Prévia do material em texto
1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS CURSO DE MEDICINA SP3: “Máquina mortífera” Ana Paula Lazarin Bernardes Gabriela Pereira Valadares Giovanna Casagrande Moreli Jéssica Thaynna Resende Figueiredo João Otávio Leal Farina Laís Corrêa Marques Luiz Fernando Yabumoto Maria José Alves Macedo Marina Teixeira Silva Mayra Fernandes Martins Rones Dias da Costa Filho MINEIROS/GO 2021 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS CURSO DE MEDICINA SP3: “Máquina mortífera” Relatório apresentado à disciplina de Tutoria da Unidade III, do 8º período, do curso de medicina, como requisito parcial para obtenção de nota, sob orientação do Professor Dr Geraldo. MINEIROS/GO 2021 3 SUMÁRIO 1.Introdução .............................................................................................................................. 4 2. Objetivo geral......................................................................................................................,.5 2.1 Definir trauma e reconhecer a sua epidemiologia (cinemática do trauma e a distribuição trimodal)...............................................................................................................6 2.2 Caracterizar o atendimento pré-hospitalar (PHTLS).........................................7 2.3 Revisar a escala de coma de Glasgow modificada...............................................8 2.4 Descrever o atendimento hospitalar inicial ao politraumatizado......................9 2.5 Definir choque hipovolêmico e sua classificação e tratamento........................11 2.6 Explicar o protocolo de transfusão maciça........................................................12 2.7 Descrever sobre o uso do ácido tranexâmico.....................................................13 2.8 Explicar como preencher o atestado de óbito....................................................14 2.9 Descrever a farmacologia e indicação das drogas vasoativas...........................15 2.10 Explicar o papel do SAMU no paciente politraumatizado e como ocorre sua regulação.................................................................................................................................16 2.11 Compreender CIVD...........................................................................................17 2.12 Definir os critérios de morte..............................................................................18 2.13 Compreender a função do IML e SVO.............................................................19 2.14 Explicar a importância do BO...........................................................................20 3. Conclusão............................................................................................................................21 4. Referências bibliográficas..................................................................................................22 4 1.Introdução O trauma é definido como lesão caracterizada por alterações estruturais ou desequilíbrio fisiológico, decorrente de exposição aguda a várias formas de energia: mecânica, elétrica, térmica, química ou radioativa. Afeta superficialmente partes moles e/ou lesa estruturas nobres e profundas do organismo. O paciente politraumatizado (ou vítima de lesões multissistêmicas) é considerado aquele que apresenta lesões em dois ou mais sistemas de órgãos (tórax, abdome, trauma cranioencefálico, fratura de ossos longos etc.); é necessário que pelo menos uma, ou uma combinação dessas lesões, represente um risco vital para o doente. O trauma representa, desde a década de oitenta do século passado, um verdadeiro problema de saúde pública, afetando não só o Brasil, mas também o mundo industrializado; os custos anuais para a sociedade americana excedem 400 bilhões de dólares, sendo resultado de uma combinação de fatores como hospitalização, administração de seguros, encargos trabalhistas e redução de produtividade. No brasil, o número de mortes por acidentes está em terceiro lugar, sendo menos frequente do que as mortes atribuídas às doenças cardiovasculares e ao câncer. Nos países desenvolvidos, considerando-se todas as faixas etárias, o trauma é superado apenas pelo câncer e aterosclerose em número de óbitos. Se observarmos a mortalidade de acordo com faixa etária, o trauma é a causa principal em indivíduos de até 44 anos de idade e já responde por 30% das mortes em idosos. Embora os avanços na sistematização do atendimento ao politraumatizado tenham sido consideráveis, infelizmente nossa realidade ainda está distante da ideal, com aproximadamente 20-30% dos óbitos ainda ocorrendo por falta de uma melhor integração entre o atendimento hospitalar e pré-hospitalar 5 2. Objetivo geral Compreender o mecanismo e o atendimento integral ao politralmatizado: O atendimento ao paciente politraumatizado iniciasse logo na cena do ocorrido analisando a biomecânica do acidente como tipo de colisão, velocidade, altura, número vítimas de forma que as melhores estratégias de atendimento sejam estabelecidas. Cada etapa deve ser feita de forma rápida e sistematizada respeitando o ABCDE sem pular etapas e reavaliando sempre, de modo que não negligencie a condição do paciente nem os riscos relacionados ao atendimento. 