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2- DEFICIÊNCIA FISICA

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
 
 
DEFICIÊNCIA FISICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3 
UNIDADE 2 – DEFICIÊNCIA FÍSICA ......................................................................... 5 
2.1 O SISTEMA NERVOSO, A FUNÇÃO DOS HEMISFÉRIOS E A PLASTICIDADE NEURAL .......... 6 
2.2 CONCEITO E DEFINIÇÕES ..................................................................................... 14 
2.3 CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................. 17 
2.4 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS ................................................................................ 19 
UNIDADE 3 – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ....................... 30 
3.1 CONCEITO E DEFINIÇÃO ....................................................................................... 32 
3.2 AS SALAS DE RECURSOS ..................................................................................... 35 
3.3 A SALA DE RECURSO PARA DEFICIÊNCIA FÍSICA ...................................................... 38 
UNIDADE 4 – AVALIAÇÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MOTORA .............. 43 
UNIDADE 5 – ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS ....................................................... 49 
UNIDADE 6 – ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE / AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA
 .................................................................................................................................. 58 
UNIDADE 7 – INTRODUÇÃO A EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS DIFERENTES 
TIPOS DE NECESSIDADES ESPECIAIS ................................................................ 66 
UNIDADE 8 - EDUCAÇÃO ESPECIAL: CONCEITOS E DEFINIÇÕES ................... 69 
UNIDADE 9 - A EDUCAÇÃO ESPECIAL: DOS PRIMÓRDIOS AO SÉCULO XXI .. 79 
UNIDADE 10 - PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS: 
CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO ............................................................... 86 
UNIDADE 11 - AS DIFERENTES NECESSIDADES ESPECIAIS ............................ 88 
5.1 DEFICIÊNCIAS SENSORIAIS .................................................................................. 91 
5.1.1 Deficiência visual....................................................................................... 91 
5.1.2 Deficiência auditiva ................................................................................... 93 
5.2 DEFICIÊNCIAS FÍSICAS ......................................................................................... 95 
5.3 Deficiências mentais .................................................................................... 97 
5.4 Crianças superdotadas .............................................................................. 100 
UNIDADE 12 - ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E OS 
RECURSOS EDUCACIONAIS ESPECIAIS ........................................................... 109 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 119 
 
 
 
3 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Maria Teresa Egler Mantoan ao prefaciar a obra “Manual de Acessibilidade 
espacial para escolas” (BRASIL/MEC, 2009) nos lembra que a escola como 
ambiente educativo inclusivo requer condições que garantam o acesso e a 
participação autônoma de todos os alunos às suas dependências e atividades de 
formação e assegurar tais condições é um dos motes dos educadores e demais 
profissionais que atuam nessas escolas. 
De imediato e permeando a vida profissional, devemos ter em mente o 
acolhimento às diferenças, sem restrições, limitações e discriminações. 
Quando pensamos em inclusão, temos que pensar em diversidade e 
considerar que todos os alunos possuem características próprias e necessidades 
diversificadas, sejam eles deficientes ou não. No entanto, em se tratando de alunos 
deficientes, tais características e necessidades tornam-se acentuadas. 
Os alunos com deficiência física, por exemplo, precisam ser incentivados e 
estimulados a adquirir a consciência do próprio corpo e, tanto a escola quanto a 
família, apresentam papel fundamental nesse aspecto. A prática de esportes é uma 
alternativa para favorecer o desenvolvimento dessa consciência, bem como de 
outras competências. Contudo, quando o aluno possui deficiência física, é 
necessária uma série de adaptações para que, tanto a prática de esportes, quanto a 
realização de outras atividades, sejam viabilizadas. 
Pois bem, as breves palavras acima mostram a que veio a apostila intitulada 
“Atendimento Educacional Especializado para deficiência física e mobilidade”, ou 
seja, trabalharemos esse tipo de deficiência o que passa por conhecermos a 
definição, entendermos um pouco do papel do sistema nervoso central e a 
plasticidade neural, as causas e consequências da deficiência física, como acontece 
o AEE – Atendimento Educacional Especializado – especificamente, a avaliação 
desses alunos, as adaptações necessárias e orientação, e mobilidade para que 
conquiste autonomia e independência. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
 
 
4 
 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
 
5 
 
UNIDADE 2 – DEFICIÊNCIA FÍSICA 
 
Segundo Almeida e Coffani (2010), a história do corpo deficiente permite 
compreender que o homem na pré-história dependia quase que exclusivamente do 
movimento corporal para sua sobrevivência. As pessoas com algum tipo de 
deficiência, os idosos e os doentes eram incapazes de se sustentar sozinhos e 
dependiam da ação da tribo. Em alguns casos, eles eram abandonados em lugares 
longínquos e perigosos. A morte era uma certeza. 
Sant’anna (2006) comenta em seus estudos que na antiguidade grega, 
instalou-se o culto aos corpos. A beleza física era sinal de força, inteligência e obra 
divina. Assim, os gregos viam os deficientes físicos como uma aberração, algo que 
deveria ser desprezado e que não poderia estar entre eles. 
Para Silva, Seabra e Araújo (2008), na Idade Média, guiados por crenças 
dogmáticas de que o homem deveria ser como a “imagem e semelhança de Deus”, 
os familiares eram responsáveis por esconder seus filhos defeituosos para eles não 
sofrerem discriminação de outras pessoas ditas “normais”, pois eram vistos como 
seres possuidores de demônios, e a deficiência, como algo sobrenatural. A partir da 
Segunda Guerra Mundial e, em especial, com o pleno desenvolvimento das ciências, 
esse quadro sofreu modificações: viu-se que a deficiência não era causada por 
algum mau espírito e que estava relacionada à saúde. 
Percebe-se que a forma como a sociedade vê os deficientes físicos vem 
mudando ao longo do tempo. Na década de 1960 e início de 1970, surge, na 
Dinamarca, a filosofia da integração e normalização, que tem como foco levar o 
indivíduo a ter uma vida “normal” e a integração do aluno no ensino regular 
(ALMEIDA; COFFANI, 2010). 
Inúmeros estudos afirmam que a educação física é parte integrante da 
formação integral do ser humano; no contexto escolar, especificamente, a educação 
do corpo pelo movimentopode abranger a pessoa como um todo. A partir da 
inclusão das pessoas com deficiência física (não exclusivamente estas, mas as 
demais deficiências) no ensino regular, é pertinente também a sua inclusão na 
disciplina de educação física escolar, pois é importante que o aluno com deficiência 
física participe e vivencie as práticas corporais que podem trazer mais autoconfiança 
e independência, além de favorecer ao estabelecimento das inter-relações sociais. 
 
 
6 
 
O movimento corporal permite que o ser humano se comunique, estabeleça 
ações com a sociedade e trocas de experiências. Por meio do corpo em movimento, 
potencializa-se a expressão da linguagem, principalmente a cultural, que envolve a 
dança, os esportes, entre outros (ALMEIDA; COFFANI, 2010). 
Nesse contexto, vale citar que a educação física escolar pode possibilitar a 
construção de valores éticos, como o respeito mútuo e a valorização das diferenças, 
e permite ao aluno desenvolver e demonstrar suas capacidades psicomotoras e 
suas dificuldades, para que possam ser trabalhadas juntamente aos demais alunos, 
estabelecendo, assim, um convívio social baseado na cooperação (BRASIL, 2000). 
 
2.1 O sistema nervoso, a função dos hemisférios e a plasticidade neural 
O papel primário do Sistema Nervoso (SN) é coordenar e controlar a maior 
parte das funções de nosso corpo. Para fazer isso, o Sistema Nervoso recebe 
milhares de informações dos diferentes órgãos sensoriais e, a seguir, integra todas 
elas, para depois determinar a resposta a ser executada pelo corpo. Essa resposta 
será expressa pelo comportamento motor, atividade mental, fala, sono, busca por 
alimento, regulação do equilíbrio interno do corpo, entre outros. 
De acordo com a estrutura do sistema nervoso, temos partes situadas dentro 
do cérebro, da coluna vertebral e outras distribuídas por todo corpo. As primeiras 
recebem o nome coletivo de sistema nervoso central (SNC), e as últimas, de sistema 
nervoso periférico (SNP). 
É no sistema nervoso central que está a grande maioria das células, seus 
prolongamentos e os contatos que fazem entre si. No sistema nervoso periférico, 
estão relativamente poucas células, mas há um grande número de prolongamentos 
chamados fibras nervosas, agrupadas em filetes alongados chamados nervos. 
O caminho de evolução do SNC percorrido pelo seres humanos se deu em 
direção à crescente intercomunicação entre neurônios, levando ao desenvolvimento 
de novas estruturas neuronais, que nos possibilitam uma mais rica percepção 
consciente do mundo em que vivemos e uma mais efetiva adaptação a diferentes 
ambientes. O processo evolutivo levou (até pela complexidade de suas dimensões e 
potencialidades) à separação de funções entre os nossos hemisférios corticais, 
 
