Buscar

Um pouco sobre David Ricardo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autora: Maria Amanda Capucho da Silva
UM POUCO SOBRE DAVID RICARDO
O presente texto tem como objetivo apresentar de forma sucinta o economista inglês
David Ricardo, tomando como base o artigo de Gentil Corazza, além da produção de Ricardo
trazida no livro Os Economistas.
O economista clássico britânico David Ricardo (1772 - 1823) é, até os dias atuais, um
dos nomes mais famosos da história da economia. Mesmo sem ter tido instrução econômica
formal. Ricardo conseguiu enxergar a economia com maestria e formular pensamentos que
são de extrema importância para o estudo econômico. Ricardo teve a obra de Adam Smith —
A Riqueza das Nações — como influência para sua entrada nos estudos de economia política,
claro que há distinções entre ambos autores, mas é inegável a contribuição de Smith em
Ricardo. Além de Smith, Ricardo também foi influenciado por Thomas Malthus para a
construção de suas teorias. Antes de continuar falando sobre Ricardo, uma breve introdução a
Malthus e em especial a sua teoria populacional é importante, uma vez que Ricardo baseou-se
nela para formular algumas de suas ideias. Vamos usar o artigo de Corrzza para isso.
Em seu artigo — Malthus e Ricardo: duas visões de Economia Política e Capitalismo —
Gentil Corazza realiza uma análise do pensamento dos economistas Thomas Robert Malthus
(1766 - 1834) e de David Ricardo. Primeiramente, o autor constrói uma breve introdução
sobre o pensamento econômico, a economia e a economia política clássica, afirmando, com
base na perspectiva de Schumpeter, Screpanti e Zamagni, que a ciência econômica “percorre
vários caminhos na forma de um leque de teorias paralelas e concorrentes entre si” (2005,
pág.1). Logo em seguida, Corazza apresenta rapidamente o contexto histórico de Malthus e
Ricardo, além dos pontos mais significativos de suas teorias.
Dada essa introdução, Corazza inicia a exposição da teoria da população de Thomas
Malthus, trazendo trechos da obra malthusiana, o contexto da época e sua análise. Fica claro
o pessimismo de Malthus com relação ao futuro, assim como também sua visão errônea sobre
a pobreza e suas causas:
Malthus não crê na possibilidade de uma sociedade próspera e igualitária. Ao
contrário, seu ensaio visava a dois objetivos: 1) lançar uma sombra sobre o futuro
da humanidade e 2) levantar a bandeira contra a igualdade e as reformas sociais.
Malthus só admite o progresso da miséria. Mesmo que se eliminasse toda pobreza e
vício partindo-se de uma situação de igualdade, logo surgiriam diferenças sociais,
que são naturais e devem ser deixadas a cargo das leis naturais. A pobreza faz parte
das leis naturais, que indicam um futuro sombrio para a humanidade; não há
distribuição de renda e reforma social que possa garantir um padrão de vida digno
para os pobres; se a causa da pobreza é o excesso da população, qualquer
distribuição só serve para estimular a indolência e a preguiça (CORAZZA, 2005,
pág.5).
Para Malthus o pobre é o culpado pela sua pobreza, desse modo, se nega a enxergar o
caráter social do problema da desigualdade econômica e social de uma nação, e a população
cresce em progressão geométrica, já os alimentos crescem em progressão aritmética, não
podendo acompanhar o aumento populacional, causando então a escassez de alimentos e,
consequentemente, a fome. Essa interpretação embasada em argumentos precários —
Malthus utiliza-se do crescimento populacional dos Estados Unidos e da lei dos rendimentos
decrescentes da terra — poderia ser contrariada se Malthus tivesse usufruído mais do
conhecimento científico de sua época, porém, ao negá-lo o economista propõe que a pobreza
é um problema natural e que sua solução também é natural, sendo ela a fome e a morte.
Ao encerrar sua análise sobre a teoria malthusiana da população, Corazza dá inícios a sua
síntese sobre o pensamento ricardiano. David Ricardo, ao contrário de Malthus que não
concordava com a Lei de Say (a oferta gera sua demanda), tinha assim como Adam Smith
alinhamento com o princípio proposto por Say. Porém, ao centralizar o problema principal da
economia política na distribuição do produto do trabalho, Ricardo distingue-se de Smith, que
via o produto do trabalho como questão central de sua teoria. Vale ressaltar que a teoria da
população de Malthus serviu de base para as produções de Ricardo, por isso a introdução
sobre a teoria populacional malthusiana se fez necessária para a continuação desse texto.
Ricardo volta sua preocupação para o comportamento da taxa de lucro, pois para o
economista a taxa de lucro ditava o movimento da economia. Como Ricardo trabalhava com
a produtividade do trabalho decrescente, afirmava no seu modelo, assim como os clássicos,
que a taxa de lucro tende a cair com a expansão agrícola em direção a terras menos férteis,
isso porque terras menos férteis têm menor produtividade do trabalho e acarretam em mais
custos com transporte para locomoção da produção. Dessa forma, “se a produtividade do
trabalho fosse decrescente, em virtude do cultivo de terras menos férteis, a taxa de lucro
agrícola tenderia a cair” (2005, pág.10).
O desenvolvimento econômico de uma nação, junto com o crescimento populacional,
consequentemente, implica em uma maior demanda por alimentos e, necessariamente, na
expansão agrícola. Corazza explica como Ricardo também faz ligação entre os outros
rendimentos da economia, a renda da terra e os salários, com o aumento da produção
agrícola:
Quando a produtividade do trabalho fosse igual ao custo de produção, ou melhor,
quando o acréscimo de produto fosse apenas suficiente para pagar o aumento do
salário de subsistência dos trabalhadores, uma vez paga a renda da terra nada
restaria para pagar os lucros do capital (CORAZZA, 2005, pág.10).