6 2. Objetivos específicos 2.1 Definir trauma e reconhecer a sua epidemiologia (cinemática do trauma e a distribuição trimodal). Segundo o PHTLS Trauma é definido como um evento nocivo que advém da liberação de formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia. Sendo assim podemos dizer que trauma é uma lesão de extensão e intensidade variáveis, que pode ser provocada por agentes químicos, físicos e/ou psíquicos, de forma intencional ou acidental, instantânea, ou prolongada, produzindo perturbações somáticas. O trauma mata, em média, 9 pessoas por minuto e até 5,8 milhões por ano, geralmente dos 1 a 44 anos, o que faz com que cerca de 12% dos gastos em saúde no mundo sejam voltados para o trauma, excedendo 500 bilhões por ano. Quando falamos em cinemática do trauma devemos pensar no movimento dos corpos envolvidos em um trauma, independentemente do tipo de força que o produziu. Este tipo de conhecimento é o que diferencia o profissional em seu atendimento. Saber o que e onde procurar uma lesão de acordo com a cinemática é fundamental para a melhora no prognóstico da vítima, já que a identificação da lesão será mais rápida e, consequentemente, o tratamento será mais específico, minimizando as sequelas ou mesmo evitando a morte. Por exemplo, devemos buscar informações como deformidades do volante do veículo, sugerindo trauma torácico. Quebra com abaulamento circular do para-brisas indicando o impacto da cabeça, parecendo lesão cervical e craniana. Ou então deformidades baixas do painel de instrumentos, apontando luxação do joelho, quadril ou fratura de fêmur. Já a distribuição trimodal do trauma, é uma teoria que acredita que todo incidente traumático possui 3 picos de mortalidade: • Imediata: Acontece nos primeiros minutos – quando nem sempre é possível recuperar a vítima. Corresponde a 50% dos casos. A melhor maneira de combater tais óbitos seria a prevenção do trauma e a estratégia de segurança. • Precoce: Acontece de minutos a horas. Este é o principal momento em que as equipes do APH e da sala de emergência têm a sua importância, e o seu conhecimento do mecanismo de trauma pode fazer a diferença na recuperação da vida da vítima. Corresponde a 30% dos casos. • Tardia: Pode levar dias a semanas. Este é o período em que o paciente está internado epela própria gravidade do caso, ou pelo tratamento inicial incompleto, permanece por mais tempo no hospital de tratamento definitivo. Corresponde a 20% dos casos. 7 2.2 Caracterizar o atendimento pré-hospitalar (PHTLS) X: EXSANGUINAÇÃO Após chegar ao local da cena e garantir a segurança do local, deve-se proceder com a contenção de hemorragias externas volumosas, sendo essas responsáveis pelo aumento da morbimortalidade e inviabilizando a aplica do restante do protocolo, quando não são contidas. A: ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL E AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS Cerca de 80% dos óbitos por lesão traumática da coluna deve-se a luxações do atlas- occipital e fraturas de C1-C2. A avulsão dos arcos de C2 e fratura de C2 sobre C3 é a segunda mais comum, geralmente associada a fraturas de crânio e mandíbula. O colar cervical, isoladamente, permite movimentação lateral parcial da cabeça, assim como pequena rotação e movimentação anteroposterior. Assim, para uma imobilização correta, deve-se utilizar também uma prancha longa rígida, somada ao emprego de coxins laterais para garantir a fixação da cabeça durante o transporte do paciente. Indivíduos sem prejuízo da fonação dificilmente apresentarão obstrução significativa das vias aéreas. Em indivíduos com rebaixamento do nível de consciência, a patência das vias aéreas deve ser estabelecida rapidamente com o emprego de medidas como elevação do queixo (Chin-lift) ou tração da mandíbula (Jaw-Thrust), sempre mantendo a coluna cervical estabilizada. É de fundamental importância a inspeção da via aérea, atentando-se para presença de corpos estranhos, vômito, sangue ou saliva acumulados, devendo ser prontamente aspirados. Forma preferencial para obtenção de uma via aérea definitiva é através da intubação orotraqueal, seguindo a sequência rápida, um método anestésico que permite intubação rápida e não traumática, combinando anestésicos de ação rápida e bloqueadores neuromusculares. Dispositivos que medem o CO2 expirado devem estar presentes para confirmar o posicionamento do tubo (capnógrafo, por exemplo). A via aérea cirúrgica deve ser indicada se trauma maxilofacial extenso, distorção anatômica resultante de trauma de pescoço, incapacidade de visualização das cordas vocais. 