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RESENHA
A REBELIÃO DAS MASSAS[footnoteRef:1] [1: ORTEGA Y GASSET, José. A rebelião das massas. Tradução Felipe Denardi. São Paulo: Vide Editorial, 2016.] 
A obra A rebelião das massas, de José Ortega y Gasset, se insere num momento de grande rebuliço na Europa, numa transição na qual a cultura ia sendo gradualmente engolida pelo partidarismo político característico da era dos grandes totalitarismos. Objetivando analisar a figura do “homem-massa”, esta obra foi demasiadamente interpretada de modo equivocado ou reduzido, tendo seu elemento político suplantado seu objetivo principal que está para além dele. Há na obra, ainda, um clamor de resgate da verdadeira filosofia e, junto dela, da moralidade europeia que cada vez mais se encontravam ameaçadas pela insalubridade trazida por esse homem mediano. 
Já no prólogo dedicado aos franceses, o autor afirma que a Europa conta com uma unidade cultural, teórica e de tradições – de bases liberais – que sustenta as particularidades nacionais, e é por esta sustentada. A perda desse tesouro, assim como uma homogeneização absoluta, representam os maiores riscos a tudo que já fora construído ou que ainda pode ser edificado em todo Ocidente.
Essas ameaças possuem raízes na França, apesar desta nação possuir uma riqueza intelectual sem precedentes. Com exceção de doutrinários como François Guizot, a intelectualidade francesa, desde 1750, produziu uma visão política falha, perigosa e soberba, acreditando que o homem e a sociedade funcionavam sob as mesmas leis descobertas pelas ciências naturais. Essa crença lança as bases da mentalidade revolucionária, que negando a natureza histórica do homem e tirando dele a sua possibilidade de continuidade, expõe-nos ao risco de regressarmos à bestialidade completa – que a própria memória histórica nos livrou. A Inglaterra, por outro lado, mantendo e cultuando sua memória consegue manter vivo o único instrumento que nos livra, nas palavras do autor (2016, p. 73), de “uma luta ilustre e perene entre os paralíticos e os epiléticos.”
Gasset considera a história como um produto das ações humanas, que obedece às possibilidades e às escolhas dentro de um universo vital. A ampliação dessas possibilidades e a produção de grandes ideias e virtudes costumam gerar momentos marcados por um sentimento de plenitude, verdadeiros “ápices da história”. A democracia liberal e a técnica, produtos da era moderna, tornaram o século XIX um desses ápices: concederam à Europa uma vertiginosa expansão de suas possibilidades vitais e, ao mesmo tempo, de sua população. Nunca se teve tanta possibilidade de escolha, e nunca o mundo esteve tão lotado. As distâncias espaciais e temporais se encurtaram, a ciência avançou fabulosamente. 
Contudo, estes tempos de plenitude, limitados por sua própria grandeza, concedem à história o protagonismo sobre si mesma, condenando o homem à incapacidade de considerar o imprevisto e, consequentemente, de se preparar. Esvaziam o mundo de projetos e ideais e condenam as minorias dirigentes à deserção. Sendo assim, toda essa infinidade de possibilidades trazidas pelo XIX deve desenvolver em nós a capacidade de esperar por tudo, inclusive pelo retrocesso e pela barbárie. 
O “bárbaro” que Gasset apresenta como o produto mais característico destes tempos de glória é o homem-massa, que toma como natural esta falta de necessidade de realizar algo grandioso. A “sobra” de facilidades deixadas pelo século XIX gerou, em seu próprio seio, um indivíduo que se assemelha ao “filhinho de papai”: não possui consciência de suas limitações e crê que pode fazer tudo que der na telha. Se a vida progride apenas quando há um equilíbrio entre as facilidades e os problemas, entre as benesses e as angústias – como demonstram a paleontologia e a biogeografia –, a contemporaneidade está profundamente ameaçada à regressão e à barbárie porque transbordam as benesses.
O indivíduo formado nesta sociedade é como o nobre por herança: sendo apenas uma representação, vivendo como herdeiro, e sem poder ser ele mesmo e o outro que representa (seu honrado antepassado), é inautêntico. Não sendo impelido a buscar superar as dificuldades, já que estas foram consideravelmente reduzidas, torna-se inapto a produzir civilização, e tomando a que vive como natural, tende a negá-la. É um parasita sem raízes que renega aquilo que o constituiu, como fizeram os cínicos afastando-se da sociedade e como fazem os fascistas negando a liberdade política. 
