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Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) Autor: Rodolfo Breciani Penna Aula 10 6 de Março de 2021 83757666070 - Gustavo lima bezerra Sumário Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 4 Agentes Públicos ............................................................................................................................. 4 1 – Regime Constitucional de Previdência dos Servidores Públicos ............................................ 4 1.1 – Introdução .......................................................................................................................................... 4 1.2 – Aposentadoria .................................................................................................................................... 6 1.3 – Pensões .............................................................................................................................................. 9 1.4 – Contribuições previdenciárias ............................................................................................................. 9 1.5 – Regime de previdência complementar ............................................................................................. 10 2 – Lei de Pessoal Civil da União (Lei 8.112/90) ......................................................................... 10 2.1 – Disposições aplicáveis ao provimento originário .............................................................................. 10 2.2 – Disponibilidade, aproveitamento e vacância .................................................................................... 12 2.3 – Remoção e Redistribuição ................................................................................................................ 14 2.4 – Substituição ...................................................................................................................................... 17 2.5 – Direitos e Vantagens ......................................................................................................................... 17 2.5.1 – Remuneração ................................................................................................................................. 17 2.5.2 – Vantagens ...................................................................................................................................... 19 2.5.3 – Férias ............................................................................................................................................. 24 2.5.4 – Licenças ......................................................................................................................................... 25 2.5.5 – Afastamentos ................................................................................................................................. 28 2.5.6 – Concessões .................................................................................................................................... 30 2.5.7 – Tempo de serviço .......................................................................................................................... 32 2.5.8 – Direito de petição .......................................................................................................................... 33 3 – Lei de Conflito de Interesses (Lei 12.813/2013) ................................................................... 34 Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 2 4 – Regime Jurídico Disciplinar dos Servidores Públicos ........................................................... 37 4.1 – Deveres e proibições ........................................................................................................................ 37 4.2 – Penalidades ...................................................................................................................................... 40 4.2.1 – Prescrição das penalidades ............................................................................................................ 47 4.2.2 – Aplicação de penalidades e discricionariedade ............................................................................. 49 4.2.3 – Competência para aplicação das penalidades ............................................................................... 50 4.3 – Responsabilidades do servidor público e independência entre as instâncias civil, administrativa e penal ......................................................................................................................................................... 50 5 – Processo Administrativo Disciplinar ..................................................................................... 53 5.1 – Introdução ........................................................................................................................................ 53 5.2 – Competência normativa dos Entes Federados ................................................................................. 54 5.3 – Processo Administrativo Disciplinar (PAD) propriamente dito .......................................................... 54 5.3.1 – Fases do processo administrativo disciplinar ................................................................................. 56 5.3.1.1 – Instauração ................................................................................................................................. 56 5.3.1.2 – Inquérito administrativo .............................................................................................................. 58 5.3.1.3 – Fase decisória ............................................................................................................................. 61 5.3.2 – Afastamento preventivo (Lei 8.112/90) .......................................................................................... 62 5.3.3 – Procedimento sumário (Lei 8.112/90) ....................................................................................... 63 5.4 – Sindicância administrativa ................................................................................................................. 64 5.5 – Recurso e pedido de reconsideração................................................................................................ 64 5.6 – Revisão ............................................................................................................................................. 65 Resumo .......................................................................................................................................... 65 Jurisprudência citada ..................................................................................................................... 80 Legislação pertinente..................................................................................................................... 91 Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 3 Constituição Federal ................................................................................................................................. 91 Lei 8.112/90 .............................................................................................................................................. 95 Considerações Finais ................................................................................................................... 