8 A cricotireoidostomia por punção não é considerada via aérea definitiva. Consiste na punção da membrana cricotireoide com uma agulha, em seguida, passada uma cânula de grosso calibre em direção à traqueia, para que possa iniciar a ventilação intermitente a jato. PaO2 deve ser mantida em níveis adequados por somente 30 a 45 minutos. Pode ser empregada em crianças menores de 12 anos. Deve ser usada sempre que existir a indicação cirúrgica e a manobra não possa ser atrasada. B: VENTILAÇÃO E RESPIRAÇÃO Próximo passo consiste em garantir uma ventilação adequada. Todas as vítimas de trauma devem receber oxigenação suplementar. Inspeção, palpação, percussão e ausculta da região torácica são elementos importantes, além de uma radiografia de tórax em AP. Três situações podem comprometer criticamente a ventilação/oxigenação: Pneumotórax hipertensivo, Pneumotórax aberto e Trauma da árvore traqueobrônquica. C: CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DA HEMORRAGIA Se instabilidade hemodinâmica, reposição volêmica é feita preferencialmente através de acessos periféricos calibrosos. Ainda, deve-se colher amostras sanguíneas para avaliação laboratorial e toxicológica. No atendimento pré-hospitalar, a primeira medida é o controle da perda de sangue através da compressão da ferida e curativos compressivos, inclusive com emprego de torniquetes. Na suspeita de fraturas pélvicas, a estabilização pode ser feita através de dispositivo ou envolvendo a pelve com lençol e procedendo com um nó apertado. Perda hemorrágica é a causa mais frequente de choque em vítimas de politrauma, habitualmente por fontes intra-abdominais, tórax, fraturas pélvicas e fraturas de ossos longos. De acordo com a tabela a seguir, pode ser estratificada e servir para nortear a reposição inicial. D: INCAPACIDADE/ESTADO NEUROLÓGICO Exame neurológico rápido deve ser realizado, inclui a aferição da escala de coma de Glasgow e observação do tamanho pupilar e movimentação de extremidades. E: EXPOSIÇÃO/CONTROLE DO AMBIENTE Vítima deve ser despida e examinada rapidamente dos pés a cabeça. Após esta avaliação, deve ser aquecido com cobertores térmicos e a temperatura da sala deve ser adequada. 2.3 Revisar a escala de coma de Glasgow modificada. 9 A escala de coma de Glasgow é usada para classificar a gravidade do acometimento cerebral incluindo os paciente politraumatizados sendo leve se a pontuação for de 13-15, moderado de 9-12 e grave de 3-8. A adição da reação pupilar possibilita uma maior precisão da análise do prognóstico no TCE. A 10° ed. Do ATLS substituiu a nomenclatura de “estímulo doloroso” por “estímulo a pressão” por questionar a real necessidade de submeter o paciente a essa sensação. A classificar o paciente na Escala de Coma de Glasgow com resposta pupilar (ECG-P) deve-se iniciar fazendo a avaliação da escala normalmente, levando em conta a resposta de abertura ocular, de fala e de movimentação, somando pontos de acordo com a resposta. Após isso, faz-se a avaliação da reatividade pupilar com estímulo luminoso: se ambas as pupilas estiverem fotorreagentes, não se altera o somatório da escala já feito pelos passos acima; se somente uma das pupilas não estiver reagente, subtrai-se 1 ponto da escala; e se nenhuma das 2 pupilas estiverem reagentes, subtrai-se 2 pontos da escala. Dessa forma a não reação da pupila indica uma maior gravidade e pior prognóstico. 2.4 Descrever o atendimento hospitalar inicial ao politraumatizado. O atendimento hospitalar inicial ao politraumatizado é padronizado pelo mnemônico ABCDE, que define prioridades durante a abordagem e padroniza o atendimento no trauma. Sendo seguido, ele norteia a identificação de lesões potencialmente fatais ao indivíduo, tendo como principal objetivo reduzir índices de mortalidade e morbidade em vítimas de qualquer idade e qualquer tipo de trauma. 10 A- Permeabilidade de via aérea e proteção da coluna cervical → Deve ser feita uma avaliação rápida afim de identificar sinais de obstrução da via aérea, seja por secreção, corpo estaranho, fraturas faciais, mandibulares ou traqueolaríngeas. Manobras como chin lift ou jaw thrust podem ser utilizadas como medida inicial para permeabilizar a via aérea. B- Ventilação e respiração → Mesmo que a via aérea esteja pérvia não se deve esquecer de avaliar a ventilação visto que essa depende do funcionamento adequado dos pulmões, paredes torácica e do diafragma. Além disso deve-se realiza inspeção do pescoço e do tórax para descartar distensão de veias jugulares, posição da traqueia e movimentação da parede torácica, realizar ausculta para se confirmar o fluxo de ar nos pulmões. Lesões como pneumotórax hipertensivo, o tórax instável (retalho costal móvel) com contusão pulmonar, o hemotórax maciço e o pneumotórax aberto podem prejudicar gravemente a ventilação num curto prazo e exigem atenção imediata. C- Circulação com controle da Hemorragia → Podem estar alteradas devido ao número extenso de lesões, sendo assim, deve-se considerar volume sanguíneo, debito cardíaco e hemorragia, sendo essa última a principal causa de morte pós-traumática evitável. Descartando o pneumotórax hipertensivo como causa de choque, a hipotensão em doentes traumatizados deve ser considerada hipovolêmica até prova em contrário. E essencial a avaliação rápida e precisa do estado hemodinâmico do doente traumatizado. Os elementos clínicos que oferecem informações importantes dentro de poucos segundos são o nível de consciência, a cor da pele e o pulso. D- Disfunção neurológica → No final da avaliação primária, deve ser feita avaliação neurológicarápida utilizando-se a escala de como de Glasgow que estabelece o nível de consciência do doente, o tamanho e reatividade das pupilas, sinais de lateralização e o nível de lesão da medula espinhal. Alteração no nível de consciência implica em reavaliação da ventilação, oxigenação e perfusão. Hipoglicemia, álcool, narcóticos ou outras drogas devem ser descartados pois também podem cursar com alteração do nível de consciência. No entanto, se excluídos toda alteração do nível de consciência deve ser considerada originária de um trauma ao sistema nervoso central até que se prove o contrário. E- Exposição e controle do Ambiente → O paciente deve ser totalmente despido, geralmente cortando as roupas para facilitar o exame e avaliação completos. Depois de retirar a roupa do doente e completar a avaliação, o doente deve ser coberto com cobertores aquecidos ou algum dispositivo de aquecimento externo para prevenir a ocorrência de hipotermia na sala de trauma. Os fluidos intravenosos devem ser aquecidos antes de administrados e o ambiente 11 deve ser mantido aquecido. O mais importante é garantir a temperatura corporal do doente e não o conforto da equipe de atendimento. 