 
7 
 
criando-nos, de um lado, um “cérebro” cognitivo, racional e analítico e, de outro, um 
“cérebro” intuitivo, afetivo e emocional. 
Da existência destes dois modos operacionais surge-nos, se soubermos 
integrá-los harmoniosamente, a potencialidade de um processo de consciência 
bastante ampliado e de uma vida mais plena, criativa e amorosa. 
É preciso também notar que o processo de interação entre os neurônios não 
é fixo, mesmo após o nosso desenvolvimento e maturação iniciais. Ao contrário, 
dada a plasticidade entre as conexões sinápticas e à ação variável de substâncias 
transmissoras e moduladoras, o cérebro deve ser entendido como um conjunto de 
sistemas funcionais altamente dinâmicos com amplas potencialidades de reajuste e 
até de recuperação. 
Finalmente é preciso considerar que o homem não é um organismo 
acabado. Seu cérebro continua em constante evolução biológica adequando-se 
sempre a novas circunstâncias, e em busca do equilíbrio (SCHMIDEK; CANTOS, 
2008). 
Aos nossos propósitos, é preciso saber as funções essenciais do sistema 
nervoso: ajustar o organismo ao ambiente; perceber e identificar as condições 
ambientais externas, bem como as condições reinantes dentro do próprio corpo; 
elaborar respostas que adaptem a essas condições; função sensorial, integrativa e 
motora. 
Experiências sensoriais podem provocar uma reação imediata no corpo ou 
podem ser armazenadas como memória no encéfalo por minutos, semanas ou anos, 
até que sejam utilizadas num futuro controle de atividades motoras ou em processos 
intelectuais. 
A cada momento somos bombardeados por milhares de informações, no 
entanto, armazenamos e utilizamos aquelas que, de alguma forma, sejam 
significativas para nós e descartamos outras não relevantes. 
Aprendemos aquilo que vivenciamos e a oportunidade de relações e 
correlações, exercícios, observações, autoavaliação e aperfeiçoamento na execução 
das tarefas fará diferença na qualidade e quantidade de coisas que poderemos 
aprender no curso de nossas vidas. 
 
 
8 
 
Piaget afirma que a inteligência se constrói mediante a troca entre o 
organismo e o meio, mecanismo pelo qual se dá a formação das estruturas 
cognitivas. O organismo com sua bagagem hereditária, em contato com o meio, 
perturba-se, desequilibra-se e, para superar esse desequilíbrio e se adaptar, constrói 
novos esquemas (BRASIL, 2003, p. 19). 
Dessa maneira, as ações da criança sobre o meio: fazer coisas, brincar e 
resolver problemas podem produzir formas de conhecer e pensar mais complexas, 
combinando e criando novos esquemas, possibilitando novas formas de fazer, 
compreender e interpretar o mundo que a cerca. 
O aprendizado tem início muito precoce! 
Durante a primeira etapa do desenvolvimento infantil, a criança especializa e 
aumenta seu repertório de relações e expressões através dos movimentos e das 
sensações que estes lhe proporcionam; das ações que executa sobre o meio; da 
reação do meio, novamente percebida por ela. Sensações experimentadas, 
significadas afetiva e intelectualmente, armazenadas e utilizadas, reutilizadas e 
percebidas em novas relações e, assim por diante, vão formando um banco de 
dados que no futuro será retomado em processamentos cada vez mais complexos e 
abstratos. 
Camargo (1994, p. 20) citando Piaget diz que é a criança cientista, 
interessada em relações de causalidade, empírica ainda, mas sempre em busca de 
novos resultados por tentativa e erro. 
Desta forma, podemos dizer que à medida que a criança evolui no controle 
de sua postura e especializa seus movimentos, sendo cada vez mais capaz de 
deslocar-se e aumentar sua exploração do meio, está lançando as bases de seu 
aprendizado, seu corpo está sendo marcado por infinitas e novas sensações. 
Desde o nascimento, o cérebro infantil está em constante evolução através 
de sua inter-relação com o meio. A criança percebe o mundo pelos sentidos, age 
sobre ele, e esta interação se modifica durante a evolução, entendendo melhor, 
pensando de modo mais complexo, comportando-se de maneira mais adequada, 
com maior precisão práxica, à medida que domina seu corpo (LEFÈVRE s.d. apud 
CAMARGO, 1994). 
 
 
9 
 
Neste sentido, a criança com deficiência física não pode estar em um mundo 
à parte para desenvolver habilidades motoras. É preciso que ela receba os 
benefícios tecnológicos e de reabilitação em constante interação com o ambiente ao 
qual ela pertence. É muito mais significativo à criança desenvolver habilidades de 
fala se ela tem com quem se comunicar. Da mesma forma, é mais significativo 
desenvolver habilidade de andar se para ela está garantido o seu direito de ir e vir. 
O ambiente escolar é para qualquer criança o espaço por natureza de 
interação de uns com os outros. É nesse espaço que nos vemos motivados a 
estabelecer comunicação, a sentir a necessidade de se locomover, entre outras 
habilidades que nos fazem pertencer ao gênero humano. O aprendizado de 
habilidades ganha muito mais sentido quando a criança está imersa em um 
ambiente compartilhado que permite o convívio e a participação. A inclusão escolar 
é a oportunidade para que de fato a criança comdeficiência física não esteja à parte, 
realizando atividades meramente condicionadas e sem sentido. 
Mesmo sem entrarmos em detalhes sobre o SN, vale saber, de acordo com 
o quadro resumo abaixo, as funções dos componentes desse sistema: 
Córtex Cerebral 
Pensamento 
Movimento voluntário 
Linguagem 
Julgamento 
Percepção 
Cerebelo 
Movimento 
Equilíbrio 
Postura 
Tônus muscular 
Tronco encefálico 
Respiração 
Ritmo dos batimentos cardíacos 
Pressão arterial 
Mesencéfalo 
Visão 
Audição 
Movimento dos olhos 
Movimento do corpo 
Tálamo 
Integração sensorial 
Integração motora 
Sistema límbico 
Comportamento emocional 
Memória 
Aprendizado 
Emoções 
Vida vegetativa (digestão, circulação, excreção etc.). 
 
Apesar do nosso cérebro ser divido em dois hemisférios, não existe relação 
de dominância entre eles, pelo contrário, eles trabalham em conjunto, utilizando-se 
 
 
10 
 
dos milhões de fibras nervosas que constituem as comissuras cerebrais e se 
encarregam de pô-los em constante interação. O conceito de especialização 
hemisférica se confunde com o de lateralidade (algumas funções são representadas 
em apenas um dos lados, outras nos dois) e de assimetria (um hemisfério não é 
igual ao outro). 
Segundo Lent (2002), o hemisfério esquerdo controla a fala em mais de 95% 
dos seres humanos, mais isso não quer dizer que o direito não trabalhe, ao 
contrário, é a prosódia do hemisfério direito que confere à fala nuances afetivas 
essenciais para a comunicação interpessoal. O hemisfério esquerdo é também 
responsável pela realização mental de cálculos matemáticos, pelo comando da 
escrita e pela compreensão dela através da leitura. Já o hemisfério direito é melhor 
na percepção de sons musicais e no reconhecimento de faces, especialmente 
quando se trata de aspectos gerais. O hemisfério esquerdo participa também do 
reconhecimento de faces, mas sua especialidade é descobrir precisamente quem é 
o dono de cada face. 
Da mesma forma, o hemisfério direito é especialmente capaz de identificar 
categorias gerais de objetos e seres vivos, mas é o esquerdo que detecta as 
categorias específicas. O hemisfério direito é melhor na detecção de relações 
espaciais, particularmente as relações métricas, quantificáveis, aquelas que são 
úteis para o nosso deslocamento no mundo. O hemisfério esquerdo não deixa de 
participar dessa função, mas é melhor no reconhecimento de relações espaciais 
categoriais qualitativas. Finalmente, o hemisfério esquerdo produz movimentos mais 
precisos da mão e da perna direitas do que o hemisfério direito é capaz de fazer 
com a mão e a perna esquerda (na maioria das pessoas). 
O conceito de dominância hemisférica surgiu para explicar a relação entre a 
atividade dos dois hemisférios, no sentido de que determinadas funções linguísticas 
exercidas predominantemente pelo hemisfério esquerdo exerceriam uma 
dominância sobre as funções do hemisfério direito. Entretanto, estudos mais 
recentes mostraram que os dois hemisférios não interagem através do domínio de 
um sobre o outro, mas sim através da especialização de certas funções, ou seja, um 
dos hemisférios é encarregado por um grupo de funções, enquanto o segundo 
encarrega-se de outras. O que é importante ressaltar é que ambos trabalham em 
conjunto. Esse novo conceito é chamado de especialização hemisférica. 
 
 
11 
 
Resumindo, estudos revelaram que o hemisfério direito percebe e comanda 
funções globais, categoriais, enquanto o esquerdo se encarrega das funções mais 
específicas relacionadas com a linguagem. 
Hemisfério esquerdo Hemisfério direito 
 
A plasticidade neural 
A plasticidade neural refere-se à capacidade que o SNC possui em modificar 
algumas das suas propriedades morfológicas e funcionais em resposta às alterações 
do ambiente. Na presença de lesões, o SNC utiliza-se desta capacidade na tentativa 
de recuperar funções perdidas e/ou, principalmente, fortalecer funções similares 
relacionadas às originais (OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000). 
A plasticidade do SNC ocorre, classicamente, em três estágios: 
desenvolvimento, aprendizagem e após processos lesionais. 
Desenvolvimento – na embriogênese, tem-se a diferenciação celular, em 
que células indiferenciadas, por expressão genética, passam a ser neurônios. Após 
a proliferação, migram para os locais adequados e fazem conexões entre si 
(ANNUNCIATO; SILVA, 1995). 
 