121 Questões Comentadas ................................................................................................................121 Lista de Questões ........................................................................................................................ 168 Gabarito ....................................................................................................................................... 182 Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 4 AGENTES PÚBLICOS CONSIDERAÇÕES INICIAIS Prezado aluno, na aula de hoje encerraremos o assunto acerca dos agentes públicos. Nesta aula, estudaremos três importantes e grande temas: 1) o regime constitucional de previdência dos servidores públicos; 2) a lei 8.112/90; e 3) o regime jurídico disciplinar dos servidores públicos. Buscaremos ser breves quanto ao primeiro tema, tendo em vista que sua cobrança maior está na matéria de Direito Previdenciário, sem descuidar, todavia, de abordar os pontos da Reforma da Previdência. Vamos à nossa aula. Qualquer dúvida, críticas ou sugestões, podem me contactar nos canais a seguir: E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna AGENTES PÚBLICOS 1 – REGIME CONSTITUCIONAL DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS 1.1 – Introdução Constituição Federal: Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 5 Em primeiro lugar, é importante destacar que a previdência social, seja qual for o regime (geral ou próprio), será de filiação obrigatória, terá caráter contributivo e deverá buscar o equilíbrio financeiro e atuarial. Além disso, é importante observar que a previdência social, seja qual for o regime (geral ou próprio), será de filiação obrigatória, terá caráter contributivo e deverá buscar o equilíbrio financeiro e atuarial. RGPS: é organizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e se aplica aos empregados das pessoas jurídicas de direito privado, estando sujeito às normas dos arts. 201 e 202 da CF e, principalmente, às leis 8.212/91 e 8.213/91. O RGPS protege os trabalhadores da iniciativa privada e os contribuintes facultativos (aqueles que se filiam de forma voluntária ao RGPS, mediante contribuição, mesmo sem qualquer vínculo de trabalho). Além dos seguintes trabalhadores vinculados à Administração Pública: I) Empregados públicos (servidores públicos celetistas); II) Servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissão (art. 40, §13, CF); III) Servidores temporários. ➢ RPPS: é organizado por cada Ente Federado. É regido pelo art. 40 da CF, pela lei 9.717/98 e pelas leis editadas pelos Entes Federados em cada caso. Estão abrangidos pelo RPPS os seguintes servidores públicos: I) Servidores públicos estatutários ocupantes de cargo público efetivo; II) Servidores ocupantes de cargos vitalícios. Vale destacar que, de acordo com o art. 201, § 5º, CF, é “vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.” Além disso, de acordo com o art. 40, §12, CF, ao RPPS, aplica-se, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. Na presente aula, estudaremos as disposições constitucionais acerca do RPPS, especialmente as contidas no art. 40 CF, além da Reforma Previdenciária (EC 103/2019), devendo os demais assuntos (e eventual aprofundamento) serem estudados no Direito Previdenciário. Estudaremos em Direito Administrativo apenas o conteúdo que pode ser cobrado em provas de concursos públicos nesta matéria. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 6 1.2 – Aposentadoria A aposentadoria do servidor público é o direito subjetivo à inatividade remunerada. Por meio da aposentadoria, encerra-se o vínculo funcional existente entre o servidor e a Administração Pública, iniciando-se uma relação jurídica com o órgão gestor previdenciário do ente, marcada por normas próprias. São três modalidades de aposentadoria previstas na Constituição Federal (art. 41, §1º): a) Invalidez: por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria; b) Compulsória: aos 70 (setenta) anos de idade ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; c) Voluntária: no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo. Vale destacar que a idade mínima prevista no dispositivo foi estabelecida pela Reforma da Previdência EC 103/2019, que instituiu regra de transição mais branda para aqueles que tenham ingressado no serviço público antes da sua entrada em vigor (art. 4º e art. 20 da EC 103/2019). No caso da aposentadoria voluntária, os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do respectivo ente federativo (art. 40, §5º). No caso da aposentadoria compulsória, a lei complementar nº 152/2015 estabeleceu a idade de 75 anos para os integrantes: I - dos cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações; II - os membros do Poder Judiciário; III - os membros do Ministério Público; IV - os membros das Defensorias Públicas; e V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas. Além disso, de acordo com o STF, a aposentadoria compulsória não se aplica aos agentes que ocupam cargos exclusivamente comissionados. O art. 40, §1º, II, aplica-se apenas aos ocupantes de cargo efetivos (RE 786540). Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 7 ➢ Aposentadoria especial A aposentadoria especial é uma espécie de aposentadoria voluntária, com redução da idade mínima e do tempo de contribuição exigidos em virtude de condições especiais do cargo exercido ou de condições pessoais do servidor. De acordo com a Lei Maior, é vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º (art. 40, §4º). Os dispositivos citados tratam exatamente das hipóteses passíveis de serem contempladas com a aposentadoria especial: a) servidores com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar (§4º-A); b) ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o incisoIV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144 (§4º-B); c) servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação (§4º-C). Em todos esses casos, a CF exige lei complementar instituindo a respectiva aposentadoria especial e os critérios a serem observados. O §5º citado, por sua vez, trata da aposentadoria especial dos professores, já estudada acima. ➢ Regras gerais Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social (art. 40, §6º). A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício (§10º). ➢ Fim da paridade e da integralidade A EC 41/2003 extinguiu a integralidade e a paridade dos proventos de aposentadoria dos servidores públicos. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 8 A integralidade garantia aos servidores aposentados a percepção de proventos no mesmo valor de sua última remuneração, passando, atualmente, a ser calculado pela média das remunerações percebidas pelo servidor durante a sua vida funcional. A paridade, por sua vez, garantia a revisão dos proventos e pensões na mesma data e condição previstas para os servidores ativos, além de estender aos inativos as mesmas vantagens atribuídas aos servidores em atividade. Atualmente, somente é garantido aos inativos e pensionistas o reajuste dos benefícios para lhes preservar o valor real em caráter permanente (art. 40, §8º). Não obstante, a paridade não autoriza a concessão aos inativos de vantagens concedidas em razão da atividade, ou seja, aquelas que decorrem diretamente do exercício da atividade pelo servidor ativo, denominadas pro labore faciendo, como é o caso do auxílio-alimentação. Vale destacar que, ao extinguir a paridade e a integralidade, a EC 41/2003 garantiu a sua incidência nos proventos dos servidores que já haviam preenchido os requisitos para concessão do benefício na época da sua entrada em vigor, bem como estabeleceu regras de transição. Importante registrar ainda que a expressão “integralidade” é diferente de cálculo pela integralidade. ➢ Cálculo e reajuste dos proventos As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo (art. 40, §3º, com redação dada pela EC 103/2019). Antes da reforma da previdência, o cálculo dos proventos era realizado de acordo com a lei 10.887/2004 para todos os Entes Federados. Neste sentido, calculava-se a média aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela competência, assegurando- se a atualização dos valores considerados mês a mês. De acordo com a nova redação do referido dispositivo Constitucional, cada Ente Federado deverá editar lei estabelecendo a forma de cálculo dos proventos. É assegurado ainda o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei (§8º). ➢ Abono de permanência Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 9 Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compulsória (§19). Trata-se de um estímulo financeiro para que o servidor permaneça em atividade, ainda que tenha preenchido os requisitos para aposentadoria, o que garante eficiência e economia à Administração Pública. Caso o servidor se aposentasse, a Administração teria que arcar com seus proventos e com a remuneração de novo servidor a ser contratado. 1.3 – Pensões A pensão é o benefício previdenciário devido à família do servidor, ativo ou inativo, em virtude do seu falecimento. De acordo com o §7º, do art. 40, da CF, com a redação dada pela reforma da previdência, observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. Logo, o regramento das pensões deve ser realizado por cada Ente Federado. 1.4 – Contribuições previdenciárias O RPPS possui caráter contributivo e solidário (art. 40, caput, CF), isso significa que, com a filiação do servidor público (que é obrigatória), este passa a verter contribuições para o sistema, às quais está condicionado o benefício futuro. Além disso, é solidário, pois as contribuições não formam uma reserva vinculada ao contribuinte, mas serve para custear os benefícios já vigentes. Por este motivo, a contribuição é obrigatória tanto para os servidores ativos, quanto para os inativos e pensionistas. A contribuição dos inativos e pensionistas incidirá sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo RPPS que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos (art. 40, §18, CF). Por outro lado, o Ente Público a qual o servidor está vinculado também contribui para o RPPS. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 10 O art. 149, §1º, CF estabelece que a “União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.” 1.5 – Regime de previdência complementar Os Entes da Federação instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência social (art. 40, §14, CF). A redação foi dada pela EC 103/2019, que deixou evidente que a instituição de regime de previdência complementar é obrigatória. Uma vez instituído, as aposentadorias e pensões pagas a servidor ou dependente de servidor que ingressou em cargo público após a instituição do regime complementar estarão limitadas ao limite máximo dos benefícios pagos pelo RGPS. De acordo com a reforma da previdência, o plano de benefícios será efetivado por intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar. Além disso, o regime de previdência complementar ofereceráplano de benefícios somente na modalidade contribuição definida. Servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar somente será a ele vinculado por prévia e expressa opção. 2 – LEI DE PESSOAL CIVIL DA UNIÃO (LEI 8.112/90) A União estabeleceu o regime jurídico dos seus servidores públicos estatutários civis por meio da lei 8.112/90. Já estudamos alguns assuntos relacionados às disposições constitucionais na aula passada, tais como as formas de provimento (originário e derivado) e os conceitos básicos (cargo e função pública). Nesta aula, estudaremos as suas disposições de forma específica, sem repetir aquilo que já foi visto. 2.1 – Disposições aplicáveis ao provimento originário Estudamos que a única forma de provimento originário ocorre por meio da posse. A lei 8.112/90 traz o regramento relativamente à investidura do servidor em cargo público federal, que ocorre, justamente, com a posse, após a nomeação (art. 7º). Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 11 ➢ Nomeação De acordo com a lei, a nomeação será feita: a) em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira; b) em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos. Além disso, o servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade (art. 9º, parágrafo único). A nomeação é ato administrativo unilateral, não gerando obrigação para o nomeado, mas apenas direito subjetivo para tomar posse. ➢ Posse A posse ocorre com a assinatura do “termo de posse”, que contém as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo que passa a ser ocupado. Com a posse, forma- se o vínculo jurídico estatutário do servidor público com a Administração. A posse, em âmbito federal, deve ocorrer no prazo de 30 (trinta) dias, improrrogáveis, contado da publicação da nomeação e poderá ocorrer por meio de procuração específica (art. 13, §1º e 3º). Se o empossando for servidor público e estiver no gozo de uma das licenças previstas no art. 13, §2º, o prazo para tomar posse somente se inicia após o fim da licença. Além disso, a posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica oficial (art. 14). No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública (art. 13, §5º). Trata-se apenas de uma assinatura em um documento que declare as informações citadas. A exigência de declaração de bens também consta na lei de improbidade administrativa (art. 13, lei 8.429/92), que prevê que a declaração deve ser atualizada anualmente e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função. De acordo com a lei 8.429/92, será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa (art. 13, §3º). ➢ Exercício Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 12 O exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo ou função pública. O prazo para o empossado entrar em exercício é de 15 (quinze) dias, improrrogáveis, contados da data da posse. No caso de o nomeado não tomar posse no prazo, a nomeação será tornada sem efeito, tendo em vista que ainda não se formou vínculo jurídico com a união. Por outro lado, caso o empossado não entre em exercício no prazo determinado, será exonerado do cargo, rompendo o vínculo jurídico já existente. O início do exercício de função de confiança coincidirá com a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação. Posse Exercício 30 dias. 15 dias, salvo para função de confiança (exercício imediato). ➢ Estágio probatório (art. 20) De acordo com a lei, o estágio probatório se inicia com a entrada em exercício do servidor. Entretanto, uma ressalva deve ser feita. A lei estabelece que o prazo do estágio probatório é de 24 meses. Isso ocorre porque foi editada anteriormente à EC 19/98, que ampliou o prazo para 3 anos. Desta forma, deve-se realizar uma leitura constitucional da lei, para adequar-se ao prazo de 3 anos. Os requisitos do estágio probatório são: a) assiduidade; b) disciplina; c) capacidade de iniciativa; d) produtividade; e) responsabilidade. Quatro meses antes de findo o período do estágio probatório, será submetida à homologação da autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão constituída para essa finalidade (§1º). 