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CONSULTA E ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA AULA 1 – MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE (CAPITULO 15) A CONSULTA EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAUDE A consulta em Atenção Primária à saúde (APS) começa primeiramente na decisão do paciente de se consultar. Essa decisão pode ser tomada de maneira tardia ou precoce, como quando os pacientes vão até o consultório muito tempo depois dos sintomas, com agravantes ou quando vão horas depois do início de um sintoma, o que até dificulta nosso diagnostico. Vamos trabalhar com a medicina da pessoa inteira e isso quer dizer não olhar só para a doença. Olhar para pessoa como um todo, em todos os aspectos da vida, em relação a família, trabalho, relações interpessoais e ver como tudo isso influencia no seu adoecimento. O médico de medicina e comundade (MFC) deve ter o cuidado acessivel e longitudinal. Isso quer dizer o paciente vai estar nos nossos cuidados desde o comeco da vida até a vida final. E, devemos acompanhar o paciente com suas primeiras experiencias com adoecimento, progressao da doenca e saude do paciente. Temos que dispor de mais tempo para o paciente atraves de visitas domiciliares, atendimentos agendados. O nosso cuidado é diferenciado. É um cuidado também compreensivo, continuo e preventivo. Quando um paciente vem até nós para um diagnostico, notamos que o paciente pode estar nervoso, apreensivo e temos que compreende-los. Alem disso, muitas vezes vamos lidar com estagios avancados de doencas, descompensadas e podemos questionar porque não veio antes. Mas temos que entender que nem todo mundo tem um conhecimento minimo sobre o proprio corpo e saude. O cuidado continuo é aquele cuidado que independente se o paciente tiver doente ou não, enquanto ele estiver naquela area de abrangencia sempre fazer a promocao de saude, vacinação, prevenção. Tudo que for do processo saúde-doença vamos acompanhar. E cuidado preeventivo deve ser em cada consulta, educar o paciente, orientar, evitar morbidades e agravantes. É tambem a atividade CENTRAL no SUS. É por lá que o paciente vai ter acesso ao sistema de saude porque somos a porta de entrada. O paciente vai ser consultado na atencao primaria para posteriormente passar por especialidades. Atraves do MFC é que vai ver se precisa de outro atendimento de urgencia, de outra especialidade. O medico de familia e comunidade deve ter habilidade de organização. É intrinseca por exemplo, na agenda da UBS já que tem que ter um tempo estimado para organização. Os grupos como gestantes, hipertensos, diabeticos, criancas deve ter um dia na semana exclusivo. Organizar tempo e agenda. HABILIDADES ENVOLVIDAS NA CONSULTA EM APS → Organizar a consulta – roteiro de atendimento (QP, HDA..) → Entrevista – saber como perguntar, como perguntar → Coletar a história – todos os dados → Examinar adequadamente – exame físico → Elaborar diagnostico diferencial → Resolver problemas → Medicar adequadamente → Criar vinculo Conteúdo e processo na consulta (tarefas comportamentais); o conteúdo é o roteiro que devemos seguir. O conteúdo é o paciente entrar, os médicos se apresentarem, o paciente falar sua demanda, raciocinarmos em cima daquilo, discutir hipótese e tratamento. Todo esse é o roteiro. E o processo é como executar essa tarefa, fazer corretamente, ter uma relação boa. Papeis dentro da consulta: o paciente e o médico tem papeis na consulta, os dois tem poderes compartilhados. O paciente tem conhecimento sobre seu corpo, sua vida, experiência com a doença e o médico experiência profissional. Assim, os dois devem compartilhar essas experiências e discutir a necessidade do paciente e ver qual a melhor conduta para aquele caso. Autonomia: o paciente acha as vezes que só deve ouvir o que o médico fala para depois cumprir e não é bem assim. O paciente deve discutir com o médico, se interessar pelo seu problema, querer entender. Método clinico centrado na pessoa: focar na pessoa e tudo que envolve o paciente e não na doença. Na atenção primaria, devemos ver tudo que envolve o paciente e talvez conseguimos resolver a doença sem medicação, por exemplo. Transferência e contratransferência: a transferência é o sentimento que o paciente transfere para figura do profissional da saúde. Exemplo: o médico chega na UBS a primeira vez e chega com tom arrogante, grosseiro e as pessoas e pacientes pode ter uma transferência negativa com aquele médico e agir de forma arrogante. Da mesma maneira que pode existir uma transferência positiva quando ve por exemplo que o médico parece muito meu filho ou um parente, então já tem um carinho. A contratransferência é o contrário. O médico sente pelo paciente. Quando