetividade do Termo de Compromisso na fala da Entrevistada 2, O meu supervisor estava sempre com a lei e quando tínhamos dúvida ele ia nela e via. Até mesmo porque tem algumas exceções e coisas que não estão previstas na lei. Eu usufrui de tudo que a lei me permitia: eu pude viajar sem comprometer a minha bolsa, eu pude faltar os dias que fossem necessários sem ser necessário uma reposição, um desgaste jamais do que eu fazia externamente. Contudo, a correta utilização das documentações necessárias para a legalização do estágio só foi observada nos relatos da Entrevistada 2. Infelizmente, a partir dos discursos das entrevistas abaixo ficou mais claro o que realmente é feito na prática quanto a aplicabilidade ± ou não ± da lei. O estágio é atrelar aquilo que eu aprendi na teoria com a prática. Mas a gente sabe que na verdade nunca é de fato do jeito que a gente aprende, QmR� WHP�XPD� OLVWD� TXH� GL]� µID]� LVVR�� LVVR�H� LVVR� TXH� YDL� GDU� FHUWR¶� H� p� QD� prática que se vai aprendendo a fazer e é justamente isso que o estágio proporciona. Sobre a lei, pouco tinha conhecimento no início. Horário era algo difícil de obedecer, principalmente para almoçar e voltar ao trabalho. Tinha que entregar as coisas. (Entrevista 3) 32 Então, eu tenho conhecimento da lei e a minha supervisora também mas, por exemplo, o que eu percebo muito, com relação a prova, que se tem direito a sair mais cedo ou até não ir no dia. Ai, a gente tem uma conversa. Ou seja: no dia que eu preciso não ir eu não vou naquele dia mas em outra circunstância eu trabalho dobrado outro dia. Nunca ficou acertado, assim, eu tenho essa liberdade mas de certa forma eu me cobro em repor esse horário. [...] pra evitar que eu passe por uma pressão desnecessária, eu vou. Eu sei que existe a lei do estágio, mas a maioria das vezes eu burlo a lei do estágio por saber dos meus prazos, das metas, por estar extremamente comprometida com o meu trabalho e ser responsável por aquilo e também por não querer sofrer pressão desnecessária. (Entrevistada 1) [...] o importante é saber que eu tenho um lugar, e que meu lugar é de estagiário, com responsabilidades, mas que eu tô resguardada com a lei e com os documentos que eu fiz para estar aqui, o que diferencia como era antes da lei. Porém, nem tudo é tão bonito quanto parece, principalmente o que se refere aos horários e direitos que o estagiário tem. Quando você tem algo pra entregar, você quer entregar aquilo dali e nem sempre consegue, tem que ficar a mais, dobrar o expediente. Escolhas... (Entrevistada 5) Por si só, os depoimentos já são extremamente preocupantes se vinculados à ótica da lei e do que o estágio se propõe a realizar. Porém, o agravante para a Entrevistada 5 é que ela trabalha como agente de integração na organização, ou seja, ela auxilia no processo de aperfeiçoamento do estágio, identificando as oportunidades, ajustando suas condições de realização, fazendo o acompanhamento administrativo, encaminhando negociação de seguros contra acidentes pessoais e cadastrando os estudantes (§1º do art. 5ºda Lei nº11.788/2008), selecionando os locais de estágio e organizando o cadastro dos concedentes das oportunidades de estágio (art. 6ºda Lei 11.788/2008). Como conta, D�(QWUHYLVWDGD���³[...] percebo a efetividade da lei do estágio, eu busco isso na minha atuação, enquadro os estagiários conforme o pedido das empresas, mas, quando é pra mim, acontece... bem, não acontece! [risos]´� Até mesmo a estagiária que mais apresenta pontos positivos na sua atuação também demonstrou estar inserida na lógica do estagiário alienado dos seus direitos e deveres. Não vou te mentir que eu não tenho quase nenhum conhecimento sobre a lei do estágio e não procurei também saber. E, no meu estágio, desde que eu entrei isso não é muito falado. O que eu sei são em relação a semana de provas que eles podem liberar, mas é bem difícil isso acontecer porque temos