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SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE EQUINOS Considerações gerais Pequena capacidade volumétrica do estômago (8 a 20L) Incapacidade do vômito Longo mesentério no jejuno (em média 25 m), favorecendo as torções Locais com diminuição abrupta do diâmetro do lúmen (flexura pélvica e a transição para o cólon menor), favorecendo o acúmulo de alimento Mucosa retal frágil predisposta a rupturas É um herbívoro de ceco funcional Revisão anatômica BOCA Funções: preensão, mastigação e salivação de alimentos; pode desempenhar papel de agressão e defesa GLÂNDULAS SALIVARES Existem três glândulas principais pareadas a parótida, mandibular (submaxilar) e sublingual: a maior e clinicamente mais importante dentre essas glândulas é a parótida, secreta um líquido seroso; a glândula salivar mandibular localiza-se medial à parótida, a glândula salivar sublingual situa-se entre a língua e o aspecto medial da mandíbula. DENTES 24 dentes decíduos (temporários): 2 [I 3⁄3 C 0⁄0 P 3⁄3] = 24 (I = incisivos, C = caninos, P = pré- molares). Os incisivos decíduos são menores, contêm poucos sulcos longitudinais e apresentam formato de concha mais evidente que os dentes permanentes. Não existem molares decíduos. Dentição permanente:2 [I 3⁄3 C 1⁄1 P 3 ou 4⁄3 M 3⁄3] = 40 ou 42 (I = incisivos, C = caninos, P = pré- molares, M = molares). A abrasão e a mastigação desgastam a coroa funcional na razão de 2 a 3 mm por ano; contudo, a coroa de reserva irrompe continuamente, a fim de manter uma coroa exposta de aproximadamente 2 cm. DENTES INCISIVOS O grau de erupção, padrão da mesa dentária, formatos e ângulos de incidência dos incisivos são usados como indicativos da idade dos equinos. DENTES CANINOS O macho tem 4 caninos; contudo, nas fêmeas, esses dentes geralmente estão ausentes ou são rudimentares. DENTES PRÉ-MOLARES E MOLARES “dentes da bochecha” (cheek teeth) O primeiro pré-molar, “dente de lobo”, pode estar ausente ou ser rudimentar. Formam duas fileiras levemente curvas. A aposição muito próxima dos dentes individuais e a existência de cemento periférico entre os dentes tornam possível que os seis dentes de cada arcada funcionem como uma única unidade de mastigação eficiente. OCLUSÃO A mandíbula do equino é mais estreita que o maxilar (anisognatia). Ocasionalmente, devido ao movimento lateral incompleto da mandíbula durante a mastigação (provavelmente associado ao fornecimento de dietas ricas em concentrado e pouca forragem), os dentes tornam-se muito afiados e lesionam as mucosas bucal e lingual. São as pontas dentárias ou, na sua apresentação mais avançada, “boca inclinada” (shear mouth). AVALIAÇÃO DA IDADE PELO EXAME DENTÁRIO A erupção e o atrito das arcadas dentárias (incisivos, pré-molares e molares) possibilitam que se estime a idade do cavalo. Antes de qualquer avaliação deve-se obter um histórico completo e fazer inspeção do animal, observando seu tamanho e estado corporal, atentar para animais que sejam pequenos ou grandes demais para sua idade. Tempo de erupção normal para os dentes de equinos Idade média de erupção Dentes Decíduos Permanentes Primeiro incisivo Nascimento à 1º semana 2,5 anos Segundo incisivo 4 a 6 semanas 3,5 anos Terceiro incisivo 6 a 9 semanas 4,5 anos Caninos Ausentes 3,5 a 5 anos Primeiro pré-molar (dente de lobo) Ausentes 6 a 9 meses Segundo pré-molar Nascimento à primeiras 2 semanas 2,5 anos Terceiro pré-molar Nascimento à primeiras 2 semanas 3 anos Quarto pré-molar Nascimento à primeiras 2 semanas 3,5 anos Primeiro molar Ausentes 9 a 15 meses Segundo molar Ausentes 2 a 3 anos Terceiro molar Ausentes 3,5 a 4 anos Ângulo dos incisivos Com a idade, os dentes tendem a protruir mais rostralmente e ocluem com um ângulo progressivamente menor entre elas, chegando a 90° aos 20 anos (diferenciar rapidamente um animal velho de um jovem). Sulco de Galvayne Surge a partir volta dos 9 aos 11 anos de idade, chega à metade do dente aos 15 anos e, aos 20 anos, toma toda a extensão do dente. Entre 20 e 25 anos de idade, a metade superior do sulco desaparece; aos 30 anos, o sulco não é mais observado. Ganchos ou asas de andorinha Podem ocorrer a qualquer momento após o animal ter completado 6 anos de idade, fica mais evidente aos 7 anos de idade (gancho dos 7 anos). Como o desgaste se altera, o gancho desaparece gradualmente, reaparecendo somente aos 11 ou 13 anos. Em geral, desaparecem novamente com o avançar da idade. Caninos Varia de 1 a 4 Quando os caninos não irrompem através da gengiva, são chamados “caninos cegos” A idade de erupção ocorre entre os 3,5 e 5 anos de idade ESÔFAGO Funções: transporte do bolo alimentar ou de outros materiais, desde a faringe até o estômago, e a prevenção do fluxo retrógrado do conteúdo gastrintestinal. É dividido em três porções: cervical; torácica; e abdominal. ESTÔMAGO Digestão de proteínas pelo ácido clorídrico e a pepsina; Ocorre certa digestão microbiana, visto que