Do mesmo modo, o homem-massa é caracterizado pela identidade; incapaz de atribuir juízo de valor sobre si mesmo, se sente como “todo mundo” e, portanto, não se angustia. É marcado pela inércia, a incapacidade de realizar algo para além daquilo que a natureza exige dele. E diferentemente do que se pensa, ele não é o absoluto ignorante, mas o de alma obliterada: preenchido por meia dúzia de palavras vazias, pedaços de ideias e superficialidades, crê-se completo, e se fecha à qualquer instância inteligível, a qualquer norma coletivamente reconhecida e a qualquer discussão racional. Apenas impõe as “ideias” que pensa ter e, mais que isso, exige que a vulgaridade que lhe é constitutiva seja reconhecida como norma universal. Idolatra sua própria incapacidade.
Um fato que demonstra que o homem-massa não é o ignorante, mas o mediano, é a sua grande presença no meio científico, braço fundamental da técnica. Mais que isso, a ciência experimental não apenas foi preenchida pelo indivíduo mediano, mas também o produziu, à medida que foi se especializando: mesmo impulsionando o desenvolvimento científico ao permitir um aprofundamento investigativo nunca antes visto, a ciência especializada formou homens que desconhecem a maior parte dos saberes que constituem ela própria e a civilização. Estes homens ignoram uma imensidão de saberes, mas o domínio de uma pequena parcela causa um fechamento de suas almas e uma crença de superioridade intelectual. Douto em sua especialidade e ignorante no restante, é também incapaz de realizar a sistematização que a ciência exige de tempos em tempos e que é fundamental ao seu desenvolvimento.
Oposto ao homem-massa encontra-se o nobre, termo que originalmente se refere ao esforço, às capacidades de se projetar e de reconhecer limites e autoridades para além de si mesmo. Dessa forma, nobreza não significa aqui “nobreza de sangue”, muito pelo contrário, pois esta não significa, conforme supracitado, esforço ou crescimento, mas apenas benesse hereditária e privilégio desmerecido. E reconhecendo essa autoridade transcendente, é o nobre o servo por excelência, diferente do que comumente se pensa. 
A sociedade fora sempre composta por estas minorias seletas e a massa – divisão que claramente não possui relação direta com a ideia das classes sociais, pois tanto ricos quanto pobres podem muito bem compor a massa ou constituir essas minorias. Contudo, no contexto do autor, o homem médio passou a ocupar o lugar antes reservado aos homens de minoria, e passou a usufruir de prazeres e instrumentos até então reservados a estes. Um desses instrumentos, e certamente o mais evidente, é a política.
Ao dominar uma nação, a massa destrói a estrutura racional que favorece a convivência entre os diferentes e opositores que a democracia liberal estruturou, e funda uma política interventora que age sempre violentamente. A política da “ação direta” – que se expressa no sindicalismo e no fascismo – se torna a normativa, e toda instância intermediária é dissolvida; toda estrutura que sustenta a cultura cai por terra. Resta-nos apenas, após a intervenção violenta das massas, a barbárie (a ausência da cultura). 
A raiz das forças estatais modernas está na sua racionalização promovida pela burguesia especializada que ascende ao poder nos séculos XVIII e XIX. O Estado absoluto, frágil perante a sociedade civil – apesar da opulência –, controlado pela decadente nobreza, é conquistado pela burguesia e recebe suas virtudes. Rapidamente sua administração se desenvolve e ele iguala sua força à da sociedade, pondo fim às revoluções. 
Esse aparelhoanônimo, forte e interventor se encaixa perfeitamente nos interesses do homem-massa, que tenderá a exigir cada vez mais a sua atuação massiva diante de todo e qualquer problema na sociedade. Esse ganho de poder e de capacidade intervencionista coloca em risco a espontaneidade social e histórica que garante a produtividade dos homens e nutre seu destino. Do mesmo modo que ocorrera com o Império Romano, o fortalecimento do Estado leva à escravização da população, à anulação de sua vitalidade e, por fim, culmina numa militarização – burocratização máxima da sociedade. Neste sistema a violência e a ação direta se tornam normas gerais e absolutas.
Para além deste risco imediato, a rebelião das massas representa também um perigo ao futuro da Europa e de todo Ocidente. Marcado pela inércia e tomando esse conjunto de benefícios (tecnologias, medicamentos, automóveis) como algo natural e independente das estruturas fundamentais da cultura, a massa crê que apenas os interesses financeiros são capazes de sustentá-los. Não se dispõe, portanto, ao ato criador e nem ao menos à proteção das estruturas que possibilitaram o avanço da sociedade.