 
12 
 
Os neurônios dispõem de uma capacidade intrínseca sobre sua posição em 
relação a outros neurônios, e seus axônios alcançam seus destinos graças aos 
marcadores de natureza molecular e à quimiotaxia. A secreção de substâncias 
neurotróficas, neste caso, os fatores de crescimento ajudam o axônio na busca de 
seu alvo (LINDEN, 1993). A maturação do SNC inicia-se no período embrionário e 
só termina na vida extrauterina. 
Portanto, sofre influências dos fatores genéticos, do microambiente fetal e, 
também, do ambiente externo, sendo este último de grande relevância para seu 
adequado desenvolvimento. 
O processo da aprendizagem pode ocorrer a qualquer momento da vida de 
um indivíduo, seja criança, adulto ou idoso, propiciando o aprendizado de algo novo 
e modificando o comportamento de acordo com o que foi aprendido. A 
aprendizagem requer a aquisição de conhecimentos, a capacidade de guardar e 
integrar esta aquisição (MANSUR; RADONOVIC, 1998) para posteriormente ser 
recrutada quando necessário. 
A reabilitação física, entre outros fatores, tem por objetivo favorecer o 
aprendizado ou reaprendizado motor, que é um processo neurobiológico pelo qual 
os organismos modificam temporária ou definitivamente suas respostas motoras, 
melhorando seu desempenho, como resultado da prática (PIEMONTE; SÁ, 1998). 
Durante o processo de aprendizagem, há modificações nas estruturas e 
funcionamento das células neurais e de suas conexões, ou seja, o aprendizado 
promove modificações plásticas, como crescimento de novas terminações e botões 
sinápticos, crescimento de espículas dendríticas, aumento das áreas sinápticas 
funcionais (KLEIM; BALLARD; GRRENOUGH; 1997 apud OLIVEIRA, SALINA; 
ANNUNCIATO, 2000), estreitamento da fenda sináptica, mudanças de conformação 
de proteínas receptoras, incremento de neurotransmissores. 
A prática ou a experiência promovem, também, modificações na 
representação do mapa cortical (ARNSTEIN, 1997 apud OLIVEIRA, SALINA; 
ANNUNCIATO, 2000). 
Pascual-Leone et al (1995 apud OLIVEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 2000) 
demonstraram que a aquisição de uma nova habilidade motora, por exemplo, tocar 
piano, reorganizava o mapa cortical, aumentando a área relacionada aos músculos 
 
 
13 
 
flexores e extensores dos dedos. Em um estudo com leitores de Braille, verificaram 
que o dedo indicador utilizado para a leitura tem maior representação cortical que o 
dedo contralateral. 
Jueptner et al (1997) e Grafton et al (1998 apud OLIVEIRA; SALINA; 
ANNUNCIATO, 2000), por sua vez, encarregaram-se de mapear as áreas do SNC 
que são ativadas durante o processo de aprendizagem motora, em que eram 
realizados movimentos com as mãos, e verificaram que várias regiões agem em 
conjunto, como o córtex motor primário, o córtex pré-motor, a área motora 
suplementar, a área somatossensorial, os núcleos da base, entre outras. 
Após processos lesionais – a lesão promove no SNC vários eventos que 
ocorrem, simultaneamente, no local da lesão e distante dele. Em um primeiro 
momento, as células traumatizadas liberam seus aminoácidos e seus 
neurotransmissores, os quais, em alta concentração, tornam os neurônios mais 
excitados e mais vulneráveis à lesão. Neurônios muito excitados podem liberar o 
neurotransmissor glutamato, o qual alterará o equilíbrio do íon cálcio e induzirá seu 
influxo para o interior das células nervosas, ativando várias enzimas que são tóxicas 
e levam os neurônios à morte. Esse processo é chamado de excitotoxicidade 
(SILVA, 1995).Ocorre, também, a ruptura de vasos sanguíneos e/ou isquemia 
cerebral, diminuindo os níveis de oxigênio e glicose, que são essenciais para a 
sobrevivência de todas as células (OLIVEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 2000) 
A falta de glicose gera insuficiência da célula nervosa em manter seu 
gradiente transmembrânico, permitindo a entrada de mais cálcio para dentro da 
célula, ocorrendo um efeito cascata (RAFFINI, 1999). 
De acordo com o grau do dano cerebral, o estímulo nocivo pode levar as 
células nervosas à necrose, havendo ruptura da membrana celular, fazendo com 
que as células liberem seu material intracitoplasmático e, então, lesem o tecido 
vizinho; ou pode ativar um processo genético denominado apoptose, em que a 
célula nervosa mantém sua membrana plasmática, portanto, não liberando seu 
material intracelular, não havendo liberação de substâncias com atividade 
próinflamatória e, assim, não agredindo outras células (LINDEN, 1996; VEGA; 
ROMANO SILVA, 1999). 
 
 
14 
 
A apoptose é desencadeada na presença de certos estímulos nocivos, 
principalmente pela toxicidade do glutamato, por estresse oxidativo e alteração na 
homeostase do cálcio. 
A lesão promove, então, três situações distintas: (a) uma em que o corpo 
celular do neurônio foi atingido e ocorre a morte do neurônio, sendo, neste caso, o 
processo irreversível; (b) o corpo celular está íntegro e seu axônio está lesado; ou, 
(c) o neurônio se encontra em um estágio de excitação diminuído (SILVA, 1995). 
São vários os mecanismos de reparação e reorganização do SNC que 
começam a surgir imediatamente após a lesão e podem perdurar por meses e até 
anos (SILVA, 2000). São eles: 
 recuperação da eficácia sináptica; 
 potencialização sináptica; 
 supersensibilidade de denervação; 
 recrutamento de sinapses silentes; 
 brotamentos (ANNUNCIATO, 1994; OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 
2000). 
 
2.2 Conceito e definições 
Dentre as diversas definições para a deficiência física, podemos entendê-la 
como uma alteração no corpo que provoca dificuldades na movimentação das 
pessoas e as impede de participarem da vida de forma independente. Ou como uma 
desvantagem, resultante de um comprometimento ou de uma incapacidade, que 
limita ou impede o desempenho motor do indivíduo. Ou ainda, refere-se ao 
comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema ósteo-articular, 
o sistema muscular e o sistema nervoso; as doenças ou lesões que afetam 
quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir quadros 
de limitações físicas de grau e gravidade variáveis, segundo o(s) segmento(s) 
corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida. Assim, a deficiência física ou motora 
pode ser considerada um distúrbio da estrutura anatômica ou da função, que 
interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo. 
No Decreto Federal nº 5.296/04, considera-se deficiência física 
 
 
15 
 
a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo 
humano, acarretando o comprometimento da função física. São elas: 
paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, 
triplegia, triparesia, hemiplegia, ostomia, amputação ou ausência de 
membro, paralisia cerebral, nanismo, e membros com deformidade 
congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que 
produzam dificuldades para o desempenho de funções. 
 
Essa definição nos leva a entender que a função física pode ficar 
comprometida quando faltar algum membro (quando houver amputação), sua má-
formação ou deformação (alterações que comprometam o sistema muscular e 
esquelético). 
Desde que as sociedades foram formadas, as pessoas foram criando 
conceitos e teorias. Às vezes, como o passar dos anos, muitos desses conceitos e 
dessas teorias foram ou são utilizados para discriminar, inferiorizar e distinguir as 
pessoas umas das outras. Por isso, no transcorrer da história da humanidade, as 
pessoas que não nasciam com o corpo perfeito eram tidas como anormais. Isto quer 
dizer, eram os deficientes. Uma pessoa é deficiente quando “tem perda de uma de 
suas funções, seja ela física, psicológica ou sensorial” (SCHIRMER et al 2007, p. 
21). 
Então, de acordo com Gil; Santos; Barbato (2010, p. 259), 
 
deficiência física, em linhas gerais, diz respeito à perda ou redução da 
capacidade de movimento de qualquer parte do corpo em decorrência de 
lesões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas ou malformações 
congênitas e adquiridas. 
 
Os autores citam alguns exemplos de patologias que costumam remeter a uma 
deficiência física, as quais veremos detalhes mais adiante: lesão cerebral (paralisia 
cerebral, traumatismo crânio-encefálico); lesão medular (tetraplegias, paraplegias); 
miopatias (distrofias musculares); patologias degenerativas do sistema nervoso 
central (esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, Mal de Parkinson); lesões 
nervosas periféricas; amputações; sequelas de politraumatismos; malformações 
congênitas; distúrbios dolorosos, posturais ou sequelas de patologias da coluna ou 
articulações dos membros (cifoses, hérnias de disco, artropatias, reumatismo); 
sequelas de queimaduras. 
 
