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Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão APRESENTAÇÃO A pele é um órgão que compõe o sistema tegumentar. É possível afirmar que, dentre diversas funções que ela executa, a função de proteção é a mais essencial para a vida humana. Ela se constitui como uma barreira que protege o corpo do ambiente externo e mantém internamente as estruturas e substâncias orgânicas. Justamente por essa característica, a pele, que confere proteção, também é o órgão mais vulnerável do corpo, pois está exposta a radiação solar, substâncias químicas, microrganismos e susceptível a traumas e lesões. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a pele e suas funções, conhecendo, de forma mais abrangente, o sistema tegumentar e os aspectos do comprometimento anatômico ocasionado pelas lesões por pressão. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as funções da pele.• Identificar as camadas da pele e os anexos tegumentares.• Examinar o comprometimento anatômico causado pelas lesões por pressão.• DESAFIO As lesões por pressão são causadas pela pressão intensa e/ou constante na pele e tecidos subjacentes. São desenvolvidas pela redução da perfusão e consequente isquemia e dano tecidual. Neste Desafio, imagine que você é o enfermeiro de uma unidade de clínica cirúrgica com capacidade para acomodar 20 pacientes. A taxa de ocupação média é de 85%. Mediante o exposto, responda: a) Esse paciente apresenta risco para o desenvolvimento de lesão por pressão? Justifique. b) Quais são os cuidados preventivos mínimos a serem implementados nesse paciente? INFOGRÁFICO A epiderme é a camada mais superficial da pele, e tem como função formar uma barreira de proteção do corpo em relação ao ambiente externo. Para cumprir com essa função, as células da epiderme passam por um processo de transformação chamado queratinização. Neste Infográfico, você conhecerá a estrutura celular da epiderme e o processo de queratinização. Confira, a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO A pele e os anexos tegumentares, ou seja, pelos, glândulas e unhas, compõem o sistema tegumentar. As características celulares e das substâncias ali presentes garantem a efetivação das suas funções de proteção, sensação, regulação térmica, dentre outras. No capítulo Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão, da obra Anatomia aplicada à enfermagem, você conhecerá a estrutura e o funcionamento desse sistema, bem como o comprometimento causado pelas lesões por pressão. Boa leitura. ANATOMIA APLICADA A ENFERMAGEM Andreia Orjana Ribeiro Coutinho Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever as funções da pele. � Identificar as camadas da pele e os anexos tegumentares. � Examinar o comprometimento anatômico causado pelas lesões por pressão. Introdução O sistema tegumentar, também conhecido como tegumento comum, é composto por pele, pelos, glândulas sudoríparas e sebáceas, unhas, células de gordura e receptores sensoriais. Todos esses elementos atuam em conjunto, recobrindo o corpo humano e garantindo a sua proteção em relação ao ambiente externo. A pele é o órgão que pode ser observado diretamente e todo o tempo. Na prática da enfermagem, essa característica permite um exame físico mais detalhado, possibilitando a identificação de cuidados adequa- dos em relação ao sistema tegumentar. Neste capítulo, você vai estudar as funções da pele, bem como iden- tificar suas camadas e seus anexos tegumentares e analisar o compro- metimento anatômico causado pelas lesões por pressão. A pele e suas funções A pele é um órgão que recobre toda a superfície externa do corpo humano, sendo o maior órgão do corpo, tanto em extensão quanto em peso. Além da proteção externa do corpo, a pele executa outras cinco funções importantes. Vamos entender cada uma dessas funções a seguir, com base em VanPutte, Regan e Russo (2016) e Soutor e Hordinsky (2015). � Proteção: a pele forma uma barreira física e imunológica. A barreira física protege contra a abrasão (fricção, escoriação), os efeitos danosos da radiação ultravioleta (UV) e a perda de água (desidratação) para o ambiente externo. Também amortece os impactos para a proteção das estruturas internas. Como barreira imunológica, evita a entrada de microrganismos que causam o adoecimento. � Sensação: a pele possui terminações nervosas, e esses receptores sen- soriais têm a capacidade de captar estímulos sensoriais como frio, calor, tato, pressão e dor. Por meio dessas sensações, o corpo emite respostas adequadas aos estímulos do ambiente. � Regulação térmica: a atividade das glândulas sudoríparas e da perfusão sanguínea na pele auxiliam na regulação da temperatura corporal. A dilatação e a constrição dos vasos sanguíneos na pele evitam a perda de calor do corpo. Já a atividade das glândulas sudoríparas por meio da produção do suor auxilia a reduzir a temperatura corporal. Esse efeito é resultado da evaporação do suor na superfície da pele. � Produção de vitamina D: a pele participa no processo de síntese da vitamina D, um elemento de grande importância para a homeostase do cálcio. Quando a pele está exposta à radiação UV, produz uma molécula chamada calciferol. Essa molécula passa por modificações no fígado e nos rins para, assim, sintetizar a vitamina D ativa. A função da vitamina D no organismo é a de aumentar os níveis de cálcio, por meio da captação no intestino delgado, da liberação pelos ossos e da redução da perda nos rins. � Excreção: a pele elimina pequenas quantidades de resíduos, como a ureia, o ácido úrico e a amônia. Como se trata de uma pequena quan- tidade, a excreção não influencia diretamente no equilíbrio hídrico e eletrolítico. Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão2 � Identidade e estética: a pele revela para o meio externo a identidade étnica, a idade e o estado de saúde. Algumas condições, como os danos causados pela exposição à luz solar, a acne, os distúrbios nos cabelos e os distúrbios na pigmentação, são fatores que podem gerar efeitos na autoimagem da pessoa e também na forma como os outras a percebem. A pele é composta por duas camadas diferentes, a epiderme e a derme. Logo abaixo da derme se encontra o tecido subcutâneo. O tecido subcutâneo não faz parte da pele, contudo, compõe o sistema tegumentar em conjunto com ela. No Quadro 1 você poderá compreender a relação entre a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. O quadro apresenta de forma objetiva a estrutura e as funções de cada um desses componentes do tegumento comum. Fonte: Adaptado de VanPutte, Regan e Russo (2016). Parte Estrutura Função Epiderme É a porção mais superficial da pele. É formada por epitélio escamoso estratificado e composta por quatro ou cinco estratos. Protege contra a entrada de substâncias e microrganismos e evita a perda de água. Também protege contra a abrasão e os efeitos da exposição à radiação UV. Participa na produção da vitamina D e dá origem aos pelos, às unhas e às glândulas. Derme É a porção mais interna da pele. É formada por tecido conjuntivo e composta por duas camadas. Realiza troca de nutrientes, resíduos e gases com a derme. Confere resistência estrutural e flexibilidade à pele. Subcutâneo Não faz parte da composição da pele. É formado por tecido conectivo frouxo e tecido adiposo. Possui vasos sanguíneos e terminações nervosas. Faz a fixação da derme às estruturas mais internas. O tecido adiposo armazena energia e faz isolamento térmico. Quadro 1. Comparação entre as estruturas e funções da pele e do subcutâneo 3Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão Em algumas publicações, o tecido subcutâneo também é chamado de hipoderme ou tela subcutânea. A pele e osanexos tegumentares Como visto anteriormente, a pele se estrutura em duas camadas, a epiderme e a derme. Vamos compreender, agora mais especificamente, a composição celular de cada uma delas. Posteriormente, estudaremos a relação entre a localização e a função dos anexos tegumentares. A epiderme possui em sua estrutura quatro tipos de células diferentes, sendo elas os queratinócitos, os melanócitos, os macrófagos intraepiteliais e as células epiteliais táteis. As células que compõem a maior parte da pele são os queratinócitos, que se acomodam em quatro ou cinco camadas e produzem a queratina. A queratina é uma proteína fibrosa rígida que tem a função de proteger a pele e os tecidos contra a fricção, o calor, os microrganismos e as substâncias químicas. Os melanócitos são as células responsáveis por produzirem a melanina. Já os macrófagos intraepidérmicos, também chamados de células de Langerhans, participam da defesa do organismo contra os micro-organismos que invadem a pele. Por fim, as células epiteliais táteis fazem contato com as células nervosas (os neurônios sensoriais). É por meio dessa ligação que é possível detectar as sensações táteis. Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão4 A melanina é um pigmento amarelo-avermelhado ou castanho-escuro. Ela produz a coloração da pele e também é importante na absorção da radiação UV, que é prejudicial para a pele. A epiderme possui quatro ou cinco camadas, que também são chamados de estratos. Na maior parte do corpo, ela possui quatro camadas: estrato basal, estrato espinhoso, estrato granuloso e estrato córneo. Essas camadas resultam na “pele fina”. Nas regiões da pele que sofrem mais com o atrito, como as mãos e os pés, a epiderme tem cinco camadas: estrato basal, estrato espinhoso, estrato granuloso, estrato lúcido e estrato córneo, caracterizando-se como “pele grossa”. Vamos entender a estrutura de cada uma dessas camadas da epiderme. � Estrato basal: é a camada mais profunda da epiderme. É composta por somente uma camada de queratinócitos. Estas são as células-tronco que, ao sofrerem a divisão celular, produzem continuamente novos queratinócitos. � Estrato espinhoso: está acima do estrato basal. É composto por 8 a 10 camadas de queratinócitos que se encaixam firmemente. � Estrato granuloso: localiza-se na metade da epiderme. É formado por três a cinco camadas de queratinócitos. Nessa camada, as células passam pelo processo de apoptose, que é a morte celular programada para ocor- rer. Além das células, nesse estrato também se encontram a queratina e os grânulos lamelares. Esses grânulos liberam uma substância oleosa que funciona como um selante, tornando a epiderme impermeável. � Estrato lúcido: esse é o estrato que está presente somente na pele grossa. É composto por três a cinco camadas de queratinócitos mortos, contendo uma grande quantidade de queratina. � Estrato córneo: é o estrato mais superficial da epiderme. É formado por 25 a 30 camadas de queratinócitos mortos, que vão sendo descartados e substituídos por células novas provenientes dos estratos mais profundos. É uma camada rica em queratina. 5Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão O calo é um espessamento anormal do estrato córneo e é desenvolvido pela exposição da pele ao atrito frequente. As células novas são formadas no estrato basal, a camada mais profunda da epiderme, e são empurradas para a superfície de forma lenta e gradual. Cada vez que as células se movem de um estrato para o outro, acumulam mais queratina. A esse processo se dá o nome de queratinização. O processo completo de formação de células novas até a queratinização e a chegada à superfície dura em média quatro semanas. A caspa é uma grande quantidade de células queratinizadas que se soltam do couro cabeludo com aspecto de cascas. A derme é a segunda camada da pele, localizando-se logo abaixo da epi- derme. É formada por uma camada de tecido de fibras colágenas e elásticas. Na sua superfície se encontram as papilas dérmicas, que são projeções onde se encontram os receptores táteis. Essas terminações nervosas possibilitam às pessoas sentirem dor, cócegas, coceira, calor e frio. A parte mais profunda da derme, além das fibras colágenas e elásticas, possui células adiposas, folículos pilosos, nervos, glândulas sebáceas e glân- dulas sudoríparas. São essas as estruturas anexas do sistema tegumentar. A combinação das fibras presentes na derme fornece as características de extensibilidade (capacidade de distensão) e elasticidade (habilidade de retornar à forma original após o estiramento) da pele. Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão6 A extensibilidade da pele pode ser observada na gravidez e na obesidade, por exemplo. Contudo, quando a distensão é extrema, podem ocorrer lacerações (rupturas) na derme. São essas lacerações que geram as estrias, linhas avermelhadas ou esbranquiçadas que aparecem na superfície da pele. Após compreender a composição da pele, observe atentamente a Figura 1. Ela apresenta a estrutura da pele, os anexos e o tecido subcutâneo, a partir de uma imagem tridimensional. Figura 1. Sistema tegumentar: pele, anexos e subcutâneo. Fonte: Adaptada de Marieb e Katja (2008). Epiderme Derme Hipoderme (tela subcutânea) Raiz do pelo Folículo piloso Glândula sudorífera merócrina Receptor do folículo piloso (plexo da raiz do pelo) Tecido adiposo Veia Artéria Corpúsculo de Pacini Haste do pelo Poro Papilas dérmicas (camada papilar da derme) Corpúsculo de Meissner Terminação nervosa livre Camada reticular da derme Glândula sebácea Músculo eretor do pelo Fibra nervosa sensorial Glândula sudorífera merócrina Os anexos tegumentares são os pelos, as glândulas e as unhas. Os pelos estão presentes em praticamente toda a superfície da pele. Apresentam-se em abundância no couro cabeludo, acima e em torno dos olhos e na região genital. 7Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão Os fatores genéticos e hormonais influenciam na quantidade e no aspecto dos pelos de cada pessoa. O pelo apresenta três partes: haste, raiz e bulbo capilar. A raiz e a haste são compostas por células epiteliais mortas e queratinizadas. No centro, há um córtex celular com queratina dura, que envolve uma medula contendo queratina mole. O bulbo capilar é responsável pela formação do pelo, que ocorre em ciclos, alternando períodos de crescimento e de repouso. O arrepio é produzido pela contração dos músculos eretores dos pelos, que os deixa “em pé”. No tegumento comum há três tipos de glândulas: sebáceas, sudoríparas e ceruminosas. As glândulas sebáceas são responsáveis por produzir o sebo que lubrifica os pelos e a superfície da pele. As glândulas sudoríparas se apresentam em modos distintos. As glândulas sudoríparas écrinas são as que produzem suor para resfriar a temperatura do corpo; as glândulas sudoríparas apócrinas são as que produzem a secreção orgânica que produz o odor do suor. As glândulas ceruminosas são as que produzem o cerume (cera do ouvido). Veja na Figura 2 a estrutura e a localização das glândulas no sistema tegumentar. Figura 2. As glândulas do sistema tegumentar. Fonte: Adaptada de VanPutte, Regan e Russo (2016). Glândula sudorípara apócrina Bulbo capilar Folículo piloso Ducto de glândula sudorípara apócrina Glândula sudorípara écrina Glândula sebácea Eretor dos pelos (músculo liso) Ducto de glândula sudorípara écrina Poro de suor Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão8 As unhas são placas de células queratinizadas mortas, rígidas e compac- tadas. A unha é formada por uma parte visível que se chama corpo da unha. A raiz da unha compõe a parte não visível, onde se localiza a matriz da unha, responsável pela divisão celular e a geração de células novas. A cutícula é formada por estrato córneo e confere proteção contra a invasão de microrga- nismos. Emrelação à função das unhas, elas ajudam a manipular pequenos objetos, protegem a ponta dos dedos e permitem coçar. A pele e as lesões por pressão Segundo a organização norte americana National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou outro artefato. A é desenvolvida como resul- tado de pressão intensa e/ou contínua e da combinação com o cisalhamento. Antigamente, as lesões por pressão eram chamadas de úlceras de pressão ou escaras. A mudança na terminologia foi definida no Consenso da NPUAP (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTOMATERAPIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM EM DERMATOLOGIA, [2016]). A lesão por pressão se desenvolve devido à redução do fluxo sanguíneo em determinada região, causando a isquemia e o dano tecidual. Geralmente, os locais afetados são em regiões com proeminências ósseas. Os fatores que alteram a resistência do tecido à pressão e o tornam susceptível à lesão são a nutrição inadequada, a diminuição da perfusão sanguínea, as comorbida- des e as condição da pele e do ambiente. Wolff, Johnson e Saavedra (2015) acrescenta a esses fatores de risco os cuidados de enfermagem inadequados, a sensibilidade diminuída, a imobilidade e as incontinências urinária e/ou fecal. Observe na Figura 3 os locais com maior risco para o desenvolvimento de lesão por pressão. Segundo o Consenso da NPUAP (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ES- TOMATERAPIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM EM DERMATOLOGIA, [2016]), as lesões por pressão podem ser classificadas em oito grupos distintos, de acordo com as suas características e a profundidade do dano tecidual. Verifique no Quadro 2 a terminologia de classificação das lesões e suas particularidades. 9Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão Figura 3. Áreas de maior incidência de lesões por pressão. Fonte: Adaptada de Costa e Eugenio (2014). Joelho Maléolo Trocanter Occipital Escápula Sacra Calcâneo Ombro Cotovelo Ísquio Hálux Estágio da lesão por pressão Características Estágio 1 Pele íntegra com eritema que não embranquece. Dano tissular profundo. Causa alteração na coloração da pele, porém ela ainda está íntegra. Estágio 2 Perda da pele em sua espessura parcial, com exposição da derme. Leito da ferida é viável, úmido e de coloração rosa ou vermelha. Estágio 3 Perda da pele em sua espessura total. Perda da epiderme e derme, tornando a gordura subcutânea visível. Estágio 4 Perda da pele em sua espessura total e perda tissular. Perda total da pele e do tecido subcutâneo, com exposição da fáscia, do músculo, do tendão, do ligamento, da cartilagem ou do osso. Não classificável Perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível. Perda total da pele encoberta por esfacelo ou necrose, impedindo a avaliação da extensão do dano. Quadro 2. Classificação das lesões por pressão (Continua) Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão10 Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Estomaterapia e Associação Brasileira de Enfermagem em Dermatologia ([2016]). Quadro 2. Classificação das lesões por pressão Estágio da lesão por pressão Características Tissular profunda Descoloração vermelho-escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece. Pele íntegra ou não, com área de descoloração vermelho- escura, marrom ou púrpura, que não embranquece, ou apresentando separação epidérmica que revela a lesão. Relacionadas à dispositivo médico Lesão por pressão relacionada a dispositivo médico. Essa terminologia descreve a causa da lesão. É resultado da pressão causada pelo uso de dispositivos (sondas, drenos, etc.). Em membrana mucosa Lesão por pressão em membranas mucosas. A lesão em membranas mucosas é causada também por uso de dispositivos médicos. Devido à anatomia do tecido, essas lesões não podem ser categorizadas. (Continuação) A presença de lesão por pressão envolve vários aspectos. Existem os des- confortos e as dores percebidas pela pessoa acometida, o aumento dos custos de tratamento com a necessidade de curativos especiais, o aumento da depen- dência assistencial em relação à equipe de enfermagem durante a internação hospitalar e dos cuidadores após a alta. A infecção é a principal complicação das lesões por pressão, principalmente a infecção bacteriana, que afeta a lesão e pode estender-se para estruturas subjacentes (músculos e ossos) e entrar na circulação sanguínea (bacteremia e sepse). A infecção também dificulta e retarda a cicatrização, conforme lecionam Wolff, Johnson e Saavedra (2015). O principal cuidado de enfermagem preventivo ao desenvolvimento das lesões é a mudança de decúbito, ou seja, a alteração do posicionamento corporal. A frequência da mudança deve ser planejada e prescrita pelo enfermeiro, de acordo com o risco que o paciente apresenta, as condições clínicas e as patologias. Atenção especial deve ser dada à higiene corporal dos paciente incontinentes e à hidratação corporal em todos. Também, é recomendado o uso de coxins (pequenas almofadas) para aliviar a pressão em proeminências ósseas e o uso de colchões que facilitem a perfusão sanguínea, conforme apontam Costa e Eugenio (2014). 11Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão 1. O sistema tegumentar compreende a pele e os seus anexos. Sobre a estrutura da pele e suas camadas, assinale a alternativa correta. a) A pele é composta por três camadas: a epiderme, a derme e o subcutâneo. Os anexos tegumentares têm origem no tecido subcutâneo. b) A pele é composta por duas camadas: a epiderme e a derme. Os anexos tegumentares têm origem na derme. c) A pele é composta de cinco camadas, também denominadas estratos. d) A pele é composta por cinco estratos: basal, espinhoso, granuloso, lúcido e córneo. e) A pele é composta por duas camadas: a epiderme e a derme. Os anexos tegumentares têm origem na epiderme. 2. A epiderme é a camada mais superficial da pele e atua como uma barreira de proteção do corpo em relação ao ambiente externo. Em sua composição, encontram-se cinco camadas de células denominadas queratinócitos, ricas em uma substância rígida que produz a barreira protetora. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o nome dessa substância. a) Colágeno. b) Vitamina D. c) Fibras colágenas. d) Queratina. e) Fibras elásticas. 3. A extensibilidade e a elasticidade são propriedades da pele. Sendo assim, é possível a pele se distender (esticar) e posteriormente retornar à forma original. Assinale a alternativa que apresenta a camada da pele e a estrutura responsável por conferir essas propriedades à pele. a) Camada epiderme e substância queratina. b) Camada derme e substância queratina. c) Camada subcutânea e células adiposas. d) Camada hipoderme e fibras colágenas e elásticas. e) Camada derme e fibras colágenas e elásticas. 4. As lesões por pressão se desenvolvem devido à diminuição da circulação sanguínea em uma região, causada pelo esmagamento da pele, do subcutâneo e dos demais tecidos contra proeminências ósseas ou dispositivos médicos (sondas, drenos, etc.). A mudança de decúbito corresponde ao principal cuidado de enfermagem na prevenção das lesões por pressão. A respeito das lesões por pressão, assinale a alternativa correta. a) Cuidados de enfermagem inadequados representam um fator de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão. b) A nutrição adequada e a presença de doenças crônicas representam fatores de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão. Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão12 c) As lesões por pressão se desenvolvem após o rompimento da continuidade da pele. d) A utilização de dispositivos médicos auxilia na prevenção das lesões e na proteção da pele. e) A mudança de decúbito é um cuidadode enfermagem efetivo e opcional para a prevenção das lesões por pressão. 5. A proteção, a sensação, a regulação térmica, a produção de vitamina D, a excreção e a identificação são as funções da pele. Sobre a regulação térmica, assinale a alternativa correta. a) As glândulas sebáceas produzem o sebo, que tem a função de impermeabilizar a pele para evitar a perda de calor. b) A perfusão sanguínea diminuída na superfície produz o aquecimento da pele para manter a temperatura corporal. c) As glândulas sudoríparas produzem o suor, que, ao chegar na superfície da pele, evapora e produz o resfriamento do tecido. d) A epiderme é a camada mais profunda da pele e participa da regulação da temperatura corporal, devido à sua camada de células de gordura. e) As glândulas sebáceas e sudoríparas que se encontram na epiderme produzem o suor, que, ao chegar na superfície da pele, evapora e resfria a temperatura corporal. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTOMATERAPIA. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMA- GEM EM DERMATOLOGIA. Classificação das lesões por pressão: consenso NPUAP 2016. Adaptada culturalmente para o Brasil. [2016]. Disponível em: <http://www.sobest.org. br/textod/35>. Acesso em: 25 jan. 2019. COSTA, A. L. J.; EUGENIO, S. C. F. Cuidados de enfermagem. Porto Alegre: Artmed, 2014. MARIEB, E. N.; KATJA, H. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. SOUTOR, C.; HORDINSKY, M. Dermatologia clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015. VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. WOLFF, K.; JOHNSON, R. A.; SAAVEDRA, A. P. Dermatologia de Fitzpatrick: atlas e texto. [recurso eletrônico]. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. 13Sistema tegumentar: comprometimento decorrente de lesões por pressão Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O envelhecimento é um processo natural e inevitável. Muitos sonham em se manter jovens para sempre, porém a pele demonstra exteriormente o desgaste causado pelo passar do tempo. Nesta Dica do Professor, você entenderá quais são os efeitos do envelhecimento na estrutura da pele e as suas manifestações. Veja, a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O sistema tegumentar compreende a pele e os seus anexos. Sobre a estrutura da pele e suas camadas, é possível afirmar que: A) a pele é composta por três camadas: a epiderme, a derme e o subcutâneo. Os anexos tegumentares têm origem no tecido subcutâneo. B) a pele é composta por duas camadas: a epiderme e a derme. Os anexos tegumentares têm origem na derme. C) a pele é composta de cinco camadas, que também são denominadas estratos. D) a pele é composta por cinco estratos: basal, espinhoso, granuloso, lúcido e córneo. E) a pele é composta por duas camadas: a epiderme e a derme. Os anexos tegumentares têm origem na epiderme. 