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TRABALHO PROCESSO CIVIL IV Cumprimento de sentença de título judicial QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS À LUZ DO ORDENAMENTO JURÍDICO, DA DOUTRINA E DA JURISPRUDÊNCIA: 1. Numa ação de competência originária, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, com sede em São Paulo (Capital), condenou o requerido Brasilino a pagar ao autor Ariclenes a importância de R$10.000,00. Atualmente, o devedor Brasilino tem domicílio na cidade de Fortaleza (CE) e bens penhoráveis na cidade de Salvador (BA). O credor Ariclenes pretender iniciar o cumprimento da sentença. Considerando-se a afirmativa acima, pergunta-se: Em qual ou quais comarcas o credor Ariclenes poderá promover o cumprimento da sentença? Justifique a resposta. Por se tratar de uma ação com competência originária, consoante artigo 516 do CPC, o cumprimento de sentença deverá ser efetuado perante os tribunais, ou seja, a comarca competente é a do estado de São Paulo. “Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:I - os tribunais, nas causas de sua competência originária”; 2. Numa ação de cobrança de dívida Artaxerxes foi condenado a pagar a Oncromenézio o valor de R$5.000,00. A sentença prolatada nesse processo de conhecimento transitou em julgado. Iniciou-se o cumprimento da sentença. Artaxerxes apresentou impugnação, alegando e provando que ocorreu a prescrição da pretensão de cobrança da dívida. Aduziu, também, que não alegou tal prescrição no curso do processo de conhecimento por motivo de força maior, já que somente agora obteve documento que pudesse comprovar tal fato. Asseverou, ainda, que nos termos do artigo 193 do Código Civil: “A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita”, e, além disso, deve ser reconhecida de ofício pelo juiz, conforme preceitua o artigo 487, II, do Código de Processo Civil. Tendo em vista a situação hipotética acima apresentada, pergunta-se: Deve o juiz do processo acolher ou rejeitar a impugnação apresentada pelo executado? Explique. No título judicial a defesa é feita por meio da impugnação, que observa as matérias taxativamente previstas no artigo 525 do CPC. Isso pois, estamos tratando de uma execução de título judicial, uma decisão judicial definitiva, transitada em julgado, e por isso evidentemente tem que haver limitação de matéria, não é possível alegar em impugnação matérias que poderiam ser alegadas na fase de acertamento da relação jurídica conflituosa, na fase de conhecimento, poque admitir isso em cumprimento de sentença caracterizaria flagrante ofensa a coisa julgada e a coisa julgada é garantia constitucional (art. 5, XXXIV da CF). Em regra, só é possível alegar na impugnação matérias posteriores a decisão que impôs a obrigação, isto é, matérias supervenientes. Matérias alegadas antes já forma decididas e estão cobertas pela eficácia preclusiva da coisa julgada. O artigo 525, § 1º, inciso VII do CPC, estabelece que pode ser alegado na impugnação “qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença”. No caso em comento a prescrição alegada refere-se a pretensão de cobrança da dívida, ou seja, fato anterior a sentença transitada em julgado, que deveria ter sido discutido na fase de conhecimento. Por esse motivo o juiz deve rejeitar a impugnação apresentada pelo executado. 3. Artaxerxes, brasileiro e domiciliado no Brasil, foi definitivamente condenado pela Justiça da Argentina a indenizar Oncromenézio no valor de R$50.000,00. O credor Oncromenézio almeja executar tal sentença perante a Justiça brasileira. Diante do exposto, pergunta-se: a) Antes de iniciar a execução pretendida, qual a providência a ser adotada por Oncromenézio junto à Justiça brasileira? Consoante o art. 960 do CPC e art. 105, I, i da CRFB/88, para que uma sentença estrangeira produza efeitos no território brasileiro, é necessário que ela seja homologada pelo órgão competente. A Emenda Constitucional nº 45 estabeleceu que a competência nesse caso é do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nesse sentido elucida Renato Montans (2020, p. 1234): “A sentença estrangeira somente adquirirá eficácia em nosso país quando homologada. Desta forma, fácil constatar que a natureza dessa homologação é constitutiva”. Portanto, antes de iniciar a execução da sentença estrangeira no Brasil, Oncromenézio deve buscar a homologação efetiva no âmbito do STJ b) Qual a Justiça competente para realizar tal execução? Justifique a resposta. Apesar da homologação ocorrer no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a execução compete ao juiz federal em primeiro grau, conforme artigo 109, X, da CRFB/88. 4. Artaxerxes promoveu cumprimento de sentença em face de Brasilino, cuja obrigação judicialmente imposta é o pagamento de quantia certa, no montante de R$10.000,00. O executado ofereceu impugnação, alegando impenhorabilidade do bem penhorado e pagamento total do débito, após a sentença condenatória definitiva. O juiz do processo, mediante decisão proferida, acolheu as duas defesas apresentadas pelo executado, julgando-as procedentes, reconhecendo-se a impenhorabilidade do bem e o pagamento efetivado. Tendo-se em conta o exposto acima, pergunta-se: Qual o recurso cabível contra a decisão judicial prolatada? Explique. Primeiramente, cabe ressaltar o percurso da impugnação no processo. Oferecida a defesa impugnação os próximos passos são: o juiz ouvir o exequente, determinar a produção de provas que se fizerem necessárias (se houver necessidade) e depois decid ir proferindo uma decisão acolhendo ou rejeitando a impugnação. Ou seja, o procedimento da impugnação guarda semelhança com o procedimento do processo de conhecimento. Essa sentença é, em regra, uma decisão interlocutória. Caso o juiz rejeite a impugnação será uma decisão interlocutória passível de agravo de instrumento (art. 1015 CPC); se o juiz acolher a impugnação, mas a matéria for meramente processual a decisão também será interlocutória passível de agravo de instrumento. No entanto se a impugnação for acolhida e o juiz extinguir a execução esse ato será sentença e o recurso será apelação. Logo, observando o caso em questão, o recurso cabível contra a decisão judicial que acolheu a impugnação é a apelação. 