2.5 Definir choque hipovolêmico e sua classificação e tratamento. Choque é um estado de hipoperfusão orgânica efetiva generalizada, uma verdadeira “isquemia” generalizada. Em última análise, as células não recebem o aporte de oxigênio necessário para manter a sua homeostase. Choque Hipovolêmico: devido à redução do volume sanguíneo em relação ao espaço vascular total, levando à queda das pressões e volumes de enchimento diastólico ventricular por definição, as pressões de enchimento de ambos os ventrículos são baixas, pois o retorno venoso está primariamente comprometido. Como resultado, teremos uma redução da PVC, PAP diastólica e PCP. Os pacientes com choque hipodinâmico se apresentam com, palidez cutaneomucosa, sudorese fria e pegajosa, principalmente nas extremidades, taquicardia, taquipneia, com pulsos radiais finos ou impalpáveis, oligúria e hipotensão arterial. A hipotensão arterial como PA sistólica < 90 mmHg) não é um critério obrigatório. Principais critérios para choque hipovolêmico • “Fáscies de Sofrimento” ou alteração do estado mental. • Taquicardia (FC > 100 bpm). • Taquipneia (FR > 22 ipm) ou PaCO2 < 32mmHg. • Base Excess < - 5 mEq/L ou lactato sérico > 4 mM. • Débito Urinário < 0,5 ml/kg/h. • Hipotensão Arterial (PA sistólica < 90 mmHg) por um período > 20min O choque hipovolêmico pode se dividir em hemorrágico (relacionado diretamente ao mecanismo do trauma e não hemorrágico o qual ocorre por perda de volume pelo trato gastrointestinal como diarreias e vômitos, rins por diurese aumentadas, perdas para o terceiro espaço, queimaduras e hipertermia. Classificação do choque hipovolêmico: 12 Fonte: Unasus O tratamento do choque hipovolêmico visa a rápida restauração do volume intravascular. As regras básicas utilizadas para reposição são: utilização de derivados hemoterápicos para repor perdas maiores que 1.000 a 1.500 ml, colóides quando existe lesão endotelial e maior risco de edema e cristalóides para repor as perdas hídricas menores que 1.000 ml e quando o interstício está depletado. Entretanto, estas não são regras absolutamente fixas. A transfusão sanguínea deve ser cogitada quando a perda sanguínea ultrapassa 1500 ml. 2.6 Explicar o protocolo de transfusão maciça. Os guidelines do ATLS recomendam iniciar o Protocolo de Transfusão Maciça após o uso de 2 litros de solução cristaloide, seguida pela transfusão de sangue O positivo, com os protocolos de transfusão maciça, sendo recomendado o uso de uma relação concentrado de hemácias, plaquetas, plasma fresco congelado de 1:1:1, embora outras relações como 2:1:1 possam ser consideradas sem evidência clara de inferioridade. Um estudo randomizou 680 pacientes com sangramento significativo de trauma grave para receber transfusão de 1 versus 2 unidades de concentrados de hemácias para cada unidade de PFC e plaquetas encontrou resultados discretamente melhores com a abordagem 1:1:1. Os pacientes atribuídos a 1:1:1 eram mais propensos a ter hemostasia adequada (86% versus 78%) e tiveram menos mortes por exsanguinação às 24 horas (9% versus 15%). A mortalidade geral em 1 e 30 dias não foi diferente entre os grupos, embora tenha havido uma tendência a ser menor no grupo 1: 1: 1. Vários protocolos de transfusão maciça foram desenvolvidos como o de Denver, sendo o mais utilizado o de Maryland, que recomenda uma proporção de 1:1:1 para reposição de hemocomponentes. 13 O ATLS recomenda, ainda, que todos os pacientes que se apresentem em choque devido à hemorragia por trauma recebam 1g de ácido transnexâmico em 10 minutos, seguido de 10 minutos em 8 horas. Os estudos mostram benefício com diminuição de mortalidade quando administrado até 3 horas do trauma, sendo que, quando a administração ocorre em menos de 1 hora, os desfechos são superiores. Para o subconjunto de pacientes que apresentam traumas generalizados de tecidos (como lesões de combate) e coagulopatia, ou alta probabilidade de coagulopatia, uma abordagem usando plasma como o fluido de ressuscitação principal tem sido defendida pelos militares dos EUA. Em pacientes em quem se considera o uso de transfusão de plaquetas e plasma fresco congelado sem utilizar taxas fixas de plaquetas ou plasma fresco congelado (PFC), indicações para a sua administração durante a transfusão maciça incluem os seguintes parâmetros: É indicada a transfusão de plaquetas quando a contagem de plaquetas é <50.000/mm3. É indicada a transfusão de PFC se o INR é >1.5. Se o nível de fibrinogênio é <100mg/dL (<1g/L), o PFC pode ser substituído por crioprecipitado. A transfusão de concentrado de hemácias é associada a outras complicações potenciais como hipotermia e acidose; assim, é recomendado, durante a transfusão maciça, que sejam aquecidos os hemocomponentes e cristaloides utilizados. A acidose e a hipotermia podem piorar a coagulopatia associada ao trauma. A hipocalcemia associada ao citrato, que é utilizado como conservante, pode ocorrer em uma transfusão maciça. 