o trabalho pra fazer e se pedirmos isso poderemos ser mal vistos, como eu já vi com alguns colegas de trabalho.Como meu estágio também é não obrigatório, pensei que a lei pudesse ser mais rígida ao obrigatório. (Entrevistada 4) Infelizmente, em muitos momentos, a demanda parte da própria instituição em colocar o estagiário como um funcionário, exercendo a mesma 33 pressão, pedindo a presença no horário em que o estudante não precisaria estar, o que ultrapassa a carga horária determinada por lei. Houve momentos que eu fui chamada a comparecer dobrando o turno ou coisas do tipo por ser considerado atividades mais longas, mas que esse momento eu considerei como algo extremamente produtivo pra mim. Por exemplo, fechar uma atividade importante pros funcionários, um processo urgente que eu precisaria despachar ou um feedback para a diretoria, até mesmo um workshop que eu tinha que participar. Pra mim, são atividades válidas e que só somam para a minha atuação, mesmo que não sejam no meu horário de trabalho. Tem que ir... (Entrevistada 2) Confesso que tais palavras me deixaram bastante preocupada, não só como pesquisadora, mas também como profissional. O desconhecimento daquilo que se deve ter como regulamentação da prática cai num mundo abstrato e passa a ser distante do que se deve ser. Observo que esta pode ser uma grande questão para análise pois, se o estagiário tem sua visão limitada a esta experiência isolada sem avaliar e criticar sua atuação, ele irá se transformar em uma ferramenta operacional do sistema e de toda a lógica já instaurada, o que pode vir a deturpar a ideia inicial do estágio como formação e aplicação da teoria, levando isso para a discussão em sala de aula. De acordo com Almeida e Caires (2000, p. 225), à Universidade cabe a maior fatia de responsabilidade nesta indução progressiva no Mundo do Trabalho. Ao longo do estágio é esperado que o aluno adquira e aplique correctamente os conhecimentos que foi aprendendo ao longo do seu percurso académico e que estes sejam relevantes sob o ponto de vista profissional. [sic] Para além dessas questões, debruço-me sob a preocupação do estagiário estar como um profissional na empresa que sofre a mesma pressão que funcionários efetivos e apenas em termos legais ± remuneração, leis de trabalho, horário ± diferente disso. Por mais que aprendizado seja algo importante e extremamente necessário para quem está iniciando sua carreira, colocar-se na situação de aceitar a pressão e demandas que não devem ser de responsabilidade de um estagiário é também sustentar a lógica de ser uma mão de obra barata e que se coloca à disposição para tudo, até mesmo de atividades que não estão no escopo da sua profissão. 34 4.2 ³7HQKR� DV� PHVPDV� DWLYLGDGHV� H� VRIUR� DV� PHVPDV� FREUDQoDV� TXH� XP� IXQFLRQiULR�HIHWLYDGR´��DWXDomR�do estagiário versus atuação do psicólogo [...] a visão que eu tenho hoje do estagiário é como se fosse um efetivo, um funcionário, que trabalha em um tempo menor e que sofre a mesma cobrança, a mesma pressão, que precisa entregar nos mesmo prazos de alguém efetivo mas recebe bem menos e trabalha em um tempo menor, trabalha muito em um tempo bem menor. (Entrevistada 1) Em consonância a todo o crescimento e aprendizagem, ao passo que temos um lado positivo na expansão de conhecimento e prática por parte do estudante, temos um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e seletivo, o que pode acarretar em sobrecarga de funções para o estagiário, sob a ótica do funcionário polivalente. Na bibliografia atual é possível observar diferentes facetas do setor de Recursos Humanos. Goulart (2013) identifica três modelos de setor: o de $GPLQLVWUDomR� GH� 3HVVRDO�� LGHQWLILFDGR� FRPR� ³KRPHP� HFRQ{PLFR´�� RQGH� VXDV� atividades estão ligadas ao cumprimento de exigências legais e ao pagamento de salário e benefícios, sem articulação com a política da empresa; o de Administração