2.2 – Disponibilidade, aproveitamento e vacância Estudamos que a Constituição Federal prevê a colocação do servidor público estável em disponibilidade quando ocorrer a extinção do cargo ou quando declarada a sua desnecessidade Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 13 (art. 41, §3º, CF). Existem ainda outras formas de o servidor ser colocado em disponibilidade. Podemos resumi-las da seguinte forma: a) Extinção do cargo; b) Declaração da desnecessidade do cargo; c) Reintegração de servidor se o cargo outrora ocupado foi extinto; d) Servidor ocupante de cargo a ser preenchido por servidor reintegrado, caso não ocupasse outro cargo público anteriormente. Em qualquer caso, o servidor receberá remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. O aproveitamento, por sua vez, é o retorno à atividade do servidor em disponibilidade e deverá ocorrer em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal (art. 31). A vacância, por outro lado, é a ausência de ocupação de determinado cargo público. As situações que ensejam vacância são resumidas no art. 33 da lei 8.112/90: a) exoneração; b) demissão; c) promoção; d) readaptação; e) aposentadoria; f) posse em outro cargo inacumulável; g) falecimento. a) Exoneração (art. 34 e 35) A exoneração pode ocorrer a pedido do servidor ou de ofício. A exoneração de ofício do servidor ocupante de cargo público efetivo ocorre: I. quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; II. quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. Há ainda as seguintes hipóteses de exoneração, embora não previstas na lei 8.112/90: III. servidores efetivos não estáveis, para cumprimento dos limites de gastos com pessoal (art. 169, § 3º, CF); IV. servidor estável quando, reduzidos os cargos em comissão em pelo menos 20% e exonerados os servidores não estáveis, essas medidas não forem suficientes para alcançar aquele limite (art. 169, § 4º, CF); V. quando extinto o cargo ocupado por servidor não estável; Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (CursoRegular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 14 VI. servidor não estável quando estiver ocupando cargo a ser ocupado por servidor reintegrado. A exoneração de ofício do servidor ocupante de cargo público em comissão ocorre livremente, de forma discricionária, por parte da autoridade competente. 2.3 – Remoção e Redistribuição ➢ Remoção Em primeiro lugar, frise-se que a remoção não é hipótese de provimento derivado. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. São três as formas de remoção (art. 36, parágrafo único): I. de ofício, no interesse da Administração; II. a pedido, a critério da Administração; III. a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da administração, nas seguintes hipóteses: a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração; b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. A remoção de ofício (I) é ato discricionário da Administração Pública e independe da vontade do servidor. A remoção a pedido, à critério da Administração (II), é ato discricionário da Administração Pública, que verificará a oportunidade e conveniência no atendimento do pedido do Servidor Público. Já a remoção a pedido prevista no inciso III, é ato vinculado, devendo a Administração promover a remoção do servidor quando verificados os requisitos previstos nas respectivas alíneas. Neste caso, sempre haverá mudança de sede. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 15 Embora a remoção, em geral, seja o deslocamento do servidor com ou sem mudança de sede, não existe remoção a pedido, independentemente do interesse da Administração (art. 36, parágrafo único, III), sem mudança de sede. Sobre a hipótese de remoção a pedido para acompanhamento de cônjuge (art. 36, parágrafo único, III, “a”), é necessário realizar algumas considerações. O termo “cônjuge” deve ser interpretado para abranger o companheiro(a), tendo em vista a equiparação da união estável com o matrimônio. Por outro lado, a remoção a pedido para acompanhamento de cônjuge servidor público civil ou militar somente deverá ocorrer se o cônjuge for deslocado no interesse da Administração. Houve, por um tempo, discussão acerca da possibilidade de remoção para acompanhamento de cônjuge que toma posse em concurso público em outra localidade, especialmente em razão do art. 226 da CF, que estabelece a família como base da sociedade. O STF e o STJ firmaram posicionamento no sentido de que somente tem direito à remoção prevista no art. 36, parágrafo único, III, "a", da Lei nº 8.112/90, na hipótese em que o cônjuge/companheiro, também servidor, tenha sido deslocado de ofício, para atender ao interesse da Administração, e não na remoção a pedido nem por motivo de aprovação do cônjuge em concurso público para cargo de outra localidade (EREsp 1.247.360-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em 22/11/2017, DJe 29/11/2017). A posse em cargo público e a remoção a pedido são atos voluntários, inseridos dentro do direito à realização do planejamento familiar. O art. 36, parágrafo único, III, “a”, da lei 8.112/90, possui a finalidade de proteger o núcleo familiar de situações não planejadas e impostas pelo interesse da Administração Pública. Neste sentido, o STJ possui entendimento firmado no sentido de que a “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de mérito. Se a Administração Pública, mesmo após a decisão liminar, continuou questionando no processo a legalidade da remoção do servidor/autor, não se pode aplicar a teoria do fato consumado, devendo o ato ser desfeito, salvo se tivesse havido uma consolidação fática Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 16 irreversível (ou seja, se não fosse mais possível voltar ao "status quo ante") (EREsp 1.157.628-RJ). Quanto ao prazo para que o servidor assuma o posto de trabalho após a remoção, denominado “período de trânsito”, a lei dispõe que: Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede. Se o servidor estiver licenciado ou afastado por qualquer motivo legal, o prazo somente se inicia após o término do impedimento (§1º). Além disso, o servidor pode declinar dos prazos estabelecidos no caput do dispositivo (§2º). Por fim, a remoção não é sinônimo de transferência. A transferência foi uma hipótese de provimento derivado, originalmente prevista na lei, que estabelecia a possibilidade de transferência de um servidor estável para cargo diverso, pertencente a quadro de pessoa diverso, de órgão ou instituição do mesmo Poder. A transferência foi julgada inconstitucional, pois consistia em provimento de cargo com desrespeito ao concurso público. ➢ Redistribuição A redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder (art. 37). Ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. A redistribuição só ocorrerá após prévia apreciação do órgão central do SIPEC (sistema de pessoal civil da Administração Federal), observados os seguintes preceitos: I - interesse da administração; II - equivalência de vencimentos; III - manutenção da essência das atribuições do cargo; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional; VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou entidade. Remoção Redistribuição Deslocamento do servidor. Deslocamento do cargo efetivo. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 17 2.4 – Substituição Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. Veja que, dos cargos ou funções em comissão, somente os que possuam atribuição de direção ou chefia possuem substitutos. Aqueles que possuam atribuição de assessoramento não foram incluídos no dispositivo. A designação do substituto é realizada pelo regimento interno. Se este foromisso, a designação será feita pelo dirigente máximo do órgão ou entidade de forma prévia, ou seja, antes de haver necessidade de substituição. Quando houver afastamento do titular do cargo, o substituto assumirá as atribuições de forma automática e cumulativa com o cargo que ocupa, devendo optar pela remuneração de um deles durante o período (§1º). Transcorridos os primeiros 30 (trinta) dias de substituição, o substituto deixa de acumular as funções, exercendo apenas as atribuições do cargo substituído, percebendo a remuneração deste cargo (§2º). Até 30 dias Após 30 dias Acumula as atribuições do seu cargo e do substituído; Exerce somente as atribuições do cargo substituído; Pode optar pela remuneração um dos dois. Recebe remuneração correspondente. 2.5 – Direitos e Vantagens 2.5.1 – Remuneração Os arts. 40 a 42 da lei tratam da remuneração dos conceitos e regras relativas à remuneração dos servidores, as quais já estudamos na aula anterior, para a qual remetemos o aluno. Nesta aula, nos compete comentar as disposições específicas da lei 8.112/90 relativamente ao servidor público federal. Em primeiro lugar, é importante destacar que a remuneração do servidor público possui caráter alimentar. Por este motivo, a lei estabelece que o vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial (art. 48). Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 18 Além disso, salvo por imposição legal ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento (art. 45). Neste sentido, a lei estabelece as hipóteses em que o servidor perderá a remuneração (art. 44): I. a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo justificado; II. a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. O termo “ausências justificadas” previsto no inciso II do art. 44 e reproduzido acima, deve ser entendida como “ausências injustificadas” tendo em vista que não há desconto da remuneração quando a falta do servidor for justificada. Houve uma impropriedade ou erro material por parte do legislador. Por sua vez, as faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício (art. 44, parágrafo único). Além disso, é possível que o servidor autorize a consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, à critério da Administração e com reposição de custos, até o limite de 35% (trinta e cinco por cento), sendo que, deste percentual, 5% (cinco por cento) deve ser reservado para: a) a amortização de despesas com cartão de crédito; e b) a utilização com a finalidade de saque por meio de cartão de crédito. ➢ Reposições e indenizações ao erário As reposições e indenizações devidas pelo servidor público ativo, aposentado ou pensionista ao erário, deverão ser previamente comunicadas no prazo máximo de 30 (trinta) dias, podendo ser parceladas a pedido do interessado (art. 46). Veja que as reposições não podem, em regra, ser imediatamente descontadas em folha de pagamento, devendo haver prévia comunicação. É importante lembrar que, de acordo com o STJ, os proventos recebidos de boa-fé pelos servidores públicos em razão de erro operacional da Administração ou na hipótese de equívoco ou má interpretação da lei, não devem ser devolvidos. Quando houver parcelamento, o valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 19 Além disso, quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela. Se o servidor em débito com o erário, que for demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito, sob pena de inscrição em dívida ativa (art. 47). 2.5.2 – Vantagens De acordo com o art. 49 da lei 8.112/90, as vantagens do servidor são: a) indenizações; b) gratificações; c) adicionais. ➢ Indenizações As indenizações são as verbas pecuniárias pagas ao servidor público com o objetivo de ressarcir as despesas por ele efetuadas para desempenhar as suas atribuições. A finalidade da indenização, portanto, é recompor o patrimônio do servidor por ter sofrido uma redução em virtude do exercício do cargo e não remunerar o exercício das atribuições. Por este motivo, a indenização não integra a remuneração por não possuir caráter retributivo. O art. 51 prevê as espécies de indenização devidas ao servidor público federal: a) Ajuda de custo (arts. 53 a 57): destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passa a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio de forma permanente. Neste sentido, os requisitos são: i. Exercício em nova sede com mudança de domicílio; ii. A mudança seja permanente; iii. A mudança ocorra no interesse do serviço (e não a pedido do servidor); iv. Despesas de instalação; v. O deslocamento não decorra do afastamento do cargo ou seu retorno em virtude de mandato eletivo (art. 55). Além do servidor público federal, será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio. Se o caso for de cessão do servidor, a ajuda de custo deve ser paga pelo órgão cessionário (art. 46). Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 20 A Administração deverá arcar não apenas com a ajuda de custo, deve também arcar com as despesas de transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais (art. 53, §1º). Além disso, se o servidor falecer na nova sede, sua família possui direito à ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dentro do prazo de 01 (um) ano contado da data do óbito. O valor da ajuda de custo não poderá exceder o montante de 03 (três) meses de remuneração do servidor beneficiário (art. 54). Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias. b) Diárias (art. 58 e 59): pagas ao servidor que se afastar a serviço de sua sede em caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território nacional ou para o exterior. Neste caso, deverá receber o valor das passagens e diárias destinadas a indenizar as despesas com pousada, alimentação e locomoção. A diária é concedida por dia de afastamento e será paga pela metade se não houver pernoite fora da sede ou quando a União custear as despesas extraordinárias por meio diverso. Ressalte-se que as diárias somente são devidas se o deslocamento for eventual ou transitório. Se deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias (art. 58, §2º). § 3º Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e competênciados órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional. Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 21 c) Indenização de transporte (art. 60): devida ao servidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo. d) Auxílio-moradia (art. 60-A): ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira. O pagamento é devido no prazo de um mês após a comprovação da despesa. Os requisitos para concessão do auxílio-moradia são: I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor; II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional; III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação; IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia; V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio do servidor; VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse período; VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo; e IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. O valor do auxílio-moradia é limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado e não poderá superar 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. Independentemente do valor do cargo em comissão ou função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), ou seja, caso 25% do valor do cargo ocupado seja inferior a R$ 1.800,00, será garantido o ressarcimento das despesas com moradia até este valor. Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. ➢ Gratificações e adicionais As gratificações e adicionais estão previstos no art. 61 da lei 8.112/90, em rol exemplificativo, tendo em vista a possibilidade de previsão de outras espécies dessas vantagens na própria lei ou em leis esparsas. Estudaremos as hipóteses previstas em separado. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 22 a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento (arts. 62 e 62-A): devida ao servidor público ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial. b) Gratificação natalina – décimo terceiro salário (arts. 63 a 66): corresponde a 1/12 avos da remuneração devida ao servidor no mês de dezembro por cada mês de exercício no respectivo ano. O valor de referência é a remuneração de dezembro. A cada mês trabalhado no ano é somado 1/12 avos dessa remuneração. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de dezembro de cada ano. O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração. c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas (arts. 68 a 72): o adicional de insalubridade é devido ao servidor que trabalhem habitualmente em contato com substâncias ou elementos que podem provocar deterioração da saúde a longo prazo. O adicional de periculosidade é devido ao servidor que trabalha situação que coloca em risco a sua integridade física. Já o adicional de penosidade é relacionado ao local em que o servidor está lotado, sendo devido o seu pagamento a servidores em exercício nas zonas de fronteira ou em localidade cujas condições de vida (penosas) o justifiquem. Os adicionais de insalubridade e periculosidade não são acumuláveis, devendo o servidor que tem direito a ambos optar por um deles. Além disso, o direito ao adicional não incorpora ao patrimônio do beneficiário, cessando o seu pagamento com a cessação das condições ou locais penosos, insalubres ou perigosos. O STJ já decidiu ainda que o termo inicial do adicional de insalubridade a que faz jus o servidor público é a data do laudo pericial. Não cabe pagamento do adicional pelo período que antecedeu a perícia, nem se pode presumir a insalubridade por outros elementos que não seja a própria perícia (PUIL 413-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por unanimidade, julgado em 11/04/2018, DJe 18/04/2018). Difere da aposentadoria por invalidez, em que será contada a partir da data em que a incapacidade se manifestar, de acordo com o fixado no laudo pericial. (EREsp 1.247.360-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em 22/11/2017, DJe 29/11/2017). A servidora gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso (art. 69, parágrafo único). Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 23 Há quem entenda que o adicional de penosidade não existe mais no ordenamento jurídico. De acordo com essa parcela doutrinária, o art. 71 da lei 8.112/90 foi tacitamente revogado pelo art. 17 da lei 8.270/91 que, por sua vez, foi posteriormente revogado pelo art. 2º da lei 9.527/97, o que, conforme vedação à repristinação tácita, não teria força de restaurar o art. 71 da lei 8.112/90. Por fim, os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legislação próprio, bem como esses servidores serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. d) Adicional por serviço extraordinário (arts. 73 e 74): para compreensão deste adicional, basta a leitura da legislação pertinente: Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de trabalho. Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para atender a situações excepcionais e temporárias,respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. e) Adicional noturno (art. 75): retribuição pelo serviço prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte. O valor-hora será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Além disso, computa-se cada cinquenta e dois minutos e trinta segundos como uma hora trabalhada, de forma que, o período entre 22 horas de um dia e 5 horas do dia seguintes, embora contenha 7 horas seguidas, será considerado como 8 horas trabalhadas. Em se tratando de serviço extraordinário, o adicional da hora noturna incidirá sobre a soma da hora comum com o adicional de serviço extraordinário. f) Adicional de férias (art. 76): corresponde ao pagamento, independentemente de solicitação, de 1/3 da remuneração do servidor no período de férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de que trata este artigo. g) Gratificação por encargo de curso ou concurso (art. 76-A): trata-se de retribuição devida a servidor que, em caráter eventual: I. atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal; II. participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 24 III. participar da logística de preparação e de realização de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes; IV. participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. Os critérios de concessão e os limites de gratificação foram estabelecidos no Decreto 6.114/2007. A lei estabeleceu os parâmetros a serem definidos por regulamento: I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a natureza e a complexidade da atividade exercida; II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais; III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da administração pública federal: a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. A gratificação somente será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho. 2.5.3 – Férias O direito a férias do servidor público federal é regulamentado nos arts. 77 a 80 da lei 8.112/90. O servidor possui direito a 30 (trinta) dias de férias a cada ano trabalhado. Em regra, não há possibilidade de acumulação de férias, salvo, no caso de necessidade do serviço, até o máximo de dois períodos. Para o primeiro período aquisitivo de férias são exigidos 12 (doze) meses de exercício (art. 77, §1º). Além disso, é vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. A lei estabelece ainda que as férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim requeridas pelo servidor e no interesse da administração pública (art. 77, §3º). Logo, trata-se de ato discricionário da Administração. Havendo parcelamento de férias, o adicional de férias será pago no primeiro período de fruição (art. 78, §5º). Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 25 O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período. O servidor que opera direta e permanentemente com raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a acumulação (art. 79). Por fim, quanto à possibilidade de interrupção das férias, a lei dispõe que: Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. Parágrafo único. O restante do período interrompido será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77 (direito a 30 dias de férias). 