 
16 
 
Durante muito tempo, as pessoas nascidas com qualquer tipo de 
comprometimento físico eram excluídas da sociedade, às vezes, de forma arbitrária. 
Exemplos claros são os casos que aconteciam na Antiguidade, principalmente, com 
os hebreus e egípcios. Estes viam a deficiência com uma punição de Deus (deuses). 
Por isso, limitavam o acesso e o contado com pessoas que tinham deficiência. Na 
Grécia Antiga, principalmente na cidade de Esparta conforme Purificação; Souza; 
Melo (s/d), “as crianças que nasciam frágeis ou deficientes, eram lançadas ao 
abismo ou abandonados nas montanhas. Na Roma antiga existia lei que autorizava 
o pai a matar os filhos defeituosos, jogando-os nos rios”. Dessa forma, essas 
crianças eram privadas de viver, pois elas eram excluídas da sociedade. 
Hoje temos consciência que todas as pessoas fazem parte da sociedade, 
por isso as pessoas com necessidades educacionais especiais (NEE) precisam estar 
também em contato com as outras consideradas “normais”. 
Tunes, Tacca e Bartholo (2005) afirmam que é no convívio social e na 
experiência interpessoal que haverá a possibilidade do processo de elaboração e 
reelaboração de sentidos que organizam e integram a atividade psíquica dos 
participantes da relação. Diante disso, fica claro e evidente que a pessoa com 
deficiência física contribui também para o desenvolvimento da sociedade na qual 
está inserida. Mas, para que o atendimento educacional especializado (AEE) seja 
satisfatório, as pessoas ligadas à área educacional, como professores, psicólogos, 
coordenadores pedagógicos, entre outros, precisam conhecer/identificar qual 
deficiência física o educando possui. 
Gil, Santos e Barbato (2010, p. 260) afirmam que é importante conhecer a 
patologia com a qual o aluno convive, suas manifestações e curso de 
desenvolvimento, no entanto, essas alterações podem implicar singularidades nos 
modos de mobilidade, alimentação, coordenação motora, comunicação oral ou 
escrita, por exemplo, o que pode remeter à necessidade de adaptações para a 
realização das atividades escolares. Ressalta-se ainda que tais dificuldades podem 
se modificar ao longo do tempo conforme o curso de desenvolvimento da pessoa e/o 
da patologia. 
Dessa forma, nota-se a importância de conhecer bem cada aluno. Fazendo 
isso, os profissionais da educação evitam tirar conclusões equivocadas a respeito do 
processo ensino-aprendizagem do aluno. Os mesmos autores informam ainda que 
 
 
17 
 
às vezes, o que pode parecer uma perda ou piora do quadro em um determinado 
momento de vida da pessoa é o esperado no curso de desenvolvimento da 
patologia. 
Pode-se dizer em linhas gerais que “concretizar a inclusão escolar de uma 
criança com qualquer deficiência implica uma mudança paradigmática,um 
deslocamento da ótica da falta para o potencial” (GIL; SANTOS; BARBATO, 2010. p. 
261). 
 
2.3 Classificação 
Podemos classificar a deficiência física de várias maneiras. Quanto à 
natureza, podemos dividir as deficiências físicas em: 
 distúrbios ortopédicos – referem-se a problemas originados nos músculos, 
ossos e/ou articulações; 
 distúrbios neurológicos – que se referem a deterioração ou lesão do sistema 
nervoso. 
A deficiência física também pode ser dividida em congênita ou adquirida; 
aguda ou crônica; permanente ou temporária; e, progressiva ou não progressiva. 
Quanto às lesões motoras decorrentes de lesão do sistema nervoso, estas 
podem ser de diferentes tipos, como alterações de: 
 ordem muscular – hipertonias, hipotonias, atividades reflexas, movimentos 
descoordenados e involuntários; 
 ordem nervosa, no que diz respeito à sensibilidade e à força muscular – 
hemiparesias, paraparesia, monoparesia e tetraparesia (BRASIL, 1999). 
Quando se trata de alterações funcionais motoras decorrentes de lesão do 
Sistema Nervoso, observaremos, principalmente, a alteração do tônus muscular 
(hipertonia, hipotonia, atividades tônicas reflexas, movimentos involuntários e 
incoordenados). As terminologias “para, mono, tetra, tri e hemi”, diz respeito à 
determinação da parte do corpo envolvida, significando respectivamente, “somente 
os membros inferiores, somente um membro, os quatro membros, três membros ou 
um lado do corpo” (BRASIL, 1999). 
 
 
18 
 
Como a deficiência física se refere ao comprometimento do aparelho 
locomotor, irá compreender o sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o 
Sistema Nervoso. 
As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente 
ou em conjunto, podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades 
variáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida 
(BRASIL, 2006, p. 28). 
A paralisia cerebral é uma das causas mais frequentes que encontramos 
como deficiência física e que chega até a escola, portanto, faz-se necessário dar 
uma atenção especial ao seu estudo. As crianças que sofrem dessa patologia são 
motivo de grande preconceito e discriminação na escola, principalmente porque as 
pessoas pensam que é uma deficiência mental, o que é um grande equívoco. Muitas 
dessas crianças têm dificuldades de se comunicar e expressar devido às suas 
limitações motoras e não cognitivas e demonstram um comportamento alheio à 
realidade, por falta de oportunidades e de mediações que lhes auxiliem na 
expressão de toda sua vontade. 
A principal característica da paralisia cerebral é o déficit motor, entretanto, 
quase sempre se pode encontrar um ou outro distúrbio decorrente da lesão 
neurológica como: convulsões que podem levar ao déficit cognitivo, alterações 
oculares e visuais, distúrbios de deglutição, comprometimento auditivo, alterações 
nas funções corticais superiores, distúrbios do comportamento (BRASIL, 2007). 
Importante ressaltar que esses distúrbios que acompanham a paralisia 
cerebral podem ser decorrentes também do meio em que a criança vive, suas 
condições de higiene, nutrição, tratamentos e oportunidades em geral. 
Como causas da paralisia cerebral que podem ocorrer isoladas ou 
associadas, Braga (1995 apud BRASIL, 2007) sintetiza assim: 
1. pré-natais – infecções intrauterinas (rubéola, toxoplasmose, citomegalia, 
herpes e sífilis), anóxia fetal, exposição à radiação ou a drogas, erros de 
migração neuronal e outras malformações cerebrais; 
2. perinatais – complicações durante o parto (traumatismo cerebral ou anóxia 
em trabalho de parto difícil ou demorado), prematuridade, nascimento com 
baixo peso, entre outros; 
 
 
19 
 
3. pós-natais – traumatismos crânio-encefálicos, infecções do sistema nervoso 
central (encefálicos e meningites), anóxia cerebral (devido a asfixias, 
afogamentos, convulsões ou paradas cardíacas) e acidente vascular cerebral. 
 
2.4 Causas e consequências 
As causas são diversas, podendo estar ligadas a problemas genéticos, 
complicações na gestação ou gravidez, doenças infantis e acidentes. São 
considerados fatores de risco: violência urbana, uso de drogas, acidentes 
desportivos, sedentarismo, acidentes do trabalho, epidemias/endemias, tabagismo, 
agentes tóxicos, maus hábitos alimentares e falta de saneamento básico. 
Enfatizando as causas para deficiência física, temos: 
 causas pré-natais – problemas durante a gestação (remédios tomados pela 
mãe. Tentativas de aborto malsucedidas, perdas de sangue durante a 
gestação, crises maternas de hipertensão, problemas genéticos e outras); 
 causas perinatais – problema respiratório na hora do nascimento, 
prematuridade, bebê que entra em sofrimento na hora do nascimento por ter 
passado da hora, cordão umbilical enrolado no pescoço e outras; 
 causas pós-natais – parada cardíaca, infecção hospitalar, meningite ou outra 
doença infecto-contagiosa ou quando o sangue do bebê não combina com o 
da mãe (se esta for Rh negativo), traumatismo craniano ocasionado por uma 
queda muito forte e outras; 
 no caso de jovens e adultos, a deficiência física pode ocorrer após uma lesão 
medular, aneurisma, acidente vascular cerebral ou outros problemas. 
Uma das doenças que já foi a maior causa de deficiência física no Brasil é a 
paralisia infantil (poliomielite) que atualmente está erradicada, graças às campanhas 
de vacinação e à tomada de consciência dos pais que compreenderam a 
importância desta vacina. Há, contudo, a ocorrência da síndrome do pós-pólio, que 
deve ser observada com atenção. 
As mutilações e as sequelas motoras (sejam de causas ligadas a moléstias 
ou acidentes) podem ser subdivididas de acordo com os sistemas orgânicos de 
origem, que foram afetados: 
 
 
20 
 
 de origem encefálica – neste grupo incluímos a esclerose múltipla, o AVC, 
Paralisia Cerebral; 
 de origem espinhal – neste grupo estão incluídas poliomielite, traumatismos 
com ruptura ou compressão medular, má-formação, como espinha bífida, por 
degeneração, como a Síndrome de Werdnig-Hoffmann, etc.; 
 de origem muscular – especialmente a distrofia muscular progressiva (ou 
miopatia) de origem ósteo-articular: são aqui incluídas a luxação coxo-
femoral, artrogripose (contração permanente da articulação) múltipla, 
ausência congênita de membros ou partes; 
 de formas distróficas como osteocondriosis (coxa plana), osteogenesis 
imperfecta (doença que fragiliza o tecido ósseo, sendo popularmente 
chamada de “ossos de vidro”), condodistrofia, amputações, entre outras. 
 