2.7 Descrever sobre o uso do ácido tranexâmico. O ácido tranexâmico é um análogo sintético da lisina que reduz o sangramento ao inibir competitivamente a fibrinólise. É recomendado em uma variedade de procedimentos cirúrgicos eletivos para reduzir a perda de sangue, e também para o tratamento de hemorragias importantes. Tem relativamente poucas contraindicações, é bem tolerado e barato de se usar, sendo que foi demonstrado um benefício significativo (1,5%) na mortalidade quando 1g de ácido tranexâmico intravenoso foi dado em até 3 horas após a lesão a pacientes de trauma com suspeita de hemorragia importante. Após um trauma, cirurgia ou exposição a circulação extracorpórea, a capacidade do sangue em regular a fibrinólise local é excedida, podendo ocorrer fibrinólise generalizada, levando a coagulopatia. A lisina se liga ao plasminogênio, convertendo este em plasmina (principal agente fibrinolítico). 14 O mecanismo de ação do ácido tranexâmico como dito, inibe a fibrinólise, ligando-se reversivelmente a locais de ligação de lisina no plasminogênio, interferindo assim a ligação do plasminogênio com a fibrina, que é necessária para a ativação da plasmina, se não tem ativação da plasmina, não tem quebra da fibrina. A plasmina atua sobre as plaquetas para reduzir a agregação e adesão de plaquetas e, portanto, o ácido tranexâmico, ao reduzir a formação da plasmina, ajuda a preservar a função das plaquetas. As drogas antifibrinoliticas previnem a dissolução do coágulo, levando à redução da perda sanguínea em cirurgia. Em cirurgias eletiva, o ATX diminui em cerca de 30% a necessidade de transfusão sanguínea, sem afetar a mortalidadee nem aumentar as complicações pós-operatórias. Em trauma, o ATX recentemente foi associado com uma redução de taxa de mortalidade em um grande número de pacientes traumatizados com sangramento. Após 3 horas, a dose deve ser omitida a menos que haja evidências claras de hiperfibrinólise nos desfechos sanguíneos. Dose inicial (até 100 mg/min) Dose de manutenção Outras condições 1 g IV 1 g IV por 8 horas Continuar 1 g a cada hora se o sangramento continuar 2.8 Explicar como preencher o atestado de óbito Para que serve? - Documento padrão para coleta de dados sobre a mortalidade (estatística e epidemiologia): via amarela - Documento para lavraturas (cartórios de registro civil) da certidão de óbito para sepultamentos: via rosa - Documento que o médico assina primeiro, ficando a posse do hospital ou IML: via branca O médico tem a obrigação legal de constatar e atestar o óbito. É imprescindível que haja compromisso do médico com relação a veracidade, a completude e fidedignidade das informações registradas na DO, uma vez que é o profissional responsável pelas informações contidas no documento. O que o médico deve fazer? 15 - Preencher os dados de identificação com base em um documento da pessoa falecida. Na ausência, caberá a autoridade policial proceder o reconhecimento do cadáver. - Registrar os dados da DO sempre com letra legível e sem abreviações e rasuras. - Registrar as causas da morte, obedecendo ao disposto nas regras internacionais, anotando preferencialmente apenas um diagnóstico por linha e o tempo aproximado entre o início da doença e a morte. - Revisar se todos os campos estão preenchidos corretamente antes de assinar. O que o médico não deve fazer? - Assinar DO em branco. - Preencher a DO sem, pessoalmente, examinar o corpo e constatar a morte. - Utilizar termos vagos para registro das causas de morte: PCR, falência de múltiplos órgãos. - Cobrar pela emissão da DO. Como preencher? Causas da morte Parte I: a) Causa imediata ou terminal; b) Causa intermediária; c) Causa intermediária; d) Causa básica da morte. Parte II: Outros estados patológicos, significativos que contribuíram para a morte, não estando, entretanto, relacionados com o estado patológico que as produziu. 2.9 Descrever a farmacologia e indicação das drogas vasoativas A dobutamina, é uma catecolamina sintética que exerce efeito predominante em receptores beta-adrenérgicos, promovendo aumento do débito cardíaco e redução nas pressões de enchimento ventricular, no modelo dose-dependente. Até a dose de 2,5 a 10 μg/kg/min promove aumento da contratilidade miocárdica sem elevação significativa da frequência cardíaca. A dobutamina está indicada para pacientes, nos quais o tratamento baseia-se no aumento da contratilidade miocárdica sem interferir na resistência vascular sistêmica. Pode ser utilizada no tratamento da insuficiência ventricular esquerda aguda ou crônica e pode ser utilizada 16 isoladamente ou em associação à dopamina e/ou noradrenalina, no tratamento do choque cardiogênico de qualquer etiologia, ou no choque séptico. Também está indicado seu uso no pós-operatório de cirurgia cardíaca de maneira geral, assim como, na fase pré-operatória do transplante cardíaco A dopamina é um importante neurotransmissor do sistema nervoso central e periférico. A