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1 Maria Clara Cabral – 2º Semestre TUTORIA 5: UC IV – 01/11/2021 PROBLEMA: Equilíbrio hidroeletrolítico. OBJETIVOS: ✓ respondidos no capítulo 20 do Silverthorn, paginas 619 à 641.. O nosso corpo possui mecanismos de controle que visam manter constantes o volume de líquido, a osmolalidade, as concentrações de íons individuais e o pH do corpo, para que o equilíbrio hidroeletrolítico do nosso corpo seja mantido. Vale lembrar que os íons estão em diferentes concentrações intra e extracelular, o que confere às células de diferentes tecidos um gradiente eletroquímico inerente a elas. (tabela) HOMEOSTASIA HÍDRICA E ELETROLÍTICA - O nosso corpo está em fluxo constante. Ao longo do dia ingerimos quantidades variáveis de água e eletrólitos, como K+, H+, Ca2+, HCO3- e fosfato. A tarefa do corpo é manter o balanço de massa, que significa excretar substâncias que eu ingeri ao longo do dia mas que não serão úteis ao meu corpo. Essa manutenção, confere o equilíbrio hidroeletrolítico e pode ser realizada por meio de 2 tipos principais de mecanismos: 1. Mecanismos Fisiológicos - rins: via urinária - pulmões: na respiração ocorre a excreção de água, H+, HCO3- juntamente com a liberação de CO2. - fezes - suor: solução diluída de água e íons K+, Na+, Cl-. 2. Mecanismos Comportamentais - sede: reposição de água - apetite por sal: reposição de NaCl - fome: reposição de íons diversos. Essas substâncias estão associadas com o volume do LEC e com a osmolalidade (que reflete a concentração de solutos – íons – dissolvidos em uma solução). Logo, podemos concluir que a osmolalidade do LEC afeta o volume celular. Mas porquê? Antes de tudo lembre-se! As membranas celulares são permeáveis à água. Sabendo disso, imagine que você tem uma célula e o meio extracelular. Caso esse meio extracelular (chamado também de LEC) não sofra alterações nas concentrações de seus solutos (osmolalidade), não haverá entrada ou saída de água no LEC. Porém, se você sofreu alguma alteração na osmolalidade do LEC, haverá uma entrada ou saída de água nesse meio e, assim, o volume celular é alterado. Por exemplo: O LEC sofreu uma hiposmolalidade (diminuiu a concentração dos íons e aumentou a concentração de água), naturalmente, essa água em excesso vai para o meio que agora se encontra hiperosmótico (alta concentração dos íons e menor concentração de água). Essa passagem de água do LEC para o LIC provoca um aumento do volume intracelular. Se a osmolalidade do líquido extracelular diminui como resultado de uma ingestão de água excessiva, a água move-se para o interior das células e elas incham. Se a osmolalidade do LEC aumenta como resultado da ingestão de sal, a água se move para fora das células e elas encolhem. O volume celular é tão importante que muitas células têm mecanismos diferentes para o controlar. Outro exemplo de evitar uma resposta na mudança do volume celular com a ateração da osmolalidade pode ser encontrada nas células tubulares renais da medula renal. Elas regulam o seu volume sintetizando substâncias orgânicas quando necessário. Essas células são constantemente expostas à um LEC com alta osmolalidade. Como resposta a essa alta osmolalidade do LEC elas tentam manter a osmolalidade intracelular ajustada sintetizando solutos orgânicos, como álcoois de açúcar e certos aminoácidos, que aumentam a osmolalidade intracelular. Outras células do corpo regulam o seu volume modificando a sua composição iônica. Em alguns casos, as alterações do volume celular atuam como sinais que iniciam certas respostas celulares. Por exemplo, o inchaço (aumento da osmolalidade intracelular) dos hepatócitos ativa a síntese de proteínas e de glicogênio, ao passo que o encolhimento (diminuição da osmolalidade dessas células) causa degradação de proteínas e de glicogênio. Entretanto, em muitos casos, alterações inadequadas no volume celular prejudicam a função da célula. Por isso é importante a manutenção da osmolalidade do LEC em uma faixa normal para manter a homeostasia e o volume celular. 