2.5.4 – Licenças As licenças configuram o direito do servidor público de se afastar do exercício da atividade de forma regular, sem configurar falta injustificada, podendo ser remuneradas ou não e com prazo fixado ou não na lei. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do término de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação e não como concessão de nova licença (art. 82). a) Licença por motivo de doença em pessoa da família (art. 83) Requisitos: a) Doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional; b) comprovação por perícia médica oficial; c) assistência direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário. É vedado o exercício de atividade remunerada durante o período da licença (art. 81, §3º); O prazo da licença poderá ser de: a) até 60 dias, consecutivos ou não, mantida a remuneração do servidor; b) após o prazo acima, mais 90 dias, consecutivos ou não, sem remuneração. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 26 Após o gozo da licença, outra não poderá ser concedida em período inferior a 12 (doze) meses do seu término, ainda que não tenha sido usufruído todo o período possível. b) Licença por motivo de afastamento do cônjuge (art. 84) Para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo; Prazo indeterminado e sem remuneração; No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes de qualquer Ente Federado, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo; O STJ vem decidindo que a licença referida é um direito do servidor que preencha os requisitos, embora o artigo 84 estabeleça que a licença “poderá ser concedida”. c) Licença para o serviço militar (art. 85) Servidor convocado para o serviço militar; Concluído o serviço militar, o servidor terá 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo; O período de licença é considerado como de efetivo exercício (art. 102,VIII, “f”). d) Licença para atividade política (art. 86) Essa licença se divide em dois momentos: a) sem remuneração: período entre a sua escolha em convenção partidária como candidato a cargo eletivo e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral; b) com remuneração: período a partir do registro da candidatura até o décimo dia seguinte às eleições. e) Licença para capacitação (art. 87) Requisitos: a) Só pode ser concedida a cada cinco anos de efetivo exercício (não acumuláveis); b) No interesse da Administração (decisão discricionária); Prazo: máximo três meses; Com remuneração. f) Licença para tratar de interesses particulares (art. 91) Somente para servidores ocupantes de cargo efetivo e que não estejam em estágio probatório; À critério da Administração; Prazo: máximo de três anos; Sem remuneração; Pode ser interrompida a qualquer tempo a pedido do servidor ou no interesse do serviço; Suspende o vínculo com a Administração. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 27 g) Licença para desempenho de mandato classista (art. 92) Mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para prestar serviços a seus membros; Limites: a) entidades com até 5.000 associados – dois servidores; b) com 5.001 a 30.000 associados – quatro servidores; c) com mais de 30.000 associados – oito servidores; Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para cargos de direção ou de representação nas entidades, desde que estas estejam cadastradas no órgão competente; Sem remuneração; Prazo: igual ao do mandato, podendo ser renovada em caso de reeleição. h) Licença para tratamento da saúde (arts. 202 a 206-A) Concedida a pedido ou de ofício, com base em perícia médica oficial; Excepcionalmente, se não existir médico no órgão ou entidade de exercício do servidor e não havendo assistência do SUS ou entidade conveniada, será aceito atestado passado por médico particular; A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afastamento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial; Licença inferior a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perícia oficial; O servidor será submetido a exames médicos periódicos; Com remuneração. i) Licença à gestante, à adotante e licença- paternidade (arts. 207 a 210) Gestante e adotante: a) 120 dias com remuneração; b) Pode ter início a partir dos 1º dias do nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica; se prematuro, a partir do nascimento; c) Natimorto: 30 dias com remuneração, mas somente retornará se julgada apta em exame médico; d) Aborto: 30 dias com remuneração. Licença-paternidade: cinco dias com remuneração a partir do nascimento ou adoção do filho; Lactante: uma hora de descanso durante a jornada, que poderá ser parcelada em dois períodos de trinta minutos; Obs.: o art. 210 previa prazos inferiores para a servidora adotante, com diferenciação dos prazos em razão da idade do adotado. O STF, entretanto, Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 28 julgou inconstitucional, determinando a aplicação do mesmo prazo da licença prevista para a gestante (120 dias), independentemente da idade da criança1. Além disso, as licenças podem ser divididas entre aquelas que podem ser concedidas durante o estágio probatório e aquelas que somente são concedidas ao servidor estável: Concedidas no estágio probatório a) Por motivo de doença familiar (suspende a contagem do estágio); b) Afastamento do cônjuge (suspende a contagem do estágio); c) Atividade política (suspende a contagem do estágio); d) Serviço militar (não suspende a contagem do estágio); e) Saúde (suspende a contagem do estágio). Não concedidas no estágio probatório a) Interesse particular; b) Capacitação; c) Desempenho de mandato classista. 2.5.5 – Afastamentos Os afastamentos estão previstos nos arts. 93 a 96 da lei 8.112/90. São eles: a) Afastamento para servir a outro órgão ou entidade (cessão – art. 93) O servidor poderá ser afastado de seu cargo, sendo cedido pelo seu órgão de origem para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes de qualquer dos Entes Federados nas seguintes hipóteses: I - para exercício de cargo em comissão, função de confiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o exercício de cargo de direção ou de gerência; e II - em casos previstos em leis específicas. Além disso, mediante autorização expressa do Presidente da República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo (§4º). Se o órgão ou entidade que receberá o servidor (cessionário) pertencer a Estado, Distrito Federal ou Município, a remuneração será paga pelo cessionário. Se o cessionário for órgão ou entidade dos Poderes da União, o ônus da remuneração pertence ao órgão cedente. 