grandes concentrações de ácido láctico estão presentes ao redor de 4 h após a alimentação. INTESTINO DELGADO Liga o estômago com o intestino grosso; inicia-se no piloro e termina na curvatura menor do ceco (22 m de comprimento) Capacidade de cerca de 40 a 50 ℓ. O duodeno tem cerca de 1 a 1,5 m de comprimento no cavalo adulto. Os ductos pancreático e biliar penetram na parede do intestino da porção cranial em torno de 12 a 5 cm do piloro. O jejuno é longo O íleo, passa para a face medial (esquerda) do ceco e une-se à curvatura menor de sua base. O diâmetro médio do jejuno-íleo é de aproximadamente 6 a 7 cm; é curto. O íleo, óstio ileal, projeta-se para o interior do ceco. Nessa região tem a válvula ileocecal. O íleo é fixo por seus ligamentos que pode funcionar como um ponto pivô para o desenvolvimento de vólvulos do jejuno. INTESTINO GROSSO O intestino grosso ceco, cólon maior (tanto o cólon ventral direito e esquerdo quanto o cólon dorsal direito e esquerdo), cólon transverso, cólon menor, reto e ânus. O ceco tem comprimento médio de 1 m, com capacidade média de 33 ℓ . O cólon ascendente (cólon maior) tem 3 a 4 m de comprimento, tendo capacidade volumétrica de até 130 ℓ . O cólon maior se origina desde o orifício cecocólico, como o cólon ventral direito (CVD), que está aderido à faixa lateral do ceco, pela prega cecocólica. O CVD desloca- se cranialmente até à flexura esternal (FE), continua caudalmente como cólon ventral esquerdo e gira 180° próximo à entrada da pelve, formando a flexura pélvica (FP). A FP pode variar em termos de localização exata; contudo, está mais frequentemente à esquerda da linha média. Após a FP, o cólon continua cranialmente como o cólon dorsal esquerdo, avançando para formar a flexura diafragmática, dorsal à FE. O cólon, em seguida, gira 180°, evoluindo caudodorsalmente pela direita, como o cólon dorsal direito (CDD). Na região da raiz do mesentério, o CDD diminui abruptamente em seu diâmetro, gira medialmente, como o cólon transverso (CT), que passa da direita para a esquerda cranialmente à artéria mesentérica cranial. O CT continua como cólon descendente (cólon menor) pelo lado esquerdo do abdome, alcançando o comprimento de 2,5 a 4 m. O cólon menor une-se ao reto, o qual começa na cavidade pélvica e termina no ânus. A porção cranial do reto é coberta por peritônio e a porção retroperitoneal distal forma uma dilatação chamada de ampola retal. Identificação do animal A resenha deve constar da ficha IDADE Neonatos: sintomatologia de cólica por retenção de mecônio; Potros jovens: cólicas intermitentes podem estar relacionadas com úlceras gástricas, além de hérnias umbilicais Adultossão mais predispostos a neoplasias Alterações na mastigação, em decorrência de desgaste dentário, podem levar a sinais gastrintestinais SEXO Animais machos podem apresentar hérnia inguinal/inguinoescrotal, desde o nascimento, mas os estrangulamentos são mais frequentes nos garanhões, principalmente após cobertura. Nas fêmeas, a torção uterina leva ao quadro de dor abdominal intensa. História clínica / anamnese Deve ser detalhada, pois o manejo ao qual o cavalo é submetido é fator predisponente ao aparecimento de enfermidades digestórias MANEJO E ALIMENTAÇÃO Animais criados em regime intensivo adquirem hábitos alimentares peculiares, vícios comportamentais, sendo normalmente mais irritadiços e sujeitos a estresses constantes, que podem predispor a alterações digestórias. Avaliação do manejo e da alimentação como causas de alterações digestivas Condição de manejo Alteração causada Altos teores de fibra na alimentação Compactações Alteração brusca na dieta Fermentação, acidose em ceco e cólon Excesso de carboidrato Timpanismo, acidose em ceco e cólon Alimento mofado/estragado Timpanismo Alimentação em solo arenoso Sablose Ração em pó Obstrução do piloro Animais em regime intensivo de estabulação Sobrecarga, vícios, estresse CONTROLE PARASITÁRIO Protocolo de controle parasitário da propriedade? Quando e com qual produto foi feita a última vermifugação? Verminoses podem ser responsáveis por diversos quadros da síndrome cólica, como obstruções e intussuscepções do intestino delgado causado por Parascaris. Aneurisma verminótico por migração de larvas de Strongylus vulgaris. O Habronema pode provocar úlceras, gastrites e rupturas gástricas. Larvas de Gasterophilus são responsáveis por estenose do piloro. Enterites por estrôngilos encistadas na parede intestinal, são resistentes a diversos princípios ativos. INÍCIO DO PROCESSO Nos indica a gravidade da lesão: Cólicas com início há vários dias normalmente ocorrem por obstruções simples, timpanismos. As manifestações rápidas estão associadas a enfermidades no estômago ou intestino delgado. As manifestações lentas têm origem no intestino grosso. CARACTERÍSTICAS DA CRISE Cólicas súbita com dor contínua e grave → após alimentação pela dilatação gástrica ou por hipoxia tecidual Úlceras gastroduodenais → desenvolvimento clínico