2 Maria Clara Cabral – 2º Semestre Multiplos sistemas integram o equilíbrio hidroeletrolítico. Como já abordado, o equilíbrio hidroeletrolítico pode ser mantido por mecanismos fisiológicos e comportamentais. Os mecanismos de controle fisiológicos envolvem os sistemas respiratório, circulatório e renal. Os ajustes feitos pelos pulmões e pelo sistema circulatório estão principalmente sob controle neural, podendo ser executados de forma mais rápida. A manutenção homeostática pelos rins ocorre de forma mais lenta já que esses órgãos estão principalmente sob controle endócrino e neuroendócrino. Por exemplo, uma pequena mudança na pressão arterial, que resulta de um aumento ou de um decréscimo do volume sanguíneo, é rapidamente corrigida pelo centro de controle cardiovascular no encéfalo (controle neural). Se as mudanças de volume são persistentes ou de grande magnitude, os rins agem para ajudar a manter a homeostasia. Sinais provenientes dos barorreceptores carotídeos e aórticos e dos receptores atriais de volume iniciam uma resposta neural rápida, mediada pelo centro de controle cardiovascular, e uma resposta mais lenta, gerada pelos rins. Além disso, a baixa pressão do sangue estimula a sede. Em ambas as situações, a função renal é integrada com o sistema circulatório para manter a pressão arterial dentro de uma faixa normal. Vale lembrar que, por um sistema estar integrado ao outro, muitas vezes eles se sobrepõem e um pode afetar a função do outro. Respostas endócrinas iniciadas pelos rins têm efeitos diretos no sistema circulatório, por exemplo, e hormônios liberados pelas células do miocárdio atuam nos rins. Respostas simpáticas provenientes do centro de controle cardiovascular afetam não somente o débito cardíaco e a vasoconstrição, mas também a filtração glomerular e a liberação de hormônios pelos rins. O Equilíbrio Hídrico A água é a molécula mais abundante do corpo. A sua quantidade varia de acordo com a idade e com o peso corporal. 1/3 da água do nosso corpo ocupa o LEC, ao passo que os outros 2/3 ocupam o LIC. Para manter um balanço hídrico no nosso corpo, a ingestão de água precisa ser igual à excreção. Em média, um adulto ingere um pouco mais de 2L de água por dia. O metabolismo normal, sobretudo a respiração aeróbica produz cerca de 0,3L de água, elevando a ingestão total de água próximo de 2,5L em um dia. 3 Maria Clara Cabral – 2º Semestre Isso também nos mostra que o único meio pelo qual nós ingerimos água é via absorção no trato gastrointestinal. Se os líquidos precisam ser rapidamente repostos ou um indivíduo não é capaz de comer ou beber, essa reposição é feita através do plasma por injeção intravenosa (IV), um procedimento médico. A principal rota de perda de água é pela urina. No entanto, dependendo da situação, essa rota pode ser alterada, por exemplo, a sudorese excessiva, a diarréia. O que pode afetar o equilíbrio hídrico, sobretudo em crianças. A perda patológica de água pode afetar a homeostasia de duas maneiras: 1. Alteração do volume de LEC e consequentemente da pressão arterial e oxigenação dos tecidos. ↑ perda de água ↓ volume dos tecidos ↓ da pressão arterial ↓ oxigenação tecidual 2. Alteração da função celular com o aumento da osmolalidade do corpo. Pois a perda de líquido será hiposmótica para o corpo, ou seja, a quantidade de líquido perdido é maior que a quantidade de líquido no corpo (como ocorre na sudorese excessiva). Levando o aumento da osmolalidade do corpo e podendo alterar a função celular. Como o nosso corpo realiza a regulação da osmolalidade? O papel dos rins no equilíbrio hídrico. Os rins excretam o volume em excesso de água, mas não têm a capacidade de recuperar o volume perdido para o ambiente. O volume perdido para o ambiente necessita ser recuperadoa partir do próprio ambiente. A caneca representa o corpo, e a sua alça oca representa os rins, onde os líquidos corporais são filtrados no interior dos néfrons. Uma vez que os líquidos são filtrados, eles passam a fazer parte do meio externo, e, a não ser que sejam reabsorvidos, serão excretados na urina. O volume excretado pode ser regulado, conforme indicado pelos pequenos portões na parte inferior da alça. A faixa normal para o volume de líquido na caneca situa-se entre a linha tracejada e o topo aberto. O líquido da caneca entra na alça (equivalente a ser filtrado no rim) e retorna para o corpo da caneca, a fim de manter o seu volume. Se é adicionado líquido à caneca e esta pode transbordar, o líquido extra pode ser drenado para fora da alça (comparável ao excesso de água excretado na urina). Se um pequeno volume de líquido for retirado da caneca, o líquido ainda continuará fluindo pela alça, porém a perda de líquido pela alça é interrompida para impedir a perda adicional de líquido. 