1 RE 778.889/PE Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 29 § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário Oficial da União. b) Afastamento para exercício de mandato eletivo (art. 94) A lei 8.112/90 repete as disposições do art. 38 da Constituição Federal, qual seja: Eleito para cargo público federal, estadual ou distrital (Executivo ou Legislativo) Será afastado do seu cargo, emprego ou função, recebendo remuneração do cargo eletivo; Eleito para o cargo de Prefeito Municipal Será afastado do seu cargo, emprego ou função, podendo optar pela remuneração de origem; Eleito para o cargo de Vereador Poderá acumular o cargo, emprego ou função com o exercício do cargo de vereador, desde que haja compatibilidade de horários; Não havendo compatibilidade, será afastado de seu cargo, podendo optar pela remuneração de vereador ou de seu cargo, emprego ou função de origem. Além disso, estabelece que: § 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa daquela onde exerce o mandato. Trata-se de medida que busca evitar perseguições políticas ao servidor público, de forma a garantir que este exerça o mandato de forma livre e independente. c) Afastamento para estudo ou missão no exterior (arts. 95 e 96) Esta espécie de afastamento possui um requisito específico, qual seja: a autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal. O prazo máximo é de 4 (quatro) meses e, apenas após decorrido igual período, poderá ser concedida novo afastamento idêntico, licença para tratar de interesses particulares ou exoneração. O art. 95, §3º dispõe expressamente que as disposições não se aplicam aos servidores da carreira diplomática.Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 30 Já o afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração. d) Afastamento para participação em programa de pós-graduação strictu sensu no país (art. 96-A) As características deste afastamento são: a) realização de mestrado, doutorado e pós-doutorado; b) em instituição de ensino superior no país; c) Desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o exercício do cargo; d) Ato discricionário (no interesse da Administração); e) detentor de cargo efetivo, que com tempo mínimo, computado o estágio probatório: e.i) mestrado: 3 anos; e.ii) doutorado: 4 anos; e.iii) pós-doutorado: 4 anos; f) não tenha obtido licença para tratar de interesses particulares nem licença capacitação ou afastamento para pós-graduação strictu sensu: f.i) mestrado ou doutorado: nos últimos 2 anos anteriores ao pedido de afastamento; f.ii) pós-doutorado: nos últimos 4 anos anteriores ao pedido de afastamento; g) o afastamento será com remuneração; h) os servidores beneficiados por este afastamento terão que permanecer no exercício de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afastamento concedido; i) Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência acima, deverá ressarcir o órgão ou entidade dos gastos com seu aperfeiçoamento. O mesmo ocorre caso não obtenha o título ou o grau que justificou seu afastamento, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade. De acordo com o §1º do art. 96-A, ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá, em conformidade com a legislação vigente, os programas de capacitação e os critérios para participação em programas de pós-graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão avaliados por um comitê constituído para este fim. 2.5.6 – Concessões As concessões são situações nas quais o servidor público poderá se ausentar do serviço de forma justificada e a sua ausência será considerada como de efetivo exercício. De forma sistematizada, as concessões previstas na lei (art. 97) são: Motivo Dias de afastamento Doação de sangue 1 dia Alistamento eleitoral Período necessário até o máximo de 2 dias Casamento (licença-gala) 8 dias Falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos 8 dias Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 31 Além das concessões gerais, há ainda a possibilidade de concessão de horário especial nos seguintes casos: a) Servidor estudante, que comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da repartição, exigida a compensação de horários; b) Servidor portador de deficiência, comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de horário; c) Servidor que tenha cônjuge ou filho portador de deficiência, comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de horário; d) Garantida a compensação de horários, nos casos de o servidor: I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal; II - participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos. ➢ Servidor estudante deslocado no interesse da Administração: Por fim, de forma a compatibilizar atividade pública com os estudos do servidor, o que proporciona ganho de eficiência para a Administração, a lei estabelece a garantia de matrícula em instituição de ensino congênere, independentemente de vaga, para o servidor que mudar de sede no interesse da Administração: Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração é assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época, independentemente de vaga. Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização judicial. Quanto à essa disposição, o STF estabeleceu que deve ser observada a “congeneridade” das instituições envolvidas. Assim, se o servidor estudava em instituição privada, será garantida sua matrícula apenas em instituição privada. Se estava vinculado a instituição pública, somente poderá se matricular, na nova sede, em instituição pública2. 2 ADI 3324. Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 32 2.5.7 – Tempo de serviço A lei 8.112/90 estabelece ainda as situações de licenças, afastamentos e concessões em que o tempo será contado como de efetivo exercício, bem como as hipóteses em que haverá cômputo do tempo apenas para fins de disponibilidade e aposentadoria (arts. 102 e 103): Tempo contado como de efetivo exercício (art. 102) Tempo contado apenas para aposentadoria e disponibilidade (art. 103) Férias; Tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios e Distrito Federal; Exercício de cargo em comissão ou equivalente; Tempo de mandato eletivo anterior ao ingresso no serviço público; Exercício de cargo ou função de governo ou administração por nomeação do Presidente; Tempo na atividade privada anterior ao ingresso no serviço público; Participação em programa de treinamento regularmente instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País; Tempo de serviço relativo a tiro de guerra; As seguintes licenças: a) Gestante, adotante e paternidade; b) Saúde – até 24 meses cumulativos durante toda a vida funcional; c) Mandato classista e gerência ou administração em sociedade cooperativa de servidores (exceto para promoção por merecimento); d) Acidente em serviço ou doença ocupacional; e) Capacitação; f) Convocação para o serviço militar; g) Para tratar da saúde de pessoa da família até 30 dias no período de 12 meses. As seguintes licenças: a) Para tratamento de saúde de pessoa da família que ultrapassar 30 dias no período de 12 meses; b) Saúde – após 24 meses; c) Licença para atividade política. Mandato eletivo em qualquer Ente Federado (exceto para promoção por merecimento); Júri e outros serviços obrigatórios por lei; Missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afastamento; Deslocamento para nova sede (período de trânsito); Rodolfo Breciani Penna Aula 10 Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1811101 83757666070 - Gustavo lima bezerra 33 Participação em competição desportiva nacional ou convocação para integrar representação desportiva nacional, no País ou no exterior; Afastamento para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere. Quanto à licença para tratamento de saúde, própria e de familiares, a lei faz diferenciação quanto ao tempo de afastamento para fins de contagem do período como de efetivo exercício: Licença saúde a) Até 24 meses – efetivo exercício; b) Após 24 meses – tempo contado apenas para aposentadoria e disponibilidade. Obs. 1: Esse prazo de 24 meses é
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