Mais uma vez enfocando a paralisia cerebral (encefalopatia crônica da 
infância), é um distúrbio não progressivo da motricidade, que evidencia-se na 
movimentação e postura. Esse distúrbio é causado por uma lesão ou mal 
funcionamento do cérebro, o qual ocorre antes dos 3 (três) anos de idade. 
Exemplifica o grupo dos distúrbios neurológicos de origem encefálica da deficiência 
motora. Geralmente refere-se ao portador de “PC” (paralisia cerebral). 
Estatisticamente, 86% das causas são provenientes de fatores pré e 
perinatais e 14% são provenientes de fatores pós-natais. A incidência diminui 
conforme melhora o conhecimento e o desenvolvimento dos serviços de saúde. 
Cada distúrbio é classificado de acordo com alguns fatores que são citados no 
diagnóstico. 
Nesse contexto. podemos dizer que existem três tipos de classificação. 
1) Classificação fisiológica (ou quanto ao tônus muscular): 
a) rigidez – os músculos dos membros são tensos e se contraem fortemente 
quando se tenta movimentá-los ou alongá-los, onde mesmo os reflexos exacerbados 
são inibidos. É uma forma severa de espasticidade; 
b) espasticidade – o termo espástico é usado para descrever o tipo de 
paralisia cerebral onde o tônus muscular é muito alto (tenso). Os portadores de PC 
 
 
21 
 
espástica têm movimentos desajeitados e rígidos porque seus músculos são muito 
tensos.Eles têm dificuldade ao modificar sua posição ou ao tentar pegar algo com 
suas mãos. Este é o tipo mais comum de PC. Os autores referem que cerca de 50% 
a 75% dos portadores de paralisia cerebral têm o tipo espástico (Bleck, 1981; Souza, 
1998). Há uma hiper-reflexia dos tendões profundos dos músculos dos membros 
envolvidos. Os indivíduos ficam sujeitos a contraturas e deformidades que se 
desenvolvem durante o crescimento; 
c) atetose – caracterizada por movimentos involuntários e variações do 
tônus muscular resultante de lesões dos núcleos situados no interior dos hemisférios 
cerebrais (sistema extrapiramidal). O tônus muscular flutua gerando movimentos 
involuntários e os movimentos voluntários se deformam, ficando retorcidos; 
d) ataxia – caracterizada por diminuição do tônus muscular, incoordenação 
dos movimentos e equilíbrio deficiente, devido a lesões no cerebelo ou das vias 
cerebelares. Os portadores de PC atáxica parecem muito instáveis e trêmulos; 
e) tremor – aparece apenas na movimentação involuntária. Chamado 
também de tremor intencional; 
f) hipotonia – o tônus muscular é baixo. Também chamada de atonia, 
flacidez ou frouxidão. Geralmente evolui para uma atetose; 
g) mista – em alguns casos observa-se uma variação do tônus de acordo 
com o grupo muscular envolvido (em alguns ele é muito baixo e em outros muito 
alto). A combinação mais comum é a PC espática-atetóide. Estima-se que 25% dos 
portadores de PC apresentem um quadro misto. 
2) Classificação topográfica1: 
Com as informações da nota de rodapé, podemos fazer as seguintes 
relações: 
 
1
 Enquanto “Plegia” é a ausência TOTAL de movimentos. “Paresia” é a ausência PARCIAL de 
movimentos. Ou seja, um aluno que apresenta uma “PLEGIA” é muito mais comprometido (em nível 
de movimentação) do que um aluno que apresenta uma “PARESIA”. Ter uma lesão “HEMI” significa 
ter uma lesão em meio lado do corpo. Ter uma lesão “PARA” significa ter uma lesão abaixo da 
cintura. 
 
 
 
 
22 
 
 um aluno que apresenta uma HEMIPLEGIA tem um comprometimento motor 
total em meio lado do corpo; 
 um aluno que apresenta uma HEMIPARESIA tem um comprometimento 
motor parcial em meio lado do corpo; 
 um aluno que apresenta uma PARAPLEGIA tem um comprometimento motor 
total abaixo da cintura, decorrente de uma lesão medular; são os 
“paraplégicos”; 
 um aluno que apresenta uma PARAPARESIA tem um comprometimento 
motor parcial abaixo da cintura. 
 monoplegia – ausência de movimentos em apenas um membro do corpo, 
como um dos braços ou uma das pernas; 
 diplegia – ausência de movimentos em dois membros do corpo, como os dois 
braços ou as duas pernas; 
 tetraplegia – ausência de movimentos nos quatro membros do corpo, braços 
e pernas, decorrente de uma lesão medular; 
 amputações – quando há retirada total ou parcial de um ou mais membros do 
corpo. 
As pessoas que apresentam paraplegia, ou seja, um comprometimento total 
abaixo da cintura muitas vezes, podem frequentar uma sala regular. 
São as pessoas conhecidas como “paraplégicos” e usuários de cadeiras de 
rodas quem chamamos de “cadeirantes”. 
A cada ano, milhões de pessoas em todo o mundo sofrem lesões diretas na 
medula espinal. Frequentemente, nesses casos, a medula espinal é completamente 
lesionada, deixando a vítima sem sensibilidade ou movimento do local da lesão para 
baixo. As formas mais comuns são decorrentes de acidentes de carro, armas de 
fogo, mergulhos, quedas, entre outros. 
Para se lesar uma medula espinal, basta um único trauma que interrompa o 
mecanismo de contato do cérebro com a parte do corpo. Se pelo menos o trauma 
pudesse ser reparado, as funções sensoriais e motaras poderiam ser recuperadas. 
 
 
23 
 
Para deixar mais claro esse conceito, usaremos a metáfora da luz elétrica. 
Quando queremos acender uma luz, um simples toque num interruptor faz com que 
a lâmpada acenda. Por mais que pareça um toque de mágica, não é bem assim. 
Entre o interruptor e a lâmpada, temos um fio que passa por dentro da parede. No 
caso de ocorrer algum corte entre esse sistema, com certeza essa luz não será 
acesa. É o que acontece com as pessoas que apresentam uma lesão na medula, ou 
lesão medular. Ocorre um trauma entre a ligação do cérebro e a parte do corpo que 
seria movimentada pelo impulso nervoso. 
O problema é que as fibras nervosas não se regeneram após um trauma. 
Esses obstáculos podem ser vencidos de alguma forma? 
Estudos sugerem a possibilidade de induzir o crescimento de fibras neurais 
após um trauma na medula espinal. Por exemplo, se a medula espinal de pintinhos 
ou de outros filhotes de animais for seccionada nas primeiras duas semanas de vida, 
ela se regenera e seu funcionamento normal é recuperado. 
Provavelmente, se a soma de fatores de crescimento que permitem essa 
regeneração da medula espinal fosse identificada e aplicada em lesões na medula 
espinal de seres humanos adultos, talvez essa mesma regeneração pudesse 
ocorrer. 
3) Classificação quanto ao grau de acometimento: 
a) leve; 
b) moderada; 
c) grave (TEIXEIRA, 2010). 
 
Algumas causas que levam à deficiência física 
Hidrocefalia – caracterizada por retenção do líquido céfalo raquidiano (LCR) 
nos ventrículos ou no espaço aracnoideano. Pode ser congênita (devido à uma 
anomalia ou adquirida devido à tumores, por exemplo). Resulta numa macrocefalia. 
Os principais cuidados são relativos aos drenos, colocados cirurgicamente, para 
derivar o excesso de líquor (LCR). Mesmo assim, o excesso de líquor pode levar à 
compressões no encéfalo levando à lesões, causando deficiências motoras, 
sensoriais ou cognitivas e distúrbios comportamentais. As principais implicações 
 
 
24 
 
são: dificuldade de alinhamento corporal, alteração na sensibilidade cinestésica, 
alterações no equilíbrio e postura e dificuldades no movimento e alinhamento da 
cabeça. Esta também relaciona-se a um distúrbio neurológico de origem encefálica. 
Acidente vascular cerebral (AVC) – definido como uma interrupção na 
circulação cerebral, levando à lesão de células de áreas sensoriais e/ou motoras 
deixando sequelas correspondentes à área lesada. Sua classificação topográfica e 
neuroanatômica é igual ao da paralisia cerebral, sendo também um distúrbio 
neurológico de origem encefálica. 
Poliomielite – é uma doença infecciosa causada por um vírus que ataca o 
tecido nervoso (medula e/ou cérebro), geralmente as células motoras do corno2 
anterior da medula. Acomete principalmente crianças e adolescentes. Causa 
paralisia flácida. O vírus entra pelo trato intestinal se difundindo pela corrente 
sanguínea, instalando-se nas células motoras. Pode deixar fraqueza muscular, 
paralisia, chegando a deformidades esqueléticas (atrofias). Exemplifica um distúrbio 
neurológico de origem espinhal. 
A lesão é no sistema nervoso levando a sequelas também no sistema 
osteomuscular. Há permanência da sensibilidade e ausência ou diminuição dos 
movimentos e da força muscular. Este sinal é considerado como diferencial da lesão 
medular congênita ou por trauma. 
Lesão medular – um trauma direto com rompimento da medula, pode ocorrer 
por acidentes. Os mais comuns são: lesão por arma de fogo (tiro), acidente 
automobilístico, mergulho em águas rasas, lesão por erro médico e por acidentes 
domésticos. O comprometimento vai depender de muitos fatores, entre eles, o lugar 
da lesão e tratamentos necessários. 
Nessa situação a deficiência física é uma condição adquirida resultante de 
um trauma, lesão ou problemas de crescimento e desenvolvimento, também 
constitui-se de um distúrbio neurológico de origem espinhal. 
A maior incidência está entre indivíduos entre 15 e 28 
anos de idade (40% em consequência de acidentes automobilísticos, 20% por 
quedas, 40% por disparos, acidentes esportivos, industriais e agrícolas). As lesões2
 Formação de aspecto pontudo existente em diversos locais do corpo. 
 