ativação dos receptores dopaminérgicos resulta em vasodilatação de artérias renais, mesentéricas, coronárias e cerebrais. A dopamina na dose de 5 a 10 μg/kg/ min é frequentemente utilizada para aumento do fluxo sanguíneo renal e aumento do volume urinário, podendo ser utilizada em períodos de “stress” renal. A dopamina pode ser utilizada em baixas doses, associada ao uso de dobutamina e/ou noradrenalina no tratamento do choque cardiogênico e do choque séptico, com o objetivo de aumentar o fluxo hepático, esplâncnico e renal. Também pode ser utilizada em pacientes oligúricos não hipovolêmicos, com o propósito de incremento do fluxo sanguíneo renal e aumento do volume urinário. A noradrenalina, precursor endógeno da adrenalina, interage predominantemente com receptores alfa-adrenérgicos, exercendo de maneira significativa um efeito vasopressor. Também apresenta efeito inotrópico positivo, em decorrência da estimulação beta-adrenérgica, contudo, apresenta taquicardia menos pronunciada. É utilizada como droga vasopressora de 2 a 4 μg/min, no tratamento do choque séptico, na síndrome da resposta inflamatória sistêmica, e na síndrome inflamatória pós-circulação extracorpórea em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Também pode ser utilizada no choque cardiogênico, principalmente como decorrência do infarto agudo do miocárdio assim como no tratamento inicial do choque hipovolêmico grave, até que ocorra o restabelecimento da volemia, com a terapia de reposição de fluidos. Adrenalina interage com receptores α, β2, e β1, no modelo dose-dependente, com características vasopressoras, e estimulando a liberação de noradrenalina. Induz aumento da frequência cardíaca e do volume sistólico mediado por efeito beta-adrenérgico, e aumenta de forma significativa a resistência vascular periférica por estimulação alfa-adrenérgica, quando administrada em dose superior a 1 μg/kg/min. É uma droga de fundamental importância na parada cardiorrespiratória e é frequentemente utilizada em cirurgia cardíaca, na saída de circulação extracorpórea. Também pode ser utilizada no choque séptico refratário. Constitui ainda uma indicação absoluta no tratamento do choque anafilático. 2.10 Explicar o papel do SAMU no paciente politraumatizado e como ocorre sua regulação. 17 O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) é de fundamental importância para disponibilizar atendimento aos pacientes no pré-hospitalar e intra-hospitalar. Dessa forma, atende pelo telefone 192, sendo oferecido pelo Governo Federal em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e Secretarias Municipais de Saúde, com finalidade de prestar assistência aos casos de urgência e emergência no Brasil, uma vez que o serviço conta com equipes de suporte básico e avançado de vida. Logo, o objetivo inicial do atendimento à vítima de trauma é reconhecer e tratar as lesões iniciais que possam levar ao óbito agudamente. Dessa forma, o atendimento segue uma linha sequencial com o intuito de prever os desfechos negativos. A avaliação inicial envolve um bom exame físico sequenciado através do ABCDE, onde primeiramente observa-se as vias aéreas com controle cervical, buscando causas de obstruções e tratando-as, seguidamente vê-se a boa ventilação, onde observa-se se há uma troca de oxigênio adequada, ou se há necessidade de intervenção. No C busca-se a presença de choque, com diminuição da volemia e reposição, enquanto que no D, averígua-se o status neurológico do paciente, através da escala de coma de Glasgow e por fim, faz-se a exposição da vítima por completo em busca de lesões, mantendo-a aquecida. Toda essa sistematização, mundialmente conhecida, influencia diretamente no quadro do paciente, visto que através do conhecimento das lesões que são potencialmente leais ou letais precoce e o seu rápido tratamento diminuem a taxa de morbimortalidade. Por fim, no quesito de sua regulação, a Central de Regulação de Urgências (CRU) garante que pacientes tenham acesso ágil às unidades de saúde, sendo esse responsável por receber todas as demandas priorizando os atendimentos por critérios clínicos de gravidade. Portanto, pode-se concluir que o serviço de atendimento pré-hospitalar à vítima de politrauma é de suma importância, principalmente, no quesito da distribuição trimodal do trauma, sendo fundamental para diminuir as taxas de morbimortalidade e promover um atendimento adequado, cauteloso, rápido e multidisciplinar para o paciente politraumatizado. 2.11 Compreender CIVD A coagulaçãointravascular disseminada (CIVD) é uma síndrome adquirida secundária a outras condições clínicas graves que promovem resposta inflamatória exacerbada, capaz de ativar o sistema de coagulação de forma difusa, e caracterizada por complicações trombóticas, comprometimento de órgãos e sintomas hemorrágicos. O equilíbrio hemostático depende da vasculatura normal, plaquetas, fatores procoagulantes e seus inibidores, e fibrinólise. Quando esse balanço é alterado ocorre uma ativação simultânea dos sistemas de coagulação e de fibrinólise na microvasculatura sistêmica. 