lento e curso prolongado (crônica). MANIFESTAÇÃO DE EPISÓDIOS ANTERIORES É necessário verificar: Se episódios anteriores de dor abdominal foram correlacionados a alteração da alimentação ou condições de controle parasitário deficiente Se o animal já foi submetido a laparotomia exploratória, pois pode desenvolver aderências Quantas foram as manifestações anteriores (episódios intermitentes relacionam-se com úlceras gástricas). TRATAMENTOS ANTERIORES Deve-se perguntar sobre a utilização de fármacos que possam alterar a motilidade intestinal; tratamentos, medicamentos utilizados, vias de administração, doses e há quanto tempo foram administrados. DEFECAÇÃO E MICÇÃO A eliminação de fezes pelo animal e as suas características (consistência, coloração, odor ou existência de muco) podem ser indicativas da ocorrência ou não do trânsito intestinal A ocorrência de flatulência (timpanismo) pode indicar o funcionamento dos mecanismos de desarme e do peristaltismo. Dsidratação: diminue o número de micções e a concentra a urina INGESTÃO HÍDRICA A ingestão de água ajuda na manutenção do equilíbrio hídrico eletrolítico Cavalos com restrição hídrica são mais suscetíveis a compactações da flexura pélvica. A ingestão de água gelada após o exercício está relacionada com o aparecimento de cólicas espasmódicas. PRENHEZ A égua está prenhe? Qual a data de cobertura? (contrações do parto podem ser confundidas com cólica) Éguas no terço final de gestação podem desenvolver torções uterinas. Exame físico AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE Inspeção Observação do animal quanto: atitude, comportamento, aparência externa, modificações do formato do abdome. Sinais de dor abdominal (cólica): → Escavar o chão → Bater com a pata no chão → Olhar para o flanco → Mexer na água com o focinho → Morder o flanco → Escoicear o → abdome → Rolar → Sentar → Sudorese intensa → Hiperexcitabilidade/depressão Aspectos da dor: grau (leve, moderada ou grave)e tipo (intermitente ou contínua). Dor leve: sem alterações circulatórias e as manifestações de dor discretas. Dor moderada: animais cavam, deitam, rolam e apresentam alterações respiratórias (aumento da frequência, dispneia). Dor grave: sudorese intensa, alterações circulatórias (coloração de mucosa, alteração no TPC e no pulso), animais rolam, dificuldade em ficar em posição quadrupedal, se jogar sobre as pessoas ou paredes da baia. Quanto ao tipo de dor: Causa Consequência Continua Isquemia Diminuição do limiar de dor da fibra nervosa Distensão exagerada da alça Alça com pequena capacidade de distensão (ID – estômago) Intermitente Distensão gradual da alça Alça com grande capacidade de distensão – processos obstrutivos do IG As modificações do formato do abdome (distensões ou contrações) devem ser observadas olhando o animal por trás. Distensão na porção dorsal: gases nas alças Distensões ventrais: acúmulo de ingesta ou líquido. Aumento de volume do lado direito: ceco Aumentos da face abdominal esquerda: distensão do cólon esquerdo (encarceramentos no ligamento nefroesplênico (lienorenal). A contração do abdome ocorre nos casos de peritonite. Animais mais velhos (éguas de cria mantidas a pasto, apresentam, em condições normais, abdome mais dilatado e penduloso. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS VITAIS Temperatura retal Hipotermia: choque e deve ser imediatamente tratado Febre: peritonite, mas é esporádico. Aumento de temperatura pode estar relacionado com causas infecciosas da síndrome cólica, principalmente nos casos de duodenojejunite proximal (enterite anterior). Frequência respiratória A frequência respiratória está aumentada nos equinos portadores de cólica devido à dor, à acidose metabólica e por compressão do diafragma nos casos de timpanismo gástrico ou intestinal, sejam eles primários ou secundários. A ocorrência de quadro respiratório deve ser avaliada conjuntamente, devido à pneumonia por aspiração (refluxo gástrico para a faringe, ou tratamento por via oral feito de maneira inadequada). Nos casos de hérnia diafragmática, a frequência estará aumentada Frequência respiratória diminuída na alcalose metabólica (raro, excesso de utilização de bicarbonato no tratamento ou hipocloremia) ou em virtude da utilização de fármacos, principalmente em MPA ou anestesia inalatória. Frequência cardíaca e pulso A frequência cardíaca estará aumentada em decorrência da dor, hipovolemia e endotoxemia. O pulso deve ser medido em ramos da artéria facial ou na digital. E pode ser: forte; fraco; filiforme; ou ausente. Pulso muito forte com frequência alta está relacionado com dor; Diminuição do débito cardíaco e hipovolemia levam ao enfraquecimento do pulso; Pulso filiforme e fraco: em condições extremas de choque hipovolêmico, endotoxêmico ou neurogênico. Coloração de mucosas e tempo de preenchimento capilar São avaliações clínicas indiretas possíveis da perfusão sanguínea. Normal Rósea-clara Vasoconstrição Rósea-pálida Hipóxia