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DrogasDrogas NA GESTAÇÃO Gabriela Brito S5-GO Podem ser fatores genéticos e cromossômicos, fatores ambientais (irradiação, infecção), patologias maternas, fármacos e agentes quí- micos e multifatorial (65%- maioria dos casos). A presença de um ou mais agentes teratogênicos durante a vida embrionária fetal vai produzir alterações na estrutura ou na função do feto, variando desde a morte do feto, malformações, restri- ção de crescimento fetal (RCF) ou deficiências funcionais. São responsáveis por 4 a 5% dos problemas fetais durante a ges- tação. São preveníveis dependendo do conhecimento científico e é importante fazer uso terapêutico racional e prescrito pelo médico. Barreira placentária A barreira placentária tem um potencial de permeabilidade, de acordo com a fase da gestação (trimestres), quanto mais avançada a gestação, mais permeável fica a placenta devido maior necessidade de fluxo sanguíneo, porém é menos arriscado afetar muito o feto. No 1º trimestre a barreira placentária é menos permeável, passando menos substâncias, porém tem maior risco de causar problemas para o feto caso passe alguma substância tera- togênica. Essa barreira placentária permite a passagem de fármacos com baixo peso molecular, não associados a proteínas séricas e lipossolúveis. S5-GO Gabriela Brito Períodos da teratogênese Fertilização e nidação: Período embrionário: Período fetal: Período bastante inicial, até 3 semanas de gestação (3 semanas da DUM). Nesse momento está ocorrendo mitose das células totipotentes, aplica-se a regra do tu- do ou nada (ou a substância tera- togênica mata o embrião ou não acontece nada). Na maioria das vezes que ocorre abortamento nesse período, a paciente nem sabia que estava grávida. De 4 a 8 semanas, é o período mais importante, está ocorrendo a orga- nogênese, período em que ocorre as repercussões teratogênicas (mal- formações graves). Acima de 8 semanas, período mais tardio, está ocorrendo o desenvol- vimento do concepto, acontece as repercussões de menor monta ou funcionais (restrição de cresci- mento, insuficiência placentária, maior risco de pré-eclâmpsia). Classificação dos fármacos A- Medicações com estudos contro- lados em mulheres, não demons- traram risco para o feto. Pode usar. B- Estudos na reprodução animal que não demonstraram risco fetal. Não tem muitos estudos controlados em seres humanos (questão ética). C- Em estudos animais foi revelado efeitos adversos (mais simples) no feto. Utiliza se o benefício justificar e depois do 1º trimestre. D- Apresenta evidência de risco fetal humano. Utilizar somente em questão de vida ou morte da gestante. X- Efeitos deletérios sobre o concepto ultrapassam o benefício terapêutico, modificações graves. Nunca utilizar. Evitar também em mulheres que PRETENDEM engra- vidar. CATEGORIA A Consiste em cerca de 0,7% das medicações, são liberadas para uso em todos os trimestres. - Ácido fólico; - Piridoxina; - Liotironina; - Levotiroxina; - Vitamina D3 (baixas doses); S5-GO Gabriela Brito CATEGORIA B São cerca de 19% das medicações, mostra certa segurança, porém não 100%. Não apresentou alterações nos fetos de gestantes que utilizaram. - Ácido Fusídico; - Ambroxol (xarope para tosse); - Fenoterol; - Nistatina (candidíase); - Nitrofurantoína (ITU); - Paracetamol (dores no geral); - Fluoxetina; - Piperaciclina; - Sulfonamidas; CATEGORIA C Cerca de 66% das medicações, utilizadas se benefício justificar o risco. Adiar seu uso (se possível) para depois de 8 semanas. - AAS; - Aminofilina; - Carbamazepina; - Omeprazol; - Digoxina; - Furosemida; - Gentamicina; - Neomicina; - Prometazina; CATEGORIA D 7% das medicações. Nem pensa em usar, evitar. Somente em caso de vida ou morte da gestante. - Benzodiazepínicos; - Ciclofosfamida; - Espironolactona; - Estreptomicina; - Fenobarbital; - Valproato; - Metotrexato; - Vincristina; CATEGORIA X Não usar de jeito nenhum. Totalmente contraindicados para gestantes e mulheres que querem engravidar (nos próximos 6 meses). - Ácido retinóico; - Anfetaminas; - Fibratos; - Ciproterona; - Danazol; - Isotretinoína (Roacutan); - Misoprostol (Indutor de trabalho de parto- fim da gravidez em baixas doses); - Warfarin (esquema sanduíche); - Estrógenos; - Epinefrina; Questão 1 Para a utilização de drogas na gravidez, é importante o conhe- cimento da classificação da FDA que é utilizada na maioria dos países. Qual classe de drogas está formalmente contraindicada para utilização durante a gravidez: S5-GO Gabriela Brito A) Classe "X" B) Classe "B" C) Classe "C" D) Classe "D" Tabaco: As principais drogas lícitas são tabaco, álcool e cafeína. Pode causar placentação anormal (pré-eclâmpsia, restrição de cresci- mento), evitar fumar passivamente também. O ato de fumar diminui oxigenação e movimentos e aumenta FC do feto, pode levar a natimortalidade, morte neonatal, síndrome da morte súbita infantil e recém-nascido de baixo peso. Na mãe, pode causar abortamento, placenta prévia, rotura anterparto, descolamento de placenta, parto pré-termo. Álcool: As vezes, no período de tudo ou nada (até 3 semanas), as pacientes bebem, muitas vezes por não