4 Maria Clara Cabral – 2º Semestre A única maneira de repor o líquido perdido é adicionar água proveniente de uma fonte externa à caneca. A comparação desse modelo com o corpo humano ressalta o fato de que os rins não podem repor a água perdida: tudo o que eles podem fazer é conservá-la. E, como é mostrado no modelo da caneca, se a perda de líquido é grave e o volume diminui abaixo da linha tracejada, o líquido já não flui pela alça, da mesma maneira que uma grande diminuição no volume sanguíneo e na pressão arterial interrompe a filtração renal. A relação da osmolalidade da urina com o volume de água excretada pelos rins. A medula renal dos rins é capaz de produzir uma urina mais concentrada ou menos concentrada, em suas estruturas especializadas (néfrons). A osmolalidade da urina é medida de acordo com o volume de água que os rins excretam. Quando há excesso de água, a medula renal produz uma urina mais diluída (hiposmótica). Essa remoção do excesso de água na urina é chamado de diurese. Fármacos diuréticos atuam na estimulação de produção de urina mais diluída. urina diluída, que pode apresentar uma osmolalidade de até 50 mOsM. Do contrário, quando temos privação de água, o nosso corpo deseja conservar o máximo de água possível, e esse processo também é realizado na medula renal, que terá a função de reter o máximo de água no processo de formação da urina, tornando esse fluido altamente concentrado (hiperosmótico). Mecanismos especializados na medula renal permitem a produção de uma urina até quatro vezes mais concentrada do que o sangue (1.200 mOsM contra os 300 mOsM do sangue). Os rins irão controlar as concentrações de urina variando a quantidade de água e Na+ reabsorvidos no néfron ( túbulo contorcido distal e ducto coletor). - Urina diluída: A membrana não pode ser permeável à agua, mas somente aos solutos iônicos presentes no filtrado, isso nós podemos ver na parte ascendente dilatada da alça de Henle. Para produzir urina diluída, o rim precisa reabsorver solutos sem permitir que a água os siga por osmose. Isso significa que a membrana apical das células tubulares e as junções celulares não podem ser permeáveis à água. Por outro lado, para concentrar a urina, o néfron precisa ser capaz de reabsorver a água, mas deixar os solutos no lúmen tubular. Vale lembrar que as membranas celulares são altamente permeáveis à água e facilita que ela seja reabsorvida por osmose através das aquaporinas. Então, a forma de produzir urina concetrada, pela absorção somente de água sem solutos ocorre por meio de um mecanismo: tornar as células do ducto coletor e o líquido intersticial mais concentrados do que o líquido que flui dentro do túbulo. A situação dos rins e seu arranjo dos vasos sanguíneos e dos túbulos renais, permite que a medula renal mantenha uma alta concentração osmótica (de solutos iônicos) em suas células e no líquido intersticial, fazendo com que haja a osmose de água do filtrado (que se encontra em baixa concentração osmótica em relação às células e ao intestício) para as células e posteriormente para o plasma que irá reabsorver a água. E, então, essa urina à medida que flui pelo ducto coletor vai se tornando mais concentrada. Lembrete: Os compartimentos de líquidos corporais: 5 Maria Clara Cabral – 2º Semestre Por outro lado, quando o corpo precisa conservar água reabsorvendo-a, o epitélio tubular do néfron distal precisa tornar-se permeável à água. Sob o controle hormonal, as células inserem poros de água em suas membranas apicais. Uma vez que a água pode entrar nas células, a osmose leva a água do lúmen menos concentrado para o líquido intersticial mais concentrado. Quando a permeabilidade à água é máxima, a remoção de água do túbulo deixa a urina concentrada com uma osmolalidade que pode chegar a até 1.200 mOsM (Fig. 20.4 - passo 4) A reabsorção de água nos rins conserva a água e pode diminuir a osmolalidade do corpo até certo ponto quando associada à excreção de solutos na urina. Entretanto, lembre-se que os mecanismos homeostáticos dos rins não podem restaurar o volume de líquido perdido. Apenas a