de Recursos Humanos que tem como conceito principal a busca do homem pelo desenvolvimento de suas potencialidades, havendo relação com as políticas da empresa e tendo suas atividades como base de apoio ao gestor; e a Administração Estratégica de Recursos Humanos, na qual há a concepção do homem como fonte de competências e recursos estratégicos, com atividades desenvolvidas com foco no alcance dos objetivos estratégicos da empresa que possui, ainda, suas políticas formalizadas. No contexto da atuação do psicólogo no mundo do trabalho, Leão (2012) sugere práticas ligadas às esferas da administração de pessoal e gestão de pessoas (análise de pessoal, recrutamento e seleção, plano de cargos e salários, desligamento, planejamento de recursos humanos); mudança organizacional (desenvolvimento organizacional, qualidade de vida no trabalho, programas de qualidade total); qualificação e desenvolvimento (treinamento, avaliação de desempenho, desenvolvimento de equipes, gerentes etc.); comportamento organizacional (grupo e liderança, motivação, satisfação cultura organizacional); condições de trabalho (segurança e saúde no trabalho, ergonomia, estresse, 35 assistência psicossocial) e relações de trabalho (padrões de gestão, organização do trabalho, regulação de conflitos). Quando questionadas sobre a proposta do estágio e o que efetivamente fazem/faziam, os estagiários tiveram discursos diferentes mas com dinâmicas e atividades laborais bem parecidas. A minha proposta de estágio foi pautada em ir pras dinâmicas de grupo, iria pro processo de formular parecer, aplicação e correção de testes, dar o feedback assistido pelo psicólogo. Então, basicamente era tudo na parte de R&S.no geral, hoje tô com R&S [...]. Da Psicologia, uso os testes AC, QUATI, PALO, R1, Ferramenta PROFILE, mas também tô com avaliação de desempenho, indicador, que é voltado para a parte do recrutamento, onde a gente tabela todo mês quantas pessoas foram avaliadas, quantos aptos e quantos inaptos, pra ajudar a ter noção das entradas e saídas do hospital, turnover e tudo isso. (Entrevistada 1) No edital tinha algumas funções: R&S, acompanhamento dos programas de função corporativa, acompanhamento do programa de ambientação e rotinas elaborativas. No momento da entrevista, o psicólogo repôs isso, apresentou o setor, como ele era estruturado, e que atividades ia desempenhar. Explicou que muitas atividades eram desempenhadas em conjunto com o departamento de pessoal, que são questões de admissão que precisa ter o controle compartilhado. E além disso os processos seletivos que é bem out going mesmo, bem letrado, os programas de estágio, educação corporativa e treinamentos continuados, programas de treinamentos fora, programa de pós graduação para os professores. (Entrevistada 2) Eles falaram na questão da aplicação dos testes psicológicos porque só quem poderia aplicar ou era o próprio psicólogo ou o estagiário, frisaram bastante isso, que iríamos trabalhar diretamente com essa atividade. Com o passar do tempo vi que o processo de R&S é mais que isso e é nele que eu estava inserida até dia desses. Eu triava os currículos por meio da vaga que estava em aberto, isso por meio de e-mail, indicações e os físicos; ligo pra pessoa, marco todo o processo, e aí ou eu ou o psicólogo encaminhamos o processo na parte de testagem. Hoje, eu cuido das entradas de documentações dos admitidos, já mudei de função no setor. Disseram que ia ser bom eu passar por vários lugares para aprender o todo... (Entrevistada 4) [...] a descrição da vaga era auxiliar no processo de recrutamento e seleção de estagiários, só isso. Mas aí, com o tempo, fui fazendo outras coisas, teve um pouco quase nada de treinamento do próprio setor e agora surgiu a demanda de palestras voltadas para o mercado de trabalho, que são palestras para os públicos iniciais, jovens, que nunca tiveram esse contato. E também [surgiu a atividade] para dar auxílio no processo seletivo de colaboradores, de fixos. Hoje eu não lido só com o que foi passado no começo... µ2N¶�que é 85%do que eu faço, mas também tenho essas outras demandas. (Entrevistada 5) Ora, visto as atividades posicionadas por Leão e Goulart anteriormente, qual seria então a diferença entre o Psicólogo e o estagiário inserido no mundo do trabalho? Fica claro, nas falas, que o estágio está sendo utilizado como uma mão de obra barata para a realização das mesmas atividades que um funcionário efetivo. 