Uma demonstração desse desinteresse pela criação se verifica na desproporção que há entre o número de homens dedicados à ciência e a população geral: mesmo com o protagonismo e o sucesso daquela – algo ausente atualmente nas outras instâncias da cultura – e o crescimento exponencial desta, cada vez a ciência conta com menos indivíduos e menos reconhecimento. Diferentemente da filosofia – que não depende de reconhecimento ou proteção –, ela necessita de investimento material e intelectual do homem médio, assim como este não conseguiria viver sem ela. Assim, a civilização se ergue como um edifício sobre a natureza, mas pode ser também engolida por ela a qualquer momento, pois esta sustenta-se a si mesma: pode retornar como as ervas que vão tomando conta das colunas das ruínas antigas. E é isto que tem acontecido à medida que o homem-massa vai conquistando um protagonismo na Europa, pois suas ações colocam em risco o edifício da civilização, prenunciam a barbárie.
Porém, além da inércia na edificação de um futuro culturalmente válido, esta massa é desprovida de uma consciência histórica integral, condição necessária para se superar o passado e atingir a “altura dos tempos”. A ausência desta consciência se expressa no antiliberalismo, assim como em qualquer outra negação sistemática: o que se opõe a algo e propõe anulá-lo não está adiante dele, não o supera, mas propõe um retorno a um passado no qual aquilo que está sendo combatido ainda não existia. Por isto mesmo bolcheviques e fascistas são primitivistas, construirão um mundo arcaico e mais próximo da natureza selvagem. Para avançar, a Europa precisa conservar o seu liberalismo essencial, observar – no passado – onde ele falha e superá-lo.
Ao contrário, cientes da inexistência de tempos definitivos e seguros, avessos ao “ideal moderno”, os homens se libertaram da atitude comparativa e gozam de uma realidade que se basta em si mesma. A sensação de libertação e o regozijo diante do imprevisível encontra-se paralela a um descaso com o passado, com as tradições. O homem contemporâneo se sente começo de uma nova era, era esta que não possui sombra; modelos, normas ou pautas que o passado poderia nos oferecer já não servem mais. O presente sente-se, portanto, forte, orgulhoso; ao mesmo tempo que teme o porvir, encontra-se inseguro de suas próprias forças. 
Uma compreensão mais profunda de todo este fenômeno que envolve a Europa – e ameaça tudo o que sua sociedade já construiu – requer que seja feita outra pergunta fundamental: “quem manda no mundo?” Avançando na busca pela resposta, observa-se que o “mando” não se fundamenta na força, na coação física, pois esta só se encontra disponível ao grupo dominante à medida em que ele já possui para si o exercício do poder. Desse modo, o mando depende de algo anterior, que é a opinião pública, de modo que não há mando de verdade quando o poder se estrutura apenas na força – como aconteceu com Napoleão na Espanha.
Seu exercício é, portanto, um exercício de domínio espiritual. Por séculos esse domínio se encontrava dependente da religião, mas aos poucos, especialmente com o Sacro Império Romano, ele foi se desvencilhando e constituindo o mando político. Este é estruturado num conjunto de opiniões, crenças, ideias e propósitos, e tudo isso se altera quando há uma alteração no grupo que detém o poder.
E se o mando, que é essencialmente equilíbrio e ordem, depende da opinião pública, a ausência desta leva ao caos, à barbárie, conforme demostram as “idades médias” da história. E isso nos leva a questionar sobre o contexto do pós-guerra: acredita-se que a Europa perdeu seu mando sustentado por séculos – encontra-se em “decadência” –, então quem ocupará este posto?
Gasset acredita que, se for verdadeira esta ideia de que a Europa está perdendo o mando, o futuro parece fadado ao caos, pois não há no horizonte um povo digno de ocupar este posto. Nova Iorque e Moscou – aparentemente as mais promissoras – são exemplos de realidades de camouflage histórica: povos jovens que ainda não produziram ideias, apenas são reflexo ou readaptação de outras originais. Ambas são, essencialmente, produtos de ideias europeias do século XIX: técnica e pragmatismo, e marxismo, respectivamente.
A ausência deste mando pode gerar, por um curto espaço de tempo, uma exaltação daqueles que obedeciam. Contudo, como a vida humana depende da presença de um norte, necessita de uma direção definida, essa ausência logo leva as sociedades a um movimento sem rumo e sem finalidade estabelecida. Apenas vagam num trajeto sem sentido.
Dessa forma, a Europa não vivencia uma decadência por si mesma, como se reduzissem suas capacidades vitais. Pelo contrário, os últimos séculos ampliaram consideravelmente as possibilidades dos indivíduos, mas tudo indica que as estruturas tradicionais, também edificadas nestes últimos tempos, não progrediram devidamente e hoje limitam as realizações humanas.