18 O quadro de hipercoagulabilidade gerado promove uma alta deposição de fibrina, que leva à oclusão de pequenos e médios vasos, contribuindo para a falência de múltiplos órgãos . Existem 4 mecanismos envolvidos na formação de fibrina na CIVD: ativação da resposta inflamatória, aumento da geração de trombina, supressão das vias naturais de anticoagulação e fibrinólise comprometida. Há uma variedade de manifestações clínicas graves que desencadeiam a CIVD. As doenças infecciosas, em particular a septicemia, são as mais comumente associadas à CIVD. Além disso, as infecções podem agravar doenças relacionadas com o risco de trombose e/ou hemorragias pela indução de trombocitopenia, disfunção hepática e choque. Na sepse bacteriana, as endotoxinas liberadas pelos microorganismos na corrente sanguínea acionam o fator tissular (FT), estimulando a coagulação, enquanto que em sepses virais a presença de complexos antígeno-anticorpo pode desencadear o processo. Um exemplo clínico de CIVD aguda é a púrpura fulminante secundária à sepse meningocócica, onde há o desenvolvimento de necrose hemorrágica de pele e gangrena de extremidades. Manifestações crônicas de CIVD podem existir na presença de quantidades pequenas ou localizadas de FT contido em material de carcinoma metastático, hemangiomas gigantes e feto morto retido. O espectro de ativação da coagulação vai desde uma diminuição da contagem de plaquetas, prolongamento subclínico dos tempos de coagulação até à fulminante CIVD, caracterizada por trombose difusa. De forma simultânea, podem ocorrer sangramentos de vários sítios, o que frequentemente é a primeira manifestação notada. Em quadros subagudos de CIVD, a apresentação clínica dá-se por manifestações pró- trombóticas que dificultam a irrigação de diferentes órgãos, criando evidências bioquímicas de dano ou falência de órgãos (6). É importante salientar que a CIVD não é uma doença por si só, mas uma complicação de uma doença já existente, e embora o tratamento da desordem subjacente seja fundamental para a resolução da síndrome, o tratamento de suporte para o sistema de coagulação também deve ser instaurado, com o objetivo de reconstituir as alterações microvasculares e reduzir as disfunções orgânicas 2.12 Definir os critérios de morte Os sinais vitais são aqueles que evidenciam o funcionamento e as alterações da função corporal. Sendo assim, destacam-se: pressão arterial, temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória e dor. No contexto do paciente politraumatizado, há indícios que indicam que o paciente não tem mais sinais de vida, como ausência de pulso central, ausência 19 de reflexos e PCR. Portanto, é importante a ação rápida, síncrona e cautelosa dos profissionais de saúde quanto ao resgate dos pacientes vítimas de trauma. Por isso, é importante destacar sobre o Protocolo de Onda Vermelha. Ele é um conjunto de ações táticas médicas e administrativas que visam, prioritariamente, à abordagem cirúrgica de pacientes cuja condição clínica implique em morte iminente, em centro cirúrgico, adequadamente preparado e capacitado, ao invés da sala de atendimento ao politraumatizado. Logo, a onda vermelha possibilita que os profissionais de saúde realizem o atendimento ao perfil de paciente em risco de morte, por meio da oferta imediata de hemoderivados e disponibilização contínua de uma sala ampla no centro cirúrgico equipada com materiais necessários aos procedimentos cirúrgicos. 2.13 Compreender a função do IML e SVO O SVO (SERVIÇO DE VERIFICAÇÃO DE ÓBITO) pode esclarecer a causa da morte nos casos de morte natural sem assistência médica, ou nos casos em que não haja causa clara, ou mesmo sob supervisão de equipe médica. É importante que as famílias e comunidades entendam a causa da morte. Além disso, fornece informações sobre como obter benefícios sociais, como auxílio -funeral, seguro, pensões, etc. Ademais, alerta sobre medidas higiênicas de prevenção e controle de doenças infecciosas, que ameaçam a vida das pessoas, principalmente os familiares que estão em contato com os falecidos. Nesse contexto, se houver uma morte natural devido a uma doença sem assistência médica e a morte ocorrer em casa ou na via pública, você deve procurar o SVO. Orienta-se que, os casos que devem ser enviados do interior do Estado para o SVO, sejam, especialmente, os casos de interesse da vigilância em saúde, como dengue, meningite, leptospirose e outras doenças infecciosas. Vale ressaltar que o hospital envia casos de morte por causas naturais ao SVO nas primeiras horas de hospitalização, e a autópsia é a única forma de confirmar o diagnóstico. 2. IML (INSTITUTO MÉDICO LEGAL) A função mais conhecida do IML é a necrópsia, geralmente chamada de exame dos indivíduos após a morte. Porém, é um erro associar o IML apenas às necrópsias, pois esse tipo de exame representa apenas 30% das atividades realizadas. Por sua vez, a maior parte da assistência (70%) é prestada a pessoas vivas, vítimas de acidentes de trânsito, agressões, acidentes de trabalho, etc. Em resumo, diferença entre SVO e IML: 20 - SVO: É para onde se enviam corpo de pessoas que sofreram mortes naturais ou tardias (sem traumas ou violência) e identificadas; exemplo: mortes por doenças, por idade...; Pertence a secretaria de saúde. - IML: É para onde se enviam vítimas de mortes violentas, mortes suspeitas, indivíduos não identificados (indigentes, por exemplo), suicídios, indivíduos sob custódia da justiça (presos), e cadáveres decompostos (que não se pode determinar se a