 
25 
 
das vértebras cervicais é a mais comum (C5 e C6) e a das vértebras torácicas vem 
em segundo lugar (T12 a L1). 
Há perda de movimentos e sensibilidade abaixo do nível da lesão. São 
divididas em lesões completas (totais) onde há perda das funções (motoras e de 
sensibilidade) abaixo do nível da lesão; e incompletas (parciais) onde há 
permanência de alguma função muscular residual além do local da lesão. A 
sensibilidade fica alterada. 
Microcefalia – é representada pela defasagem no crescimento do cérebro, 
devido ao fechamento precoce dos ossos do crânio chamado craniossinosteose. A 
calota óssea do crânio acaba impedindo que o cérebro cresça, trazendo 
consequências para a saúde e o desenvolvimento da criança. 
Essa é a principal causa da microcefalia. Ela não é uma deficiência em si, 
mas normalmente acarreta o surgimento de uma deficiência física, intelectual, entre 
outras. 
Mielomeningocele – é uma anormalidade congênita do sistema nervoso, que 
se desenvolve nos primeiros dois meses de gestação e provoca problemas na 
formação do tubo neural. Na maioria dos casos, ela é ocasionada por falta de ácido 
fólico na gestação. A espinha bífida, problema no fechamento da coluna vertebral, é 
um dos mais graves problemas do tubo neural, podendo apresentar diversos graus 
de comprometimento, mas grande parte dos casos de mielomeningocele acarreta 
deficiência física. A mielomeningocele acomete pele, ossos, dura-máter, medula 
espinal e raízes nervosas, que podem se encontrar externas ao canal vertebral. 
É a segunda causa mais comum de acometimento de deficiência física, 
sendo a primeira a paralisia cerebral. A incidência varia, em média, de um indivíduo 
afetado para cada mil nascimentos. A maioria dos autores considera que a 
mielomeningocele tem etiologia desconhecida (HONORA; FRIZANCO, 2008). 
Epilepsia – o estado de mal epiléptico é definido como duas ou mais 
convulsões sem um intervalo de retorno à consciência. Representa verdadeira 
emergência por causa de possíveis consequências de convulsões incontroladas, 
incluindo desidratação, aspiração, coma, anóxia e lesão cerebral. O tratamento, 
além da manutenção das vias aéreas, prevenção de outras lesões e reposição de 
líquido, deve incluir reposição eletrolítica, quando conveniente, antibióticos para a 
 
 
26 
 
infecção e drogas anticonvulsivantes por via parenteral. Também não caracteriza 
uma deficiência motora, mas muitas vezes pode estar associada às patologias que 
lesam o cérebro. 
Convulsões – são manifestações de disfunção cerebral transitória 
caracterizadas por descargas neuronais hipersíncromas paroxísticas. Uma 
convulsão, porém, é apenas um sinal ou sintoma de uma doença, não 
caracterizando, portanto, uma deficiência. Elas são os distúrbios mais comuns do 
sistema nervoso e podem ser indicativas de uma condição relativamente benigna ou 
de uma doença fatal. As convulsões se classificam em generalizadas ou focais (nas 
quais o mecanismo básico é a irritação da córtex cerebral e, geralmente, indicam 
patologia estrutural). 
Esclerose múltipla – é uma doença neurológica de origem encefálica crônica 
e degenerativa que atinge adolescentes e adultos (20-40 anos). Há uma 
desintegração (lenta) da camada de mielina que resulta no endurecimento ou 
cicatrização do tecido que substitui a bainha de mielina. Resulta numa incapacidade 
motora e eventualmente leva à morte. Apresentam sintomas como tremores, 
problemas sensoriais variados; fraqueza muscular: tonturas; distúrbios emocionais 
leves: paralisias e outras dificuldades motoras. 
Doença de Werdnig-Hoffmann3 – forma de amiotrofia espinhal transmitida de 
modo autossômico recessivo de aparecimento muito precoce (muitas vezes in 
útero), caracterizada por grande hipotonia muscular e paralisias flácidas. Começa 
por atacar a musculatura proximal dos membros inferiores e em seguida todo o 
corpo. Existem perturbações da deglutição por afecção do bulbo raquidiano e uma 
afecção dos músculos respiratórios intercostais. A evolução é rapidamente fatal. 
Espinha bífida – é um defeito congênito da coluna vertebral onde um ou 
mais arcos vertebrais não se fecham completamente durante o desenvolvimento 
fetal, constituindo-se num distúrbio neurológico de origem espinhal. A natureza e a 
magnitude da lesão e da paralisia dependem da severidade e da localização do 
defeito. A causa é desconhecida. Sabe-se que quando o tubo neural não se 
desenvolve completamente, acaba fechando-se nos primeiros 30 dias de gravidez. 
 
3
 Guido Werdnig, neurologista austríaco. 1844-1919. Johann Hoffmann. neurologista alemão, 1857-
1919. 
 
 
27 
 
Pode ser: a) oculta – marcada por uma “covinha”, sinal ou tufo de pelos. 
Pode passar desapercebida, sem o aparecimento de problemas neurológicos. b) 
meningocele ou c) mielomeningocele. 
Dentro dos distúrbios ortopédicos ou de origem muscular que podem levar à 
deficiência motora podemos destacar: 
Amputação - definida como ausência congênita ou retirada, de um ou mais 
membros. Podemos ter congênita (amielia, dismielia ou focomielia), ou adquirida 
(cirurgia, traumas, etc.). Pode ser ocasionada por: problemas vasculares (traumas); 
má formações congênitas; causas metabólicas e outras; 
Distrofia muscular – caracterizada pela deterioração progressiva da 
musculatura esquelética voluntária, levando à incapacitação pela dificuldade ou 
ausência de contração muscular. Existem diversos tipos: 
a) Duchenne – o tipo mais conhecido, mais incapacitante, severo e precoce. 
Os primeiros sintomas aparecem em torno dos 5 anos de idade e sua estimativa de 
vida não é de alcançar a vida adulta, devido a atrofia da musculatura respiratória; 
b) Becker – mais lenta que o tipo Duchenne, deixando maior estimativa de 
vida; 
c) distal – rara, porém menos deletéria; 
d) cintura-membros – inicia na região da cintura escapular e pélvica, depois 
envolve a musculatura paraespinal. O indivíduo não apresenta problemas 
respiratórios, porém pode adquirir deformidades ortopédicas; 
e) ocular – inicia pelos olhos e se espalha pela face, diminuindo a mímica 
facial; 
f) escápulo-peroneal – inicia na musculatura proximal dos membros 
superiores (MMSS) e na musculatura distal pelos membros inferiores (MMI). Causa 
diversas deformidades ortopédicas. 
Artrite – significa inflamação de uma articulação. É uma inflamação articular 
que causa dor intensa na articulação e suas adjacências. Aparece em qualquer 
idade. A forma mais comum é a artrite reumatoide, definida como uma doença 
sistêmica, onde o principal sintoma é o envolvimento dos músculos e articulações. A 
forma mais grave da doença é a artrite reumatoide juvenil que aparece antes dos 7 
 
 
28 
 
anos de idade, acometendo mais os indivíduos do sexo feminino. Sua causa é 
desconhecida. Varia na severidade. Apresenta uma inflamação leve, inchaço, rigidez 
articular e do tecido conjuntivo, chegando até a atrofia e deformidade articular. O 
envolvimento geralmente é simétrico. Inicia-se nas pequenas articulações (mãos e 
pés) com uma sensibilidade extrema chegando à dor. Geralmente ocorrem 
degenerações articulares sendo necessário substituição cirúrgica de algumas 
articulações. 
Artrogripose – é uma condição congênita onde algumas articulações estão 
rígidas e deformadas. Pode ser por fraqueza ou ausência de um músculo ou mesmo 
parte dele. Várias articulações podem se tornar fixas ao nascimento. Não causa dor, 
mas limita os movimentos. A correção cirúrgica não é possível. 
Nanismo – é o crescimento. A condroplasia é uma doença cromossômica 
autossômica, causada por um gene dominante que tem como principal característica 
a ausência da cartilagem de crescimento dos membros. Nestes casos há uma 
desproporção de tronco, membros e cabeça. 
Osteomielite – é uma infecção óssea, prevalenteno ocidente, chamada de 
doença da infância. Pode ser causada por “stafilococcus”, “streptococcus” ou 
“pneumococcus”. Acomete mais frequentemente a tíbia, fêmur ou úmero de um só 
membro. Ela pode ser aguda ou crônica. Seus sintomas e severidade variam com o 
local de acometimento e o tempo de acometimento. 
Osteogeneisi imperfecta – é causada por um gene mutante (herança). O 
osso se torna leve e quebradiço resultando em diminuição da densidade. Ao 
nascimento podem ocorrer fraturas que depois se tornam recorrentes. As 
deformidades ocorrem como consequência das fraturas. Ocorrem muitas contusões 
que diminuem com a adolescência. Geralmente estes indivíduos têm baixa estatura. 
Utilização da Talidomida – talidomida é a denominação comum da imida do 
acido n-ftaliglutamico, substância utilizada por suas propriedades tranquilizantes e 
imunossupressoras. Foi empregada por mulheres grávidas, principalmente entre os 
anos 1957 e 1962, no mundo todo, e provocou o surgimento de malformações em 
crianças que chegaram a 15.000 nascidos sem braços e pernas, tendo seu uso 
proibido em 1961, por ser teratogênica para mulheres no início da gravidez. A 
utilização da Talidomida para tratamento de portadores de Hanseníase e AIDS, que 
 
 
29 
 
podem ter muitos benefícios com esta medicação deve ser feita sob rigorosa 
vigilância e orientação médica (HONORA; FRIZANCO, 2008; TEIXEIRA, 2010). 
 
Vale guardar... 
Características do portador de DF: 
 movimentação não coordenada ou atitudes desajeitadas de todo o corpo ou 
parte dele; 
 marcha não coordenada, pisa na ponta dos pés ou manca; 
 pés tortos ou qualquer deformidade corporal; 
 pernas em tesoura (uma estendida sobre a outra); 
 segura o lápis com muita ou pouca força; 
 dificuldade para realizar atividades que exijam coordenação motora fina; 
 desequilíbrios e queda constantes; 
 dor óssea, articular ou muscular. 
 