Há, portanto, uma urgente necessidade de se reformar essas instituições de modo a garantir a liberdade produtiva dos homens. A caducidade dessas estruturas públicas é a razão, por exemplo, da diferença entre a qualidade produtiva norte-americana e a europeia: enquanto aquela conta com um mercado bastante expansivo, esta se encontra cada vez mais limitada e restringida pelas estruturas nacionais arcaicas.
O surgimento da urbe e da pólis greco-romana revela um aspecto fundamental no processo de formação do Estado que pode servir na compreensão desta limitação institucional que Gasset aponta. O Estado nunca se constitui de forma natural, mas é resultado do emprego de uma considerável energia vital que visa ao afastamento da ordem natural. A sociedade civil organizada é uma estrutura da ordem abstrata, mais elevada que a natureza bruta. E o desenvolvimento das estruturas políticas obedece ao mesmo processo, depende também da ação imaginativa e do emprego de energia vital; o que justifica a decadência de Roma após a morte de César, um dos poucos líderes com capacidade suficiente para desenvolver estruturas que transcenderiam o urbanismo romano tradicional.
César fora um exemplo de homem “cabeça clara”, um indivíduo capaz de reconhecer o caos que é a realidade concreta e fugir das fórmulas que simplificam essa realidade e são utilizadas pelos bobos para aliviá-los do desgaste que é lidar com o universo vital, sua inconstância e problematicidade. Sua genialidade se expressou em sua capacidade de antecipar, muitos séculos antes, uma ideia que se concretiza com a formação dos Estados Nacionais modernos: enquanto a mentalidade romana era fixada no contexto urbano e acreditava que os problemas enfrentados por Roma eram causados pela expansão, César defendeu justamente a expansão, a construção de uma sociedade na qual as periferias fossem, assim como a capital, agentes passivos e ativos na construção da civilização romana. 
Desse modo, o Estado é essencialmentedinamismo, construído pela ação concreta dos homens e atravessado pelos seus anseios sempre em processo de expansão, algo esquecido pelos historiadores – meros “filólogos” de acordo com Gasset. Quando a vitalidade que sustenta essa ação se esvai, a nação se atomiza. 
Sua unidade não é, portanto, definida pelo sangue, pelo idioma ou pelas “fronteiras naturais”, pois estas unidades são inclusive formadas a partir de uma prévia unidade política. Mais que isso, estas estruturas que até então parecem fundamentar a nacionalidade na verdade eram antes obstáculos que foram, graças aos anseios humanos, superados. E o Estado Moderno não apenas proporciona a união sempre crescente entre diferentes povos e nações, mas também demanda uma união interna cada vez mais intensa, já que, diferentes das estruturas políticas antigas, é muito mais baseado na ação que nos determinantes materiais.
O elemento fundamental da nação é, conforme dizia Renan, um "plebiscito cotidiano". Contudo, esse plebiscito não funciona como um acordo de manutenção de um passado comum, mas a reafirmação de um projeto futuro. O homem é essencialmente futurista, e o europeu moderno se abre a essa realidade e alinha seu ser às suas ideias. Não se fundando num projeto futurista, o Estado antigo não era capaz de unir os espíritos e dependia unicamente da eficácia administrativa e militar, o que lhe concedia a capacidade de se expandir fácil e rapidamente. O Estado Nacional, pelo contrário, depende de uma expansão complexa que necessita da união dos espíritos, a percepção da unidade em meio à pluralidade. Ele é, portanto, democrático em sua própria natureza.
Por fim, no Epílogo para Ingleses o autor destaca a profunda falha cometida pelos pacifistas, que desconhecendo a natureza da história e das nações consideram a paz simplesmente como uma posição à qual os homens tendem naturalmente. Gasset afirma que só há um modo de se alcançar a paz, e é construindo-a, ou seja, encontrando algo que supere a guerra e permita o desenvolvimento de um direito que cubra as diferentes nações europeias. Quaisquer tentativas de superação que partam apenas de uma negação estão fadadas ao fracasso devido ao dinamismo social – que exige um contraproposta efetiva –; e mais, colocarão em risco a paz já construída, como aconteceu à Inglaterra ao subestimar o nacionalismo alemão. 
Gasset acredita também que uma pretensão descabida por parte dos indivíduos de algumas nações, ao opinarem sobre outros grupos sociais e se julgarem aptos a interferir em sua dinâmica, tem colocado em risco a já frágil relação dos países europeus. Retomando ideias caras à Rebelião das massas, o autor defende uma superação dessas querelas internas para que a unidade moral europeia seja restabelecida e haja uma superação da estrutura fragmentada rumo a uma unidade democrática que devolva à Europa a vitalidade que lhe conferiu as glórias dos últimos séculos da Modernidade.

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