Cianótica Sequestro sanguíneo Congesta Diminuição da pressão arterial “Vermelho-tijolo” (congesta) Avaliação clínica da hidratação Classificada em leve, moderada e grave, Na desidratação leve, o animal perdeu de 6 a 8% de água; na moderada, de 8 a 10%; e na grave, de 10 a 12%. Desidratação acimade 15% são consideradas incompatíveis com a vida. O turgor da pele indica a quantidade de líquido presente na pele; para avaliarmos, utilizamos o pregueamento da pele, observando seu retorno à posição inicial; quanto maior o tempo, menor o turgor e menor a quantidade de líquido. Grau Pregueamento da pele (s) PPT (%) Clinica Inaparente - < 8 - Leve 2 a 4 8 Turgor diminuído Moderada 6 a 10 9 Mucosas secas Grave > 10 < 9 Retração ocular EXAME FÍSICO DA CAVIDADE ORAL, FARINGE E ESÔFAGO CAVIDADE ORAL Avalia a apreensão de alimento, mastigação e deglutição que são melhor avaliadas deixando o cavalo se alimente sem auxílio. Braquignatismo mandibular: quando grave, impede o contato entre os incisivos superiores e inferiores, com consequente crescimento excessivo dos incisivos. Mastigação Os dentes da bochecha são usados para triturar o alimento. Cavalos normais apresentam esforço mastigatório laterolateral muito vigoroso. Os problemas que comprometem a mastigação: dor lingual (laceração), dor dentária, malformação dentária, dentes supranumerários, crescimento excessivo, perdas dentárias e pontas dentárias da superfície (desgaste anormal). Outras causas de disfagia oral incluem: → Fratura de mandíbula, pré-maxilar (incisivos), maxilar ou ossos hioides → Paralisia bilateral da língua (XII par de nervos cranianos) ou músculos mastigatórios (V par de nervos cranianos) → Glossite → Estomatite → Raiva Deglutição Pode ser dividida em três fases: oral; faríngea; e esofágica. No cavalo: A deglutição pode ser interrompida por lesões dolorosas, obstruções ou déficit neurológico (p. ex., micose da bolsa gutural). Exame da cavidade oral O exame físico dos dentes dos equinos busca detectar e quantificar as alterações dentárias e da cavidade oral, propor e instaurar um tratamento e implementar programas de manejo. Técnicas de exame Os sinais clássicos da ocorrência de doença dentária: → Inapetência → Dificuldade ou vagarosidade durante a ingestão de água e alimento (preensão, mastigação ou deglutição) → Halitose → Descarga nasal → Perda de peso → Aumento de volume facial ou mandibular com trajeto fistuloso → Queda de alimento pela boca → Armazenamento de alimento nas bochechas Pontas dentárias: podem causar desconforto ou dor oral, expressas por alterações comportamentais: balançar da cabeça, resistência ao freio e problemas associados a monta, cavalgada e performance. O exame oral requer que o clínico olhe, sinta, mova e cheire a boca do cavalo. A observação do ambiente: evidencia alimentação ou digestão anormal (salivação excessiva no balde ou cocho d’água, resíduos de alimento no chão ou grãos não digeridos nas fezes). Examinar a ocorrência, a natureza e o odor de secreções nasais e os seios paranasais. Sensibilidade à palpação, susto ou resistência: indica dor na bochecha ou gengiva, desconforto miofascial ou patologia dos músculos mastigatórios. Palpação: localizar aumentos de volume nos lábios e bochechas associados a lesões antigas, tumores ou massas ósseas na mandíbula ou ossos da face. Teste do desvio lateral da mandíbula: com a cabeça do animal em posição “neutra”, uma das mãos é apoiada sobre o dorso da narina, segurando a mandíbula, deslizando-a lateralmente para a direita e para a esquerda, a fim de observar a abertura e o travamento dos incisivos durante essa manobra. No cavalo normal, ouve-se um rangido suave e regular. A ausência ou redução de sons indica diminuição de contato oclusal; estalidos indicando arcadas irregulares. A inibição do desvio lateral: crescimento excessivo ou mau alinhamento das arcadas dos incisivos Com o animal quieto contido por um cabresto, que possibilite a completa abertura da boca, avaliar a cavidade oral rostral. O examinador deve posicionar-se ao lado do animal, segurando a mandíbula e sustentando a cabeça com a mão esquerda, usar o polegar e o dedo indicador da mão direita para separar os lábios e visualizar os incisivos (avaliar oclusão, número, alinhamento e formato normais, além da existência de mal erupções, estado de erupção e desgaste. O exame oral deve procurar por ulceração, fibrose ou neoplasia nos lábios, diastema e superfície bucal das bochechas. Em seguida, inverte-se o lado e a mão para facilitar o exame das arcadas opostas. Alterações dentárias e da cavidade oral relacionadas com a idade: Até 1 mês de idade: defeitos congênitos (lábios, palato), trauma, alinhamento dos incisivos, desenvolvimento de cistos, tumores. De 6 meses a 1 ano: trauma, alinhamento dos incisivos, erupção do dente de lobo. 12 meses a 3 anos: trauma, alinhamento dos incisivos, problemas de erupção dos incisivos, pontas dentárias, aumentos de volume mandibular e maxilar (associados ao desenvolvimento e erupção dos dentes da bochecha permanentes). 