36 Ratifico, mais uma vez, do que é para ser esta atividade do estágio, que, de acordo com Rodrigues (2013, p. 1011), informa que o estágio é um momento de formação profissional do formando e não é uma atividade facultativa, sendo uma das condições para a obtenção da respectiva licença, devendo ocorrer pelo exercício direto in loco, ou pela presença participativa em ambientes próprios de atividades daquela área profissional. Infelizmente, os profissionais formados que deveriam se contrapor a esta exploração encontram-se como agentes difusores da prática do estágio como algo mais em conta para a instituição. Para os Psicólogos, o agravante nisso tudo é que, de acordo com os princípios fundamentais elencados pelo Conselho Federal de Psicologia no Código de Ética Profissional do Psicólogo (2014, p. 7), VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada. VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica em consonância com os demais princípios deste código. Ou seja, mesmo com o código de ética pedindo este controle das atividades e fomentando o diálogo entre organização e profissional para a boa conduta da profissão, isto não está sendo obedecido. Imersos na lógica produtiva de entregar as atividades, de ter menos custos para a empresa, de ser mais barato e, até mesmo, de ter um bom funcionário naquela atividade, é esquecido que este servidor é, na verdade, um estudante em formação e que este não deve ter as mesmas funções e sofrer as mesmas pressões que um profissional já formado. Sobre as atividades que mais comparecem, Sampaio (2013a) também elenca as atividades que um profissional da Psicologia pode exercer, como por exemplo as que mais comparecem são a seleção e colocação de pessoal, o planejamento de recursos humanos e o treinamento de pessoal (Anexo A). Analisando os relatos, a atividade frequente é o R&S, desde a triagem de currículos até a efetivação do candidato na empresa. Esta atividade por si só é inerente do Psicólogo quando utilizadas somente técnicas da área. Quando não, ainda temos enquanto saber científico uma discussão com outras áreas que também se apropriam do RH e acabam por colocar o seu olhar sobre essas atividades. Todavia, inerentes ou não do psicólogo, é fato de que se houver apenas repetição do que foi aprendido, uma hora é naturalizado até mesmo os vícios e os erros, colocando o seu labor diário em algo improdutivo. Esta conclusão posso chegar a partir de alguns relatos, como, por exemplo, da Entrevistada 4 que informa 37 que ³>���@�Wodas essas atividades eu fui ensinada a fazer, já tinha tudo do jeitinho que eu tinha pra fazer e aqui também você faz a mesma coisa durante todo o tempo, não tem muita coisa pra inovar nesse quesito. Já tem o procedimento, as ligações, o FRPR� ID]HU´�� DVVLP� como da Entrevistada 2 que menciona algo interno�� ³[...] me sentia mais uma controladora do sistema do que efetivamente uma estagiária em 3VLFRORJLD´. Como consequência disso, se dá prioridade às atividades mandatórias e à operacionalização dos processos, não sendo possível a análise e a criação de novas demandas, uma vez que já não dispõem de efetivo suficiente para atender as exigências já existentes, reforçando ainda mais a identidade do setor como operacional e executor. Iema (1999) entende que esse padrão é muitas vezes reflexo da formação insuficiente, que não transmite