o paciente grita com as pessoas, escândalo e ameaça. Naturalmente, o profissional de saúde já tem uma contratransferência negativa. Mas tambem pode ter uma contratransferência positiva, por exemplo um paciente com câncer, quando ouvimos a história, o médico fica mais carinhosa, tentar resolver de todo jeito. Então, é o que sentimos em relação ao paciente. MODELOS DE RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE MODELOS DE ABORDAGEM MÉDICA: Pessoa: independente. É uma abordagem sacerdotal, o médico tem poder e autoridade, toma decisões, o paciente é submisso e a relação é assimétrica. Quando vemos isso acontecer? Médico do CTI, paciente em coma. Ou seja, não tem como o médico perguntar para ele qual tratamento seguir, não tem como questionar o interesse do paciente. Então, nesse caso, o médico toma todas as decisões. Também, esse modelo sacerdotal pode ser visto naquele médico antigo que toma todas as decisões, não questiona nada para o paciente. Por exemplo, o médico passa um remédio muito caro e não pergunta se ele pode comprar. INFORMATIVO: Então, é um modelo do tipo engenheiro. O médico é um repassador de informações, executor de ações propostas pelo paciente. O médico é autoridade, porém o paciente tem o poder. Existe um baixo envolvimento nessa relação. E uma acomodação por parte do médico. A imposição do paciente faz com que o paciente seja um cliente e o médico um mero prestador de serviços. Quando vamos ver esse modelo? Quando um paciente busca um dermatologista para aplicar um botox. Ele não sabe aplicar sozinho, então ele precisa realmente de um médico para aquilo. O médico é só um prestador de serviço e isso a gente vê como uma comercialização da medicina. Além disso, quando o paciente chega no médico e fala que quer uma tomografia do corpo inteiro. Muitos médicos vão falar que não precisa, mas faz. Cumpre com a desicao do paciente. INTERPRETATIVO: É um modelo mais contratualista. O médico é autoridade e o poder é compartilhado. Troca de informações e tomada de decisão acontece entre ambas as partes. Vamos ver isso quando o paciente funciona um nutrologo, ele sabe o que ele quer: perder peso, sabe como fazer mais ou menos. Então busca no médico mais informações, interpretação médica “O que você acha?” não está exigindo algo, está querendo entender melhor. O poder é compartilhado com o paciente. DELIBERATIVO: Esse modelo é o que pretendemos adotar na atenção primaria para todos os médicos. Também é um momento contratualista, porém tem uma troca de informações e tomada de decisões que envolve alto envolvimento do médico e paciente. A base é um compromisso entre as partes. É um modelo mais colegial. Não existe autoridade, é compartilhado e tem negociação. Vamos ver isso quando o paciente sabe ou não a respeito do seu problema, dos seus sintomas, mas ele quer deliberar, discutir entender com o médico. E também o médico quer que ele compreenda sua situação. Quais suas possíveis abordagens e decidir junto ao paciente qual conduta deve ser tomada. Em uma paciente criança, a mãe deve discutir com o médico. Por exemplo, as vezes o médico acha que ele deve tomar antibiótico, mas a mãe fala que ele já tomou recentemente. Assim, discutir sobre outra conduta.ONDE OS MÉDICOS ERRAM: → Erram ao pressupor que a pessoa não vai entender as explicações. Por exemplo, explicar para um diabético o que não pode comer e o que pode. → Mentir ou emitir informações para poupar a pessoa sem que ela tenha manifestado vontade de não saber. Obrigação de falar para o paciente. → Confundir persuação com coerção. No caso de um paciente hipertenso ou diabético que não adere bem ao tratamento, deve orientar, falar sobre riscos e benefícios e não deve fazer coerção, exigir que ele faça o tratamento se não, não vou atender mais o paciente, se não vai morrer. → Ameaçar com a possibilidade de morte não é a melhor forma de convencer de que um tratamento é melhor do que outro. Não ameaçar, mas pode falar sobre os riscos. → Sentir-se ofendido se a pessoa manifesta desejo de ouvir outras opiniões. Se não houve um vínculo bom e o paciente pode passar para outro médico. → Impor ao paciente apenas uma possibilidade de tratamento, quando existem outras opções. ONDE OS PACIENTES ERRAM: → Achar que o médico tem poder de curar tudo. → Exigir garantias de que tudo vai dar certo → Insistir no tratamento mesmo quando a confiança no médico e a relação com ele estão abaladas. → Chegar à consulta já com preconceitos ou desconfianças no medico → Ser agressivo e culpar o médico pelo diagnostico ou por coisas ruins que estão acontecendo → Ocultar do médico o desejo de procurar outros profissionais → Mentir sobre medicações que toma ou exames realizados → Tirar conclusões precipitadas sobre resultados de exames sem discutir com o médico. Para ser centrado na pessoa, o médico precisa ser capaz de dar poder a ela, compartilhar o poder na relação, o que significa renunciar ao controle que tradicionalmente fica nas mãos dele. 4 COMPONENTES DA MEDICINA CENTRADA NA PESSOA: 1° componente: explorando a doença e a experiência da pessoa com a doença. 