3 a 5 anos: problemas de erupção dos incisivos, pontas dentárias, aumentos de volume mandibular e maxilar, caninos compactados, calota residual de dentes decíduos frouxos. 5 a 10 anos: dentes quebrados, doença periodontal, problemas de erupção dos incisivos, perda dentária, dentes crescidos em excesso, ganchos 10 a 20 anos: dentes quebrados, doença periodontal, perda dentária, dentes crescidos em excesso, ganchos Glândulas salivares As lesões mais comuns são as fístulas, cálculos salivares e ruptura da glândula ou do ducto mandibular (sialocele ou mucocele salivar); Outra condições que afetam gl. Salivare: neoplasia (melanoma é a mais frequente) e ptialismo. Palato mole Pode ser examinado por meio de endoscopia nasofaríngea ou por radiografia laterolateral da região nasofaríngea. Em potros, a fenda palatina costuma envolver o aspecto distal do palato mole (pneumonia por corpo estranho). O animal apresenta descarga de leite ou água pelas narinas. Esôfago durante a passagem da sonda nasogástrica, pode-se observar a distensão da parede do esôfago dorsal ao sulco da veia jugular esquerda. As enfermidades mais comumente encontradas são obstrução esofágica, estenose/constrição esofágica, compressão esofágica extrínseca, divertículos, perfurações, esofagite, distúrbios da motilidade esofágica (megaesôfago) e neoplasias. Os indícios clínicos de obstrução: ansiedade, estiramento do pescoço e intranquilidade, cavalo faz várias tentativas de deglutir e pode tossir; ptialismo, corrimento nasal com restos alimentares e halitose Crepitação no subcutâneo na região do sulco da veia jugular esquerda é um sinal com prognóstico grave, indica ruptura do esôfago com extravasamento de ar ou infecção dos tecidos periesofágicos por bactérias produtoras de gás. Radiografias e ultrassonografia podem ser usadas para avaliar o esôfago. Na radiografia, o esôfago normal pode não ser detectado ou pode conter apenas pequenos traços longitudinais de ar. Grandes volumes de ar intraesofágico indicam disfunção da válvula esofágica rostral. Na obstrução esofágica, detecta-se a existência do alimento (de aspecto granular, homogêneo) na radiografia O uso de meio de contraste como o sulfato de bário é possível para avaliar a função do esôfago, seu formato e motilidade. A endoscopia é útil no diagnóstico de lesões esofágicas; o endoscópio é passado do mesmo modo que a sonda nasogástrica. A insuflação de ar enquanto se introduz o endoscópio ajuda a distender a parede do esôfago, facilitando a visualização da sua mucosa e possíveis alterações, tais como obstrução, constrição, dilatação, eritema, ulceração e ruptura esofágicas. Causas de estenose/constrição: prolongamento da obstrução esofágica, corpos estranhos esofágicos corrosivos ou pontiagudos, traumatismo no pescoço, esofagite de refluxo e cirurgia esofágica prévia. O diagnósticode estenose esofágica é feito por meio de esofagograma contrastado. A extensão da lesão poderá ser definida pela esofagoscopia. A compressão extrínseca do esôfago pode ser causada por doenças que aumentem o volume dos linfonodos retrofaríngeos mediais e laterais, cervicais profundos craniais, médios, caudais e/ou mediastínicos. Os divertículos podem ser congênitos ou adquiridos. Os adquiridos podem ser divertículos por pulsão ou por tração. Em um esofagograma, o meio de contraste pode delinear parcial ou completamente o fundo do divertículo. A perfuração esofágica completa resulta de lacerações diretas, como as causadas por corpos estranhos com superfícies irregulares ou aguçadas, ou por objetos penetrantes. A ruptura pode ocorrer em locais de necrose esofágica, ulceração profunda, divertículos e dilatações. A perfuração iatrogênica ocorre durante as tentativas de alívio de obstruções intraluminais. Clinicamente aspecto de tumefação cervical acompanhada normalmente por enfisema subcutâneo. O diagnóstico baseia-se nos sintomas clínicos, com a confirmação pela esofagografia. A esofagite de refluxo resulta da penetração do conteúdo gástrico ou duodenal no lúmenesofágico. A esofagite é diagnosticada por meio de endoscopia. A esofagite de refluxo ocorre mais comumente em potros que sofrem de ulceração gástrica. Megaesôfago é um termo descritivo para o sintoma clínico de dilatação esofágica. No cavalo, é mais comum que ocorra o megaesôfago adquirido, como consequência da obstrução esofágica crônica. Neuropatias periféricas que afetem o nervo vago, como polineurite, por radiculoneurite, neuropatia desmielinizante e axoniopatias podem causar dilatação esofágica. Os sintomas clínicos do megaesôfago são disfagia, ptialismo, refluxo nasal e aumento devolume do esôfago cervical. Pode ocorrer pneumonia por aspiração. O megaesôfago é diagnosticado pela radiografia contrastada e pela endoscopia. Exame do abdome Palpação externa Suspeita de peritonite, nos quais se deve realizar o teste do rebote, feito por meio de