ao aluno a amplitude dos conceitos e da atuação psicológica, favorecendo a atuação como meros reprodutores de técnicas e procedimentos. A formação acadêmica deve garantir a capacidade de problematizar, questionar em busca de uma solução, antes apenas de operacionalizar. Dessa maneira, sugere-se uma formação multidisciplinar, que se apoie na teoria científica para servir de embasamento para as práticas e não somente que seja alvo de repetição da técnica. Percebe-se que as práticas atribuídas à administração de recursos humanos possuem caráter técnico-operacional, ainda que se tenha consciência da necessidade de ir além deste perfil. O conhecimento técnico-operacional é de suma importância para o respaldo no desenvolvimento das atividades, pois enriquece as práticas dos profissionais e oferece credibilidade e suporte para uma atitude mais estratégica, envolvendo todos os subsistemas do setor. Contudo, Azevedo e Botomé (2001) complementam que o caráter técnico-operacional das atividades acarreta em um enfraquecimento no poder de atuação do setor de Recursos Humanos das organizações, indo na contramão das necessidades emergentes das mudanças do mercado de trabalho. Observando o cenário e resultados da pesquisa, também houve relato de desvios de funções, conforme Entrevistada 3: quando eu entrei, me passaram pro RH mas eu não ia ser estagiária de uma psicóloga e sim de uma administradora, já começa o erro por ai. Então, meu primeiro ano foi muito planilhar, organizar coisas, indicadores, controlar números internos e a parte da psicologia em si não me foi apresentada. O que me foi apresentado depois foi questão de clima organizacional, treinamentos, mas bem depois e quase no período de saída. De início foi 38 algo puramente administrativo e burocrático. A proposta inicial era que eu tivesse uma vivência no setor geral de atendimento dos funcionários e lideranças. A minha gestora já disse que eu ia lidar com as lideranças. Eu tinha que saber lidar com os superintendentes, com o gerente da linha e com ela, três pessoas diferentes. O equívoco da atuação do estagiário em Psicologia no contexto do trabalho observado nas entrevistas perpassa por várias razões: a) as supervisões técnicas dos estágios, pelo menos inicialmente, não estavam sendo por psicólogos, dado que comparece em quatro das cinco entrevistas realizadas; b) as atividades iniciais não serem da área da Psicologia no contexto do trabalho, o que operacionaliza e descaracteriza o trabalho, não sendo conhecido na prática o que faz verdadeiramente um profissional da Psicologia por fora das paredes da faculdade e, como agravante, c) algumas dessas informações já são apresentadas na proposta do estágio, o que não é algo inerente de demandas emergenciais ou pontuais. É o que de fato acontece diariamente em um RH. Mediante tudo o que foi apresentado de funções diversificadas, responsabilidades exacerbadas, falta de supervisão, sentimento e vivência diária de cobrança, qual a diferença desses saberes para o papel de um profissional já formado em Psicologia no contexto do trabalho? Qual seria então a diferença entre funções? Algo a se pensar... 4.3 ³'LDULDPHQWH��HX�PH�VLQWR�DGRHFHQGR���´��D�TXDOLGDGH�GH�YLGD�LQYHUVDPHQWH� proporcional ao processo do estágio Uma vez que, invariavelmente, o trabalho faz parte da vida de todos, psicólogos ou estudantes de Psicologia, dotados de formação e com olhar diferenciado sobre os fenômenos, é capaz de contribuir expressivamente no contexto das organizações. A atuação do psicólogo do trabalho também tem por objetivo, segundo Sampaio (2013a), a promoção, a preservação e o restabelecimento do bem-estar e da qualidade de vida dos profissionais no contexto laboral. Porém, e quando isso não é algo palpável na prática? Com uma cobrança e demanda cada vez maior, o estágio se torna também fonte de adoecimento
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