ingestão ou a infusão de água pode repor a água que foi perdida. O controle da reabsorção da água pela vasopressina A vasopressina (ADH) é um hormônio da neuro- hipófise e tem a função de alterar a permeabilidade do túbulo distal e do ducto coletor, adicionando ou removendo poros de água (aquaporinas) na membrana apical dessas porções, justamente sobre um estimulo hormonal. Essa ação, altera a concentração da urina e consequentemente a osmolalidade do corpo. OBS: A vasopressina é um pepitídeo de nove aminoácidos e contem o aminoácido arginina, chamada então de arginina vasopressina ou AVP. Devido a vasopressina provocar uma retenção de água no corpo, também é conhecida como hormônio antidiurético (ADH). Quando a vasopressina atua sobre as células do ducto coletor, há a maior reabsorção de água, o que torna a urina a ser excretada mais concentrada. Isso porque, ela vai tornar as células do ducto mais permeáveis à água (agindo no aumento da osmolalidade das células tubulares e do líquido intersticial). No entanto, quando a vasopressina está ausente, o ducto coletor é impermeável à água e a urina a ser excretada será mais diluída. Mas vale lembrar que: A PERMEABILIDADE É VARIÁVEL. A ação da vasopressina sobre a permeabilidade das células tubulares distais e do ducto coletor é proporcional à quantidade de vasopressina presente. O efeito gradual da vasopressina permite ao corpo regular a concentração de urina de acordo com as necessidades corporais: quanto maiores os níveis de vasopressina, mais água é reabsorvida. 6 Maria Clara Cabral – 2º Semestre A atuação da vasopressina está associada às aquaporinas, pois esses canais de água são regulados por esse hormônio. Existem vários tipos de aquaporinas, mas, especificamente nas células do ducto coletor há as aquaporinas 2 (AQP2) localizadas em dois locais da membrana: na membrana apical (voltada para o lumen tubular) e na membrana das vesículas de armazenamento (no citoplasma). Quando a vasopressina chega ao ducto coletor, ela se liga aos seus receptores V2 na membrana basolateral das células (passo 1, na Fig. 20.5c). Essa ligação ativa uma proteína G e o sistema de segundo mensageiro do AMPc (p. 173). A fosforilação subsequente de proteínas intracelulares faz as vesículas de AQP2 se moverem para a membrana apical e fundirem-se com ela. A exocitose insere os poros de água AQP2 na membrana apical, tornando a célula permeável à água. Esse processo, no qual partes da membrana celular são alternadamente adicionadas por exocitose e removidas por endocitose, é denominado reciclagem da membrana (Fig. 5.19, p. 149). EXTRA: 1. A membrana apical de uma célula do ducto coletor tem mais poros de águaquando a vasopressina está presente ou quando ela está ausente? Quando está presente! 2. As pessoas que apresentam deficiências nos receptores V2 de vasopressina produzirão urina diluída ou concentrada? Mais diluída! Estímulos que controlam a secreção da vasopressina São 3: A osmolalidade plasmática, volume sanguíneo e pressão arterial. O estímulo mais potente para a liberação da vasopressina é a osmolalidade plasmática. A osmolalidade é monitorada por osmorreceptores. São neurônios sensíveis ao estiramento e que aumentam a sua frequência de disparo quando a osmolalidade aumenta. Nosso modelo atual indica que quando os osmorreceptores encolhem, canais catiônicos inespecíficos associados aos filamentos de actina se abrem, despolarizando a célula. Os principais osmorreceptores que irão regular a liberação da vasopressina estarão encontrados no hipotálamo. Se a osmolalidade plasmática estiver abaixo do limiar de 280mOsM, os osmorreceptores não serão disparados e a liberação da vasopressina pela hipófise cessa (Fig. 20.6b). Quando a osmolalidade plasmática se encontra acima desse 7 Maria Clara Cabral – 2º Semestre limiar, os osmorreceptores retraem-se e estimulam a liberação da vasopressina. 1. Qual é o limiar osmótico para a liberação de vasopressina? 280 mOsM 2. Qual sinal nos neurônios AVP (vasopressina) desencadeia a exocitose de vesículas contendo AVP? O aumento da osmolalidade plasmática. A alça de Henle e o papel multiplicador de contracorrente. Qual o fator chave para os rins produzirem urina concentrada? A alta osmolalidade do interstício medular. Sem a alta osmolalidade do interstício medular não haveria gradiente de concentração para a movimentação do gradiente osmótico da água para fora do ducto coletor. 