compressão digital profunda do abdome e repentina descompressão. Nos casos de peritonite, respondem com dor. Percussão Indica a existência de gases ou líquidos dentro das alças ou na cavidade peritoneal. Percurtir os dois lados do animal, descendo verticalmente desde o flanco até a linha branca, a espaços de 4 a 6 cm, com o animal em posição quadrupedal. Som timpânico: timpanismo intestinal, primário ou secundário, raramente indicando pneumoperitônio. Ausculta abdominal A ausculta deve ser efetuada nos quadrantes abdominais (ventrais direito e esquerdo, dorsais direito e esquerdo), dorsiventralmente, em pelo menos três pontos de ausculta com, no mínimo, 30 s em cada um desses pontos. Quadrante dorsal direito: ruído típico da válvula ileocecal. A dor é a principal responsável pela diminuição dos ruídos intestinais; portanto, quase No início de quadros de timpanismo intestinal ou obstruções simples ou estrangulantes: aumento da motilidade; com a evolução, hipomotilidade, diminuição ou ausência dos ruídos intestinais, conhecida como íleo adinâmico ou ileus. Inflamação da camada muscular das alças nos casos de duodenojejunite proximal, peritonite ou manipulação excessiva durante laparotomia exploratória também são causas de ileus. Nos quadros de cólica espasmódica, ocorre aumento intermitente da motilidade intestinal, Nos timpanismos intestinais, um ruído metálico ressonante é auscultado por toda a cavidade abdominal. SONDAGEM NASOGÁSTRICA Em animais com cólica: descompressão gástrica e diminuir a dor, como meio auxiliar de diagnóstico e via de tratamento. As siliconizadas são mais fáceis de serem passadas, lesionam menos a narina e apresentam maior durabilidade. Um jogo completo dispõe de cinco tamanhos: neonato; potro jovem; potro sobreano; adulto médio e adulto grande. Para a passagem da sonda nasogástrica, deve-se conter o animal adequadamente de acordo com o temperamento do cavalo e o grau de dor. (cachimbo-se necessário). Nos cavalos com muita dor ou naqueles mais bravos, pode ser necessário sedação com acepromazina, xilazina, detomidina ou romifidina. Após a contenção, a sonda deve ser lubrificada (lidocaína gel, nitrofurazona) e marcada externamente na altura da glote. Deve-se introduzir a sonda medialmente e ventralmente na narina, com o objetivo de evitar a falsa narina, que fica dorsal e lateralmente. A introdução deve ser delicada, com a curvatura da sonda acompanhando a curvatura da cabeça. A fase de maior desconforto para o cavalo é a passagem pela narina, que deve ser rápida e única. Ao aproximar-se da marca da glote, deve-se assoprar a sonda com a intenção de promover deglutição e, simultaneamente, introduzir a sonda. Pode-se também esperar pela deglutição espontânea do animal e introduzir a sonda, mas isso pode demorar um pouco mais. Para facilitar a passagem da sonda para o esôfago, e não para a traqueia, a cabeça do cavalo deve ser mantida flexionada por um auxiliar ou pela pessoa que esteja contendo o cavalo. A sonda nunca deve ser forçada contra um ponto de resistência no esôfago, o que pode levar à ruptura deste. Para se ter certeza de que a sonda esteja no local apropriado, podemos sugá-la, pois se ela estiver no esôfago, que é um tubo muscular colabado, essa estrutura irá obstruir a sonda e nada será obtido com a manobra, ao passo que, se a sonda estiver na traqueia (que é um tubo rígido), será aspirado ar. Após a passagem pela cárdia, pode ser sentido odor de capim fermentado na maioria dos animais (sadios). Quando o estômago está muito distendido, a passagem da sonda pela cárdia, que normalmente é fácil, pode apresentar-se dificultada (a infusão de lidocaína pela sonda pode facilitar a abertura da cárdia). O primeiro objetivo da sondagem nasogástrica é a descompressão gástrica, eliminando gases e, com isso, atuando como analgésico, aliviando a dor e evitando a ruptura gástrica. A sondagem nasogástrica vai servir como meio diagnóstico auxiliar: observar, se ocorreu a saída de gás (quantidade e odor) e refluxo de líquido, que deve ser avaliado quanto a volume, coloração, odor e pH. A retirada de muito gás pode indicar timpanismo gástrico ou intestinal (porção anterior). Odor desagradável indica excesso de fermentação ou demora do esvaziamento gástrico. Drenagem passiva de líquido em volumes acima de 5 a 10 ℓ podem indicar obstrução do intestino delgado ou duodenojejunite proximal (DJP). No caso da DJP, o líquido tende a ser marrom- avermelhado, com sangue oculto. O pH normal do estômago é de 3 a 6. Refluxo gástrico com pH alcalino tem como origem o intestino delgado, indicando uma obstrução ou inflamação dessa. Quando não ocorre drenagem de líquido pela sonda deve-se efetuar a lavagem gástrica (por pelo menos 30 minutos). Para isso, acopla-se uma mangueira ou um funil à sonda e coloca-se uma quantidade conhecida de água para dentro do estômago (menos de 5 litro por vez). Por meio de sifonagem (mantendo sempre água na sonda), retira-se essa