sabe- rem que estão grávidas. Afeta o desenvolvimento do SNC do feto. Pode acontecer a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Cafeína: É permitido se consumido em quan- tidades moderadas, não havendo risco para o feto. Já os chás devem ser evitados (podem ser teratogêni- cos). São usados em tratamentos quimio- terápicos e doenças auto-imunes. Agem bloqueando a multiplicação celular, antagonizam ácido fólico (importante para o feto). Fazer somente se necessário, tentar adiar o máximo possível seu uso. Evitar ao máximo no período de organogê- nese, pode levar a morte do embrião ou malformações graves. Optar pelo uso tópico (como nistati- na e miconazol) que não apresen- tam risco na gestação. Usar sistêmi- S5-GO Gabriela Brito co somente em casos de infecções disseminadas (risco justificável). Candidíase gestante- Tto tópico Penicilinas e Cefalosporinas podem ser usados com segurança. Tetraciclinas (doxiciclina) são contraindicadas na gestação por atravessar a placenta e se ligar fortemente aos íons de cálcio, leva a alterações na coloração do esmal- te dentário e inibe o crescimento ós- seo nos fetos. Quinolonas (ciprofloxacina e norflo- xacina) são contraindicadas na gestação, apresentam afinidade com cartilagens e tecidos (causa dano). Aminoglicosídios (amicacina, genta- micina, estreptomicina) devem ser evitados no 1º trimestre, podem causar dano renal e auditivo no feto. No 3º trimestre de gestação (> 33 semanas), podem fazer o fechamento prematuro do ducto arterioso (causa hipertensão pulmonar no feto ou no neonato). Alguns estudam também apontam possível risco de defeitos cardíacos e gastrósquise no 1º trimestre. NÃO usar no 3º trimestre!!! Síndrome da varfarina fetal causa distúrbio ósseo (condroplasia punc- tata), hipoplasia nasal, defeitos de crânio, malformações de olhos, orelhas e do SNC, deficiência intelectual, atrofia óptica, espastici- dade. Esquema sanduíche, usa heparina no 1º e 3º trimestre e varfarina no 2º trimestre. IECA (Captopril, Enalapril) e BRA (Losartana, Valsartana) não devem ser usados na gestação (principalmente no 2º e 3º trimestre) associados a redução de líquido amniótico, alteração renal causando síndrome de potter, hipoplasia pulmonar (complicações do oligoâ- mnio), hipotensão, hipoplasia de ossos do crânio. Utilizar Nifedipina S5-GO Gabriela Brito ou Metildopa. Questão 2 Uma mulher na 26a semana de gestação é diagnosticada com hipertensão gestacional. Decide-se pelo tratamento medicamentoso. Recomenda-se EVITAR o uso de drogas sabidamente capazes de causar lesão no feto, como: A)Nifedipina de liberação estendida. B) Labetalol. C) Hidroclorotiazida. D) Alfa-metildopa. E) Enalapril. Utilizado em pacientes com transtorno bipolar, tem risco de cardiopatias congênitas (0,1-0,2%- anomaliade Ebstein). Seu uso próximo ao nascimento tem risco de toxicidade neonatal causando cianose, hipotonia, distúrbios do ritmo cardíaco, diabetes insípido nefro-gênico, etc. Se a paciente já utilizava antes da gestação por que precisa, não se recomenda a interrupção do tratamento. Acompanhar ecocardiografia fetal. Os riscos de epilepsia são grandes tanto para a mãe como para o feto, optando-se pelos medicamentos an- ticonvulsivantes de menor risco (se funcionarem ok, se não, rezar pra os de maior risco não causar danos). Fenda labiopalatinas, distúrbio de tubo neural e cognitivo. Carbamazepina e Lamotrigina tem menos riscos. Valproato é o pior (> risco). Sempre suplementar ácido fólico (5mg/dia). Questão 3 Gestante com diagnóstico de “transtorno afetivo bipolar” só percebeu a gestação na 18a semana de evolução. Fazia uso de medicação específica e seu obstetra orientou que essa substância poderia causar anomalia de Ebstein no feto. Qual das drogas abaixo se associa mais fortemente com a malformação fetal referida? A)Topiramato. S5-GO Gabriela Brito B)Carbamazepina. C)Ácido Valpróico. D)Carbonato de Lítio. É um potente vasoconstritor (fluxo placentário), pode causar disrupção vascular, distúrbios no fluxo sanguíneo normal do embrião-feto, indução de estresse oxidativo, efeitos pró-apoptóticos no SNC, restrição de crescimento, sofrimento fetal crônico, DPP (Descolamento Prematuro de Placenta- óbito fetal e materno) logo após o uso, defi- ciência mental, alterações neuro- comportamentais, microcefalia, atresias intestinais. Escitalopram, fluvoxamina, paro- xetina e sertralina. No 1º trimestre pode ter risco de defeitos cardíacos, se puder, substituir, se não puder, manter a medicação (risco de suicídio, paciente pode descom- pensar) e acompanhar ecocardio- grafia fetal. No 3º trimestre pode causar síndrome neonatal transitória com dificuldade respiratória, irritabi- lidade, letargia e tremores que se resolvem espontaneamente. Metimazol e propiltiouracil, usadas no hipertireoidismo. O próprio hiper- tireoidismo é risco na gestação. Metimazol é mais associado à mal- formações de cabeça (defeitos de escalpo e cabelo, atresia de coanas, atresia esofágica, etc). Propiltiouracil tem como principal risco desenvolvimento posterior de hipotireoidismo na criança (10%- medicação de escolha para tto).
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