Aprofundando-se mais no comportamento de cada rendimento da economia, Corazza
traz a teoria de Ricardo de forma concisa ao seu texto. Inicia falando sobre os salários, que
para Ricardo gravitam em torno do mínimo de subsistência e quando se afastam desse nível,
tendem a voltar devido a lei do crescimento demográfico, que aumenta ou diminui a oferta de
trabalho. Como os salários de subsistência têm tendência a subir com o aumento dos custos
de produção de alimentos, a taxa de lucro é pressionada para baixo, já que o aumento nos
salários não pode ser repassado para os preços (os preços são determinados pela lei do valor).
Antes de analisar o pensamento de Ricardo sobre a renda da terra, é preciso entender o
que o economista considerou como renda da terra. Para Ricardo, a renda da terra é a
“compensação paga ao seu proprietário pelo uso das forças originais e indestrutíveis da
terra.” (1996, pág 50). Nesse quesito, Ricardo se difere de Smith, pois Smith considera como
renda da terra o preço pago para sua utilização. Ricardo afirma que “somente porque a terra
não é ilimitada em quantidade nem uniforme na qualidade, e porque, com o crescimento da
população, terras de qualidade inferior ou desvantajosamente situadas são postas em cultivo,
a renda é paga por seu uso” (1996, pág. 51). A teoria da renda da terra ricardiana pode ser
vista como um aprimoramento da teoria da terra smithiana, que foi muito influente durante
anos na economia e até hoje costuma ser posta em pautas econômicas.
Ricardo usa em seu modelo a teoria da renda diferencial, “ela tende a aumentar
progressivamente, nas terras mais férteis, à medida que terras menos férteis são incorporadas
ao cultivo” (2005, pág.11). Na última faixa de terra, em que se determina a taxa de lucro, o
produto é suficiente apenas para pagar os salários e para a remuneração do capital
empregado, o que faz com que se tenha um aumento nas terras mais férteis. Com essa
apresentação do modelo econômico ricardiano, Corazza destaca a visão pessimista de
Ricardo sobre o futuro do capitalismo.
Outra defesa de Ricardo mostrada no artigo de Corazza é a da existência de mecanismos
automáticos que regulam o livre comércio. A partir da teoria de livre comércio internacional,Ricardo insere o princípio das vantagens comparativas, o qual presume que mesmo que um
país consiga produzir todos os bens, ele deve se especializar na produção daqueles em que
apresenta melhores níveis de produtividade e de custos, comparado a outros países. A teoria
das vantagens comparativas diz, basicamente, que um país deve se especializar na produção
da mercadoria que possui mais vantagens, ou seja, no que produzisse melhor. O economista
clássico utilizou o exemplo da produção de vinhos e tecidos por Portugal e Inglaterra, segue a
explicação retirada da apresentação de Ricardo no livro “Os Economistas” de autoria de
Felipe Macedo de Holanda:
Nesta ilustração, Portugal necessitava de menos horas de trabalho-homem para
produzir vinho e tecidos do que a Inglaterra. Mas em Portugal, o custo de
oportunidade para abrir mão da produção de uma unidade de vinho a fim de
produzir tecidos era maior do que especializar-se na produção de vinho e comprar
os tecidos da Inglaterra. Na Inglaterra, o mesmo raciocínio funcionava de maneira
simétrica: abrir mão de uma unidade de produção de tecidos era menos eficiente que
especializar-se na produção de tecidos e comprar o vinho de Portugal. Assim, o
comércio internacional sob condições de livre concorrência faria ambos os países
especializarem-se na produção dos bens em que tinham maiores vantagens
comparativas, e aumentaria o potencial de acumulação em ambos (1996, pág. 11).
Ricardo afirmava que todos ganhariam caso essa política fosse adotada. Todavia,
Corazza enxerga o interesse da indústria britânica com a teoria das vantagens comparativas
em sua análise:
[...] o princípio das vantagens comparativas, formulado por Ricardo, para justificar
o livre-comércio internacional, na prática, representava também a defesa dos
interesses da indústria britânica que, por ser mais desenvolvida do que a de outros
países, exigia a eliminação de qualquer proteção, e a liberdade de comércio era uma
via natural para o seu efetivo domínio do comércio internacional (CORAZZA,
2005, pág.13).
Malthus e Ricardo tinham a visão de que a economia não é algo técnico, que não se
relaciona com os interesses econômicos e sociais de uma sociedade, além de que ambos
tinham como base de suas respectivas teoria os rendimentos decrescentes da agricultura, sem
esquecer da teoria da população malthusiana que serviu de pilar para a teoria ricardianas dos
salários de subsistência.
Em suma, David Ricardo influenciou e influencia o pensamento de economistas no
mundo atual, por mais que algumas de suas teorias hoje não sejam tão aceitas, ainda
conseguem ser base para a formulação de novas visões econômicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORAZZA, Gentil. Malthus e Ricardo: duas visões de economia política e de capitalismo.
Cadernos IHU Ideias. São Leopoldo, v. 39, n. 3, p. 1-19, mai. 2005. Disponível em:
http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/039cadernosihuideias.pdf. Acesso
em: 16 de nov. de 2021.
OS ECONOMISTAS: David Ricardo. São Paulo. Editora Nova Cultural. 1996.
http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/039cadernosihuideias.pdf

Continue navegando