2) A epiderme é a camada mais superficial da pele e atua como uma barreira de proteção do corpo em relação ao ambiente externo. Em sua composição, encontram- se cinco camadas de células ricas em uma substância rígida que produz a barreira protetora. Qual é o nome dessa substância? A) Colágeno. B) Vitamina D. C) Fibras colágenas. D) Queratina. E) Fibras elásticas. 3) A extensibilidade e a elasticidade são propriedades da pele. É possível esta se distender (esticar) e posteriormente retornar a forma original. Qual é a estrutura responsável por conferir essas propriedades, e em qual camada da pele está localizada, respectivamente? A) Substância queratina, camada epiderme. B) Substância queratina, camada derme. C) Células adiposas, camada subcutânea. D) Fibras colágenas e elásticas, camada hipoderme. E) Fibras colágenas e elásticas, camada derme. 4) As lesões por pressão se desenvolvem devido à diminuição da circulação sanguínea em uma região, causada pelo esmagamento da pele, subcutâneo e demais tecidos. A respeito das lesões por pressão, é correto dizer que: A) os cuidados de enfermagem inadequados representam um fator de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão. B) a nutrição adequada e a presença de doenças crônicas representam fatores de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão. C) as lesões por pressão se desenvolvem após o rompimento da continuidade da pele. D) a utilização de dispositivos médicos auxilia na prevenção das lesões e proteção da pele. E) a mudança de decúbito é um cuidado de enfermagem efetivo e opcional para a prevenção das lesões por pressão. 5) Proteção, sensação, regulação térmica, produção de vitamina D, excreção e identificação são funções da pele. Sobre a regulação térmica, é correto afirmar que: A) as glândulas sebáceas produzem o sebo, que tem a função de impermeabilizar a pele para evitar a perda de calor. B) a perfusão sanguínea diminuída na superfície produz o aquecimento da pele para manter a temperatura corporal. C) as glândulas sudoríparas produzem o suor que, ao chegar na superfície da pele, evapora e produz o resfriamento do tecido. D) a epiderme é a camada mais profunda da pele e participa da regulação da temperatura corporal devido à sua camada de células de gordura. E) as glândulas sebáceas e sudoríparas que se encontram na epiderme produzem o suor que, ao chegar na superfície da pele, evapora e resfria a temperatura corporal. NA PRÁTICA As lesões por pressão são lesões que acometem o sistema tegumentar e estruturas adjacentes, como, por exemplo, os músculos. O desenvolvimento desse tipo de lesão está diretamente relacionado aos cuidados de enfermagem e a fatores de risco que as pessoas doentes podem apresentar. Na Prática, conheça uma ferramenta que auxilia o enfermeiro na avaliação do risco para lesão por pressão. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Prevenção das lesões por pressão As lesões por pressão podem ocorrer em pessoas acamadas ou com mobilidade reduzida. No link a seguir, acompanhe uma webpalestra em que a enfermeira Cilene Soares aborda o tema da prevenção desse tipo de lesão. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Avaliação e tratamento de feridas Apresentada por enfermeira que é referência na área, assista a esta webpalestra que aborda o tema da prevenção e tratamento de feridas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Sociedade Brasileira de Estomaterapia (Sobest) A estomaterapia é uma especialidade exclusiva do enfermeiro, e se dedica ao cuidado com as estomias, feridas e incontinências. Acesse o site da Sobest a seguir e conheça a classificação das lesões por pressão, segundo o consenso da National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), adaptado culturalmente para o Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Úlcera por pressão após a alta hospitalar e o cuidado em domicílio Este artigo aborda a caracterização de pacientes com lesões por pressão após a alta hospitalar e o contexto dos cuidados domiciliares. Aproveite a leitura. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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