2° componente: entendendo a pessoa como um todo, inteira. 3° componente: elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas. 4° componente: intensificando a relação médico-paciente. Existiam, ainda outros dois componentes que eram: incorporando prevenção e promoção da saúde na pratica diária. E ser realista. Porem esses dois estão dentro dos 4. É importante que durante a consulta, utiliza desses componentes para conversar com o paciente e extrair dele todas as informações necessárias. Uma consulta pode ter um bom início com perguntas abertas, como: → Em que posso ajudá-lo? → O que trouxe você aqui hoje? → O que motivou esta consulta? PRIMEIRO COMPONENTE Explorando a doença e a experiência da pessoa com a doença. Vamos utilizar 4 itens – SIFE. → Sentimento da pessoa, especialmente o medo de estar doente. – o que mais está preocupando você? → Suas Ideais sobre o que está errado. – O que pensa sobre isso? → O efeito da doença sobre seu Funcionamento de vida. – O quanto isso que você está sentindo afeta sua vida? → Suas Expectativas em relação ao seu médico. Quanto você acredita que eu posso ajudar? SEGUNDO COMPONENTE Entendendo a pessoa como um todo, inteira. → Que tipos de doenças existem na família? → Em que ponto do ciclo vital (crescer, se desenvolver, namorar, casar, ter filho, envelhecer, morrer) familiar a família se encontra? → Em que ponto do desenvolvimento individual a pessoa está? → Quais as tarefas da família e da pessoa nessa etapa do ciclo de vida? → Existem pendencias das etapas as tarefas dos integrantes da família? Não está tendo cuidado com a doença porque tem muita coisa para fazer. → Como a família experienciou doenças? As pessoas estão ajudando, tem consciência do risco da doença? TERCEIRO COMPONENTE Elaborando um plano conjunto de manejos dos problemas, buscar a concordância em: → Definição do problema a ser manejado. → Estabelecimento das metas e propriedades do tratamento. Quando o paciente tem 4 doenças, qual tratar primeiro? As 4 são muito graves? → Identificação dos papeis a serem assumidos pela pessoa e pelo médico. O paciente tem que entender sua responsabilidade no tratamento. Na pratica, vamos notar que o paciente chega no consultório com dor no pé, mas na verdade o problema dele é a depressão após a morte do filho. Então, quais os reais problemas devem ser resolvidos nessa consulta? Buscar o momento adequado, encorajar a participação e clarear a concordância da pessoa. Paciente com depressão, demora mais para perceber que precisa de tratamento, demora para contar para médico. Incorporação de prevenção e promoção da saúde com os objetivos principais: → Melhorar a saúde → Reduzir riscos → Detectar precocemente a doença → Diminuir os efeitos da doença → Evitar intervenções e procedimentos desnecessários ou de risco QUARTO COMPONENTE Intensificar a relação médico-paciente → Quais são as características do relacionamento terapêutico: vinculo e confiança → Como compartilhar o poder. → Como estabelecer um relacionamento saudável e interessado → Como desenvolver o autoconhecimento → Como reconhecer e utilizar a transferência e a contratransferência. → Envolver as pessoas ou famílias nas decisões → Manter as pessoas ou familiar informadas. → Melhorar comunicação com as pessoas e famílias → Dar as pessoas e as famílias aconselhamento e suporte → Obter consentimento informado para aqueles procedimentos ou processos de maior risco ou possibilidade de dano → Obter retorno das pessoas e famílias e ouvir suas opiniões sobre o cuidado prestado → Ser franco e leal quando os efeitos colaterais ocorrem e reconhecer os erros. ASPECTOS-CHAVE Individualizar a consulta → Não seguir regras, exceto: ▪cada pessoa é única; ▪construir relação específica; ▪contato visual ▪Iniciar a consulta com perguntas abertas ▪Harmonizar ▪buscar empatia. ▪Demonstrar interesse ▪Detalhar e sumarizar ▪Saber usar o tempo ▪Desenvolver ferramentas internas: ▪utilizar o autoconhecimento ▪saber seus limites, ▪Identificar dificuldades ▪dominar emoções. A CONSULTA EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAUDE HABILIDADES ENVOLVIDAS NA CONSULTA EM APS modelos de relação médico-paciente onde os médicos erram: onde os pacientes erram: 4 componentes da medicina centrada na pessoa: PRIMEIRO componente segundo componente terceiro componente quarto componente aspectos-chave
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