5. Relativamente ao cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa, disserte, de forma fundamentada, sobre: a) o requisito indispensável para iniciar; Conforme disposição do artigo 523 do CPC, é requisito indispensável para se iniciar o cumprimento definitivo da sentença o requerimento do exequente, ou seja, não pode o juiz de ofício determinar. Vejamos, in verbis: “Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. Ainda, consoante artigo 524 do CPC, esse requerimento deve estar acompanhado do demonstrativo de crédito que deve conter requisitos previstos nos incisos do dito artigo. “Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter: I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o; II - o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível. b) as consequências da ausência de pagamento voluntário por parte do executado; Ao se iniciar o cumprimento de sentença, independentemente da obrigação imposta, o executado deve ser intimado a cumprir a obrigação, neste caso, pagar o débito. O executado é intimado para pagar o débito no prazo de 15 dias. Têm-se entendido que esse prazo tem conteúdo híbrido, processual e material, e em razão de ter parte processual é contado apenas em dias úteis, conforme o artigo 219 do CPC (entendimento do STJ). Se no prazo de 15 dias úteis o executado pagar a quantia devida, consequentemente extingue- se a obrigação (artigo 924 e 925 do CPC). Por outro lado, se o executado não realizar o pagamento voluntariamente as consequências são as previstas no § 1º e § 3º do artigo 523 do CPC. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. § 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação”. c) a (s) forma (s) de defesa do executado; A defesa é um direito e um ônus, ou seja, o executado se defende se ele quiser. Diferentemente da execução baseada no título extrajudicial, a defesa não se faz por meio de ação (embargos à execução), aqui temos um título judicial, uma decisão judicial definitiva que já definiu quem tem razão, a defesa do executado se faz por um meio denominado de impugnação. Mas não se exclui a possibilidade de defesa por via de exceção ou objeção de pré executividade. d) a natureza jurídica da defesa do executado; Embora haja controvérsia doutrinaria a respeito, têm-se entendido majoritariamente que a impugnação tem natureza jurídica de incidente processual, ou seja, é uma defesa, assim como no processo de conhecimento o requerido pode apresentar defesa por meio de contestação, aqui no cumprimento o executado pode apresentar defesa por meio de impugnação. e) a legitimidade, forma e prazo para oferecimento de defesa; Legitimidade – quem pode oferecer impugnação? Ordinariamente o executado, aquele que ocupa o polo passivo do cumprimento. Tem se entendimento que o cônjuge ou companheiro do executado também tem legitimidade de apresentar embargos à execução no título extrajudicial e impugnação quando se tratar de título judicial (com exceção a separação total de bens, pois a legitimidade se baseia na possibilidade de atingir os bens em conjunto). Forma de apresentação da defesa – é uma petição que se assemelha a uma contestação apresentada por meio de advogado. É apresentada nos próprios autos de cumprimento de sentença, conforme artigo 525, caput, do CPC. Prazo para oferecimento de impugnação – é de 15 dias úteis. Aqui não tem nenhuma discussão, nitidamente é um prazo processual, aplica-se o artigo 219 do CPC. Esse prazo inicia-se a partir do decurso do prazo de 15 dias úteis para efetuar o pagamento voluntário, independentemente de nova intimação. f) o recurso cabível da decisão judicial relativa à defesa apresentada pelo executado O juiz ao analisar a impugnação profere uma decisão acolhendo-a ou rejeitando-a. Essa sentença é, em regra, uma decisão interlocutória. Caso o juiz rejeite a impugnação será uma decisão interlocutória passível de agravo de instrumento, e ainda, se o juiz acolher a impugnação, mas a matéria for meramente processual a decisão também será interlocutória passível de agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único, CPC). No entanto se a impugnação for acolhida e o juiz extinguir a execução esse ato será sentença e o recurso cabível será apelação (art. 1.009 do CPC). Essa previsão é reiterada no Enunciado 93 da I Jornada de Direito Processual Civil – CJF). REFERÊNCIAS BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm. Acessado em: 08 dez. 2021 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. Salvador, JusPODIVM, 2020. RODRIGUES, Marcelo Abelha. Execução por quantia certa contra devedor solvente [recurso eletrônico] Indaiatuba, SP: Editora Foco, 2021.
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