mesma quantidade e observa-se o material retirado juntamente com a água. O ideal seria a realização da lavagem com água morna, pois esta estimula o peristaltismo; A passagem da sonda, com lavagem gástrica e administração de analgésico, será eficaz no tratamento de 80 a 90% dos cavalos com síndrome cólica, indicando a importância desse procedimento. A sondagem nasogástrica é utilizada também como meio de tratamento, pois possibilita a administração de diversos medicamentos nos casos de distúrbios gastrintestinais, bem como a hidratação dos animais e vermifugação de rebanho a baixo custo. Para a retirada da sonda, a suaextremidade deve ser ocluída visa impedir que líquidos presentes no seu interior, ao passar pela região faríngea, caiam na traqueia, indo ao pulmão. Quando houver refluxo muito intenso ou se o caso for cirúrgico e referido a um hospital, o animal deverá permanecer sondado. PALPAÇÃO RETAL Para a realização desse procedimento, deve- se conter o animal adequadamente (contenção física - tronco e cachimbo) ou química. Deve-se utilizar luva de palpação retal, lubrificada (com carboximetil celulose, mucilagem, nitrofurazona, sabão de coco, detergente, óleo mineral etc). Introduz-se gentilmente um dedo na ampola retal, depois dois, promovendo a abertura da ampola retal e a introdução dos demais dedos no reto, com o polegar escondido na palma da mão. A mucosa retal do equino é bastante sensível a distensões, podendo ocorrer desde esgarçamentos da mucosa a rupturas completas de todas as camadas. Dentre as diferentes raças de equinos, o cavalo Árabe tem maior sensibilidade. Naqueles animais nos quais as contrações retais inviabilizem a palpação, ou nos machos (pelve mais estreita, não estão acostumados), utilizar geleia de lidocaína ou lidocaína spray no esfíncter anal ou até mesmo um enema com lidocaína a 2%, diluída em 500 mℓ de solução salina. Após a introdução da mão no reto, é necessário retirar os cíbalos de fezes, observando-se seu aspecto (úmidos e verde- brilhantes - conforme a alimentação). Fezes ressecadas ou com muco indicam diminuição de trânsito intestinal (compactações ou obstruções) Fezes diarreicas: enterites ou a tentativa de desarme de alguma condição patológica (torção, intussuscepção ou obstrução). Após a limpeza da ampola retal, a primeira estrutura a ser identificada em um cavalo normal é o cólon (cíbalos mole). O cólon menor é móvel e encontrado logo após a introdução da mão na cavidade pélvica, podendo ser reconhecido pela existência de uma tênia palpável. Estruturas avaliadas pela palpação retal Lado direito Aderência do ceco à parede abdominal Tênia ventral e medial do ceco Lado esquerdo Rim Baço Ligamento nefroesplênico Cólon dorsal esquerdo Ventral Cólon menor (cíbalos e fezes) Anéis inguinais Flexura pélvica (à esquerda) Bexiga Reprodutor Dorsal Aorta Raiz do mesentério (artéria mesentérica cranial) Exames complementares PARACENTESE ABDOMINAL (ABDOMINOCENTESE) Utilizada na diferenciação de peritonites sépticas e assépticas. Nos cavalos com cólica: é um meio indireto de avaliação das alças intestinais, quando apresentam hipóxia → passagem de células e proteína para o líquido peritoneal Em um equino adulto sadio a quantidade varia 100 a 300 mℓ. Em condições ideais, é possível a coleta de 50 a 60 mℓ de líquido em 10 min. O ponto de coleta é sobre a linha branca, caudalmente (10 cm) à apófise xifoide, no ponto mais ventral do abdome. Ao redor desse ponto, deverão ser realizadas tricotomia e assepsia. Na técnica mais utilizada, após a infiltração ou não de anestésico local, faz-se uma pequena incisão de pele e musculatura. Introduzindo-se 2 cm de uma lâmina de bisturi, sem o cabo Perfura-se o peritônio com uma cânula mamária de bovino ou cateter urinário de cadela, por pressão (ambos apresentam a ponta romba), e coleta-se o fluidoperitoneal em um tubo com EDTA e em outro sem o anticoagulante. Na segunda técnica, a perfuração da linha branca, da musculatura e do peritônio deverá ser realizada com uma agulha descartável 40 × 12 e o líquido coletado. O líquido peritoneal é pálido, claro e contém teores de proteína inferiores a 2,5 g/dℓ e contagem de células nucleares menor que 5.000/mℓ. O líquido peritoneal torna-se turvo quando o número de células nucleadas e a taxa de proteína aumentam. O exame citológico do líquido peritoneal deve incluir colorações variadas como Wright e Gram. O cultivo microbiológico deve ser feito para a identificação de aeróbicos e anaeróbicos (muitas peritonites são causadas pela associação de enterobacteriáceas com anaeróbios) com o intuito de orientar a terapia antibacteriana específica. Na evolução de processos fisiopatológicos, coletas seriadas em animais com síndrome cólica indicam estabilização ou piora do quadro. A concentração de fibrinogênio superior a 100 mg/dℓ no líquido peritoneal indica processo inflamatório agudo (peritonites). Obstruções estrangulantes e obstruções simples ou infartos não estrangulantes, a