morte foi violenta ou não. 2.14 Explicar a importância do BO Boletim de ocorrência, também conhecido pela sigla “B.O”, é o documento que registra a notícia do crime. O Boletim de Ocorrência é o ato que dá inicio à fase pré-processual de apuração de um crime cometido e é o que possibilita a instauração do inquérito policial, além de fornecer dados para estatísticas ao poder público que poderá desenvolver políticas no campo da segurança pública evitando assim as chamadas “cifras negras”, que são os crimes que não chegam ao conhecimento do Estado. É muito importante que nós registremos qualquer tipo de ocorrência fornecendo o maior número de informações possíveis para o poder público traçar um perfil da criminalidade que nos afeta além de podermos cobrar atitudes da polícia dentro de fatos efetivamente ocorridos e não de supostos boatos de insegurança. Seu conceito mais literal é de um documento formal, que aborda ordenada e detalhadamente os fatos e ocorrências que demandam intervenção policial, sendo que essas se conceituam como sendo qualquer forma que afete a ordem pública, exigindo medidas policiais. Como documento oficial, o Boletim de Ocorrência visa princípios expressos e reconhecidos da Administração Pública, como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, motivação, entre outros. Registrar um boletim de ocorrência é assegurar-se de uma série de transtornos futuros, bem como colaborar para as investigações e segurança de uma determinada área, delatando suspeitos, evitando assim, que novos crimes aconteçam. 21 3.Conclusão O atendimento ao politraumatizado necessita sempre seguir uma sequência de forma lógica para que as causas de lesões potencialmentefatais possam ser contornadas e resolvidas, diante disso temos o método mnemônico do trauma X-ABCDE que possibilite uma forma prática de avaliar as principais causas sendo X (hemorragias exsanguinante), A (vias aéreas e proteção cervical), B (boa ventilação e respiração), C (circulação com controle de hemorragias), D (disfunção neurológica), E (exposição total do paciente). Diante disso a paciente do caso clínico foi atendida no pré hospitalar de acordo com os protocolos de atendimento, o que possibilitou com que ela chegasse ainda com vida no Unidade de atendimento imediato. Faz-se importante para a conduta do caso no intra-hospitalar a equipe de socorristas descreverem a cinemática do trauma, presença de vítimas fatais, quadro clínico e condutas tomadas sobre a paciente, assim a equipe poderá dar continuidade ao atendimento de forma eficaz. A equipe hospitalar também adotara o mnemônico ABCDE e instituirá medidas definitivas de tratamento a paciente e manutenção das medidas pré hospitalares já adotadas. Os processos descritos apesar de terem uma escala devem ser realizados de forma rápida e simultânea, após a estabilização primaria do paciente a abordagem secundária iniciasse com exames mais complexos e demorados os quais necessitam de total estabilização do quadro para a realização. Em casos em que não seja possível mesmo após esgotamento de recursos salvar a vida do paciente, saber descrever um BO e ou até referenciar para o SVO ou IML a depender do motivo que desencadeou a morte são relevantes para uma averiguação de possíveis crimes e para verificar as reais causas de morte daquele indivíduo, no caso em questão o corpo foi referenciado para avaliação do IML por ser um óbito por causa externa decorrente de lesão violenta (onde se encaixa os acidentes de trânsito). 22 4. Referências bibliográficas ALENCAR, José de Arimatéa Muniz et al. A importância do atendimento pré-hospitalar para o paciente politraumatizado no Brasil: Uma Revisão Integrativa/The importance of prehospital care for polytrauma patients in Brazil: An Integrative Review. ID online REVISTA DE PSICOLOGIA, v. 13, n. 48, p. 889-903, 2019. AMERICAN COLLEGE OF SURGIONS COMMITTEE ON TRAUMA. Advanced Trauma Life Suport – ATLS. 10 ed. , 2018. Asherson RA, Espinosa G, Cervera R, Gómez-Puerta JA, Musuruana J, Bucciarelli S et al. Disseminated intravascular coagulation in catastrophic antiphospholipid syndrome: clinical and haematological characteristics of 23 patients. Ann Rheum Dis. 2005; 64:943-946. ATLS - Advanced Trauma Life Support for Doctors. American College of Surgeons. 10a. Ed. 2018. - Velasco,Irineu Tadeu; Neto, Rodrigo Antonio Brandão Coil CJ, Saten SA. Transfusion therapy in Tintinalli Emergency Medicine 2016. COMITÊ DE TRAUMA DO COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES; Advanced Trauma Life Suport (ATLS), 9ª Ed 2014. Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul Manual de Atestado de Óbito. 2. ed. Porto Alegre: CREMERS, 2018. https://cremers.org.br/pdf/manual_do_atestado_de_obito.pdf FONSECA, J. C. L. Drogas vasoativas - Uso racional. Rev SOCERJ, v. XIV, n.2, 2001. https:bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_declaracao_obitos.pdf MARTINS, Bárbara Ribeiro. O processo de trabalho do enfermeiro na unidade de urgência e emergência de um Hospital Público. 2016. NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS - Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning. 2020. https://cremers.org.br/pdf/manual_do_atestado_de_obito.pdf 23 SUEOKA, Junia Shizue. Aph-Resgate: Emergência Em Trauma. Elsevier Brasil, 2019. 3.Conclusão