Como Identificar uma pessoa portadora de DF: 
 observação quanto ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê 
(não firmar a cabeça, não sentar, não falar no tempo esperado); 
 atenção para perda ou alterações dos movimentos, da força muscular ou da 
sensibilidade para membros superiores ou membros inferiores; 
 identificação de erros inatos do metabolismo; 
 identificação de doenças infectocontagiosas e crônico-degenerativas; 
 controle de gestação de alto-risco. 
A Identificação precoce pela família seguida de exame clínico especializado 
favorecem a prevenção primária e secundária e o agravamento do quadro de 
incapacidade (TEIXEIRA, 2010). 
 
 
30 
 
UNIDADE 3 – ATENDIMENTO EDUCACIONAL 
ESPECIALIZADO 
 
O atendimento educacional especializado é uma modalidade de ensino que 
perpassa todos os níveis, graus e etapas do percurso escolar e tem como objetivos, 
entre outros, identificar as necessidades e possibilidades do aluno com deficiência, 
elaborar planos de atendimento, visando ao acesso e à participação no processo de 
escolarização em escolas comuns, atender o aluno com deficiências no turno oposto 
àquele em que ele frequenta a sala comum, produzir e/ou indicar materiais e 
recursos didáticos que garantam a acessibilidade do aluno com deficiência aos 
conteúdos curriculares, acompanhar o uso desses recursos em sala de aula, 
verificando sua funcionalidade, sua aplicabilidade e a necessidade de eventuais 
ajustes, e orientar as famílias e professores quanto aos recursos utilizados pelo 
aluno (SARTORETTO; SARTORETTO, 2008). 
O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de 
enriquecimento curricular no caso de altas habilidades, o ensino de linguagens e 
códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e recursos de 
tecnologia assistiva, dentre outros. Ao longo de todo processo de escolarização, 
esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino 
comum. 
A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as 
bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento 
global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a 
riqueza de estímulos nos aspectos físico, cognitivo, emocional, psicomotor e social e 
a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a 
valorização da criança. Nesse sentido, o atendimento educacional especializado 
deve estar presente em todas as etapas e modalidades da educação básica, e se 
destina a apoiar o desenvolvimento dos alunos com deficiências, transtornos globais 
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. De oferta obrigatória dos 
sistemas de ensino, deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na 
própria escola ou em centro especializado que realize esse serviço educacional. 
O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de 
profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de 
 
 
31 
 
Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do 
sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida 
autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais 
superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção 
de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não 
ópticos, da tecnologia assistiva e outros. 
Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua 
formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e 
conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no 
atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caráter interativo e 
interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de 
recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de 
acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos 
ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial. 
O atendimento educacional especializado destina-se normalmente aos 
alunos da escola que apresentam algum tipo de deficiência, mas pode estender-se 
também aos alunos de escolas próximas, nas quais esse tipo de serviço ainda não 
esteja organizado. Pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, em 
horário diferente daquele em que frequentam a classe comum. 
O Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, além da sua disposição 
sobre o apoio técnico e financeiro aos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, ele tem como finalidade a ampliação da oferta do 
Atendimento Educacional Especializado aos alunos com deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na 
rede pública de ensino regular. 
De acordo com o disposto neste documento, considera-se Atendimento 
Educacional Especializado – AEE – o conjunto de atividades, recursos de 
acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma 
complementar ou suplementar à formação do ensino regular. 
Neste sentido, são objetivos do atendimento educacional especializado: 
I – prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino 
regular aos alunos referidos no artigo 1°; 
 
 
32 
 
II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino 
regular; 
III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que 
eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e, 
IV – assegurar condições para a continuidade de estudos e nos demais 
níveis de ensino. 
 
3.1 Conceito e definição 
O Atendimento Educacional Especializado (AEE), segundo Mantoan (2004), 
refere-se ao serviço de apoio para melhor atender às especificidades dos alunos 
com deficiência, complementando a educação escolar e devendo estar disponível 
em todos os níveis de ensino. 
A autora diz quea Constituição admite ainda que o atendimento educacional 
especializado deve ser, preferencialmente, oferecido na rede regular de ensino, no 
entanto, também pode ser oferecido fora da rede regular, já que é um complemento 
e não um substitutivo do ensino ministrado na escola comum para todos os alunos. 
Ele deve ser oferecido em horários distintos das aulas das escolas comuns, 
com outros objetivos, metas e procedimentos educacionais. Suas ações são 
definidas conforme o tipo de deficiência que se propõe a atender. O AEE, é de 
acordo com o MEC e a Secretaria de Educação Especial, um serviço da Educação 
Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de 
acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, 
considerando as suas necessidades específicas. 
Fávero (2007, p.15 - 16) afirma que: 
 
[...] o simples fato de referir a pessoas com deficiência e seu direito à 
educação faz com que surja, de imediato, a noção de que é uma 
diferenciação mais que válida, necessária de tão acostumados que todos 
estão a identificar tais pessoas como titulares de um ensino especial. [...] 
este verdadeiro desafio, que coloca em xeque o costume de associar 
pessoas com deficiência a um ensino diferente apartado, porque as 
soluções que podem surgir disso, além de garantir as pessoas com 
deficiência o seu direito de igualdade, talvez seja uma contribuição para 
melhoria da qualidade de ensino em geral. 
 
 
 
33 
 
Pode-se então compreender que de fato o AEE está garantido na legislação, 
contudo não há práticas de ensino específicas para inclusão, a não ser recursos que 
podem auxiliar os processos de ensino e de aprendizagem. O professor, de um 
modo geral, deve considerar as possibilidades de desenvolvimento de cada aluno e 
explorar sua capacidade de aprender. Os alunos com deficiências e condutas 
típicas, devido às suas particularidades, podem necessitar de estratégias, ações e 
recursos diferenciados para que o seu direito à educação seja assegurado. O 
conjunto desses serviços também é oferecido pelo Atendimento Educacional 
Especializado, que devem ser organizados institucionalmente em escolas públicas, 
mas podendo também atender alunos de escolas particulares, atendendo alunos da 
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, para apoiar e complementar 
os serviços educacionais comuns de forma a favorecer o desenvolvimento desses 
alunos (BRASIL, 2007). 
Assim, o AEE complementa ou suplementa a formação do aluno com vistas 
à sua autonomia e independência na escola e fora dela. E sob o ponto de vista da 
legalidade, um dos pontos de discussão é garantir a aplicação da igualdade de 
acesso à educação formal, assim entramos num dilema que é saber [...] em qual 
hipótese “tratar igualmente o igual e desigualmente o desigual”, fórmula proposta 
ainda na Antiguidade, por Aristóteles. A utilização da fórmula aristotélica, pura e 
simplesmente, já demonstrou que, em certos casos, pode até configurar uma 
conduta discriminatória. Esta fórmula, em razão de sua sabedoria, jamais foi 
alterada, mas vem sendo constantemente aprimorada. A doutrina e jurisprudência 
existentes oferecem como solução o imperativo de tratamento igual para todos, 
admitindo-se os tratamentos diferenciados apenas como exceção e desde que eles 
tenham um fundamento razoável para sua adoção (FÁVERO, 2007, p.13). 
Portanto, o AEE é um recurso educacional que propõe estratégias de apoio 
e complementação colocados à disposição dos alunos com deficiências e condutas 
típicas, proporcionando diferentes alternativas de atendimento, de acordo com as 
necessidades educacionais especiais de cada aluno, podendo assim de fato garantir 
o direito à educação plena e de qualidade (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010). 
O Atendimento Educacional Especializado na forma de apoio representa os 
atendimentos que favorecem o acesso ao currículo, podendo ser oferecidos dentro, 
 
 
34 
 
como apoio ao professor relacionado a estratégias em sala de aula, ou fora da sala 
de aula no contraturno da escolarização, no caso para atendimento do aluno. 
Segundo Silva e Maciel (2005), o AEE na forma de complementação 
representa um trabalho pedagógico complementar necessário ao desenvolvimento 
de competências e habilidades próprias nos diferentes níveis de ensino, deve ser 
realizado no contraturno da escolarização do aluno e se efetiva por meio dos 
seguintes serviços: salas de recursos; oficinas pedagógicas de formação e 
capacitação profissional. 
Em linhas gerais, o objetivo do AEE, é o de oferecer o que não é próprio dos 
currículos da base nacional comum, possuindo outros objetivos, metas e 
procedimentos educacionais. Segundo Silva; Maciel (2005, p. 5), 
 
suas ações são definidas conforme o tipo de deficiência ou condutas típicas 
que se propõe a atender, bem como deve contemplar as necessidades 
educacionais especiais de cada aluno, as quais devem estar 
fundamentadas na avaliação pedagógica. 
 
De todo modo, o Atendimento Educacional Especializado não deve ser 
confundido com o reforço escolar nem como atendimento clínico, ou como substituto 
dos serviços educacionais comuns. 
Ressalta-se que a escolarização dos alunos com deficiências e condutas 
típicas deve ser um compromisso da escola e compete à classe comum, que deve 
responder às necessidades dos educandos com práticas que respeitem as 
diferenças (SILVA; MACIEL, 2005). 
No que se refere à formação do profissional para atuar na sala de recursos, 
o professor da sala de recursos deverá ter curso de graduação, pós-graduação e/ou 
formação continuada que o habilite para atuar em áreas da educação especial para 
o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos. Essa formação 
é específica para cada deficiência ou condutas típicas (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010). 
Portanto, o AEE se valida, de acordo com Fávero (2007), por ser um 
tratamento diferenciado, que tem sede constitucional, e que não exclui as pessoas 
com deficiência dos demais princípios e garantias relativos à educação. Assim, o 
 
 
35 
 
Atendimento Educacional Especializado será válido somente se de fato levar o 
direito à educação. 
 