progressão da lesão vascular vai levar a extravasamento de hemácias para a cavidade peritoneal com consequente avermelhamento do fluido. Líquido peritoneal muito claro (descolorido) indica diluição sugere ascite (por hipoproteinemia, geralmente em animais subnutridos) ou uroperitônio. Fluido serossanguinolento indica aumento do número de hemácias ou na quantidade de hemoglobina livre → degeneração intestinal e perda transmural de hemácias; nas punções de baço durante a paracentese; nas lacerações de vísceras abdominais ou quando ocorre contaminação do líquido peritoneal com sangue oriundo de vasos da pele ou musculatura. Líquido esverdeado: enterocentese ou ruptura de alças intestinais. Líquido amarronzado está associado a estágio terminal de necrose tecidual. Atividade da fosfatase alcalina, aspartato aminotransferase e desidrogenase láctica quando aumentadas: lesão fígado, intestinos e músculos. VOLUME GLOBULAR E PROTEÍNA TOTAL No início de um quadro de dor abdominal, ocorre aumento do volume globular em resposta à catecolaminas por causa de dor ou endotoxemia, que leva à contração esplênica. O aumento do volume globular e dos teores de proteínas indica a perda de líquido vascular para uma alça ou para a cavidade peritoneal. Aumentos significativos dos teores de proteína com discreto aumento do volume globular podem indicar que esse animal esteja com quadro de anemia Diminuição dos teores de proteína em animais desidratados pode indicar grave perda para o lúmen da alça ou cavidade peritoneal ou também má nutrição, parasitismo intenso ou doença hepática crônica. TESTE DE ABSORÇÃO DE GLICOSE Verifica a integridade funcional do intestino delgado pela eficácia de absorção de glicose do lúmen intestinal. Indicado para animais com emagrecimento progressivo sem alteração de ingestão ou excesso de perdas, animais com suspeita de diabetes (raro). Solução de glicose a 20% contendo 1 mg/kg de peso vivo é administrada via sonda nasogástrica ao animal em 12 h de jejum. Uma amostra de sangue ( tubo com fluoreto como anticoagulante) é retirada antes da administração e 30, 60, 90, 120 e 180 min após a administração e os teores de glicose mensurados. Em condições normais: nas primeiras 2 h (primeira fase), a glicose é continuamente absorvida pelo ID e sua concentração plasmática dobra em relação à amostra em jejum. A segunda fase é insulinodependente e mostra queda progressiva dos teores de glicose no nível do jejum, que é alcançado 6 h após administração. Uma linha reta indica má absorção total e apresenta prognóstico desfavorável, ao passo que uma curva intermediária, entre a curva normal e a linha reta, indica estado de má absorção parcial, tendo uma interpretação mais difícil, pois a causa pode ser reversível ou irreversível. RADIOLOGIA Raramente é indicada para avaliação do sistema digestório. Usada para a visualização de material radiodenso no intestino grosso (enterólitos, areia ou corpos estranhos metálicos) Avaliação dos dentes, cavidade oral e esôfago. Em potros e pôneis para usada o diagnóstico de timpanismos gástricos ou do ceco, obstruções e enterites (distensão grave do intestino delgado ou do intestino grosso) e, principalmente, nos casos de retenção de mecônio (com contraste,por enema). ULTRASSONOGRAFIA Limitada na avaliação do sistema gastrintestinal do cavalo adulto Investigação de estruturas próximas à parede abdominal (fígado e o baço), avaliação da formação de abscessos, acúmulo de líquido peritoneal, aderências e neoplasias. Ultrassonografia transretal: complemento à palpação retal Avaliação de obstrução esofágica. ENDOSCOPIA Auxilia no diagnóstico de alterações no esôfago, estômago, duodeno, cólon menor e reto. Esofagoscopia: realizada com o cavalo em posição quadrupedal, contenção física por cachimbo ou leve sedação, avalia a motilidade e do lúmen do órgão, diagnóstico de obstruções, lacerações ou da formação de divertículos. Gastroscopia: endoscópio de tamanho adequado (1 a 2 m, para potros; 2 a 3 m, para adultos) e de jejum prévio do animal. Visualização de úlceras gástricas em potros, neoplasias, infestações parasitárias e estenoses do piloro. Duodenoscopia: diagnosticar ulcerações, estenose ou divertículo duodenal e duodenojejunite proximal; possibilita a coleta do conteúdo duodenal e a biopsia da parede duodenal. Colonoscopia e retoscopia: visualização de edemas ou engrossamento da parede intestinal, hiperemia, irregularidades rupturas (lacerações) do reto e existência de massas intraluminais (fecalomas, enterólitos, neoplasias) no cólon menor distal. LAPAROSCOPIA A laparoscopia tem sido pouco indicada nas cólicas agudas, Nos casos de evolução mais crônica, a laparoscopia tem sido realizada Tem possibilitado o diagnóstico de neoplasias e abscessos abdominais, peritonite, aderências, encarceramentos, além de tornar possível a realização de biopsias em diversos órgãos como, por exemplo, o fígado.
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