8 Maria Clara Cabral – 2º Semestre O que gera essa alta osmolalidade do LEC? E por que a osmolalidade do líquido intersticial não é reduzida quando a água é reabsorvida do ducto coletor e do ramo descendente da alça de Henle (ver Fig. 20.4)? Tudo se dá pela configuração anatômica da alça de Henle e dos vasos sanguíneos associados a ela (vasos retos). Essa associação cria um sistema de troca em contracorrente. Sistema de troca em contracorrente. Se configura quando eu possuo vasos arteriais e venosos muito próximos. Logo, o sangue arterial quente que entra no membro transfere seu calor para o sangue venoso mais frio, que flui da extremidade do membro de volta para o centro do corpo (Fig. 20.7b). Esse arranjo reduz a quantidade de calor perdida para o meio externo. O sistema de troca em contracorrente no rim funciona por meio do mesmo princípio, exceto pelo fato de transferir água e solutos, em vez de calor. Contudo, como o rim forma um sistema fechado, os solutos não são perdidos para o meio externo. Em vez disso, os solutos concentram-se no interstício. Esse processo é auxiliado pelo transporte ativo de solutos para fora do ramo ascendente da alça de Henle, o que torna a osmolalidade do LEC ainda maior. Um sistema de troca em contracorrente, no qual a troca é aumentada pelo transporte ativo de solutos, é chamado de multiplicador em contracorrente. Sistema multiplicador de contracorrente renal 9 Maria Clara Cabral – 2º Semestre O resultado final do multiplicador em contracorrente no rim é produzir líquido intersticial hiperosmótico na medula e filtrado hiposmótico saindo no final da alça de Henle. Todavia, por que a água que deixa o ramo descendente da alça não dilui o líquido intersticial medular? Porque é como se essa perda fosse compensada à medida que os vasos retos (com caráter hiperosmótico), associados à essa alça descendente, atrai a água que está sendo perdida no ramo descendente. Isso diminui a osmolalidade do sangue que volta ao córtex medular, mas também impede a água de diluir o líquido intersticial que está concentrado. Sem os vasos retos, a água movendo-se para fora do ramo descendente da alça de Henle diluiria o interstício medular. Dessa forma, os vasos retos são parte importante na manutenção da alta concentração de solutos na medula. Se o que concentra a urina é a alta osmolalidade do interstício medular, o acúmulo de solutos nesse interstício será característico. Há uma alta concentração de NaCl, e metade desse compartimento de solutos será de UREIA. Essa ureia se concentra ai devido à presença de transportadores de membrana para a ureia nos ductos coletores e na alça de Henle. Uma família de transportadores consiste em carreadores de difusão facilitada, ao passo que outra família apresenta transportadores ativos secundários acoplados ao Na+. Esses transportadores de ureia ajudam a concentrar a ureia no interstício medular, onde ela contribui para a alta osmolalidade intersticial. EQUILÍBRIO DO SÓDIO E VOLUME DO LEC Concentrações de sódio no nosso corpo: maior concentração no LEC, aproximadamente 135-145 mOsM de Na+ por litro de plasma. NaCl + água: aumentaria o volume plasmático (LEC) e aumento substancial na pressão arterial. NaCl sem beber água: aumento na osmolalidade. Desencadeia a ativação dos osmorreceptores, liberação da vasopressina e, consequentemente, retenção hídrica, associada com a excreção de urina concentrada. Os rins são responsáveis pela maior parte da excreção do Na+, e, em geral, apenas uma pequena parte do Na+ deixa o corpo através das fezes ou da transpiração. Entretanto, em situações como o vômito, a diarreia e a sudorese excessiva, podemos perder quantidades significativas de Na+ e Cl- através de rotas não renais. 