3.2 As salas de recursos 
Lócus privilegiado do atendimento educacional especializado, a sala de 
recursos multifuncionais torna palpáveis e concretos, em nível de escola, os 
objetivos da política nacional de educação especial, seja pelo conjunto de meios e 
recursos que nela são colocados à disposição do aluno com deficiências, seja, 
sobretudo, pelo fato de que é na escola comum que a sala de recursos 
multifuncionais deve funcionar (SARTORETTO; SARTORETTO, 2010). 
As salas de recursos são espaços da escola onde se realiza o atendimento 
educacional especializado de alunos com necessidades educacionais especiais, 
matriculados na escola comum. O atendimento em salas de recursos constitui um 
serviço educacional de natureza pedagógica, feito por professor especializado, num 
espaço dotado de materiais, equipamentos e recursos pedagógicos adequados às 
necessidades educacionais dos alunos da escola que apresentam dificuldades 
acentuadas em relação à aprendizagem, vinculadas a algum tipo de deficiência ou 
não. 
A sala de recursos multifuncionais é, portanto, um espaço da escola comum 
provido de materiais didáticos, pedagógicos e de tecnologia assistiva, onde 
trabalham profissionais com formação específica para o atendimento dos alunos 
com dificuldades educacionais especiais em razão de algum tipo de deficiência 
(auditiva, visual, motora, cognitiva, verbal), de transtornos globais de 
desenvolvimento ou de altas habilidades/superdotação. 
Chama-se sala de recursos multifuncionais, precisamente, porque nela se 
concentram materiais didáticos, equipamentos e profissionais aptos a atender, de 
forma flexível, aos diversos tipos de necessidades educacionais especiais 
(SARTORETTO; SARTORETTO, 2010). 
A sala de recursos é parte do AtendimentoEducacional Especializado que 
propõe a complementação do atendimento educacional comum. As atividades nesta 
sala devem ocorrer em horário diferente ao turno do ensino regular, para alunos com 
quadros de deficiências (auditiva, visual, física, mental ou múltipla) ou de condutas 
 
 
36 
 
típicas (síndromes e quadros psicológicos complexos, neurológicos ou psiquiátricos 
persistentes) matriculados em escolas comuns, em qualquer dos níveis de ensino, 
considerando-se que na sala deve haver equipamentos e recursos pedagógicos 
adequados às necessidades especiais. O agrupamento dos alunos deverá ocorrer 
por necessidades especiais semelhantes e mesma faixa etária. 
De acordo com Fávero (2007, p.17), elas garantem “[...] o direito a 
educação, direito humano”, fundamental para o desenvolvimento social do aluno 
com necessidades educacionais especiais. Deste modo, os alunos com 
necessidades educacionais especiais têm assegurado na Constituição Federal de 
1988, o direito à educação (escolarização) realizada em classes comuns e ao 
atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à 
escolarização, que deve ser realizado preferencialmente em salas de recursos na 
escola onde estejam matriculados, em outra escola, ou em centros de atendimento 
educacional especializado. 
Esse direito também está assegurado na LDBEN – Lei n° 9.394/96, no 
parecer do CNE/CEB nº 17/01, na Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 
2001, na Lei nº 10.436/02 e no Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. As 
salas de recursos multifuncionais são espaços da escola onde se realiza o 
atendimento educacional especializado para alunos com necessidades educacionais 
especiais, por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas 
em um novo fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimentos pelos 
alunos, subsidiando-os para que desenvolvam o currículo e participem da vida 
escolar (ALVES, 2006, p.13). 
A sala de recursos é um espaço que deve conter materiais didáticos, 
pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às 
necessidades educacionais especiais. No que se refere ao atendimento, é 
necessário que o profissional que nela atua considere as diversas áreas de 
conhecimento, os aspectos relacionados ao estágio de desenvolvimento cognitivo 
dos alunos, o nível de escolaridade, os recursos específicos para sua aprendizagem 
e as atividades de complementação e suplementação curricular (ALVES, 2006). 
No que se refere ao atendimento da sala de recursos, se resume ao número 
de 15 a 20 alunos por turma, sendo que o atendimento pode ser coletivo (até 08 
alunos por grupo), devendo ser individualizado quando o aluno demandar apoio 
 
 
37 
 
intenso e diferenciado do grupo, atendimento organizado em módulos de 50 minutos 
até 2 horas/dia; atendimento de alunos de várias escolas da região (BRASIL, 2007). 
Podemos concluir então que não é o aluno que tem que se adaptar à escola, 
mas é ela que, consciente da sua função, coloca-se à disposição do aluno, tornando 
assim a escola um espaço inclusivo. A educação especial é concebida para 
possibilitar que o aluno com necessidades educacionais especiais atinja os objetivos 
propostos para sua educação no ensino regular (BRASIL, 2004). 
A sala de recursos deve ser vista como um espaço organizado com 
materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o 
atendimento às necessidades educacionais especiais. Esse espaço pode ser 
utilizado para o atendimento das diversas necessidades, assim, uma mesma sala de 
recursos, pode ser organizada com diferentes equipamentos e materiais, tendo 
capacidade para atender, conforme cronograma e horários diferenciados, alunos 
surdos, cegos, com baixa visão, com deficiência mental, com deficiência física, com 
deficiência múltipla ou com condutas típicas, desde que o professor tenha formação 
compatível, além de também poder promover apoio pedagógico ao professor da 
classe comum do aluno. 
Nesse serviço complementar, implica abordar questões pedagógicas que 
são diferentes das oferecidas no ensino regular e que são necessárias para melhor 
atender às especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais, 
para que os mesmos sejam ativos tanto na sala de aula regular quanto em 
sociedade. Fica claro que a abordagem na sala de recursos não pode ser 
confundida com uma mera aula de reforço (repetição da prática educativa da sala de 
aula), nem com o atendimento clínico, tão pouco um espaço de socialização. 
Reafirma-se o caráter pedagógico desse atendimento, cujo objetivo é suprir 
a necessidade do aluno, assegurando o direito de acesso a recursos que possam 
potencializar suas capacidades, promover o seu desenvolvimento e aprendizagem e, 
consequentemente, levar o aluno à sua própria emancipação, garantindo, assim, 
uma plena convivência social (MINAS GERAIS, 2005), possibilitando a firmação da 
proposta inclusivista, que é a de educar com qualidade, e promover o princípio da 
equidade. 
 
 
 
38 
 
3.3 A sala de recurso para deficiência física 
Para as pessoas com deficiência física “[...] faz-se necessário criar 
condições adequadas à sua locomoção, comunicação, conforto e segurança [...]” 
(BERSCH; MACHADO, 2007, p. 27). 
O AEE para pessoas com deficiência física busca promover essas 
premissas, sendo por adaptações estruturais dos espaços físicos, e também ações 
como a adoção de recursos de comunicação alternativa/aumentativa, principalmente 
para alunos com paralisia cerebral e que apresentam dificuldades funcionais de fala 
e escrita. 
A comunicação alternativa/aumentativa contempla os recursos e estratégias 
que complementam ou trazem alternativas para a fala de difícil compreensão ou 
inexistente (pranchas de comunicação e vocalizadores portáteis). Prevê ainda 
estratégias e recursos de baixa ou alta tecnologia que promovem acesso ao 
conteúdo pedagógico (livros digitais, softwares para leitura, livros com caracteres 
ampliados) e facilitadores de escrita, no caso de deficiência física, com 
engrossadores de lápis, órteses para digitação, computadores com programas 
específicos e periféricos (mouse, teclado, acionadores especiais). 
São exemplos de material adaptado: 
1) Tesoura adaptada com arame revestido 2) Tesoura em suporte fixo 
 
3) Aranha mola 4) Órtese 
 
5) Ponteira de cabeça 
 
 
39 
 
 
Assim, de acordo com Alves (2006), o atendimento para alunos com 
deficiência física, deve levar em conta a necessidade dos professores conhecer a 
diversidade e a complexidade dos diferentes tipos de deficiência física para definir 
estratégias de ensino que desenvolvam o potencial dos alunos (daí justificamos 
porque explicamos em detalhes os tipos de deficiência e suas características). 
A autora ainda diz que 
 
de acordo com a limitação física apresentada, é necessário utilizar recursos 
didáticos e equipamentos especiais para a sua educação, buscando 
viabilizar a participação do aluno nas situações práticas vivenciadas no 
cotidiano escolar (ALVES, 2006, p.29). 
 
Proporcionando assim sua autonomia, por consequência, podendo oferecer melhor 
qualidade de desenvolvimento, interagindo com o meio social para ter uma melhor 
qualidade de vida. 
 
3.4 Atribuições do professor no AEE 
É necessário que o professor que atue na sala de AEE, tenha passado 
inicialmente por uma formação que o habilitou para o exercício da docência e 
também por outra formação específica na educação especial, inicial ou continuada, 
pois o mesmo terá diversas atribuições no AEE. 
São atribuições do professor no AEE: 
1. elaborar, executar e avaliar o Plano de AEE do aluno, contemplando a 
identificação das habilidades e necessidades educacionais específicas dos 
alunos; a definição e a organização das estratégias, serviços e recursos 
pedagógicos e de acessibilidade; o tipo de

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