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Perspectiva Racial no Brasil

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RESENHA - A PERSPECTIVA RACIAL NO BRASIL COM BASE EM “O BRANCO INVISÍVEL” DE LOURENÇO CARDOSO
Autor(a): Carla Pontes
Dados do Autor
Lourenço da Conceição Cardoso é doutor em Ciências Sociais pela UNESP – Araraquara, mestre em Sociologia pela Universidade de Coimbra (UC), graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP) e professor adjunto na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)[footnoteRef:0]. [0: www. escavador.com/sobre/lourenco-da-conceicao-cardoso
] 
Principais argumentos, contextualização e análise
Esta resenha se deterá ao "Capítulo 1: As relações raciais no Brasil” em que o autor tratará dos estudos relacionados à perspectiva racial em solo brasileiro. Em meio aos contextos sociais referentes aos séculos XIX e XX houveram as gêneses do que na contemporaneidade foram intituladas como teorias do “racismo biológico”, “ideologia do branqueamento”, “ideologia da democracia racial” entre outras de cunho marcadamente racista. Respectivamente são linhas de pensamento que, em resumo, reforçavam uma supremacia branca; o desejo de uma nação em sua integridade com uma pele de tom claro e, uma vez que o desejável não pode ocorrer, a utilização de um sistema social promotor de uma “igualdade” entre todos mediante o fator da mestiçagem como representante do povo brasileiro.
Essa ideia de democracia racial por um bom tempo salvaguardou o território brasileiro de ser considerado racista. Com o avanço dos estudos e das lutas do povo negro e de suas demandas foi perceptível o quão equivocada essa teoria apresenta-se uma vez que a população negra é uma maioria no país mais ainda permanece sendo marginalizada e consequentemente ocupando os postos de trabalho mais insalubres, o encarceramento em massa, dificuldades no acesso ao ensino superior em virtude da vulnerabilidade econômica entre outras problemáticas.
O passado colonial continua a perseguir independentemente de quanto tempo passe haja vista sua capacidade de influir de tantas formas nas estruturas da sociedade hierarquizada, capitalista e desigual em que nos encontramos.
O fator da mestiçagem citado anteriormente foi um aspecto utilizado conforme o autor Lourenço Cardoso coloca, enquanto uma tentativa de ‘destruição’ da esfera desigual em que os negros sempre estiveram incluídos, sob a roupagem dos mestiços como filhos de uma diversidade e, portanto, representantes de uma sociedade de iguais e desprovida de preconceitos de natureza racial. O autor procura também vincular o branco ao estudo do racial não impondo apenas a comunidade negra a tarefa de entender as nuances que envolveriam o racismo.
Os empregos do termo raça ainda constituem uma temática de debate constante no trato das relações raciais e significaria para o autor um dos caminhos para a extinção do racismo quando encarado sob um viés ‘libertador’. Ou seja, envolveria pensar o termo a partir de um ponto de vista baseado na busca por mudanças em uma realidade social dividida em privilegiados e desprivilegiados, vencedores e perdedores. Entretanto, problemáticas também envolvem o conceito de raça uma delas é acordada pelo autor Lourenço Cardoso em razão de sua aplicação somente em referência ao negro e raramente (ou nunca) aos descendentes da branquitude. Vocábulos como etnia e raça são abordados levando em consideração as junções realizadas com as duas palavras com o passar do tempo e sob uma ótica de integração através da alusão aos fluxos migratórios para os EUA.
A temática racial em solo brasileiro foi marcada por tantas teorias que não surpreende o seu status enquanto objeto de constante estudo e debate. São ideologias, superioridades, determinismos que não podem ser ignorados e detém especificidades, contextos e temporalidades próprias. Determinações que adentram os campos da biologia, geografia exigindo de seu pesquisador um olhar interseccional e plural para o agente causador de suas teorizações, problematizações e anseios.
“Casa-Grande & Senzala” de Gilberto Freyre é uma obra da década de 30 importante para a concepção de uma noção de democracia racial no Brasil e da tese conhecida como “lusotropicalismo”. Freyre curva-se a certo romantismo devido a sua euforia com relação ao cruzamento dos povos, o que poderia significar um novo patamar no processo evolutivo da humanidade. Seu pensamento apresentava alta positividade com relação à interferência estrangeira nas estruturas daquela sociedade o que reforçava características de processos como o “embranquecimento” e um ideal democrático com relação às raças. Enquanto isso, a tese lusotropical trabalha segundo a invisibilidade da diversidade e com foco na unidade do povo, cultural e socialmente.
A definição de racismo apoiada pelo autor envolveria defini-lo como uma espécie de crença onde as características de diferentes naturezas presentes nos seres humanos de modo a classificá-los e organizá-los em determinados 'estratos' dentro de uma sociedade. Dito tudo isso, é perceptível que a construção propriamente dita de uma sociedade antirracista envolveria o entendimento do termo em sua pluralidade de significados e tantos outros conceitos a considerar como discriminação, hierarquia, raça etc.
Problematização e Questionamentos
O racismo é sem dúvida a questão central com a percepção do conceito de raça sendo utilizado de forma muito exclusiva às pessoas negras. A mestiçagem e seus aspectos positivos e negativos apresentada com um olhar especial aos `'contras" que a lhe seriam próprios. Geografia, biologia e o cientificismo aplicados a um panorama racial por diferentes autores que visavam a deslegitimação de determinadas teses em favor de outras linhas de raciocínio. Todas as possíveis questões, de modo particular, envolveriam ter o entendimento do racismo sob um viés de liberdade e como utilizar isso para chegar a um objetivo maior como a constituição de uma sociedade antirracista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CARDOSO, C. Lourenço. O branco “invisível”: um estudo sobre a emergência da branquitude nas pesquisas sobre as relações raciais no Brasil (Período: 1957-2007). [Dissertação de mestrado], Faculdade de Economia e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, 2008.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2019.
www. escavador.com/sobre/lourenco-da-conceicao-cardoso

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