10 Maria Clara Cabral – 2º Semestre Apenas a reabsorção renal de Na+ é regulada, e os estímulos para que esse controle ocorra são mais associados ao controle do volume sanguíneo e da pressão arterial do que com os níveis de Na+. O movimento do cloreto normalmente segue o movimento do Na+, tanto indiretamente, através do gradiente eletroquímico gerado pelo transporte de Na+, como diretamente, através de transportadores de membrana, como o transportador NKCC da alça de Henle ou como o simporte Na+–Cl-, presente no túbulo distal. A aldosterona controla o equilíbrio do sódio A reabsorção de Na+ nos túbulos distais e ductos coletores renais é regulada pelo hormônio esteroide aldosterona: ↑ALDOSTERONA ↑REABSORÇÃO DE SÓDIO Devido a uma das ações da aldosterona ser o aumento da atividade da Na+-K+-ATPase, ela também promove a secreção de K+. (Fig. 20.9) A aldosterona é produzida no córtex da glândula suprarrenal por um estímulo da ação rápida da Angiotensina II. Assim como outros hormônios esteroides, a aldosterona é secretada no sangue e transportada por uma proteína carreadora até seu alvo. 11 Maria Clara Cabral – 2º Semestre Fatores adicionais que modulam a secreção de aldosterona em níveis patológicos: - aumento na osmolalidade do LEC: pois isso vai atuar diretamente nas células da suprarrenal e inibir a secreção de aldosterona na desidratação grave. - decréscimo na concentração plasmática de Na+ pode estimular diretamente a secreção de aldosterona. O sistema renina angiotensina (SRA) A reabsorção de sódio não aumenta diretamente a baixa pressão arterial, mas a retenção de Na+ aumenta a osmolalidade, o que estimula a sede. Quando a pessoa bebe mais líquido, o volume do LEC aumenta (ver Fig. 20.8). Quando o volume do sangue aumenta, a pressão arterial também aumenta. Peptídeos Natriuréticos promovem a excreção de Na+ e água. O peptídeo natriurético atrial (PNA; também chamado de atriopeptina) é um hormônio peptídico produzido em células especializadas do miocárdio, localizadas principalmente no átrio cardíaco. O PNA é sintetizado como parte de um grande pró-hormônio que é clivado em vários fragmentos de hormônio ativo12 Maria Clara Cabral – 2º Semestre 13 Maria Clara Cabral – 2º Semestre EQUILÍBRIO DE POTÁSSIO A aldosterona, somente, exerce papel fundamental no controle da homeostasia do K+. No LEC a concentração de potássio é mínima (3,5-5,0 mEq/L). Sob condições normais, o balanço das massas iguala a excreção com a sua ingestão. Aumento de potássio no plasma: aldosterona é liberada para o sangue pelo efeito da hipercalemia no córtex da glândula suprarrenal. Ação da aldosterona: sobre as células P do néfron distal mantém os canais iônicos dessas células abertos por mais tempo e aumenta a atividade da bomba Na+- K+-ATPase, aumentando a excreção renal de K+. A regulação dos níveis de potássio no corpo é essencial para a manutenção de um estado de bem- estar. Mudanças nos níveis extracelulares de K+ afetam o potencial de repouso da membrana de todas as células. Se a concentração plasmática (LEC) de K+ diminui (hipocalemia), o gradiente de concentração entre a célula e o LEC torna-se maior, fazendo com que mais K* deixe a célula, e o potencial de repouso da membrana torna-se mais negativo. Se a concentração de potássio no LEC aumenta (hipercalemia), o gradiente de concentração diminui e mais K+ permanece nas células, despolarizando-as. Devido a seus efeitos em tecidos excitáveis, como o coração, os médicos estão sempre preocupados em manter a concentração K+ plasmática de K+ dentro de sua faixa normal. Fraqueza muscular pela hipocalemia Por exemplo, a hipocalemia causa fraqueza muscular, uma vez que é mais difícil para neurônios e músculos hiperpolarizados dispararem potenciais de ação. O perigo dessa condição está na insuficiência dos músculos respiratórios e do coração. Pode ser corrigida através da ingestão oral de suplementos e alimentos ricos em potássio (como laranjas e bananas). Alterações na excitabilidade do músculo cardíaco pela hipercalemia A hipercalemia é o distúrbio de potássio mais perigoso, porque, neste caso, a despolarização dos tecidos excitáveis os torna mais excitáveis inicialmente. Subsequentemente, as células são incapazes de se repolarizar completamente e, na verdade, tornam-se menos excitáveis. Nesse estado, elas apresentam potenciais de ação que são menores do que o normal ou inexistentes. Distrúrbios no balanço de K+ podem ocorrer devido a doenças renais, distúrbios alimentares, perda desse íon na diarreia ou devido ao uso de certos tipos de diuréticos que impedem a reabsorção completa de K+ pelos rins. A correção inapropriada da desidratação também pode gerar um desequilíbrio na concentração de K+.
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